Em boa verdade, a responsabilidade pela persistência do sector empresarial do Estado (SEE) e pelas perdas pantagruélicas, que acabam a ser pagas pelos contribuintes, não é exclusivamente socialista. O PSD, ou mais exactamente a fracção PS-D, partilha essas responsabilidades, mais pelas omissões do que pelas acções. Ainda assim, devemos assacar ao PS a maior quota de responsabilidade, quer por mais anos que governou quer, sobretudo, pela promoção activa do papel do Estado na economia.
O estudo “Sector Empresarial do Estado e Regional 2023-2024” do Conselho das Finanças Públicas traça um retrato arrasador do SEE. Só 36 empresas das 88 analisadas tiveram resultados positivos. No total o SEE ocupa quase 190 mil trabalhadores (quase 4% da população activa). De 2023 para 2024 o volume de negócios e o investimento cresceram e o prejuízo total aumentou de -766 milhões para -1.312 milhões e o número de empresas com capitais próprios negativos (o que de acordo com o Código das Sociedades faria delas empresas falidas) aumentou de 29 para 35. O caso das entidades do SNS é particularmente grave. Mais de 70 dessas entidades tinham capitais próprios negativos em 2024. Pior é difícil.
O PS apagou as “linhas vermelhas” que o separam do partido do Dr. Ventura?
Os dois partidos chumbaram uma actualização de menos de 2% das propinas do ensino universitário. Possivelmente não perceberam que isso não ajuda o alunos pobres que merecem ser ajudados, os quais deveriam ser parcialmente ou totalmente dispensados de propinas e/ou terem bolsas. Isso significa que terá de aumentar o financiamento das universidades pelo Estado à custa dos impostos pagos de todas as famílias, mesmo pelas que não têm estudantes universitários. E esses impostos para substituir o aumento das propinas representam uma fracção maior precisamente nas famílias de menores rendimentos,
Como se fosse pouco, os dois partidos aprovaram a eliminação de portagens de onde terão de ser aumentadas as compensações aos concessionários, uma vez mais pagas com impostos regressivos e também por quem não utiliza essas portagens.

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