Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

29/02/2024

SERVIÇO PÚBLICO: Uma obra de demolição de alguns dos mitos mais populares no Portugal dos Pequeninos (5)

Continuação de (1), (2), (3) e (4

Mais um post sobre os mitos cuja demolição considero mais importante, recordando que os factos que fundamentam a demolição foram amplamente estudados e documentados no livro de Nuno Palma (NP) e nas dezenas de trabalhos de investigação que publicou (cfr o seu Research output).

No post anterior referi a conclusão de NP de que a afluência de ouro do Brasil destruiu a maior parte de uma indústria incipiente (sobretudo nos têxteis, sabão, ferro, vidro e seda). Acrescento que, de acordo com os dados citados, as percentagens da população a trabalhar fora da agricultura (grande parte na indústria) foi crescendo gradualmente a partir de meados do século XVII, atingiu o máximo com mais de 45% em meados do século seguinte para desde então ter decrescido para cerca de 36% em 1890, precisamente no período de afluência do ouro.

Ao mesmo tempo que teve impacto na economia e nas actividades económicas, o ouro brasileiro teve repercussões políticas e sociais significativas. Desde logo, como sublinha NP, criou um capitalismo de compadrio que capturou o Estado e, acrescento, se manteve desde então quase intacto até meados do século XX e nas últimas décadas se transformou num capitalismo dependente pendurado nos fundos europeus.

Na esfera política, um efeito perverso da abundância de receitas extraordinárias do Estado resultou de, a partir de D. João V, o rei ter deixado depender dos impostos que até então precisara de negociar com as Cortes as quais deixaram de reunir a partir de então, iniciando um ciclo de centralização,

Deve salientar-se nesse período, a expulsão dos Jesuítas por Pombal de efeitos profundos no ensino com uma enorme redução do número de estudantes e do nível de ensino das matérias. Tudo isto está bem documentado no livro de NP que conclui que a partir de então Portugal, que antes não estava atrasado na educação, experimentou um retrocesso ainda hoje persistente. 

Vem a propósito citar Jorge Buesco que no seu "Matemática em Portugal" escreveu «a criação do ensino público pombalino foi provavelmente a grande oportunidade perdida para a Matemática em Portugal». Isso explicará a tradicional inumeracia das nossas elites merdosas a que aqui no (Im)pertinências dedicámos muitas dezenas de post sob a etiqueta «a tabuada faz muita falta». Essa inumeracia, que no jornalismo de causas é endémica, junto com a incultura, a preguiça e a falta de escrúpulos explica muita do superficialidade opinativa, na melhor hipótese, ou o enviesamento deliberado, na hipótese mais provável.

(Continua)

28/02/2024

How the Radical Left Conquered Almost Everything for a Time (VIII)

(Continued from IIIIII, IVVVI and  VII)
More examples picked up from those described by Christopher Rufo of neo-Marxism in institutions controlled by the clique of believers.

«Over the past decade the entire range of federal agencies, from the Environmental Protection Agency to the Federal Bureau of Investigation, has adopted critical race theory as an in-house ideology. In quick succession, these department created new programming that condemned the United States as “systematically racist”, interrogated employees for their “whiteness” and demanded loyalty to government by “anti-racism”, or, more accurately, government by the principles of critical race theory.  (…) 
 
Even federal defense contractors have submitted to the new ideology. 
Lockheed Martin, the nation's largest defense firm, sent white male executives on a mission to deconstruct their "white male privilege." The instructors told the men that "white male culture" and the values of "rugged individualism," "hard work," and "striving towards success" were "devastating" to minorities.

Raytheon, the second-largest defense firm, followed suit. The company launched an "anti-racism" program, teaching the principles of "intersectionality" and instructing employees to recognize "interlocking systems of oppression" and "break down power into privilege and marginalization." Whites, according to Raytheon's diversity consultant, "have the privilege of individuality" and must silence themselves in front of minorities. Finally, following the logic of critical race theory to its conclusion, the firm told employees to reject the principle of equality outright. The colorblind standard of "equal treatment and access to opportunities" is not enough; the company must instead strive for "equity," which "focuses on the equality of the outcome. "»

(To be continued)

27/02/2024

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (208) - Mais do que vergonha

Público

Mais do que vergonha, é estupidez porque (1) admitem a decomposição em que deixam o Estado sucial que ocuparam durante oito anos, (2) por isso julgam necessário encontrar um culpado e (3) não encontram ninguém mais à mão do que uma criatura há anos retirada da política - ainda assim, vá lá, não apontaram o Botas ou o Dr. Marcelo (o padrinho do que está em Belém).

É também um insulto à inteligência dos eleitores que não são estúpidos.

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (106b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 106a)

A lenda do corte de pensões pelo governo neoliberal

Nós aqui no (Im)pertinências depois de anos a escrever posts sobre esta lenda que o coro do PS com o situacionismo jornalístico e a comentadoria amiga está constantemente a invocar, já não conseguimos escrever mais nada, pelo que aproveitamos todas as boleias. Desta vez vamos à boleia de Miguel Poiares Maduro e pedindo desculpa pela extensão do excerto, aqui vai uma citação muito esclarecedora:

«Uma década depois talvez seja tempo de distinguir factos de opiniões. Eis os factos. O primeiro corte de pensões ocorreu com o Governo Sócrates que congelou a quase totalidade das pensões e criou a “tristemente famosa” contribuição extraordinária de solidariedade, inicialmente aplicável apenas às pensões mais elevadas. Foi ainda o Governo socialista que, primeiro no PEC4 e depois já no Memorando de Entendimento assinado com a troika, previu o alargamento deste corte para as pensões acima de €1500. Em dezembro de 2011, na segunda revisão do Memorando, já negociada com o Governo de Passos, são previstos cortes adicionais. Determinante nessa revisão foi a descoberta de que a estimativa do défice para 2010, usada como pressuposto das medidas acordadas, era incorreta. A estimativa era de 9,1% do PIB e o défice foi, afinal, de 11,4%. Um buraco de aproximadamente €4 mil milhões nos pressupostos originais do Memorando. Embora a revisão do Memorando previsse que os novos cortes começassem nas pensões de €485, a medida adotada pelo Governo acabou por atingir ‘apenas’ as pensões acima dos €600. Parte destas medidas, tal como outras alternativas subsequentes, vieram a ser anuladas pelo Tribunal Constitucional (TC) sendo parcialmente compensadas pelo igualmente “tristemente famoso” “enorme aumento de impostos”. A jurisprudência do Tribunal também impôs o carácter transitório dos cortes. A grande maioria dos cortes de pensões foi revertida ainda pelo Governo de Passos Coelho com exceção daqueles aplicáveis às pensões mais elevadas.»

Como explicar que com juízes tão competentes a Justiça funcione tão mal?

«Basta atentar na forma como os magistrados são avaliados por outros magistrados, numa lógica obviamente corporativista e da ‘clique’ instalada. Haverá, aliás, outra profissão em que 90% dos avaliados tenham nota equivalente ou superior a ‘Bom’? Ou seja, todos têm praticamente ‘Bom’ ou ‘Muito Bom’ (ou equivalente a ‘Relevante’ e ‘Excelente’)». (Justiça da roleta russa)

Ainda não é o mafarrico, que espera pelo fim da bazuca

Expresso

Por agora é só um aviso: há sete meses consecutivos que o número de desempregados sobe. Em Janeiro estava nos 335 mil, ainda muito longe dos anos negros da crise.

«Pagar a dívida é ideia de criança»

Também tem sido muito celebrada a redução do rácio de endividamento da economia (relação com o PIB da dívida total pública e privada, excluindo entidades financeiras) que desceu de 28,4% em 2023, apesar do aumento do endividamento em 4,2 mil milhões. Ninguém nos jornais e na comentadoria parece ter reparado que uma boa parte dessa redução se deve exclusivamente ao aumento do PIB nominal por via da inflação.

26/02/2024

ARTIGO DEFUNTO: Num país em que a imprensa é livre e o jornalismo é profissional há escrutínio do que dizem os políticos...

... não é o caso do Portugal dos Pequeninos onde um ex-ministro de vários governos, actual líder do partido que foi governo nos últimos 8 anos e em 75% do tempo nos últimos 30 anos, sem correr o risco de ser desmentido ou sequer questionado, se pode dar ao luxo de falar do governo de Passos Coelho como «o Governo que convidou os portugueses a emigrar», ou «convidaram os professores a deixar a docência. Estamos a sofrer consequências da redução de professores promovida pelo governo deles», ou ameaçar que o SNS sofrerá com um governo da AD com a «entrega aos privados», depois dos governos de que fez parte deixarem o SNS à beira do colapso, por várias razões incluindo pela resolução dos contratos de PPP com os "privados".

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (106a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

O Dr. Costa e o PS deixam o Estado sucial em estado de decomposição

Depois de 8 anos a governar, o PS deixa como herança uma administração pública inchada e ineficiente, o SNS em colapso, as Forças Armadas e as Forças de Segurança em estado de paralisia, com militares e polícias em pré-insurreição, uma Justiça ineficaz que se esgota em disputas internas, uma economia pendurada nos subsídios e no turismo, uma carga fiscal pantagruélica, etc. (um grande etc.)

Sobre os resultados quantificados da governação socialista na economia remeto para este artigo de Miranda Sarmento que faz uma boa síntese.

De onde parece fazer sentido a pergunta: porque não deixar a família do de cujus administrar tão pesada herança?

O Dr. Pedro Nuno como administrador da pesada herança

Fiz essa pergunta a um amigo socialista que me respondeu que talvez o Dr. Pedro Nuno não tenha as condições para isso uma vez que, para dar um só exemplo, em três dias apresentou quatro posições diferentes para a formação de um governo saído das eleições. Ocorreu-me o dilema que McMurphy, protagonizado por Nicholson, se propunha induzir na enfermeira Ratched no «Voando sobre um ninho de cucos» de Milos Forman. Por falta de pachorra não vou descrever essas posições e remeto para este artigo de José Miguel Júdice que as descreve com muita clareza.

O tão celebrado excedente externo tem de agradecer-se aos turistas que nos visitam e aos emigrantes que nos deixam

Banco de Portugal

Sem os turistas, no lugar de um saldo de cerca de 19 mil milhões nas viagens e turismo (=25,1 mM de exportação – 6,3 mM de importações de viagens) teríamos um saldo próximo de zero e o excedente externo de 7,2 mM seria um défice externo de 12 mM. Sem esquecer as remessas dos emigrantes (isto é, aqueles portugueses que votam com os pés e abandonam o paraíso socialista) que no ano passado atingiram os 4 mM representando mais de metade do excedente externo.

E, já agora, atente-se que o celebrado excedente externo de 2,72% do PIB é, ainda assim, inferior aos 3,29% em 2013, no terceiro ano do resgate consequente da governação socialista na modalidade socrática.

Além dos turistas e dos emigrantes devemos acrescentar os contribuintes europeus à lista dos benfeitores

Segundo as previsões da CE, em 2024 e 2025 o crescimento da economia portuguesa será 0,9% e 1,6%. A mesma CE estima em 3,5% até 2026 o impacto do PRR. Sem a bazuca do Dr. Costa, o crescimento da economia portuguesa seria ainda mais poucochinho com diz o Dr. Costa.

Estarão as boys da PARCA a conseguir ir ao WC com o governo em gestão?

A Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar (PARCA), também conhecida como Observatório de Preços, é um de mais de uma centena de observatórios, que proporcionam muitas centenas de jobs for the boys. A PARCA informou que não está a reunir desde Setembro porque o governo está em gestão desde Janeiro.

(Continua)


25/02/2024

Ser de esquerda é... (26) - ... é mentir por boas causas e não acontecer nada

A semana passada escrevi sobre a estória inventada pela líder berloquista Dr.ª Mariana Mortágua do «sobressalto da minha avó ao receber cartas do senhorio», sobressalto que logo se soube ser uma aldrabice visto que a avó já tinha à época uma idade que não permitiria o seu despejo de acordo com a lei em vigor.

Agora ficou a saber-se ainda que o apartamento da avó se situa na Avenida de Roma, uma das zonas mais caras de Lisboa, tem mais de 100 metros quadrados e é propriedade de uma fundação que desenvolve actividades assistenciais a pessoas com problemas psiquiátricos, actividades que são financiadas pelas rendas dos imóveis, entre as quais a renda de 400 (quatrocentos) euros da avô da Dr.ª Mariana, uma renda que representará entre um terço a um sexto do valor de mercado das rendas de apartamentos equivalentes.

Não fosse a Dr.ª Mariana líder de um partido de esquerda que conta com a  benevolência de uma parte significativa dos jornalistas estacionados nas redacções, teria a sua carreira terminada com ignomínia.    

Outros "Ser de esquerda é..."

24/02/2024

Viram-se gregos para lá chegar

Desde que o Syriza e o seu líder foram mandados para casa pelos eleitores (recordemos que para o Dr. Costa de 2015 «Vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha») a Grécia desapareceu dos radares dos mídia portugueses e não se encontra uma notícia, um comentário, uma referência.

Porquê? Pelas razões do costume. As redacções estão ocupadas por jornalistas de causas e de serventuários (jornalistas cujas causas são apenas as relacionadas com as suas carreiras) que esperam que o silêncio faça esquecer os desastres da esquerda grega e os sucessos do actual governo.

Recapitulando:      

As eleições do ano passado foram ganhas pela Nova Democracia com a mesma percentagem (quase 40%) das eleições anteriores, com 146 lugares, perdendo 12 lugares. O Syriza, o Berloque de Esquerda grego, obteve 32% dos votos e 71 lugares, perdendo 15. O Pasok, a versão grega do PS, obteve 8% dos votos e 41 lugares, tendo ganho 19.

O primeiro-ministro grego desde 8 de Julho de 2019, reeleito em 24 de Maio do ano passado, e líder da Nova Democracia Kyriakos Mitsotakis, antes de se dedicar à política em exclusivo frequentou Harvard e formou-se em estudos sociais, recebendo o Prémio Hoopes e sua tese foi publicada como um livro intitulado «The Pitfalls of Foreign Policy»; frequentou mais tarde Stanford e Harvard, foi consultor da McKinsey em Londres e desempenhou vários cargos na área financeira e foi nomeado em 2003 pelo Fórum Económico Mundial como um líder global do futuro.

Faz lembrar o CV do Dr. Costa ou do Dr. Pedro Nuno ou mesmo de qualquer outro primeiro-ministro do Portugal dos Pequeninos. É claro que isto e o resto não puderam deixar de fazer diferença e para citar apenas alguns acontecimento recentes, o governo grego criou uma comissão para supervisionar a aplicação dos fundos europeus liderada pelo prémio Nobel da Economia Christopher Pissarides, que evitou acrescentar novos elefantes brancos à manada criada pelos governos anteriores do Pasok e os que lhes sucederam e está a introduzir reformas importantes nos vários níveis de governação, no sistema de saúde e no ordenamento do território.

23/02/2024

Na Rússia do Czar Putin o passado continua mais imprevisível do que o futuro

Comentando aqui a simpatia do Dr. Miguel Sousa Tavares pela «conhecida tese de que a independência da Ucrânia foi um erro histórico», propus-me questionar a fantasia do Czar. A conhecida tese é fundada na ideia de que durante 10 séculos os russos e ucranianos foram um povo único que só recentemente os seus inimigos externos dividiram, ideia que o Czar formulou num ensaio publicado em Julho de 2021 com argumentos que lhe serviriam para justificar a invasão no ano seguinte.

Tudo começou segundo Putin no século IX com a identidade russo-ucraniana Kyivan Rus. Esta confederação governada por vikings que se fundiram com eslavos locais foi a origem da Rússia, da Ucrânia e da actual Bielorrússia. Em meados do séculos XI Kyivan Rus começou a fragmentar-se e no séculos XIII deixou de existir como uma única entidade quando os mongóis cercaram Kyiv.

Depois do declínio do Império Mongol no século XIV, o território correspondente à Ucrânia fez parte da República das Duas Nações, constituída pelo Reino da Polónia e o Grão-Ducado da Lituânia, até que em meados do século XVII os cossacos formaram o Hetmanato, o seu próprio estado independente, que o ucranianos vêem como a origem da sua identidade - a palavra eslava "Ucrânia" significa terra fronteiriça. No final do século XVII o Hetmanato dividiu-se em duas partes, uma controlada pela República das Duas Nações e outra pelo Principado de Moscóvia. 

Já no início do século XVIII o líder cossaco Ivan Mazepa (um herói para ucranianos) revoltou-se contra Pedro o Grande, que se tornou o primeiro imperador da Rússia em 1721. No final desse século o Império Russo desmembrou a República das Duas Nações e expulsou os otomanos do sul da Ucrânia, incluindo a Crimeia que foi anexada por Catarina a Grande em 1783, e desmantelou o que restava do Hetmanato.

Depois da revolução bolchevique em 1917, as autoridades de Kyiv fundaram a República Popular da Ucrânia, que em 1918 declarou independência e foi submetida por Lenine que reconhecendo a identidade nacional ucraniana aceitou a criação de uma república ucraniana socialista e o uso da língua ucraniana. Esta república tornou-se em 1922 um dos membros fundadores da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Na década seguinte Estaline levou a cabo a coletivização forçada da agricultura de que resultou o Holodomor, uma fome devastadora que dizimou milhões de ucranianos. 

A URSS não resistiu às reformas que Gorbatchov tentou adoptar e em 1991 colapsou e as suas 15 repúblicas tornaram-se independentes. A Ucrânia herdou o terceiro maior arsenal nuclear e aceitou desmantelá-lo em troca das garantias de segurança que os EUA, a GB e a Federação Russa assinaram no chamado memorando de Budapeste. A partir daqui a história é bem conhecida.

Moral da história (que não tem moral): ucranianos e russos são um povo tão único como são portugueses e espanhóis, com a diferença de que a Aljubarrota da Ucrânia só agora chegou e ainda não está ganha. 

(fonte principal «A short history of Russia and Ukraine» com os seus elucidativos sete mapas)

22/02/2024

A caldeirada espanhola. Um dos futuros possíveis para a caldeirada lusitana (sem o tempero independentista, a não ser que o Bokassa das Ilhas...)

«Quando o Partido Popular (PP) conservador venceu as eleições espanholas em 1996, os seus apoiantes gritavam "Pujol! Enano! Habla castellano!" Eles provocavam o diminuto líder separatista da Catalunha, Jordi Pujol: "Pujol! Anão! Fala espanhol!" No dia seguinte, porém, descobriu-se que o PP precisaria do apoio do partido de Pujol para governar, e  o canto rapidamente mudou para "Pujol! Guaperas! Habla lo que quieras!"

Os nacionalistas regionais da Espanha tendem a seguir seu próprio caminho. Os dois grandes partidos nacionais não formam grandes coligações. Assim, quando não têm maiorias, tanto o PP como os socialistas de centro-esquerda transferem poderes para a Catalunha e o País Basco em troca de votos. Mas o actual governo socialista de Pedro Sánchez, nomeado em Novembro, já testa o ponto de ruptura desses arranjos.

Para garantir os votos para voltar ao poder, Sánchez prometeu a um partido separatista catalão, o Junts per Catalunya (Juntos pela Catalunha), uma amnistia para os organizadores de um referendo ilegal de independência realizado em 2017. Isso enfureceu muitos espanhóis. Mas Junts prometeu dar "estabilidade" na legislatura.

No entanto, em 10 de janeiro, quando o governo precisava da aprovação parlamentar de três decretos, Junts recuou. Um decreto incluiu medidas económicas necessárias para desbloquear uma parcela de € 10 mil milhões dos fundos da UE de recuperação da Covid. No final, esse decreto e um outro foram aprovados, mas a um elevado custo. Junts e os socialistas concordaram que o governo transferiria o controle da imigração para a Catalunha. Os analistas coçaram a cabeça sobre como seria exatamente o controle da imigração a nível regional.

Os partidos também não tinham resolvido isso. O acordo escrito referia-se a uma transferência "completa" de autoridade sobre imigração. Sánchez afirma que isso não inclui o controle de fronteiras ou a expulsão de migrantes. O secretário-geral do Junts, Jordi Turull, insiste que "'completo' deve significar completo" e ameaça retirar o apoio do partido ao governo a menos que haja progresso em direcção a outro referendo de independência. Sánchez defende seus acordos com os vários separatistas nacionais da Espanha, argumentando que eles garantem um governo "progressista". Mas o Junts é um partido conservador próximo dos interesses empresariais da Catalunha, e seus líderes namoram com o chauvinismo catalão.

Para piorar as coisas, Sánchez tem problemas à esquerda. Seu terceiro decreto, sobre gastos sociais, fracassou em 10 de janeiro não por causa de Junts, mas por causa de um diferendo com o Sumar, o parceiro menor da coligação de esquerda do primeiro-ministro, ele próprio uma caldeirada. Um partido do Sumar, o Podemos, deixou o grupo por não lhe terem atribuído ministérios no novo governo e votou contra o decreto de gastos sociais. O Podemos argumentou que os subsídios de desemprego seriam reduzidos, o que era discutível. A verdadeira causa é provavelmente o azedume entre Sumar e Podemos. Seja qual for a causa, Sánchez não pode contar com o Podemos como parte de sua frágil maioria.

Em toda a Europa, os partidos de centro-direita e centro-esquerda não estão conseguindo conquistar as maiorias de que outrora desfrutavam. Mas muitos países resolvem isso com coligações alargadas. A recusa da esquerda e da direita espanholas em atravessar o corredor torna isso mais difícil. As divisões entre o centro e a periferia – não apenas catalã, mas basca, galega e assim por diante – estão tornando isso quase impossível.

A melhor esperança de Sánchez, por enquanto, pode ser a distração. Uma investigação do jornal La Vanguardia, com sede em Barcelona, afirma que o governo anterior do PP, no poder de 2011 a 2018, se envolveu em truques ilegais contra líderes nacionalistas catalães. Sánchez diz que o assunto será analisado "até às últimas consequências". Atacar a direita (e o medo da extrema-direita) manteve a esquerda e os separatistas unidos. No entanto, o foco na repressão espanhola do passado também alimenta o ímpeto independentista da Catalunha. O primeiro-ministro é um artista inveterado de fuga . Mas é difícil imaginar como pode sobreviver quase mais quatro anos.»

(tradução automática daqui)

21/02/2024

How the Radical Left Conquered Almost Everything for a Time (VII)

(Continued from IIIIII, IVV and VI)
More examples picked up from those described by Christopher Rufo of neo-Marxism in institutions controlled by the clique of believers.

«If the cities of Tigard and Beaverton represent the categories of theory and praxis, the city of Portland represents their conclusion: power.
 
In recent years, Portland has emerged as the leading hub of America left-wing radical movements. The city's loose network of Marxist, anarchist, and anti-fascist groups has turned the street riot into an art form. After the death of George Floyd, Portland's radicals attacked police officers and laid siege to federal buildings for more than one hundred consecutive nights; they armed themselves with rocks, bottles, shields, knives, guns, bricks, lasers, boards, explosives, gasoline, barricades, spike strips, brass knuckles, and Molotov cocktails. Following the chaos, many downtown businesses closed their doors and insurance companies began to raise premiums or refuse to issue policies because of the risk of ongoing property destruction.

The same philosophy that animates the street radicals also animates the bureaucrats at Portland Public Schools, who have institutionalized the philosophy of social justice and incorporated political activism into every aspect of the education system. In recent years, administrators have pledged to make "antiracism" the district's "north star," promising to build "'an education system that intentionally disrupts - and builds leaders to disrupt systems of oppression. '' (…)

At one anti-racism session, this teacher was required to participate in a line of oppression" exercise. The trainers lined up a group of educators and shouted out various injustices -racism, sexism, homophobia, etc. - then asked the teachers who would suffer from these harms to step forward. The room was then divided into the oppressors and the oppressed, with straight white men and women forced to reckon with their identity as oppressors. The objective, according to the teacher, was to consolidate ideological power and intimidate white teachers into submission through collective guilt and fear of being labelled racists. 

The anti-racism program "was the battering ram," but the ultimate goal, according to the teacher, is the “dismantling of Western culture” and the ushering in a new left-wing utopia”. “I have no doubt that that’s exactly what they want” the teacher said. “And dismantling means just picking it apart until there’s nothing to hold it up anymore and then they can replace it.”

Today, the ideology of “anti-racism” has permeated every department in the district. »
 
(To be continued)

20/02/2024

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (105b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 105a)

O PS grávido do Estado. O caminho para o socialismo passa por fazer de todos os portugueses funcionários

Aumentar o número de funcionários num país em que a administração pública funciona cada vez pior é definitivamente a vocação do Dr. Costa e do PS. Em apenas 8 oito anos, durante os quais a população residente aumentou 0,006%, o número de funcionários cresceu 13,0% de 659.138 para 745.406, ou seja, 2.166 vezes mais.


Democracia avariada

Sob a batuta do Dr. Costa o índice de democracia da Economist Intelligence Unit (EIU) está em queda desde 2019 e Portugal é classificado como uma democracia com falhas com o terceiro mais baixo índice de “Funcionamento do governo” (6,79) na Europa Ocidental, a seguir a Chipre (5,36) e Turquia (5,00).

A lição de Mme Ourmières-Widene saiu um poucachinho cara aos contribuintes

«Christine Ourmières-Widener afirma, em entrevista à CNN Portugal, que uma das lições que aprendeu com o seu despedimento foi não voltar a trabalhar para uma transportada aérea pública.» (fonte)

Choque da realidade com o anúncio …

Há um ano a ministra da Justiça anunciava a contratação de 200 oficiais de justiça. Decorrido um ano, constata-se que um terço dos novos oficiais de justiça desistiram ao fim de menos de seis meses (fonte).

Pescadinha de rabo na boca

Se uma empresa privada garantisse as suas responsabilidades por pensões num fundo composto por acções próprias isso seria um caso de polícia pela razão óbvia de se a empresa falisse o fundo de pensões não valeria um caracol. 

mais liberdade

Num quarto resgate, o que valerá o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social com 75% de dívida pública?

Portugueses no topo da Óropa e até do Mundo

mais liberdade

Vem a propósito da pescadinha lembrar o acelerado envelhecimento populacional que ameaça a sustentabilidade da Segurança Social.

«Empresa Financeiramente Apoiada Continuamente (pelo) Estado Central»

Recordando: decorridos mais de quatro anos da nacionalização, a facturação da EFACEC caiu de 430 milhões para menos de 100 milhões, foram torrados mais de 300 milhões e o total de perdas do Estado e dos outros accionistas atingirá 513 milhões. O fundo Mutares ficará com o mono com um capital de 300 milhões onde entrou com apenas 15 milhões de capital e 60 milhões de garantias bancárias. Pelo caminho, soube-se agora, durante esses quatro anos metade dos trabalhadores com mestrado ou doutoramento foram-se embora.

19/02/2024

Navalny’s Letter to the former Soviet dissident Natan Sharansky

«Natan Sharansky, one of the great heroes of the twentieth century, corresponded with Alexei Navalny, one of the great heroes of the twenty-first. Navalny, through his lawyers, managed to get a Russian copy of Sharansky’s famous memoir Fear No Evil. He read it in the gulag where he was killed on February 16, 2023.»
 
First letter written by Alexei Navalny to Natan Sharansky

Extract from the English translation published by Free Press:

«Your book gives hope because the similarity between the two systems—the Soviet Union and Putin’s Russia—their ideological resemblance, the hypocrisy that serves as the very basis of their essence, and the continuity from the former to the latter—all this guarantees an equally inevitable collapse. Like the one we witnessed.

The most important thing is to arrive at the correct conclusions, so that this state of lies and hypocrisy does not enter a new cycle. In the preface of the 1991 edition you write that dissidents in prisons have kept the “virus of freedom” and it is important to prevent the KGB from inventing a vaccine against it. Alas, they have invented it. But in the current situation, it is not them who are to blame, but us, who naively thought that there was no going back to the old ways. And for the sake of good, it’s okay to rig elections a little bit here, or influence the courts a little bit there, and stifle the press a bit over here. 

These little things, and the belief that it is possible to modernize authoritarianism, are the ingredients of this vaccine. 

Nonetheless, the “virus of freedom” is far from being eradicated. It is no longer tens or hundreds as before, but tens and hundreds of thousands who are not scared to speak out for freedom and against the war⁵, despite the threats. Hundreds of them are in prisons, but I am confident that they will not be broken and they will not give up.

And many of them draw strength and inspiration from your story and your legacy. 

I am definitely one of them.

My thanks to you. 

Yours, 

Aleksei»

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (105a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

Então não estamos a crescer mais do que a Óropa?

«Bons sinais de confiança. As previsões da confirmam que Portugal continuará a crescer acima da média da UE e da Zona Euro em 2024 e 2025» escreveu o Dr. Costa. Vejamos o que em português corrente são bons sinais de confiança. Como se pode ver no gráfico seguinte:

- Em 2024 o crescimento português previsto é 0,9% contra 0,7% da UE e apenas 7 países crescem menos e só dois deles (Chipre e Croácia) pertencem ao nosso clube;
- Em 2025 o crescimento português previsto é 1,6% contra 1,2% da UE e apenas 5 crescem menos e desses só um do nosso clube (Croácia).

Fonte

Em conclusão, Portugal cresce mais do que os países ricos, a quem é em termos práticos impossível manter o ritmo de crescimento dos pobres, e entre estes últimos cresce menos do que quase todos os outros. Ou seja, o Portugal dos Pequeninos a caminho do socialismo continua irremediavelmente a ser ultrapassado pelos seus compagnons de route, os países ex-comunistas e os do Sul da Europa.

Onde nos pode levar o caminho para o socialismo

Segundo um estudo recentemente publicado da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, Portugal terá em 2033 o terceiro nível de vida mais baixo da UE se não houver mudança de políticas, ou seja, se o PS continuar a ocupar o Estado sucial.

A Justiça do Portugal dos Pequeninos não é cega, é trôpega

Vinte e um dias depois do desembarque de um batalhão de 300 judites no Reino do Bokassa das Ilhas, batalhão que garantiu ter encontrado indícios de vários crimes supostamente perpetrados por uma clique ligada ao Regente do Reino, ficando os arguidos em prisão preventiva, o juiz de instrução concluiu não existirem tais indícios e mandou libertar os arguidos.

PPP boas são as que ajudam à engenharia financeira das contas certas

Depois de ter encerrado pela mão da Dr. Temido várias PPP bem sucedidas na área da Saúde e, em consequência, ter degradado ainda mais o SNS, o governo socialista descobriu que afinal as PPP podem ser boas para o Hospital de Lisboa Oriental, logo um hospital que foi definido como prioritário em 2003 pelo governo PSD e que desde então andou de Herodes para Pilatos com grupos de trabalho, programas, declarações e a parafernália habitual para empurrar com a barriga.

Redescoberto, o projecto foi retirado da naftalina para apresentar obra (por fazer) durante a campanha eleitoral com um pequeno pormenor: a PPP que o governo pretender(ia) negociar não é para fazer a gestão do hospital que o governo comprovadamente não sabe fazer, é para financiar o investimento das instalações e do equipamento, evitando que o governo se endivide, às custas de pagar um diferencial de juros mais elevado de 7,5 a 10 milhões por ano do que no caso do financiamento ser com dívida pública (estimativa de João Duque).

Mais Boas Novas hospitalares em campanha eleitoral

O Hospital Central do Algarve, que anda no ar desde 2002 previsto para entrar em funcionamento em 2013, é mais um coelho tirado da cartola do Dr. Costa a um mês das eleições em plena campanha eleitoral.

Zingarelho pedronunista para aumentar o incumprimento no crédito à habitação

Depois de vários anos a tutelar a habitação em que lançou vários programas de Renda Acessível que de que resultaram 771-contratos-771 contratos, equivalentes a 0,084% dos 921 mil arrendamentos em Portugal, o Dr. Pedro Nuno, agora com o chapéu de chefe do PS e putativo próximo primeiro-ministro, produziu mais uma ideia brilhante que consiste em transformar o Estado sucial em garante dos empréstimos dos jovens para compra de habitação, induzindo a banca a relaxar a avaliação do risco de crédito sabendo que os contribuintes pagarão o que o mutuário não pagar.

(Continua)

18/02/2024

O irreprimível e indisfarçável fascínio do Dr. Tavares por homens fortes prejudica a sua clarividência

Que o Dr. Miguel Sousa Tavares parece sofrer de um irreprimível e indisfarçável fascínio pelos homens que ele considera fortes é uma inferência fundada nas peças que ele há anos vem dedicando na sua coluna cativa do Expresso ao Sr. Eng. Sócrates e ao Sr. Czar Putin, entre outros. 

Na mais recente dessas peças, o Dr. Sousa Tavares comenta a entrevista a Vladimir Putin de Tucker Carlson, conhecido produtor de factos alternativos que a Fox News considerou um exagero e o despediu. Nessa peça o Dr. Tavares considera a entrevista «um “furo” por todos invejado» e interroga-se porque «a boa e instalada imprensa “liberal” ocidental (não) tinha conseguido um estatuto de isenção suficiente aos olhos do Kremlin para fazer o trabalho que Carlson fez». Divergiu, pois, do próprio entrevistado que considerou mole a condição da entrevista por Carlson

Ordem do Apóstolo Santo André 

Para o Dr. Tavares, Putin não é um autocrata - apenas «habitualmente o tratam» assim - e não disfarça a simpatia pelas suas teses que implicitamente aceita: a Ucrânia é parte da Rússia e o «facto indesmentível» que justificaria a invasão foi a «iminente adesão da Ucrânia à NATO e à luz do constante alargamento da NATO a leste desde 1991».

Sobre a Ucrânia ser parte da Rússia um destes dias publicarei um post questionando a fantasia do Czar e do Dr. Tavares. Sobre o constante alargamento da NATO a leste remeto para o post que o outro contribuinte publicou com o título irónico «Tal como a Divina Providência fez passar os rios através das cidades, assim as agressões da Rússia aos países vizinhos se seguem às adesões à Nato».

Em duas páginas A4 o Dr. Tavares arruma em três penadas a «imprensa “liberal” ocidental» desprovida de «um estatuto de isenção suficiente aos olhos do Kremlin», imprensa que, para ele, pelos vistos, não se compara com o profissionalismo, isenção, rigor e independência da câmara de eco da imprensa russa, e desclassifica o Sr. Putin como um autocrata. Por isso e pelo resto, o Dr. Sousa Tavares mereceria uma condecoração do Kremlin.

Ocorre-me a piada do humorista Ricardo Araújo Pereira - para o Dr. Miguel Sousa Tavares só há três pessoas acima de qualquer suspeita: José Sócrates, Ricardo Salgado e Pinto da Costa. Podemos acrescentar Vladimir Vladimirovitch Putin. 

17/02/2024

DIÁRIO DE BORDO: R.I.P.

Alexei Navalny (1976-2024), um exemplo de coragem, dignidade e persistência,
vítima da tirania putinista

SERVIÇO PÚBLICO: Uma obra de demolição de alguns dos mitos mais populares no Portugal dos Pequeninos (4)

 Continuação de (1), (2) e (3)

Mais um post sobre os mitos cuja demolição considero mais importante, recordando que os factos que fundamentam a demolição foram amplamente estudados e documentados no livro de Nuno Palma e nas dezenas de trabalhos de investigação que publicou (cfr o seu Research output).

Mais do que diferentemente, ao contrário da narrativa histórica dominante, o declínio de Portugal não começa na Idade Média, não resulta  directamente dos descobrimentos, só começa em meados do século XVIII e tem causas económicas e políticas.

Um factor económico determinante desse declínio é o que Nuno Palma designa como a "maldição dourada" e a que dedica um capítulo longo de 50 densas páginas. Registe-se que esta maldição é um caso particular da chamada maldição dos recursos naturais, que ao longo da história fez várias vítimas, uma das mais recentes os Países Baixos dos anos 70 com a abundância de reservas de gás, de onde a maldição ser também conhecida como "doença holandesa". (*)

No caso português foram as gigantescas quantidades de ouro de Minas Gerais no Brasil que chegava a Portugal já cunhado em moedas apropriadas pelo rei e por uns milhares de cortesãos. Esse dilúvio monetário inflacionando o preço dos bens produzidos em Portugal tornou mais barato a importação e mais cara a exportação, aumentando o défice externo e destruindo pelo caminho uma indústria incipiente com alguma importância nos têxteis, sabão, ferro, vidro e seda. Um exemplo notável é o facto das importações portuguesas nos anos 1741-1745 representarem 18% das exportações de bens da Inglaterra, sendo pagas com o ouro que durante várias décadas do século XVIII chegou a representar 70% das exportações portuguesas.

Por ironia da história, quatro séculos depois os fundos europeus vieram desempenhar um papel semelhante ao ouro brasileiro.

(*) Há uma bibliografia pantagruélica sobre a maldição dos recursos e a doença holandesa nos países ditos em desenvolvimento (alguns deles seriam melhor baptizados de países em subdesenvolvimento) - ver por exemplo 40 Years of Dutch Disease Literature: Lessons for Developing Countries.

(Continua)

16/02/2024

CASE STUDY: Democracias defeituosas (4) - Mais do que defeito, começa a ser feitio

É já um clássico a Economist Intelligence Unit (EIU) classificar o Portugal dos Pequeninos nas democracias com falhas (*), devido principalmente aos baixos índices de funcionamento do governo (desceu de 7,50 para 6,79), graças ao Dr. Costa, e da Participação Política (desceu de 6,88 para 6,67) e da Cultura Política (6,88), graças a nós.

Democracy Index 2023

O quadro seguinte mostra a tendência nos últimos cinco anos de deterioração do índice de democracia português no caminho para o socialismo.

(*) «Democracias com falhas (Flawed democracies): estes países também têm eleições livres e justas e, mesmo que existam problemas (como a violação da liberdade de imprensa), as liberdades civis básicas são respeitadas. Contudo, existem fraquezas significativas noutros aspectos da democracia, incluindo problemas de governação, cultura política subdesenvolvida e baixos níveis de participação política.»

15/02/2024

Ser de esquerda é... (25) - ... é mentir por boas causas

Dizer que todos os políticos mentem é um truísmo. Até se pode dizer com a mesma propriedade que toda a gente mente - quem nunca disse uma mentira social como "teria muito gosto de ir mas já tenho um compromisso"?  O quid é em que circunstâncias e com que frequência mentem.

No que respeita aos políticos, quanto às circunstâncias há mentiras incontornáveis como, por exemplo, durante uma guerra cuja primeira vítima é a verdade, como se costuma dizer. Quanto à frequência, percebe-se que não deve haver nenhum político que ao longo de uma carreira de décadas não tenha mentido mesmo em tempo de paz. É um pouco mais difícil de perceber um político que na última contagem em quatro anos diz 30.573 mentiras factualmente documentadas.

Tudo isto para chegar às mentiras dos políticos de esquerda e de direita que, a meu ver, se distinguem não tanto pelas circunstâncias ou frequência mas, principalmente, porque para os primeiros são sempre ditas por "boas causas", estão moralmente justificadas e, portanto, nem são mentiras.

Um exemplo recente de uma mentira por uma "boa causa" (demonstrar a imoralidade da legislação do arrendamento alterada pelo governo PSD-CDS e entalar o actual líder) foi a estória inventada pela líder berloquista Dr. Mariana Mortágua que invocou indignada «o sobressalto da minha avó ao receber cartas do senhorio», em circunstâncias que facilmente se demonstraram não poderem ser verdadeiras, e quando confrontada com a mentira escusou-se a responder invocando serem circunstâncias da sua vida privada que ela própria usara numa discussão pública.

Outros "Ser de esquerda é..."

14/02/2024

SERVIÇO PÚBLICO: Novo Aeroporto, um relatório de uma comissão que não é muito técnica e é pouco independente (2)

Continuação de (1)

Como mostrou Sérgio Palma Brito, de quem citei no post anterior o seu artigo sobre o Relatório Preliminar da Comissão Técnica Independente do Novo Aeroporto, são completamente fantasiosas as projecções do número de passageiros até 2050 com as quais se pretende fundamentar as escolhas de localização.

Luís Janeiro, professor da Católica, fez neste artigo uma autópsia dessas projecções comparando-as com as dos hubs de Madrid-Barajas e de Paris e confirmando a sua megalomania. 

Como se não fossem suficientes essas fantasias, o relatório ainda adopta a fantasia do hub de Lisboa muito popular entre os "especialistas". Jason McGuinness, CCO da Ryanair, considera essa fantasia «absolutamente ridícula» porque «há dois requisitos centrais para o desenvolvimento de um grande hub intercontinental: uma grande companhia área que alimente o hub e a localização geográfica correta para múltiplos fluxos de procura intercontinental. Lisboa simplesmente não tem estas características» e ainda porque «o mais provável é a TAP ir parar às mãos do grupo IAG. A IAG tem um grande hub internacional em Londres. Não vão aumentar a capacidade internacional em Lisboa. Vão enviar as pessoas de Lisboa para Heathrow.»

Em conclusão, depois de 70 anos a empurrar o novo aeroporto com a barriga para a frente, corremos o risco de acrescentar mais um gigantesco elefante branco à manada que vimos alimentando há cinco décadas.

13/02/2024

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (104b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 104a)

O governo socialista vítima de consequências não intencionais

O PS teria proporcionado a Robert K. Merton, se este ainda vivesse, vários case studies para suportar o seu paper dos anos 30 sobre as consequências não intencionais das decisões políticas e talvez o melhor de todos eles tivesse sido o caso do SNS em que o governo socialista se esmerou em expulsar os “privados” da saúde, com duas consequências. Uma trágica que foi o colapso dos hospitais cujas PPP foram terminadas e outra benéfica para os “privados” que viram os seus negócios prosperar com os governos socialistas. Veja-se como exemplo o Grupo Luz Saúde que desde 2010 multiplicou os resultados operacionais e o número de trabalhadores por quase 3 e o número de consultas por mais de 2.

«A educação é a nossa paixão»

Segundo o INE a taxa de abandono precoce de educação e formação em 2023 aumentou 1,5 pontos percentuais para 8%, pela primeira vez desde 2017.

O Estado Sucial Simplex está no topo da Óropa

mais liberdade

O tempo médio de resolução de processos administrativos é o terceiro mais elevado com o dobro da média da UE.

Choque da realidade com a Boa Nova da Renda Acessível

No balanço de há três meses, os resultados de seis anos dos programas de Renda Acessível do Dr. Pedro Nuno consistiam em 771-contratos-771 contratos, equivalentes a 0,084% dos 921 mil arrendamentos em Portugal. A semana passada o Instituto da Habitação adicionou ao score 102 (cento e duas) habitações de renda acessível a nível do país o que podemos comparar com um município (Oeiras) com 1,7% da população do país que, depois de centenas de habitações disponibilizadas nos últimos anos, anunciou há dois meses mais um programa de 770 habitações de renda acessível.

Choque ferroviário da Boa Nova com a realidade.

Mais um atraso na linha do Norte em Gaia. É apenas uma gota de água na enorme piscina em que está submerso, com um total de mais de 31 mil dias de atraso em todos os troços, o Ferrovia 2020 em tempos uma das bandeiras do Dr. Pedro Nuno, agora candidato ao leme da Nau Catrineta a caminho do socialismo.

Investimento público, a autoestrada mexicana do PS e a via rápida para baixar a dívida pública 

Para ser exacto não é só o investimento público. Veja-se no gráfico seguinte os subsídios que, como os investimentos, foram apresentados no orçamento de 2023 com um grande crescimento para serem executados por valores muito abaixo dos anunciados. Uma das consequências é a redução do stock de capital público entre 2011 e 2022 ser cerca de 14 mil milhões de euros (estimativa de J. Ferreira Machado) com as consequências conhecidas no SNS, nas FA, na Justiça, etc. 


E é claro que este expediente, a par da inflação que aumentou o PIB nominal e do aumento da receita fiscal, foi uma peça essencial para o brilharete da redução a dívida pública 

No Portugal dos Pequeninos os sucessos têm pés de barro

O governo socialista tem-se atribuído o bom momento das exportações e em particular do turismo, como se isso se devesse a algo que tivesse feito. Não deve, mas o mais preocupante nem é isso, é o facto de, por um lado, o boom do turismo ser por natureza conjuntural e volátil, por razões que vão desde as grandes tendências que mudam rapidamente, até aos destinos tradicionais cuja instabilidade social e política afastou milhões de turistas e beneficiou Portugal. Por outro lado, o sector exportador português representa uma percentagem (20%) do valor acrescentado total que é menos de metade da percentagem das exportações no PIB (50%) o que mostra pouca sofisticação e baixa produtividade, o que é expectável quando se tem uma predominância esmagadora de PME e micro empresas - 23 mil num total de 38 mil empresas exportadoras e com menos de 10% que investem em inovação e desenvolvimento.

12/02/2024

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (104a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

O PS aprecia as liberdades, desde que não sejam mal usadas. E não se pode calá-los?

Segundo o jornal SOL, o governo e o PS tentaram travar sem sucesso a campanha publicitária do IKEA que recorreu ao humor em vários mupis – como o da estante com a alusão ao dinheiro do Dr. Escária, chefe de gabinete do primeiro-ministro – contactando a embaixada da Suécia e pressionando as empresas ligadas à campanha. Que o tenham feito é mais uma confirmação do situacionismo que contaminou irremediavelmente de um PS incapaz de lidar com naturalidade com a crítica.

A família socialista é muito unida

Já se sabia que o ministro da Saúde, tinha uma esposa bastonária da Ordem dos Nutricionistas tutelada pelo seu ministério e que ele era sócio-gerente de uma empresa de consultoria na área de saúde e suspeito na Operação Teia de tráfico de influências. Terminado o mandato na Ordem dos Nutricionistas, a esposa do ministro foi nomeada coordenadora do Departamento de Alimentação e Nutrição do Instituto Ricardo Jorge, igualmente tutelado pelo seu esposo.

Comissão “Independente” do Novo Aeroporto ajeita relatório

As opções Santarém e Montijo abandonadas no relatório que foi tornado público voltaram para cima da mesa, segundo a coordenadora da CTI que por ironia tem o apelido Partidário.

Mesmo em gestão, o Dr. Costa não esquece a Lavoura

“Lavoura” era como o Dr. Portas in illo tempore se referia aos agricultores tentando conquistá-los para as suas causas. O Dr. Costa em resposta às manifs de tractores usa meios menos sofisticados e mais eficazes e despeja-lhes em cima uma chuva de 400 milhões de subsídios, rivalizando com a França que com o seu milhão de agricultores, o triplo de Portugal, despejou 500 milhões.

Talvez a maior obra socialista nas mais de três décadas em que o PS governou tenha sido aumentar a aversão ao risco, extinguir a pouca iniciativa dos cidadãos e assim transformar agricultores, professores, polícias e em geral funcionários públicos, pensionistas, empresários e etc. em dependentes do Estado sucial e o país num pedinte venerador, grato e sem-vergonha de Bruxelas.

O governo está em gestão quando o Dr. Costa quiser

Para não negociar com os polícias o governo alegou estar “em gestão”, estado que o que não o impediu de despejar chuva sobre o agricultores.

PS, um partido com muito passado, algum presente e talvez pouco futuro

A sondagem ICS/ISCTE publicada a semana passada pelo Expresso mostra um futuro sombrio para o PS, desde logo porque apenas um fracção mínima (a menor de todos os partidos) dos inquiridos entre 18 e 34 anos declara ter intenção de votar no PS. Acresce que apenas pouco mais de 10% dos inquiridos que declararam intenção de votar no PS têm com um curso superior.

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro»

(adaptado de DN)

Entre 2019 e 2023 abandonaram o SNS mais de 15 mil médicos, enfermeiros e assistentes operacionais.

(Continua)

11/02/2024

How the Radical Left Conquered Almost Everything for a Time (VI)

(Continued from IIIIII, IV e V)
More examples picked up from those described by Christopher Rufo of neo-Marxism in institutions controlled by the clique of believers.

«In 2020, however, many families had been keeping closer tabs on their children’s education because of the corona virus lockdowns and remote learning requirements. The curriculum, they discovered revealed its radicalism in the details.

One family, which had moved to Beaverton int part for the city’s highly rated public schools, collected a folder of lesson being taught to their third-grade child. (…) 

The final modules presented the solution: students must embrace the principles of "revolution," "resistance," and "liberation." The teacher introduced these principles through a series of photographs of child activists, the Black Power fist, and Black Lives Matter demonstrations, (…)  In the final lesson, the curriculum instructed third graders to "do the inner work to figure out a way to acknowledge how you participate in oppressive systems," (…) 

Families who leamed about the curriculum were outraged. 

One mother, who originally emigrated from Iran to the United States, said the lessons were "absolutely unacceptable" and reminiscent of the political indoctrination in the Islamic Republic. "I moved here because this is America, because of the rights and the opportunities that we have. And this is not where I want my country togo," she explained. When asked about her own childhood in Iran, she broke down in tears. "I remember when we would line up in the morning in an assembly. We had to chant 'Death to America.' I remember being in elementary school and thinking, 'I don't want to chant this. I have aunts and uncles in America. I don’t want them to die.” (...)

The mother pointed out that many Iranians initially supported the Islamic Revolution in 1979 in order to depose the shah and usher in a better world, only to be bitterly disappointed. (…)

And, she believed, it could happen in America: "I'm fighting this at the school and even at my work, because I see this country going that way." Unfortunately, the kind of teaching in Beaverton is no longer the exception in the state of Oregon-it is fast becoming the rule. ln 2017, Oregon state legislators passed a bill that overhauled the state curriculum and installed a mandatory "ethnic studies" program that reflects the emergent racial orthodoxy, which, in the language of the Critical! Ethnic Studies Association, promises to deconstruct, dismantle, abolish, eradicate, resist, and interrupt the component parts of the liberal order.»

(To be continued)