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10/02/2024

"Diversity" from the point of view of Evolutionary Psychology

«As a psychologist and chief human-resources officer I struggled with DEI for decades. My concerns are not about the need, but about the methods. Much of what is being done in the name of DEI oversimplifies the problem of bias and lacks a fundamental understanding of human behaviour. This has led to unrealistic expectations about what it should or can accomplish.

Bias is hardwired into the human brain. Evolution has made us prefer what is similar, known and familiar (in other words safe) and to be cautious about what is different (or perhaps unsafe). Our bias for the familiar extends beyond people. Our brains automatically and unconsciously pull our attention towards perspectives, ideas, data, music, food, literature, and so on, that are similar and familiar, and away from the very same things when they are different and unfamiliar.

As practised today, 
DEI promotes a mistaken belief that setting noble expectations, creating awareness, making conscious behavioural decisions and rebuking those who don’t change can flip a switch to produce unbiased brains. DEI thinks bias is a matter of will, which runs counter to the past 50 years of social-science research. If changing our behaviour were that easy, people would exercise regularly, never experience marital conflict, retire with robust pensions and still be reading the only diet book ever published.

There are real issues to be addressed: companies do need more diversity of perspective and underrepresented groups do need more opportunities. But organisations must rethink their methods by drawing more on social science and less on social activism. No amount of social idealism will rewire millions of years of neural evolution.»


Scott Simmons
Denver

[Read in Letters to the Editor of The Economist;
For those who may not be familiar with leftist patois, “DEI” stands for “Diversity, equity, and inclusion”]

1 comentário:

Afonso de Portugal disse...

«My concerns are not about the need, but about the methods.»

Mais um psicólogo sonso que se cinge ao acessório para evitar discutir o essencial. Começou muito mal logo aqui, no primeiro parágrafo: a partir do momento em que se considera que as “needs” são legítimas, está o caldo entornado. Não há nenhuma razão válida para aceitarmos que há um défice de representação das “minorias” onde quer que seja, a menos que se consiga demonstrar, com factos e números concretos, que há efectivamente discriminação. Só que os proponentes da DEI raramente conseguem demonstrar essa discriminação, a não ser nalguns casos pontuais sem relevância estatística.


«Bias is hardwired into the human brain. Evolution has made us prefer what is similar, known and familiar»

Lá está, o psicólogo aceita a premissa wokista de que há efectivamente discriminação. A partir daqui, o resto do texto é uma tentativa lamentável de identificar e de explicar as razões que levam a essa discriminação. O problema é que essa discriminação não existe, ou é residual.


«As practised today, DEI promotes a mistaken belief that setting noble expectations, creating awareness, making conscious behavioural decisions and rebuking those who don’t change can flip a switch to produce unbiased brains.»


Noble expectations”? Porque é que ter mais “minorias” em certas profissões seria uma “expectativa nobre”?

A segunda parte da frase é tenebrosa, para dizer o mínimo. As pessoas que rejeitam a DEI fazem-no por saberem que a alternativa é a MERITOCRACIA, não por haver um “switch” que precisa de ser “flipado”. Esta é uma das maiores falácias que os proponentes da DEI empregam, a de estabelecer uma relação entre DEI e justiça, quando se trata precisamente do contrário: ao escolhermos as pessoas com base na sua cor, etnia, religião ou cultura, estamos automaticamente a garantir que não vamos escolher o melhor grupo de candidatos possível, podendo até excluir os melhores.. Os candidatos devem ser escolhidos única e exclusivamente em função das suas aptidões e competências, não em função da sua identidade étnica e cultural.


«DEI thinks bias is a matter of will»

Não, não pensa. Este é o grande erro do autor, se é que se trata mesmo de um erro e não de dissimulação da sua parte. Os proponentes da DEI sabem perfeitamente que não há “bias” nenhum e que a predominância de pessoas brancas em certos empregos e posições tem sobretudo a ver com a sua competência. É tão simples quanto isto: em países onde a maioria da população é branca, é mais do que natural que as elites também tendam a ser brancas, pelo menos, na sua maior parte. O que não é natural é querer à viva força que as elites passem a ser de todas as cores, sobretudo num curto espaço de tempo. Criar elites leva tempo (várias gerações), exige recursos e capital. Não é minimamente realista achar que as pessoas criadas em bairros suburbanos pobres (por exemplo) podem ascender a dirigentes políticos a CEOs de empresas em grandes números. Um ou outro indivíduo excepcional poderá fazê-lo, mas a maioria dessas pessoas, não.


companies do need more diversity of perspective and underrepresented groups do need more opportunities.»

“Precisam de mais diversidade”, porquê? Qual é a justificação lógica que determina essa alegada necessidade? E como é que o psicólogo sabe que as “minorias” não têm oportunidades suficientes? Alguém as impede de se candidatarem às escolas e aos empregos a que a “maioria” se candidata?


«organisations must rethink their methods by drawing more on social science and less on social activism.»

Repare-se que, não obstante todo este moralismo, o psicólogo não consegue dar um único exemplo concreto de como é que as ciências sociais poderiam resolver o “problema”. É que nem um!!!

Como eu disse nas caixas de comentários de outra posta, a psicologia anda mesmo pelos ruas da amargura…