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18/11/2009

O problema da corrupção não é só moral

No ranking de 2009 da Transparency International sobre a percepção da corrupção, ontem publicado, voltámos a descer para a 35.ª posição, descida que vem acontecendo desde 2005, primeiro ano do governo Sócrates, provavelmente não por coincidência. Com estas trapalhadas do Face Oculta certamente voltaremos a descer no próximo ano.

Se isto fosse grave apenas por razões morais e éticas já seria mais do que suficiente para merecer a nossa atenção. Mas não é grave só por isso. É igualmente grave porque a corrupção é um factor de distorção do racional das escolhas económicas, que passam a ser feitas, não com base dos benefícios líquidos previstos, empresariais ou públicos, que delas se esperam que resultem, mas com fundamento no interesse de pessoas ou grupos que não têm legitimidade para intervir nessas escolhas. É por isso que subdesenvolvimento e corrupção andam de mãos dadas e se verifica uma elevada correlação entre o score do índice de percepção da corrupção e o PIB per capita.

Perante a gravidade da corrupção tornada publicamente evidente com as escutas do caso Face Oculta os directórios partidários preparam novas «iniciativas» legislativas. É obviamente um equívoco, mas é possivelmente a única medida que são capazes de tomar os directórios partidários, duma maneira ou outra eles próprios, directa ou indirectamente, cúmplices na corrupção, por acção ou omissão. Que tal concentrarmo-nos no cumprimento das leis existentes?

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