Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

16/11/2009

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: o estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde

Secção Padre Anchieta

Confesso-me ligeiramente surpreendido. Até agora, Dmitry Medvedev pareceu o alter ego do czar Putin cujo propósito se resumia a a guardar-lhe o lugar até ao seu próximo regresso. Recentemente, pelo menos desde que recebeu Barack Obama, parece ter-se convencido que tinha uma missão para além daquela que o seu mentor lhe atribuiu e deu alguns sinais de não ser exactamente o ventríloquo que se pensava que fosse. No seu discurso de uma hora e meia ao parlamento apelou à modernização da «economia ineficiente» e da «estrutura social semi-soviética», ao fortalecimento da democracia, à adopção duma política externa pragmática, a necessidade de atrair investimento estrangeiro, e outras coisas igualmente insólitas.

Que estas originalidades retóricas tenham algumas consequências práticas, isso é outra questão. Provavelmente são apenas solfejos retóricos para acompanhar o anúncio de mais 30 mísseis nucleares balísticos e 3 submarinos nucleares em 2010. Hesito, por isso, entre atribuir-lhe 2 ou 3 ignóbeis, se ele sabe o que anda a fazer, ou o mesmo número de chateaubriands se ele se distraiu do seu papel.

Sem comentários: