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21/11/2009

ESTÓRIA E MORAL: quem faz o mais difícil, faz o mais fácil

Estória (contada aqui)

«O director da Actor's Studio do bairro londrino de Hoxton, Brian Timoney, revelou ao jornal "Evening Standard" que a sua escola tem sido inundada por pedidos de inscrição por parte de pessoas desejosas de mudar de carreira desde o início da crise financeira.
"O número de pessoas vindas de empregos no sector financeiro que mostram interesse por representar duplicou", afirmou Brian Timoney, explicando que "ao serem desafiados pelas circunstâncias, essas pessoas vêem-se obrigadas a pensar sobre qual o rumo que querem para à sua vida".
Embora a maioria dos responsáveis das escolas de teatro esteja optimista com a situação, há quem não agoire grande futuro para os novos actores. Martin Brown, porta-voz do sindicato de actores Equity, alertou que, acostumados às remunerações milionárias, "os banqueiros vão ficar chocados quando se inteirarem de que o salário médio de um actor é de 10 mil libras anuais", ou seja, cerca de 11 mil euros por ano. A juntar a este senão, está ainda o facto de 60% dos actores estar actualmente no desemprego.
Ainda assim, melhor sorte têm tido os ex-funcionários do Lehman Brothers, que quando perderem o seu emprego na sequência da falência do banco no ano passado decidiram criar a sua própria companhia de teatro, a Aks Performing Arts, que tem tido bastante sucesso

Ao contrário do porta-voz do sindicato dos actores, a mim parece-me que é muito mais difícil viver 10 horas por dia na City a vender acções, obrigações, derivados, opções, swaps, CDS, produtos estruturados e outros instrumentos financeiros sofisticados, quando não valem a ponto dum corno, como é muitas vezes o caso, do que fazer Shylock no Old Vic a exigir a sua libra da carne de Antonio.

Moral

À força de querer parecer outro já não sei quem sou.

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