Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

17/05/2025

Olhe que não Dr.ª Mortágua. Taxar os ricos não "alivia quem trabalha"...

«‘Tax the rich’ comes the familiar cry from the left – but what happens when the rich leave? As Michael Simmons observes in this week’s cover piece, Britain is becoming an increasingly inhospitable place for the wealthy and, unsurprisingly, many are voting with their feet. Since 2016, more than 30,000 millionaires have left the UK – an exodus unmatched in the developed world. It’s not easy to muster sympathy for the ultra-rich. But the uncomfortable truth is that Britain depends on them: the top 1 per cent of earners contribute nearly 30 per cent of all income tax. The Treasury thought it could squeeze the rich without consequence. It was wrong. Unless that mistake is acknowledged soon, it won’t just be the wealthy who pay the price; it will be all of us.»

Olhe que não Dr.ª Mortágua, não alivia, carrega. Se espremer demasiado os "ricos" eles emigram e serão os "pobres" a pagar mais impostos para manter o Estado sucial

16/05/2025

Pro memoria (442) - Os cortes no orçamento federal anunciados pelo Sr. Musk podem ser um bocadinho magalómanos

Antes de olharmos para os cortes anunciados pelo Sr. Musk, recordemos uma estimativa feita em Setembro do ano passado sobre os impactos orçamentais no período 2025-34 das políticas anunciadas pelos candidatos de onde resultava que o défice total estimado para uma administração Trump seria o dobro do de uma administração Harris.

Fonte

De volta ao Sr. Musk que perante o delírio dos magalómanos presentes no MAGA-comício no Madison Square Garden garantiu o ano passado que iria cortar um terço do orçamento federal anual de US$ 7 biliões, o equivalente a US$ 2,3 biliões (2.300.000.000.000). 

Seis meses depois a propaganda do DOGE (Departamento de Eficiência Governamental) anuncia ter feito cortes de US$ 170 mil milhões ou 7,3% do anunciado, dos quais a parte mais bem documentada são os US$ 31,8 mil milhões de 10.248 cancelamentos e alterações de contratos dos quais o Financial Times só conseguiu confirmar cerca de 2/3. Ainda assim, há provas de avaliações inflacionadas, por exemplo considerando como corte da despesa contratos já terminados, e muitos dos cortes anunciados são pontuais e não recorrentes nos próximos anos e outros ameaçam paralisar o aparelho federal.


Mais verificável é a opacidade do funcionamento do DOGE sobre o qual pouco se sabe. É também mais verificável a perda de biliões de dólares da fortuna pessoal do Sr. Musk pela desvalorização da Tesla e o cancelamento de contratos da Starlink.

[Leia What has Elon Musk’s Doge actually achieved? para ter mais detalhes dos excessos magalómanos]

15/05/2025

Caesar said that his wife ought not even to be under suspicion she ought to be above suspicion. The First Lady should say that her husband is not above suspicion and does appear to be under suspicion.

There’s No Such Thing as a Free Plane

«Donald Trump is in talks to accept a $400 million gift from a foreign government. The president has become impatient as he awaits replacements for Air Force One—initially due from Boeing in 2024, they’re now expected in 2027—and ABC News reported yesterday that the small Persian Gulf country of Qatar, an American ally, intends to give him a plane.

The most astonishing thing is that Trump is doing this out in the open. One secret to his impunity thus far has been that rather than try to hide his misdeeds—that’s what amateurs such as Nixon and Harding did—he calculates that if he makes no pretense, he can get away with them. This worked when he called on foreign countries to interfere in U.S. elections, when he declined to divest from his companies in his first term, and when he tried to subvert the 2020 presidential election. Now he is daring the courts, Congress, and Americans to either stop him or else declare graft legal—at least for him.

Underscoring the crookedness, the plane would ultimately belong not to the U.S. government but to Trump: Once he leaves office, it would reportedly “be transferred to the Trump Presidential Library Foundation no later than Jan. 1, 2029, and any costs relating to its transfer will be paid for by the U.S. Air Force,” per ABC. In short, a foreign government might give the president of the United States a $400 million personal gift. Not a bad haul at a time when Trump is asking American children to do with fewer dolls and pencils. (Federal law allows officials to accept personal gifts below a certain amount, currently set at $480. That’s 0.0001 percent the estimated value of the plane.)»

14/05/2025

SERVIÇO PÚBLICO: A "riqueza" que o resto do mundo roubou aos Estados Unidos


«Quando os Estados Unidos investiam noutros países, ou quando importavam bens e serviços de outros países, precisavam de dólares para os pagar. De onde vinham esses dólares? De umas impressoras no Banco Central dos Estados Unidos. Eram papel que o resto do mundo começou por aceitar porque era pagável em ouro e que continuou a aceitar a partir do momento em que deixou de o ser. Não são riqueza saída dos Estados Unidos. São dívida que, a partir de 1971, os Estados Unidos deixaram de pagar.

É a isto que Donald Trump chama riqueza americana detida pelos outros países através de um processo de roubo. Há bandeiras dos Estados Unidos sobre muitos milhares, para não dizer milhões, de terrenos, de minas, de fábricas, de imóveis, de empresas detidas por americanos em praticamente todo o mundo. Há centenas de milhões de cidadãos e milhões de empresas, dentro dos Estados Unidos, que, durante 80 anos seguidos, compraram os bens e os serviços produzidos em todo o mundo, que consumiram (sem os terem produzido). Estes ativos e estes bens e serviços foram “pagos” com dívida americana (dólares) que o mundo foi aceitando, só tendo sido realmente pagos nos casos em que estes dólares regressaram aos Estados Unidos, para compra de ativos e para compra de bens e serviços americanos por parte dos outros países.

Os dólares hoje detidos por todo o mundo, os que tendo saído dos Estados Unidos não regressaram (o défice acumulado da balança de capitais e da balança de bens e serviços dos Estados Unidos durante estes últimos 80 anos) são dívida externa dos Estados Unidos — não do Estado, ou do Governo, ou do Tesouro, mas da nação americana, através do seu sistema bancário, tendo no vértice o Banco Central (melhor, o conjunto de Bancos Centrais dos Estados Unidos que integram o chamado Sistema de Reserva Federal).

É isto que Donald Trump designa de riqueza roubada pelo resto do mundo: dívida externa dos Estados Unidos, a maior dívida do mundo, desde há muitos anos em aumento consecutivo, de que são credores os povos do mundo inteiro.

Há nesta “narrativa” de Donald Trump (para usarmos o termo consagrado por José Sócrates) um misto de ignorância, de atrevimento e de boçalidade. Não admira que esteja a levar o resto do mundo a tomar consciência da verdadeira natureza do dólar, apeando-o de um estatuto que deixou definitivamente de merecer.»

Excerto do artigo de Daniel Bessa no caderno de Economia do Expresso de 9 de Maio

13/05/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (60)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

À força de querer parecer outro, o Dr. Pedro Nuno já não sabe quem é (continuação)

Não se trata apenas de um facelift para transmitir uma imagem moderada. É uma cirurgia plástica profunda para mudar de cara com os maus resultados que costumam ter estas cirurgias. A criatura perdeu a autenticidade que já teve de um rapazito rebelde sem causas, fora do prazo de validade, que conduzia um Porsche e era proprietário de três casas, tudo pago pelo pai, e ameaçava pôr as pernas dos banqueiros alemães a tremer.

Ao perder essa autenticidade começou a afundar-se e em desespero agarrou-se às bóias da demagogia berrando que o seu concorrente Dr. Montenegro queria “privatizar” as pensões – ele, coitado, que foge das reformas como o diabo da cruz, assombrando os eleitores com as «nuvens cinzentas no horizonte» - nisso ele não está desprovido de razão - e tentando fazer esquecer o seu papel de devoto da geringonça substituindo-a por «todos e, nomeadamente, com o povo português».

A saga dos cacilheiros

A compra de cacilheiros eléctricos pela Transtejo em 2019 que ficaram acostados anos por falta de baterias é um case study de empresas públicas geridas por apparatchiks lunáticos, incompetentes e desonestos. Seis anos depois apenas dois dos seis cacilheiros estavam a navegar a título experimental por dificuldades de carregamento das baterias. Alguns meses depois ficou a saber-se que os barcos se destinavam à navegação em lagos, dos dez apenas três estão a ser usados e um quarto foi severamente danificado por ter chocado com o cais devido ao mau tempo - afinal destinava-se às águas mansas dos lagos.

12/05/2025

Crónica de um Governo de Passagem (52)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
O Dr. Montenegro parece muito bem preparado para ganhar as eleições. Para fazer as reformas necessárias não sabemos (quer dizer, sabemos que não as quer)

Desde o princípio de Maio as sondagens vêm dando uma vantagem de 4 pp à AD sobre o PS e as sondagens do ISCTE/ICS (recordo que o ISCTE já foi baptizado de madraça do PS o que neste caso dá uma credibilidade acrescida às sondagens) mostram uma vantagem de 5 pp com o IL com 5% de intenções de voto, o que não parece suficiente para uma coligação pós-eleitoral AD-IL ter a maioria mas apenas para arrumar CDS na prateleira, caso a coligação se concretize. O berloquismo da Dr. Mortágua com 2% está desaparecido em combate.

Quanto às reformas, estamos conversados. A maioria do eleitorado, incluindo os 3,5 milhões de pensionistas, não as deseja e o hipotético governo AD não as quer e desdobra-se em declarações anestésicas garantindo que tudo fique na mesma.

Os ministros das Finanças não fazem a economia crescer

Fonte
Nem as instituições nacionais e internacionais, nem talvez o próprio governo, acreditem na projecção de crescimento do PIB, num contexto de fortíssima volatilidade criada pelas “tarifas” de Trump que ninguém sabe quais serão, nem talvez o próprio. Para começar, com 0,5% o mês de Março teve um crescimento anémico das exportações que conjugado com o crescimento de 8,4% das importações aumentou em 682 milhões o défice nesse mês.

O tamanho do excedente não interessa porque é um défice disfarçado

Continua a discutir-se do tamanho do excedente orçamental que só existe porque a Segurança Social tem um excedente que ronda os 5 mil milhões. Milhões dependentes e aditivados com as contribuições dos emigrantes, milhões que se esfumarão, como já se esfumaram, quando desemprego aumentar, como acontecerá inevitavelmente logo que chegar a recessão que ameaça no horizonte.

Anúncio para insultar os eleitores

A duas semanas das eleições, o governo informa o povo ignaro que começará a notificar quatro mil e tal imigrantes em situação ilegal para abandonarem voluntariamente o país no prazo de 3 semanas.

10/05/2025

Pro memoria (441) - O equipamento de Putin começa a escassear para o show off

[Continuação de Pro memoria (436)Pro memoria (437)]

Com a invasão da Ucrânia, Putin não apenas está fazer da guerra um moedor de carne para canhão do seu próprio povo que sofreu mais de 800 mil baixas, como o seu equipamento militar está a ser destruído em quantidades significativas.

Fonte

O material começa já escassear para o show off das paradas no Dia da Vitória como se vê no diagrama do lado esquerdo.

09/05/2025

A defesa dos centros de decisão nacional (33) - Depois da banca, dos seguros, da indústria, a padaria portuguesa vai ser espanhola

Outras defesas dos centros de decisão nacional.

Recordemos, uma vez mais, os inúmeros manifestos pela defesa dos centros de decisão nacional, alguns deles assinados por empresários que passado algum tempo venderam a estrangeiros as suas empresas e as inúmeras declarações no mesmo sentido da esquerdalhada em geral. Recordemos também que esta necessidade de vender o país aos retalhos surge pelo endividamento gigantesco de públicos e privados e pela  descapitalização da economia portuguesa, consequência de décadas a viver acima das posses.

Foi agora a vez da Padaria Portuguesa com as suas 84 lojas, duas fábricas e mil trabalhadores se vender ao grupo espanhol Rodilla, uma cadeia de restauração com cerca de 300 estabelecimentos.

Esta operação pertence a outra classe diferente da venda dos bancos, das seguradoras e de vários grupo industriais que em muitos casos tinham sido nacionalizados, estavam descapitalizados ou atravessavam crises. Não parece ser este o caso da Padaria Portuguesa, aparentemente um negócio bem sucedido, que talvez se enquadre na falta de vocação empresarial, de visão de longo prazo e de gosto pelo risco dos seus accionistas que podem querer viver dos rendimentos. Não seria a primeira nem será a última iniciativa empresarial de que os seus promotores se desfazem e vão de férias. Caso não seja, subscrevo já por antecipação um pedido de desculpas pela especulação. 

08/05/2025

Mitos (350) - A pesada herança da longa noite fascista (XII)

[Uma actualização de A pesada herança da longa noite fascista (IV)]

Foi há dias publicado o índice de desenvolvimento humano das Nações Unidas definido como «uma medida resumida do desempenho médio em dimensões-chave do desenvolvimento humano: uma vida longa e saudável, ter conhecimento e ter um padrão de vida decente. O IDH é a média geométrica dos índices normalizados para cada uma das três dimensões.»


Como seria de esperar, excepto pelos tontinhos que imaginam resultados maléficos da maléfica globalização para exaltarem o nativismo, houve melhoria progressiva da qualidade de vida a que Portugal não escapou. 

O quid é que sendo indiscutíveis as melhorias do Portugal dos Pequeninos que ocupa o 40.º lugar no ranking mundial e o 28.º na Europa, à frente apenas de algumas das países vítimas do socialismo soviético, é igualmente indiscutível que quase todos os outros países melhoraram a qualidade de vida, nalguns casos mais do que o Portugal dos Pequeninos 

Se recuarmos cinco décadas, em 1975, após a queda do Estado Novo, Portugal era o 23.º país com melhor índice. Trinta anos de Estado sucial depois, em 2005, era o 29.º. Trinta e cinco anos de Estado sucial depois, em 2010, era o 40.º, onde continua.

07/05/2025

ESTÓRIA E MORAL: «Às ordens do movimento»

Estória

No dia 25 de Abril de 1974 o que restava do Estado Novo ruiu de mansinho empurrado pelo golpe militar. Num outro país provavelmente haveria centenas ou milhares de mortos, como aqui ao lado a guerra civil espanhola causou meio milhão de mortos. No Portugal dos Pequeninos houve quatro mortos e umas dezenas de feridos quando o pessoal da política política encurralado na sede da PIDE, que durante o marcelismo tinha mudado de nome para DGS, atirou sobre os manifestantes, possivelmente mais por medo do que outra coisa.

O major Silva Pais, num depoimento só agora tornado público, descreveu assim a rendição da PIDE de que tinha sido director.    
João Abel Manta
Mais extraordinário do que a queda quase pacífica do Estado Novo é este depoimento do director da polícia política que os delírios anti-fascistas domésticos comparam com a Gestapo - Geheime Staatspolizei - (mas não comparam com o KGB - Комитет Государственной Безопасности, et pour cause), declarando que «aguardava ordens do Movimento», estava às suas «ordens» e recebeu o seu representante «com todas as atenções».

Moral

O Portugal dos Pequeninos é um país de «brandos costumes» como disse António Oliveira Salazar, em entrevista a António Ferro, intelectual republicano admirador de O Botas e uma espécie de ideólogo do salazarismo.

06/05/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (59)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

Os bots socialistas

A acreditar na notícia do Jornal Sol, baseada no testemunho de um participante identificado, o PS do Dr. António Costa contratou a agência ADBD para criar centenas de perfis falsos nas redes sociais durante a campanha eleitoral de 2019 para difundir mensagens positivas para o PS e negativas para o PSD. Um processo manipulativo inspirado nas acções à escala global da FSB putinesca e neste caso à escala microscópica do Portugal dos Pequeninos.

O pasquim súcialista

A acreditar na notícia do semanário de reverência, a dupla Dr. José Paulo Fafe e Dr. Luís Bernardo, um conhecido assessor de imprensa do Eng. Sócrates, tem usado o jornal Tal&Qual «para difundir histórias negativas contra uma série de personalidades, escolhidas de acordo com os interesses de dois dos mais controversos consultores de comunicação em Portugal e de alguns dos seus clientes».

O Dr. Pedro Nuno oferece mais do mesmo

Alguém notou (não eu que por razões higiénicas não assisto à campanha eleitoral) que no debate entre os grandes chefes o Dr. Pedro Nuno mostrou ter soluções para os grandes problemas do país que passam por na Segurança Social garantir que manterá o sistema de repartição, que com o envelhecimento a população estará em poucas décadas insustentável, e na habitação por garantir que o Estado sucial resolverá um problema que ele durante os oito anos em que esteve no governo do Dr. Costa não resolveu, apesar dos vários programas que lançou.

Aleluia. O apagão fez luz na mente do Dr. Pedro Nuno que teve uma inesperada epifania…

.. e declarou que «se a REN fosse pública, nós teríamos tido um apagão na mesma. E, portanto, não é a propriedade da REN que nos resolveria o problema que tivemos ontem».

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro»

Mandaria o decoro que o sucessor do Dr. Costa mantivesse de Conrado o prudente silêncio a respeito de vários temas e nomeadamente do SNS onde apontou o dedo ao Dr. Montenegro por ter falhado.

05/05/2025

Crónica de um Governo de Passagem (51)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Apaguei o apagão

Não vou escrever sobre o apagão, sobre o qual já foram ditas e escritas muitas irrelevâncias, na melhor hipótese, e na maioria das vezes coisas ignorantes e estúpidas. Qualquer coisa que escrevesse que não fosse mais do mesmo, estaria condenada a ser ignorada ou classificada como alienígena.

Há pouca gente com moral para apontar o dedo ao Dr. Montenegro e entre eles não se encontram admiradores do Dr. Trump

O Dr. Montenegro continua a pôr-se a jeito esperando o fim do prazo para apresentar à Entidade para a Transparência a lista dos clientes da Spinumviva que inclui cinco novos clientes que facturaram 100 milhões de euros em contratos efectuados com este Governo.

100 milhões é uma gota de água de 0,33% no oceano dos mais de 30 mil milhões de despesa pública corrente e de investimento na compra de bens e serviços. Em boa verdade, em si mesmo, esse facto nada tem de ilegal e é o resultado natural de um país que vive pendurado no Estado, onde os empresários que têm de fazer pela vida procuram meios para influenciar o maior cliente de todos que consome quase metade do PIB. Um dos meios de influenciar esse enorme potencial cliente é certamente serem clientes da empresa de uma criatura que um dia poderá ser primeiro-ministro.

É por essa e por outras que penso que o mais grave e censurável deste circo, que faz as delícias dos jornalistas de causas e dos políticos que não têm clientes, é o Dr. Montenegro ter-se disposto a ser palhaço.

Nas eleições a fingir quase tudo na mesma com o Dr. Montenegro mais próximo de S. Bento

A última sondagem da Pitagórica mostra a AD com 34,0% a descolar do PS com 27,5% e o Chega e o IL com valores próximos da tendência, 16,6% e 7,8%, respectivamente. Uma maioria pode estar ao alcance de uma coligação AD + IL. O partido do animais continua afundado, a CDU recuperou alguma coisa e o BE afunda-se cada vez mais.

Observador

A geringonça que nas eleições de 2022 chegou a ultrapassar 50% está a cair para 32% e o conjunto AD-IL que nessas eleições obteve 34,2% apresenta-se agora com quase 42% e a possibilidade de ter a maioria dos deputados, mesmo sem o Chega que pode ter mais 10 pp do que nessas eleições, mas que uma clara maioria dos eleitores da AD não quer ter no governo. Se isto não é uma vitória da direita é certamente uma pesada derrota da esquerda.

No final a vitória vai continuar a ser do Partido do Estado

mais liberdade

Foi o Estado Novo, é o Estado sucial, poderia até ser o Estado Soviético, e será, até onde a vista alcança, o Estado do Partido do Estado, como escrevia o falecido Dr. Medina Carreira que apesar de ter sido ministro das Finanças num governo socialista era mais liberal do que muitos liberais encartados.

Se não fosse o turismo poderia ser o princípio de uma bela recessão…

Segundo a estimativa rápida do INE, o PIB do primeiro trimestre deste ano caiu 0,5% face ao último trimestre do ano passado, devido à redução da procura externa líquida. Em termos homólogos, isto é comparado com o primeiro trimestre de 2024, registou-se um crescimento de 1,4%, inferior às previsões.

… e, no entanto, o Estado sucial prospera…

Enquanto a economia coxeia no primeiro trimestre, as contas públicas apresentaram um excedente de 1,6 mil milhões devido a um crescimento de 9,6% da receita muito superior aos 2,9% da despesa 2,9%).



04/05/2025

Saying that a country has a populist (or socialist) regime is another way of saying that it is poor and undemocratic

This post is a sort of sequel to the following two:
Populism is on the rise, especially the right-wing one

Modern right-wing populism is as bad for the economy as left-wing populism

«Populism at the country level is at an all-time high, with more than 25% of nations currently governed by populists. How do economies perform under populist leaders? We build a new longrun cross-country database to study the macroeconomic history of populism. We identify 51 populist presidents and prime ministers from 1900 to 2020 and show that the economic cost of populism is high. After 15 years, GDP per capita is 10% lower compared to a plausible nonpopulist counterfactual. Economic disintegration, decreasing macroeconomic stability, and the erosion of institutions typically go hand in hand with populist rule.»

Manuel Funke, Moritz Schularick, Christoph Trebesch. Populist Leaders and the Economy. 2022. (hal-03881225)

03/05/2025

Deregulation Trump way

If there are measures that make sense in the American economy, it is the easing of the plethora of regulations that, contrary to legend, owe little to heavy European regulation. If you ask an AI software to estimate the number of regulations in force at the federal and state levels, you'll likely get something like this:

Federal Regulations (U.S.)

Source: Code of Federal Regulations (CFR)

As of recent estimates (2023), the CFR contains over 1.08 million regulatory restrictions, which are typically identified by words like "shall," "must," "may not," etc.

The total word count is over 100 million words.

Agencies: These rules are issued by more than 100 federal agencies, like the EPA, FDA, SEC, etc.

The Mercatus Center at George Mason University maintains a tool called RegData that analyzes the CFR and estimates restrictions per agency and industry.

State Regulations

Every state has its own administrative code or regulatory compilation. These vary widely in size.

According to Mercatus RegData (as of ~2021–2023):

California: ~400,000 restrictions

New York: ~300,000+

Texas: ~270,000+

Smaller states like South Dakota or North Dakota might have < 100,000.

On average, states tend to have 100,000 to 300,000 regulatory restrictions, though the number of rules or pages may differ.

____________ 

If you ask the same question regarding European Union regulations, you will get the following answer:

EU Primary and Secondary Legislation

Regulations (directly applicable laws): Approximately 1,000–1,500 in force.

Directives (goals to be implemented nationally): Approximately 1,500–2,000 in force.

Delegated/Implementing Acts (Commission instruments): Likely in the range of 3,000–5,000 issued since the Lisbon Treaty.

____________

Of course, these numbers are not comparable except at the US federal level and the European Union central level, and even then the metrics are different. However, they seem sufficient to question the myth.

In any case, the announcement in the usual hyperbolic language a few days after the inauguration («President Donald J. Trump Launches Massive 10-to-1 Deregulation Initiative») created an expectation of great simplification.

Meanwhile, "reciprocal" tariffs announced on April 2 included a 37-page annex with exemptions for a fifth of total U.S. imports; the following week, another 20 products were exempted, including smartphones and computers, in addition to some types of steel and aluminum, and products imported from Mexico and Canada under USMACA, and countless other exemptions or exceptions for a variety of products from different sources. In the end, this administration will have created a gigantic red tape system in foreign trade alone.

02/05/2025

Dúvidas (352) – Irá o Brexit reverter-se? (I)

Dúvidas já resolvidas sobre se o Brexit iria consumar-se 

Em retrospectiva, a decisão do governo conservador britânico de David Cameron de submeter a um referendo a saída da UE tinha um propósito e uma premissa. O propósito era não perder as eleições para o UKIP de Nigel Farage que fazia uma campanha para a saída. A premissa era que o eleitorado britânico acabaria por recusar a saída. O propósito foi conseguido, à custa de demagogia e distorção dos factos e dos números que não ficou atrás do UKIP e teve um resultado inesperado que foi a aprovação do Brexit.

As consequências ruinosas do Brexit para o Reino Unido (ver este post) são hoje visíveis para toda a gente que disponha de informação objectiva, com a possível excepção dos portadores de alucinação psicótica, e constituem um case study de subordinação dos interesses nacionais aos desígnios de uma clique.

Seja como for, não será o Brexit um fait accompli? Em boa verdade é tão accompli como era a adesão do Reino Unido à União Europeia, e no entanto o Brexit aconteceu. E aconteceu, segundo esta análise baseada nos dados do British Election Study muito à custa dos velhotes, dos quais cerca de dois terços morreram desde 2020. Como a aprovação do Brexit em 2016 foi por uma margem muito curta (51,9% a favor e 48,1% contra) um hipotético novo referendo aprovaria muito provavelmente a re-adesão à UE.

01/05/2025

O governador do BdP (um banco regional) tem melhor salário do que o presidente da Fed

O governador e outros apparatchiks do Banco de Portugal (BdP) tiveram os seus salários aumentados de 7% ficando o Dr. Centeno, o Ronaldo das Finanças, com um belo salário mensal de 19,5 mil euros ou, no mínimo, 273 mil euros por ano. 

O BdP actualmente é uma espécie de agência regional do Banco Central Europeu (BCE) que supervisiona as quatro "entidades significativas" da banca portuguesa: BPI. BCP, CGD e Novo Banco. Ao BdP compete a supervisão das entidades "insignificativas", das quais as únicas que valem mais de 0,..% são as Caixas Agrícolas e o Banco Montepio. Ao BCE compete igualmente a política monetária, restando ao BdP, além da supervisão das entidades "insignificativas" o gabinete de estudos, as estatísticas financeiras e pouco mais.

Com 273 mil euros por ano ou mais 30 mil euros do que o presidente da Fed, o Dr. Centeno tem um melhor rácio salário-responsabilidade dos presidentes dos bancos centrais, apesar do BdP ser um banco mais regional do que central, quando comparado com:
  • Governador do Bank of England que tem a seu cargo a política monetária e a supervisão do sistema bancário de uma das grandes potências financeiras do planeta: £495.000 ou 582 mil euros;
  • Presidente do BCE que tem a seu cargo a política monetária e a supervisão dos maiores bancos do sistema bancário da Zona Euro: €378.240;
  • Presidente do Banque de France: €310.768
  • Presidente da Fed (Reserva Federal Americana) que tem a seu cargo a política monetária e a supervisão do sistema bancário da maior potência financeira do planeta: USD $246,400 ou 217 mil euros.