Em retrospectiva, a decisão do governo conservador britânico de David Cameron de submeter a um referendo a saída da UE tinha um propósito e uma premissa. O propósito era não perder as eleições para o UKIP de Nigel Farage que fazia uma campanha para a saída. A premissa era que o eleitorado britânico acabaria por recusar a saída. O propósito foi conseguido, à custa de demagogia e distorção dos factos e dos números que não ficou atrás do UKIP e teve um resultado inesperado que foi a aprovação do Brexit.
As consequências ruinosas do Brexit para o Reino Unido (ver este post) são hoje visíveis para toda a gente que disponha de informação objectiva, com a possível excepção dos portadores de alucinação psicótica, e constituem um case study de subordinação dos interesses nacionais aos desígnios de uma clique.
Seja como for, não será o Brexit um fait accompli? Em boa verdade é tão accompli como era a adesão do Reino Unido à União Europeia, e no entanto o Brexit aconteceu. E aconteceu, segundo esta análise baseada nos dados do British Election Study muito à custa dos velhotes, dos quais cerca de dois terços morreram desde 2020. Como a aprovação do Brexit em 2016 foi por uma margem muito curta (51,9% a favor e 48,1% contra) um hipotético novo referendo aprovaria muito provavelmente a re-adesão à UE.
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