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26/04/2009

CASE STUDY: To be born as a gentleman is an accident. To die as a gentleman is an achievement. (2)

Não sendo a genética determinística, valerá a pena o estado fazer alguma coisa para proporcionar oportunidades aos filhos dos pobres, ou pelo menos aos melhores entre eles? Interroguei-me a semana passada aqui.

No decurso da semana, o estado, pela boca do primeiro-ministro durante o seu comício quinzenal no parlamento, anunciou que iria ser aumentada a escolaridade obrigatória de 9 para 12 anos e concedidas bolsas aos alunos com aproveitamento escolar no ensino secundário cujas famílias se enquadrem nos dois primeiros escalões do abono de família. Sendo inquestionável que estas bolsas constituem uma medida (insignificante – a bolsa mensal não chega para comprar um jogo da Playstation) para melhorar as oportunidades dos filhos pobres escaparem ao determinismo social, podemos concluir que o aumento da escolaridade é uma medida importante no mesmo sentido?

Só por milagre. A extensão para 12 anos, com a inevitável transposição do facilitismo reinante no ensino básico, levará à extensão da mediocridade aos 12 anos de ensino. Dito de outro modo, os padrões do ensino secundário, que já de si deixam a desejar, como o reconhecem as universidades que recebem legiões de alunos mal preparados, degradar-se-ão ao nível do ensino básico. O resultado será os melhores ficarão pior e os piores ficarão na mesma. No final, é provável que mais filhos dos pobres cheguem ao 12.º ano, mas pior apetrechados e com um diploma cujo valor de mercado se deteriorou. Se a isto somarmos a previsível migração dos filhos dos ricos para o ensino privado em resposta à degradação do secundário, o nível médio dos alunos decairá ainda mais.

Com esta incursão pelo terreno das medidas para encher o olho dos eleitores, fica por responder a mesma pergunta.

[Continua talvez]

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