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22/05/2007

BREIQUINGUE NIUZ: catástrofe social, disse ele

Pode ser conversa para militante, mas o certo é que o doutor Marques Mendes disse no almoço em Fafe, aparentemente sóbrio, coisas como «o primeiro-ministro tem obrigação de dar ao país explicações sobre o galopante aumento do desemprego para níveis como já não havia há 21 anos» e «o que está em causa neste momento não é apenas um rotundo fracasso da política do Governo. É uma catástrofe social que atinge em particular os mais pobres da sociedade». (Público de ontem)

Coisas incontornáveis? Talvez incontornáveis no estado de nevoeiro analítico em que a nação se encontra, mas com pressupostos preocupantes para um líder da oposição que deveria ter políticas alternativas e não mais do mesmo ou menos do mesmo.

Pensa o líder da oposição que compete ao governo criar empregos? Será? Só se for lugares no monstro do professor Cavaco et alia.

Acredita o líder da oposição que está perante uma catástrofe social? E o que chamou à situação decorrente das reformas que a Espanha realizou há 20 anos que fizeram o desemprego ultrapassar 20%? E o que chama ao estado de coisas em que temos vivido, sustentando empregos improdutivos e empresas inviáveis, na economia paralela ou na economia parasitária dos subsídios, que afundam empresas viáveis?

Num ponto ele pode ter razão. Como a medicina que o primeiro-ministro prometeu no programa de governo que administraria ao país é a mesma do líder da oposição, talvez seja um «rotundo fracasso da política do governo» não criar 150.000 novos empregos até ao fim do mandato. Ou talvez não. Se o doutor Marques Mendes pensar que o importante é manter o emprego, terá que fazer a justiça ao primeiro-ministro que ele, não destruindo, como prometeu, 75.000 empregos na administração pública só precisará de «criar» 75.000 para ficar tudo na «mesma».

Conseguirá o doutor Marques Mendes perceber que a economia só se renova com a destruição de uns empregos e a criação de outros? Compreenderá que a política de manter empregos a qualquer custo é o caminho mais directo para os destruir sem criar novos.

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