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24/04/2006

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: o pior de dois mundos

Durante décadas, o fraco nível de concorrência entre quadros e dirigentes estava em linha com um fraco nível de concorrência entre empresas. A diferenciação salarial também estava em linha com a falta de concorrência no mercado de trabalho. O leque salarial era tradicionalmente mais apertado do que os nossos parceiros comerciais, e o nível dos nossos salários, desde o porteiro até ao administrador, costumava ser uma fracção dos salários homólogos em Espanha, por exemplo.

Já deixou de ser assim, faz tempo. Escreve o Jornal de Notícias que «em termos médios, um administrador português ganhou 416 mil euros em 2005. A média das remunerações dos administradores em Espanha ficou 16 mil euros abaixo

Conseguimos, portanto, uma coisa extraordinária. Sem aumentar a competitividade no mercado de trabalho conseguimos aumentar a desigualdade salarial, que, não sendo um fim em si mesmo, é (seria) o preço a pagar por maior concorrência no mercado de trabalho, que temos pouca, ou não temos de todo a nível dos gerentes e administradores. Nas empresas familiares temos obrigado paizinho, pela confiança no teu filho, nas empresas públicas temos obrigado senhor engenheiro, pela nomeação, nas outras temos o obrigado meu caro, por ter sugerido o meu nome; vou só ali compor o nó da gravata e já volto.

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