Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

30/06/2007

DIÁRIO DE BORDO: a política é a arte do possível e o melhor possível é ter o menos mau dos líderes disponíveis

O inquilino de 10, Downing Street, Tony Blair, «o obreiro de grandes passos em direcção a um estado policial foi-se».

O obreiro de grandes passos em direcção a um estado policial? Espere-se até ver o que irá fazer o seu sucessor. Pode ler-se aqui uma excelente análise da pessoa e do político Gordon Brown, uma personagem sombria de quem um ex-secretário de estado diz possuir "Stalinist ruthlessness" e «very cynical view of mankind and his colleagues", apreciações que parecem ter merecido um largo consenso nos meios do Labor.

29/06/2007

CASE STUDY: série reis de África (3)

Sua Majestade ABUBAKAR SIDIQ, Sultan of Sokoto, Nigeria
(Créditos Gulf Air Co, via FM, no Barhein)

27/06/2007

ESTÓRIAS E MORAIS: quanto mais, menos

Estória

Se o Canadá é pátria das luminárias mais resplandecentes no firmamento do politicamente correcto, se o ambientalismo encontra lá um dos solos mais fecundos para criar raízes, isto é para ser radical, como explicar que os lóbis tenham aparentemente tão pouca influência na redução das emissões? Como compreender que conseguiu piorar mais do que o seu vizinho ianque? É mais um caso de aplicação das funções zingarilho.

Moral

Faz como eu digo e não como eu faço.

26/06/2007

CASE STUDY: série reis de África (2)

Sua Majestade ONI of IFE (Nigeria)
(Créditos Gulf Air Co, via FM, no Barhein)

25/06/2007

SERVIÇO PÚBLICO: é uma casa portuguesa (com certeza)

Para quem duvida da capacidade de antecipação dos dirigentes políticos deste país, todos os dias temos bons exemplos do contrário.

O governo do engenheiro Sócrates parece ter decidido que o investimento no TGV só passará a ser suportado pelo OE a partir de 2013, isto é quando ele e o seu sucessor já não andarem por aí.

Mas não só o poder central mostra dotes de premonição. Os autarcas deste país não lhe ficam atrás. Insatisfeitos com os 5 milhões de fogos para 3,5 milhões de famílias, desenvolveram e fizeram aprovar PDMs que no seu conjunto prevêem a bonita soma de 40 milhões de criaturas.

Para quem acredita nos milagres que a descentralização inevitavelmente produziria num país caciqueiro com uma cultura colectivista, isto é matéria de reflexão. Ou seria, que em matéria de fé reflexão é dispensável.

24/06/2007

CASE STUDY: série reis de África (1)

Sua Majestade OSEADEEYO ADDO DANKWA III, Rei Akropong-Akuapem (Gana)
(Créditos Gulf Air Co, via FM, no Barhein)

21/06/2007

SERVIÇO PÚBLICO: as pirâmides do estado napoleónico-estalinista (15)

Não perder o post Professor do MIT (EUA) questiona sensatez da desactivação da Portela no blogue Norteamos:

"Since the plans for the development of the 3 billion Euro new airport for Lisbon emerged in 1990s, the air transport situation has changed dramatically — in Europe in general, and Portugal in particular. Along with trends across the continent, the low-cost airlines have developed strongly, and the mid-size national airlines (such as Olympic, Sabena, Swissair – and including TAP) have struggled financially and required substantial subsidies to stay alive. In short, the low-cost carriers have become important participants in Portuguese air transport, and need to be considered seriously."

19/06/2007

SERVIÇO PÚBLICO: as pirâmides do estado napoleónico-estalinista (14) - o ónus da prova

«Do nosso ponto de vista essa solução ("Portela+1") não é uma solução viável. Não tenho nenhum estudo, nenhum trabalho feito por pessoas com credibilidade e devidamente fundamentado que prove o contrário», disse o doutor Mário Lino aos jornalistas após a apresentação da plataforma logística do Poceirão.

O ministro dos elefantes brancos poderia ter dito: não tenho nenhum estudo, nenhum trabalho feito por pessoas com credibilidade e devidamente fundamentado que prove que essa solução não é uma solução viável.

So? So, é uma questão de inversão do ónus de prova. Quem defender soluções diferentes do ministro dos elefantes brancos tem que ter credibilidade e fazer um estudo devidamente fundamentado.

Pergunta: quem avalia a credibilidade dos autores do estudo? Resposta: o ministro dos elefantes brancos.

Pergunta: quem verifica se o estudo está devidamente fundamentado? Resposta: o ministro dos elefantes brancos.

So? So, é a dialéctica marxista renovada do camarada Lino.

ESTADO DE SÍTIO: dialéctica marxista renovada (actualizado)

«Este estudo (da CIP sobre o novo aeroporto) o que veio agora mostrar, entre outras coisas, é que de todos os sítios estudados até agora a OTA é a melhor porque não foi recuperado nenhum sítio dos 15 ou 16 que tinham sido estudados antes e este estudo o que levanta é a hipótese de haver um sítio ainda não estudado que possa ser eventualmente melhor do que o da OTA e é isso que está a ser estudado» disse o doutor Mário Lino, citado pela SIC (via Blasfémias).

Infelizmente para o doutor Lino, já (ainda) não vivemos (outra vez) nos tempos da 5.ª divisão com José Saramago à frente do Izvestia da Avenida da Liberdade e não lhe é possível apagar dos sites dos mídia portugueses tudo o que disse sobre a irremediabilidade da Ota. Nem mesmo com a ajuda da alcateia de spin doctors ao serviço do governo mais manipulador do pós 25 de Abril (*). E, ainda que os spin doctors tivessem tais poderes, os motores de busca permitiriam descobrir-lhe a careca (figura de estilo e não alusão à alopecia do ministro).

(*) Com a possível excepção do 5.º governo provisório, durante o qual imperou o diktat da 5.ª divisão.

SERVIÇO PÚBLICO: o Zé faz falta

O Gabinete de José Sá Fernandes na C.M.Lisboa custava ao orçamento da Câmara Municipal de Lisboa 20.880 euros por mês.

Com 11 pessoas, das quais nove assessores técnicos, uma secretária e um coordenador de gabinete, auferindo salários mensais entre 1.530 euros e 2.500 euros... um motorista para o vereador, um motorista para o gabinete e um contínuo, e era tudo a recibo verde.

O Zé faz falta a estas 11 pessoas:

CONTRATO PRESTAÇÃO SERVIÇOS - 11 PESSOAS

  • Nome - Função/Origem/Contrato - Categoria/Vencimento (euros)
  • Alberto José de Castro Nunes - Assessor (50%) Renovação - 1.530,00
  • Ana Rita Teles do Patrocínio Silva - Secretária (100%) Renovação - 2.000,00
  • António Maria Fontes da Cruz Braga - Assessor (50%) Renovação - 1.530,00
  • Bernardino dos Santos Aranda Tavares - Assessor (100%) Renovação - 2.500,00
  • Carlos Manuel Marques da Silva - Assessor (50%) Renovação - 1.530,00
  • Catarina Furtado Rodrigues Nunes de Oliveira - Assessora (100%) Renovação - 2.500,00
  • Maria José Nobre Marreiros - Assessora (50%) Renovação - 1.530,00
  • Pedro Manuel Bastos Rodrigues Soares - Coordenador do Gabinete (50%) Renovação - 1.730,00
  • Rui Alexandre Ramos Abreu - Secretário (100%) Renovação - 2.000,00
  • Sara Sofia Lages Borges da Veiga - Assessora (50%) Renovação - 1.530,00
  • Sílvia Cristóvão Claro - Assessora (100%) Renovação - 2.500,00

(de um email reenviado por JARF)

17/06/2007

DIÁRIO DE BORDO: razões para ter esperança?

Se 48 anos de escola fassista não tiveram sucesso (completo) na lavagem ao cérebro de sucessivas gerações, poderemos esperar que 33 anos de escola sucialista não arruinem irremediavelmente o tenro córtex das nossas jovens criaturas?

Devemos acreditar que obsessiva recusa do governo em considerar a manutenção do aeroporto da Portela releva duma tardia e inesperada fé schumpeteriana nos méritos da destruição criativa?

16/06/2007

SERVIÇO PÚBLICO: as notícias da retoma são grandemente exageradas

O que precisa a economia portuguesa para sobreviver na economia global? Competitividade, ou seja produzir bens e serviços de qualidade a um custo mais baixo do que a concorrência ou, vá lá, ao menos produzir bens e serviços simplesmente baratos.

Como produzir bens e serviços baratos? Com salários comparativamente baixos. Comparativamente com quê? Depende dos bens e serviços, mas nos dias que correm comparativamente com a China (bens desde os trapinhos de griffe até bicicletas ao preço da chuva) e a Índia (serviços qualificados como o desenvolvimento de software).

É para aí que caminhamos? Duvida-se.

Os custos nominais por hora de trabalho aumentaram 5,8% no 1.º trimestre em relação ao período homólogo do ano passado, contra 2,2% na zona euro e 3,7% na UE. A inflação homóloga de Abril foi de 2,7% contra 1,9% na zona euro e 2,1% na UE, em Maio.

Como produzir produtos e serviços de qualidade? Com tecnologia avançada e mão de obra qualificada, ou seja com investimento produtivo e com ensino que promova a excelência.

É para aí que caminhamos? Duvida-se, outra vez.

O investimento no 1.º trimestre decresceu 2,1% em relação ao último trimestre de 2006. Aliás, nos últimos 5 anos o investimento sempre decresceu, com excepção dos trimestres que precederam os Euro 2004, período em que se investiu, perdão, onde se torraram alqueires de guita nos estádios. E quanto à excelência do ensino estamos conversados. Na versão do ministério da desinstrução, está a ser conseguida com engenharias pedagógicas como a ampliação do conceito de múltiplo para adequá-lo ao «trajecto para a solução» percorrido pelos alunos.

15/06/2007

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: ainda bem que pergunta

Secção Perguntas impertinentes

«Seria injusto termos leituras redutoras e associarmos ao poder local o anátema da corrupção. Porque se há-de dizer isso dos autarcas e não dos magistrados e dos polícias?» (Semanário Económico)

E porque não?

Três chateaubriands para o doutor Alípio Ribeiro, director nacional da Judite, por esta magistral interrogação.

DIÁRIO DE BORDO: o paradigma mudou

Quer se goste (não é o meu caso), quer se não goste (é o meu caso), do ambientalismo profético-jeremíaco de Al Gore, só quem está distraído ou sofre de negacionismo não terá percebido que o paradigma mudou. Definitivamente. Dúvidas? Um só exemplo: a remição do Texano Tóxico. De trendy o ambientalismo tornou-se mainstream.

Proposta de meio de transporte para estar parado nos engarrafamentos alfacinhas.

13/06/2007

CASE STUDY: não há motivo para preocupações

«Produção industrial portuguesa regista a maior queda da zona euro», titulou o Diário Económico, acrescentando «a produção industrial no conjunto dos países do euro baixou 0,8% no mês de Abril, face a Março, tendo Portugal sido o país que registou a pior performance, com uma descida de 4,6%.»

Enfiei-me nas botas do doutor Pinho, o ministro-encarregado-das-boas-notícias-que-depois-não-se-confirmam, e inquietei-me. Por pouco tempo. Só até ler o seguinte comentário dum leitor
«Já li este título noutro jornal e não estranhei. Neste, acho que o critério deveria ser um pouquinho mais apertado. Senão vejamos: parece-me normal esta quebra num mês com 30 dias em que 13 se passaram entre feriados, pontes e fins de semana .... Não acha Sr. Editor?»
Em conclusão a queda de 4,6% da produção industrial é afinal um aumento. Que alívio!

Pensando melhor, inquietei-me de novo pelo doutor Pinheiro, o ministro-aguardando-remodelação. Que esperar da produção industrial do mês de Junho que entre feriados (nacionais e municipais), pontes e fins de semana bate o record de Abril e atinge 14? E do mês de Dezembro?

12/06/2007

SERVIÇO PÚBLICO: a credibilidade é como a virgindade

Disse um dia o engenheiro Belmiro de Azevedo, a propósito duma qualquer trapalhada dum qualquer político, a credibilidade é como a virgindade, só se perde uma vez.

Tratando-se de instituições, a coisa fia mais fino. A perda de credibilidade dum dirigente faz mossa, mas a instituição pode aguentar algumas mossas. Algumas, mas é difícil resistir quando a hidden agenda dos seus dirigentes os leva amiúde a reincidir.

É o caso do ministro anexo, doutor Vítor Constâncio, que tem usado o Banco de Portugal para fazer uns favores a uns governos ou para pôr uns gravetos nas rodas da carroça doutros, consoante.

O Impertinências, distraído com os santos populares, esqueceu-se de tratar o relatório da OCDE sobre a Previdência portuguesa (*) publicado no dia 7. Camilo Lourenço estava atento e escreve hoje no Jornal de Negócios um requisitório sobre a disparidade entre as reduções nas pensões do novo regime previstas pelo BdeP (23%) e as previstas no relatório da OCDE (44%). E conclui: «é mais um sinal de que Vítor Constâncio pôs o banco central a caucionar a governação de Sócrates. É pena: construir uma reputação leva décadas; destruí-la é num instante.»

(*) PORTUGAL - Pensions at a Glance - Public Policies across OECD Countries 2007 Edition

11/06/2007

TRIVIALIDADES: ele continua a não ler os dossiês

Nos seus tempos de governante, o doutor Soares ficou conhecido por desconhecer os dossiês que deveria conhecer. Mostrando uma inesperada constância, o doutor Soares continua a escrever (no passado só falava) sobre temas de que não leu dossiês. Cada vez que se distrai a tentar salpicar de erudição científica os seus escritos o doutor Soares tropeça nos conceitos e sai asneira.

Foi o caso, mais uma vez, do seu artigo de opinião O vício e a virtude (respectivamente Al Gore e Bush, o texano tóxico) na Visão onde escreve patetices como «o degelo acentuado das calotas polares, tanto no Árctico como no Antárctico, que estão (o degelo estão?) a aumentar o volume das águas oceânicas e a invadir as zonas costeiras». Só o olho de águia do doutor Soares viu o degelo a invadir as zonas costeiras, quando o nível médio do oceano não aumentou mais do que uns centímetros no século passado e, no pior cenário possível, aumentará cerca de 50 cm neste século.

A maior patetice vem na frase seguinte onde o doutor Soares responsabiliza as alterações climáticas pelos tsunamis que, como se sabe (ele não sabe), são causados por sismos ou erupções vulcânicas submarinas.

Alguém lá na fundação deveria editar os textos do venerando.

10/06/2007

DIÁRIO DE BORDO: o 10 de Junho do professor Cavaco

Para quem se interroga sobre se ainda há cidadãos por encomendar no 10 de Junho, a resposta é ainda há, embora poucos.

Mas não será a raridade que atrapalha o professor Cavaco que não é homem para se encolher com as dificuldades. Lá estará ele, daqui a pouco, a pendurar comendas em mais 36 pescoços, mais 10 do que o ano passado, mais 9 do que doutor Sampaio no seu 2.º ano e, pasme-se, mais 28 do que o doutor Soares no mesmo ano. É obra.

09/06/2007

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: explicação aos ignaros

Secção Insultos à inteligência

Há 33 anos uma criatura nos primeiros anos do liceu ou do ensino técnico perante a questão trivial «Escreve um número que seja, simultaneamente, múltiplo de 2, 3 e 5» responderia 30, 60, 90, 120, etc.

Fruto das novas oportunidades que o governo oferece aos jovens, os filhos dessa criatura podem hoje responder também 6, 10 ou 15, respostas que o ministério da desinstrução considerou como igualmente certas nas provas de aferição que foram recentemente realizadas.

Pela paciente explicação do director do Gabinete de Avaliação Educacional aos ignaros o Impertinências concede 5 merecidos chateaubriands ao argumentário esmagador.

«Para se compreender a importância das provas de aferição é necessário conhecer os rudimentos das técnicas de avaliação e dispor de noções básicas sobre os processos de aprendizagem.
A correcta resolução de uma questão de Matemática, por exemplo, pressupõe que o aluno compreende o problema, estabelece um modelo adequado, traduz os dados para a linguagem formal da Matemática, opera sobre expressões e atinge resultados. Neste trajecto para a solução cada aluno exibe dificuldades específicas: enquanto uns poderão ter grande desenvoltura a operar sobre expressões numéricas sendo, no entanto, incapazes de traduzir o problema formulado para a linguagem matemática, outros apresentarão dificuldades opostas. Ambos falharão o objectivo de resolver o problema, mas a estratégia e o sentido do esforço do professor devem ser radicalmente diferentes.
As provas de aferição são elaboradas de forma a proporem questões que não só determinam o conhecimento dos conteúdos do programa, como verificam em que aspectos do processo de resolução se encontram as dificuldades dos alunos. A classificação dos itens de uma prova é feita com códigos numéricos (por exemplo, 00, 10, 12, 30), que não representam quantidades mas tipificam situações diferentes do percurso do aluno em direcção à solução do problema. Não faz sentido dizer que um aluno que teve uma classificação de 30, num determinado item, 'sabe' três vezes mais do que um que obteve 10. O exercício de dividir os códigos das provas de aferição é tão absurdo como dizer que o número do 81 é inversamente proporcional à idade do seu possuidor... As provas de aferição são pois indispensáveis à melhoria do desempenho dos nossos alunos
».

CARLOS PINTO FERREIRA, director do Gabinete de Avaliação Educacional

(no Expresso)

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: os homónimos de Mateus

Secção Still crazy after all these years

Há um Augusto Mateus, ex-dirigente do MES, co-responsável por dinamitar uma escola de economia e ajudar a construir uma escola do poder popular que a substituiu durante 10 anos. Há outro Augusto Mateus que é professor doutor «catedrático» mas nunca chegou a acabar o doutoramento nessa mesma escola.

Há um Augusto Mateus que foi ministro do governo do engenheiro Guterres. Há outro Augusto Mateus que disse ontem ao Semanário Económico «enquadrava-me seguramente num governo como este» (o do outro «engenheiro»).

Há um Augusto Mateus que tem uma empresa de consultoria que faz parte do consórcio que estuda o ordenamento de actividades na envolvente da Ota. Há outro Augusto Mateus que parece fazer um estudo de avaliação da localização do novo aeroporto, não se sabe bem para quem, e que disse ontem ao Semanário Económico que Alcochete «pode vir a ser estudada» e «tem dimensão mais do que suficiente para se fazer algo mais flexível» e que a Ota «tem um conjunto de limitações dimensionais».

Por todos estes feitos oferece-se a cada um dos Mateus 3 bourbons e 4 chateaubriands.

08/06/2007

CASE STUDY: a causa ambientalista tem bons amigos

O que deve fazer uma autarquia amiga do ambiente para persuadir os munícipes à poupança energética nos lares?

Por exemplo, uma brochura com 200 gramas, 24 páginas profusamente ilustradas a cores, uma capa cartonada de 2 mm de espessura, encadernada numa grossa lombada de 7 mm com argolas e este belo aspecto.

O presidente do município em causa (Oeiras), envolvido numas trapalhadas de dinheiros na Suíça, é sócio duma tipografia que presta serviços à câmara. Oportunamente o próprio declarou que ignorava e que já tinha dado instruções para que tal não acontecesse. Diz-se à boca chiusa que. Diz-se, mas o certo é que a brochura não nos informa onde foi impressa, portanto nada está provado.

05/06/2007

ESTÓRIA E MORAL: Lost in translation

Estória

Se me tivessem contado, não acreditaria. A detractora acidental RMR enviou-me há tempos uma «publicidade institucional a uma conferência que se realizou no fim de Abril, na Universidade de Granada, versando o título acima (Translation & social activism). A grande mentora da coisa é a sumidade Mona Baker, "professional translator, university teacher & social activist". A dona Mona tem tb uma Editora, a St. Jerome's (para o caso de não saber, é o santinho padroeiro dos tradutores) de onde, há tempos, despediu (primeiro pediu que eles se demitissem...) dois colaboradores por serem israelitas

Da bendita brochura extraio o primeiro parágrafo do Concept:

«As linguistic, cultural and national borders become increasingly blurred by corporate-led globalisation and the ravages of ‘perpetual’ war, non-mainstream institutions such as NGOs and social movements, as well as individual activists, are beginning to exploit the shift from national to transnational spheres of action to challenge mainstream ideologies that support patterns of injustice across the globe. The involvement and intervention of translators and interpreters on both sides of the power divide in this complex and volatile landscape is becoming a growing concern for the sociology and ethics of translation and interpreting.»

Moral
Tradutore, traditore.

Nova entrada para o Glossário das Impertinências:

Tradução de causas
Uma tradução que se está borrifando para o texto e que desafia as ideologias dominantes que suportam a injustiça no mundo.
Se Armando Baptista-Bastos fosse tradutor, diria que a tradução de causas é sobretudo o porta-voz daqueles que não têm voz. É a tradução onde não há textos. Os textos correspondem à visão do mediador, do tradutor. É a tradução de indignação, que não é indolor e incolor e de revolta contra os que querem é capar-nos.

04/06/2007

SERVIÇO PÚBLICO: as pirâmides do estado napoleónico-estalinista (12)

Dizem que é uma espécie de chaparro

«Nestas linhas procuraremos analisar o processo de um ponto de vista ambiental - pois foi com este critério, diz-se, que foi rejeitada uma outra opção, em Rio Frio.

Antes de mais, uma nota: segundo a legislação portuguesa, as grandes obras públicas devem ser acompanhadas de um estudo de impacte ambiental que, para o comum dos cidadãos, deve ser resumido num 'resumo-não-técnico' onde, de forma simples, sejam expostos os problemas ambientais que por ela virão a ser causados. Ora esse resumo não-técnico parece faltar em absoluto. Será tal falta razoável numa obra de tal envergadura, e que há tantos anos anda a ser discutida?

Sabemos que a localização em Rio Frio foi abandonada no tempo da ministra Elisa Ferreira por razões ambientais (*), entre as quais a necessidade de se proteger uma mancha de sobreiros, espécie protegida em Portugal. De facto, o sobreiro é uma espécie nativa do nosso país (os sobreiros serão mesmo restos da vegetação primitiva) e Portugal é o maior produtor de cortiça do mundo.

Muito bem. Só que esta abordagem esquece que os sobreiros ocupam uma área de 730 mil hectares, 8,5% do país, e que são uma espécie de zonas secas - enquanto na Ota o aeroporto se iria (irá?)construir sobre uma zona húmida. Designam-se por zonas húmidas aquelas em que há água ao nível do solo (ou pouco abaixo desse nível) durante a maior parte do ano. Ora, em Portugal, são estas as que escasseiam (limitando-se a cerca de 1 % do território) e não as zonas secas.
»

(Ota: opção política ou técnica?, António Manuel Saraiva, arquitecto paisagista, no Sol)

(*) Diferentemente do que escreve o autor, a doutora Elisa Ferreira disse ao Sol que «não houve nenhum veto ambiental» à localização do novo aeroporto internacional de Lisboa em Rio Frio.

03/06/2007

BREIQUINGUE NIUZ: «momentos Chávez» (*)

Um secretário de Estado, o mesmo da Operação Furacão, mostra a sua admiração pelo coronel que sabe como resolver os seus problemas com os média - ele ilumina o caminho.













(na 1.ª página do Expresso)
(*) Copyright Abrupto

02/06/2007

CASE STUDY: perguntar não ofende

Ninguém deve querer dar lições de democracia a ninguém” disse com humildade postiça o homem a quem a guarda pretoriana do czar Putin fechou a praça para ele fazer o seu jogging.

Você compraria um carro em segunda mão a este homem?

01/06/2007

NÓS VISTOS POR ELES: «não têm nenhum espírito público»

Robert Semple, um americano nascido em Boston em 1776, governador do Red River Settlement, passou aqui pelo burgo por duas vezes, em 1805 e 1809. Da primeira visita resultou o livro Observations on a Journey through Spain and Portugal da segunda o comprido título A second journey in Spain, in the spring of 1809; from Lisbon, through the Western skirts of the Sierra Morena, to Sevilla, Cordoba, Granada, Malaga, and Gibraltar; and thence to Tetuan and Tangiers.

Escrito o lustroso parágrafo anterior e esgotada a erudição cravada à Manitoba Historical Society, resta-me confessar que não faço a mínima ideia onde o homem escreveu sobre os indígenas, que «não têm nenhum espírito público e por consequência nenhum carácter nacional. Um inglês ou um francês pode distinguir-se em países estrangeiros por um ar e umas maneiras peculiares à sua nação, que ele tentará em vão disfarçar. Mas qualquer homem magro, moreno, pode passar por um português».

200 anos depois, não fora a obesidade endémica que nos ameaça, o juízo continuaria actual.