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20/03/2006

SERVIÇO PÚBLICO: o estado-pai e o estado-mãe substituem o estado do pai e da mãe

O sistema educacional do estado napoleónico-estalinista que não tem competência para ensinar às cobaias que por lá passam rudimentos decentes do ler, escrever e contar, que até a máquina educativa fassista do professor Botas foi capaz de garantir, prepara-se agora para educar as criancinhas no sexo, à pala duma treta chamada «Educação para a Saúde».

O venerável doutor Sampaio (o outro), coordenador do Grupo de Trabalho para a Educação Sexual em Meio Escolar, já aprovou 188-projectos-188 e prevê que «devem adoptar as directrizes do Ministério da Educação (ME) entre três mil e quatro mil escolas».

Para demonstrar a bondade da iniciativa, uma psicóloga do dito grupo de trabalho cita o caso duma infanta de 7 anos que «que tinha medo de estar grávida porque lhe tinham cuspido». A mim parecer-me-ia bastante mais grave que a infanta nunca viesse a ser capaz de interpretar uma frase com mais do que meia dúzia de palavras, o que se afigura bastante provável.

Lembrei-me, a propósito, duma amiga que, antes de conseguir um trabalho decente, teve o infortúnio de dar aulas de matemática numa escola secundária. Contou-me que os alunos ao lerem um enunciado dum problema «na equação xpto, considera a=..., b=..., bla bla bla» perguntavam amiúde se o «considera» também era para resolver. Se a educação sexual fosse um tema como os outros e fosse tratada com tanta competência como a matemática, o português ou a física, seria de esperar que os infantes saíssem da escola com preservativos enfiados no nariz.

Nunca me pareceu preocupante gerações e gerações de infantes e infantas imaginarem até à adolescência que os bebés vinham de Paris. Nunca tentaram enfiar um preservativo no bico da cegonha e nunca tiveram dúvidas, na altura própria, quanto a substituírem as importações pelo fabrico local. Seja como for, compete aos pais e não ao estado napoleónico-estalinista tratar destes e doutros temas se, quando e da forma que acharem conveniente.

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