Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

16/07/2005

CASE STUDY: já demos para estes peditórios e foi o que se viu

Peditório ressuscitado
Dão-se alvíssaras a quem encontrar diferenças entre a coisa anunciada pelo ministro da Economia do governo do engenheiro Sócrates em Santa Maria da Feira, baptizada de PRIME, e uma outra coisa chamada SIME e inventada em 2000 por um outro governo em que ele participava. Esta última criatura pode ser vista aqui em formato DR 1.ª Série, a outra aguarda despacho.

A criatura SIME, que teria custado 5 mil milhões de euros se não tivesse sido um fiasco completo, era suposto incentivar a modernização das PMEs. Esse mesmo voto piedoso foi agora transferido para a criatura SIME que, se não vier a ser um fiasco completo, como é provável, virá a custar um pouco menos - os bolsos do engenheiro Sócrates estão agora mais vazios do que os bolsos rotos do engenheiro Guterres.

Não vale a pena discutir a bondade deste tipo de incentivos que, se funcionassem, dariam vida a projectos inviáveis e não funcionando, como se espera, darão vida a projectos viáveis: emprego a uns quantos «técnicos», uns TTs, umas segundas residências, umas férias em destinos exóticos, etc.

Peditório inovador
O ministério da Economia depois de meses de ruminação, fervilha de novos projectos. Um deles é a criação um Observatório de Empresas em Risco que, a bem dizer, deveria ser um gigantesco observatório com centenas de milhares de antenas que permitissem acompanhar outras tantas empresas «em dificuldades».

Esta maravilhosa invenção funcionará no pomposo Gabinete de Intervenção Integrada e Reestruturação Empresarial, que tem a cómica sigla AGIIRE. A sigla deve ter sido inspirada na palavra AGIR pronunciada por um gago, como se pode confirmar pela complexa arquitectura que foi inventada para o Gabinete a qual pode ser apreciada, em todo o seu esplendor, na ejaculação do órgão legislativo aqui derramada.

Ainda não se percebeu o que se vai fazer às observadas com o resultado das observações, mas receia-se que, como de costume, se trate de lhes prolongar a vida já de si suspensa à custa de evasão fiscal, de fintas aos credores e da pouca exigência do mercado. A confirmarem-se os piores receios será encontrado um caminho para pôr «em dificuldades» as empresas ainda viáveis face à concorrência de empresas zumbis subsidiadas com o dinheiro dos contribuintes pelo estado napoleónico-estalinista, também conhecido como o monstro do doutor Cavaco.

Sem comentários: