Com a campanha em curso para as eleições autárquicas em Lisboa cai bem para animar os candidatos de todos os quadrantes recordar os pensamentos de William Beckford sobre a cidade, cuja actualidade parece manter-se, e concluir quão espinhosa é a missão de governar a cidade.
«Quanto mais se conhece Lisboa, menos ela corresponde às expectativas despertadas pelo seu magnífico aspecto a partir do rio. Pudesse um viajante ser subitamente transportado, sem preparação nem preconceito, a muitas partes desta cidade, concluiria razoavelmente estar a atravessar uma sucessão de aldeias amontoadas, dominadas por maciços conventos.»
Beckford faz também um juízo sobre os nossos mendigos, que não parece tão actual, porque os nossos mendigos, à força das transferências comunitárias, usufruem agora dum status mais dignificado, sobretudo a nova geração de pedintes que o
estado napoleónico-estalinista criou e alimenta carinhosamente.
«Nenhuns mendigos igualam os de Portugal em força de pulmões, profusão de vermes, variedade e arranjo de andrajos e perseverança destemida.»
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