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O caso da câmara de Lisboa poderia ser uma daquelas excepções à regra que a procura do interesse privado não é incompatível com o interesse público. Não é directamente relevante o preconceito xenófobo e uma visão jeremíaca dificilmente seria mais pessimista do que a resultante duma análise realista à situação de irremediável falência da câmara.
Resta-nos o preconceito «make-work» que esse, sem dúvida, torna fatal o voto errado, à míngua de candidatos com propostas ou vontade política para tocar neste ponto. Dez funcionários por mil habitantes, uma vez e meio o rácio do Porto e o dobro de Barcelona ou Madrid, com uma taxa de absentismo superior a 10%, numa conjuntura de desemprego ao nível historicamente mais elevado das últimas décadas. E não vale o argumento que Lisboa é inundada todos os dias por centenas de milhar de commuters que justificariam esses rácios, porque esse rácio é próximo ou superior nas câmaras da zona metropolitana de Lisboa.
(*) The Myth of the Rational Voter [ver aqui uma interessante review]
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