Um dos jornalistas de causas favoritos do (Im)pertinências é Nicolau Santos. Ele não se limita a dar-nos notícias. Ele nem sequer nos dá notícias. Ele não se limita a fazer análises. Ele nem sequer faz análises. O doutor Nicolau Santos na sua coluna do caderno de Economia do Expresso faz «Cem por Cento» de apologias, pratica o jornalismo apologético que é uma variedade do jornalismo de causas.
No seu artigo de princípio de ano, profeticamente intitulado «Êxito em 2008, receita para 2009», Nicolau Santos numa vertigem apologética celebra o crescimento da despesa pública e privada em investigação e desenvolvimento (I&D) que em 2007 foi 1,18% do PIB, ultrapassando a Itália e próximo da Espanha e da Irlanda. Cita com visível entusiamo vários outros indicadores, como o n.º de investigadores por mil activos (5) que quase alcança a média europeia, ou o número de dourorandos (1.500) e bolsas de doutoramento (2.000).
Lamento não estar possuído da mesma fé e, à falta dela, lembraria aos crentes que com o mesmo argumentário se poderiam celebrar os sucessos do ensino: a percentagem do PIB que lhe dedicamos pede meças a quase todos os países europeus e o n.º de professores por mil alunos bate todos os recordes. E, no entanto, os resultados do ensino são deploráveis (ver, por exemplo, o relatório PISA 2006). Como são medíocres os resultados da I&D, quer produção científica quer patentes. É esse o panorama que os gráficos seguintes tornam evidente.
(Fonte: Nota Técnica Research Metrics nº 5, Porto, 28Jun08, Centro de Química da Universidade do Porto)
Porquê o jornalismo de causas se ocupa a polir a supostamente abalada auto-estima doméstica, em vez de relatar factos e nos dar um retrato realista? Ora, que pergunta. Porque o jornalismo de causas é praticado pelos jornalistas de causas, militantes da comunicação apostados em nos trazer ao colo e inculcar a doutrina do trânsito inevitável para o «progresso» que, se ainda não chegou, é por falta de suficiente Estado comandado por um governo suficientemente «progressista».
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
04/01/2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário