Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

28/10/2024

Ser de esquerda é... (29) - ... é não aprender nada com o passado

«O socialismo do futuro é a vida boa e o seu tempo é agora, o futuro é já, é o caminho que vamos percorrer para disputar tudo.»

Disse no sábado passado a Dr.ª Mortágua, filha do bombista Sr. Mortágua, na V Conferência Nacional do Bloco de Esquerda no Porto.

Percebe-se que a Dr.ª Mortágua não tenha sentido necessidade de explicar aos devotos que a escutavam (que devem ter um catecismo) a diferença entre o socialismo do futuro e o do passado que arruinou todos os países que o adoptaram, foi a causa da opressão e miséria dos seus povos (por exemplo na própria Rússia) e fez milhões de mortos em seu nome. A  Dr.ª Mortágua deve essa explicação aos não devotos.

Outros "Ser de esquerda é..."

Crónica de um Governo de Passagem (24)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Eu cativo, eu descativo e eles descativam

Agastado com as notícias e comentários sobre as suas cativações, em muitos casos feitas por gente que durante oito anos guardou de Conrado o prudente silêncio, o Dr. Miranda Sarmento explicou num artigo de opinião no Público que desta vez as cativações poderão ser descativadas por outros ministros e não apenas pelo ministro das Finanças.

O wishful thinking é do FMI

Por via de regra, as previsões de crescimento dos governos quase sempre sofrem de irremediável excesso de optimismo. Desta vez, as previsões do FMI são mais optimistas do que as do governo AD, escreve o semanário de reverência. Há, porém, dois quids: o optimismo do FMI vale uns míseros 0,01 e 0,02 pontos percentuais em 2025 e 2026, respectivamente, e as previsões do Plano Orçamental Estrutural Nacional de Médio Prazo são numa base diferente das do FMI, sendo as primeiras no pressuposto de políticas invariantes e as segundas com base nas políticas que se espera venha a ser adoptadas.

Um dia vai ter de ser paga

Este governo não disse, nem provavelmente nunca dirá, como o Sr. Eng. Sócrates, que «pagar a dívida é ideia de criança». Como quer que seja, a dívida vai ter de se ir pagando e, como a sua grande parte não se destinou a investimento produtivo, quanto maior for mais o serviço da dívida exigirá recursos que poderiam ser usados precisamente para o investimento produtivo.


Se a dívida das empresas e do Estado tem vindo a diminuir, mas continua pesada, o endividamento total da economia cresceu 1,3 mil milhões em Agosto, e a dívida das famílias desde que este governo tomou posse tem vindo a aumentar a um ritmo crescente, sobretudo devido à compra de habitação.

A educação também é uma paixão para a AD? Sempre a falta de pessoal

Reconheceu o ministro da Educação que, apesar das escolas terem mais 3 mil professores, nos dois meses de aulas houve 54 mil alunos que em algum momento não tiveram aulas a pelo menos uma disciplina e que ainda há 23 mil alunos nessas condições.

Sendo certo o desastre de oito anos de obra socialista na educação, é cada vez mais indispensável o governo AD mostrar que tem ideias, que até agora foram poucas, para mudar e ganas para o fazer.

27/10/2024

Os equívocos do Programa "Mais Habitação", ou como tentar administrar uma medicação sem saber qual é a doença (13) - Muitas residências secundárias e muitos alojamentos vagos

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11) e (12)

Um dia destes tropecei neste quadro e resolvi fazer umas contas simples. 

Economist

Com 10.640 mil residentes (Pordata, 2023)  e 5.971 mil alojamentos familiares clássicos (INE, 2021), o número de habitações por 1.000 habitantes atinge em Portugal a bonita cifra de 561 o que nos coloca no 3.º ou 4.º lugar dos países melhor dotados de alojamentos nos 15 países da OCDE listados no quadro e claramente acima da média. Como explicar a enorme falta de habitações quando em termos relativos estamos tão bem colocados? 

Desde logo porque dos 5.971 mil alojamentos apenas 4.143 mil (69,4%) eram de residência habitual e 723 mil (12,1%) estavam vagos (INE, 2021).

O parque habitacional: análise e evolução 2011-2021 (INE, 2024)

Embora, como o gráfico mostra e como seria de esperar, as maiores percentagens de alojamentos de residência habitual se concentrem nas regiões mais urbanizadas e, em consequência, as maiores percentagens de alojamentos de residência secundária se situem nas regiões menos urbanizadas do interior e no Algarve, as percentagens de alojamentos vagos variam num intervalo relativamente estreito e as regiões mais urbanizadas como Grande Lisboa (11,1%) e Área Metropolitana do Porto (10,0% ) apresentam taxas de alojamentos vagos próximas da média geral (12,1%). 

Apesar de comparativamente com outros países não termos poucas habitações, a sua falta relativa é agravada porque nas regiões de maior carência de habitação mais de um em cada dez alojamentos não estão ocupados e no total do país quase um em cada cinco alojamentos são residências secundárias, uma proporção praticamente dupla da média da UE.

26/10/2024

Portugal como destino atractivo para graduados internacionais (1)

Há dois meses a Economist publicou um estudo (*) muito interessante sobre a rejeição/atractividade dos graduados universitários em diversos países para se mudarem para outro país. O estudo foi baseado em dados de uma pesquisa anual a quase 200.000 pessoas de mais de 150 países e territórios realizada pela Gallup World Poll, em que é perguntado aos inquiridos (a Economist só considerou os que disseram ter concluído a graduação) se gostariam de se mudar permanentemente para um país estrangeiro e, se sim, qual.

No caso de Portugal o inquérito mostrou uma grande mudança de atractividade de 2010-12 para 2021-23. Neste segundo período se todos os graduados que gostariam de mudar para Portugal o tivessem feito a população graduada teria aumentado 140%. 


O quadro acima foi construído com dados de uma década entre 2010-23 (excluindo os anos da pandemia) e mostra estimativas do número de graduados que cada país poderia ganhar e perder se a mudança fosse fácil. O resultado de Portugal é à primeira vista um tanto surpreendente, no entanto quando se considera que são brasileiros a grande maioria dos graduados estrangeiros que desejariam mudar-se para Portugal o resultado fica menos surpreendente. A segunda nacionalidade mais representada - e isso volta a ser surpreendente - é a americana, o que a Economist atribui a mais voos para os EUA, o que não me parece plausível e será mais facilmente explicado por um fenómeno chamado Madonna que colocou Portugal no mapa para muitos americanos que ficaram a saber que existia um país simpático, com um clima agradável que os acolheria bem - o campus da Nova em Carcavelos (que um amigo da Católica chama invejosamente "escola de surf") tem algum peso neste contexto.

[Fica por explicar, por agora, o proporcionalmente reduzido número de graduados portugueses que responderam pretender mudar-se para outro país, quando se sabe que na última década centenas de milhares de graduados portugueses saíram de facto para o estrangeiro.] 

(Continua)

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(*) Talent is scarce. Yet many countries spurn it

25/10/2024

Body language. O algodão não engana ou os gestos falam mais alto do que as palavras


Para o caso de já não se recordarem, a criatura curvada é o Sr. Eng. António Guterres, o picareta falante, actual secretário-geral da ONU, antigo líder do Partido Socialista, antigo primeiro-ministro e inventor da coligação do queijo limiano, fugido em 2001 do pântano que ele próprio ajudou a criar.

A criatura perante quem ele se curva é o ditador russo Vladimir Putin que, por ter invadido a Ucrânia e cometido diversos crimes, tem um mandato de prisão do Tribunal Penal Internacional, instituição criada pelo Tratado de Roma, aprovado em 1998 pelos membros da mesma organização de que o Sr. Eng. Guterres é o secretário-geral.

O contexto da curvatura do Sr. Eng. perante o Czar é o de uma reunião dos chamados BRICS, um grupo informal de países (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Etiópia, Irão, Egito e Emirados Árabes Unidos) na sua maioria com regimes ditatoriais.

24/10/2024

As I said, General Mark Miller was wrong. Mr. Trump is not a "fascist to the core", or even a fascist at all

Last week I posted that I strongly desagreed with General Mark Milley who considers Mr. Trump a «fascist to the core», because from my point of view Mr. Trump is not a fascist, much less fascist to the core, the core he doesn't have. To be a fascist to the core, he would have to believe deeply in something and be interested in something that goes beyond Mr. Trump himself.

It was a bold statement because I haven't been introduced to Mr. Trump yet. Fortunately, John Bolt, a former diplomat and former National Security Advisor to President Donald Trump, came to my rescue and  stated on CNN's The Source:

«I think it’s a mistake to get into a controversy over whether Trump meets the definition of fascist or not. I think his behavior alone is troubling enough. To be a fascist, you have to have a philosophy. Trump’s not capable of that. You know, Adolf Hitler wrote a profoundly troubling book called Mein Kampf – “My Struggle.” Donald Trump couldn’t even read his way all the way through that book, let alone write something like it.»

That's it. 

23/10/2024

Mitos (342) - O conservacionismo e as "espécies invasoras" (2)

Recapitulando, o conservacionismo, como qualquer das outras inúmeras quase-religiões que são os "ismos", alimenta-se de mitos. Muitos deles não resistem ao confronto com a realidade e a uma observação factual e objectiva, não obstante persistem por décadas ou séculos porque dão respostas à necessidade profunda que o homo sapiens tem de confirmar as suas crenças com "factos" cuidadosamente escolhidos com esse propósito. 

No post anterior referi o mito ecológico do dano inevitável que as espécies não nativas, geralmente designadas não por acaso como "espécies invasoras", causam às espécies nativas e ao ambiente. Neste post abordo algumas das consequências indesejáveis do isolamento (que, por exemplo, as ilhas proporcionam - um paraíso na terra para o nativismo militante) de que resulta um maior risco de doenças genéticas.

Um exemplo conhecido é o da Gran Canaria cujos habitantes têm uma incidência muito mais elevada do que a média de hipercolesterolemia familiar, de onde o fígado não processa eficazmente o colesterol, de onde resulta uma alta prevalência de diabetes (fonte: Familial hypercholesterolemia in Gran Canaria: Founder mutation effect and high frequency of diabetes).

Recentemente, um estudo do Jim Flett Wilson (JFW) do Instituto Usher da Universidade de Edimburgo (fonte: The Telegraph) examinou informações genéticas de mais de 44.000 pessoas em 20 regiões do Reino Unido e encontrou no País de Gales nove variantes genéticas causadoras de doenças com frequências muito mais altas do que a média. Outras variantes raras também foram mais frequentes em Lancashire, Staffordshire e Nottinghamshire. Em Shetland e Orkney algumas variantes causadoras de doenças eram mais de 100 vezes mais frequentes do que a média britânica. Embora os habitantes das ilhas sejam mais frequentemente suscetíveis a doenças raras pela falta de diversidade genética, foram encontradas situações semelhantes em áreas isoladas do continente.

Segundo JFW isso é consequência de um processo de "deriva genética aleatória" que leva a algumas variantes genéticas se tornarem mais comuns e outras se perderem. «Esse efeito é ampliado em pequenas populações com pouco ou nenhum movimento interno de novas pessoas para reabastecer o pool genético», concluiu JFW.

E pronto, não me parece abusivo inferir que uma comunidade fechada onde prevaleça o nativismo tenda a ter cada vez mais nativistas sofrendo de Transtorno do Desenvolvimento Intelectual.

22/10/2024

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (30)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

A cartola socialista está cheia de coelhos

Em 2018 o ministro da Economia de então Dr. Caldeira Cabral, a mosquinha morta agora pousada na ASF, criou o programa StartUp Visa de «acolhimento de empreendedores estrangeiros que pretendam desenvolver um projeto de empreendedorismo e/ou inovação em Portugal, com vista à concessão de visto de residência ou autorização de residência para imigrantes  empreendedores».

Seis anos depois, foram concedidos cerca de 1500 vistos, a esmagadora maioria deles a cidadãos de países conhecidos pelo seu empreendedorismo e/ou inovação, tais como a Federação Russa (430 vistos), Brasil (360), Irão (275), Paquistão (82), para só citar os quatro que representam 77% do total (fonte: Jornal Sol).

O elefante branco Alcochete “Jamais

As projecções de números de passageiros usadas pelo relatório técnico da CTI para justificar a escolha do novo mega aeroporto de 4 pistas em Alcochete estão muito acima das projecções da Eurocontrol e da IATA (fonte: José Furtado, especialista em Planeamento Estratégico de Infraestruturas de Transporte, Jornal Sol). De onde, se dermos a estas entidades um pouco mais de credibilidade do que a uma comissão técnico-política nomeada por um governo socialista, à lista dos elefantes brancos do Portugal dos Pequeninos vai ser acrescentado um mamute.

A definitiva, irrevogável e final decisão do Dr. Ventura sobre a votação do orçamento

Ninguém sabe. Nem ele próprio.

O Dr. Rocha disse pela primeira vez qualquer coisa útil sobre a aprovação do orçamento

«André Ventura tem sido, ao que parece, uma espécie de idiota útil de Luís Montenegro, porque vai a estas reuniões secretas, sai pela porta dos fundos, anda a implorar ir para o Governo ao mesmo tempo que diz que nunca estará no sistema. (…) Também tem sido um idiota inútil com Pedro Nuno Santos, útil para a esquerda, mas inútil do ponto de vista daqueles que queriam mudar o país». (DN)




«À justiça o que é da justiça»,

«Há 1.548 processos de valor acima de um milhão de euros parados nos tribunais administrativos e fiscais. Os casos, referentes à vida de tantas empresas em Portugal, somam mais de 12 mil milhões de euros.» (Negócios)

Está explicado o fracasso do Ferrovia 2020

Ponto de situação (Público):
  • 36.133 dias para além do que estava inicialmente previsto em todos os troços
  • 26.706.778 litros de combustível consumidos que poderiam ter sido evitados se as obras tivessem sido concluídas a tempo
Segundo o Dr. Cruz, presidente da IP, «a situação muito complicada de roubo de material» está a contribuir para atrasos nas obras.

Um Dr. Centeno sem tino

O Banco de Portugal está a procurar uma nova sede que poderá custar 240 milhões de euros para alojar os seus 1.800 funcionários que povoam um banco “central” que só trata da supervisão de bancos locais de meia-tigela que no total representam menos de 18 mil bancários, o que dá um apparatchik para cada dez bancários. Recorde-se que a CGD, o BCP, o Novo Banco, o BPI e o Santander Totta são supervisionados directamente pelo BCE que supervisiona grande parte da banca da UE com cerca de 4 mil funcionários..

Entretanto prossegue a campanha mediática de promoção do Dr. Centeno que produz títulos encomiásticos «Mercado alinha com Centeno e vê novo corte de juros em outubro».

Um Dr. Centeno com tino

Nas FAQ do Portal do Cliente Bancário do BdP a pergunta «O risco de incumprimento diminui com a garantia do Estado?» tem uma resposta que o (Im)pertinências subscreveria e já a deu:
«Não. Atendendo a que o devedor está a assumir um maior nível de endividamento face ao que resultaria se fosse verificado o limite máximo de 90% do rácio loan-to-value (LTV) previsto na Recomendação Macroprudencial, o risco de incumprimento do devedor aumenta.»
Fiscalidade pesada e complicada, o resultado de 50 anos de Estado sucial

mais liberdade