Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

18/05/2025

Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (103) - Dois generais portugueses reformados embrulhados em naftalina deliram nas TV sobre a invasão de Ucrânia

Há 3 anos os exércitos de Putin invadiram a Ucrânia alegadamente para expulsar os nazis, propósito até agora sem sucesso, seja porque os nazis ofereceram mais resistência do que o esperado, dizem uns, ou porque, não havendo nazis, os invasores tiverem que enfrentar patriotas ucranianos dispostos a lutar pela independência do seu país, dizem outros.

Seja como for, com excepção da clique putinesca, quase toda a gente interpreta os factos conhecidos e indiscutíveis, tais como uma guerra que era para terminar numa semana e decorridos mais de três anos os invasores só conseguiram controlar mais 1% do território ucraniano à custa de quase um milhão de baixas e de dezenas de milhar de equipamentos destruídos, como representando um desaire para a tropa putinesca. 

Toda a gente? Não exactamente. Num pequeno país nos cus de judas da Óropa, dois generais avençados continuam a exaltar nas televisões as vitórias onde quase todos os outros só vêem derrotas. Quem são então esses generais? Serão dois generais russos residentes no Portugal dos Pequeninos?

Com a ajuda do coronel Rodrigues do Carmo, o (Im)pertinências concluiu que esses generais que se prestam a estas encomendas são dois reformados do exército português, simpatizantes do partido que no passado via a Rússia de Lenine, Estaline, Kruschev, Brejnev, Andropov e Chernenko como o Sol da Humanidade (até que chegou o traidor Gorbachev), reformados encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo algures entre os anos 20 e os anos 40.

17/05/2025

Olhe que não Dr.ª Mortágua. Taxar os ricos não "alivia quem trabalha"...

«‘Tax the rich’ comes the familiar cry from the left – but what happens when the rich leave? As Michael Simmons observes in this week’s cover piece, Britain is becoming an increasingly inhospitable place for the wealthy and, unsurprisingly, many are voting with their feet. Since 2016, more than 30,000 millionaires have left the UK – an exodus unmatched in the developed world. It’s not easy to muster sympathy for the ultra-rich. But the uncomfortable truth is that Britain depends on them: the top 1 per cent of earners contribute nearly 30 per cent of all income tax. The Treasury thought it could squeeze the rich without consequence. It was wrong. Unless that mistake is acknowledged soon, it won’t just be the wealthy who pay the price; it will be all of us.»

Olhe que não Dr.ª Mortágua, não alivia, carrega. Se espremer demasiado os "ricos" eles emigram e serão os "pobres" a pagar mais impostos para manter o Estado sucial

16/05/2025

Pro memoria (442) - Os cortes no orçamento federal anunciados pelo Sr. Musk podem ser um bocadinho magalómanos

Antes de olharmos para os cortes anunciados pelo Sr. Musk, recordemos uma estimativa feita em Setembro do ano passado sobre os impactos orçamentais no período 2025-34 das políticas anunciadas pelos candidatos de onde resultava que o défice total estimado para uma administração Trump seria o dobro do de uma administração Harris.

Fonte

De volta ao Sr. Musk que perante o delírio dos magalómanos presentes no MAGA-comício no Madison Square Garden garantiu o ano passado que iria cortar um terço do orçamento federal anual de US$ 7 biliões, o equivalente a US$ 2,3 biliões (2.300.000.000.000). 

Seis meses depois a propaganda do DOGE (Departamento de Eficiência Governamental) anuncia ter feito cortes de US$ 170 mil milhões ou 7,3% do anunciado, dos quais a parte mais bem documentada são os US$ 31,8 mil milhões de 10.248 cancelamentos e alterações de contratos dos quais o Financial Times só conseguiu confirmar cerca de 2/3. Ainda assim, há provas de avaliações inflacionadas, por exemplo considerando como corte da despesa contratos já terminados, e muitos dos cortes anunciados são pontuais e não recorrentes nos próximos anos e outros ameaçam paralisar o aparelho federal.


Mais verificável é a opacidade do funcionamento do DOGE sobre o qual pouco se sabe. É também mais verificável a perda de biliões de dólares da fortuna pessoal do Sr. Musk pela desvalorização da Tesla e o cancelamento de contratos da Starlink.

[Leia What has Elon Musk’s Doge actually achieved? para ter mais detalhes dos excessos magalómanos]

15/05/2025

Caesar said that his wife ought not even to be under suspicion she ought to be above suspicion. The First Lady should say that her husband is not above suspicion and does appear to be under suspicion.

There’s No Such Thing as a Free Plane

«Donald Trump is in talks to accept a $400 million gift from a foreign government. The president has become impatient as he awaits replacements for Air Force One—initially due from Boeing in 2024, they’re now expected in 2027—and ABC News reported yesterday that the small Persian Gulf country of Qatar, an American ally, intends to give him a plane.

The most astonishing thing is that Trump is doing this out in the open. One secret to his impunity thus far has been that rather than try to hide his misdeeds—that’s what amateurs such as Nixon and Harding did—he calculates that if he makes no pretense, he can get away with them. This worked when he called on foreign countries to interfere in U.S. elections, when he declined to divest from his companies in his first term, and when he tried to subvert the 2020 presidential election. Now he is daring the courts, Congress, and Americans to either stop him or else declare graft legal—at least for him.

Underscoring the crookedness, the plane would ultimately belong not to the U.S. government but to Trump: Once he leaves office, it would reportedly “be transferred to the Trump Presidential Library Foundation no later than Jan. 1, 2029, and any costs relating to its transfer will be paid for by the U.S. Air Force,” per ABC. In short, a foreign government might give the president of the United States a $400 million personal gift. Not a bad haul at a time when Trump is asking American children to do with fewer dolls and pencils. (Federal law allows officials to accept personal gifts below a certain amount, currently set at $480. That’s 0.0001 percent the estimated value of the plane.)»

14/05/2025

SERVIÇO PÚBLICO: A "riqueza" que o resto do mundo roubou aos Estados Unidos


«Quando os Estados Unidos investiam noutros países, ou quando importavam bens e serviços de outros países, precisavam de dólares para os pagar. De onde vinham esses dólares? De umas impressoras no Banco Central dos Estados Unidos. Eram papel que o resto do mundo começou por aceitar porque era pagável em ouro e que continuou a aceitar a partir do momento em que deixou de o ser. Não são riqueza saída dos Estados Unidos. São dívida que, a partir de 1971, os Estados Unidos deixaram de pagar.

É a isto que Donald Trump chama riqueza americana detida pelos outros países através de um processo de roubo. Há bandeiras dos Estados Unidos sobre muitos milhares, para não dizer milhões, de terrenos, de minas, de fábricas, de imóveis, de empresas detidas por americanos em praticamente todo o mundo. Há centenas de milhões de cidadãos e milhões de empresas, dentro dos Estados Unidos, que, durante 80 anos seguidos, compraram os bens e os serviços produzidos em todo o mundo, que consumiram (sem os terem produzido). Estes ativos e estes bens e serviços foram “pagos” com dívida americana (dólares) que o mundo foi aceitando, só tendo sido realmente pagos nos casos em que estes dólares regressaram aos Estados Unidos, para compra de ativos e para compra de bens e serviços americanos por parte dos outros países.

Os dólares hoje detidos por todo o mundo, os que tendo saído dos Estados Unidos não regressaram (o défice acumulado da balança de capitais e da balança de bens e serviços dos Estados Unidos durante estes últimos 80 anos) são dívida externa dos Estados Unidos — não do Estado, ou do Governo, ou do Tesouro, mas da nação americana, através do seu sistema bancário, tendo no vértice o Banco Central (melhor, o conjunto de Bancos Centrais dos Estados Unidos que integram o chamado Sistema de Reserva Federal).

É isto que Donald Trump designa de riqueza roubada pelo resto do mundo: dívida externa dos Estados Unidos, a maior dívida do mundo, desde há muitos anos em aumento consecutivo, de que são credores os povos do mundo inteiro.

Há nesta “narrativa” de Donald Trump (para usarmos o termo consagrado por José Sócrates) um misto de ignorância, de atrevimento e de boçalidade. Não admira que esteja a levar o resto do mundo a tomar consciência da verdadeira natureza do dólar, apeando-o de um estatuto que deixou definitivamente de merecer.»

Excerto do artigo de Daniel Bessa no caderno de Economia do Expresso de 9 de Maio

13/05/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (60)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

À força de querer parecer outro, o Dr. Pedro Nuno já não sabe quem é (continuação)

Não se trata apenas de um facelift para transmitir uma imagem moderada. É uma cirurgia plástica profunda para mudar de cara com os maus resultados que costumam ter estas cirurgias. A criatura perdeu a autenticidade que já teve de um rapazito rebelde sem causas, fora do prazo de validade, que conduzia um Porsche e era proprietário de três casas, tudo pago pelo pai, e ameaçava pôr as pernas dos banqueiros alemães a tremer.

Ao perder essa autenticidade começou a afundar-se e em desespero agarrou-se às bóias da demagogia berrando que o seu concorrente Dr. Montenegro queria “privatizar” as pensões – ele, coitado, que foge das reformas como o diabo da cruz, assombrando os eleitores com as «nuvens cinzentas no horizonte» - nisso ele não está desprovido de razão - e tentando fazer esquecer o seu papel de devoto da geringonça substituindo-a por «todos e, nomeadamente, com o povo português».

A saga dos cacilheiros

A compra de cacilheiros eléctricos pela Transtejo em 2019 que ficaram acostados anos por falta de baterias é um case study de empresas públicas geridas por apparatchiks lunáticos, incompetentes e desonestos. Seis anos depois apenas dois dos seis cacilheiros estavam a navegar a título experimental por dificuldades de carregamento das baterias. Alguns meses depois ficou a saber-se que os barcos se destinavam à navegação em lagos, dos dez apenas três estão a ser usados e um quarto foi severamente danificado por ter chocado com o cais devido ao mau tempo - afinal destinava-se às águas mansas dos lagos.

12/05/2025

Crónica de um Governo de Passagem (52)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
O Dr. Montenegro parece muito bem preparado para ganhar as eleições. Para fazer as reformas necessárias não sabemos (quer dizer, sabemos que não as quer)

Desde o princípio de Maio as sondagens vêm dando uma vantagem de 4 pp à AD sobre o PS e as sondagens do ISCTE/ICS (recordo que o ISCTE já foi baptizado de madraça do PS o que neste caso dá uma credibilidade acrescida às sondagens) mostram uma vantagem de 5 pp com o IL com 5% de intenções de voto, o que não parece suficiente para uma coligação pós-eleitoral AD-IL ter a maioria mas apenas para arrumar CDS na prateleira, caso a coligação se concretize. O berloquismo da Dr. Mortágua com 2% está desaparecido em combate.

Quanto às reformas, estamos conversados. A maioria do eleitorado, incluindo os 3,5 milhões de pensionistas, não as deseja e o hipotético governo AD não as quer e desdobra-se em declarações anestésicas garantindo que tudo fique na mesma.

Os ministros das Finanças não fazem a economia crescer

Fonte
Nem as instituições nacionais e internacionais, nem talvez o próprio governo, acreditem na projecção de crescimento do PIB, num contexto de fortíssima volatilidade criada pelas “tarifas” de Trump que ninguém sabe quais serão, nem talvez o próprio. Para começar, com 0,5% o mês de Março teve um crescimento anémico das exportações que conjugado com o crescimento de 8,4% das importações aumentou em 682 milhões o défice nesse mês.

O tamanho do excedente não interessa porque é um défice disfarçado

Continua a discutir-se do tamanho do excedente orçamental que só existe porque a Segurança Social tem um excedente que ronda os 5 mil milhões. Milhões dependentes e aditivados com as contribuições dos emigrantes, milhões que se esfumarão, como já se esfumaram, quando desemprego aumentar, como acontecerá inevitavelmente logo que chegar a recessão que ameaça no horizonte.

Anúncio para insultar os eleitores

A duas semanas das eleições, o governo informa o povo ignaro que começará a notificar quatro mil e tal imigrantes em situação ilegal para abandonarem voluntariamente o país no prazo de 3 semanas.