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18/10/2006

CASE STUDY: a contabilidade pública é uma ciência oculta ou a retoma (re)vista pelo wishful thinking (2)

Em menos duma semana o editorial do director do Diário Económico aqui comentado transformou-se neste. «Se o próximo Orçamento de Estado for claro em relação a este ponto, basta somar os outros para dizer, com total segurança, que a retoma chegou, finalmente» escreveu a semana passada. «É um mau orçamento, e nem a compensação de ir mais longe do que os anteriores pode valer a Portugal», escreveu esta semana.

O que se passou pelo meio? Nada de especialmente difícil de prever: «o ministro das Finanças definiu ontem o Orçamento do Estado para 2007 com a palavra continuidade».

E poderia ser de outro modo? Não poderia. Passado um ano e meio de período de borla, onde estão as reformas que poderiam comprimir as despesas públicas correntes? São aquelas medidas irrelevantes do Simplex? Não são. O resultado só poderia ser o seu aumento em valor absoluto.

Que reformas se podem esperar dum simples exercício orçamental? Se perguntarem ao mais iletrado empresário ele responderá: mais do mesmo, se não der corda aos sapatos, alterar os processos produtivos, reduzir pessoal e/ou aumentar a produtividade, melhorar o aprovisionamento, aumentar as vendas, etc.

Como compreender que ministros, secretários de estado, directores gerais, assessores, sem esquecer os analistas exoticus, curvados sob o peso da ciência económica e das finanças públicas, prenhes de licenciaturas, pós-graduações, mestrados, doutoramentos, não percebam estas coisas elementares? Só há uma explicação: a contabilidade pública é uma ciência oculta (César das Neves).

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