Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

21/10/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (74)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

Dêem um lugar ao Dr. Centeno

Felizmente para o seu sucessor no BdP, o Dr. Centeno está a fazer o possível e o impossível para ser colocado num púlpito europeu, uma vice-presidência, seja a da EBA (Autoridade Bancária Europeia), seja a do BCE (Banco Central Europeu). O relações públicas do Dr. Centeno está há uma semana a soprar ao ouvido dos jornalistas amigo o desejo do Dr. Centeno de ir fazer companhia ao Dr. Costa na Óropa.

Nos primeiros dias, a coisa era disfarçada como uma iniciativa externa, nuns casos com uma grande ousadia de a atribuir à Drª. Lagarde que «aposta em Centeno para a presidência da Autoridade Bancária Europeia», assumindo que a presidente do BCE não leria jornais portugueses e, portanto, não se aperceberia do abuso de lhe colocar esta aposta no regaço. Noutros casos, como uma iniciativa colectiva «(Centeno entre os favoritos à presidência da Autoridade Bancária Europeia»). Em vão se procuraria na imprensa europeia quaisquer vestígios dessa suposta iniciativa.

Até que, na falta dos sinais exteriores, o Avante da Sonae chega mesmo ao ponto de desvendar a manobra e escreve «Jornal Eco lança Centeno na corrida», perde-se a vergonha e assume-se que criatura «está de olho no lugar de vice-presidente do BCE» e lamenta-se que tardem os apoios do governo português que «tem menos de um mês para apoiar (ou não) Centeno no BCE».

No lugar do actual governador do BdP – o “Álvaro”- faria uma campanha para desamparar a loja e despachar a criatura para Frankfurt.

«Empresa Financeiramente Apoiada Continuamente (pelo) Estado Central»

Desde Julho de 2020, quando o governo do Dr. Costa, depois de, pela mão do Dr. Caldeira Cabral, ter feito o favor de comprar a EFACEC à Dr.ª Isabel dos Santos, começou a tentar vendê-la, que o Dr. Siza Vieira, com grande falta de sizo, anunciava todos os meses que o mono estaria prestes a ser vendido, enquanto lá enfiava mais uns milhões e dava mais uma garantias. Até que no princípio deste ano o Tribunal de Contas confirmou que o desastre poderia ter um custo de 564 milhões de euros. Foi nesta altura que o parlamento acordou e pediu uma auditoria ao TdC que confirmou esse número e estimou que não seriam recuperáveis mais do que uns 400 milhões.

Sequelas da governação do Dr. Costa e do seu amigo do peito Dr. Cabrita

Ainda hoje se fazem notar as consequência da política de imigração irresponsável dos governos socialistas potenciada pelo caos administrativo da AIMA pela obra feita dos governos socialistas, descobrindo-se que afinal o número de imigrantes é superior a um milhão e meio e quadruplicou em 7 anos.

20/10/2025

Crónica da passagem de um governo (20)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos

O Conselho das Finanças Públicas (CFP) não partilha do optimismo do governo e prevê um crescimento do PIB em 2026 de 1,8% em vez de 2,3% e um défice de 0,6% em que o governo projecta um excedente de 0,1%. O FMI também não tem a fé do governo no crescimento e prevê 1,9% para 2025 e 2,1% para 2026, quando o governo prevê 2% e 2,3%, respectivamente. Eu apostaria nas previsões do CFP que não tem de ganhar eleições.

Vem a propósito acrescentar que os excedentes orçamentais se têm devido exclusivamente aos excedentes da Segurança Social (que na verdade não são excedentes, são apenas acréscimos das reservas para pagar as pensões no futuro) e estes excedentes em boa medida resultam das contribuições dos imigrantes. Sem a Segurança Social os défices do OE seriam sempre superiores a 2%.

E, por falar em Segurança Social, a CGA – o sistema de pensões da vaca marsupial pública –tem um buraco crescente que ano passado se pode estimar numa insuficiência de contribuições de 7 mil milhões de euros que tiveram de ser financiados pelo Estado.

Depois da engorda efectiva a dieta anunciada

Depois de ter atingido no 2.º trimestre 760,7 mil funcionários públicos, acrescentando mais 20 mil à abundante herança do Dr. Costa que em 8 anos aumentou em 85 mil, o governo prometeu no OE2026 congelar o número.

Boa Nova

O governo garante que o programa ‘Construir Portugal’ apresentado em maio de 2024 irá disponibilizar 145 mil casas até 2029.

Choque da realidade com a Boa Nova

Em matéria de investimento na habitação, que estava orçamentado em 1.299 milhões e apenas foram executados 868 milhões, por isso, ao governo AD também é aplicável do paradigma da auto-estrada mexicana. Foi mais um prego para o caixão da habitação, cujos preços estarão sobreavaliados em 35% segundo a CE (apud).

E eu a pensar que as reformas permitiriam reduzir a despesa pública…

O governo propõe-se gastar 1,6 mil milhões na reforma do Estado sucial até 2029, dos quais cerca de 80% até 2027. Quais serão os resultados desses milhões entornados em cima da gigantesca máquina burocrática ninguém sabe.

As reformas inadiáveis são as que visam aumentar o bem-estar dos funcionários

Por exemplo “repondo” (um verbo tipicamente socialista que significa voltar a conceder uma mordomia que o estado do Estado sucial não permitiria) três dias de férias que o programa de recuperação assinado pelo Eng. Sócrates para a troika emprestar dinheiro obrigou o governo PSD-CDS a suprimir.

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

A única certeza dos novos centros de elevado desempenho (CED) do SNS é que os obstetras e ginecologistas irão ganhar até mais 50% da remuneração-base. Quanto ao elevado desempenho, depois logo se vê.

Juízes em causa própria

Eu pensava que o papel do Tribunal de Contas seria fiscalizar a contabilidade pública, nomeadamente a realização da despesa pública e não o de ser mais uma instância hierárquica de decisão a somar às já existentes. Por isso, o plano do governo de limitar o papel do TdC à fiscalização parece-me ter sentido e, também por isso, a intenção soprada para os jornais do «Plenário do Tribunal de Contas aprovar na próxima quinta-feira um aviso sério ao Governo» por considerar que essa reforma seria um «retrocesso substancial nos mecanismos preventivos de combate à corrupção», parece relevar muito de luta pelo poder e pouco de combate à corrupção.

Além de outras infecções, a AIMA também sofre da maldição da tabuada

É certo que o governo socialista deixou um caos administrativo, ainda assim, é difícil perceber que a AIMA só em Abril conseguiu estimar em cerca de 1,6 milhões o número de imigrantes registados em Portugal no final de 2024 e seis meses depois concluiu afinal eram 1.543.697.

19/10/2025

PUBLIC SERVICE: Trump Is Making Socialism Great Again. Capitalism needs better advocates.

«In 2002, toward the end of her public career, Thatcher was asked to name her greatest achievement. “Tony Blair and New Labour,” she replied. “We forced our opponents to change their minds.”

Sanders might say the same about Trump and his Republican Party. Goodbye to Reagan-era enthusiasm for markets and trade: Trump vowed much more aggressive and intrusive government action to protect American businesses and workers from global competition. He also offered a bleak diagnosis of America’s condition, for which the only way forward was to return to the past.

At the same time, Trump’s persona vindicated every critique Sanders might advance about the decadence of late capitalism. Here was a putative billionaire whose business methods involved cheating customers and bilking suppliers. His private life was one scandal after another, and he spent his money on garish and gimcrack displays. He staffed his administration with plutocrats flagrantly disdainful of the travails of ordinary people, and with grifters who liked to live high on public expense. (...)

17/10/2025

Mudam-se os tempos mudam-se os expedientes. O Reductio ad Hitlerum dá lugar ao Reductio ad Sinistram e ao Reductio ad Activismum

O ideário da esquerda, que no pós-guerra tem dominado até recentemente o condicionamento da opinião pública das democracias ocidentais, recorreu sistematicamente ao expediente designado por Reductio ad Hitlerum para classificar como fascista qualquer ideia ou pessoa desalinhada com esse ideário.

Agora que esse ideário vem perdendo influência na opinião pública, e a um ritmo mais lento nos mídia, em benefício de um ideário de direita, começa a emergir nos meios da direita um expediente semelhante de classificar como esquerdismo qualquer dissidência em relação ao actual credo oficial da direita. 

Baptizo esse expediente de Reductio ad Sinistram ou Reductio ad Activismum. Para se entender melhor o que quero significar, dou alguns exemplos. Uma criatura que defende o direito dos judeus a terem o seu Estado e a garantirem a sua segurança - para simplificar, um amigo de Israel - que critique as políticas e os abusos do governo de Israel é automaticamente classificada como esquerdista e inimiga dos judeus. Outra criatura, crítica do ideário e das práticas designadas como "woke", que não aceite que as instituições democráticas sejam usadas para adoptar práticas da direita semelhantes a pretexto de as combater, arrisca-se a ser classificada como esquerdista e até "woke". 

O mesmo expediente é usado pelos devotos de um ideário (de direita ou de esquerda) para classificar uma criatura que tenha uma visão crítica das práticas do líder que corporiza esse ideário, por muito idiota, sem escrúpulos, desonesto ou incompetente que esse líder seja, atributos que de resto a esmagadora maioria dos devotos, cegos pela sua devoção, não reconhece.

Uma pequena maioria a quem resta alguma lucidez, reconhecendo que as fraquezas do líder, nem por isso deixam de usar o mesmo expediente em público, embora em privado possam reconhecer  que «he may be a son of a bitch, but he's our son of a bitch», adoptando assim o que aqui no (Im)pertinências baptizámos há muitos anos de Doutrina Somoza, inspirados no facto - facto provavelmente falso ou alternativo, no sentido de Mrs Conway -, do presidente Franklin D. Roosevelt ter dito isso mesmo em 1939 a propósito do apoio ao ditador Somoza.

16/10/2025

Dúvidas (361) - Desta vez será diferente? Poderá a IA vir a ser a bolha DotCom do século XXI? (2)

Continuação de (1)

Gita Gopinath, actualmente professora de economia de Harvard, foi entre 2019 e 2022 economista-chefe e de 2022 a 2025 vice-presidente do FMI, escreveu recentemente na Economist um texto onde defende que a bolha actual será diferente da DotCom - terá um impacto muito maior. Aqui vai um extracto: 

«O mercado de ações americano tem oscilado ultimamente em meio a um aumento nas tensões comerciais, mas permanece perto de seu recorde histórico. O aumento, alimentado pelo entusiasmo em torno da inteligência artificial, atraiu comparações com a exuberância do final dos anos 1990, que culminou no crash das DotCom de 2000. Embora a inovação tecnológica esteja inegavelmente remodelando as indústrias e aumentando a produtividade, há boas razões para nos preocuparmos com o facto de que o "rally" actual possa estar a preparar o terreno para outra dolorosa correção do mercado. As consequências de tal acidente, no entanto, podem ser muito mais graves e globais do que as sentidas há um quarto de século. (...)

Em suma, é improvável que um crash do mercado hoje resulte na breve e relativamente benigna desaceleração económica que se seguiu ao estouro da DotCom. Há muito mais riqueza em jogo agora - e muito menos espaço político para suavizar o golpe de uma correção. As vulnerabilidades estruturais e o contexto macroeconômico são mais perigosos. Devemos preparar-nos para consequências globais mais graves.»

Às almas que eventualmente sonhem que isto nada tem a ver com o que se passa no Portugal dos Pequeninos, recomenda-se que façam uma retrospectiva rápida às circunstâncias que se seguiram a algo que ainda teria menos a ver com o que se passava na Ditosa Pátria - a chamada crise do subprime de 2008. A quem já se tenha esfumado na memória e preferir rever a coisa numa perspectiva divertida, em alternativa a ler alguns das dezenas de posts deprimentes que na época publicámos, recomendo que visionem este vídeo da época.  

(Continua)

15/10/2025

Another Brick in the Wall and Shooting Themselves in the Foot (2)

[Continuation of Another Brick in the Wall and of Shooting Themselves in the Foot]

As I have written, the ability to attract foreign talent has long been a key success factor for American companies and universities. Therefore, asking companies to pay $100,000 per year for H-1B work visas can only harm the American economy.

I emphasize that the Trump administration's negative stance toward immigrants will extend to highly skilled immigration, potentially harming the essential research that drives innovation for American companies.

Source

While the EU's benefits can be attributed in part to its large population compared to other countries, it is important to note that the US ranks sixth in terms of Nobel Prizes awarded in these fields per million inhabitants, surpassed only by Switzerland, Sweden, Britain, Denmark, and Austria. These figures anticipate the consequences for the research of a negative stance toward high-skilled immigration.