Não sei se é sonho, se realidade,
Se uma mistura de sonho e vida,
Aquela terra de suavidade
Que na ilha extrema do sul se olvida.
Take Another Plan. A venda da TAP como exercício de pensamento mágico (cont.)
Há dois meses escrevi noutra crónica não saber se o governo do Dr. Montenegro já se tinha dado conta de que, com toda a probabilidade, nenhum grande operador internacional compraria a TAP sem garantias de que a poderá governar ou para manter o marsúpio com o ventre cheio de utentes. Passados dois meses e depois das declarações da IAG (BA + Iberia) que há dias fez saber que uma posição minoritária seria um “problema”, o governo tem menos desculpas.
Também já tinha escrito não saber se o governo do Dr. Montenegro já se tinha dado conta de que, com toda a probabilidade, nenhum grande operador internacional compraria a TAP com base numa avaliação próxima de 3,2 mil milhões de euros que o governo do Dr. Costa lá torrou com dinheiro extorquido aos contribuintes. Agora o governo deve ter menos desculpas porque com toda a probabilidade a avaliação feita pela E&Y e pelo banco Finantia não deve ultrapassar metade do valor torrado.
A Inteligência Artificial e o sexo à lareira como exercícios de pensamento mágico
Segundo os resultados do Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação pelas Famílias, 38,7% dos portugueses dos 16 aos 74 anos, 76,5% dos de 16 aos 24 anos e 81,5% dos estudantes declararam ter utilizado ferramentas de IA nos 3 meses anteriores à entrevista, percentagens superiores à média da UE ou mesmo muito superiores (no caso dos estudantes dez vezes mais).
[Sabe-se lá por quê, estes devaneios fizeram-me recordar um outro inquérito que há uns anos permitiu concluir que o local preferido da maioria dos portugueses para praticar sexo era junto à lareira.]
A Inteligência Artificial e a gigafábrica como exercício de pensamento mágico
Depois de ter declarado na “Exponoivos para start-ups” que Portugal «tem todas as condições para se tornar um líder mundial na IA», o Dr. Matias, ministro da Reforma do Estado, admitiu duplicar de 4 para 8 mil milhões o investimento previsto na gigafábrica de inteligência artificial (IA) de Sines. Tudo isto, claro, se a candidatura portuguesa vier a ser seleccionada e os contribuintes europeus abrirem os cordões à bolsa.
O hidrogénio verde como exercício de pensamento mágico
Em retrospectiva, há uns anos o Dr. Costa e o Dr. Galamba subsidiaram com uns milhões do PRR a Fusion Fuel, uma empresa que iria fabricar eletrolisadores para a produção de hidrogénio verde e o Dr. Costa fez uma das suas declarações bombásticas garantindo que a produção de hidrogénio verde iria ser a nova "reindustrialização". Três anos depois, a nova "reindustrialização" consistiu na falência da Fusion Fuel com dívidas de 24 milhões e 5,8 milhões de subsídios torrados. A coisa ressuscitou agora pela mão da Keme Energy, reduzida a uma proporção menos grandiosa de 10% da capacidade inicialmente prevista e, ainda assim, graças aos dinheiros dos contribuintes europeus através do PRR.
O governo constrói mais duas pontes. Depois do pensamento mágico, o realismo prosaico
