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12/08/2006

DIÁRIO DE BORDO: com alguns amigos que Israel tem, talvez não precise de tantos inimigos

Cá em casa não tem havido motivação para entrar no crescente histerismo maniqueísta com que tem sido tratado o reacender do conflito no Médio Oriente. Vou tocar o tema, por uma vez.

É indesmentível que Israel está rodeada de inimigos desejosos de erradicar da região o povo judeu. Está fora de causa que o estado de Israel tem direito à existência e a defender-se pelos meios necessários e razoavelmente adequados. As guerras nunca foram passeios de convivência e nunca o serão e, por isso, ninguém de boa fé pode negar que da acção militar podem sempre resultar baixas «colaterais», por maiores cuidados que as forças militares tenham para as evitar. No contexto da história deste conflito, é relativamente moderado o número de perdas civis infligidas pelas forças armadas israelitas, mesmo esquecendo que um certo número delas serão provavelmente de terroristas do Hezbolah que se servem das populações como escudo, e mesmo sem descontar a hábil montagem do braço mediático do fundamentalismo islâmico sabujamente servido pelo jornalismo de causas.

É, aliás, insuportável ouvir o choro hipócrita pelas «vítimas inocentes» das pudicas virgens que apoiam Castro, têm dúvidas sobre se a Coreia do Norte é uma democracia, e silenciaram e silenciam os milhões de vítimas das várias modalidades do colectivismo.

Então o que está errado? Está errado Israel, 24 anos depois de ter entrado no vespeiro do Líbano à caça da Fatah, voltar a fazê-lo por um inimigo mais fanático, muito melhor organizado e armado. É uma guerra que não pode ganhar. Teria que incendiar o palheiro para encontrar a agulha do partido de deus e com isso destruir por 1 ou 2 gerações o que resta do estado libanês, que chegou a ser um dia a Suíça do médio oriente, alimentando o fanatismo islâmico, alienando o povo islâmico que não participa das encenações montadas com a cumplicidade da imprensa ocidental e alienando mais alguns dos seus últimos amigos e, finalmente, ficando numa situação pior do que o ponto de partida.

É uma estratégia errada. Sharon, que várias vezes foi provocado com incursões do Hezbolah sem reagir, não a teria adoptado e essa estratégia mostra mais fraqueza do que força. O que fazer? Não tenho nenhuma receita.

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