Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

31/07/2007

SERVIÇO PÚBLICO: tudo o que não é permitido é proibido

Pouco a pouco, o estado napoleónico-estalinista, superiormente dirigido pela vanguarda do partido Socialista, modifica o velho princípio do estado de direito «tudo o que não é proibido é permitido» no seu inverso. Veja-se o último e trivial acto da recém-criada Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), reencarnação da velhinha Direcção-Geral de Viação, eventualmente guarnecida com ex-militantes das juves reciclados na universidade Independente.

Segundo um esclarecimento da ANSR, conduzir de chinelos não é proibido ou, para usar o dialecto juridiquês da criatura, não é uma «conduta susceptível de consubstanciar a prática de uma contra-ordenação rodoviária».

Ainda bem que me esclarecem. Aguardo que decidam se posso conduzir com botas de montar.

CASE STUDY: série reis de África (12)

Sua Majestade NYIMI KOK MABIINTSH III, King of Kuba, D.R. Congo
(Créditos Gulf Air Co, via FM, no Barhein)

30/07/2007

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: eu diria mesmo mais, e porque não mais uma bastonada?

Secção Rilhafoles

«Advogados em todas as 248 esquadras da PSP e 400 postos da GNR, 24 horas por dia, como meio de assegurar o respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.
A ideia é defendida pelo candidato ao cargo de bastonário da Ordem dos Advogados (OA), Magalhães e Silva, tem vindo a merecer o apoio geral da advocacia, dos dois outros candidatos ao cargo, António Marinho Pinto e Luís Menezes Leitão, e do actual bastonário
.» (DN)

Segundo as contas que alguém já fez, a coisa daria emprego para mais de 2.000 índios em três turnos. Eu diria mesmo mais, acrescentando mais uma bastonada às dos bastonários presentes passados e futuros, e porque não um jornalista, um médico (não vá a coisa ficar preta) e um psicólogo (por causa do stress pós-traumático) em cada esquadra?

É por estas, e por outras que agora não são para aqui chamadas, que eu acho que a nação está irremediavelmente fodida. Se estas criaturas fazem propostas destes jaez, o que se pode esperar da massa informe dos sujeitos passivos? Que paguem e não refilem. Claro.

Três bourbons e quatro chateaubriands para o bastonário em exercício e os candidatos.

29/07/2007

ESTADO DE SÍTIO: o bombeiro incendiário

Ao mesmo tempo que, com uma mão, o estado napoleónico-estalinista espolia os sujeitos passivos para financiar abortos, com a outra mão o mesmo estado espolia os mesmos sujeitos passivos para financiar putativos incentivos à natalidade.

Incentivos putativos, apenas isso. Se o governo e a esquerdalhada imaginam que oferecer um aborto que custa em média 800 € aos contribuintes não é um incentivo para banalizar o aborto, como podem os mesmos imaginar que um subsídio que não atinge 800 € pode ser um incentivo à natalidade?

28/07/2007

ESTADO DE SÍTIO: capacidade instalada

Num ofício escrito em socialês dirigido ao governo regional da Madeira, o ministério da Saúde do contenente garantiu que não haveriam de faltar abortos às madeirenses, porque a maternidade (?) Alfredo da Costa «tem capacidade instalada para assegurar a aplicação da lei».

CASE STUDY: chuva na eira e sol no nabal

Não sendo o Brasil um país contaminado por ideias politicamente liberais nem a economia brasileira particularmente desregulada, pelo contrário, a mão visível e pesada do estado está por todo o lado, como explicar a tão profunda desigualdade: 130.000 milinários brasileiros detêm o equivalente a metade do PIB do Brasil?

Sendo a desigualdade uma consequência natural da concorrência e um incentivo à diligência e à procura da ascensão social, a desigualdade extrema, como a do Brasil, ao arruinar sem remédio a expectativa da melhoria social, anula esse incentivo e abre o caminho à criminalidade - a apropriação por meios não contratuais.

23/07/2007

CASE STUDY: «make-work», not wealth

Ainda a propósito do mito da criação de riqueza à custa da criação de emprego, leia-se esta deliciosa anedota:
The make-work bias is best illustrated by a story, perhaps apocryphal, of an economist who visits China under Mao Zedong. He sees hundreds of workers building a dam with shovels. He asks: “Why don't they use a mechanical digger?” “That would put people out of work,” replies the foreman. “Oh,” says the economist, “I thought you were making a dam. If it's jobs you want, take away their shovels and give them spoons.” For an individual, the make-work bias makes some sense. He prospers if he has a job, and may lose his health insurance if he is laid off. For the nation as a whole, however, what matters is not whether people have jobs, but how they do them. The more people produce, the greater the general prosperity. It helps, therefore, if people shift from less productive occupations to more productive ones. Economists, recalling that before the industrial revolution 95% of Americans were farmers, worry far less about downsizing than ordinary people do. Politicians, however, follow the lead of ordinary people. Hence, to take a more frivolous example, Oregon's ban on self-service petrol stations.

22/07/2007

CASE STUDY: série reis de África (11)

Sua Majestade IGWE KENNETH NNAJI ONYEMAEKE ORIZU III, Obi of Nnewi, Nigeria
(Créditos Gulf Air Co, via FM, no Barhein)

21/07/2007

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: eu diria mesmo mais, não precisam de esperar pela próxima

Secção Universos paralelos

«As empresas não podem ficar à espera da próxima crise para procurarem soluções», disse o professor Cavaco Silva no 3.º encontro da COTEC. Tem toda a razão. As empresas não precisam de esperar pela próxima crise, têm todo o tempo para procurarem soluções ainda nesta.

Três chateaubriands para o professor Cavaco pela distracção.

TRIVIALIDADES: geometria fractal - Fabric of souls

ESTÓRIA E MORAL: aconchegando o défice

Estória

Durante a discussão do orçamento de 2005, o governador do BdeP doutor Vítor Constâncio não teve a menor dúvida em chumbar (e bem) o expediente de accounting cooking do ministro das Finanças doutor Bagão Félix que pretendia retirar as Estradas de Portugal do OE para suavizar o défice.

Bastaram pouco mais de 2 anos para o inconstante ministro anexo (petit nom inventado pelo agitador-evangélico doutor Louçã) ficar mortificado pela dúvida, pelo «caso difícil» segundo ele, resultante do mesmo expediente, ainda que mais sofisticado. Desta vez o governo inventou uma «Contribuição de Serviço Rodoviário» (um novo imposto) para financiar as Estradas de Portugal criando a ficção de que esta criatura será transformada, por um passe de mágica, numa empresa que presta e vende serviços garantindo por esta via receitas (o imposto) que cobrem mais de 50% das receitas totais (todas elas financiadas de facto pelo OE).

Na passada 5.ª Feira o PS garantiu a aprovação do passe de mágica criando um novo imposto de «6,4 cêntimos por cada litro de gasolina e de 8,6 cêntimos por cada litro de gasóleo (e promete) reduzir no Imposto sobre Produtos Petrolíferos».

Moral

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.

19/07/2007

ESTADO DE SÍTIO: a montanha pariu um rato

O resultado prático do tão celebrado PRACE resume-se a 639 funcionários nas listas da mobilidade e uma redução da despesa este ano de meio milhão de euros, ou seja menos de 0,1% de utentes da vaca marsupial pública e menos de 0,001% da despesa pública.

O único deliverable de peso do PRACE foram as múltiplas ejaculações legislativas de resmas de decretos e portarias que atascaram o Diário da República nos últimos meses.

O que se aproveita de mais de dois anos de governação do engenheiro Sócrates? A redução do défice do orçamento à custa do aumento dos impostos (ver o post «O milagre da contenção das despesas») e a montagem duma central de manipulação que faria inveja ao doutor Paul Joseph Goebbels.

18/07/2007

CASE STUDY: série reis de África (10)

Sua Majestade ISIENWENRO JAMES IYOHA INNEH, Ekegbian of Bénin, Nigeria
(Créditos Gulf Air Co, via FM, no Barhein)


17/07/2007

CASE STUDY: a direita está a ficar cada vez mais à esquerda

Em dois interessantes posts (*) o blasfemo João Miranda explica a falência da direita, evidente uma vez mais nas eleições alfacinhas, pela demografia (o eleitorado de direita está a morrer), a educação da escola socialista, a dependência do estado napoleónico-estalinista e a asfixia da sociedade civil, a morte das ideias de direita (eu diria mesmo mais, a morte das ideias).

Parece-me bem, mas. Duvido que, para além duma correlação meramente circunstancial, se possa estabelecer uma relação de causa-efeito entre a falência da direita e o pletórica flatulência do estado ou vice-versa. Pelo menos não me parece no caso português, com uma direita culturalmente tão colectivista e amante do estado como a esquerda.

Talvez a falência da direita portuguesa resulte precisamente da sua semelhança com a esquerda portuguesa, da sua contaminação pelo colectivismo. Porque diabo haveriam os eleitores de preferir uma direita para manter o estado-providência quando a esquerda o faz com muito mais naturalidade e, uma vez ou outra, com mais competência?

E haverá esperança para o liberalismo em Portugal? Já havia razões para duvidar mas, já que João Miranda menciona os efeitos perversos da escola socialista, sempre vos digo que há boas razões para reforçar a dúvida. Se os novos paradigmas da biologia molecular se confirmarem e se o ARN tiver o efeito que se supõe possa ter na alteração do ADN, o falecido lamarckismo ressuscitará da tumba para onde Darwin o enviou. A nossa escola socialista seria então não apenas uma ferramenta de moldagem do crânio das criaturas que por lá passam, mas um veículo de modificação genética das gerações vindouras. Um veículo sujeito às leis da lotaria genética mas, em todo o caso, um veículo.

(*) O que está a acontecer à direita? e O que está a acontecer à direita? (II)

DIÁRIO DE BORDO: assino por baixo

«Hoje em dia é difícil arranjar uma boa mulher - asseada, ilustrada, neurótica, sexualmente competente, boa mãe - mas é fácil arranjar uma mulher boa : deprimida, técnico-sexualmente avançada, vadia e sem pachorra para conversas de biberons
(inspirado aforismo do marinheiro FNV do Mar Salgado)

16/07/2007

CASE STUDY: série reis de África (9)

Sua Majestade EL HADJ SEIDOU NJIMOLUH NJOYA, Sultan of Fumban and Mfon of the Bamun, Cameroun
(Créditos Gulf Air Co, via FM, no Barhein)

14/07/2007

DIÁRIO DE BORDO: efeméride - lecátorzejuiê

A fundação do estado napoleónico-estalinista avant la lettre não começou bem e acabou mal.

ESTADO DE SÍTIO: o socialismo das bolas de berlim

Segundo o Sol, «a Autoridade de Segurança Alimentar (ASAE) vai estar de olho, durante todo o verão, nas bolas de Berlim, que se vendem nas praias de todo o país (e que) têm de ser transportadas em malas térmicas e os vendedores têm que usar luvas e pinças para as manusear. O licenciamento ... é obrigatório (e) o vendedor tem de possuir, por exemplo, formação em higiene alimentar».

Pensava que já tinha visto tudo em matéria de obsessão regulamentária do estado napoleónico-estalinista. Estava enganado. Este é um caminho que só se sabe onde e quando começa, nunca se sabe onde e quando acaba. Ainda vamos ter licenciaturas de Bolonha em higiene de bolas de Berlim.

[Just in case, ver aqui uma receita que pode ser feita clandestinamente em casa]