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17/01/2007

DIÁRIO DE BORDO: Deux ou trois choses que je sais d'elle

Como é que vê hoje o PCP?
É um dinossauro. Resume-se a defender os trabalhadores da administração pública, sem dar resposta ao que os jovens hoje procuram no mercado de trabalho. Tudo completamente antigo.

E o BE?
O BE é um partido de Peter Pans, que erguem bandeiras de há 20 anos.

O direito dos homossexuais ao casamento não é uma bandeira de há 20 anos?
É absolutamente tonto transformar isso numa bandeira política. Significa que as outras bandeiras caíram. Nos anos 60 lutámos tanto pelas uniões de facto e agora querem o casamento? Nessa altura é que os homossexuais eram discriminados o Ary dos Santos, por exemplo, foi impedido de militar no PCP só por ser homossexual.

E a adopção por homossexuais?
Sou completamente contra. As crianças não são um brinquedo.

Uma bandeira que largou foi a da liberalização do aborto.
Não tenho problema em assumir que em muitas coisas mudei, mas no que toca ao aborto a lei que defendi em 84 contempla os principais casos graves e não é preciso mais do que isso. Transformar o aborto num método de contracepção é um absoluto disparate.

Acha bem as mulheres irem parar ao tribunal por fazerem um aborto?
Não, e se o «não» ganhar eu apresento uma lei para acabar com isso.

E faz sentido haver um crime sem castigo?
Ponho-lhe a questão ao contrário: faz sentido transformar o aborto num método de contracepção? Hoje, numa ecografia às 10 semanas, ouve-se o coração do bebé e leva-se para casa o DVD. Os métodos contraceptivos e o planeamento familiar avançaram imenso, e qualquer adolescente tem ao seu dispor a pílula do dia seguinte, que é barata e vende-se sem prescriçâo médica.

Mas a vida sexual começa muito mais cedo, há uma enorme liberalização de costumes e é muito mais fácil engravidar.
Liberdade não é facilidade, é responsabilidade. E da mesma forma que quando um filho nosso começa a andar não o prendemos com uma corda, ensinamo-lo que se descer as escadas cai, quando tem 14 ou 15 anos temos de Ihe ensinar o resto. E preciso que os adolescentes sejam responsabilizados e hoje em dia os adolescentes sabem tudo, não me venham dizer que não.

Educação sexual nas escolas ajuda ou desajuda?
Eu substituía-a pela educação dos afectos e por Poesia.

(Excerto da entrevista de Zita Seabra à Única do Expresso da semana passada)

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