Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

28/04/2025

Crónica de um Governo de Passagem (50)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Nas eleições a fingir o Dr. Montenegro continua a flutuar

A média das sondagens do Observador (ver diagrama abaixo) e também as últimas sondagens da Consulmark2 para o jornal Sol dão uma vantagem à AD. No caso destas últimas a vantagem é de 7 pp (34,1% contra 27,1%), há uma recuperação da IL para 8,3% e o Chega atrasa-se para 15,2%).

Curiosamente, apesar de quase 2/3 dos inquiridos pelo ICS/ISCTE para o Expresso considerarem mau ou muito mau o desempenho do governo, nas preferências para primeiro-ministro o Dr. Montenegro bate o Dr. Pedro Nuno (43,9% contra 25,1%), e ainda mais curiosamente as preferências pelo Dr. Ventura são menos dos que as intenções de voto no Chega (12,5% contra 15,2%.

Mais de 2/3 (66,8%) dos inquiridos pelo Consulmark2 declararam-se contra uma aliança AD-Chega o que mostra que a aposta do Dr. Montenegro no “não é não” foi acertada, o que é confirmado pela sondagem ICS/ISCTE que mostra que preferências por e contra essa aliança serem 12% contra 82%, respectivamente.

Observador

As “tarifas” do Dr. Trump podem transformar as vacas gordas voadoras do Dr. Costa nas vacas magras do Dr. Montenegro…

O FMI reviu em baixa as previsões de crescimento para 2025 (2%) e 2026 (1,7%), claramente abaixo das previsões do programa eleitoral da AD (2,4% e 2,6%). Segundo as contas do Expresso da comparação das previsões do FMI entre Outubro de 2024 e Abril 2025 resulta que a perda acumulada do PIB entre 2025 e 2029 pode atingir para Portugal 5,7%, ou seja uma perda anual superior a 1%.

… estragar as “contas certas” e…

A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) admite a derrapagem das contas com os aumentos salariais da Função Pública, a aceleração da execução do PRR e as “tarifas” do Dr. Trump, que podem transformar o excedente orçamental previsto em défice.

… acelerar de novo o crescimento da dívida

Segundo o BdP, o endividamento total do Estado, das empresas e das famílias aumentou em Fevereiro 2,3% para 820,5 mil milhões, sobretudo devido às famílias que com o crédito à habitação aumentaram o seu endividamento em 800 milhões.

Choque da realidade com as políticas de habitação do Dr. Costa continua pela mão do Dr. Montenegro

Com a aprovação do programa Mais Habitação as rendas continuaram a aumentar e com as medidas do Dr. Montenegro da facilitação do crédito à habitação aumentaram ainda mais depressa. No último trimestre do ano passado o preço mediano dos apartamentos vendidos aumentou 2,8% relativamente ao trimestre anterior e 15,5% por comparação com o mesmo trimestre de 2023.

27/04/2025

ARTIGO DEFUNTO: As receitas do marxismo tele-evangélico promovidas pelo jornalismo de causas

«265 fundos imobiliários obtiveram 1700 milhões de euros de lucro, contribuíram para o aumento do preço das rendas, mas não pagaram um cêntimo de impostos! Taxação justa e tectos máximos nas rendas é uma questão de elementar sensatez.»

Disse num vídeo, com aquele seu ar sisudo e acusador, o Prof. Francisco Anacleto Louçã, fundador da Liga Comunista Internacionalista (LCI) representante em Portugal da IV Internacional, uma dissidência de inspiração trotskista da Internacional Comunista, fundador do Bloco de Esquerda, uma fusão de trotskistas com os maoístas e outros grupelhos, ex-membro do Conselho Consultivo do Banco de Portugal nomeado pelo Ronaldo das Finanças e ex-membro do Conselho de Estado.

Talvez receando que o vídeo publicado no X fosse submergido pelo ruído ambiental da rede social do tecnogarca Elon Musk, o jornal Público apressou a promovê-lo submetendo-o ao seu fact checking, submissão completamente inútil porque o Prof. Louçã não é tolo e na primeira parte da sua sentença misturou um facto verdadeiro («265 fundos imobiliários obtiveram 1700 milhões de euros de lucro, (...) mas não pagaram um cêntimo de impostos) com outro infundado («contribuíram para o aumento do preço das rendas», e o resto não são factos são opiniões que obviamente reflectem o pensamento do camarada Anacleto, isto é receitas do marxismo tele-evangélico.

Na verdade, os fundos imobiliários não contribuíram para o aumento do preço das rendas porque, em primeiro lugar, representam apenas uma fracção diminuta dos arrendamentos sem influência significativa nas rendas e, de resto, foram estas rendas, supostamente elevadas, que contribuíram para os 1700 milhões de euros de lucro e não o contrário.

Quanto às opiniões do camarada Anacleto, a taxação justa apenas contribuiria para aumentar as rendas e, por outro lado, os detentores de unidades de participação dos fundos estão já sujeitos a IRS ou IRC pelas mais-valias resultantes da transmissão ou resgate das unidades de participação. Os tectos máximos nas rendas é uma medida que em todo o lado em que foi adoptada diminuiu a oferta de arrendamento, primeiro, e aumentou as rendas, depois.

26/04/2025

Trump não está a desinfectar as universidades da influência ideológica "woke", está a infectá-las com a ideologia MAGA

Primeiro, a administração Trump congelou USD 250 milhões do financiamento de projectos de investigação biomédica à Universidade de Columbia e anunciou que cortaria todos os outros financiamentos. Dias mais tarde, os US National Institutes of Health (NIH) informaram a universidade que deixariam de pagar os salários dos investigadores em todos os projectos em curso. (fonte Science)

A seguir foi a vez das universidades Harvard, Brown, Northwestern Cornell e da Faculdade de Medicina Weill-Cornell a quem os NIH congelaram todos os financiamentos e o ministério da Saúde, do qual dependem os NIH, instruiu-os para não fornecerem nenhuma informação sobre o congelamento e os motivos. (fonte Science)

Essas universidades fazem parte de uma lista de 60, muitas delas privadas, que a administração Trump considera não terem reprimido o discurso "anti-semita" e terem adoptado os programas DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão). Não será necessário lembrar que da maioria dessas universidades sai o essencial da investigação em diversos domínios científicos o que, só por si, tem garantido a superioridade da ciência e da tecnologia americanas.

A universidade de Harvard instruiu os seus advogados (dois advogados republicanos de topo) para responderem acusando o governo de violar as garantias constitucionais das liberdades relativas à religião, expressão, reunião e direito de petição.  

«It is unfortunate, then, that your letter disregards Harvard’s efforts and instead presents demands that, in contravention of the First Amendment, invade university freedoms long recognized by the Supreme Court. The government’s terms also circumvent Harvard’s statutory rights by requiring unsupported and disruptive remedies for alleged harms that the government has not proven through mandatory processes established by Congress and required by law. No less objectionable is the condition, first made explicit in the letter of March 31, 2025, that Harvard accede to these terms or risk the loss of billions of dollars in federal funding critical to vital research and innovation that has saved and improved lives and allowed Harvard to play a central role in making our country’s scientific, medical, and other research communities the standard-bearers for the world.»

Dias depois Harvard processou o governo em tribunal pelo corte de USD 2 mil milhões. 

É claro que depois de uma década de "wokismo" em que todos dias a First Amendment foi desrespeitada pelo áctivismo com a complacência da direcção de Harvard esta não tem moral para apontar o dedo ao Trumpismo. Quem tem o direito de censurar ambos é quem defende o direito de livre expressão.

25/04/2025

Mitos (349) - O Estado Novo foi um paraíso perdido com o golpe militar de 25 de Abril que nos trouxe o inferno

O ano passado nesta data tratei do mito do 25 de Abril partilhado pela esquerdalhada. Este ano trato também da outra face do mito partilhada pelos viúvos do Estado Novo.

Tivemos os 48 anos de Estado Novo que, sendo uma ditadura sonsa e beata, não deixou de ser uma ditadura encalhada no tempo, tentando endoutrinar as crianças e os jovens com a Mocidade Portuguesa e organizar os adultos com a Legião Portuguesa, com uma polícia política que vigiava e punia uma oposição fraca quase resumida ao Partido Comunista e garantia que do simulacro de eleições saísse sempre o mesmo resultado. Um Estado Novo que nos manteve numa miséria pacata, onde para usar um isqueiro era preciso ter uma licença (as fábricas de fósforos eram propriedade de eminências do regime) e só nos anos 60 com a adesão à EFTA (European Free Trade Association) se iniciou um período de crescimento interrompido pelo golpe militar. Uma ditadura que tentou, contra as tendências da história, manter um império colonial que nunca chegou a ser império e consumiu as energias de uma geração numa guerra impossível de ser vencida.

Uma ditadura que não sobreviveu quase cinco décadas sem a adesão das elites, dos situacionistas e dos oportunistas (alguns deles viraram a casa) e com a passividade, mansidão e conformidade de um povo traumatizado pela incompetência, violência e instabilidade da 1.ª República. Uma ditadura que se desfez como um castelo de cartas com um simples golpe militar, cuja génese deve mais ao sindicalismo militar e menos à ideologia e aos grandes princípios, golpe militar cavalgado pela única força política organizada.

Com o mesmo povo, gradualmente menos passivo e menos conformado, chegámos ao PREC de onde quase saiu uma ditadura pior do que a do Estado Novo, tivemos a reforma agrária e as nacionalizações que expropriaram o "capitalismo monopolista", desmantelou-se o sector financeiro, hoje quase totalmente controlado por capital estrangeiro, a indústria foi reduzida a microempresas e PME e a uma ou outra sobra das grandes empresas industriais. Foi construído um Estado sucial pletórico, que faliu três vezes nos últimos 50 anos, controlado pelos novos situacionistas e povoado  por um número de funcionários (750 mil) que é o dobro da soma dos "servidores do Estado" (200 mil) com os mobilizados para a guerra colonial (170 mil). As Forças Armadas foram reduzidas a uma tropa pelintra, desmoralizada, mal equipada e incapaz de defender o país. O ensino público foi gradualmente infectado por ideologias neo-marxistas a um grau que rivaliza com a endoutrinação no ensino do Estado Novo mas fica longe do seu grau de exigência técnica. A qualidade do pessoal político degradou-se e a maioria dos ministros do regime actual não teriam por incompetência técnica lugar num governo do Dr. Salazar ou do Dr. Marcelo. O resultado é um país ultrapassado pelos países saídos das ruínas do império soviético, com uma economia pouco competitiva de baixa produtividade, endividado e dependente dos dinheiros europeus.

No final ficámos com o arbítrio mais livre e, em consequência, com menos desculpas, o que só por si é positivo.

24/04/2025

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (74) - Somos dos que mais merecem o interesse do Império Russo

Outros portugueses no topo do mundo.

Não há muitos rankings em que o nosso Portugal dos Pequeninos esteja quase no nono decil, posição que os mídia patrióticos não poderiam deixar de saudar, como o faz o semanário de reverência numa peça com o título «Interesse da Rússia “não é novo”: Portugal é o 12.º país (numa lista de 87) com maior volume de desinformação russa» onde nos dá conta de «um estudo realizado na Bulgária (que) coloca Portugal como uma das nações do mundo onde um grupo de desinformação russo mais opera. Os investigadores veem o país como um terreno de testes “interessante para as táticas de desinformação russas serem experimentadas e testadas”».

The Pravda Ecosystem: Publications Analysis Dashboard, Dec 2024-Mar 2025

Note-se que o 12.º lugar de Portugal é o segundo, a seguir à Dinamarca, dos países que não integraram (ainda) o Bloco Soviético.

Este interesse do agitprop do Império Russo, de resto já visível no comentário político na TV portuguesa sobre a invasão da Ucrânia por alguns militares portugueses, comentário classificável como um teste para as tácticas russas, é previsível, além de honroso, pelo menos desde que o apresentador Vladimir Solovyov do canal estatal "Russia-1" considerou que «os portugueses viveriam bem como parte do império russo» e sugeriu a anexação de Portugal após a «desnazificação da Alemanha».

23/04/2025

You can't fool all of the people all the time




«Mr Trump’s declining marks are no mystery. He was elected largely on kitchen-table issues and inherited a strong economy dogged by inflation worries. Presidents have few levers to improve the economy in the short term. Yet since his inauguration, Mr Trump has appeared intent on finding the levers that might engineer the most disruption as quickly as possible. The administration’s initial evisceration of the federal workforce, and cuts to aid programmes that benefit farmers, directly affected some of his voters.

Then came the tariff rollercoaster. In the span of two weeks, Mr Trump unveiled a staggering salvo of tariffs on nearly all of America’s trading partners; backtracked on levies over 10% (except on China); carved out an exemption for Chinese-made electronics and seems content to negotiate and improvise day by day. On April 8th the S&P 500 closed 19% lower than its peak in February, before recovering. It is hardly surprising that some of Mr Trump’s supporters have lost confidence. (...)

Mr Trump’s base remains enthusiastic about him. More than 92% of the Republican partisans who voted for him in November still view him favourably. But his re-election was secured by swing voters and infrequent voters, many of whom were disillusioned with the economy under Joe Biden. (...)

Already there are signs of this. The Economist’s analysis of YouGov data shows how these swings are playing out. Among Hispanic respondents, Mr Trump’s net approval is minus-37 percentage points, while among those younger than 30 years of age it is minus-25. Projecting these trends suggests how the very places that delivered Mr Trump his victory are now swinging against him (see chart). Our data suggest Mr Trump has a net negative approval rating in all six swing states he flipped away from Joe Biden in November’s presidential election (Arizona, Nevada, Georgia, Pennsylvania, Michigan and Wisconsin).»

Donald Trump’s approval rating is dropping

However, don't think that Democrats are taking advantage of disenchantment with MAGA. This is bad news for a democracy like the US, which was already considered a flawed democracy.

«Confidence in Democratic congressional leadership is at an all-time low of 25%, according to a Gallup poll conducted from April 1-14.

This figure marks a nine-point decline from the previous low of 34% recorded in 2023, according to Gallup.

Republicans hold a higher confidence rating of 39%, which is above their previous low of 24% reached in 2014, according to Gallup's findings.

The drop in confidence among Democrats is attributed to their struggles in countering President Trump's agenda and facing backlash from their party's base, according to Gallup.»

Confidence in Democratic leadership plunges to all-time low: poll.

22/04/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (57)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

O Eng. Sócrates vivia com o dinheiro da mãe. O Dr. Pedro Nuno com o do pai

Não precisam de dizer. A piada do título, que me apropriei de uma mensagem WhatsApp que recebi, é demagógica, mas adoptei-a por também ser factual, ainda que incompleta porque, a partir do momento em que desempenhou funções políticas o Dr. Pedro Nuno passou a viver também à custa do orçamento. O que pretendo chamar a atenção é que o Dr. Pedro Nuno não tem sido censurado por essa dependência pelo comentariado residente e pelo jornalismo de causas, enquanto o Dr. Montenegro, que tem feito pela vida à sua custa, com atalhos garantem os seus detractores, tem tido os seus negócios e o seu património escarafunchados e as páginas dos jornais e os ecrãs das televisões salpicados com insinuações que visam tirar vantagem do pré-conceito enraizado na alma nacional que o dinheiro só se ganha com golpes.

A obra pública mais notória dos governos socialistas foi a ampliação do Estado sucial

Por incontáveis vezes, salientámos nestas crónicas e nas crónicas anteriores que os governos do Dr. Costa receberam 655 mil funcionários públicos do “neoliberalismo” (que herdou 730 mil do socialismo socrático) e aumentaram esses efectivos para mais de 740 mil. O diagrama seguinte mostra uma outra face da obra socialista que é mais um exemplo da Lei de Parkinson que rege o aparelho do Estado sucial: enquanto o número total de funcionários públicos aumentou cerca de 11% o número de chefes aumentou 45%.
 
mais liberdade

Por falar em Lei de Parkinson, no Portugal dos Pequeninos também temos diversas modalidades de endogamia

A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) - «a agência pública nacional de apoio à investigação em ciência, tecnologia e inovação, em todas as áreas do conhecimento» - concluiu que 75% dos centros de investigação em Portugal dos 313 centros de investigação que apoia são "excelentes" ou "muito bons".





21/04/2025

Francisco Bergoglio, uma boa pessoa não é necessariamente um bom papa

Imagino que, se o conhecesse, poderia ter sido amigo de Francisco Bergoglio, certamente um homem generoso e estimável. Tive dúvidas desde o princípio que fosse uma boa escolha como chefe da Igreja Católica. 

Crónica de um Governo de Passagem (49)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
O Dr. Montenegro ficou a pastorear as vacas voadoras do Dr. Costa?

Desta vez é o PS que no seu programa não parece acreditar que as vacas gordas por cá fiquem e prevê um abrandamento da economia e um défice do orçamento em 2026. Ao contrário, o programa da AD pressupõe a aceleração do crescimento e excedentes orçamentais e prevê medidas fiscais que duplicam as previstas no programa socialista.

Os portugueses continuam assanhados no consumo. A fé é que os salva

Segundo o BdP, em Fevereiro os créditos pessoais cresceram 7,0% e o crédito automóvel 9,3%, confirmando que os portugueses acreditam que as vacas gordas continuarão a voar.

Nas eleições a fingir o Dr. Montenegro vai-se aguentando…

… um pouco às custas da IL que quando chegar aos 3% bem poderia dissolver-se e incorporar-se no PSD de onde saiu. Não há mercado suficiente para um partido liberal em Portugal. Não temos liberais, temos libertinos, demagogos ou ultramontanos, dizia com razão António Alçada Baptista, sendo os amantes do Estado sucial a espécie mais abundante, acrescento.

Fonte

A bazuca do Dr. Costa continua encravada nas mãos do Dr. Montenegro. E ainda bem

Fonte

Era para estar concluída até ao final do próximo ano, conclusão agora adiada para 2030. Ao ritmo de 7-8% das medidas e metas executadas por ano estaria concluída lá para 2035. Ainda bem porque se velocidade do cágado o dinheiro dos contribuintes europeus é mal aplicado, imagine-se o que seria à velocidade da lebre.

Take Another Plan.

O Dr. Carlos Tavares, ex-CEO do grupo Stelantis, onde obteve excelentes resultados, propõe-se agora promover um pacto de acionistas portugueses para entrada em 40% nos capitais da TAP, com 20% para  os trabalhadores, 20% para um fundo de investimento e os restantes 20% para um operador de aviação do continente americano ou do Médio Oriente. Tenho as maiores dúvidas que com este modelo o Dr. Carlos Tavares ou qualquer outro gestor ou empresário conseguisse tornar a TAP um operador competitivo e auto-suficiente.

Boa Nova. Na melhor hipótese é conversa fiada e na pior são os instintos socialistas

O governo garantiu que irá evitar o aumento dos preço da electricidade o que traduzido em linguagem corrente quer dizer que irá intervir na formação dos preços um expediente muito apreciado nos regimes socialistas.

O Dr. Montenegro comprometeu-se também a construir 130 mil fogos até 2030 ou 26 mil casas em média por ano, média anual que é aproximadamente o mesmo número dos fogos que foram concluídos em cada um dos dois últimos anos. Desses 130 mil fogos o Dr. Montenegro diz que o governo irá construir «59 mil novas habitações públicas». Convirá saber que esse número de “habitações públicas” a construir em 5-6 anos é muito mais elevado do que tudo o que o Estado ou autarquias construíram nos últimos 20 anos (número que ninguém sabe exactamente qual seja).

A educação também é uma paixão para a AD?

Segundo o ministro da Educação (que me parece merecer um pouco mais de crédito do que a média dos ministros) anunciou que «entre os novos e os que voltaram, temos mais 6.000 professores nas escolas este ano». Fica por explicar porque continuam alunos sem aulas, porque contas feitas faltam diariamente em média 11 mil professores, porque durante os oito anos de governos socialistas o número professores aumentou 8 mil apesar da redução de cem mil alunos do ensino não universitário. Na falta de explicação, permito-me duvidar que esses 6 mil novos professores resolvam qualquer problema.

20/04/2025

Ser de esquerda é... (32) - Adoptar a preservação dos jacarandás como ersatz da luta de classes

Desde que a esquerda é esquerda, ou seja, para simplificar, desde que o Barão de Gauville chamou a atenção para os deputados revolucionários da Assembleia Nacional Francesa saída da revolução de 1789 se sentarem à esquerda do presidente, que a esquerda luta por grandes causas. A emancipação da classe operária, o fim do capitalismo e do imperialismo, a sociedade sem classes, etc., um enorme etc.

Com o tempo essas causas foram desaparecendo e substituídas por outras. Recentemente as causas da esquerda quase se resumiram ao ambiente, à identidade de género e ao DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) e os militantes operários foram substituídos por áctivistas graduados em ogias por universidades progressistas. A classe operária ficou esquecida e começou a votar na extrema-direita.


E assim chegámos à luta pela preservação dos 47 (quarenta e sete) jacarandás da Avenida 5 de Outubro, dos quais a câmara de Lisboa pretendia transplantar 22 e abater 25 por não terem condições para o transplante. Dito de outro modo, a câmara pretendia emigrar 22 e aos restantes aplicar a morte assistida por jardineiros devidamente qualificados. Tudo isto com o propósito pouco ambientalista de construir um parque de estacionamento  A luta tocou fundo no jornalismo de causas que deu voz à indignação popular, produziu dezenas de peças inflamadas e mobilizou áctivistas que promoveram uma petição com 19 mil assinaturas.

Outros "Ser de esquerda é..."

19/04/2025

A former Kremlin propagandist appointed U.S. attorney for the District of Columbia. Tell me who you appoint, I'll tell you who you are

«Ed Martin is the Trump administration’s nominee to be the U.S. attorney for the District of Columbia. A failed political candidate and former chairman of the Missouri Republican Party, he is now a right-wing podcaster and social-media figure—and a January 6 truther who believes that Justice Department lawyers are the president’s personal consiglieri. He has also, however, been a regular commentator on RT America, the English-language flagship for the Kremlin’s propaganda efforts until it was dropped by major content providers after Russia’s invasion of Ukraine.»

The Atlantic

18/04/2025

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Os defensores das cotas atribuem às mulheres uma baixa cotação

«As sacrossantas cotas, porque “as cotas favorecem as mulheres”. A sério? Quais mulheres? Sim, as cotas favorecem as incompetentes e prejudicam as mais capazes. Mais uma vez, tratam as mulheres como se fossem iguais entre si, apenas diferentes dos homens, velhacos sem emenda que só pensam em achincalhá-las. Na verdade, é precisamente o contrário. Ser contra as cotas é compreender que homens e mulheres têm a mesma aptidão para atingir o mérito. Os homens não são à nascença mais capazes do que as mulheres, portanto, as mulheres não precisam da condescendência dos homens para chegar aos lugares reservados pela esquerda. Nenhum cidadão merece ser castigado por nascer homem. E nenhum cidadão, homem ou mulher, precisa de ser protegido com paternalismo. As cotas são uma forma de infantilização.»

«Dia das Mulheres Extraordinárias», Margarida Bentes Penedo no Observador

17/04/2025

Dúvidas (350) - Europa é diferente dos EU? E qual é o problema? (II)

Continuação de (I)

«O problema da Europa é que não tem um apego absolutista à liberdade de expressão. Veja-se como os juízes na Romênia e na França descarrilaram as carreiras de políticos de extrema direita, que se convenceram (com poucas evidências) de que foi sua ideologia, e não sua violação da lei, que os colocou em apuros. No entanto, para muitos europeus, a ideia de que a liberdade de expressão está ameaçada parece estranha. Os europeus podem dizer quase tudo o que quiserem, tanto na teoria como na prática. As universidades europeias nunca se tornaram focos de policiamento da expressão por uma raça de guerreiros culturais ou de outra. Pode expressar-se uma opinião controversa em qualquer campus europeu (fora da Hungria, pelo menos) sem medo de perder seu mandato ou sua bolsa. Nenhum centro de detenção aguarda estudantes estrangeiros que têm opiniões erradas sobre Gaza; as agências de notícias não são processadas por entrevistar políticos da oposição. Os escritórios de advocacia não são obrigados a curvar-se aos presidentes como penitência por terem trabalhado para os seus inimigos políticos.»

O que acontece com a Europa é que está a enfrentar uma crise demográfica. Está evitando um declínio acentuado na população apenas reforçando sua força de trabalho com imigrantes, alguns dos quais se integraram mal. Essa imigração mostra o apelo do modo de vida europeu; para aqueles que vêm em busca de refúgio da guerra, mostra a generosidade dos europeus (às vezes equivocada). E embora os europeus ocasionalmente façam uma demonstração de repressão aos migrantes ilegais, eles geralmente dependem dos legais para colher suas colheitas.

O problema da Europa é que sua economia está permanentemente presa no marasmo, um pesadelo global. E não é de admirar. Os europeus aproveitam o mês de Agosto, reformam-se no auge e passam mais tempo a comer e a socializar com as suas famílias do que os habitantes de qualquer outra região. Estranhamente, as pesquisas mostram que as pessoas em países ricos e pobres valorizam esse tempo de lazer; de alguma forma, os europeus conseguiram obter dos seus empregadores para que lhes dessem uma fatia maior. Mesmo quando estavam diminuindo o PIB perdendo tempo brincando com seus filhos, os habitantes da Europa também conseguiram manter a desigualdade relativamente baixa enquanto ela aumentava em outros lugares nos últimos 20 anos. Ninguém na Europa ficou a semana passada a olhar para sua carteira de ações, receando se ainda poderia mandar seus filhos para a universidade. Os europeus não têm ideia do que é "falência médica". Ah, e nenhum líder da UE jamais lançou sua própria criptomoeda.

O problema da Europa é que é ingénua, o único bloco comercial global apegado a normas morais. Insiste em cumprir os decretos da Organização Mundial do Comércio, digamos, ou fazer sua parte para reduzir as emissões de carbono. Não é um lugar que exige que aliados venham rastejando até ele implorando por "favores" nos direitos aduaneiros.

O problema da Europa é que é como um museu ao ar livre, o continente de ontem. Seu modelo é mesmo sustentável? Uma boa pergunta - uma que pressupõe que vale a pena defender o modelo europeu. É um lugar abençoado com cidades onde se pode caminhar, longa esperança de vida e crianças vacinadas que não precisam ser treinadas para se esquivar de atiradores nas escolas. O reino de Carlos Magno é um lugar de muitas falhas, muitas delas duradouras. Mas, à sua maneira, os europeus criaram um lugar onde lhes são garantidos os direitos ao que os outros anseiam: vida, liberdade e procura da felicidade.»

Excerto de The thing about Europe: it’s the actual land of the free now

16/04/2025

Dúvidas (349) - Europa é diferente dos EU? E qual é o problema? (I)

«O problema da Europa é ser excessivamente regulamentada. Imensa burocracia e impostos punitivos significam que não há empreendimentos empresariais de triliões de dólares na França ou na Alemanha que se igualem à Amazon, Google ou Tesla. Mas isso não é tudo que falta à Europa. Também ausentes do continente estão os broligarcas que se sentam em cima desses gigantes, alguns dos quais controlam melhor o poder do que a realidade. Portanto, não há Rasputins europeus injetando incontáveis milhões em campanhas políticas, obtendo um lugar de destaque nas posses dos líderes ou em seus próprios departamentos governamentais recém-criados para administrar. Infelizmente, existem poucos unicórnios na Europa e muito pouca inovação. Dito isso, não há absolutamente nenhum executivo de tecnologia gabando-se nas redes sociais de passar seus fins de semana alimentando pedaços do estado no "triturador de madeira".

O problema da Europa é que é indecisa, lenta demais para agir. Toda crise requer várias cimeiras dos líderes nacionais da União Europeia, muitas vezes discutindo até tarde da noite. Os processos enfadonhos de governo por consenso podem atrasar a UE: foram necessários quatro dias e quatro noites de negociação para chegar a um acordo sobre o último orçamento de sete anos do bloco, em 2020. Por outro lado, o aparelho de estado europeu não fecha arbitrariamente a cada poucos anos quando não é alcançado o acordo político sobre o financiamento, deixando milhões de funcionários públicos em licença e serviços básicos indisponíveis por dias ou semanas. A regra de consenso também significa que os tweets petulantes de um político equivocado - tarifas de 125% sobre a China - não fazem os mercados de globais de acções ficarem de pernas para o ar. O topo da UE não é eleito e, às vezes, não presta contas. Ainda assim, eles não ousariam ser fotografados jogando uma partida de golfe depois de terem encolhido as poupanças de milhões de seus compatriotas.

O problema da Europa é que ela se aproveita da defesa, não gastando o suficiente nas forças armadas para se defender sozinha das ameaças. Isso continuará a ser verdade por muito tempo, mesmo que os orçamentos de defesa sejam aumentados na maior parte do continente. Mas também reflete uma compreensão diferente do que significa "defesa". Por um lado, ninguém na Europa - fora da Rússia, pelo menos - está sugerindo que invadirá outros países. Não há piadas em Bruxelas sobre transformar um vizinho relutante no "nosso 28.º estado" (pelo contrário, muitos dos vizinhos da UE estão desesperados para se juntar ao clube). Os vice-presidentes europeus também não voam sem serem convidados para lugares que procuram anexar, sob o pretexto de que seu cônjuge quer assistir a uma corrida de trenós. A Europa pode ter economizado na recolha de informações, mas os seus vários líderes conhecem a identidade do agressor que iniciou os combates na Ucrânia (dica: não é a Ucrânia). Muitos deles anteciparam as armadilhas de invadir o Iraque há algum tempo.»

Excerto de The thing about Europe: it’s the actual land of the free now

(Continua)

15/04/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (56)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

Eu diria mesmo mais, «as propostas do secretário-geral do PS são uma mistura de Marx com Pai Natal»

A fórmula de Rui Moreira em entrevista ao jornal Sol para caracterizar o programa eleitoral do PS parece muita adequada à falta de reformas e medidas estruturais e ao cabaz com IVA zero, ao "pé-de-meia" para os jovens e a redução da semana de trabalho previstos no programa eleitoral do PS.

A demagogia das políticas de imigração da extrema-direita são filhas da políticas socialistas

Segundo a AIMA, em 2017 viviam em Portugal cerca de 420 mil estrangeiros, um número que em 8 anos se multiplicou quatro vezes para cerca de 1,6 milhões, a cavalo das “manifestações de interesse” inventadas pelos governos socialistas. Só um milagre permitiria integrar um número desta dimensão. Recordemos que durante o PREC, a chegada em dois anos de um número três vezes inferior de retornados das colónias durante o PREC, portugueses e não estrangeiros, teve impactos sociais e gerou hostilidades.

Há um consenso sobre a governação: o fisco deve ser gerido como se fosse “privado”

O PS e o PSD podem divergir em várias áreas, mas não em relação ao fisco como máquina de extorsão. O instinto de sobrevivência levam-os a tratar o fisco como se fosse uma empresa privada. Exemplo: vai ser pago aos apparatchiks da Autoridade Tributária o bónus máximo de 5% da cobrança coerciva de impostos de 2023 no total de 65 milhões de euros.

¿Por qué no te callas?

A denúncia das supostas malfeitorias do Dr. Montenegro a que o Dr. Pedro Nuno deu um papel central na campanha eleitoral do PS é dificilmente compatível com a opacidade do seu percurso e com alguns factos conhecidos como viver em Lisboa e declarar morar em São João da Madeira para receber o subsídio, ter circulado num Porsche pago pelo pai, cuja empresa recebeu fundos europeus e beneficiou de adjudicação directa em contratos com o Estado. 

Sendo certo que isto são miudezas quando recordamos que a falência do BES que envolveu o Eng. Sócrates e outros membros do seu governo deixou uma perda superior a 11 mil milhões.

14/04/2025

DIÁRIO DE BORDO: R.I.P.

Mario Vargas Llosa (1936-2025)
«Todas las dictaduras, de derechas y de izquierdas, practican la censura y usan el chantaje, la intimidación o el soborno para controlar el flujo de información. Se puede medir la salud democrática de un país evaluando la diversidad de opiniones, la libertad de expresión y el espíritu crítico de sus diversos medios de comunicación.»

Crónica de um Governo de Passagem (48)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Nas eleições a fingir o Dr. Montenegro continua cada vez menos à frente. Água mole em pedra dura, tanto dá até que fura

A evolução das sondagens mais recentes parece mostrar que a ligeira vantagem da AD está a minguar e na última sondagem da Intercampus o PS ficaria à frente da AD com 24,4% contra 23%. É difícil não admitir que a persistência da oposição, com a ajuda da maior parte da imprensa a escarafunchar os negócios do Dr. Montenegro, não tenha efeitos nas intenções de votos. Só as palavras “negócio” e “empresa” causam urticária num bom número de eleitores.

Se o Dr. Montenegro não perder as eleições não será por culpa do Expresso

No escarafunchar dos negócios do Dr. Montenegro há um especial destaque para o semanário de reverência que, mais uma vez, pelo pena do Grande Repórter Dr. Micael Pereira, dedica duas páginas do seu caderno principal para nos informar do resultado da sua investigação (que consistiu em consultar as contas anuais públicas do PSD depositadas na ECFP).

Nessas duas páginas o Grande Repórter elabora sobre as relações entre a família proprietária da gasolineira de Braga, por um lado, e, por outro, o Dr. Montenegro, a Spinumviva e o PSD, a quem a família doou em 8 (oito) anos a fabulosa quantia de € 30.500 (trinta mil e quinhentos euros). É certo que tal quantia está ainda longe dos mais de USD 200 milhões que o Dr. Musk doou à campanha do Dr. Trump, como também é certo que os € 30.500 da família Barros Rodrigues, ainda que tivessem sido pagos de um só vez, não lhe dariam direito a figurar a lista do Dr. Trump, mas é ainda certo que o Portugal dos Pequeninos é muito pequenino - apesar de ter um semanário com grandes repórteres - e os EUA, que já eram grandes, ficarão ainda maiores graças ao Dr. Trump.

Falta sempre qualquer coisa

Durante várias décadas, salvo em anos excepcionais, a taxa de poupança das famílias foi metade da média da UE, o que inevitavelmente reduziu a taxa de investimento também para cerca de metade (ver por exemplo este post).

Fonte

A cartola do Dr. Montenegro é quase tão grande como a do Dr. Costa. Reembalando pacotes

Entretanto, o governo anuncia um pacote de 10 mil milhões para “responder a Trump” (titula o semanário de reverência, agora em serviço para outro cliente). E em que consiste o este pacote? Consiste no Programa Reforçar «para mitigar o impacto das tarifas de Donald Trump na economia e empresas nacionais» programa que, milagre dos milagres, «praticamente não tem impacto orçamental» garante o Dr. Miranda Sarmento. E a que se deve o milagre? Deve-se a ser apenas um arranjo de programas e medidas já existentes que não envolvem «praticamente» despesa adicional.

De modo que temos de ter fé e esperar que do aumento do salário mínimo, aproximando-se mais do salário médio e comprometendo a viabilidade da multidão de pequenas empresas em que assenta a economia, e de uma nova redução do IRS que o programa da AD prevê, resulte um incentivo à poupança e os empresários resolvam pedir crédito aos bancos para o investimento produtivo e os bancos se disponham a concedê-lo, saindo do business as usual do crédito para consumo e compra de habitação.

Quem não parece ter fé é o Conselho das Finanças Públicas que prevê que este ano não haverá superavit e no próximo ano voltaremos aos défices orçamentais.

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

Queixou-se o Dr. Álvaro Almeida, nomeado há 2 meses director executivo do SNS, que «são precisos 19 especialistas para assegurar uma urgência e os hospitais têm entre 8 a 11». Achei (o “achismo” é uma metodologia a que é difícil escapar) que 19 especialistas era um bocadinho exagerado.

Resumindo-se a minha ciência em matéria de gestão hospitalar a ser vítima rara dos hospitais, achei que faria sentido perguntar ao ChatGPT o que ele acharia. E o ChatGPT achou que 12 seriam suficientes, já incluindo especialidades esotéricas como psiquiatras e especialistas em doenças contagiosas. Em conclusão, ou bem o recém nomeado director executivo está um bocadinho fora do contexto ou está a coleccionar desculpas a priori, sendo que nenhuma das possibilidade será uma razão para confiar no SNS, como nos prometeu o Dr. Montenegro.

13/04/2025

The price of vassalage

Cartoon by Anne Telnaes, Pulitzer Prize-winning, refused to be published by Jeff Bezos' Washington Post / Bloomberg

Warren Buffett, who has the worst opinion of Mr. Trump, Bernard Arnault, who is in another league, Bill Gates and Steve Ballmer cannot be accused of vassalage.

12/04/2025

SERVIÇO PÚBLICO: Num oceano de delírios ideológicos ressabiados uma ilha de racionalidade. Se não leu, deverá ler

«Uns e outros projectam em Donald Trump os seus particulares e entranhados ódios e amores. Uns e outros sublinham aquilo com que concordam e desculpam ou ignoram tudo aquilo que não lhes é palatável. Funcionam basicamente como clubes de fãs, cultos idólatras, ou grupos de ódio. (...)

Pontapear a ideologia woke para fora das instituições, reforçar o apoio a Israel face ao tsunami do antissemitismo, disciplinar a balbúrdia das fronteiras abertas, recuperar o orgulho nacional, acabar com a roda livre de burocracias e intelectuais orgânicos instaladas na manjedoura do orçamento e nas instituições, impor o bom senso nas questões da energia e do clima, etc., são coisas saudáveis, fazem bem à América e ao mundo ocidental, se nos servirem de exemplo.

Dirigir a economia, esfaquear aliados, passear de braço dado com criaturas medonhas como Putin, intimidar os mais fracos e deslizar o estado de direito pelo fio da navalha são, pelo contrário, acções desastrosas para as mesmas entidades. Até porque atrás de tempos, tempos vêm, e quem trata mal aqueles por quem passa ao subir, vai dar-se mal quando voltar a passar por eles ao descer. (...)

A parte positiva disto tudo? Embora não acredite que tenha sido essa a intenção (basta atentar no modo condescendente e até de desprezo com que Donald Trump e a sua entourage se referem a nós, europeus), se o que se está a passar for assumido como um acordar violento a obrigar à acção, ainda poderemos vir a agradecer ao presidente americano este choque de realidade.

Tempos difíceis criam pessoas fortes e estas fazem tempos fáceis.»

A Administração Trump, entre o melhor e o pior, José António Rodrigues do Carmo no Observador

11/04/2025

Pior do que aumentar discricionariamente os direitos de importação é induzir imprevisibilidade no sistema

Fonte
 Na lógica trumpiana o aumento das "tarifas" (*) iria ter três "belos" efeitos para Make America Great Again. Reduzir o desequilíbrio da balança comercial americana, equilibrar as contas públicas com o aumento da receita fiscal e pôr em prática uma estratégia de substituição das importações proposta pela Comissão Económica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) que os governos esquerdistas da América Latina adoptaram nas décadas de 60 e 70 do século passado, com o sucesso conhecido. Tudo isto com o propósito de trazer de novo para os EUA os empregos que tinha voado para a China, o México, etc. 

Esquecendo os efeitos inflacionários e que quem paga as "tarifas" são os consumidores americanos, esquecendo os efeitos da falta de concorrência na produtividade e na eficiência das empresas americanas, esquecendo os efeitos nas exportações americanas das retaliações da China, da UE, do Canadá, do México, etc. e esquecendo várias outras coisas talvez mais importantes, pergunto quem é que num contexto político, social e económico em que tudo pode mudar da manhã para a tarde vai investir na indústria americana para criar novos empregos? 

VIX (CBOE Volatility Index da Chicago Board Options Exchange) 

Antes de responder convém olhar para o índice VIX que traduz a expectativa de volatilidade dos investidores e que atingiu valores só ultrapassados nos últimos 20 anos pela crise do subprime e pela pandemia.

 U.S. Treasury Bond Futures

E, já agora, convém também olhar para os futuros da dívida americana.

(*) O jornalismo de causas amador e ignorante parece ter adoptado "tarifas" para traduzir "tariffs" (sinónimo import levy), termo que faz sentido em inglês e que traduzido em português por tarifas" é um perfeito disparate.
_______________
Já depois de ter escrito este post, li o artigo de Ricardo Reis «As tarifas de Trump são ainda piores do que pensa», cuja meridiana clareza recomenda a leitura. 

10/04/2025

Dúvidas (348) - Não será um poucochinho exagerado? (7) - O surto inovador e inventivo que nos assalta

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5) e (6)

Não falha. O European Patent Office divulga os dados das patentes do ano anterior e os jornais do Portugal dos Pequeninos celebram os feitos dos "inventores" portugueses. Alguns exemplos de títulos bombásticos:
Para um país pouco dado à inovação que parte de uma base muito baixa, o crescimento do número de patentes é inevitavelmente elevado como se pode ver no gráfico seguinte.


Porém, os 347 pedidos de patentes em 2024 colocam-no no 28.º lugar entre os 39 membros da European Patent Organisation, dos quais 12 não são membros da UE. Poderia concluir-se que isso resulta da pequenez do Portugal dos Pequeninos. Poderia, mas não pode.


Quando vemos o gráfico anterior do número de pedidos por milhão de habitantes e constatamos que nos situamos no 28.º lugar com um rácio (33,5) que é um quarto da média da EPO (137,4) somos forçados a aceitar, uma vez mais, que as celebrações da nossa "patriótica" imprensa são muito exageradas.

09/04/2025

BELIEVE IT OR NOT! A Billionaire Talks to Americans Like They're Idiots

«Billionaire investor Bill Ackman walked back his attack on Commerce Secretary Howard Lutnick on Monday in a post on social media, after previously arguing the commerce secretary profits if the economy implodes amid ongoing backlash to President Donald Trump's tariffs. (...)

"I am just frustrated watching what I believe to be a major policy error occur after our country and the president have been making huge economic progress that is now at risk due to the tariffs," Ackman continued. (...)

"This is not what we voted for," Ackman said. »

(Fox Business)

«This is not what we voted for"? Is this talk for idiots? How is it possible that Mr. Ackman and many others with him, wash their hands claiming that they were surprised when perhaps Donaldo's only quality is that he shouted out loud much in advance what he was going to do?

Dúvidas (347) - Terá o MAGA uma vocação global?

Jornal Eco

«A embaixada dos Estados Unidos em Portugal está a realizar uma revisão global padrão dos contratos, que se aplica a todos os fornecedores e beneficiários de subvenções do Governo dos EUA. Este processo inclui um pedido de certificação para garantir o cumprimento das leis norte-americanas anti-discriminação, indicou ao ECO fonte oficial da embaixada.»

Não me recordo da administração Biden ter instruído as embaixadas americanas para compelirem os seus fornecedores locais a adoptar as políticas DEI.

08/04/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (55)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

A Nau Catrineta sem o Dr. Costa ameaça encalhar

O Dr. Pedro Nuno seria como aquela senhora da anedota que tinha muito passado, pouco presente e nenhum futuro, se não fosse o facto de também o seu passado não ser muito. Quanto ao resto está como a senhora. De facto, por um lado é abandonado por costistas, como o Dr. Medina, e por livres-pensadores (ou o que há de mais parecido com isso no PS), como o Dr. Sousa Pinto, por outro a Dr. Alexandra Leitão disfarça cada vez menos as suas ambições e candidata-se a presidente da câmara de Lisboa, ensaiando o caminho bem sucedido para a liderança do Dr. Costa e  o caminho interrompido do Dr. Medina.

Insanidade é pretender continuar a fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes

Ao proporem resolver o problema da habitação com o congelamento das rendas o Berloque de Esquerda e o PCP poderão ter algumas desculpas - o primeiro nunca esteve no governo e o segundo já lá não está desde o PREC. O PS não tem nenhumas desculpas porque experimentou a receita durante oito anos com os resultados conhecidos.

O mesmo PS não precisa de ser sujeito ao teste do algodão e mostra ao que iria se ganhasse as eleições. Propõe-se usar 1.500 milhões do excedente orçamental «não para resultados imprevisíveis» (por exemplo investimento), mas para «decisões fáceis, com resultados imediatos ou diretos», por exemplo IVA zero num cabaz básico, IVA reduzido na electricidade e, inevitavelmente, propõe-se aumentar o salário mínimo.

Um quarto de século de várias modalidades de socialismo só podia dar nisto

mais liberdade

«Não faltam saídas a “um dos maiores ativos da política portuguesa”»

Foi com este título encomiástico e quiçá encomendado que a jornalista, porta-voz e assessora de imprensa do Dr. Marcelo, «faz agora quatro meses (foi) atrás de Mário Centeno até à Escola Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, onde o governador do Banco de Portugal ia dar uma aula aberta» para escrever uma peça com 8 (oito) longas páginas promovendo-o a um lugar à altura que pode ser «cargo internacional ou voltar à política. Há um PS que conta com ele. Se a instabilidade apertar, quem sabe?» Sim, quem sabe se o Dr. Marcelo também não conta com ele para chefiar uma espécie de governo de iniciativa presidencial de “salvação nacional” depois de eleições inconclusivas.

07/04/2025

Crónica de um Governo de Passagem (47)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Nas eleições a fingir o Dr. Montenegro continua à frente. Nas eleições a sério ainda não sabemos

As sondagens apontam todas na mesma direcção. Os títulos é que não, como o do semanário de reverência a pagar as suas dívidas do edifício da sede, que titulou «empate técnico entre AD e PS». A sondagem da Pitagórica dá 6,6% de vantagem à AD sobre o PS, a do CESOP-Católica 4% e a da Consulmark2 5,7%, com o Chega a descer, apesar (ou será por causa?) do cartaz que põe lado a lado o Dr. Montenegro e o Eng. Sócrates para ilustrar os “50 anos de corrupção

Em todas as sondagens o Dr. Montenegro surge como preferido ao Dr. Pedro Nuno para primeiro-ministro, apesar da Spinumviva (ou será por causa? já que o Dr. Pedro Nuno até agora só conseguiu viver do pai e do Estado). Por falar em Spinumviva, o jornalismo de causas depois de andar semanas a apontar o dedo à empresa do Dr. Montenegro, que presta serviços de encarregado de protecção de dados, por não estar registada na Comissão Nacional de Proteção de Dados, ficou a saber que quem tem de fazer o registo é o cliente e não prestador.

O tiro no pé chega um ano depois

O ano passado o governo AD reduziu as retenções de IRS para passar a mão no lombo dos eleitores. Este ano, em plena campanha eleitoral, quando mais precisaria de os afagar, a oposição agita a redução dos reembolsos contando com a ignorância e distracção dos eleitores que não percebem que lhes foi mais favorável pagarem o ano passado menos IRS do que lhes devolverem um ano depois o excesso.

Combater o inimigo no mar com as pensões em terra

Parece ser isso que o novo chefe do Estado-Maior da Armada diz (ou dizem os jornalistas do semanário de reverência que ele disse) que «assume a ambição de adquirir mais meios, como submarinos e fragatas, mas pede atenção à condição militar, defendendo uma reversão do corte nas reformas do tempo da troika. Caso contrário, com novos navios a chegar nos próximos anos, corre o risco de não ter gente para os operar.»

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

Agora são os obstetras do Hospital Garcia de Orta que se vão embora. O semanário de reverência diz no título que são sete e depois perde-se nas contas e chegamos ao fim da peça sem saber quantos saem e quantos ficam.

O algodão não engana. O governo do Dr. Montenegro é quase tão socialista como um governo socialista

Nós aqui no (Im)pertinências temos uma certa fixação no teste do algodão que neste caso consiste em verificar se para desenvolver o país e fazer a economia crescer um governo pretende aumentar os rendimentos ou o aumentar o investimento produtivo e/ou reduzir os impostos. Ao puxar pelos salários e diminuir o investimento (que caiu 7,1%) e aumentar a carga fiscal para 35,7% no seu primeiro ano, o governo do Dr. Montenegro passou com distinção o teste. A confirmar o teste, a despesa pública aumentou 7,6%, continuando a obra do Dr. Costa que a havia aumentado 50% entre 2015 e 2023.

É claro que, com a despesa pública a crescer a este ritmo, mesmo com o aumento da receita fiscal, a dívida pública continua a crescer em Fevereiro subiu 277 mil milhões.

06/04/2025

ARTIGO DEFUNTO: O jornalismo de causas tem dificuldade de lidar com a causalidade

O outro contribuinte escreveu há dias sobre a dívida que o governo socialista do Eng. Sócrates deixou a Passos Coelho, dívida que o Diário de Notícias classificou como a «megadívida de Passos Coelho».

Ora a causa dessa megadívida foram os empréstimos da troika, a causa dos empréstimos foi a bancarrota do Estado sucial cuja causa foi a governação corrupta, irresponsável e ruinosa do Eng. Sócrates e da sua trupe, alguma da qual ainda por aí anda. O que é de Passos Coelho não é, portanto, a megadívida, em vez disso, é o resgate limpo que deixou o país a crescer, a balança comercial superavitária pela primeira vez em décadas e as "contas certas" que o Dr. Costa se auto-atribuiu. 

Algumas das medidas do resgate obrigaram à venda de várias empresas públicas, inevitavelmente a interesses estrangeiros porque Portugal estava descapitalizado e os empresários portugueses não tinham dinheiro nem para mandar cantar um cego. Também inevitavelmente, os dividendos dessas empresas são pagos a accionistas estrangeiros que, outra vez inevitavelmente, estão no estrangeiro.

E assim chegamos a um exemplo de jornalismo de causas mais subtil do que o tosco do DN com uma peça do semanário de reverência. Peça confusa, com vários erros e o título pesaroso «Quase três quartos dos dividendos da Bolsa vão para o estrangeiro», isto é, vão para «as gigantes que entraram em Portugal durante a crise financeira», como se este facto não fosse causado pela bancarrota que o governo socialista deixou, mas tivesse resultado de uma qualquer fatalidade, um cataclismo da natureza ou da maldade do "neoliberalismo". 

05/04/2025

Unintended consequences: what if Mr. Trump was making China great instead of making America great again?

«As Donald Trump unleashes a volley of tariffs and his administration talks up the strength of its military alliances in Asia, you might think that these are anxious times in the country that America sees as its main adversary. In fact, our reporting from Beijing reveals a very different picture. MAGA is putting pressure on China’s leaders to correct their worst economic errors. It is also creating opportunities to redraw the geopolitical map of Asia in China’s favour. (...)

Mr Xi has been preparing for today’s chaotic world ever since becoming China’s leader in 2012. He has urged economic and technological self-sufficiency on his country. China has reduced its vulnerability to American chokeholds, such as sanctions and export controls. Although its banks still need access to dollars, it now makes most non-bank international payments in yuan.

China’s domestic economy has unrecognised strengths. Competition and an embrace of technology mean that its industrial firms thrash Western rivals in everything from electric vehicles to the “low-altitude economy”, meaning drones and flying taxis. Viewed from China, Mr Trump’s tariffs will condemn Detroit to 1970s-style obsolescence, just as his crusade against universities will set back innovation. (...)»

 How America could end up making China great again