Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
01/07/2025
Portugal Desventures. O Estado sucial a tentar fazer de cada startup uma CP (3)
13/06/2025
Portugal Desventures. O Estado sucial a tentar fazer de cada startup uma CP (2)
19/09/2024
A política industrial nas economias de mercado é um sucedâneo dos planos quinquenais nas economias soviéticas (2)
Continuação de (1)
Um dos exemplos mais recentes de políticas industriais lançadas por Joe Biden é o CHIPS Act de 2022 que prevê torrar US $50 mil milhões nos cinco anos seguintes para relançar a indústria de semicondutores. O sucesso não está garantido e é no mínimo duvidoso.
«Os semicondutores são o caso de teste mais importante para o renascimento da manufatura nos Estados Unidos. Nas últimas duas décadas, a maioria dos fabricantes de chips de computador deixaram a América. O país ainda tem investigadores e designers de semicondutores de classe mundial, mas perdeu a força de trabalho que transforma wafers de silício em circuitos electrónicos em escala. (…)
Uma estimativa básica da Semiconductor Industry Association, é que até 2030 o sector de chips dos Estados Unidos enfrentará um défice de 67.000 técnicos, cientistas da computação e engenheiros, e cerca de 1,4 milhão desses trabalhadores em toda a economia. Compare-se isso com o total de cerca de 70.000 alunos que anualmente concluem a graduação em engenharia nos Estados Unidos, e a escala do défice torna-se visível. Seja qual for a lacuna exacta, ela marca a diferença entre fábricas funcionando em plena capacidade com os custos de mão de obra sob controle ou acabando afundadas em altos custos e baixa produtividade. (…)
As empresas de chips da América já estão configuradas para uma força de trabalho pequena, mas qualificada. À medida que mudaram a fabricação para o exterior, especializaram-se mais em casa, colocando a América no comando da indústria global. Qualcomm, Nvidia e outras tornaram-se líderes mundiais no desenvolvimento e design de chips avançados. Era uma divisão de trabalho altamente lucrativa.
Agora os Estados Unidos estão tentando retomar aos níveis mais baixos da indústria, reaprendendo habilidades básicas, como cortar wafers em chips e embalá-los em invólucros de plástico rígido. O imperativo político é a protecção contra a dependência excessiva da China. Para as empresas, há também uma lógica em diversificar as cadeias de logísticas e aproximar a manufatura das operações de pesquisa.»
13/09/2024
A política industrial nas economias de mercado é um sucedâneo dos planos quinquenais nas economias soviéticas (1)
Algures na segunda década deste século começaram a ser visíveis as consequências imprevistas e indesejadas de uma globalização que tirou da miséria centenas de milhões de pessoas nos países do Terceiro Mundo, entretanto rebaptizados de países em desenvolvimento, e trouxe ainda mais prosperidade aos países desenvolvidos. Entre essas consequências, duas em particular criaram na Europa e nos Estados Unidos um sentimento de insegurança nos trabalhadores dos sectores convencionais da economia: o aumento da desigualdade (muito exagerado pelos mídia) e a concorrência das economias emergentes, sobretudo da China, que tornou inviáveis empresas e mesmo sectores inteiros e destruiu milhões de empregos. Apesar das economias se terem adaptado e os efeitos no desemprego e nos níveis de vida não terem sido muito significativos, a percepção de insegurança foi muito forte e, entre outros efeitos, criou as bases para a emergência dos partidos iliberais à esquerda e à direita.
A resposta dos governos europeus e americano tem sido aumentar o intervencionismo estatal e entre as velhas políticas desenterradas do passado encontramos o que se chama tradicionalmente a política industrial, que podemos definir como um conjunto de medidas, políticas e iniciativas estratégicas adoptadas por um governo para dirigir e influenciar o desenvolvimento, o crescimento e a competitividade de sectores específicos de uma economia (esta entrada da Wikipedia faz um resumo aceitável).
No caso dos Estados Unidos, há um estudo muito interessante publicado há 3 anos pelo Peterson Institute for International Economics (PIIE) dos efeitos da adopção da política industrial num período de meio século (Scoring 50 years of US industrial policy, 1970–2020) que concluiu em síntese:
«A política industrial pode salvar ou criar empregos, mas muitas vezes a um custo elevado. Um importante argumento político para a política industrial é salvar ou criar empregos em um sector ou local específico. Na maioria dos casos, a protecção à importação não cria uma indústria competitiva nos EUA e impõe custos extremos aos consumidores e às empresas por ano de trabalho economizado. A política comercial concentrada na abertura de mercados no exterior é uma aposta melhor. Escolher uma única empresa para desenvolver a tecnologia produz resultados inconsistentes.»
Alguns exemplos permitirão exemplificar e concretizar estas conclusões.
(Continua)
16/06/2024
Portugal Desventures. O Estado sucial a tentar fazer de cada startup uma CP
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Expresso |
02/12/2023
Dúvidas (368) - Estará Vladimir Solovyov certo?
10/10/2023
Os portugueses gostam do socialismo, adoram o Estado sucial e gostariam de ter sol na eira e chuva no nabal
Duas sondagens publicadas a semana passada dão-nos um retrato a la minute do eleitorado do Portugal dos Pequeninos.
A primeira do ICS/ISCTE para o Expresso e para a SIC, dá-nos conta que, apesar do desastre da governação socialista, 28% do eleitorado considera-a boa ou muito boa, sendo certo que mais de 2/3 (66%) a considera má ou muito má. Os 28% que consideram boa ou muito boa a governação fazem parte, muito provavelmente, dos 30% que consideram que a economia portuguesa está na mesma (24%) ou está boa (6%), e incluem, ainda mais provavelmente a maioria dos que têm intenção de votar no PS.
Significativamente 18% dos inquiridos declararam não saber em quem votar, 13% disseram que não votariam e 5% votariam em branco ou nulo, o que soma 36%, mais de um terço do eleitorado o que dá uma boa indicação da estado da democracia doméstica. Considerando apenas as intenções de voto, o PS venceria com 31%, seguido do PSD com 25%, do Chega com 13% e da CDU e do BE empatados com 6% e da IL com 3%. Se a arrumarmos as intenções de votos em esquerda e direita, seja lá o que isso for, os primeiros teriam 47% e os segundos 43%, sobrando 10% de outros partidos (2%) e brancos/nulos (8%).
As sondagens Aximage para a TVI e CNN apresentam resultados com algumas diferenças importantes. Excluindo os indecisos para efeitos comparativos com a sondagem ICS/ISCTE, o PS ganharia com 29,3%, seguido do PSD com 25,6%, do Chega com 13,6%, do BE com 7,1%, da IL com 5,3% e da CDU com 4,3%, do PAN com 3,6%. Nesta sondagem a esquerda e a direita estariam em igualdade com 47,1%.
As conclusões mais importantes que podemos retirar são: (1) depois de um governação desastrosa, o PS continua a ser o partido mais votado; (2) o PSD com uma liderança frouxa não consegue descolar; (3) o Chega confirma-se como terceiro partido, certamente à custa do PSD; (4) BE recupera uma parte significativa dos votos perdidos, certamente à custa do PS.
A sondagem ICS/ISCTE incluiu perguntas sobre as prioridades orçamentais, com os seguintes resultados: 62% acham que os impostos devem baixar; 28% entendem que a despesa social deve aumentar e 8% consideram prioritária reduzir o défice e a dívida. O mais interessante é que a esmagadora maioria (74%) dos que defendem que os impostos devem baixar opõem-se a que a redução se faça à custa das despesas sociais e a mesma maioria esmagadora (74%) dos que defendem o aumento da despesa social entendem que deve ser à custa dos impostos.
Em síntese: (a) temos uns 30% do eleitorado que votará PS, mesmo que o PS arruíne o país, mais ou menos os mesmos que acham que o Estado sucial gerido pelo PS deve trazê-los ao colo, mesmo que o país esteja arruinado; (b) a direita sem uma liderança inspiradora continua a não ser maioritária e não ganhará eleições sem o Chega; (c) a maioria quer reduzir os impostos sem reduzir a despesa social, ou seja, reduzir os impostos à custa do défice e da dívida (mesmo que uma maioria queira sol na eira e chuva no nabal). E é isto que temos.
23/09/2023
CASE STUDY: In the United Kingdom as in Portugal dos Pequeninos, wrong incentives lead to wrong outcomes
«(...) Britain had a good record on this score. For two decades until 2019 its inactivity rate (the share of people of working age who are neither working nor looking for a job) was among the lowest of any rich country. Then something went awry. Pandemic lockdowns smothered economic activity everywhere. But whereas other economies bounced back—since 2020 the inactivity rate has fallen, on average, by 0.4 percentage points across the OECD, a club of rich countries—in Britain, uniquely, it continues to climb, and is up by 0.5 points. What’s going on?
The immediate cause is not disputed: more Britons than ever are classified as unwell. Data released this week showed a remarkable 2.6m people, a record, are economically inactive because of long-term sickness—an increase of 476,000 since early 2020. Inactivity helps explain why firms are struggling with labour shortages and, in part, stubbornly high inflation. And there is a hefty bill. The Office for Budget Responsibility, the fiscal watchdog, says more long-term sickness has added £15.7bn ($19.6bn), or 0.6% of GDP, to annual government borrowing because of lost tax receipts and higher welfare spending. (...)
Instead, the primary cause is in the welfare system. The previous Labour government, and Conservative-led ones since 2010, gradually made it harder for claimants to get incapacity benefits. That helped guard against fraud and kept rates of economic inactivity low. But some people with real needs were wrongly denied benefits. In 2019, after several high-profile cases of people being declared fit for work and then dying, the government reversed course and made it much easier to obtain benefits. Over 80% of the claims lodged in the fiscal year 2019-20 were successful, up from just 35% in the decade before.
Meanwhile, perverse incentives have been added. The old system did a fair job of nudging those who were temporarily incapacitated back into work as soon as they were better. The new one has sharply raised the relative rewards of claiming to be permanently incapacitated. Those who are deemed unable ever to return to employment now get twice as much as those expected to go back to work one day. This gives people a strong incentive to exaggerate their ailments, and never look for a job again. (...)»
13/04/2023
Dúvidas (355) - No Portugal dos Pequeninos o que distingue os "bolseiros de investigação científica" dos escriturários, perdão, "assistentes operacionais"?
«Os bolseiros de investigação científica vão manifestar-se esta quinta-feira, no Porto, contra a precariedade em que continuam a viver. A principal reivindicação é a substituição das bolsas por contratos de trabalho, uma vez que atualmente não lhes é garantido subsídio de refeição, de férias ou de desemprego.» (fonte)
Resposta à pergunta do título: os subsídios.
12/03/2023
SERVIÇO PÚBLICO: A Pluma Caprichosa sofreu uma epifania
Nunca houve tanto Estado nas nossas vidas, em democracia, e nunca ele foi tão incapaz de formar cidadãos completos. O que resulta desta invasão subtil, permanente e insistente nas esferas privadas é um povo anestesiado e dependente, que protesta sobre tudo e com tudo, mansamente, surdamente, e aceita tudo o que lhe vendem todos os dias como bom procedimento, embora desconfie o tempo todo de que está a ser enganado. O Estado é o que se poderia designar como Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo.
As pessoas têm medo do Estado. A carta no correio, a multa, o requerimento, o selo, o imposto, o sobrescrito picotado da Autoridade Tributária. Exceto quando um antigo ministro da Economia tem o topete de dizer que cometeu fraude fiscal durante anos e que recebeu dinheiro do BES através de offshores, e que tal era prática normal no grupo e toda a gente fazia a mesma coisa, dentro e fora do grupo, e que o dinheiro, os milhões, diz ele, que recebeu do grupo enquanto era ministro, eram “prémios” atrasados. Mas “o que lá vai lá vai”, diz o distinto político socialista, ou ex-político, ou mesmo ex-socialista, quem sabe? Se é para o dom Fradique... é o que quiser.
Isto não parece provocar no povo de mão estendida, um povo de subsidiados que não ganham um salário ou reforma dignos e suficientes para comprar ovos e fruta e arrendar ou pagar a casa, qualquer protesto operacional, embora as redes sejam um esgoto compensatório.»
A Dr.ª Clara Ferreira Alves, a Pluma Caprichosa, uma vez ou outra, como agora, faz uma pausa na demonstração do seu cosmopolitismo erudito que verte na sua coluna da Revista do semanário de reverência, é vítima de uma epifania e escreve coisas como esta que agora cito. Infelizmente não retira todas as consequências da sua visão do excesso de Estado nas nossas vidas a começar por não se distanciar dos promotores desse excesso.
07/10/2022
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (52) - O "quiet quitting" foi inventado em Portugal
Recentemente surgiu nos mídia e nas redes sociais o termo quiet quitting, uma "nova tendência" que se pode traduzir por desistência silenciosa e definir como (por exemplo na Investopedia):
«A desistência silenciosa refere-se a fazer os requisitos mínimos do trabalho e não dedicar mais tempo, esforço ou entusiasmo do que o absolutamente necessário. Como tal, é um equívoco, já que o trabalhador não deixa de facto seu cargo e continua recebendo um salário.»
Como acontece frequentemente às novas tendências, esta é também uma coisa antiga a que chamaram nova. Perguntareis, uma coisa antiga? a esta escala? (metade da força de trabalho americana, segundo a Gallup). Respondo, sim e sim.
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"Ele anda por aí, não deve demorar" |
03/04/2021
Costa ganha pontos no combate dos pequenos chefes do Portugal dos Pequeninos
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DN |
07/08/2020
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Os portugueses que trabalham fora de Portugal não precisam de idiotas
16/07/2020
ACREDITE SE QUISER: Nova estrondosa vitória do Dr. Costa no Planeamento Socialista, a caminho da Taça Europeia
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Esta já cá canta |
19/06/2020
ACREDITE SE QUISER: Estrondosa vitória do Dr. Costa na Taça Ibérica do Planeamento Socialista
Partilhando dos mesmos ideais socialistas de substituir, com os resultados conhecidos, os agentes económicos e o mercado pelos planos pluriquinquenais do Estado Sucial, Pedro Sánchez, o Dr. Costa dos espanhóis, «convocou mais de uma centena de especialistas, entre economistas, cientistas e sociólogos» que andam há mais de um mês a preparar um plano para 30 anos.
Grande coisa! O Dr. Costa Silva, no fim de semana do 25 de Abril fez o mesmo para 10 anos!
- Performance espanhola: cada ano de plano exigiu 100 participantes/dia
- Performance portuguesa: cada ano de plano exigiu apenas 0,2 participantes/dia
01/06/2020
Se o socialismo não resultou nas vacas gordas, porque haveria de resultar nas vacas magras?
Mostrando ao que vem, o Eng. Costa Silva fez logo uma declaração de fé estatal: «esta crise mostrou que o papel do Estado tem que ser mais valorizado, mais Estado na economia, o Estado é o último protector contra todo o tipo de ameaças».
E para acabar com as dúvidas informou que o seu draft de plano aposta «nas infraestruturas físicas do país, modernizá-las todas, qualificar a rede viária, intervir muito no sistema de portos que é fundamental alavancar as exportações do pais, toda a rede portuária, construir um hub portuário, que tem sido desenvolvido um trabalho extraordinário nos portos, mas é muito importante infraestruturas portuárias, plataformas logísticas, ampliações de cais, que sejam uma aposta clara deste Governo.»
É um plano que o outro «Eng.» que emigrou para Paris, depois de falir o país e antes de ser preso, não desdenharia subscrever. Estamos assim no início de uma espécie de «Renovação na Continuidade» como a de Marcelo Caetano. Com uma diferença que em vez de suscitar após seis anos um golpe militar e a queda do regime, esta «Renovação na Continuidade» acabará por suscitar, após uma talvez longa agonia, prolongada pelas manobras ilusionistas do Dr. Costa, a declaração de falência do Estado Sucial, outra vez.
Na verdade, como recordou João Marques de Almeida, o PS tem uma longa experiência a torrar dinheiro dos contribuintes europeus. «Em 19 dos 25 anos de governos socialistas, Portugal recebeu cerca de 100 mil milhões de fundos europeus – ou seja, dinheiro oferecido pela UE. Mesmo assim, os governos socialistas não evitaram uma falência, em 2011, que obrigou a um empréstimo da UE e do FMI de mais cerca de 70 mil milhões de euros. Durante esse período, agravou-se o atraso económico de Portugal em relação à maioria dos países da UE, e os novos Estados membros, que entraram em 2004, aproximaram-se de Portugal, com alguns como a República Checa e a Eslovénia a ultrapassarem o nosso país em termos de PIB per capita. Ou seja, nos 19 anos socialistas recebemos muito dinheiro de Bruxelas, mas não nos tornámos um país mais rico e mais desenvolvido em termos relativos aos outros europeus.».
É a confirmação de que a solução dos socialistas para as falhas do socialismo é sempre mais socialismo e mais Estado Sucial.
ADITAMENTO:
O Eng. Costa Silva, agora possuído por intensa fé no Estado português, há dois anos falando como CEO da Partex dizia «Nós, pura e simplesmente, decidimos não investir mais em Portugal, não vale a pena.»
22/05/2020
As luminárias das esquerdas têm sonhos húmidos com pandemias e catástrofes em geral (e até ejaculações)
No post anterior dei vários exemplos de luminárias com sonhos húmidos e acrescento agora uma luminária de referência das luminárias de esquerda que foi além do sonho e teve uma ejaculação.
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Vídeo |
09/04/2020
As luminárias das esquerdas têm sonhos húmidos com pandemias e catástrofes em geral
«Pressinto, pressentimos quase todos, a grandeza fundadora deste momento. Ele será recordado como o momento em que muitas coisas mudaram. (...) marca mesmo a História. Provoca ruturas.»Assim escreveu a criatura em tom apologético, falando, imagina ele, em nome de quase todos. Repare-se grandeza fundadora, marca a História, provoca rupturas. E porquê essa excitação? Simplesmente porque todos os cataclismos, ou eventos que as esquerdas considerem como tais, como é o caso desta pandemia, obrigam geralmente, ou acham as esquerdas que obrigam, a uma maior intervenção do Estado, intervenção que as esquerdas sempre aplaudem. Evidentemente que o cataclismo que mais excita a esquerda das esquerdas é a revolução social, culminando com a tomada de um palácio de Inverno. Nesse sentido, esta pandemia é apenas um pálido ersatz, mas quem não tem cão caça com gato.
E porque aplaudem em geral as esquerdas uma maior intervenção do Estado procurando ocupar o Estado proporcionalmente ao seu grau de radicalismo? A explicação geral é porque a esquerda é um credo que sacrifica a liberdade em nome da igualdade, na dúvida (esquerda «democrática») ou sempre (a «outra» esquerda) e a igualdade só pode ser conseguida coercivamente, o que requer a ferramenta adequada - o Estado controlado pela esquerda evidentemente. Por isso, sonha Daniel de Oliveira com os amanhãs que cantarão.
E será que os amanhãs vão mesmo cantar? Talvez não, lamenta Ricardo Paes Mamede, um economista académico e mediático da Mouse School of Economics, com um poucochinho mais de sofisticação do que o padrão dessa escola, num artigo cujo título é, só por si, uma lamentação: «Não, o vírus (ainda) não trouxe o socialismo de volta».
Comparando a actual crise da pandemia com a crise financeira de 2008, Paes Mamede lembra que «os Estados foram chamados a intervir em força, é certo», mas nem por isso o socialismo chegou. «Também agora a crise do covid-19 põe muitas pessoas a defender coisas inesperadas. Mas apesar do volume inaudito de socialização dos riscos e do papel activo dos Estados no combate ao vírus, há pouco de socialismo na situação actual». Porque, explica «não há socialismo numa sociedade onde a participação democrática e a representação dos trabalhadores estão suspensas.»
Temo, como agora se diz a propósito de tudo, que Paes Mamede esteja equivocado. Dependendo da modalidade de socialismo, onde há socialismo costuma haver pouca ou nenhuma participação democrática e costumam estar ausentes ou serem meramente formais os mecanismos e as instituições próprias de uma democracia liberal.
26/03/2020
Dúvidas (296) - Será o Gabinete de Monitorização uma espécie de Gosplan?
Não sei se estes 27 podem ser considerados uma espécie de macroeconomistas conexos ou simplesmente economistas mediáticos, sendo certo que a maioria são cientistas do Estado. Além destas dúvidas, tenho mais uma: será o Gabinete de Monitorização uma espécie de Gossudarstvênnîi Komitet po Planirovâniu, uma instituição criada em 1921, mais conhecida pelo petit non Gosplan.
18/12/2019
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: O Estado Sucial como alfa e ómega do Portugal dos Pequeninos. Não há vida para além do orçamento
As pesquisas equivalentes para outros países dão os seguintes resultados:
- Espanha «"pressupuesto general 2020" site:es» - 1 640
- França «"budget de l'État 2020" site:fr» - 640
- Escócia «"scottish budget 2019" site:.scot» - 410
E poderia ser de outro modo? Na Europa os partidos comunistas desapareceram, os radicais resumem-se praticamente aos partidos Verdes, os socialistas estão fora dos governos europeus e por cá tivemos um governo de socialistas que perderam as eleições, apoiado por comunistas e esquerdistas, e agora temos outro que governa sem maioria e vai tratando da mercearia com os mesmos.