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01/07/2025

Portugal Desventures. O Estado sucial a tentar fazer de cada startup uma CP (3)

[Continuação de (1) e (2)]

Escrevi no post anterior que os apparatchiks sentados na Portugal Ventures só por milagre teriam o know-how para avaliar riscos, anteciparem hipotéticos futuros sucessos e detectarem potenciais unicórnios enquanto apostam o dinheiro dos contribuintes e certamente não têm incentivo indispensável dos venture capitalists que arriscam o seu dinheiro nas empresas em que apostam. 

Para quem tivesse dúvidas que não há milagres nestas matérias, Virgílio Bento, cofundador da Sword Health, uma das poucas start-ups de portugueses que alcançou reconhecimento internacional com sede no Utah, USA, e escritórios no Reino Unido, que desistiu de fazer um trabalho com o sistema do INEM descrito como «obsoleto, frágil, assustado», referiu-se em entrevista ao Expresso aos apparatchiks da Portugal Ventures como «as pessoas (...) do topo até cá em baixo de uma incompetência atroz. É muito difícil discutir o potencial de uma empresa com alguém que é completamente ignorante».

Quanto às decisões de investimento da Portugal Ventures, Virgílio Bento explica que são os «Amigos. Há muitos exemplos desses. Se era um professor universitário a liderar essa empresa. A questão do pedigree. Nenhum deles estava ligado com o potencial de sucesso da startup.»

13/06/2025

Portugal Desventures. O Estado sucial a tentar fazer de cada startup uma CP (2)

[Continuação daqui]

Há dias o Expresso, um grande entusiasta das startups lusas, titulava com tristeza «Startups nacionais com pouca saída: faltam oportunidades de desinvestimento em Portugal» querendo significar que um número cada vez menor de startups consegue encontrar investidores privados (venture capitalists) e por isso ficam penduradas no Estado sucial via Portugal Ventures, uma sociedade de capital de risco participada pelo Banco Português de Fomento que desde 2012 até ao ano passado registou perdas de 124 milhões nas cerca de 300 startups em que participou.

Dificilmente poderia ser de outro modo porque apparatchiks sentados na Portugal Ventures só por milagre têm o know-how para avaliar riscos, anteciparem hipotéticos futuros sucessos e detectarem potenciais unicórnios enquanto apostam o dinheiro dos contribuintes e certamente não têm incentivo indispensável dos venture capitalists que arriscam o seu dinheiro nas empresas em que apostam.

19/09/2024

A política industrial nas economias de mercado é um sucedâneo dos planos quinquenais nas economias soviéticas (2)

Continuação de (1)

Um dos exemplos mais recentes de políticas industriais lançadas por Joe Biden é o CHIPS Act de 2022 que prevê torrar US $50 mil milhões nos cinco anos seguintes para relançar a indústria de semicondutores. O sucesso não está garantido e é no mínimo duvidoso.

«Os semicondutores são o caso de teste mais importante para o renascimento da manufatura nos Estados Unidos. Nas últimas duas décadas, a maioria dos fabricantes de chips de computador deixaram a América. O país ainda tem investigadores  e designers de semicondutores de classe mundial, mas perdeu a força de trabalho que transforma wafers de silício em circuitos electrónicos em escala. (…)

Uma estimativa básica da Semiconductor Industry Association, é que até 2030 o sector de chips dos Estados Unidos enfrentará um défice de 67.000 técnicos, cientistas da computação e engenheiros, e cerca de 1,4 milhão desses trabalhadores em toda a economia. Compare-se isso com o total de cerca de 70.000 alunos que anualmente concluem a graduação em engenharia nos Estados Unidos, e a escala do défice torna-se visível. Seja qual for a lacuna exacta, ela marca a diferença entre fábricas funcionando em plena capacidade com os custos de mão de obra sob controle ou acabando afundadas em altos custos e baixa produtividade. (…)

As empresas de chips da América já estão configuradas para uma força de trabalho pequena, mas qualificada. À medida que mudaram a fabricação para o exterior, especializaram-se mais em casa, colocando a América no comando da indústria global. Qualcomm, Nvidia e outras tornaram-se líderes mundiais no desenvolvimento e design de chips avançados. Era uma divisão de trabalho altamente lucrativa.

Agora os Estados Unidos estão tentando retomar aos níveis mais baixos da indústria, reaprendendo habilidades básicas, como cortar wafers em chips e embalá-los em invólucros de plástico rígido. O imperativo político é a protecção contra a dependência excessiva da China. Para as empresas, há também uma lógica em diversificar as cadeias de logísticas e aproximar a manufatura das operações de pesquisa.»

13/09/2024

A política industrial nas economias de mercado é um sucedâneo dos planos quinquenais nas economias soviéticas (1)

Algures na segunda década deste século começaram a ser visíveis as consequências imprevistas e indesejadas de uma globalização que tirou da miséria centenas de milhões de pessoas nos países do Terceiro Mundo, entretanto rebaptizados de países em desenvolvimento, e trouxe ainda mais prosperidade aos países desenvolvidos. Entre essas consequências, duas em particular criaram na Europa e nos Estados Unidos um sentimento de insegurança nos trabalhadores dos sectores convencionais da economia: o aumento da desigualdade (muito exagerado pelos mídia) e a concorrência das economias emergentes, sobretudo da China, que tornou inviáveis empresas e mesmo sectores inteiros e destruiu milhões de empregos. Apesar das economias se terem adaptado e os efeitos no desemprego e nos níveis de vida não terem sido muito significativos, a percepção de insegurança foi muito forte e, entre outros efeitos, criou as bases para a emergência dos partidos iliberais à esquerda e à direita.

A resposta dos governos europeus e americano tem sido aumentar o intervencionismo estatal e entre as velhas políticas desenterradas do passado encontramos o que se chama tradicionalmente a política industrial, que podemos definir como um conjunto de medidas, políticas e iniciativas estratégicas adoptadas por um governo para dirigir e influenciar o desenvolvimento, o crescimento e a competitividade de sectores específicos de uma economia (esta entrada da Wikipedia faz um resumo aceitável).

No caso dos Estados Unidos, há um estudo muito interessante publicado há 3 anos pelo Peterson Institute for International Economics (PIIE) dos efeitos da adopção da política industrial num período de meio século (Scoring 50 years of US industrial policy, 1970–2020) que concluiu em síntese: 

«A política industrial pode salvar ou criar empregos, mas muitas vezes a um custo elevado. Um importante argumento político para a política industrial é salvar ou criar empregos em um sector ou local específico. Na maioria dos casos, a protecção à importação não cria uma indústria competitiva nos EUA e impõe custos extremos aos consumidores e às empresas por ano de trabalho economizado. A política comercial concentrada na abertura de mercados no exterior é uma aposta melhor. Escolher uma única empresa para desenvolver a tecnologia produz resultados inconsistentes.»

Alguns exemplos permitirão exemplificar e concretizar estas conclusões.

(Continua)

16/06/2024

Portugal Desventures. O Estado sucial a tentar fazer de cada startup uma CP

Expresso

Com indisfarçado entusiasmo, o semanário de reverência titulava há dias «Capital angariado por 'startups' este ano já superou o de 2023 e mercado suspeita de ‘empurrão’ do Estado». A verdade é que os 198 milhões investidos em startups portuguesas em 2023 são uma gota de água (0,3%) no oceano dos 63 mil milhões investidos nas startups europeias (fonte) e os 284 milhões deste ano comparados com os 14 mil milhões na Europa no 1.º trimestre (fonte) estão em linha com o peso do PIB e não parece haver particular motivo de excitação.

O que deveria suscitar preocupação é o facto das startups, geralmente financiadas pelos venture capitalists privados, no Portugal dos Pequeninos levam um empurrão do Estado a cargo da Portugal Ventures, uma sociedade de capital de risco que faz parte do grupo do Banco Português de Fomento e desde a sua fundação em 2012 registou perdas de 124 milhões nas cerca de 300 startups em que participou.

É precisa uma enorme dose de pensamento mágico para imaginar apparatchiks instalados no aparelho do Estado sucial com o talento necessário e o incentivo indispensável a avaliarem riscos, anteciparem futuros sucessos empresariais e detectarem potenciais unicórnios apostando o dinheiro dos contribuintes. Só pode correr mal.

02/12/2023

Dúvidas (368) - Estará Vladimir Solovyov certo?

«Vladimir Solovyov, apresentador russo famoso do canal estatal "Russia-1", sugere a anexação de Portugal após a "desnazificação da Alemanha"

Perante este comentário, um dos participantes do debate recordou que “Lisboa nunca foi russa”, o que valeu um comentário de Solovyov: “É a essa razão pela qual deveria ser”. Quando questionado sobre os motivos que levariam a Rússia a necessitar da anexação de Portugal, o apresentador justificou a sua opinião: “Não precisamos, mas eu gosto de Lisboa.” “Os portugueses viveriam muito bem como parte do império russo”, continuou Solovyov. (Visão)

À primeira vista, a dúvida pode parecer retórica: os portugueses viveriam muito bem como parte do império russo?  Há várias razões para a resposta ser positiva. Os portugueses em geral gostam de um Estado que tome conta deles e o Estado putinesco poderia substituir sem dificuldade o Estado sucial até para proporcionar empregos alternativos aos novos situacionistas que hoje se penduram na mesa do orçamento. Certas classes profissionais, como os jornalistas, sentiriam poucas diferenças, era substituir a  Lusa pela Tass, a RTP apenas deixaria cair o "P" e ficaria RT (Russia Today). É claro que os portugueses ficariam submetidos a uma ditadura, mas isso não seria problema porque apreciam pouco a liberdade, embora gostem da baderna que muitas almas confundem com a liberdade. Os portugueses são pobres e o Estado sucial é igualmente pobre e dependente de esmolas da Óropa, pelo não teriam dificuldade em substituir o dinheiro de Bruxelas pelo petróleo e o gás russos. Há várias outras razões mas estas seriam suficientes para dar razão a  Solovyov. Primeiro estranhar-se-ia, depois entranhar-se-ia.

10/10/2023

Os portugueses gostam do socialismo, adoram o Estado sucial e gostariam de ter sol na eira e chuva no nabal

Duas sondagens publicadas a semana passada dão-nos um retrato a la minute do eleitorado do Portugal dos Pequeninos. 

A primeira do ICS/ISCTE para o Expresso e para a SIC, dá-nos conta que, apesar do desastre da governação socialista, 28% do eleitorado considera-a boa ou muito boa, sendo certo que mais de 2/3 (66%) a considera má ou muito má. Os 28% que consideram boa ou muito boa a governação fazem parte, muito provavelmente, dos 30% que consideram que a economia portuguesa está na mesma (24%) ou está boa (6%), e incluem, ainda mais provavelmente a maioria dos que têm intenção de votar no PS. 

Significativamente 18% dos inquiridos declararam não saber em quem votar, 13% disseram que não votariam e 5% votariam em branco ou nulo, o que soma 36%, mais de um terço do eleitorado o que dá uma boa indicação da estado da democracia doméstica. Considerando apenas as intenções de voto, o PS venceria com 31%, seguido do PSD com 25%, do Chega com 13% e da CDU e do BE empatados com 6% e da IL com 3%. Se a arrumarmos as intenções de votos em esquerda e direita, seja lá o que isso for, os primeiros teriam 47% e os segundos 43%, sobrando 10% de outros partidos (2%) e brancos/nulos (8%).  

As sondagens Aximage para a TVI e CNN apresentam resultados com algumas diferenças importantes. Excluindo os indecisos para efeitos comparativos com a sondagem ICS/ISCTE, o PS ganharia com 29,3%, seguido do PSD com 25,6%, do Chega com 13,6%, do BE com 7,1%, da IL com 5,3% e da CDU com 4,3%, do PAN com 3,6%. Nesta sondagem a esquerda e a direita estariam em igualdade com 47,1%. 

As conclusões mais importantes que podemos retirar são: (1) depois de um governação desastrosa, o PS continua a ser o partido mais votado; (2) o PSD com uma liderança frouxa não consegue descolar; (3) o Chega confirma-se como terceiro partido, certamente à custa do PSD; (4) BE recupera uma parte significativa dos votos perdidos, certamente à custa do PS. 

A sondagem ICS/ISCTE incluiu perguntas sobre as prioridades orçamentais, com os seguintes resultados: 62% acham que os impostos devem baixar; 28% entendem que a despesa social deve aumentar e 8% consideram prioritária reduzir o défice e a dívida. O mais interessante é que a esmagadora maioria (74%) dos que defendem que os impostos devem baixar opõem-se a que a redução se faça à custa das despesas sociais e a mesma maioria esmagadora (74%) dos que defendem o aumento da despesa social entendem que deve ser à custa dos impostos.

Em síntese: (a) temos uns 30% do eleitorado que votará PS, mesmo que o PS arruíne o país, mais ou menos os mesmos que acham que o Estado sucial gerido pelo PS deve trazê-los ao colo, mesmo que o país esteja arruinado; (b) a direita sem uma liderança inspiradora continua a não ser maioritária e não ganhará eleições sem o Chega; (c) a maioria quer reduzir os impostos sem reduzir a despesa social, ou seja, reduzir os impostos à custa do défice e da dívida (mesmo que uma maioria queira sol na eira e chuva no nabal). E é isto que temos.

23/09/2023

CASE STUDY: In the United Kingdom as in Portugal dos Pequeninos, wrong incentives lead to wrong outcomes

«(...) Britain had a good record on this score. For two decades until 2019 its inactivity rate (the share of people of working age who are neither working nor looking for a job) was among the lowest of any rich country. Then something went awry. Pandemic lockdowns smothered economic activity everywhere. But whereas other economies bounced back—since 2020 the inactivity rate has fallen, on average, by 0.4 percentage points across the OECD, a club of rich countries—in Britain, uniquely, it continues to climb, and is up by 0.5 points. What’s going on?

The immediate cause is not disputed: more Britons than ever are classified as unwell. Data released this week showed a remarkable 2.6m people, a record, are economically inactive because of long-term sickness—an increase of 476,000 since early 2020. Inactivity helps explain why firms are struggling with labour shortages and, in part, stubbornly high inflation. And there is a hefty bill. The Office for Budget Responsibility, the fiscal watchdog, says more long-term sickness has added £15.7bn ($19.6bn), or 0.6% of GDP, to annual government borrowing because of lost tax receipts and higher welfare spending. (...)

Instead, the primary cause is in the welfare system. The previous Labour government, and Conservative-led ones since 2010, gradually made it harder for claimants to get incapacity benefits. That helped guard against fraud and kept rates of economic inactivity low. But some people with real needs were wrongly denied benefits. In 2019, after several high-profile cases of people being declared fit for work and then dying, the government reversed course and made it much easier to obtain benefits. Over 80% of the claims lodged in the fiscal year 2019-20 were successful, up from just 35% in the decade before.

Meanwhile, perverse incentives have been added. The old system did a fair job of nudging those who were temporarily incapacitated back into work as soon as they were better. The new one has sharply raised the relative rewards of claiming to be permanently incapacitated. Those who are deemed unable ever to return to employment now get twice as much as those expected to go back to work one day. This gives people a strong incentive to exaggerate their ailments, and never look for a job again. (...)»

Why are so many Britons not working?

13/04/2023

Dúvidas (355) - No Portugal dos Pequeninos o que distingue os "bolseiros de investigação científica" dos escriturários, perdão, "assistentes operacionais"?

«Os bolseiros de investigação científica vão manifestar-se esta quinta-feira, no Porto, contra a precariedade em que continuam a viver. A principal reivindicação é a substituição das bolsas por contratos de trabalho, uma vez que atualmente não lhes é garantido subsídio de refeição, de férias ou de desemprego.» (fonte)

Resposta à pergunta do título: os subsídios.

12/03/2023

SERVIÇO PÚBLICO: A Pluma Caprichosa sofreu uma epifania

«Vivo num país onde é normal o Estado, leia-se o Governo, ajudar a pagar a renda da casa. Onde é normal o Estado, leia-se o Governo, ajudar a pagar as compras do supermercado e da mercearia. O Estado substitui-se ao cidadão e retira-lhe a capacidade de controlar os aspetos mais íntimos da sua vida, como gastar o dinheiro em bens essenciais. O Estado está presente em todos os quartos da casa física e espiritual do cidadão. Na cama, dirigindo-lhe a vida sexual através de prescrições doutrinárias disfarçadas de podes ser tudo o que quiseres e deves mesmo tentar ser tudo o que quiseres em matéria de género e identidade, na consciência individual, dirigindo-lhe a vida espiritual através de imposições doutrinárias nas escolas, estendendo um modelo de consciência coletiva sobre a individual que não é considerada suficientemente elevada para ter autonomia ou discernimento.

Nunca houve tanto Estado nas nossas vidas, em democracia, e nunca ele foi tão incapaz de formar cidadãos completos. O que resulta desta invasão subtil, permanente e insistente nas esferas privadas é um povo anestesiado e dependente, que protesta sobre tudo e com tudo, mansamente, surdamente, e aceita tudo o que lhe vendem todos os dias como bom procedimento, embora desconfie o tempo todo de que está a ser enganado. O Estado é o que se poderia designar como Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo.

As pessoas têm medo do Estado. A carta no correio, a multa, o requerimento, o selo, o imposto, o sobrescrito picotado da Autoridade Tributária. Exceto quando um antigo ministro da Economia tem o topete de dizer que cometeu fraude fiscal durante anos e que recebeu dinheiro do BES através de offshores, e que tal era prática normal no grupo e toda a gente fazia a mesma coisa, dentro e fora do grupo, e que o dinheiro, os milhões, diz ele, que recebeu do grupo enquanto era ministro, eram “prémios” atrasados. Mas “o que lá vai lá vai”, diz o distinto político socialista, ou ex-político, ou mesmo ex-socialista, quem sabe? Se é para o dom Fradique... é o que quiser.

Isto não parece provocar no povo de mão estendida, um povo de subsidiados que não ganham um salário ou reforma dignos e suficientes para comprar ovos e fruta e arrendar ou pagar a casa, qualquer protesto operacional, embora as redes sejam um esgoto compensatório

A Dr.ª Clara Ferreira Alves, a Pluma Caprichosa, uma vez ou outra, como agora, faz uma pausa na demonstração do seu cosmopolitismo erudito que verte na sua coluna da Revista do semanário de reverência, é vítima de uma epifania e escreve coisas como esta que agora cito. Infelizmente não retira todas as consequências da sua visão do excesso de Estado nas nossas vidas a começar por não se distanciar dos promotores desse excesso.

07/10/2022

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (52) - O "quiet quitting" foi inventado em Portugal

Outros portugueses no topo do mundo.

Recentemente surgiu nos mídia e nas redes sociais o termo quiet quitting, uma "nova tendência" que se pode traduzir por desistência silenciosa e definir como (por exemplo na Investopedia):

«A desistência silenciosa refere-se a fazer os requisitos mínimos do trabalho e não dedicar mais tempo, esforço ou entusiasmo do que o absolutamente necessário. Como tal, é um equívoco, já que o trabalhador não deixa de facto seu cargo e continua recebendo um salário

Como acontece frequentemente às novas tendências, esta é também uma coisa antiga a que chamaram nova. Perguntareis, uma coisa antiga? a esta escala? (metade da força de trabalho americana, segundo a Gallup). Respondo, sim e sim.  

"Ele anda por aí, não deve demorar"
Pois não é verdade que na função pública do Portugal dos Pequeninos há décadas, ou talvez desde que se usam casacos, é usado um expediente conhecido como casaco na cadeira que consiste em o funcionário ter dois casacos (no Verão só um é suficiente), sair e ir tratar da sua vidinha deixando um deles nas costas da sua cadeira e quando alguém pergunta por ele o colega do lado informa "não deve demorar, até deixou aí o casaco". O que é isto senão uma modalidade de "quiet quitting"? E uma modalidade engenhosa porque minimiza os requisitos mínimos do trabalho reduzindo-os apenas à presença do casaco.

03/04/2021

Costa ganha pontos no combate dos pequenos chefes do Portugal dos Pequeninos

DN

É certo que é uma amostra pequena, mas a diferença é tão grande e cada vez maior que deixa poucas dúvidas sobre abismo da vantagem crescente de Costa sobre Rio. Se Ortega y Gasset ainda por aqui andasse e se desse ao trabalho de comentar o combate dos pequenos chefes do Portugal dos Pequeninos, poderia dizer que as habilidades do urbanita Costa levam vantagem sobre o caciquismo mental e regional de Rio e que a circunstância da pandemia potencia a tendência medrosa e colectivista dos aborígenes para se renderam aos poderes instalados. Não certamente por acaso, uma ditadura mansa reinou quase sem oposição durante mais tempo do que a vida do regime actual.

07/08/2020

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Os portugueses que trabalham fora de Portugal não precisam de idiotas

«António Rolo Duarte – candidato a uma bolsa da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), que nem tinha a garantia de que a iria obter – dizia que estava a angariar dinheiro porque “a atribuição da bolsa que lhe financiaria o doutoramento na Universidade de Cambridge tinha sido adiada indefinidamente”» (Público)

Rita Carreira, que vive há décadas nos EUA, escreveu sobre esta parvoeira um post que me dispensa de acrescentar seja o que for. Aqui vai a tradução:
  
«Nos últimos dias, vi ser mencionada uma colecta de fundos por António Rolo Duarte, um rapaz que decidiu estudar história portuguesa em Inglaterra à custa dos contribuintes portugueses, mas afirma que a sua bolsa foi adiada indefinidamente. Há algumas coisas que me vêm à mente.

Primeiro, se você vai estudar história de Portugal, por que precisa ir para o exterior? Não ficaria melhor se ficasse em Portugal e convidasse um professor estrangeiro para a sua comissão? Isso é o que faz mais sentido para mim. Por exemplo, nunca vi um estudante americano ir para o exterior para estudar uma questão americana, mas vi estudantes americanos irem para o exterior para estudar questões que dizem respeito ao país para onde vão. No máximo, faria sentido ir à Inglaterra estudar um trecho da história portuguesa que tivesse a ver com a Inglaterra.

Em segundo lugar, como é que isto serve o interesse público dos contribuintes portugueses? Trata-se de um tema que o aluno não conseguiria pesquisar em Portugal, pelo que os contribuintes precisam de financiar o acesso a um lugares/especialistas estrangeiros? 

Terceiro, se uma universidade estrangeira o convida para fazer um Ph.D., por que ela não facilitaria o acesso ao financiamento interno por meio de bolsas de estudo ou estágios? Se você é tão bom que eles o convidam para ficar, então eles obviamente sentem que têm algo a ganhar com o seu trabalho, então eles deveriam estar dispostos a pagá-lo pelo seu doutoramento. Basta escolher um tópico para o qual eles possam proporcionar-lhe financiamento ou um estágio de ensino. 

Em quarto lugar, a motivação para esta angariação de fundos parece basear-se na mentira e na deturpação da conduta de uma entidade pública portuguesa. Presumo que a sua bolsa será cancelada e que terá de enfrentar dois processos: um por fraude e outro por difamação, nos termos do artigo 187.º do Código Penal Português.

Quinto, ele deveria ser expulso do doutoramento. Um aluno que exibe este tipo de comportamento e falta de moral não deve obter o título de doutor. 

Em sexto lugar, tenho pena da família dele, que tem de suportar as suas birras públicas e estou chateada pelo seu comportamento fazer os portugueses ficarem mal no estrangeiro. Nós, as pessoas que trabalhamos fora de Portugal e fazemos o nosso melhor para nos retratarmos a nós mesmos e ao país da melhor forma possível, não precisamos de idiotas que nos façam parecer mal.»

16/07/2020

ACREDITE SE QUISER: Nova estrondosa vitória do Dr. Costa no Planeamento Socialista, a caminho da Taça Europeia

Esta já cá canta
Primeiro o Dr. Costa bateu irremediavelmente o seu correlegionário Pedro Sánchez na modalidade do planeamento socialista, ao encomendar o seu plano pluriquinquenal do Estado Sucial lusitano ao Dr. Costa Silva que «em dois dias tinha o essencial do plano pronto» e num mês tinha a obra concluída, à espera do disparo da bazuca de Merkel-von der Leyen.

Do lado espanhol foram precisos «mais de uma centena de especialistas, entre economistas, cientistas e sociólogos» que andam há mais de dois meses a preparar um plano para 30 anos.

Assim, o Dr. Costa, como já tínhamos concluído, venceu a Taça Ibérica do Planeamento Socialista com o score de 3 participantes/dia por cada um dos 10 anos do plano, derrotando o Dr. Sánchez que precisou até agora de 200 participantes/dia e precisará de muitos mais para completar o seu plano de 30 anos. É esmagador, mesmo descontando o calor sufocante de Madrid nesta altura do ano.

Vencida a Taça Ibérica, o Dr. Costa subiu a parada e confrontou-se com Monsieur Macron que nomeou no final de Maio uma comissão para preparar o plano em 7 meses com uma equipa de 26 economistas, incluindo oito americanos, oito europeus não franceses e três prémios Nobel. Parece que o plano é quinquenal pelo que a performance francesa fica-se por 1.092 participantes/dia por ano de plano. É muito fraco, mesmo considerando que M. Macron possivelmente incluiu nos 7 meses uma margem para tropelias dos gilets jaunes durante os trabalhos da comissão. 

Em conclusão, vencida a Taça Ibérica e derrotado M. Macron, o Dr. Costa está bem posicionado para vencer a Taça Europeia do Planeamento Socialista.

19/06/2020

ACREDITE SE QUISER: Estrondosa vitória do Dr. Costa na Taça Ibérica do Planeamento Socialista

Recordam-se do Dr. Costa ter nomeado em segredo em Abril como paraministro / conselheiro especial o Dr. Costa Silva? Recordam-se que esta luminária «em dois dias tinha o essencial do plano pronto», do plano de reconstrução da economia destruída pela troika composta pelo Dr. Costa, S. Ex.ª o PR e a pandemia? Caso não se recordam podem recordar aqui.

Partilhando dos mesmos ideais socialistas de substituir, com os resultados conhecidos, os agentes económicos e o mercado pelos planos pluriquinquenais do Estado Sucial, Pedro Sánchez, o Dr. Costa dos espanhóis, «convocou mais de uma centena de especialistas, entre economistas, cientistas e sociólogos» que andam há mais de um mês a preparar um plano para 30 anos.

Grande coisa! O Dr. Costa Silva, no fim de semana do 25 de Abril fez o mesmo para 10 anos!

  • Performance espanhola: cada ano de plano exigiu 100 participantes/dia 
  • Performance portuguesa: cada ano de plano exigiu apenas 0,2 participantes/dia
Em conclusão, uma estrondosa vitória do Dr. Costa na Taça Ibérica do Planeamento Socialista.

01/06/2020

Se o socialismo não resultou nas vacas gordas, porque haveria de resultar nas vacas magras?

O Dr. Costa que, em parceria com S. Exª. o PR, foi o artífice de uma estratégia de "guerra" à pandemia que enfiou a economia numa crise muito mais profunda do que a anterior, nomeou conselheiro especial para apresentar um plano de reconstrução da economia assim destruída o Eng. António Costa Silva, por acaso CEO da Partex, uma holding de petróleos, durante muitos anos participada da Fundação Calouste Gulbenkian e vendida no final do ano passado à PTE Plus, uma empresa pública tailandesa.

Mostrando ao que vem, o Eng. Costa Silva fez logo uma declaração de fé estatal: «esta crise mostrou que o papel do Estado tem que ser mais valorizado, mais Estado na economia, o Estado é o último protector contra todo o tipo de ameaças».

E para acabar com as dúvidas informou que o seu draft de plano aposta «nas infraestruturas físicas do país, modernizá-las todas, qualificar a rede viária, intervir muito no sistema de portos que é fundamental alavancar as exportações do pais, toda a rede portuária, construir um hub portuário, que tem sido desenvolvido um trabalho extraordinário nos portos, mas é muito importante infraestruturas portuárias, plataformas logísticas, ampliações de cais, que sejam uma aposta clara deste Governo.»

É um plano que o outro «Eng.» que emigrou para Paris, depois de falir o país e antes de ser preso, não desdenharia subscrever. Estamos assim no início de uma espécie de «Renovação na Continuidade» como a de Marcelo Caetano. Com uma diferença que em vez de suscitar após seis anos um golpe militar e a queda do regime, esta «Renovação na Continuidade» acabará por suscitar, após uma talvez longa agonia, prolongada pelas manobras ilusionistas do Dr. Costa, a declaração de falência do Estado Sucial, outra vez.

Na verdade, como recordou João Marques de Almeida, o PS tem uma longa experiência a torrar dinheiro dos contribuintes europeus. «Em 19 dos 25 anos de governos socialistas, Portugal recebeu cerca de 100 mil milhões de fundos europeus – ou seja, dinheiro oferecido pela UE. Mesmo assim, os governos socialistas não evitaram uma falência, em 2011, que obrigou a um empréstimo da UE e do FMI de mais cerca de 70 mil milhões de euros. Durante esse período, agravou-se o atraso económico de Portugal em relação à maioria dos países da UE, e os novos Estados membros, que entraram em 2004, aproximaram-se de Portugal, com alguns como a República Checa e a Eslovénia a ultrapassarem o nosso país em termos de PIB per capita. Ou seja, nos 19 anos socialistas recebemos muito dinheiro de Bruxelas, mas não nos tornámos um país mais rico e mais desenvolvido em termos relativos aos outros europeus.».

 É a confirmação de que a solução dos socialistas para as falhas do socialismo é sempre mais socialismo e mais Estado Sucial.

ADITAMENTO:

O Eng. Costa Silva, agora possuído por intensa fé no Estado português, há dois anos falando como CEO da Partex dizia «Nós, pura e simplesmente, decidimos não investir mais em Portugal, não vale a pena.»

22/05/2020

As luminárias das esquerdas têm sonhos húmidos com pandemias e catástrofes em geral (e até ejaculações)

Em retrospectiva: entre as esquerdas, mais numas do que noutras, vive-se um momento de excitação com a pandemia. Porquê essa excitação? Simplesmente porque todos os cataclismos, ou eventos que as esquerdas considerem como tais, como é o caso desta pandemia, obrigam geralmente, ou acham as esquerdas que obrigam, a uma maior intervenção do Estado, intervenção que as esquerdas sempre aplaudem. Evidentemente que o cataclismo que mais excita a esquerda das esquerdas é a revolução social, culminando com a tomada de um palácio de Inverno. Nesse sentido, esta pandemia é apenas um pálido ersatz, mas quem não tem cão caça com gato.

No post anterior dei vários exemplos de luminárias com sonhos húmidos e acrescento agora uma luminária de referência das luminárias de esquerda que foi além do sonho e teve uma ejaculação.

Vídeo
É caso para dizer que Lula com esta ejaculação sujou as calças e veio mais tarde penitenciar-se por isso. Sem razão, porque ele distraidamente foi sincero e estava certo na ideia que a esquerda colectivista (praticamente toda a esquerda, porque a esquerda libertária faleceu há muito) precisa desesperadamente de um Estado omnipresente que ela possa ocupar com os seus apparatchiks para cumprir a sua agenda.

09/04/2020

As luminárias das esquerdas têm sonhos húmidos com pandemias e catástrofes em geral

Entre as esquerdas, mais numas do que noutras, vive-se um momento de excitação com a pandemia. Como paradigma, cito o jornalista de causas / militante / comentador / analista,  ex-comunista, ex-Plataforma de Esquerda, ex-Política XXI, ex-bloquista, ex-Livre, ex-Tempo de Avançar, ufa!, Daniel Oliveira, que até recentemente desempenhou o papel de bactéria diligente-mor da fossa séptica socialista, papel que abandonou desgostoso com o fim da geringonça.
«Pressinto, pressentimos quase todos, a grandeza fundadora deste momento. Ele será recordado como o momento em que muitas coisas mudaram. (...) marca mesmo a História. Provoca ruturas.»
Assim escreveu a criatura em tom apologético, falando, imagina ele, em nome de quase todos. Repare-se grandeza fundadoramarca a História, provoca rupturas. E porquê essa excitação? Simplesmente porque todos os cataclismos, ou eventos que as esquerdas considerem como tais, como é o caso desta pandemia, obrigam geralmente, ou acham as esquerdas que obrigam, a uma maior intervenção do Estado, intervenção que as esquerdas sempre aplaudem. Evidentemente que o cataclismo que mais excita a esquerda das esquerdas é a revolução social, culminando com a tomada de um palácio de Inverno. Nesse sentido, esta pandemia é apenas um pálido ersatz, mas quem não tem cão caça com gato.

E porque aplaudem em geral as esquerdas uma maior intervenção do Estado procurando ocupar o Estado proporcionalmente ao seu grau de radicalismo?  A explicação geral é porque a esquerda é um credo que sacrifica a liberdade em nome da igualdade, na dúvida (esquerda «democrática») ou sempre (a «outra» esquerda) e a igualdade só pode ser conseguida coercivamente, o que requer a ferramenta adequada - o Estado controlado pela esquerda evidentemente. Por isso, sonha Daniel de Oliveira com os amanhãs que cantarão.

E será que os amanhãs vão mesmo cantar? Talvez não, lamenta  Ricardo Paes Mamede, um economista académico e mediático da Mouse School of Economics, com um poucochinho mais de sofisticação do que o padrão dessa escola, num artigo cujo título é, só por si, uma lamentação:  «Não, o vírus (ainda) não trouxe o socialismo de volta».

Comparando a actual crise da pandemia com a crise financeira de 2008, Paes Mamede lembra que «os Estados foram chamados a intervir em força, é certo», mas nem por isso o socialismo chegou. «Também agora a crise do covid-19 põe muitas pessoas a defender coisas inesperadas. Mas apesar do volume inaudito de socialização dos riscos e do papel activo dos Estados no combate ao vírus, há pouco de socialismo na situação actual». Porque, explica «não há socialismo numa sociedade onde a participação democrática e a representação dos trabalhadores estão suspensas.»

Temo, como agora se diz a propósito de tudo, que Paes Mamede esteja equivocado. Dependendo da modalidade de socialismo, onde há socialismo costuma haver pouca ou nenhuma participação democrática e costumam estar ausentes ou serem meramente formais os mecanismos e as instituições próprias de uma democracia liberal.

26/03/2020

Dúvidas (296) - Será o Gabinete de Monitorização uma espécie de Gosplan?

Vinte e sete economistas subscreveram uma espécie de manifesto a propor a criação de um Gabinete de Monitorização «para monitorizar a crise composto por quadros quer do sector privado quer público, bem como de representantes do governo

Não sei se estes 27 podem ser considerados uma espécie de macroeconomistas conexos ou simplesmente economistas mediáticos, sendo certo que a maioria são cientistas do Estado. Além destas dúvidas, tenho mais uma: será o Gabinete de Monitorização uma espécie de Gossudarstvênnîi Komitet po Planirovâniu, uma instituição criada em 1921, mais conhecida pelo petit non Gosplan.

18/12/2019

CAMINHO PARA A SERVIDÃO: O Estado Sucial como alfa e ómega do Portugal dos Pequeninos. Não há vida para além do orçamento


As pesquisas equivalentes para outros países dão os seguintes resultados:
  • Espanha «"pressupuesto general 2020" site:es» - 1 640 
  • França «"budget de l'État 2020" site:fr» - 640
  • Escócia «"scottish budget 2019" site:.scot» - 410
O que significa esta obsessão com orçamento? Significa que o Estado Sucial português engoliu a sociedade civil que não existe fora dele e os portugueses e as organizações de todas naturezas em Portugal estão penduradas na toalha da mesa do orçamento.

E poderia ser de outro modo? Na Europa os partidos comunistas desapareceram, os radicais resumem-se praticamente aos partidos Verdes, os socialistas estão fora dos governos europeus e por cá tivemos um governo de socialistas que perderam as eleições, apoiado por comunistas e esquerdistas, e agora temos outro que governa sem maioria e vai tratando da mercearia com os mesmos.