Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

31/05/2005

SERVIÇO PÚBLICO: acabar com os ricos ou acabar com os pobres?

«O secretário-geral do PS, José Sócrates, afirmou ontem à noite, perante a Comissão Nacional do seu partido, que "desta vez" as medidas de austeridade do Governo contra a crise económica também vão afectar os mais ricos.» (Público)

E quem são esses ricos que vão ser afectados? Os contribuintes cujo agregado familiar tenha mais de 60 mil euros de rendimento colectável anual. Mesmo sabendo que o engenheiro Sócrates acha que precisa de falar grosso para dentro do partido (e para fora para o PCP e o BE) para sossegar a esquerdalhada, não será um insulto à inteligência vir com estas baboseiras?

Não seria melhor o engenheiro Sócrates pretender, como o general Otelo, acabar com os ricos, como este último disse, nos idos de 75, a Oloff Palm, que lhe terá respondido que eles na Suécia preferiam acabar com os pobres?

30/05/2005

BLOGARIDADES: obrigado rapazes

A minha dívida aos blasfemos ameaça tornar-se impagável. Mesmo fazendo o write off dos débitos passados, só hoje livraram-me dum plágio distraído e iluminaram-me com a sua ciência os meus obscuros instintos.

Desde 4ª feira passada, quando revelei que os meus prognósticos infalíveis se deviam ao inside trading da minha mulher a dias, que andava a ruminar um post que haveria de chamar-se «Incompetentes ou mentirosos». Tê-lo-ia acabado por escrever se não tivesse lido aqui e aqui que António Barreto já me tinha subtraído o título e o conteúdo do meu post.

O meu instinto (o sucedâneo para a ignorância) tem-me levado a não ligar peva à Constituição Europeia, sussurando-me ao ouvido que a coisa não merecia tanto drama. À luz deste post blasfemo confirma-se que as coisas não são o que parecem.

As discussões apaixonadas não fazem a este respeito o menor sentido. A Constituição Europeia é o busto de Napoleão daquela velha anedota ordinária que eu não vou contar.

ARTIGO DEFUNTO: mais um (outro) óbvio e risível tijolo para reparar a danificada reputação do doutor Freitas

Repito-me. A culpa é dos lambe-botas do professor Freitas do Amaral que promoveram a sua correspondência da 3.ª para a 1.ª página do Expresso.

Desta vez trata-se do fac-símile duma carta apologética do professor a Condy, a ajudante diplomática do Hitler ianque, a promover a candidatura do engenheiro Guterres. Entre outros encómios ao trânsfuga do pântano, pode ler-se que ele pode «garantir uma forte liderança», juízo que se arrisca a ser a maior mentira do século, ao mesmo tempo que o professor se arrisca a ser o homem vivo com maior correspondência tornada pública, se permanecer a tomar conta dos negócios estrangeiros, nem que seja por mais uns meses.

Por falar no engenheiro Guterres, dêem-lhe tempo e o homem, quando terminar o encargo, terá acrescentado um ou dois milhares aos 6.000 funcionários do ACNUR e umas centenas de milhar aos USD mil milhões do orçamento dessa agência.

29/05/2005

BREIQUINGUE NIUZ: as coisas não são o que parecem

Os nãos franceses ganharam o referendo. O não xenófobo, o não proteccionista e iliberal, o não do medo, e outros pequenos nãos. Mas essencialmente o não ao chiraquismo bafiento. Não é uma vitória do não. É uma derrota de Chirac.

Será o fim da União Europeia? Nem por isso. Talvez o fim, por uma década, do projecto federal europeu. Para que precisa a UE duma constituição de 200 páginas?

ARTIGO DEFUNTO: a normalidade do anormal

Editada pelo especialista da noite senhor Vítor Rainho (será da mesma família dum outro Rainho radical chic?), a Única do Expresso assume-se cada vez mais como mais uma revista freak. Como o velho Pif Paf do Millor Fernandes, cada exemplar é um número e cada número é exemplar.

Só neste último exemplar podemos encontrar, entre outros, mais um relato dum caso de luso-sucesso (uma insistência freudiana), desta vez dumas manas que tocam órgão, a biografia da fadista sexotérica Valéria (já referida no post impertinente Um transformista em Belém?), dum gentleman bandit, dos adeptos portugueses do Manchester, dum porno gay performer que engatou uma portuguesa tonta que o pretende trazer para cá, da pista portuguesa do piano man, da Mata Hari chinesa do século XXI, dos praticantes alfacinhas do Bondage/Discipline/Sado/Maso (BDSM),
do grupo de psicóticos reunidos no MRPP (muitos deles podem ainda ser vistos em acção no radical chic), do fim do Ramadão de 11 anos dos lampiões ilustrado pela cueca n.º 20 do Simão, das lágrimas dos dragões tripeiros momentaneamente sem o ersatz da bola (get a life!).

De todos esses casos freak, o mais mainstream e de futuro garantido é o da prática do BDSM, considerada a experiência dos portugueses na sua relação com a política e os políticos.

28/05/2005

BLOGARIDADES: o cair de um outro mito

O post «O cair de um mito reloaded» do Grande Loja do Queijo Limiano parece insinuar que entre os despesismos do professor Cavaco e os do doutor Durão Barroso e do episódico doutor Santana Lopes passou, de 1995 e 2000, um salvífico engenheiro Guterres acolitado pelo guardião da finanças públicas professor Sousa Franco.

Se é certo que todos os governos do PSD foram despesistas, os governos guterristas estão completamente inocentes de qualquer controlo orçamental, ao contrário do que parece mostrar o gráfico apresentado. Bastaria saber-se, como se sabe, que nesse período os efectivos da função pública tiveram um aumento líquido de mais de 50.000 e que nesse mesmo período se começaram a fazer sentir os efeitos desse enorme disparate do professor Cavaco Silva - o esquema de carreiras profissionais que garante o aumento automático a toda a gente. Bastaria isso para acender o desconfiómetro sobre a alegada virtude orçamental dos governos de Guterres. Teria que haver um milagre.

E houve. Não um, mas dois milagres. O primeiro foi o crescimento da economia nesse período e, já agora, lembre-se a gestão orçamental pró-ciclíca, cujos custos ainda hoje estamos a pagar. O segundo milagre foi o efeito da descida das taxas de juro que naquele período significou cerca de 3% do PIB, sem os quais o défice em 2000 teria estado ao nível do segundo governo despesista do professor Cavaco Silva.

(O post impertinente «A insustentável leveza da pesada herança do professor Sousa Franco e as atribulações do casal franco-alemão» publicado em 16-12-2003, ainda em vida do visado, explica um pouco menos superficialmente o milagre)

Se a direita portuguesa «não sabe gerir as finanças públicas» não será a esquerda portuguesa que lhe vai dar lições. Ambas sofrem dum entranhado culto do estado napoleónico-estalinista e duma dependência doentia da vaca marsupial pública para proporcionar as sinecuras com que ambas pagam os favores e dão emprego ao merdoso respectivo pessoal político que delas se sustenta.

27/05/2005

SERVIÇO PÚBLICO: grão a grão enche a galinha o papo

A galinha e a vaca marsupial pública.

Veja-se este exemplo inacreditável descrito pelo Grande Loja do Queijo Limiano: um centro de reeducação de menores onde MAIS DE 50-FUNCIONÁRIOS-MAIS DE 50, incluindo 31 administrativos, 9 professores, um médico e um padre e um tratador de cavalos tomam conta de NOVE-JOVENS-NOVE.

Precisa-se uma insurreição urgente contra o estado napoleónico-estalinista - o tratador da vaca marsupial pública.

LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE: homenagem à varredora Fernanda


Fernanda Ruivo, varredora, futura comandante da GNR de Vale de Telhas, numa outra encarnação

26/05/2005

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: vale mais uma varredora do que dois GNRs sem colete

Secção Tiros nos pés
Na passada segunda-feira, 3 meliantes assaltam a agência de Valpaços da Caixa, armados de «uma caçadeira de canos serrados e uma pistola 7,65 mm». Insisto, não uma metralhadora pesada, não um míssil, «uma caçadeira de canos serrados e uma pistola 7,65 mm».

Uns quilómetros depois, em Bouça, «em frente ao Café Coelho, colocaram o saco com o dinheiro no chão, enquanto conferenciavam. Os populares, alertados pelas notícias, ligaram para a GNR. Os dois militares que foram ao local foram recebidos a tiro pelos assaltantes e, em inferioridade numérica, tiveram de se proteger. Os soldados estavam armados com pistolas 9mm». Insisto, não com fisgas, «pistolas 9mm».

Depois dumas caricatas trocas de tiros, que as televisões mostraram, os GNRs deram à sola e deixaram a sua viatura para os assaltantes continuarem a fuga confortavelmente.

«Logo após o tiroteio, Fernanda Ruivo, varredora de ruas, foi com um irmão e um outro popular no encalço do assaltante que escapou a pé para o centro de Vale de Telhas. "Depois dos tiros fui, de bicicleta, atrás do homem. Ele estava atrás de uma cerdeira. Os outros que me acompanhavam tiveram medo mas eu disse ao bandido: ‘Não tenha medo, sou da policia, à paisana. Ele fugiu, mas atirei-me a ele, dei-lhe duas bastonadas. Agarrei-o e entreguei-o à GNR".» (ver a estória toda aqui)

«Os dois agentes que enfrentaram os assaltantes em Vale de Telhas estiveram expostos aos tiros dos indivíduos a peito descoberto, sem coletes anti-bala e com menor poder de fogo» levam quatro urracas e uma recomendação para fazerem um curso de sociologia e serem reclassificados como assistentes sociais.

A varredora Fernanda, uma padeira de Aljubarrota de serviço em Vale de Telha, leva 5 afonsos e uma recomendação para substituir o comandante da GNR do posto de Valpaços.

25/05/2005

TRIVIALIDADES: read my leaps - a minha mulher a dias é que sabe

Não precisam de me agradecer, mas o Impertinência anunciou aqui, em primeira mão, 3 dias antes do governo, o aumento do IVA para 21%, hoje oficializado pelo engenheiro Sócrates .

Como foi possível este humilde bloguenauta, entre muitos outros (uns humildes, outros não) ter antecipado vários meses a decisão do governo de aumentar os impostos (o então candidato jurava o contrário) e, sem dormir sobre os louros, antecipar agora o aumento do IVA?

Obrigado por terem perguntado.

Pela minha parte a resposta é simples. A minha mulher a dias faz o turno de madrugada da limpeza do Banco de Portugal.

(seis vírgula oitenta e três por cento, nem menos uma centésima)

24/05/2005

SERVIÇO PÚBLICO: eles não estão a gozar connosco

Por cá o doutor Constâncio, consulta os astros, deita as cartas e revela o défice em 12 compactas páginas, à razão de 0,57% por página.

Em substância, o doutor Constâncio descobriu, após meses de aturados estudos, que as juras de não aumentar os impostos do engenheiro Sócrates não são para levar a sério.

Lá longe, no Japão, o doutor Sampaio soluça tolhido de emoção e balbucia que «o problema do défice é complicado e difícil», mas conclui, confiante e pleno de fervor patriótico, que «os portugueses saberão superar estes momentos difíceis» (DE).

Amanhã o engenheiro Sócrates, munido do rigor centesimal do défice de 6,83% revelado pelo doutor Constâncio, irá anunciar ao país expectante as medidas preparadas pelo governo em dois cansativos serões.

Por muito que nos custe acreditar, nem o doutor Constâncio, nem o governo, desde o engenheiro Sócrates até ao mais ínfimo subsecretário de estado, muito menos o doutor Sampaio, estão a gozar connosco. E é isso que me preocupa.

CASE STUDY: é a cultura, estúpido

O pingue-pongue dos polícias e dos magistrados nos casos de corrupção, saltitando alternadamente do pessoal do PSD ou CDS para o PS e vice-versa, tem o mérito de mostrar o grau de corrupção de tais polícias e magistrados. Mais nada. É um pingue (caso dos sobreiros para o lado do CDS)-pongue (caso A. Santos para o lado do PS) que termina sempre empatado. É um jogo de soma zero. É perda de tempo.

"Nós vivemos num ambiente de lassitude moral que se estende a todas as camadas da sociedade. Esse negócio de dizer que as elites são corruptas mas o povo é honesto é conversa fiada. Nós somos um povo de comportamento desonesto de maneira geral, ou pelo menos um comportamento pouco recomendável" (João Ubaldo Ribeiro na «Veja», a propósito do Brasil - citado aqui pelo Mar Salgado).

Pois. Esse negócio de dizer que o povo é corrupto de uma maneira geral mas as elites são honestas duma maneira particular, também seria conversa fiada. Talvez o povo seja desonesto de maneira geral e as elites sejam corruptas em particular.

É o colectivismo e a aversão ao risco (os maiores scores europeus [*], medidos pelo incontornável Geert Hofstede).

É a cultura, estúpido.

[*] Portugal deixou de figurar desde há alguns anos nas análises de Geert Hofstede; os últimos dados que tenho são de 1995.

23/05/2005

SERVIÇO PÚBLICO: precisa-se insurreição contra o estado napoleónico-estalinista

Faz tempo, já aqui me insurgi contra a incompetência do «grossista da pedofilia para nos ensinar a educar os nossos filhos». Referia-me à educação em geral e fiquei preocupado.

Se pensasse na chamada educação sexual teria ficado aterrado. Como acabei por ficar quando recentemente se levantou a ponta do véu sobre o que se prepara na sombra para promover essa disciplina (?) nas mentes dos nossos filhos.

O que parecem ser as «linhas orientadoras da Educação Sexual em Meio Escolar» que o estado se propõe administrar aos nossos filhos? À primeira vista, entre outras coisas, uma óbvia promoção dos comportamentos sexuais desviantes ou, para quem prefere uma linguagem mais crua, a promoção da homossexualidade como um comportamento «normal». Trata-se do contrabando moral do politicamente correcto que nos quer convencer, não já que devemos aceitar e não discriminar os homossexuais, do que já estou convencido há pelo menos 40 anos, mas que a homossexualidade é tão normal como ter um só pulmão, pelo que devemos estar preparados para extirpar o excedentário.

Mas que estado é esse ao serviço do relativismo moral?

É o estado incompetente que, a pretexto de cuidar dos jovens sem família, geriu durante anos um supermercado da pedofilia.

É o estado incompetente que degrada ano após ano a qualidade do ensino como, uma vez mais, se torna patente nas avaliações da OCDE que evidenciam a lamentável situação na matemática, nas ciências e na leitura, num país que gasta em educação uma percentagem do PIB superior a quase todos os outros países europeus (ver o relatório First Results from PISA 2003 ou, para quem tem menos pachorra, o Executive Summary)

É o estado napoleónico-estalinista.

(Ver aqui a educação sexual segundo o estado napoleónico-estalinista)

22/05/2005

DIÁRIO DE BORDO: o ruído do silêncio

Se o governo do doutor Lopes se dissolveu na sopa da sua incompetência, cozinhada no lume brando do presidente da República e na fogueira dos média, o governo do engenheiro Sócrates, levado ao colo pelo mesmo PR e incensado pelos mesmos média, vai-se dissolvendo no seu próprio suco gástrico.

Ele é o ministro da Saúde que é desmentido, pelo próprio chefe. Ele é o secretário de estado que contradiz o seu ministro sobre as SCUTS. Ele é o chefe no grupo parlamentar que diz que não está lá para aumentar impostos, que toda a gente sabe que só podem ser aumentados (read my lips). Ele é o ministro das Finanças que manda recados na primeira página do Expresso a ameaçar dar o fora se. Ele é a pescadinha de rabo na boca do governador do BdeP que está a consultar os astros para saber o défice que resultaria do que até ao fim do ano o governo faria (que ainda não sabe o que seja), enquanto o governo espera para saber o que há-de fazer até ao final do ano depois de saber ao certo quanto seria o défice se não fizesse o que ainda não sabe que fará (dilema hamletiano 6,9% ou 7,1%?).

Já que falo do governo levado ao colo, felicito os lampiões que, diz quem sabe, também parece terem sido levados ao colo. A felicidade dos alegados 6 milhões de adeptos (contando com criancinhas de colo, cujos os pais já os destinaram a sócios do glorioso) é tão grande, e o prémio de consolação dos dragões tão inesperado, que só os lagartos irão reparar que a medicina que o governo vai aplicar será pior do que perder 3 jogos decisivos numa semana.

Contribuintes festejando o aumento do IVA para 21%

21/05/2005

TRIVIALIDADES: a fé inquebrantável na coisa pública

Mais uma ejaculação dum órgão legislativo. Foi a vez do Ministério da Justiça ter uma de grande elevação: a portaria n.º 483/2005 publicada no DR 96 SÉRIE I-B de 2005-05-18 que «aprova o modelo de selo branco, como símbolo de fé pública, a usar pelo notário no exercício das suas funções»


O símbolo de fé pública no estado napoleónico-estalinista

20/05/2005

CASE STUDY: separados à nascença

Uma das técnicas usadas para compreender a interacção entre o inato e o adquirido é o estudo de gémeos idênticos separados à nascença.

Podemos usar a mesma abordagem a países artificialmente separados para ajudar a compreender a influência dos regimes políticos no desenvolvimento económico e social. Os casos da Alemanha e da Coreia são clássicos para comparar os resultados produzidos pelo comunismo durante 45 anos na Alemanha de Leste e um pouco mais, até hoje, na Coreia do Norte. O caso da China e Taiwan é menos referido, pela diferença de dimensão, apesar de ser tão significativo como os outros.

As diferenças são tão esmagadoras, nos domínio económico, social e político, que é um mistério como não varreram da face da terra a vulgata da esquerdalhada.

Um caso diferente, porque o período de separação foi muito mais curto e terminou há 30 anos, é o do Vietname, que desde 1975 tem um regime político cripto-comunista em todo o país. O PC vietnamita copiou a solução chinesa, abriu certos sectores da economia ao investimento privado nacional e estrangeiro, mantendo, como o seu homólogo chinês, um controlo férreo sobre a economia.

A priori seria de esperar que o curto período em que o sul não esteve sob o controlo dos comunistas e as condições excepcionais de guerra, as diferenças no plano do desenvolvimento económico fossem pouco significativas. O facto de não ser assim, é mais um prego para o caixão do modelo comunista. A América pode ter perdido a guerra, mas o capitalismo ganhou-a.


(juntos mas diferentes)

Com a sua cegueira habitual, a facção dinossáurica dos comunistas, como de costume, não percebe nada do que se passa e titula distraidamente no seu pasquim oficial, a propósito do aniversário da queda de Saigão «A pulga venceu o elefante». Deveria acrescentar e engoliu o insecticida.

19/05/2005

CASE STUDY: alguém haveria de o dizer

«O Estado, que ainda tem em Portugal uma dimensão napoleónico-estalinista, continua altamente burocratizado (...) A mera mudança de nome para Y Dreams demorou um ano».
(dito por António Câmara da Y Dreams e lido nesta blasfémia de RAF)

Nova entrada urgente para o Glossário das Impertinências (antes que os blasfemos pendurem este estado num prego na «Galeria Blasfema»):

Estado napoleónico-estalinista
Um estado omnipotente e omnipresente que oprime uma nação colectivista da ÓRÓPA que mantém com ele uma relação de amor-ódio. Um estado governado por ELES. Um estado que alimenta uma VACA MARSUPIAL PÚBLICA. Em poucas palavras: um estado em que «a mera mudança de nome para Y Dreams demorou um ano» (António Câmara).

DIÁRIO DE BORDO: uma onda de cagaço alastra pela Europa

64% dos alemães têm uma boa opinião de M. Chirac (o dobro dos franceses), quase a mesma percentagem dos que detestam Dubia. 58% acham o mesmo de Kofi Annan e mais de um terço adora Vladimir Putin. (ver Davids MEDIENKRITIK aqui)

Os governos francês e a alemão, devidamente suportados pelas respectivas opiniões públicas, ao mesmo tempo que querem condicionar a importação de cuecas chinesas, pretendem levantar o embargo da venda de armas à China, em vigor desde que os blindados comunistas passearam em cima dos manifestantes em Tiananmen.

Em França o NON à Constituição Europeia suporta-se precisamente nas razões opostas («a constituição é a nossa defesa contra o liberalismo», diz M. Chirac) às dos eurocépticos do outro lado do canal.

O governo português expropriou a Bombardier e pretende torrar milhões de euros dos nossos impostos na fornalha da CP a fazer carruagens para ocupar os 25 (vinte e cinco) desempregados que ficam para trás. Com esses milhões atrelará as carruagens ao comboio que nos vai mostrar uma luz no fundo do túnel? (ver Sérgio Figueiredo, aqui)

O cagaço é mau conselheiro.

ARTIGO DEFUNTO: há Cóltura para além do Estado?

Folheio o caderno Actual do Expresso da semana passada para evitar ver no écran a derrocada dos lagartos às mãos do mãozinhas de banana. Fixo os olhos no pasquim de artes & letras que só trata de dinheiro. Lá está sempre a mesma Cóltura (com maiúscula).

  • «RTP dá três milhões»
  • «MC corrige estratégia - Ministra quer Rectificativo para questões estruturais»
  • «Teatro suspenso a Norte - Providência cautelar trava atribuição de subsídios»
  • «Serralves em Lisboa - Joe Berardo quer um museu à escala europeia para servir Portugal»
  • «Hoje é noite de museus - Iniciativa do MC francês chega a Portugal»
  • «Compasso de espera - Músicos assinam contratos mas tutela suspendeu apoio»
  • «"Fado" à venda em Junho - Autoridades portuguesas continuam a adiar compra do espólio»
Parei aqui para respirar. Daniel de Carvalho, o brasileiro dos russos, «rasgava» os trapos da defesa lagarta.)

18/05/2005

BREIQUINGUE NIUZ: a inimputabilidade dos jornalistas

15 pessoas foram mortas no Afeganistão e em diversos outros países islâmicos em manifestações contra a alegada profanação do Corão na base de Guantanamo noticiada pela Newsweek e posteriormente desmentida.

«We regret that we got any part of our story wrong, and extend our sympathies to victims of the violence and to the U.S. soldiers caught in its midst» desculpou-se a Newsweek no seu número publicado no domingo passado (notícia da CNN aqui).

A autoria moral das mortes é dos jornalistas da Newsweek. Serão eles inimputáveis como os interditos por anomalia psíquica?

17/05/2005

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Vasco, o sofista (ACTUALIZADO)

Secção Insultos à inteligência
«Santana Lopes apontou o exemplo do túnel da Avenida João XXI, realizado entre 1995 e 1997, que foi aprovado sem "aprovação preliminar do projecto de execução pela câmara de Lisboa e sem estudo de impacte ambiental" Também os túneis da Avenida da República e do Campo Grande, concluídos em 1993, foram aprovados sem a aprovação dos respectivos estudos, sustentou.»

«Para o vereador socialista Vasco Franco, Santana Lopes "tem o direito de fazer as comparações que achar convenientes entre o passado e o presente". "Procuramos ser uma oposição eficaz, apontando os aspectos que parecem negativos. Se houve outros túneis que não cumpriram todos os requisitos que reclamamos para o túnel do Marquês, não nos cabe comentar, uma vez que não tínhamos essa matéria sob a nossa gestão directa, e não éramos oposição", sustentou.»
(Público)

O vereador socialista Vasco Franco tem o direito de nos tratar como estúpidos e eu tenho o direito de lhe atribuir 4 ignóbeis. Só não leva 5 porque esses estão reservados para o vereador comunista Manuel Figueiredo que arrumou o assunto com uma penada, acusando Santana Lopes de vitimização.

ADITAMENTO AD HOMINEM
Numas crónicas electrónicas para amigos escrevi em 06-07-2002 o seguinte acerca do sofista Vasco:
«Quem teve uma semana em grande, é um tal Vasco Franco, presuntivo líder socialista na CM Lisboa, que teve honras de 1ª página no Expresso. Segundo esta instituição, o companheiro Vasco consegue, aos seus cinquenta anos, um invejável activo: uma reforma da função pública de 3.035 euros, somada a uma outra de 900 euros, ganha por uma unha encravada em combate, e adicionada a uma posição numa empresa camarária que lhe rende 4.000 euros e mais uma senhazitas de presença na CML de 250 euros, um carrito, motoristazito, secretáriazita, assessoreszitos e telemóvelzito. De um passivo só terá uma grande falta de vergonha, mas nada que o perturbe excessivamente.»

ESTÓRIA E MORAL: dos que podem aos que precisam

Estória
«O primeiro-ministro, José Sócrates definiu hoje (ontem), em Varsóvia, a promoção do apoio das regiões mais ricas às mais pobres como um dos objectivos de Portugal durante os seis meses em que assumirá a presidência do Conselho da Europa, que começam a partir de amanhã.» (Público)

Entre as regiões mais pobres «do que ele próprio julgava» imagino que se encontrem as portuguesas. Quão pobres ainda se não sabe, enquanto o BdeP estiver a estudar o assunto. «Vamos esperar pelos resultados e depois falaremos», disse o engenheiro Sócrates.(Público)

O doutor Constâncio que ainda há pouco foi falar com o PR sobre o tamanho do défice, não se descoseu em público. É um segredo de estado. Aguarda-se a todo o momento que o PR venha dizer que é preciso serenidade e que há vida além do orçamento.

À cautela, aproveitando o facto de assumirmos a presidência do Conselho da Europa podemos dar o exemplo e esmolar mais uns cobres às regiões abastadas.

Moral
A pessoa que sugere dividir a conta por todos é sempre a que pediu o prato mais caro.

Desabafo: não sei se é falta de imaginação ou se é este postulado que começa a ser incontornável.

15/05/2005

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: um pequeno grande pensamento

Secção Universos paralelos

Mal eu sabia que a conferência «Portugal em Exame», uma sessão de espiritismo promovida pelo incontornável doutor Balsemão para aumentar a auto-estima dos prosélitos dessa ciência lúgubre chamada economia, iria produzir tantas e tão boas ideias.

Mas nenhuma tão boa e tão original como a produzida pelo doutor António Vitorino:

«O pior vai ser implementar as soluções»

Por este pensamento, que nenhuma luminária da estranja seria capaz de produzir, pensamento que nos resgata de séculos de decadência, abono ao pequeno grande Dom Sebastião da política caseira 5 merecidos chateaubriands.

14/05/2005

BLOGARIDADES: com a verdade me enganas

Que Semiramis tivesse ficado «em dívida para com a sociedade pelas numerosas, megalómanas e sumptuosas construções que mandou fazer» consigo perceber. Ela, como o engenheiro Guterres nos seus dois consolados, arruinou o erário público e deixou Babilónia de tanga.

Não consigo perceber que Semiramis tivesse ficado «em dívida para com a sociedade pelos seus excessos sexuais.» Segundo as minhas fontes, ela escolhia todas as noites um amante entre os soldados com melhor aspecto do seu exército e, manhãzinha cedo, ao toque de alvorada, enxotava-o da real enxerga e mandava-o passar pelas armas. É o que faria qualquer outra mulher se tivesse os meios e a oportunidade. Há aqui algo de censurável? Talvez o facto de Semiramis não dar um segunda oportunidade aos seus amantes. Mas quantos a mereceriam?

Chegados a este ponto, o que terá levado Joana a escolher o nome Semiramis para o seu blogue? De que se arrepende Joana? Porquê o «acto de contrição»? Terá sido ministra das Obras Públicas noutra encarnação? O que tem escondido no seu armário? O que irá fazer «dentro de 30 ou 40 anos»?

Fica bem recordar que tudo isto começou com o chumbo na cadeira de Credibilidade I que os doutores Pacheco Pereira e Daniel de Oliveira deram aos anónimos bloguenautas.

Bem hajam.

13/05/2005

ESTÓRIA E MORAL: a crise está instalada (outra vez)

Se não fosse o post blasfemo «Fachada», não teria reparado na choraminguice da directora do Museu Nacional de Soares dos Reis ameaçando o encerramento pela falta de pessoal.

Em Junho de 2003, ainda antes da fundação do Impertinências, escrevi num email para os meus amigos uma estória com moral com o título «a crise está instalada» que vem a propósito recordar.

Estória
O mês passado, aproveitando a ausência em Sevilha do exército dos dragões, estive uns dias na Cidade Invicta.

Entre os vários sítios por onde andei a vadiar, encontrou-se o museu "de" Soares dos Reis - o "de" é muito importante. O dito museu alberga uma colecção de pintura portuguesa e é um dos poucos lugares onde se percebe que, afinal, os portugueses também pintam.

Mas a coisa mais extraordinária que vi não foi a pintura, foi o incontável número de funcionários que enxameavam as salas em número muito superior ao dos visitantes, apesar da ocasional visita duma turma de infantes que, pastoreada por um paciente professor de desenho (agora chama-se artes visuais ou coisa assim), deambulava, de olhos vazios pendurados nos quadros e nas esculturas, pelas salas do museu.

Já me tinha esquecido de contar a estória se não fosse uma providencial jornalista da cultura chamada Nair Alexandra que, qual mãe ansiosa gemendo pelos seus rebentos, escreveu num dos numerosos cadernos do Expresso um grito de alma dedicado ao museu, a que chamou "A crise está instalada".

Por entre os gemidos de sofrimento cultural que escorrem das três colunas da Nair, fiquei a saber que faltam vigilantes e que ao fim de semana o museu corre o risco de ficar fechado. Fiquei também a saber que o director do museu se queixa da burocracia e da falta de autonomia financeira, o que no linguajar dele deve querer significar o mesmo que a "autonomia" universitária significa para os reitores - a gente manda para lá o dinheiro dos contribuintes e eles fazem dele o que quiserem.

Moral
A pessoa que sugere dividir a conta por todos é sempre a que pediu o prato mais caro (asserção de Cann - um dos milhares de corolários das Leis de Murphy).

Adendas à estória de há 2 anos:

(1) Também o Grande Loja do Queijo Limiano trata do tema da choraminguice da «falta de verba para contratar vigilantes», sugerindo que um choque tecnológico com vídeo-vigilância resolveria o problema. Resolveria se. É um se tão grande que está completamente fora do alcance deste governo. Eu diria mesmo mais, como o Dupont, o choque tecnológico se aplicado generalizadamente ao paquidérmico corpo da vaca marsupial pública tornaria redundante 1/3 dos seus utentes.

(2) Enquanto não chega o choque tecnológico aos museus, não se percebe porque cargas de água não se contratam mais uns milhares de vigilantes. Para quem já deve 93.880 milhões de euros, ou seja 66,8% do PIB, qual é o problema?

12/05/2005

BREIQUINGUE NIUZ: os olhos da nação estão postos no Dubai

O que se terá passado no Dubai que fez o governo esquecer o choque tecnológico, o ministro dos Bombeiros suspender o enchimento dos auto-tanques, o ministro das Finanças interromper as contas ao défice, o ministro dos Negócios Estrangeiros abandonar a colocação dos embaixadores, o presidente da república interromper a poda das roseiras de Belém?

Fosse lá o que fosse, o rapaz voltou a casa. É caso para dizer, como a Joana, «foi até agora o charro mais caro alguma vez fumado por um português».

Agora que a máquina está montada, é caso para dizer, como o Jaquinzinhos, «para Angola e em força» resgatar o gajo dos bigodes. Para começar vamos todos assinar a petição ao camarada presidente preparada pelo homem-a-dias (cada vez mais homem-a-meses).

Breiquingue Niuz
Um nova área temática onde o Impertinências trata na primeira oportunidade os assuntos que já saíram das primeiras páginas dos jornais faz um tempo. A primeira oportunidade para um gajo que seja rico, desempregado, estudante, professor com horário zero, funcionário do ministério da agricultura é uma coisa. A primeira oportunidade para um gajo que é um profissional liberal semi-aposentado é outra. Os clientes que ocupam a parte que não está no semi só pagam contra output. Se há circo, há dinheiro. Senão, não.

BLOGARIDADES: roído de inveja? moi?

Apavorados pelo veredicto das duas luminárias da Bloguilha que reprovaram os anónimos no exame de Credibilidade, vários eméritos bloguenautas baquearam sucessivamente em poucos dias.

O primeiro foi MacGuffin. Fez um coming out quase completo. Até uma enfezada foto publicou. Faltou informar-nos, entre outras coisas, o tamanho das peúgas. Com um nome destes terá que compreender-se que só lhe restava sucumbir ao veredicto luminário. Este era talvez o «anónimo» mais desconstruído.

Seguiram-se em catadupa o BrainstormZ que se sentiu obrigado a explicar-se perante o olímpico comité de credenciação, o jaquinzinho de jcd que mostrou as partes pudendas, e, pasme-se, a Joana do Semiramis que, a pretexto de eu a ter citado, também se desvenda «pondo o Impertinências a roer-se de inveja, colocando os meus documentos de identificação neste blogue.»

O assunto estaria encerrado não fosse essa petite boutade da Joana, imaginando-me a roer-me de inveja. Perdoo-lhe porque tem que se ser tolerante com quem bota um nome destes no seu blogue.

Roído? Só se for de dó. De dó por tão valorosos bloguenautas terem sucumbido à primeira admoestação do comité de credenciação (vos papiers citoyen!).

11/05/2005

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: não aprendem, nem esquecem

Secção Padre Anchieta
«O ministro das Obras Públicas prometeu hoje mobilizar o sector da construção com o lançamento de "grandes e urgentes" projectos de investimento público, como o do novo aeroporto e o da rede ferroviária de alta velocidade (Rave).» (Público)
Ao governo em geral e ao ministro das OP em particular, o Impertinências adjudica 5 bourbons por nada terem esquecido e nada terem aprendido.

A propósito do que o governo poderia ter aprendido, leia-se o post O Ocaso do "Social" de Medina Carreira na Grande Loja do Queijo Limiano, em particular o trecho seguinte:
«O novo Governo pretende estimular o crescimento económico, fundamentalmente, através da "procura interna": aproveitando o PEC fictício que ainda vigora; e despendendo avultadamente em obras infra-estruturais. Nas economias abertas de hoje(3), e nas particulares circunstâncias da nossa, se a "dose" de tais despesas não for muito moderada, poderemos vir a ter mais inflação e menos competitividade; mais pesado agravamento da dívida pública e mais restrições para o futuro dos idosos; "explosão" das importações e desequilíbrio insustentável da balança externa»

10/05/2005

BLOGARIDADES: ou se tem, ou se não tem

As coisas realmente importantes costumam passar-me ao lado. Quase sempre, mas não desta vez. Desta vez, fiquei a saber pelo Jaquinzinhos, pelo Contra a corrente e por O Insurgente que no Impertinências e nos outros anónimos blogues, como por exemplo os já citados, «nenhuma coisa que lá se diz me (a JPP aka doutor José Pacheco Pereira) merece credibilidade». Este singular juízo ameaça tornar-se plural porque, diz o Jaquinzinhos, o doutor Daniel de Oliveira do Barnabé também não dá um chavo pelos anónimos.

No que respeita ao Impertinências, peço permissão para discordar. Na verdade um bloguista que assina «JPP» diz muito menos de si próprio do que um anónimo que assina «O Impertinente». Ou «jaquinzinho de jcd». Ou BrainstormZ. E o que dizer duma anónima Joana do «Semiramis»?

Admito que assinar «Daniel de Oliveira» possa dizer um pouco mais do que «JPP». Mas apenas pouco mais - por exemplo que se trata do filho Daniel do senhor Oliveira. Um anónimo que assinasse, por exemplo, «doutor Goebbels», isso teria indiscutivelmente um significado.

Escrito isto, resta-me meter a viola no saco da minha falta de credibilidade.

Ainda não. Malgré o decreto olímpico de JPP e o diktat de DO, ainda assim vou escrever dois encómios. Que o Abrupto é um exemplo de cultura, pletórica erudição e gosto refinado. Que, apesar de não ser seu cliente, o Barnabé é um excelente blogue agitprop da família anacleta.

09/05/2005

BLOGARIDADES: o contributo do camarada José Estaline

Teria comentado verrinosamente o post do blasfemo João Miranda O contributo dos soldados nazis para a democracia se o maradona não o tivesse já feito com mais propriedade.

Sendo assim, guardo a verrina para o post Sua Excelência Sir Joao Miranda do maradona, lembrando que, se é verdade que a derrota do nazismo se fez muito «à custa do soldado e do cidadão russo, de muito longe os mais sacrificados», é bom lembrar que grande parte desse gigantesco sacrifício deve ser atribuído à incompetência do camarada José Estaline para prever o inevitável e ao seu completo desprezo pela vida dos seus compatriotas. Só isso explica que os 21 milhões de mortos de guerra da URSS tenham sido 4 vezes os mortos da Alemanha e mais do que os de todos os outros países europeus juntos.

SERVIÇO PÚBLICO: quando o mais é menos

«Repare que em 2001 Portugal tinha mais de 40% de juizes que Espanha ou França. Tinha três vezes o número de juizes do Reino Unido. Só para lhe dar uma ideia. Em termos de tribunais por 100.000 habitantes Portugal tem um índice de 3,2, em Espanha o índice é de 1,3, e em França é de 0,8. Quer melhores indicadores de que não é preciso mais dinheiro para a Justiça? Isto é como o problema da saúde. Não é preciso mais dinheiro, nem para a saúde, nem para a educação. Há nesses sectores recursos a mais, eles estão é mal geridos. E esta é que é a questão fundamental. Um gestor para a justiça já. É um erro continuar com a ideia que o ministro da Justiça tem que ser um advogado ou um magistrado.»
(resposta do doutor Jorge Bleck - que nem parece advogado - à pergunta «Temos tribunais suficientes?» na entrevista ao Semanário Económico de 6 de Maio)

Podemos considerar o caso como uma aplicação ao mundo judicial da primeira das famosas 4 funções Zingarilho (os ignorantes podem consultar o Glossário das Impertinências): quanto mais, mais.

Quanto mais dinheiro deitas para cima dos problemas mais complicados eles ficam.

08/05/2005

ESTÓRIA E MORAL: as coisas nunca estão tão más que não possam piorar

Estória
O Boletim Económico - Primavera 2005 do BdP traça-nos um retrato dum país que caminha alegremente para o abismo.

Com um crescimento anémico de 1,1% do PIB em 2004, que compara com os 1,8% da zona Euro (lá se vai a convergência para o inferno, uma vez mais), 4,4% do EU e os 5,1% da economia mundial, o imparável optimismo dos consumidores portugueses levou-os a aumentarem em 2,5% o consumo privado no ano passado.

O aumento de consumo privado fez-se à custa dum incremento de 7% do endividamento, que passou para 117% do rendimento disponível das famílias. À míngua da oferta interna, o défice da balança comercial afundou-se para 10,8% do PIB.

O consumo público também não deu mostras de abrandar, apesar de 2 anos de aperto do cinto que segurava a tanga que o engenheiro Guterres deixou ao doutor Durão Barroso. O défice primário estrutural aumentou 0,3% em 2004 e o défice total, expurgado da venda dos brincos, atingiu 5,2%.

É neste quadro alegre e cheio de confiança no futuro que o Expresso continua a sua campanha para promoção da auto-estima dos portugueses. Em cada nova edição os jornalistas, agora transformados em animadores culturais, rebuscam nas pregas do moribundo tecido empresarial português os exemplos de excelência para infectar com optimismo as mentes dos portugueses. Optimismo que no entender dessas almas se encontra seriamente ameaçado. O mentor desta nova doutrina é o incontornável doutor Balsemão que vai agora realizar a conferência «Portugal em Exame» que, segundo ele, será o lugar de iniciação das massas no novo culto.

Alguém deveria explicar ao doutor Balsemão e aos seus jornalistas que são eles próprios que começam a estar carecidos de se animarem. A episódica onda de esperança criada pelo tsunami opinativo com que os média afogaram o infausto doutor Santana Lopes, está prestes a morrer na praia do engenheiro Sócrates. E isso vê-se cada vez mais nas páginas do Expresso.

Grande parte dos talvez 200.000 leitores do Expresso precisará também de ser animada. Afinal eles fazem parte da intelligentzia doméstica toda ela tão entumecida de auto-estima como o populacho. Seja a intelligentzia dos estrangeirados que acham que o país não os merece, seja a esquerdalhada impaciente pelos amanhãs que cantarão quando o povo seguir a sua visão delirante.

E a coisa não tem remédio? Poderá ter, mas não com injecções de optimismo ou de auto-estima. Para se levarem a cabo mudanças tão profundas como as que são necessárias é preciso ter uma percepção clara das ameaças que pairam sobre as nossas cabeças. Essa percepção só se constrói com desagradáveis discursos da verdade.

Moral
«Persista. Nada no mundo pode tomar o lugar dc persistência. O talento não pode, nada no mundo é mais comum que homens falhados com talento. O génio também não: o génío não recompensado é quase um provérbio. A educação também não: o mundo está cheio de falhados bem qualificados. Só a persistência e a determinação são omnipotentes.» (Calvin Coolidge)

07/05/2005

DIÁRIO DE BORDO: a maiêutica do aborto (9)

Depois das perguntas fáceis de resposta difícil em (1), (2), (3), (4), (5), (6, (7) e (8), duas perguntas difíceis de resposta fácil.

«Uma mulher pode ficar grávida se tiver relações sexuais até 5 dias antes da ovulação, período durante o qual os espermatozóides se mantém vivos. O óvulo fecundado só é viável por um período máximo de 6 a 12 horas depois de libertado do ovário. A pílula do dia seguinte actua suprimindo a produção hormonal que leva o ovário a libertar o óvulo e deve ser tomada até 72 horas depois da relação sexual, seguida de uma outra dose 12 horas depois. Se uma mulher toma a pílula depois do óvulo ter sido libertado já não será evitada a fertilização ou interrompida a gravidez, de acordo com os estudos efectuados e com o fabricante Barr Pharmaceuticals.» (ver aqui uma sinopse do estado da arte e links para diversos estudos e opiniões contraditórias)

Se for assim, porque se encarniçam os movimentos fundamentalistas pró-vida contra a contracepção de emergência, confundindo a contracepção com o aborto?

Se a pílula do dia seguinte inibe o ovário de libertar o óvulo por um processo hormonal semelhante ao desencadeado pela amamentação, será que esse fundamentalismo também é contra a amamentação?

06/05/2005

SERVIÇO PÚBLICO: eles comem tudo e não deixam nada

Melhor do que os sindicatos lusitanos só os sindicatos germânicos (1). O Davids MEDIENKRITIK (Politically incorrect observations on reporting in the German media, by David Kaspar & Ray D.) mostra-nos aqui os porquês.

Com um estilo digno de Goebbels, «a revista mensal do maior sindicato alemão IG Metall» tem esta capa.

(«Empresas americanas na Alemanha - Os sanguessugas)
Se eu fosse o CEO da CGTP não lhes perdoava esta ultrapassagem pela esquerda. Se eu fosse ele, dedicaria o próximo número da revista da CGTP (se tivessem uma) às numerosas empresas alemãs em Portugal (2), com uma capa «Empresas alemães exploram mão de obra portuguesa - Os vampiros». Na contra-capa os «Vampiros» do Zeca Afonso.

São os mordomos Do universo todo
Senhores à força Mandadores sem lei
Enchem as tulhas Bebem vinho novo
Dançam a ronda No pinhal do rei

Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada


(1) Pensando melhor, tenho dúvidas - os pergaminhos dos sindicatos franceses também são impressionantes.
(2) Segundo a embaixada Alemã em Lisboa, existem cerca de 350 empresas com capital alemão, que incluem os campeões do vampirismo como a Auto-Europa (4,8% das exportação e 1,2% do PIB) e Siemens (3,6% das exportações e mil milhões de euros de investimento em 2003), sem esquecer as Bayer, Continental, Bosch, e tutti quanti.

ÚLTIMA HORA:
Só faltava mais esta. Não contentes de nos chuparem o sangue, os alemães vão investir 426 milhões para explorarem mais 800 patrícios e nos chuparem o sol.
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada [Bis]

05/05/2005

TRIVIALIDADES: PR faz discriminação positiva

«Jorge Sampaio quer mais polícias na rua», escreve o Público.

Ó sôr presidente não se fique pelos polícias. Atão os outros funcionários públicos não são gente?

DIÁRIO DE BORDO: a maiêutica do aborto (8)

Depois de (1), (2), (3), (4), (5), (6) e (7), mais perguntas fáceis de resposta difícil.

O PS já admite mudar a lei do aborto sem referendo. O PCP e BE é isso que defendem. O PSD dá liberdade de voto aos seus deputados. O CDS é contra o aborto.

Porque não resolve a AR a coisa duma vez, aprovando o aborto e entrando no regime de serviços mínimos, ficando os deputados do CDS a tratar do expediente e libertando-se os restantes deputados: os do PSD para tratarem dos seus negócios e os do PS e PCP para percorrerem o país em sessões de esclarecimento com distribuição gratuita de camisas de vénus? E os do BE? Não seria melhor distribuírem seringas?

O MEU LIVRO DE CABECEIRA: abro uma excepção só pela graxa

Por uma questão de princípio não costumo responder a questionários. Abro uma excepção porque o Vareta me deu graxa («verrinoso e cáustico», disse ele) .

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Não percebo a pergunta.

Já alguma vez ficaste apanhadinho por uma personagem de ficção?
Duas vezes. Zorro e capitão Hadock.

Qual foi o último livro que compraste?
Não costumo comprar livros.

Qual foi o último livro que leste?
Que me lembre, foi «Núcleo Intangível da Comunhão Conjugal - Os deveres conjugais sexuais» de Jorge Alberto Caras Altas Duarte Pinheiro, como já então confessei.

Que livros estás a ler?
Actualmente estou a descansar das leituras, mas ando a ver a patroa a ler Uma casa para Mr. Biswas.

Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
Depende da ilha. Em qualquer caso não gosto de ilhas. E se gostasse acharia uma estupidez levar livros se não houvesse ninguém para os ler.

A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
Ao doutor Anacleto Louça (porque gosto que me façam rir), ao doutor Daniel de Oliveira (porque parece o doutor Goebbels, quando novo) e ao padre Melícias (por ser o confessor do engenheiro Guterres).

04/05/2005

BLOGARIDADES: uma viagem no expresso do sotavento

«Ontem, no comboio Alfa Pendular, de Faro para cá, acompanhado pelos estudantes universitários deslocados para as apetecíveis universidades da capital (em primeiréssima classe, que os restantes viajam de Audi), constatei o mau caminho que as coisas levam: não havia barbicha que não buzinasse contra a "exploração" sofrida pelo povo chinês para que os "europeus" possam vestir barato

(impressões de viagem do maradona)

SERVIÇO PÚBLICO: nem eu iria tão longe

«A ideia de exportar a democracia é um grande objectivo, um eixo fundamental para uma nova segurança internacional»,
afirmou Massimo D’Alema, presidente do Partito democratico della sinistra (partido comunista italiano «reformado»)

DIÁRIO DE BORDO: credo quia absurdum

Por alguma razão que me escapa, a esquerdalhada, entre os muitos artigos de fé que patrocina, trata com particular desvelo as Nações Unidas. Estas, segundo a vulgata, seriam o repositório de toda a legitimidade internacional.

Sem dúvida que é matéria de fé quando se sabe que dos seus quase 230 membros talvez mais de dois terços são representados por serventuários da ditadura de serviço no respectivo estado.

Quando se sabe que na Comissão de Direitos Humanos entre os 53 estados representados se encontram:
  • Arábia Saudita
  • China
  • Congo
  • Cuba
  • Egipto
  • Eritrea
  • Etiópia
  • Malásia
  • Nepal
  • Paquistão
  • Sudão.

Quando se sabe que no Comité para a Eliminação da Discriminação da Mulher entre os 23 estados membros representados se encontram:

  • Argélia
  • Ghana
  • Malásia
  • Egipto
  • Benin
  • Bangladesh
  • China.

Quando se sabe que no Comité Contra a Tortura entre os 10 estados membros representados se encontram:

  • Egipto
  • China.

03/05/2005

SERVIÇO PÚBLICO: «Austrália recusa ceder às exigências dos raptores de um australiano»

Cada vez que um governo cede à chantagem dos raptores contribui para desenvolver o mercado do rapto, que mais cedo que tarde lhe vai impôr os seus produtos.

Obrigado John Howard.

TRIVIALIDADES: é a Cóltura estúpido

Admito que se não fosse o blasfemo GS não me teria apercebido de mais um fiasco das Capitais da Cóltura.

Desta vez calhou a Faro, que está realizar eventos com mais artistas que público. Oro para que não construam uma casa da música.

A Cóltura (com maiúscula) é a actividade das pessoas cóltas, que concebem óbjectos cólturais invendáveis. Os cóltos não costumam ter, a não ser marginal e esporadicamente, um labor produtivo - fogem dele como o diabo da cruz. Tentam, e por vezes conseguem, obter uma sinecura do Estado (com maiúscula) . Geralmente chegam a este ponto depois de viverem às custas do mecenato familiar, de amigos e, uma vez ou outra, para os mais talentosos, às custas dum(a) namorado(a) ou dum(a) amante. Há exemplos conhecidos de pessoas cóltas que foram bafejadas ao longo da sua vida por sucessivos mecenatos, às vezes cumulativos.
Apesar de pequenas diferenças, segundo as idiossincrasias nacionais, as cólturas dos diferentes países europeus apresentam traços comuns, por influência da cóltura francesa - a estirpe original deste vírus primitivo foi espalhada pelos exércitos napoleónicos. Podemos. por isso, falar sem simplificações exageradas duma cóltura da Óropa.
(do Glossário das Impertinências)

TRIVIALIDADES: os aléns

O além do orçamento
No discurso do 25 de Abril do ano passado, o doutor Jorge Sampaio lembrou o governo, e em particular a obsessiva doutora Manuela, da existência de vida para além do orçamento. Reparo agora, com atraso, como é meu costume, que no discurso do 25 de Abril deste ano o doutor Sampaio partilhou connosco as suas dúvidas sobre a vida no além. Após um ano de meditações, lembrou-se que a revisão do PEC «não pode dar lugar a qualquer laxismo no controlo da despesa pública».

O além-mar
Este entranhado desvelo que cresce dentro de nós por José Mourinho é proporcional ao quadrado da distância que nos separa dele. Se o homem ainda por cá andasse, o país que chora pelos desgraçadinhos e odeia os vencedores, babaria a bílis habitual sobre arrogância, agressividade, etc. Alguém tem dúvidas?

O além disso
O doutor Pinho, a grande esperança para a ressurreição da moribunda economia, parece ter iniciado prematuramente a incontornável navegação à deriva. Tão depressa fecha a API, que tem realizado pela mão do doutor Cadilhe um trabalho decente, como a abre. Tão depressa desmancha a fusão ICEP/IAPMEI, lógica e redutora de redundâncias e de custos, como a mantém. Tão depressa dá choques tecnológicos, como leva choques dos têxteis chineses e faz petições à Comissão Europeia para cerrar fileiras contra o perigo amarelo.

02/05/2005

ARTIGO DEFUNTO: mais um óbvio e risível tijolo para reparar a danificada reputação do doutor Freitas

Nos últimos 10 meses já aqui me referi ao doutor Freitas do Amaral várias vezes e nunca por boas razões.

Da primeira aludi ao seu «caldeirão de intelectual do albergue espanhol».

Da segunda lembrei que «já fundou um partido que abandonou; já esteve sitiado durante um congresso desse partido por alguns dos suas actuais amigos do BE; já teve como adversário político nas presidenciais a sua actual alma gémea, que à época pouco faltou para lhe chamar fascista; já deixou de ser deputado para voltar a sê-lo por uns mesitos só para completar os 8 anos que lhe deram direito a uma confortável reforma para arredondar o seu pecúlio.» Ainda consegui espantar-me por, sendo «presidente da mesa da assembleia geral da Caixa, (ter) aceite dar um parecer sobre a integração do fundo de pensões da própria Caixa na CGA

Da terceira fiquei surpreendido por «tendo recentemente exprimido convicções absolutamente incompatíveis com o alinhamento internacional do seu país, o professor Freitas (aceitou) ser ministro dos Negócios Estrangeiros, posto onde se espera que aplique uma política consistente com esse alinhamento.»

Da quarta, constatei que, depois das entradas de leão teve saídas de sendeiro com o rabo entre as pernas, anunciando uma viagem «a Washington ao beija-mão à ajudante do George W. Hitler».

Da quinta, verifiquei que afinal «vai também ao lava-pés».

Não há cinco sem seis.

O Expresso do sábado passado, na página 3 ao lado do editorial do doutor Saraiva e sob o ribombante título «Ratzinger escreveu a Freitas do Amaral», refere-se em termos ridiculamente laudatórios a uma carta cujo fac-símile o doutor Freitas manda publicar, confundindo a rotundidade da sua pessoa com o posto de ministro dos NE. A carta, cujos termos serão presumivelmente iguais ou semelhantes às centenas de outras expedidas pelo Vaticano para agradecer as condolências pela morte de João Paulo VI, não tem a menor relevância para ser publicada e, muito menos, imersa num lago de encómios fulanizados.

Toda a peça, construída por encomenda, como é costume dos jornalistas do Expresso, é mais um óbvio e risível tijolo para reparar a danificada reputação do doutor Freitas.

01/05/2005

CASE STUDY: sol na eira, seca no nabal

..............Subsídio de desemprego máximo......Taxa de desemprego

França.............. 5.700 euros.......................10,1%
Grã-Bretanha...........466 euros........................4,8%