Pouco a pouco, o estado napoleónico-estalinista, superiormente dirigido pela vanguarda do partido Socialista, modifica o velho princípio do estado de direito «tudo o que não é proibido é permitido» no seu inverso. Veja-se o último e trivial acto da recém-criada Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), reencarnação da velhinha Direcção-Geral de Viação, eventualmente guarnecida com ex-militantes das juves reciclados na universidade Independente.
Segundo um esclarecimento da ANSR, conduzir de chinelos não é proibido ou, para usar o dialecto juridiquês da criatura, não é uma «conduta susceptível de consubstanciar a prática de uma contra-ordenação rodoviária».
Ainda bem que me esclarecem. Aguardo que decidam se posso conduzir com botas de montar.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
31/07/2007
CASE STUDY: série reis de África (12)
Sua Majestade NYIMI KOK MABIINTSH III, King of Kuba, D.R. Congo
(Créditos Gulf Air Co, via FM, no Barhein)
(Créditos Gulf Air Co, via FM, no Barhein)
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delírios pontuais
30/07/2007
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: eu diria mesmo mais, e porque não mais uma bastonada?
Secção Rilhafoles
«Advogados em todas as 248 esquadras da PSP e 400 postos da GNR, 24 horas por dia, como meio de assegurar o respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.
A ideia é defendida pelo candidato ao cargo de bastonário da Ordem dos Advogados (OA), Magalhães e Silva, tem vindo a merecer o apoio geral da advocacia, dos dois outros candidatos ao cargo, António Marinho Pinto e Luís Menezes Leitão, e do actual bastonário.» (DN)
Segundo as contas que alguém já fez, a coisa daria emprego para mais de 2.000 índios em três turnos. Eu diria mesmo mais, acrescentando mais uma bastonada às dos bastonários presentes passados e futuros, e porque não um jornalista, um médico (não vá a coisa ficar preta) e um psicólogo (por causa do stress pós-traumático) em cada esquadra?
É por estas, e por outras que agora não são para aqui chamadas, que eu acho que a nação está irremediavelmente fodida. Se estas criaturas fazem propostas destes jaez, o que se pode esperar da massa informe dos sujeitos passivos? Que paguem e não refilem. Claro.
Três bourbons e quatro chateaubriands para o bastonário em exercício e os candidatos.
«Advogados em todas as 248 esquadras da PSP e 400 postos da GNR, 24 horas por dia, como meio de assegurar o respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.
A ideia é defendida pelo candidato ao cargo de bastonário da Ordem dos Advogados (OA), Magalhães e Silva, tem vindo a merecer o apoio geral da advocacia, dos dois outros candidatos ao cargo, António Marinho Pinto e Luís Menezes Leitão, e do actual bastonário.» (DN)
Segundo as contas que alguém já fez, a coisa daria emprego para mais de 2.000 índios em três turnos. Eu diria mesmo mais, acrescentando mais uma bastonada às dos bastonários presentes passados e futuros, e porque não um jornalista, um médico (não vá a coisa ficar preta) e um psicólogo (por causa do stress pós-traumático) em cada esquadra?
É por estas, e por outras que agora não são para aqui chamadas, que eu acho que a nação está irremediavelmente fodida. Se estas criaturas fazem propostas destes jaez, o que se pode esperar da massa informe dos sujeitos passivos? Que paguem e não refilem. Claro.
Três bourbons e quatro chateaubriands para o bastonário em exercício e os candidatos.
29/07/2007
ESTADO DE SÍTIO: o bombeiro incendiário
Ao mesmo tempo que, com uma mão, o estado napoleónico-estalinista espolia os sujeitos passivos para financiar abortos, com a outra mão o mesmo estado espolia os mesmos sujeitos passivos para financiar putativos incentivos à natalidade.
Incentivos putativos, apenas isso. Se o governo e a esquerdalhada imaginam que oferecer um aborto que custa em média 800 € aos contribuintes não é um incentivo para banalizar o aborto, como podem os mesmos imaginar que um subsídio que não atinge 800 € pode ser um incentivo à natalidade?
Incentivos putativos, apenas isso. Se o governo e a esquerdalhada imaginam que oferecer um aborto que custa em média 800 € aos contribuintes não é um incentivo para banalizar o aborto, como podem os mesmos imaginar que um subsídio que não atinge 800 € pode ser um incentivo à natalidade?
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28/07/2007
ESTADO DE SÍTIO: capacidade instalada
Num ofício escrito em socialês dirigido ao governo regional da Madeira, o ministério da Saúde do contenente garantiu que não haveriam de faltar abortos às madeirenses, porque a maternidade (?) Alfredo da Costa «tem capacidade instalada para assegurar a aplicação da lei».
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CASE STUDY: chuva na eira e sol no nabal
Não sendo o Brasil um país contaminado por ideias politicamente liberais nem a economia brasileira particularmente desregulada, pelo contrário, a mão visível e pesada do estado está por todo o lado, como explicar a tão profunda desigualdade: 130.000 milinários brasileiros detêm o equivalente a metade do PIB do Brasil?
Sendo a desigualdade uma consequência natural da concorrência e um incentivo à diligência e à procura da ascensão social, a desigualdade extrema, como a do Brasil, ao arruinar sem remédio a expectativa da melhoria social, anula esse incentivo e abre o caminho à criminalidade - a apropriação por meios não contratuais.
Sendo a desigualdade uma consequência natural da concorrência e um incentivo à diligência e à procura da ascensão social, a desigualdade extrema, como a do Brasil, ao arruinar sem remédio a expectativa da melhoria social, anula esse incentivo e abre o caminho à criminalidade - a apropriação por meios não contratuais.
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direitos adquiridos
23/07/2007
CASE STUDY: «make-work», not wealth
Ainda a propósito do mito da criação de riqueza à custa da criação de emprego, leia-se esta deliciosa anedota:
The make-work bias is best illustrated by a story, perhaps apocryphal, of an economist who visits China under Mao Zedong. He sees hundreds of workers building a dam with shovels. He asks: “Why don't they use a mechanical digger?” “That would put people out of work,” replies the foreman. “Oh,” says the economist, “I thought you were making a dam. If it's jobs you want, take away their shovels and give them spoons.” For an individual, the make-work bias makes some sense. He prospers if he has a job, and may lose his health insurance if he is laid off. For the nation as a whole, however, what matters is not whether people have jobs, but how they do them. The more people produce, the greater the general prosperity. It helps, therefore, if people shift from less productive occupations to more productive ones. Economists, recalling that before the industrial revolution 95% of Americans were farmers, worry far less about downsizing than ordinary people do. Politicians, however, follow the lead of ordinary people. Hence, to take a more frivolous example, Oregon's ban on self-service petrol stations.
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22/07/2007
CASE STUDY: série reis de África (11)
Sua Majestade IGWE KENNETH NNAJI ONYEMAEKE ORIZU III, Obi of Nnewi, Nigeria
(Créditos Gulf Air Co, via FM, no Barhein)
(Créditos Gulf Air Co, via FM, no Barhein)
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delírios pontuais
21/07/2007
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: eu diria mesmo mais, não precisam de esperar pela próxima
Secção Universos paralelos
«As empresas não podem ficar à espera da próxima crise para procurarem soluções», disse o professor Cavaco Silva no 3.º encontro da COTEC. Tem toda a razão. As empresas não precisam de esperar pela próxima crise, têm todo o tempo para procurarem soluções ainda nesta.
Três chateaubriands para o professor Cavaco pela distracção.
«As empresas não podem ficar à espera da próxima crise para procurarem soluções», disse o professor Cavaco Silva no 3.º encontro da COTEC. Tem toda a razão. As empresas não precisam de esperar pela próxima crise, têm todo o tempo para procurarem soluções ainda nesta.
Três chateaubriands para o professor Cavaco pela distracção.
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eu diria mesmo mais
ESTÓRIA E MORAL: aconchegando o défice
Estória
Durante a discussão do orçamento de 2005, o governador do BdeP doutor Vítor Constâncio não teve a menor dúvida em chumbar (e bem) o expediente de accounting cooking do ministro das Finanças doutor Bagão Félix que pretendia retirar as Estradas de Portugal do OE para suavizar o défice.
Bastaram pouco mais de 2 anos para o inconstante ministro anexo (petit nom inventado pelo agitador-evangélico doutor Louçã) ficar mortificado pela dúvida, pelo «caso difícil» segundo ele, resultante do mesmo expediente, ainda que mais sofisticado. Desta vez o governo inventou uma «Contribuição de Serviço Rodoviário» (um novo imposto) para financiar as Estradas de Portugal criando a ficção de que esta criatura será transformada, por um passe de mágica, numa empresa que presta e vende serviços garantindo por esta via receitas (o imposto) que cobrem mais de 50% das receitas totais (todas elas financiadas de facto pelo OE).
Na passada 5.ª Feira o PS garantiu a aprovação do passe de mágica criando um novo imposto de «6,4 cêntimos por cada litro de gasolina e de 8,6 cêntimos por cada litro de gasóleo (e promete) reduzir no Imposto sobre Produtos Petrolíferos».
Moral
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
Durante a discussão do orçamento de 2005, o governador do BdeP doutor Vítor Constâncio não teve a menor dúvida em chumbar (e bem) o expediente de accounting cooking do ministro das Finanças doutor Bagão Félix que pretendia retirar as Estradas de Portugal do OE para suavizar o défice.
Bastaram pouco mais de 2 anos para o inconstante ministro anexo (petit nom inventado pelo agitador-evangélico doutor Louçã) ficar mortificado pela dúvida, pelo «caso difícil» segundo ele, resultante do mesmo expediente, ainda que mais sofisticado. Desta vez o governo inventou uma «Contribuição de Serviço Rodoviário» (um novo imposto) para financiar as Estradas de Portugal criando a ficção de que esta criatura será transformada, por um passe de mágica, numa empresa que presta e vende serviços garantindo por esta via receitas (o imposto) que cobrem mais de 50% das receitas totais (todas elas financiadas de facto pelo OE).
Na passada 5.ª Feira o PS garantiu a aprovação do passe de mágica criando um novo imposto de «6,4 cêntimos por cada litro de gasolina e de 8,6 cêntimos por cada litro de gasóleo (e promete) reduzir no Imposto sobre Produtos Petrolíferos».
Moral
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
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20/07/2007
19/07/2007
ESTADO DE SÍTIO: a montanha pariu um rato
O resultado prático do tão celebrado PRACE resume-se a 639 funcionários nas listas da mobilidade e uma redução da despesa este ano de meio milhão de euros, ou seja menos de 0,1% de utentes da vaca marsupial pública e menos de 0,001% da despesa pública.
O único deliverable de peso do PRACE foram as múltiplas ejaculações legislativas de resmas de decretos e portarias que atascaram o Diário da República nos últimos meses.
O que se aproveita de mais de dois anos de governação do engenheiro Sócrates? A redução do défice do orçamento à custa do aumento dos impostos (ver o post «O milagre da contenção das despesas») e a montagem duma central de manipulação que faria inveja ao doutor Paul Joseph Goebbels.
O único deliverable de peso do PRACE foram as múltiplas ejaculações legislativas de resmas de decretos e portarias que atascaram o Diário da República nos últimos meses.
O que se aproveita de mais de dois anos de governação do engenheiro Sócrates? A redução do défice do orçamento à custa do aumento dos impostos (ver o post «O milagre da contenção das despesas») e a montagem duma central de manipulação que faria inveja ao doutor Paul Joseph Goebbels.
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18/07/2007
CASE STUDY: série reis de África (10)
Sua Majestade ISIENWENRO JAMES IYOHA INNEH, Ekegbian of Bénin, Nigeria
(Créditos Gulf Air Co, via FM, no Barhein)
(Créditos Gulf Air Co, via FM, no Barhein)
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17/07/2007
CASE STUDY: a direita está a ficar cada vez mais à esquerda
Em dois interessantes posts (*) o blasfemo João Miranda explica a falência da direita, evidente uma vez mais nas eleições alfacinhas, pela demografia (o eleitorado de direita está a morrer), a educação da escola socialista, a dependência do estado napoleónico-estalinista e a asfixia da sociedade civil, a morte das ideias de direita (eu diria mesmo mais, a morte das ideias).
Parece-me bem, mas. Duvido que, para além duma correlação meramente circunstancial, se possa estabelecer uma relação de causa-efeito entre a falência da direita e o pletórica flatulência do estado ou vice-versa. Pelo menos não me parece no caso português, com uma direita culturalmente tão colectivista e amante do estado como a esquerda.
Talvez a falência da direita portuguesa resulte precisamente da sua semelhança com a esquerda portuguesa, da sua contaminação pelo colectivismo. Porque diabo haveriam os eleitores de preferir uma direita para manter o estado-providência quando a esquerda o faz com muito mais naturalidade e, uma vez ou outra, com mais competência?
E haverá esperança para o liberalismo em Portugal? Já havia razões para duvidar mas, já que João Miranda menciona os efeitos perversos da escola socialista, sempre vos digo que há boas razões para reforçar a dúvida. Se os novos paradigmas da biologia molecular se confirmarem e se o ARN tiver o efeito que se supõe possa ter na alteração do ADN, o falecido lamarckismo ressuscitará da tumba para onde Darwin o enviou. A nossa escola socialista seria então não apenas uma ferramenta de moldagem do crânio das criaturas que por lá passam, mas um veículo de modificação genética das gerações vindouras. Um veículo sujeito às leis da lotaria genética mas, em todo o caso, um veículo.
(*) O que está a acontecer à direita? e O que está a acontecer à direita? (II)
Parece-me bem, mas. Duvido que, para além duma correlação meramente circunstancial, se possa estabelecer uma relação de causa-efeito entre a falência da direita e o pletórica flatulência do estado ou vice-versa. Pelo menos não me parece no caso português, com uma direita culturalmente tão colectivista e amante do estado como a esquerda.
Talvez a falência da direita portuguesa resulte precisamente da sua semelhança com a esquerda portuguesa, da sua contaminação pelo colectivismo. Porque diabo haveriam os eleitores de preferir uma direita para manter o estado-providência quando a esquerda o faz com muito mais naturalidade e, uma vez ou outra, com mais competência?
E haverá esperança para o liberalismo em Portugal? Já havia razões para duvidar mas, já que João Miranda menciona os efeitos perversos da escola socialista, sempre vos digo que há boas razões para reforçar a dúvida. Se os novos paradigmas da biologia molecular se confirmarem e se o ARN tiver o efeito que se supõe possa ter na alteração do ADN, o falecido lamarckismo ressuscitará da tumba para onde Darwin o enviou. A nossa escola socialista seria então não apenas uma ferramenta de moldagem do crânio das criaturas que por lá passam, mas um veículo de modificação genética das gerações vindouras. Um veículo sujeito às leis da lotaria genética mas, em todo o caso, um veículo.
(*) O que está a acontecer à direita? e O que está a acontecer à direita? (II)
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DIÁRIO DE BORDO: assino por baixo
«Hoje em dia é difícil arranjar uma boa mulher - asseada, ilustrada, neurótica, sexualmente competente, boa mãe - mas é fácil arranjar uma mulher boa : deprimida, técnico-sexualmente avançada, vadia e sem pachorra para conversas de biberons.»
(inspirado aforismo do marinheiro FNV do Mar Salgado)
(inspirado aforismo do marinheiro FNV do Mar Salgado)
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momentos fugazes de lucidez
16/07/2007
CASE STUDY: série reis de África (9)
Sua Majestade EL HADJ SEIDOU NJIMOLUH NJOYA, Sultan of Fumban and Mfon of the Bamun, Cameroun
(Créditos Gulf Air Co, via FM, no Barhein)
(Créditos Gulf Air Co, via FM, no Barhein)
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delírios pontuais
15/07/2007
14/07/2007
ESTADO DE SÍTIO: o socialismo das bolas de berlim
Segundo o Sol, «a Autoridade de Segurança Alimentar (ASAE) vai estar de olho, durante todo o verão, nas bolas de Berlim, que se vendem nas praias de todo o país (e que) têm de ser transportadas em malas térmicas e os vendedores têm que usar luvas e pinças para as manusear. O licenciamento ... é obrigatório (e) o vendedor tem de possuir, por exemplo, formação em higiene alimentar».
Pensava que já tinha visto tudo em matéria de obsessão regulamentária do estado napoleónico-estalinista. Estava enganado. Este é um caminho que só se sabe onde e quando começa, nunca se sabe onde e quando acaba. Ainda vamos ter licenciaturas de Bolonha em higiene de bolas de Berlim.
[Just in case, ver aqui uma receita que pode ser feita clandestinamente em casa]
Pensava que já tinha visto tudo em matéria de obsessão regulamentária do estado napoleónico-estalinista. Estava enganado. Este é um caminho que só se sabe onde e quando começa, nunca se sabe onde e quando acaba. Ainda vamos ter licenciaturas de Bolonha em higiene de bolas de Berlim.
[Just in case, ver aqui uma receita que pode ser feita clandestinamente em casa]
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um país talvez normal mas rançoso
13/07/2007
CASE STUDY: a propósito das eleições do próximo domingo
Segundo o professor Bryan Caplan (*) da Georges Mason University, os eleitores podem a votar mal por 4 ordens de preconceitos. Um preconceito anti-mercado impede os eleitores de perceber que a procura do interesse privado não é incompatível com o interesse público e, muitas vezes, da procura do primeiro resultam benefícios para o segundo. Um preconceito xenófobo leva-os a subestimarem os benefícios das relações com o estrangeiro. Um preconceito «make-work» (uma ideia tipicamente keynesiana, anos trinta) que confunde prosperidade com emprego, em vez de produção. Um preconceito jeremíaco que leva os eleitores a avaliarem a situação económica como pior do que é, de facto.
O caso da câmara de Lisboa poderia ser uma daquelas excepções à regra que a procura do interesse privado não é incompatível com o interesse público. Não é directamente relevante o preconceito xenófobo e uma visão jeremíaca dificilmente seria mais pessimista do que a resultante duma análise realista à situação de irremediável falência da câmara.
Resta-nos o preconceito «make-work» que esse, sem dúvida, torna fatal o voto errado, à míngua de candidatos com propostas ou vontade política para tocar neste ponto. Dez funcionários por mil habitantes, uma vez e meio o rácio do Porto e o dobro de Barcelona ou Madrid, com uma taxa de absentismo superior a 10%, numa conjuntura de desemprego ao nível historicamente mais elevado das últimas décadas. E não vale o argumento que Lisboa é inundada todos os dias por centenas de milhar de commuters que justificariam esses rácios, porque esse rácio é próximo ou superior nas câmaras da zona metropolitana de Lisboa.
(*) The Myth of the Rational Voter [ver aqui uma interessante review]
O caso da câmara de Lisboa poderia ser uma daquelas excepções à regra que a procura do interesse privado não é incompatível com o interesse público. Não é directamente relevante o preconceito xenófobo e uma visão jeremíaca dificilmente seria mais pessimista do que a resultante duma análise realista à situação de irremediável falência da câmara.
Resta-nos o preconceito «make-work» que esse, sem dúvida, torna fatal o voto errado, à míngua de candidatos com propostas ou vontade política para tocar neste ponto. Dez funcionários por mil habitantes, uma vez e meio o rácio do Porto e o dobro de Barcelona ou Madrid, com uma taxa de absentismo superior a 10%, numa conjuntura de desemprego ao nível historicamente mais elevado das últimas décadas. E não vale o argumento que Lisboa é inundada todos os dias por centenas de milhar de commuters que justificariam esses rácios, porque esse rácio é próximo ou superior nas câmaras da zona metropolitana de Lisboa.
(*) The Myth of the Rational Voter [ver aqui uma interessante review]
12/07/2007
DIÁLOGOS DE PLUTÃO: contra-medidas electrónicas na guerra dos sexos pós-moderna
- Alô, alô, é você Mafalda?(Medida n.º 5 da Área Estratégica de Intervenção 1 do III Plano Nacional contra a Violência Doméstica (2007-2010) aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 83/2007:
- Olá Inês. Que se passa? Está com uma voz angustiada!?
- Não é caso para menos. Vou passar por aí para usar o seu correio electrónico. Posso? O Tiago mudou as chaves...
- As chaves de casa? Não posso!?
- Não. As chaves do computador.
- Ah, os homens!
- Sem falar que me deu uma bofetada.
- Não acredito. Verdade? E você telefonou para a mãe dele?
- Não. Dei-lhe um pontapé naquele sítio.
- É muito bem feito. Mas afinal o que tem isso a ver com o correio electrónico.
- Tem tudo, minha querida Mafalda. Preciso de fazer uma queixa electrónica no sítio das forças de segurança. Ou uma denúncia, sei lá.
Criar nos sítios das forças de segurança, GNR e PSP, uma zona respeitante à temática da violência doméstica, contendo informações, comportamentos a adoptar e possibilidade de efectuar queixa/denúncia electrónica.)
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ejaculações legislativas,
se non è vero
11/07/2007
NÓS VISTOS POR ELES: «E assim qualquer arranjo é destruído»
Wellington andou por cá, ajudando a expulsar os franceses (mudam-se os tempos, mudam-se as vontades), tempo suficiente para nos conhecer de gingeira.
«Existe no povo de Portugal um inconquistável amor do seu à-vontade que é superior mesmo à sua detestação do inimigo. Nem eles, nem os seus magistrados, ou o governo, verão que a indulgência temporária desta paixão pela tranquilidade pode causar as maiores infelicidades ao Estado e as maiores dificuldades aos próprios indivíduos. E nenhuma pessoa do país gosta de ter a sua tranquilidade ou hábitos perturbados, por nenhum objectivo, por mais importante que seja, ou ser o instrumento para perturbar o dos outros. E assim qualquer arranjo é destruído.» Disse.
Como se não bastasse, queixou-se com grande crueldade que a exortação mais difícil que terá dado à tropa em toda a sua vida foi: «Soldados, lembrem-se que são portugueses.»
[Duma peça reciclada dum qualquer exemplar da Única, desmentindo o rumor que na mente dos jornalistas de arte do Expresso não é possível encontrar vestígios de humor]
«Existe no povo de Portugal um inconquistável amor do seu à-vontade que é superior mesmo à sua detestação do inimigo. Nem eles, nem os seus magistrados, ou o governo, verão que a indulgência temporária desta paixão pela tranquilidade pode causar as maiores infelicidades ao Estado e as maiores dificuldades aos próprios indivíduos. E nenhuma pessoa do país gosta de ter a sua tranquilidade ou hábitos perturbados, por nenhum objectivo, por mais importante que seja, ou ser o instrumento para perturbar o dos outros. E assim qualquer arranjo é destruído.» Disse.
Como se não bastasse, queixou-se com grande crueldade que a exortação mais difícil que terá dado à tropa em toda a sua vida foi: «Soldados, lembrem-se que são portugueses.»
[Duma peça reciclada dum qualquer exemplar da Única, desmentindo o rumor que na mente dos jornalistas de arte do Expresso não é possível encontrar vestígios de humor]
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se non è vero,
um país talvez normal mas rançoso
10/07/2007
09/07/2007
CASE STUDY: a iliteracia e o despotismo de estado
Já frequentes vezes aqui no Impertinências se citou o modelo de Hofstede com as suas quatro dimensões (ou cinco para as culturas confucianas), aqui (ab)usado como métrica do pathos fatalista que impregna a alma lusitana. Pathos que só esmorece fora dos períodos de euforia, como a revolução dos cravos, a adesão à CEE e a sua bendita chuva de subsídios, a Expo 98, o Euro 2004. Fora desses curtos períodos, o síndrome bi-polar soterra a nossa alma sofredora, até que surje um novo ciclo de euforia, logo esvaziado, quando percebemos que a coisa para se consertar exige mais esforço e mais tempo do que o módico de um e outro que temos disponível.
Talvez por essas alusões, sobretudo a uma das dimensões do modelo de Hofstede, o sociólogo Manuel Villaverde Cabral teve a gentileza de enviar para o Impertinênias o seu estudo «Despotismo de estado e sociedade civil real em portugal: distância ao poder, comunicação política e familismo amoral».
O interesse do Impertinência nestas matérias tem tido, acima de tudo, um propósito queiroziano de dar umas traulitadas no ego nacional que, diferentemente das intelligentzia doméstica, aqui no Impertinências não se acredita que sofra de défice de auto-estima. Não se estranharia, pois, que a ignorância nestas matérias da sociologia e a preguiça me fizessem desistir das densas 25 páginas do texto de Villaverde Cabral.
Acabei por ler. Lá se confirma a notável distância ao poder duma população que reaje com estratégias de compensação baseadas num «familismo amoral». E se adiantam explicações de mecanismos seculares de «falta de vontade das elites políticas em alfabetizarem as massas» que lhes permitiram perpetuar o seu domínio, até hoje apesar da «massificação do ensino verificada nas últimas décadas». (Cá para com os meus botões, sempre digo que a idiotização que essa massificação promoveu, potenciada por práticas pedagógicas e de organização das escolas inspiradas no politicamente correcto, só veio piorar as coisas em termos relativos, como mostram as avaliações da OCDE que nos colocam na cauda em todas as áreas.)
Lá se evidencia o papel da administração pública como agente do «despotismo administrativo» no «autoritarismo recorrente do Estado português» e a «articulação entre despotismo administrativo e iliteracia» e se conclui que «a literacia enquanto forma de controlo social e ... o despotismo administrativo do Estado português moderno (são) dois nexos estruturantes das relações entre as elites de poder e as classes subordinadas que têm contribuído para reproduzir a falta de confiança e de participação da maioria da população nas instituições representativas».
Agora que já percebemos a génese da maleita, seria boa altura de a atacar, se não fosse a coisa requerer muito esforço e demasiado tempo.
Talvez por essas alusões, sobretudo a uma das dimensões do modelo de Hofstede, o sociólogo Manuel Villaverde Cabral teve a gentileza de enviar para o Impertinênias o seu estudo «Despotismo de estado e sociedade civil real em portugal: distância ao poder, comunicação política e familismo amoral».
O interesse do Impertinência nestas matérias tem tido, acima de tudo, um propósito queiroziano de dar umas traulitadas no ego nacional que, diferentemente das intelligentzia doméstica, aqui no Impertinências não se acredita que sofra de défice de auto-estima. Não se estranharia, pois, que a ignorância nestas matérias da sociologia e a preguiça me fizessem desistir das densas 25 páginas do texto de Villaverde Cabral.
Acabei por ler. Lá se confirma a notável distância ao poder duma população que reaje com estratégias de compensação baseadas num «familismo amoral». E se adiantam explicações de mecanismos seculares de «falta de vontade das elites políticas em alfabetizarem as massas» que lhes permitiram perpetuar o seu domínio, até hoje apesar da «massificação do ensino verificada nas últimas décadas». (Cá para com os meus botões, sempre digo que a idiotização que essa massificação promoveu, potenciada por práticas pedagógicas e de organização das escolas inspiradas no politicamente correcto, só veio piorar as coisas em termos relativos, como mostram as avaliações da OCDE que nos colocam na cauda em todas as áreas.)
Lá se evidencia o papel da administração pública como agente do «despotismo administrativo» no «autoritarismo recorrente do Estado português» e a «articulação entre despotismo administrativo e iliteracia» e se conclui que «a literacia enquanto forma de controlo social e ... o despotismo administrativo do Estado português moderno (são) dois nexos estruturantes das relações entre as elites de poder e as classes subordinadas que têm contribuído para reproduzir a falta de confiança e de participação da maioria da população nas instituições representativas».
Agora que já percebemos a génese da maleita, seria boa altura de a atacar, se não fosse a coisa requerer muito esforço e demasiado tempo.
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inducação,
um país talvez normal mas rançoso
08/07/2007
CASE STUDY: série reis de África (7)
Sua Majestade BOUBA ABDOULAYE Sultan of Rey-Bouba, Cameroun
(Créditos Gulf Air Co, via FM, no Barhein)
(Créditos Gulf Air Co, via FM, no Barhein)
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07/07/2007
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: o melhor negócio
Há uma boutade nos meios do headhunting que diz que o melhor negócio é comprar uma criatura pelo preço que ela vale e vendê-la pelo preço que a criatura julga que vale. Isto pode aplicar-se perfeitamente ao governo que temos e, também, a quase todos os que já tivemos.
A criatura governo e os spin doctors que ajudam a criatura a vender-se aos portugueses têm de si próprios uma excelente ideia. Mas que ideia deverão ter os portugueses da criatura? Deverão compará-la com aquilo que esperam que a criatura (lhes) faça? O método não é recomendável porque cada português espera uma coisa diferente. Ou, melhor, na essência esperam todos a mesma coisa. Que o governo lhes trate da saúde, da «educação» dos filhos, lhe ofereça abortos grátis, lhes dê estradas, emprego, reforma, e colo, muito colo.
Experimentemos avaliar a criatura pelas suas realizações face ao que a criatura se propunha fazer, ou seja pelos seus objectivos.
Secção Entradas de leão e saídas de sendeiro
Face a isto, leva a criatura 3 urracas, 3 bourbons e 3 pilatos.
A criatura governo e os spin doctors que ajudam a criatura a vender-se aos portugueses têm de si próprios uma excelente ideia. Mas que ideia deverão ter os portugueses da criatura? Deverão compará-la com aquilo que esperam que a criatura (lhes) faça? O método não é recomendável porque cada português espera uma coisa diferente. Ou, melhor, na essência esperam todos a mesma coisa. Que o governo lhes trate da saúde, da «educação» dos filhos, lhe ofereça abortos grátis, lhes dê estradas, emprego, reforma, e colo, muito colo.
Experimentemos avaliar a criatura pelas suas realizações face ao que a criatura se propunha fazer, ou seja pelos seus objectivos.
Secção Entradas de leão e saídas de sendeiro
«O Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE) teve, até ao fim do mês de Maio, um efeito nulo na redução da despesa com pessoal prevista para este ano. No Orçamento do Estado de 2007, o Governo estima gastar 17,3 mil milhões de euros com os trabalhadores do subscritor Estado. Este valor, que inclui uma poupança directa com o PRACE em 950 milhões de euros (PEC 2006-2010), implicaria uma queda de 1,2% face à execução de 2006. Porém, e até ao quinto mês de 2007, os gastos com os funcionários públicos foi 4,5% superior ao registado no mesmo período de 2006. Mas, não é só. Se à estimativa presente no Orçamento do Estado (17,3 mil milhões) somar-se a poupança consignada ao PRACE (950 milhões), o crescimento desta rubrica em 2007 face a 2006 seria de 4,15%. Ritmo que, mesmo assim, é inferior ao que se observa na execução orçamental, até ao momento. Por outras palavras, e segundo números do Governo, sem PRACE os gastos com pessoal subiriam menos do que estão a subir. O Estado estima ainda poupar, em 2007, 410 milhões em ganhos de eficiência, fruto da reforma da Administração Pública.(PRACE falha na redução dos gastos com o pessoal; Semanário Económico)
….
O Programa do Governo de José Sócrates estabelece como objectivo "diminuir, em pelo menos 75 mil efectivos, o pessoal da Administração Pública, ao longo dos quatros anos da legislatura". Esta é uma das promessas emblemáticas deste Executivo. Para já, esta meta parece impossível de ser cumprida. Em 2006, ano do início do PRACE, a redução líquida de funcionários ficou-se nos 10.871, o que obriga à saída, até Março de 2009, de 64.129 trabalhadores. No cumprimento da regra imposta pelo Governo em que por cada dois que saem entra um, a meta definida pelo Estado implicaria a saída de 128.258 funcionários - 7125 por trimestre, de 2007 a Março de 2009 - até ao fim da legislatura.»
Face a isto, leva a criatura 3 urracas, 3 bourbons e 3 pilatos.
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06/07/2007
05/07/2007
BREIGUINGUE NIUZ: os rabos dos gatos escondidos
Parece ter passado praticamente despercebida a reunião de há duas semanas do primeiro ministro com os empresários da construção. Nessa reunião o engenheiro Sócrates propôs aos empresários do betão uma «aliança para relançar os investimentos», querendo ele dizer no seu politiquês que o governo mandaria construir e contrataria com as empresas de construção o renting ou o leasing, conforme a propriedade no final do contrato, das infra-estruturas e equipamentos construídos, tais como escolas, estradas, hospitais, prisões, etc.
Aparentemente nada de muito especial. É uma solução a que as empresas privadas recorrem amiúde. Aparentemente parece até razoável que tais investimentos sejam pagos através dos contratos renting/leasing nos anos em que as infra-estruturas são usadas com os impostos pagos pelos sujeitos passivos os usam.
Contudo. Contudo, esta súbita preocupação do governo de alocar, aos anos e aos sujeitos passivos, os custos dos equipamentos sociais parece bastante suspeita quando o governo entende, diversamente, que as pensões dos reformados (e que reformados!) devem ser pagas não com o dinheiro acumulado pelos próprios, mas com o dinheiro dos que se reformarão mais tarde e cujas reformas serão pagas pelos seus filhos e netos.
Acresce que a felicidade do lóbi do betão à saída da reunião, é um dos rabos de fora dos gatos escondidos. Que são pelo menos mais dois. Um é o gato da engenharia orçamentária para cozinhar défices. Outro o tão celebrado relançar do investimento público sem dor, quer dizer o torrar dinheiro em obras que obedecem a critérios políticos e que podem ser muito úteis para o lóbi do betão e para melhorar as perspectivas eleitorais do governo, mas está por provar que correspondam às necessidades dos sujeitos passivos ou ao interesse da economia.
Aparentemente nada de muito especial. É uma solução a que as empresas privadas recorrem amiúde. Aparentemente parece até razoável que tais investimentos sejam pagos através dos contratos renting/leasing nos anos em que as infra-estruturas são usadas com os impostos pagos pelos sujeitos passivos os usam.
Contudo. Contudo, esta súbita preocupação do governo de alocar, aos anos e aos sujeitos passivos, os custos dos equipamentos sociais parece bastante suspeita quando o governo entende, diversamente, que as pensões dos reformados (e que reformados!) devem ser pagas não com o dinheiro acumulado pelos próprios, mas com o dinheiro dos que se reformarão mais tarde e cujas reformas serão pagas pelos seus filhos e netos.
Acresce que a felicidade do lóbi do betão à saída da reunião, é um dos rabos de fora dos gatos escondidos. Que são pelo menos mais dois. Um é o gato da engenharia orçamentária para cozinhar défices. Outro o tão celebrado relançar do investimento público sem dor, quer dizer o torrar dinheiro em obras que obedecem a critérios políticos e que podem ser muito úteis para o lóbi do betão e para melhorar as perspectivas eleitorais do governo, mas está por provar que correspondam às necessidades dos sujeitos passivos ou ao interesse da economia.
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04/07/2007
03/07/2007
NÓS VISTOS POR ELES: os pedintes em geral e os alfacinhas em particular
Com a campanha em curso para as eleições autárquicas em Lisboa cai bem para animar os candidatos de todos os quadrantes recordar os pensamentos de William Beckford sobre a cidade, cuja actualidade parece manter-se, e concluir quão espinhosa é a missão de governar a cidade.
«Quanto mais se conhece Lisboa, menos ela corresponde às expectativas despertadas pelo seu magnífico aspecto a partir do rio. Pudesse um viajante ser subitamente transportado, sem preparação nem preconceito, a muitas partes desta cidade, concluiria razoavelmente estar a atravessar uma sucessão de aldeias amontoadas, dominadas por maciços conventos.»Beckford faz também um juízo sobre os nossos mendigos, que não parece tão actual, porque os nossos mendigos, à força das transferências comunitárias, usufruem agora dum status mais dignificado, sobretudo a nova geração de pedintes que o estado napoleónico-estalinista criou e alimenta carinhosamente.
«Nenhuns mendigos igualam os de Portugal em força de pulmões, profusão de vermes, variedade e arranjo de andrajos e perseverança destemida.»
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um país talvez normal mas rançoso
02/07/2007
01/07/2007
CASE STUDY: quanto mais, menos
Um plano concebido para arruinar deliberadamente o ensino universitário em Portugal dificilmente teria mais sucesso do que o resultado prático das políticas governamentais nos últimos 30 anos. Um indicador simples da mediocridade das universidades portuguesas pode ser obtido comparando o número de instituições de ensino superior (cerca de 300), que oferecem cerca de 1.700 cursos, num país com 10 milhões de habitantes, com o número da universidades (cerca de 30) na região metropolitana de Paris com os seus mais de 12 milhões de habitantes.
(mais uma função zingarilho aplicável no espaço não-euclideano da governação doméstica)
(mais uma função zingarilho aplicável no espaço não-euclideano da governação doméstica)
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