Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

31/01/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (51b)


(Continuação de 51a)

Take Another Plan. Take 1 – A antiguidade é um posto e o salário não é para trabalhar

A troco do cancelamento da greve dos tripulantes de cabine a TAP (leia-se o governo) aceitou 12 das 14 exigências do sindicato, nomeadamente o «descongelamento da progressão e evolução salarial» e o pagamento de um «valor adicional por cada dia em que estão ao serviço», além do salário.

Take Another Plan. Take 2 – Poderia ser uma boa notícia, não fosse o caso…

Face às mordomias de que desfruta o pessoal da TAP, poderia haver esperança por o ministro da tutela ter saído de uma reunião com o sindicato dos pilotos de «forma inaudita», deixando-os «preocupadíssimos». Sendo ministro da tutela o Dr. Galamba, não parece haver lugar à esperança.

Take Another Plan. Take 3 - O que é hoje verdade, pode ser mentira amanhã e vice-versa

O Dr. Pedro Nuno, ex-ministro das Infraestruturas que entretanto se demitiu, semanas de depois de ter dito que não sabia, lembrou-se que afinal tinha autorizado por Whatsapp o seu secretário de Estado a pagar 500 mil euros de indemnização à Dr. Alexandra Reis para ela sair da TAP. Foi precisa mais uma semana para o secretário de Estado se lembrar e alterar o seu depoimento à IGF.

A golpada do costume

Um dos expedientes habituais que o governo do Dr. Costa usa para nomear os seus boys e evitar o escrutínio da Cresap, que reduziu a uma mera formalidade, é nomear alguém sem um currículo adequado ao lugar em regime de substituição. No caso do Instituto do Emprego e Formação Profissional em menos de um ano este expediente foi usado por quatro vezes.

Até para arrebanhar freguesia eleitoral o governo do Dr. Costa se mostra incompetente

O Portugal dos Pequeninos perde população, mas o exército de funcionários públicos não cessa de aumentar – mais 80 mil em sete anos – apesar de não ter conseguido atingir a sua meta de contratar mil técnicos “especializados”. Há males que vêm por bem.

Empurrando o problema com a barriga

A transferência das responsabilidades por pensões dos bancários para a Segurança Social é um expediente repetidamente usado por vários governos (ver aqui um inventário de 2010) que reduz o défice e livra bancos das insuficiências dos fundos e do risco de imparidades dos activos dos fundos. Desta vez foi a Caixa a transferir a responsabilidade por mais 14 mil pensões para a CGA (a segurança social dos funcionários públicos).

Investimento público, a autoestrada mexicana do PS (agora com menos faixas)

Dos 555 milhões de investimento orçamentados para o SNS foram executados até Novembro 170 milhões, ainda menos do que o ano passado. É mais um exemplo da autoestrada mexicana do PS (confira aqui o que é a autoestrada mexicana).

Entre a autoestrada mexicana e o crescimento das receitas fiscais decorrente da inflação não admira que o défice das administrações pública tenha descido.

Então não estamos a crescer mais do que a Óropa?

Conjuntura Macroeconómica Portuguesa (OE)

«
Pagar a dívida é ideia de criança»

Os spin doctors ao serviço do governo bem tentam salientar nos títulos (como aqui e aqui), esquecendo que a «terceira maior redução da dívida» é o mínimo que se pode conseguir quando se tem a terceira maior dívida pública. Enquanto isso, o endividamento da economia, isto é a dívida total das empresas não financeiras e das famílias, voltou a aumentar em Novembro para 795 mil milhões de euros, um aumento homólogo de 22 mil milhões.

30/01/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (51a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

O Dr. Medina pode não ter um grande currículo, mas está a constituir um belo cadastro

Como se não bastasse ter comprado por 645 mil um apartamento à família Teixeira Duarte que onze anos antes o havia comprado por 843 mil e de seguida ter adjudicado um contrato por ajuste directo à sociedade Teixeira Duarte, ter-se envolvido na embrulhada da nomeação da Dr.ª Alexandra, amiga do peito da Dr.ª Stéphani Sá Silva, ex-directora jurídica da TAP e esposa do Dr. Fernando Medina, ter escapado por pouco às suspeitas do “saco azul” do PS na câmara de Lisboa em investigação, da qual já há seis arguidos, incluindo o Dr. Joaquim Mourão, o de cujus viu-se agora objecto de mais uma investigação relacionada com um contrato-programa para a construção do Rugby Park em Belém.

O Dr. Duarte Cordeiro, actual ministro do Ambiente, também foi envolvido como autarca na câmara de Lisboa no caso do Dr. Mourão. Podia ter comentado “estou inocente”, “não tenho nada com isso” ou mesmo dizer “sou culpado”, o que não lembraria ao diabo foi responder «Não me deixarei intimidar com esta notícia», que é como quem diz “sim, estive lá, mas o meu partido protege-me”.

O Dr. Cravinho é assim como o Sr. Clinton quando disse: «I Never Had Sex With That Woman»

O Dr. Cravinho, filho de um socialista (mais um exemplo da endogamia que contamina o Estado sucial) que é pai de um Plano Anti-Corrupção, foi apanhado a mentir com as calças na mão no caso das obras do Hospital Militar, admitindo que tinha tido conhecimento mas não autorizou, como o Bill que desfrutou de um blowjob o que não o impediu de dizer o que disse.

Veio agora a saber-se que o Dr. Cravinho é sócio de uma empresa imobiliária em que um dos outros sócios foi condenado por fraude fiscal.

No Estado sucial não há conflito de interesses. Há interesses em conflito

Num país que não fosse uma República dos Bananas, seria inconcebível nomear um regulador para a concorrência que fosse administrador de um dos sectores mais propensos à cartelização. Porém, no Portugal dos Pequeninos tenho de reconhecer que até passar por normal nomear para a Autoridade da Concorrência uma criatura que é administrador de um banco (a CGD) onde esteve ligado à energia, desde que a criatura, como foi o caso, se comprometa a não tratar da concorrência da banca e da energia. En passant, o caso do Dr. Nuno Cunha Rodrigues, filho do ex-procurador-geral com o mesmo nome (quanto à endogamia nesta área ver este artigo da Sábado).

A especialidade do socialismo é perseguir quimeras

Enquanto anda pela mão do Dr. Galamba a perseguir o hidrogénio verde para cuja produção não existe em Portugal nem know-how nem capital, o governo está a deixar cair um projecto de um parque eólico marítimo de 600 MW com um investimento e 2.000 milhões da alemã BayWa. 

Todos precisam de dinheiro, uns mais do que outros

«O construtor civil Francisco Pessegueiro chegou a estar preocupado com a mudança de cor política na Câmara de Espinho nas últimas eleições autárquicas», mas ficou tranquilo quando constatou que o sucessor socialista Dr. Miguel Reis ainda tinha «mais necessidade de dinheiro» do que o social-democrata sucedido Dr. Pinto Moreira.

A Dr.ª Mariana confirmou, sem dar por isso, que o Dr. Costa não liga a questionários

Disse a Dr.ª Mariana, filha do Dr. Vieira da Silva (endogamia, sempre), que «a “larguíssima maioria” das perguntas do questionário de escrutínio de governantes já são respondidas pelos membros do executivo». Segundo o escrutínio de Observador, uma dúzia e meia de membros do governo apresentam “nódoas” no questionário que poderiam tê-los impedido de ser nomeados.

Num Estado sucial, tropa-fandanga

As FA do Portugal dos Pequeninos dispõem de 37 tanques alemães Leopard comprados num sucateiro nos Países Baixos, qualquer coisa, que se tudo corresse bem, talvez chegasse até almoço do primeiro dia de combate. Desses, apenas 12 parecem estar completamente operacionais o que talvez chegasse até ao pequeno-almoço.

(Continua)

29/01/2023

Hong Kong-Zhuhai-Macao Bridge, brutishness and uselessness on the scale of the New Middle Kingdom


«The world's longest bridge: the Hong Kong-Zhuhai-Macao Bridge (at a cost of about $20 billion) is a miracle in the world's engineering history, but in terms of its use value, it has become the biggest construction waste in the world's history. Until now, three years after the bridge was completed, there is hardly any traffic on this bridge. When the Zhuhai-Hong Kong-Macao Bridge was about to be opened to traffic, the decision makers suddenly realized a big problem: Who will use this bridge? Vehicles from mainland China cannot use it because mainland license plates cannot enter or leave Hong Kong and Macau. Similarly, Hong Kong vehicles can't use it because Hong Kong license plates can't go to Mainland China and Macau, and Macau vehicles can't use it because Macau license plates can't go to Mainland China and Hong Kong. ...... Only vehicles with Mainland China, Hong Kong and Macau can use it, and such vehicles are very few in number, and those who need to go on the bridge are even more rare.» 

[Forrest Harris, read on Quora]

28/01/2023

ARTIGO DEFUNTO: O diabo está nos detalhes

Alguns factos públicos e outros não públicos, mas notórios.

Nas últimas eleições legislativas o Partido Comunista e o seu apêndice verde tiveram 238.962 votos e elegeram seis deputados, o Berloque de Esquerda teve 244.596 votos e elegeu cinco deputados. O Iniciativa Liberal teve 273.399 votos e elegeu oito deputados.

O jornal Público tem um enviesamento tão notoriamente pró-esquerdalhada, nomeadamente comunista, que foi alcunhado de "Avante! da Sonae", parecendo que a Sonae, o seu accionista, se tem disposto a pagar um tributo para o respectivo grupo não ser excessivamente incomodado.

Na edição de quinta-feira passada, na página dedicada à Televisão, o articulista, que presumo alinhado com a inclinação do Público e que certamente nunca se referiria aos partidos da esquerdalhada como "pequenos partidos", escreveu (*)

«O deputado e recém-eleito líder do partido Iniciativa Liberal é o convidado da Grande Entrevista de Vítor Gonçalves, menos de uma semana após o mediático congresso do pequeno partido, em que Rocha derrotou Carla Castro.»

(*) Apud Corta-Fitas - sem a leitura do post não me teria dado conta desta pérola. 

27/01/2023

Ao cederem ao áctivismo de género, os artistas do "teatro independente" negaram a profissão de actor

Uma espécie de continuação desta Estória e Moral.
 
Quando o “Teatro do Vão”, uma companhia de "teatro independente" (*), aceitou substituir um actor que representava o papel de Lola, uma personagem apelidada de "trans" com cromossomas XY, que se assume como mulher (com cromossomas XX), na peça de Samuel Adamson "Tudo sobre a minha mãe", inspirada no filme de Almodóvar com o mesmo nome, por um áctivista de género que se representava a si próprio, essa companhia assumiu que o "teatro", isto é, a arte de representar em palco, deixou de existir e foi substituído por uma manifestação de promoção do desvio sexual e os actores foram substituídos por manifestantes.

(*) O que no Portugal dos Pequeninos se costuma chamar "Teatro Independente" é o teatro quem o Estado sucial diz «toma lá dinheiro e faz qualquer coisa», como em tempos disse António Feio.

26/01/2023

Lost in translation (363) - Sem se dar conta, a Dr.ª Mariana, filha do Dr. Vieira da Silva, ou mentiu ou considerou incompetente (ou desonesto) o seu chefe Dr. Costa ou é ela própria incompetente (ou desonesta)

«A ministra da Presidência garantiu esta terça-feira, em Lisboa, que a “larguíssima maioria” das perguntas do questionário de escrutínio de governantes já são respondidas pelos membros do executivo, através das declarações a que o Parlamento e o tribunal têm acesso.» (fonte)

Sabendo-se que o actual governo do Dr. Costa já registou 13 demissões por motivos vários, uma grande parte, ou talvez todos, enquadráveis nalguma ou nalgumas das 36 questões do célebre questionário com que o Dr. Costa pretendia limpar a sua folha para o futuro, a afirmação precedente ou é uma rematada mentira ou, sendo verdade, transmite do Dr. Costa uma imagem de incompetência, porque tendo tido a informação necessária e suficiente não foi capaz de tirar as devidas conclusões, ou tendo-as tirado as ignorou, pelo que, nesse caso, seria desonesto. Em alternativa, tudo isto está para além da compreensão da Dr.ª Mariana, de onde resultaria ser ela também incompetente para exercer o cargo de ministro da Presidência, ou, pelo contrário, a Dr.ª Mariana compreendeu tudo perfeitamente e, nesse caso, é (também) desonesta.

25/01/2023

O pedronunismo como alternativa ao costismo, pior a emenda do que o soneto


O Dr. Pedro Nuno Santos, líder do pedronunismo, candidato a substituir o Dr. Costa e ex-ministro das Infraestruturas, é o mais directo responsável por dois dos maiores desastres da governação socialista, a saber: a maior torrefacção de euros num só disparate - a TAP e a incapacidade total de aplicar uma política de habitação que nunca se chegou a saber qual seria. Apesar disso, ou talvez por causa disso, concita grande admiração entre quem vê nele uma figura capaz de fazer pontes com comunistas e berloquistas para reconstruir uma geringonça 2.0 e também entre os patetas que se deixam fascinar por criaturas com pose e voz grossa. 

Saiu do governo para não ser apanhado na mentira e aparentemente para preparar seu futuro como putativo sucessor do Dr. Costa. Por isso, quando se lê uma peça que conclui que «O primeiro-ministro parece ter pedido a mão no controlo da governação. E as coisas dificilmente se vão emendar. O processo de degenerescência não tem volta.» e tem o título "E se a solução for a saída de Costa e o PS encontrar um novo primeiro-ministro?", é difícil não imaginar que já está em marcha um processo de recuperação seguida de tentativa de entronização do Dr. Pedro Nuno. 

24/01/2023

ESTÓRIAS E MORAIS: Trans para os trans, "cisgéneros" para os "cisgéneros", etc.

Estória

«A invasão de palco no teatro São Luiz em Lisboa, pela atriz travesti brasileira Keyla Brasil, acabou por ter um efeito maior do que o mero impacto do momento. Foi na quinta-feira passada, a meio da peça teatral “Tudo Sobre A Minha Mãe”, que o protesto contra a exclusão e violência do “transfake”, aconteceu e provocou a mudança. De um dia para o outro, a companhia “Teatro do Vão” assumiu a falha e substituiu o ator cisgénero (não trans), André Patrício, que representava a personagem trans “Lola”, pela atriz trans Maria João Vaz.» (fonte)

Moral

Se os papéis das personagens de "géneros" alternativos estão reservados aos actores do mesmo "género" alternativo, em nome da igualdade de "géneros", os papéis das personagens de "cisgéneros" devem estar reservados aos actores "cisgéneros", ou seja actores sem comportamentos sexuais desviantes.

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (50b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 50a)

A "defesa do ensino público" é a melhor ajuda ao ensino privado

Segundo a Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo, a procura tem aumentado tanto que muitos colégios privados já esgotaram as pré-inscrições para o próximo ano lectivo.

Take Another Plan. Take 1 – O que é hoje verdade, amanhã pode ser mentira

Em 2015 Dr. Costa anunciou ufano no programa eleitoral do PS que não permitia que «o Estado perca a titularidade sobre a maioria do capital social da TAP». Decorridos sete anos, torrados 3,2 mil milhões e demitido o campeão da nacionalização e challenger do Dr. Medina, o putativo herdeiro do Dr. Costa este anuncia ufano que estava disponível para vender a TAP a perder dinheiro.

Take Another Plan. Take 2 – No perder é que está o ganho

«A TAP avança a passos largos para a privatização, apresentando como trunfo “uma das maiores receitas da sua história” em 2022 e um resultado positivo», anuncia com incontida alegria o semanário de reverência numa peça de lip service cujo título exultante é um hino à estupidez. Que outra coisa se pode chamar ao título «Venda acelera e TAP pode valer cerca de €900 milhões» referindo-se à venda de um mono depois do Dr. Costa e do Dr. Pedro Nuno lá soterrarem 3,2 mil milhões do dinheiro dos contribuintes.

Take Another Plan. Take 3 - Helicopter money

Há quem acuse o Dr. Pedro Nuno de não ter feito nada na TAP. É a mais pura das mentiras. Dos 39 directores existentes em 2015, 20 foram despedidos com generosas indemnizações ou despediram-se e foram contratados umas dezenas, fixando o total actual em 63 directores generosamente remunerados.

No topo do Mundo

Expresso

Graças ao socialismo e ao Dr. Costa estamos no top 3 da falta de competitividade fiscal.

Já virámos a página da austeridade

mais liberdade

«Pagar a dívida é ideia de criança»

Depois de vários meses de anúncios da redução da dívida pública directa do Estado, em parte graças à redução da almofada de liquidez dos depósitos em bancos, o ano de 2022 fechou com um novo recorde de 287 mil milhões.

Jornal Eco

Já é o mafarrico e já se sente o cheiro das brasas

Por falar em dívida pública, na emissão de 1.250 milhões de BT a 6 e 12 meses da semana passada as yields foram 2,42% e 2,73%, cerca do dobro e 1,4, respectivamente, da emissão de há quatro meses.

O excedente das balanças corrente e de capital de 1.287 milhões nos 11 primeiros meses de 2021 transformou-se num défice 1.573 milhões no mesmo período de 2022.

23/01/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (50a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

A família socialista tem imenso jeito para o negócio ou serão “historietas histriónicas?

Voltou agora a emergir à conta dos outros casos que envolvem o Dr. Medina, um caso já antigo (descrito no (Im)pertinências em 14-09-2917) em que o actual ministro das Finanças e putativo sucessor do Dr. Costa comprou por 645 mil um apartamento à família Teixeira Duarte que onze anos antes o havia comprado por 843 mil. Certamente por acaso, a câmara de Lisboa, de que a época era presidente o Dr. Medina, adjudicou um contrato por ajuste directo à sociedade Teixeira Duarte.

O Dr. Medina escapou por pouco às suspeitas do “saco azul” do PS na câmara de Lisboa em investigação, da qual já há seis arguidos, incluindo o Dr. Joaquim Mourão, ex-autarca do PS, nomeado pelo Dr. Medina em 2015 para acompanhar o andamento das obras sob a dependência do Arquitecto Salgado (primo do DDT).

O Dr. Cafôfo, actual SE das Comunidades Portuguesas, é objecto de um inquérito por suspeita de corrupção durante o seu mandato na câmara do Funchal relacionado com contratos com empreiteiros num esquema de financiamento do PS Madeira.

Defesa do Estado de Direito entregue a um cadastrado socialista

Neste contexto persecutório do espírito de iniciativa que impregna o PS, não admira que o Eng. Sócrates, porventura o dirigente socialista que mais iniciativa mostrou, tenha saído em defesa do Estado de Direito acusando o seu antigo ministro e actual primeiro-ministro Dr. Costa de estar «disposto até a negociar a natureza do regime» e sacrificar o «princípio de presunção de inocência».

De onde temos de concluir que para o líder do pedronunismo e grande esperança do luso-socialismo meio milhão são trocos

Segundo o seu comunicado, o Dr. Pedro Nuno, ex-ministro das Infraestruturas que entretanto se demitiu, só na sexta-feira passada se lembrou de ter autorizado por WhatsApp (sim, leu bem, WhatsApp) o seu secretário de Estado a pagar 500 mil euros de indemnização à Dr. Alexandra Reis para ela sair da TAP.

Descamisados”, o sindicato dos ex-ministros do Dr. Costa

Em resposta ao elevado número de membros do governo do Dr. Costa que nos últimos meses saíram do governo anterior e foram demitidos do actual, temos de encarar como normal a iniciativa de um deles (o Eng. Matos Fernandes) de constituir um grupo no WhatsApp de ex-membros do governo com o imaginativo e apropriado nome de “Descamisados” que se encontra regularmente em experiências gastronómicas.

Nas obras do Estado sucial o «suplementar» pode ser «essencial»

As obras do ex-Hospital Militar de Belém, adjudicadas em ajuste directo a três empresas amigas por um montante que era para ser 750 mil e acabou para 2,6 milhões, já deu 19 arguidos e deu agora um pingue-pongue entre os organismos do ministério da Defesa onde se discute se as obras adicionais que justificaram a derrapagem eram «obras suplementares» ou «obras essenciais».

«A educação é a nossa paixão»

No caminho para a demolição do ensino público como peça do elevador social, o governo do Dr. Costa deu mais um passo importante no «progressivo desmantelamento de pilares estruturantes em que se apoia a Escola portuguesa», para usar as palavras da Sociedade Portuguesa de Matemática comentando as alterações ao currículo de Matemática do ensino secundário.

(Continua)

21/01/2023

Chávez & Chávez, Sucessores (76) - O socialismo torna escasso o que é abundante (3)

Outras obras do chávismo.

Antecedentes:
A Venezuela dispõe das maiores reservas mundiais de petróleo e já importou petróleo da «irmã República Islâmica do Irão»,

A Venezuela tem uma elevada precipitação e dispõe de muitos rios, incluindo o rio Orinoco, o quarto maior caudal do mundo, e, não obstante, raciona  com frequência a electricidade e a água e 5,3 milhões de caraquenhos não têm abastecimento regular de água. Depois de terem sido gastos nos últimos anos 10 mil milhões de dólares, Caracas tem menos água do que há 20 anos e a infraestrutura está em ruínas. 

O regime chávista é apoiado entre nós por comunistas e berloquistas e um antecessor do Dr. Costa, o Eng. Sócrates, foi um grande amigo do falecido Coronel Chávez.

Consequentes:

As condições naturais permitiriam à Venezuela ser um grande produtor de matérias-primas para a indústria alimentar e o seu potencial de produção petrolífera permitiria que fosse o maior exportador mundial de petróleo e obtivesse divisas para importar de alimentos com abundância. Segundo um relatório de várias agências da ONU, «na América do Sul, a República Bolivariana da Venezuela teve a maior prevalência de subnutrição (22,9%), equivalente em números absolutos a 6,5 milhões de pessoas». 

20/01/2023

Dúvidas (349) - Por que saliva o jornalismo militante de cada vez que alguém fala de Passos Coelho?

Cito o artigo do Expresso «Os “almocinhos” de Passos Coelho e a sombra sobre Montenegro» como poderia citar qualquer outro dos muitos que surgem nos jornais a pretexto de alguém falar de Passos Coelho ou, mais raramente, do que o próprio terá falado. 

O articulista, que parece ter-se especializado em tratar da oposição a avaliar pelos inúmeros artigos que lhe dedica, entre a sua abundante produção (mais de duas dezenas de artigos em duas semanas), e em particular ao PSD, usa o seu limitado talento em três longas páginas A4 (cerca de 1.100 palavras) para insinuar uma espécie de conspiração centrada em Passos Coelho para fragilizar a liderança de Montenegro.

Como esta obsessão por Passos Coelho é muito comum entre a esquerdalhada, suspeito que o homem, que geralmente se mantém bastante discreto, é objecto de um ódio de estimação mal disfarçado indiciador de que é tido como um inimigo de estimação. Eles lá saberão.

19/01/2023

SERVIÇO PÚBLICO: Um Portugal dos Pequeninos pouco seguro

INSURANCE PROTECTION GAP FOR NATURAL CATASTROPHES (EIOPA)

O diagrama mostra o valor agregado da pontuação actual do gap de protecção pelos seguros para os cinco riscos catastróficos indicados. Nestes rankings que medem défices o Portugal dos Pequeninos está sempre bem classificado. O maior gap é no caso do risco sísmico a que Portugal está particularmente exposto e que tem uma cobertura insignificante pelos seguros privados. Alguns países, como a Espanha, dispõem de um fundo para a cobertura dos riscos catastróficos (em Espanha o Consorcio de Compensación de Seguros) fundo que em Portugal se discute para o risco sísmico há quase tanto tempo como o novo aeroporto de Lisboa.

18/01/2023

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: O Portugal dos Pequeninos visto por um desalinhado

«... as idiossincrasias portuguesas não têm a ver com a predileção pelo bacalhau ou pelo vinho verde. Têm a ver com a superestrutura ideológica e a praxis social. Os seus efeitos refletem-se na enorme escassez de capital social (confiança entre as pessoas e destas nas instituições), uma das mais baixas da Europa; na incapacidade para resolver a perene falta de capital financeiro (público e privado); na deficiente e reduzida escala da educação formal (analfabetismo ainda não erradicado, falta de competências para gerir o Estado e empresas e para aumentar a produtividade); na demeritocracia que resulta em elites débeis (e imediatistas) e líderes apenas nominais nos mais diversos níveis; na ausência de um conceito genérico para o que é e o que poderá ser Portugal – um passado, presente e futuro compreendido e aceite pela maioria dos portugueses.»

Nuno Cintra Torres no Jornal Económico

Dúvidas (348) – Irá o Brexit consumar-se? (XXII) - O que começa por equívoco acaba mal

Outras dúvidas sobre a consumação do Brexit. Sequela deste post.

Em retrospectiva, a decisão do governo conservador britânico de David Cameron submeter a um referendo a saída da UE tinha um propósito e uma premissa. O propósito era não perder as eleições para o UKIP de Nigel Farage que fazia uma campanha para a saída. A premissa era que o eleitorado britânico acabaria por recusar a saída. O propósito foi conseguido, à custa de demagogia e distorção dos factos e dos números que não ficou atrás do UKIP e teve um resultado inesperado que foi a aprovação do Brexit.

Decorridos seis anos quais foram os efeitos do Brexit no Reino Unido? Usando os diagramas da Economist (The impact of Brexit, in charts) para responder: 


O desempenho da economia piorou comparativamente relativamente a um Reino Unido imaginário construído a partir de uma amostra de 22 países escolhida por um algoritmo desenvolvido por John Springford do Centre for European Reform. Segundo as estimativas, o Brexit teve impactos negativos no 2.º trimestre de 2022 no PIB de 6% e no investimento de 11%, 


Talvez pior do que isso, a imigração de fora da UE, cuja redução drástica era um dos propósitos da demagogia do adeptos do Brexit, aumentou significativamente e, adding insult to injury, a aprovação do Brexit diminuiu e a rejeição aumentou. Pior era difícil.

17/01/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (49b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 49a)

Num Estado sucial, tropa-fandanga

A ministra da Defesa não está a conseguir pôr ordem na caserna, como se dizia na gíria da tropa, e não consegue fazer-se respeitar pelos chefes militares. Talvez a ministra seja mais um exemplo do atingimento da igualdade segundo o critério de Françoise Giroud: «La femme serait vraiment l'égale de l'homme le jour où, à un poste important, on désignerait une femme incompétente.» Ou talvez a ministra seja, afinal, a escolha mais adequada para tomar conta de umas forças desarmadas que não têm condições para manter uma armada nem uma aviação à altura dos compromissos internacionais do país.

Efeitos secundários de um governo socialista

Um inquérito do IMD a mais de quatro mil gestores de 63 países revelou que os factores de atractividade que dependem mais directamente do governo não são atractivos.

mais liberdade

Uma bazuca que dispara tiros de pólvora seca

Até ao final de 2022, as empresas apenas receberam 153 milhões (10,9%) dos 1.410 milhões já pagos pelo PRR, os restantes quase 90% foram pagos a entidades públicas e, ainda assim, os totais pagos são apenas uma pequena percentagem dos fundos disponíveis. No final, é um exemplo raro involuntariamente positivo de uma consequência inesperada da incompetência do governo. Na verdade, em alternativa a torrar dinheiro em projectos duvidosos que apenas acabarão por induzir aumentos do consumo numa conjuntura inflacionária é preferível deixá-lo sossegado.

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro» ou a gripe tem as costas largas

Segundo o Instituto Ricardo Jorge, entre 28-11 e 18-12 verificou um excesso de mortalidade de 1.146 pessoas que foi atribuído ao aumento da gripe, o que é um pouco estranho pelas temperaturas vários graus acima das médias históricas em toda a Europa e nomeadamente em Portugal que registou uma média de temperaturas máximas superior a todos os outros países europeus.

No topo da Óropa

Portugal é o 2.º país da UE que mais utiliza o automóvel como transporte de passageiros, o que se percebe como aproveitamento de uma das maiores redes europeias de autoestradas alcatroadas com os muitos milhões dos fundos europeus.

mais liberdade

De volta ao velho normal

O défice crónico da balança comercial, que só depois da queda do governo Sócrates se reduziu drasticamente, está a voltar e em Novembro agravou-se uma vez mais quase 200 milhões de euros para 2.433 milhões em relação ao mesmo mês do ano passado e atingiu desde o princípio do ano 11.700 mil milhões.

O défice da balança comercial não é estranho á descida da taxa de poupança das famílias que no 3.º trimestre desceu a níveis abissais, prenunciando o aumento da descapitalização e do endividamento. Como não é estranho ao aumento das necessidades de financiamento que atingiu máximos desde 2008. Tudo isto apesar do aumento das remessas de emigrantes que são dos poucos portugueses que ainda poupam.

16/01/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (49a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.


No passado fim de semana assistimos a mais um confronto entre a paixão pela educação e o amor ao ensino público. Por um lado, a paixão do PS, que já vem desde o Eng. Guterres, antes da sua fuga do pântano, prossegue incansavelmente o desgaste de uma das peças mais importantes do elevador social e em nome da igualdade perpetua as condições para a desigualdade de oportunidades. Por outro, o amor dos sindicatos pelo “ensino público”, que é como quem diz pela manutenção de um emprego mal pago, mas vitalício, pouco exigente, mas desqualificado, com “progressão” garantida, mas promotor da incompetência e do demérito.


O resultado garantido daquela paixão e deste amor é a promoção do facilitismo, a degradação da qualidade do ensino, a fuga para o “privado” dos filhos de todos os pais que podem pagá-lo em cima do pagamento do ensino público que já fazem com os seus impostos. No final, a “paixão pela educação” torna-se tóxica e a defesa do “ensino público” torna-se na sua redução a ensino degradado para os pobres.

Será também a justiça uma paixão socialista?

Salas de tribunal sem aquecimento, sistemas de gravação que não funcionam, elevadores avariados são apenas algumas consequências da presumível paixão socialista.

E depois de 13 membros do governo caídos… o vetting, ou como escolher ministros como se fossem escriturários

A escolha de um membro do governo é uma responsabilidade indelegável do primeiro-ministro e pretender substituir essa responsabilidade por um questionário não passa de um expediente para fintar essa responsabilidade. Ainda para mais com um questionário em que mais de metade das perguntas estão orientadas para candidatos que algum dia tiveram uma relação profissional com uma empresa quando, segundo as contas de Isabel Stilwell, nove de cada dez só tiveram empregos públicos.

Não adiantará, como não adiantou criar três códigos de conduta para os governos do Dr. Costa, pois se o Dr. Costa nem consegue escolher bem os seus assessores pessoais, como foi o caso (benigno, face ao padrão habitual), do Dr. Magalhães Ribeiro, que se demitiu na terça-feira após condenação por violação dos deveres de neutralidade e imparcialidade nas funções de presidente da câmara do Cartaxo.

Votando com os pés

O ano passado a emigração portuguesa, que estava em queda desde 2014, aumentou 15 mil para 60 mil, com o Reino Unido a ser o país mais atractivo, seguido da Espanha. Na sua esmagadora maioria são jovens e segundo o Observatório da Emigração são pessoas pouco qualificadas. Resta acrescentar que essas pessoas são também pouco acomodadas, e por isso emigram, a par com as qualificadas, cada vez em maior número, igualmente pouco acomodadas.

Ao contrário do que se diz, os governantes socialistas são amigos dos “privados”

Apenas dois exemplos recentíssimos: o da Drª. Rita Marques, ex-CE do Turismo, que concedeu benefícios fiscais de 366 mil euros e 30 milhões de euros em ajudas públicas ao seu ex-futuro empregador e o do Dr. Miguel Reis, presidente da câmara de Espinho, que favoreceu o licenciamento de projectos imobiliários a empresários amigos.

(Continua)

15/01/2023

Pro memoria (427) - O que tem de ser tem muita força

Recapitulando, o intervencionismo do BCE, que copiou com atraso a Fed e o BoE, adoptando o alívio quantitativo e as taxas de juro negativas ou nulas, desde o «whatever it takes» do Super Mario de Julho de 2012, é parecido como terapêutica com a sangria dos pacientes praticada pela medicina medieval para tratar qualquer doença, incluindo a anemia.

Ao longo de mais de oito anos alertámos para as consequências indesejadas do alívio quantitativo:
Bolha de crédito gerada pelo Quantitative Easing da Fed e por taxas de juro próximo de zero que incentivam os investidores a procurarem aumentar os yields em aplicações de risco mais alto e a recorrer a novos instrumentos de garantia como as «PIK toggle notes». Recordemos os instrumentos prodigiosos gerados nos crânios da banca de investimento como os CDS, CDO e toda a restante parafernália que alavancaram o crédito até à estratosfera antes de desabar.

Bolha que poderia e levou anos a rebentar, mas que, entretanto, criou as condições para um surto de «exuberância irracional» e uma abundância de «dinheiro estúpido» que conduz a coisas estúpidas.

A intervenção militante dos governos, resgatando indiscriminadamente bancos, anestesiando a percepção do risco com garantias elevadas de depósitos e injectando artificialmente liquidez com a impressora do Quantitative Easing, aplicou terapêuticas para debelar a crise que criaram as condições para gerar a próxima.
Em cima dessa bolha de crédito e a pretexto da pandemia, os governos montaram um sistema de subsídios que veio injectar mais dinheiro na economia sem contrapartida da produção de bens ou serviços. Estavam criadas as condições necessárias e quase suficientes para espoletar um processo inflacionário. Faltava a espoleta que as consequências da invasão da Ucrânia pelo exército putinesco proporcionou.
  
Menos de oito anos depois, aí está a inflação como não se via há décadas. Veio para ficar por algum tempo, o suficiente para obrigar os bancos centrais a fazerem o contrário do que fizeram depois da crise financeira de 2008.

Uma vez mais, desta vez também não foi diferente.

14/01/2023

Pro memoria (426) - A mentira fundadora do Dr. Costa irá persegui-lo até ao fim

«Dito isto, é, no entanto, possível que as presentes trapalhadas no governo tenham outra explicação menos envolta em amores e desamores. Ela resume-se talvez num verso célebre de Eliot: In my beggining is my end. O princípio de Costa no governo assentou numa mentira fundadora: a de que Pedro Passos Coelho havia sido o responsável pelas políticas ditadas pela troika a Portugal no período da “austeridade” e que a inocência do PS de Sócrates (e de Costa) nesse capítulo era pouco menos do que absoluta. Essa mentira – voluntária e consciente – esteve na base de uma série de mentiras consecutivas, como, por exemplo, a do “virar da página da austeridade”, e transformou uma eleição perdida numa eleição ganha, através do artifício da “geringonça”. Tais mentiras, e a desonestidade política que consubstanciam, nunca o incomodaram em nada. Pelo contrário: foram o combustível que lhe permitiu governar durante sete anos e até obter uma maioria absoluta. E tudo isso sem uma única ideia política digna desse nome: isto é, um projecto claro e definido para o país, fora de algumas noções apanhadas nos discursos de Bruxelas – “transição climática”, “transição digital”, etc. –, que ele papagueou como fórmulas encantatórias. Mas as mentiras, passado algum tempo, que pode ser longo, de gastas e esfarrapadas que são, tornam-se auto-destrutivas. Infiltram tudo o resto. Impedem uma política com um rumo coerente. As trapalhadas recentes do governo são o seu natural corolário: o resultado praticamente inevitável de se ter construído um edifício sobre bases falsas. “No meu princípio está o meu fim”, de facto. E não me venham, por favor, falar de “cansaço”. Porque é muito pior do que isso: é o atingir do limite de elasticidade de uma fórmula perversa que está à beira de se esgotar porque os seus próprios princípios a isso a conduziam.»

Paulo Tunhas no Observador

13/01/2023

Devotees of Mr. Trump, before you point the finger at sleeping old Joe, don't forget what you said...

... about the object of your devotion when piles of documents were found in Mar-a-Lago...

NBC News

... and please note that it was the White House legal team that found the documents and so far the old sleeping Joe still hasn't invoked a conspiracy against him.

12/01/2023

An unexpected example of journalistic honesty

‘We’re often innumerate, frankly, as journalists. And it’s a big problem in journalism. And we recognise it. In some ways we're too old to do anything about it.’

    – The BBC’s Justin Webb on this morning’s Today programme

(Read in the Spectator newsletter)

ARTIGO DEFUNTO: A arte do Avante da Sonae de noticiar catástrofes do Portugal dos Pequeninos

Num país fortemente endividado (a nona maior dívida pública mundial) e, em consequência, cronicamente descapitalizado, ter uma taxa de poupança das famílias muito baixa é evidentemente um desastre. Quando essa taxa de poupança se aproxima do zero, como aconteceu no quarto trimestre do ano passado, isso é uma catástrofe.

Jornal Eco

Como dar esta notícia catastrófica a leitores sofrendo de iliteracia financeira crónica? Pode-se fazer como o Jornal Eco com um título objectivo «Taxa de poupança das famílias cai para mínimo histórico de 0,24%» e um texto explicativo igualmente objectivo. Ou pode fazer-se como o Público, o Avante da Sonae, que em vez de ir à fonte Eurostat, como o Eco, cita o serviço da Lusa, a Tass Lusitana, e publica um texto onde não há uma única referência a Portugal, com o título «Taxa de poupança das famílias na zona euro recua pelo sexto trimestre consecutivo», como se, em vez de uma catástrofe doméstica, se tratasse apenas de uma queda da poupança na Zona Euro, que ainda assim teve uma taxa de 13,2%.

11/01/2023

CASE STUDY: Um imenso Portugal (63) - Chuva na eira e sol no nabal

Outros imensos Portugais

 Uma manifestação de alucinação colectiva (Estado de Minas)

Em Uma Campanha Alegre, Eça de Queiroz escreveu «O Brasileiro é o Português - dilatado pelo calor» vertendo uma apreciação simplista, mas no essencial verdadeira, como reconheceu um século depois, por outras palavras, Chico Buarque no seu Fado Tropical: Guitarras e sanfonas / Jasmins, coqueiros, fontes / Sardinhas, mandioca / Num suave azulejo / E o rio Amazonas / Que corre Trás-Os-Montes / E numa pororoca / Deságua no Tejo / Ai, esta terra ainda vai cumprir o seu ideal / Ainda vai tornar-se o imenso Portugal / Ai, esta terra ainda vai cumprir o seu ideal /Ainda vai tornar-se um imenso Portugal.

Dilatados pelo calor (temperaturas em Brasília entre 23º e os 28º) milhares de admiradores e saudosos de Jair Bolsonaro fizeram um enorme favor a Lula e ao seu PT fazendo esquecer o seu passado corrupto e alienando algumas políticas públicas aproveitáveis do governo anterior. É uma espécie de maldição que uma governação aceitável seja executada por personagens deploráveis que agora dão lugar a outras igualmente deploráveis que executarão políticas inaproveitáveis. Pior é difícil. 

10/01/2023

CAMINHO PARA A SERVIDÃO: À mercê dos caprichos da natureza, do berço ou das teias de relação

«Num país cada vez mais entregue a si próprio, onde a fronteira entre a salvação e o infortúnio depende dos caprichos da natureza, do berço ou das teias de relação, políticos comprometidos com toda a nossa história recente desmultiplicam-se em encenações, em narrativas de desresponsabilização onde tudo é permitido desde que se garanta que as coisas mais ou menos ficam na mesma.»

Rodrigo Adão da Fonseca no Observador

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (48b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 48a)

Os portugueses têm aquilo que pedem (e que talvez mereçam)

Uma sondagem para o Expresso sobre a habitação mostra a quase unanimidade dos portugueses (90%) considera existir uma crise de habitação em Portugal, o que só por si não diz muito por que se perguntassem se existe crise num outro qualquer sector as respostas seriam provavelmente as mesmas visto que os portugueses vivem em crise desde o surgimento do Reino de Portugal ou, o mais tardar, desde o desaparecimento de D. Sebastião em Alcácer Quibir.

Dizem mais sobre o estado actual dos portugueses as soluções preferidas para essa crise, em particular “aumentar o investimento público em habitação” (89%) e “introduzir limites máximos ao valor das rendas” (85%). O facto dessas soluções terem sido ou um fracasso, a primeira, ou estarem na origem da desertificação da cidade de Lisboa entre os anos 60 e 80 e da degradação do parque habitacional, a segunda, comprova que o Dr. Costa quer dar aos portugueses aquilo que os portugueses esperam.

O inferno está cheio de boas (e más) intenções. Mais uma avaria no elevador social

Os estudantes pobres que entram há universidade, seja lá o que for ser pobre, são evidentemente uma minoria dos pobres de onde, se admitirmos que o talento não está vedado aos pobres, resulta fatalmente um desperdício de talento. Perante isto, podem ser adoptadas várias políticas de bolsas e incentivos para mitigar os efeitos nocivos de um elevador social cada vez mais avariado e dar a esses alunos uma melhor preparação e os apoios para concluírem a sua graduação. A última coisa que deve ser feita é adoptar medidas que “facilitem” os critérios de selecção, isto é, políticas de discriminação “positiva” que podem aumentar o número de graduados pobres, mas lhes desgraçarão os seus futuros profissionais. Não por acaso, parece ser isso que o governo socialista do Dr. Costa se propõe fazer.

As métricas socialistas melhoram o desempenho

Pior do que essa discriminação positiva que afecta sobretudo os mais pobres, é a degradação dos níveis de exigência que afecta todos para obter melhores resultados e camuflar as deficiências do sistema de ensino, como o que este governo tem feito para depois concluir que se no ano lectivo de 2014-5 apenas 65% dos alunos terminaram o 3.º ciclo em três anos, no ano lectivo 2018-9 essa percentagem foi 87%. Se no limite os exames forem abolidos, como alguns defendem, essa percentagem pode atingir 100%.

Uma bazuca que dispara tiros de pólvora seca

Tomemos nota que o PRR, isto é, o Plano de Recuperação e Resiliência que «visa implementar um conjunto de reformas e investimentos destinados a repor o crescimento económico sustentado, após a pandemia, reforçando o objetivo de convergência com a Europa, ao longo da próxima década» inclui como “investimentos” as obras de conservação e restauro no Convento de Cristo, em Tomar. Não nos espantemos mais tarde ao constatar que esta bazuca do Dr. Costa é mais um expediente para injectar dinheiro numa economia dependente e pouco produtiva para a manter na mesma.

«Pagar a dívida é ideia de criança»

Depois do brilharete de redução de 6,1 mil milhões em Outubro, a dívida pública apenas desceu 500 milhões em Novembro devido ao aumento de 1,7 mil milhões da subscrição de certificados de aforro, em parte por uma boa razão que é a de substituir dívida externa por dívida interna, com a vantagem de aumentar a poupança. Seja como for, com um rácio de 115,1% do PIB em Novembro, estamos longe de alcançar o objectivo de 110,8% no final do ano que só será atingido com as manobras do costume à custa da redução dos depósitos em bancos.

Já é o mafarrico e já se sente o cheiro das brasas

A última emissão de 3 mil milhões de OT a 15 anos foi colocada a 3,6%, uma yield que se aproxima do normal para um Estado altamente endividado.

09/01/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (48a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

No Estado sucial não há conflito de interesses. Há interesses em conflito e mau ambiente

O novo secretário de Estado do Ambiente vendeu a sua empresa a uma família do lóbi do lixo e está envolvido numa trapalhada de conflito de interesses explicada em pormenor no jornal Nascer do Sol (que fez disso capa). Na verdade, ainda que num país civilizado tal pudesse levar a uma demissão, no Portugal dos Pequeninos e em particular para um governo como o actual, temos de reconhecer que são trocos.

Também a nova secretária de Estado da Agricultura se viu obrigada a demitir-se por se ter descoberto que tinha contas arrestadas devido a uma investigação visando o seu marido ex-presidente da câmara de Vinhais.

Não são só os que entram, são também os que saem

Mais de uma dúzia de nomeados pelo Dr. Costa estiveram envolvidos em trapalhadas que vão desde conflitos de interesse vulgares de Lineu até à corrupção pura e dura. O que é menos comum é o surgimento de trapalhadas na saída do governo, como a da Dr.ª Rita Marques, ex-SE do Turismo, demitida em colisão com o ministro da Economia, foi nomeada para a administração da The Fladgate Partnership uma holding que controla uma empresa a que a Dr.ª Rita atribuiu o estatuto de utilidade turística. Sem surpresa, a Dr.ª Rita acha que é tudo «legítimo», apesar da evidente violação do artigo 10.º da Lei 52/2019 que regula os conflitos de interesses.

Em resumo, a família socialista tem imenso jeito para o negócio

«A ministra Mariana Vieira da Silva (…), passou do ISCTE para assessora, de assessora para adjunta, de ajunta para secretária de Estado, de secretária de Estado a ministra… os irmãos Mendes (Ana Catarina e António Mendonça, ela ministra e ele secretário de Estado) e já tivemos o casal Eduardo Cabrita e Ana Vitorino. (…) a mulher de Fernando Medina, Stéphanie Sá da Silva, filha de Jaime Silva, ministro da Agricultura durante o primeiro Governo de José Sócrates, vai ser substituída no cargo de directora jurídica da TAP por Manuela Vasconcelos Simões, que vive com João Tiago Silveira, antigo secretário de Estado de José Sócrates.» (Helena Matos no Observador)

Estado sucial, tropas-fandangas

O vice-chefe do EME escolhido pelo Dr. João Cravinho é suspeito de encobrimento de um furto de armas de uma tropa numa missão da ONU na República Centro-Africana. É uma espécie de exportação de know-how e internacionalização de Tancos.

Tentando meter mais náufragos na jangada

Perante o descalabro de nomeações de gente que adiciona défice ético e currículo criminal à habitual incompetência, o Dr. Costa propõe-se criar um «circuito entre indicação e nomeação de governantes» envolvendo várias entidades.

A mulher invisível

A Dr.ª Alexandra Reis que recebeu 500 mil euros para ir da TAP para a NAV de onde foi levada para SE do Tesouro, foi invisível para quatro entidades públicas, o administrador financeiro da TAP, três ministros e três secretários de Estado.

Take Another Plan – Um case study da administração socialista

Uma empresa falida que irá receber mais de 3 mil milhões de euros de dinheiro público, isto é, dinheiro dos contribuintes privados, torrou milhões de euros para despedir generosamente uma boa parte dos 39 directores existentes em 2015 e gasta mais milhões para pagar os actuais 63 directores.

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro»

As filas entupidas nas urgências dos hospitais (em Lisboa tempos médios de espera de 15 horas) e as centenas de milhar de consultas e outros actos médicos por fazer explicam certamente a 15 mil mortos por ano acima da média que continuamos a ter, dos quais menos de metade por Covid. Como a falta de cuidados médicos e esse excesso de mortalidade afligem sobretudo os mais pobres, pode admitir-se que isso seja uma medida para reduzir a pobreza no país.

Ao mesmo tempo, o ministro da Saúde, em vez de se focar na melhoria das condições dos hospitais públicos, está preocupado em aplicar nas maternidades privadas «as regras muito exigentes no sector público».

(Continua)

08/01/2023

CASE STUDY: Prognósticos só depois dos jogos ou os mercados também se enganam

Publiquei aqui as previsões da Lloyd's de uma vitória de um final Inglaterra-Brasil no Campeonato do Mundo, baseadas num modelo que classificava as seleções de acordo com o valor segurável colectivo dos seus jogadores, valor determinado segundo várias métricas, como salários, patrocínios, idade e posição em campo, ou dito de outra maneira, algo como o valor de mercado de cada selecção.

Como agora se sabe, as previsões falharam miseravelmente confirmando, o sábio pensamento de João Pinto, um jogador dos anos 80-90 do FêCêPê, e dando-nos mais um exemplo de que os mercados também se enganam.

07/01/2023

Is Trumpism letting Trump down? Not despite Trump's intervention, but because of it with a huge help from his friend Kevin

Post scriptum to the post of the 5th:

To be fair to Mr. Trump, I should add that the turmoil in the election of the leader of the House of Representatives is not due to him alone. Kevin McCarthy himself helped immensely. Quoting Idrees Kahloon, Washington bureau chief of the Economist:

«Mr McCarthy, the Republican leader in the House of Representatives, has spent the better part of a decade trying to be speaker. He has been through so many personal reinventions that many of his colleagues are unsure of where he stands. When loyalty to Donald Trump required ostracising Liz Cheney, a former top lieutenant, he did so without remorse. 

After the Republicans eked out a narrow majority in the midterms, Mr McCarthy seemed within reach of his dream. But a band of 20 dissidents—who seem motivated as much by their lack of respect for him as by any qualms of substance—banded together over the course of 11 ballots to deny Mr McCarthy the vote that majority leaders can usually expect from their own side. By the 13th, 15 of the holdouts had relented and voted for him. But it has been a humiliating display, stretching, at the time of writing, three days without any resolution in sight.»

Breiking news

«McCarthy elected House speaker in rowdy post-midnight vote

Republican Kevin McCarthy was elected House speaker on a historic post-midnight 15th ballot early Saturday, overcoming holdouts from his own ranks and floor tensions that boiled over after a chaotic week that tested the new GOP majority’s ability to govern.»