Outros purgatórios a caminho dos infernos.
«Não é possível, por um lado, exigir que a Europa demonstre solidariedade com o seu próprio país, como faz o Sr. Tsipras, e, por outro lado, dividir a posição comum da União Europeia logo no primeiro passo oficial» disse o socialista Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, a propósito das objecções do governo grego à extensão das sanções aos seus amigos do governo russo depois dos novos ataques na Ucrânia.
O Financial Times evidencia uma fé limitada quando escreve «the new Syriza government has come up with a left-wing version of voodoo economics: the belief that a spending splurge will pay for itself, if it is just pushed with enough energy and determination. Unfortunately, given that Greece’s starting point is immeasurably weaker than that of the US in 1980, the Greek experiment with voodoo economics is likely to come crashing down – and quickly.»
Quem também não acreditou no paraíso oferecido pelo Syriza foram os gregos que na semana anterior às eleições levantaram 14 mil milhões de euros dos bancos. Contudo, muitos outros gregos parecem ter acreditado no milagre em construção porque nas semanas antes das eleições as receitas fiscais caíram abruptamente, indiciando que aos menos esses gregos possuídos pela fé imaginaram que o governo seguinte promulgaria um perdão fiscal.
Quanto aos contribuintes europeus que indirectamente suportariam o pagamento do «conto de fadas» do Syriza na quase totalidade, à parte a contribuição do FMI e dos bancos e fundos de investimentos e pensões não europeus (ver diagrama seguinte), ninguém ainda lhes perguntou a opinião mas é de presumir que estejam pouco inclinados ao patrocínio.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
31/01/2015
30/01/2015
ACREDITE SE QUISER: O mundo segundo os apparatchiks do Banco Mundial
Segundo o FT, uma equipa que realizou um inquérito aos funcionários do Banco Mundial cuja missão, recorde-se, é «end extreme poverty within a generation and boost shared prosperity», concluiu que os seus «development professionals may assume that poor individuals may be less autonomous, less responsible, less hopeful, and less knowledgeable than they in fact are».
Dito em português corrente, os burocratas estacionados no Banco Mundial consideram casos perdidos os potenciais beneficiários dos seus programas. Ou seja, essa gente existe apenas para justificar os generosos salários dos apparatchiks. É como os socialistas que vêem os pobres como os seus fregueses.
Dito em português corrente, os burocratas estacionados no Banco Mundial consideram casos perdidos os potenciais beneficiários dos seus programas. Ou seja, essa gente existe apenas para justificar os generosos salários dos apparatchiks. É como os socialistas que vêem os pobres como os seus fregueses.
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QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (17) O clube dos incréus reforçou-se (IV)
Outras marteladas.
The recent decision by the European Central Bank to open the monetary floodgates has weakened the euro and is boosting the German economy. But the move increases the threat of turbulence on the financial markets and could trigger a currency war.
The concern could be felt everywhere at this year's World Economic Forum in Davos, the annual meeting of the rich and powerful. Would the major central banks in the United States, Europe and Asia succeed in stabilizing the wobbling global economy? Or have the central bankers long since become risk factors themselves? The question was everywhere at the forum, being addressed by experts at the lecturns and by participants in the hallways.
Central banks, said Harvard University economics professor Kenneth Rogoff, are surely the greatest source of uncertainty in the eyes of the financial markets, a statement that was not disputed by others on the panel. The fact that monetary policies at central banks in the US, Europe, Japan and elsewhere are drifting apart poses a major risk for the stability of financial markets, he said.
"It's important for the international community to work together to avoid currency wars which no one can win," Min Zhu, deputy managing director of the IMF, told the conference.
Yet last Thursday's decision by the European Central Bank to purchase €60 billion ($68 billion) a month in government bonds through September 2015 has increased the threat of exactly that kind of monetary conflict. It will further flood the markets with liquidity and will continue to apply downward pressure on the value of the common currency.
A weak euro, of course, is precisely what ECB President Mario Draghi wants. It makes exports to other currency areas cheaper, thereby increasing the competitiveness of euro-zone countries. At the same time, it increases the price of imports, thus reducing the threat of deflation.
(Continuar a ler aqui)
Draghi's Dangerous Bet: The Perils of a Weak Euro
By SPIEGEL StaffThe recent decision by the European Central Bank to open the monetary floodgates has weakened the euro and is boosting the German economy. But the move increases the threat of turbulence on the financial markets and could trigger a currency war.
The concern could be felt everywhere at this year's World Economic Forum in Davos, the annual meeting of the rich and powerful. Would the major central banks in the United States, Europe and Asia succeed in stabilizing the wobbling global economy? Or have the central bankers long since become risk factors themselves? The question was everywhere at the forum, being addressed by experts at the lecturns and by participants in the hallways.
Central banks, said Harvard University economics professor Kenneth Rogoff, are surely the greatest source of uncertainty in the eyes of the financial markets, a statement that was not disputed by others on the panel. The fact that monetary policies at central banks in the US, Europe, Japan and elsewhere are drifting apart poses a major risk for the stability of financial markets, he said.
"It's important for the international community to work together to avoid currency wars which no one can win," Min Zhu, deputy managing director of the IMF, told the conference.
Yet last Thursday's decision by the European Central Bank to purchase €60 billion ($68 billion) a month in government bonds through September 2015 has increased the threat of exactly that kind of monetary conflict. It will further flood the markets with liquidity and will continue to apply downward pressure on the value of the common currency.
A weak euro, of course, is precisely what ECB President Mario Draghi wants. It makes exports to other currency areas cheaper, thereby increasing the competitiveness of euro-zone countries. At the same time, it increases the price of imports, thus reducing the threat of deflation.
(Continuar a ler aqui)
29/01/2015
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: De como o melhor que pode acontecer ao paraíso prometido aos gregos pelo Syriza é ser um purgatório (II)
Como que a confirmar estar a sua governação à altura dos seus ímpetos revolucionários, a coligação extrema esquerda-extrema direita anunciou que não vai prosseguir a privatização prevista do programa de ajustamento das empresas de energia PPC e da administração do porto do Pireu, ao mesmo tempo que aumenta o salário mínimo de 586 euros para 751 euros. Tudo por junto, irá ter de inchar a administração pública com mais umas dezenas de milhares de funcionários públicos para compensar o desemprego que resultará de um aumento de quase 30% do salário mínimo sem contrapartida de aumento de produtividade.
Também sem surpresa, o governo de Tsipras condenou o comunicado do CE que responsabiliza a Rússia pelo agravamento do conflito na Ucrânia – les bons esprits se rencontrent.
Entretanto, nem todas são más notícias. Yanis Varoufakis, o professor marxista nomeado ministro das Finanças, pode não ser completamente tonto. Em 2012 escreveu no seu blogue a respeito do manifesto do Syriza: «It is not worth the paper it is written on. While replete with good intentions, it is hort (?) on detail, full of promises that cannot, and will not be fulfilled (the greatest one is that austerity will be cancelled), a hotchpotch of policies that are neither here nor there. Just ignore it.» (via Insurgente)
Embora as reacções à reportagem em Atenas de José Rodrigues dos Santos, onde chama as vacas sagradas pelos nomes, possam levar a crer que por cá toda a gente está possuída pela visão de uma Óropa em reconstrução pelos demiurgos do Syriza, olhando mais de perto não é toda a gente - é só a gente que monopoliza a central de manipulação. O Expresso a uma peça ilustrada com uma foto dos 10 salvíficos ministros começou por baptizá-la num notável lapso freudiano «Os rostos do "conto de fadas"», como revela o link do artigo («http://expresso.sapo.pt/os-rostos-do-conto-de-fadas»). Seria um título bem mais adequado, mas, possivelmente descoberto o lapso pelo comité Syriza do Expresso, acabou a botar-lhe o título «Os rostos do "conto de crianças"», adoptando a fórmula menos conseguida de Passos Coelho.
Também sem surpresa, o governo de Tsipras condenou o comunicado do CE que responsabiliza a Rússia pelo agravamento do conflito na Ucrânia – les bons esprits se rencontrent.
Entretanto, nem todas são más notícias. Yanis Varoufakis, o professor marxista nomeado ministro das Finanças, pode não ser completamente tonto. Em 2012 escreveu no seu blogue a respeito do manifesto do Syriza: «It is not worth the paper it is written on. While replete with good intentions, it is hort (?) on detail, full of promises that cannot, and will not be fulfilled (the greatest one is that austerity will be cancelled), a hotchpotch of policies that are neither here nor there. Just ignore it.» (via Insurgente)
Embora as reacções à reportagem em Atenas de José Rodrigues dos Santos, onde chama as vacas sagradas pelos nomes, possam levar a crer que por cá toda a gente está possuída pela visão de uma Óropa em reconstrução pelos demiurgos do Syriza, olhando mais de perto não é toda a gente - é só a gente que monopoliza a central de manipulação. O Expresso a uma peça ilustrada com uma foto dos 10 salvíficos ministros começou por baptizá-la num notável lapso freudiano «Os rostos do "conto de fadas"», como revela o link do artigo («http://expresso.sapo.pt/os-rostos-do-conto-de-fadas»). Seria um título bem mais adequado, mas, possivelmente descoberto o lapso pelo comité Syriza do Expresso, acabou a botar-lhe o título «Os rostos do "conto de crianças"», adoptando a fórmula menos conseguida de Passos Coelho.
28/01/2015
A maldição dos recursos naturais, o socialismo fantástico ou de como maus governos fazem de um país do futuro um país do passado (II)
Who shot him? Scandal in Argentina
If Cristina Fernández de Kirchner, Argentina’s president, hoped to neutralise the scandal preoccupying her country, she must be disappointed. On Monday - eight days after Alberto Nisman, a muckraking prosecutor, was mysteriously found dead in his bathroom—Ms Fernández pledged to disband Argentina’s intelligence agency. That overdue reform will be debated in Congress soon; but even some who welcome it say Ms Fernández is trying to distract attention from Mr Nisman’s death. He perished soon after accusing her and others of meddling in the inquiry into Argentina’s worst terror attack, the blast at a Jewish community centre in 1994 that killed 86 people; Jewish leaders will today be consulted over who should take over the investigation. After initially pushing the hypothesis that Mr Nisman's shooting was a suicide, Ms Fernández’s team now maintains that he was murdered by rogue security agents. Many Argentines are unconvinced. They still want answers—not least from her.(The Economist Espresso de hoje)
Entretanto, Damian Pachter, o jornalista de dupla nacionalidade que noticiou a morte de Alberto Nisman, fugiu para Israel por sentir a sua segurança ameaçada.
Pro memoria (219) - As competências preditivas da Mouse Square School of Economics
Inspirado pela Mouse Square School of Economics (MSSE), António Costa acusou Passos Coelho de não ter dado a «devida atenção» às novas regras da Comissão Europeia, que dão mais flexibilidade ao Pacto de Estabilidade e Crescimento. Ontem a Comissão Europeia voltou a confirmar que Portugal está excluído dessas novas regras porque continua sob o Procedimento por Défices Excessivos.
Em Outubro de 2013, Manuel Caldeira Cabral, um emérito membro da MSSE e consultor económico de António Costa não acreditava num défice de 4% em 2014 «pela quebra de receita inerente à própria política de austeridade». Também Óscar Gaspar, consultor económico de Seguro, garantia que «já ninguém acredita, dentro ou fora do país, que possa ser atingido um défice de 4%». O mesmo se passava com João Galamba, com Nicolau Santos, escriba do Expresso e notório pastorinho da economia dos amanhãs que cantariam, ao classificar o OE 214 como «uma ficção desesperada» e com Pedro Adão e Silva outro membro do MSSE que o classificou como «enorme farsa política». (ler no Expresso a retrospectiva por Duarte Marques).
Foi esta semana divulgada a Síntese da Execução Orçamental de 2014. Segundo o Económico, «a redução da despesa foi responsável por mais de dois terços da correcção do défice. A despesa caiu 1.192,7 milhões de euros em 2014 face a 2013, o que contribuiu para uma redução do défice igual a 1.761,5 milhões de euros. (…) Do lado da receita, e apesar da elevada carga fiscal e das medidas de combate à fraude, os impostos directos recuaram 0,2% face a 2013.» Em consequência, o défice ficou 655 milhões abaixo do previsto.
Com previsões destas, as credenciais do MSSE como suporte «científico» das políticas de António Costa continuam nas ruas da amargura onde as deixaram as políticas do governo de José Sócrates.
Em Outubro de 2013, Manuel Caldeira Cabral, um emérito membro da MSSE e consultor económico de António Costa não acreditava num défice de 4% em 2014 «pela quebra de receita inerente à própria política de austeridade». Também Óscar Gaspar, consultor económico de Seguro, garantia que «já ninguém acredita, dentro ou fora do país, que possa ser atingido um défice de 4%». O mesmo se passava com João Galamba, com Nicolau Santos, escriba do Expresso e notório pastorinho da economia dos amanhãs que cantariam, ao classificar o OE 214 como «uma ficção desesperada» e com Pedro Adão e Silva outro membro do MSSE que o classificou como «enorme farsa política». (ler no Expresso a retrospectiva por Duarte Marques).
Foi esta semana divulgada a Síntese da Execução Orçamental de 2014. Segundo o Económico, «a redução da despesa foi responsável por mais de dois terços da correcção do défice. A despesa caiu 1.192,7 milhões de euros em 2014 face a 2013, o que contribuiu para uma redução do défice igual a 1.761,5 milhões de euros. (…) Do lado da receita, e apesar da elevada carga fiscal e das medidas de combate à fraude, os impostos directos recuaram 0,2% face a 2013.» Em consequência, o défice ficou 655 milhões abaixo do previsto.
Com previsões destas, as credenciais do MSSE como suporte «científico» das políticas de António Costa continuam nas ruas da amargura onde as deixaram as políticas do governo de José Sócrates.
27/01/2015
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: De como o melhor que pode acontecer ao paraíso prometido aos gregos pelo Syriza é ser um purgatório (I)
E será um purgatório se o novo governo Syriza-Gregos Independentes retiver apenas a retórica e deixar cair o seu programa. Será um inferno se o não fizer.
Não fora a excitação pueril à volta de mal-entendidos, que vão desde imaginar que a austeridade é uma política e não um mero constrangimento resultante da bancarrota, até ao pensamento milagroso que substitui a trivial aritmética pelas poções mágicas, excitação fundada na dificuldade do homo sapiens vulgaris lidar com a realidade («… human kind / Cannot bear very much reality» - T. S. Eliot), não fora tudo isto, a mitologia grega em construção não resistiria a um simples exercício de racionalidade.
Desde logo porque a coligação do Syriza com os Gregos Independentes que corporiza essa mitologia é fundada não numa base positiva do que se aceita mas do que se recusa e inclui uma espécie de Bloco de Esquerda e um partido de direita, anti-semita, antieuropeísta e que rejeita o casamento gay. Se não fizessem parte da coligação salvífica, os Gregos Independentes seriam provavelmente classificados pela esquerdalhada como fascistas.
Coligação que sustenta um governo entusiasticamente congratulado por Marine Le Pen, governo que indicou um assessor para fazer a transição com outro assessor do anterior governo, que dá prioridade a um encontro com o embaixador russo e que nomeia ministro das Finanças Yanis Varoufakis, um marxista professor na Universidade do Texas.
E imagine-se o que fará um ministro das Finanças que professa uma doutrina cuja adopção fundamentou regimes despóticos que conduziram à miséria quase um terço da humanidade e cuja teoria subjacente suportou previsões comparáveis às profecias de Nostradamus.
Este é um governo que está fadado para ser atropelado pela realidade porque, como escreveu João Miguel Tavares, «a demagogia não está cotada em bolsa, e por isso frases como as proferidas por um entusiástico Pablo “Podemos” Iglesias na noite de domingo – “resgatamos gente, não resgatamos bancos” – podem ser de grande efeito em comícios e tascas, mas não são solução alguma para a Europa.»
Não fora a excitação pueril à volta de mal-entendidos, que vão desde imaginar que a austeridade é uma política e não um mero constrangimento resultante da bancarrota, até ao pensamento milagroso que substitui a trivial aritmética pelas poções mágicas, excitação fundada na dificuldade do homo sapiens vulgaris lidar com a realidade («… human kind / Cannot bear very much reality» - T. S. Eliot), não fora tudo isto, a mitologia grega em construção não resistiria a um simples exercício de racionalidade.
Desde logo porque a coligação do Syriza com os Gregos Independentes que corporiza essa mitologia é fundada não numa base positiva do que se aceita mas do que se recusa e inclui uma espécie de Bloco de Esquerda e um partido de direita, anti-semita, antieuropeísta e que rejeita o casamento gay. Se não fizessem parte da coligação salvífica, os Gregos Independentes seriam provavelmente classificados pela esquerdalhada como fascistas.
Coligação que sustenta um governo entusiasticamente congratulado por Marine Le Pen, governo que indicou um assessor para fazer a transição com outro assessor do anterior governo, que dá prioridade a um encontro com o embaixador russo e que nomeia ministro das Finanças Yanis Varoufakis, um marxista professor na Universidade do Texas.
E imagine-se o que fará um ministro das Finanças que professa uma doutrina cuja adopção fundamentou regimes despóticos que conduziram à miséria quase um terço da humanidade e cuja teoria subjacente suportou previsões comparáveis às profecias de Nostradamus.
Este é um governo que está fadado para ser atropelado pela realidade porque, como escreveu João Miguel Tavares, «a demagogia não está cotada em bolsa, e por isso frases como as proferidas por um entusiástico Pablo “Podemos” Iglesias na noite de domingo – “resgatamos gente, não resgatamos bancos” – podem ser de grande efeito em comícios e tascas, mas não são solução alguma para a Europa.»
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estão a ver-se gregos,
Óropa
QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (16) O clube dos incréus reforçou-se (III)
Outras marteladas.
Open Europe
In a new Briefing released ahead of the ECB's purchase of sovereign bonds to be launched later this week, Open Europe breaks down why quantitative easing by the ECB will have limited economic benefits at high legal and political cost.
QE: The remedy to the Eurozone’s woes?
It is now well-known that the European Central Bank will announce some form of Quantitative Easing (QE) at its meeting on Thursday. Those who have urged the ECB to launch QE as a means to kick-start demand and fight deflation in the Eurozone will no doubt celebrate – but the impact of QE on growth and inflation is likely to be limited. In a new Intelligence Briefing released this morning, Open Europe’s Raoul Ruparel, breaks down why QE by the ECB will not save the Eurozone – and why the political and legal costs of QE are high.
The Eurozone is dependent on bank lending
The ECB has already tried various meaning of injecting money into the Eurozone – and QE is merely another means to that end – though on a much larger scale. Bank lending will be the key avenue for QE to filter through to the Eurozone’s real economy, as non-financial corporations in the Eurozone get 85% of their funding from banks. However, banks are not passing on the level of liquidity needed to the real economy, and other forms of lending are not developed enough to make up the shortfall.
Different stage of the economic cycle
Many assume that QE in the Eurozone can have the same impact as it did in the US and the UK – but the Eurozone is in a different stage of its economic crisis. When QE was launched in the US and UK, their ten year borrowing costs were over 4% and 3.5% respectively. Currently that figures stands at 1.5% in the Eurozone. Mario Draghi’s famous promise that the ECB would do ‘whatever it takes to save the euro’ in 2012, saw borrowing costs across the Eurozone dropping, but this was not accompanied with better economic performance or inflation. There is little reason to think that QE will be any different. How much more can QE do?
Structure of the purchases
The purchase of government bonds will likely have to be split according the capital shares of the ECB – which means that almost half of the money injection will flow to Germany and France (26% and 20% respectively.) This means that even under a hypothetical €500 trillion purchase programme -which is emerging as the most likely figure – only a small percentage of the Eurozone’s sovereign debt market would be bought, and it would be much less than the purchases made under QE in the US and the UK.
The social and political costs of QE?
In addition to the limited economic impacts of QE, it will come at a high social and political cost, including:
Undermining German euro-support: Given the unpopularity of QE in Germany, there is a risk that political and public opinion in Germany will harden against the euro. This may leave Chancellor Angela Merkel with significantly less room for manoeuvre on issues such as bailouts in the future.
Free rider effect: Monetary action by the Central Bank in order to paint over deep economic and political fissures is unlikely to be long-term sustainable plan for the Eurozone.
Inevitable legal challenges: QE is guaranteed to be subject to a series of legal challenges, especially in Germany. Questions about the financial liabilities that will be created for the Bundesbank and German state without any democratic process are sure to ruffle feathers.
Sovereign bond purchases by the ECB will do little to help boost the real economy in the Eurozone. It may help buy some time, but this is not the fundamental problem at the moment. The ECB would prove much more effective to face up to the structural flaws in the Eurozone institutions and find a better way to encourage reform in exchange for fiscal transfers.
ECB Quantitative Easing can’t save the Eurozone
Open Europe
In a new Briefing released ahead of the ECB's purchase of sovereign bonds to be launched later this week, Open Europe breaks down why quantitative easing by the ECB will have limited economic benefits at high legal and political cost.
QE: The remedy to the Eurozone’s woes?
It is now well-known that the European Central Bank will announce some form of Quantitative Easing (QE) at its meeting on Thursday. Those who have urged the ECB to launch QE as a means to kick-start demand and fight deflation in the Eurozone will no doubt celebrate – but the impact of QE on growth and inflation is likely to be limited. In a new Intelligence Briefing released this morning, Open Europe’s Raoul Ruparel, breaks down why QE by the ECB will not save the Eurozone – and why the political and legal costs of QE are high.
The Eurozone is dependent on bank lending
The ECB has already tried various meaning of injecting money into the Eurozone – and QE is merely another means to that end – though on a much larger scale. Bank lending will be the key avenue for QE to filter through to the Eurozone’s real economy, as non-financial corporations in the Eurozone get 85% of their funding from banks. However, banks are not passing on the level of liquidity needed to the real economy, and other forms of lending are not developed enough to make up the shortfall.
Different stage of the economic cycle
Many assume that QE in the Eurozone can have the same impact as it did in the US and the UK – but the Eurozone is in a different stage of its economic crisis. When QE was launched in the US and UK, their ten year borrowing costs were over 4% and 3.5% respectively. Currently that figures stands at 1.5% in the Eurozone. Mario Draghi’s famous promise that the ECB would do ‘whatever it takes to save the euro’ in 2012, saw borrowing costs across the Eurozone dropping, but this was not accompanied with better economic performance or inflation. There is little reason to think that QE will be any different. How much more can QE do?
Structure of the purchases
The purchase of government bonds will likely have to be split according the capital shares of the ECB – which means that almost half of the money injection will flow to Germany and France (26% and 20% respectively.) This means that even under a hypothetical €500 trillion purchase programme -which is emerging as the most likely figure – only a small percentage of the Eurozone’s sovereign debt market would be bought, and it would be much less than the purchases made under QE in the US and the UK.
The social and political costs of QE?
In addition to the limited economic impacts of QE, it will come at a high social and political cost, including:
Undermining German euro-support: Given the unpopularity of QE in Germany, there is a risk that political and public opinion in Germany will harden against the euro. This may leave Chancellor Angela Merkel with significantly less room for manoeuvre on issues such as bailouts in the future.
Free rider effect: Monetary action by the Central Bank in order to paint over deep economic and political fissures is unlikely to be long-term sustainable plan for the Eurozone.
Inevitable legal challenges: QE is guaranteed to be subject to a series of legal challenges, especially in Germany. Questions about the financial liabilities that will be created for the Bundesbank and German state without any democratic process are sure to ruffle feathers.
Sovereign bond purchases by the ECB will do little to help boost the real economy in the Eurozone. It may help buy some time, but this is not the fundamental problem at the moment. The ECB would prove much more effective to face up to the structural flaws in the Eurozone institutions and find a better way to encourage reform in exchange for fiscal transfers.
26/01/2015
Dúvidas (74) - Será Tsipras um Chávez ou um Lula?
Pergunta-se o Financial Times. E, pergunta-se Rui Ramos no Observador, se «não seria Tsipras um Chávez balcânico, determinado a tratar os contribuintes alemães como o seu poço de petróleo»? E, pergunto-me eu, se for um Lula, qual será o mensalão com que vai aliciar os Gregos Independentes e, desde logo, o cartel de maoístas, trotskistas et alia que compõem o Syriza?
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TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: «Não acho que a democracia lhe deva grande coisa, embora desconfie que o Dr. Mário Soares deva imenso à democracia»
«Aliás, o disparate sobre Cavaco Silva surgiu no intervalo de recorrentes visitas a Évora, onde costuma elevar José Sócrates ao estatuto de "preso político". Quase em simultâneo, desejou a vitória dos populistas do Syriza nas eleições gregas. Pouco antes, mostrara-se em cuidados com o destino do banqueiro que, além dos contribuintes, lhe patrocinava a fundação. Se continuarmos a recuar na cronologia, houve as declarações na morte de Eusébio, a sugestão para as massas deporem o governo através da violência, os elogios aos tiranetes da América Latina, a recomendação ao diálogo com a Al-Qaeda e as enormidades que calharam, sempre orientadas pela natureza democrática que define o Dr. Mário Soares. A "energia" que lhe admiram na vetusta idade tem um nome: ressentimento, o ressentimento a tudo o que se assemelhe ao Ocidente civilizado em cuja História imaginou, com típica noção da realidade, ficar.
Não ficou. Do alto de uma carreira de facto esgotada na oposição estratégica ao PREC, fora a inépcia governativa e o rancor que ensaiou na presidência, o Dr. Mário Soares perdurará na história com minúscula que os portugueses escrevem há muito, cheia de gralhas e erros crassos. Ele é apenas um dos maiores.»
«Um erro crasso», ALBERTO GONÇALVES no DN
25/01/2015
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Mitologia grega - Hocus pocus, tontus talontus, vade celerita jubes
Para quem não conheça, pode ler aqui um resumo do programa do Syriza que irá resolver os problemas dos gregos e dos troianos, que somos nós e os espanhóis (os irlandeses não acreditam em bruxas e estão há 4 anos a tratar da sua vidinha). Como teaser aqui vai a introdução:
We demand immediate parliamentary elections and a strong negotiation mandate with the goal to:
- Write-off the greater part of public debt’s nominal value so that it becomes sustainable in the context of a "European Debt Conference". It happened for Germany in 1953. It can also happen for the South of Europe and Greece.
- Include a "growth clause" in the repayment of the remaining part so that it is growth-financed and not budget-financed.
- Include a significant grace period ("moratorium") in debt servicing to save funds for growth.
- Exclude public investment from the restrictions of the Stability and Growth Pact.
- A "European New Deal" of public investment financed by the European Investment Bank.
- Quantitative easing by the European Central Bank with direct purchases of sovereign bonds.
- Finally, we declare once again that the issue of the Nazi occupation forced loan from the Bank of Greece is open for us. Our partners know it. It will become the country’s official position from our first days in power.
With that plan, we will lead with security the country to recovery and productive reconstruction by:
- Immediately increasing public investment by at least €4 billion.
- Gradually reversing all the Memorandum injustices. Gradually restoring salaries and pensions so as to increase consumption and demand.
- Providing small and medium-sized enterprises with incentives for employment, and subsidizing the energy cost of industry in exchange for an employment and environmental clause.
- Investing in knowledge, research, and new technology in order to have young scientists, who have been massively emigrating over the last years, back home.
- Rebuilding the welfare state, restoring the rule of law and creating a meritocratic state.
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Mitos (184) - «O facto de uma coisa ser penosa, não significa que a alternativa não seja ainda mais penosa»
Não façamos confusões. A maioria da dívida grega é hoje detida pelos Estados-membros da UE, pelo BCE e pelo FMI. Por isso, quem pagará o default, o haircut ou whatever não são principalmente os capitalistas – são os contribuintes, incluindo os portugueses à razão de 110 euros por cabeça.
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24/01/2015
Pro memoria (218) - O comentário político mais estúpido sobre a bazuca do Mario
«A ortodoxia do ajustamento interno prosseguido pelo Governo sofreu hoje uma pesada derrota política e doutrinária» postulou, a propósito do anúncio da bazuca do Mario, António Costa, aquele a quem os pais da pátria ungiram para a salvar do inferno neoliberal.
Numa feroz competição com opinion dealers de todos os quadrantes que produziram pérolas do pensamento político-económico de grande calibre, Costa demonstra que o seu silêncio não se tem devido a falta de ideias e ganha por mérito próprio o prémio do comentário político mais estúpido sobre a bazuca do Mario.
A propósito, segundo um estudo dos psicólogos Shaul Shalvi, Ori Eldar e Yoella Bereby-Meyer publicado na Psychological Science, as pessoas tendem a ser mais desonestas e a mentir mais quando pressionadas pela falta de tempo. Jornalistas de causas não empurrem o microfone para cima do Dr. Costa (e dos outros, claro) porque, como resumiu o Dr, Shalvi, «people usually know it is wrong to lie, they just need time to do the right thing.»
23/01/2015
BREIQUINGUE NIUZ: Sócrates e Bárcenas, a mesma luta
«Grabaciones ocultas, sanciones, yoga y lecturas: así han sido los 19 meses de prisión de Bárcenas
En ese año y medio de prisión, con toda España pendiente de sus declaraciones o de lo que él se decía en los circulos policiales, judiciales o políticos, el hombre que puso en jaque al Gobierno de Rajoy descubría cómo era la vida de un recluso.» (20 minutos)
Um dia como os outros na vida do estado sucial (21) – De chumbo em chumbo até à vitória final
Foi mais uma vez (a quarta) chumbada no parlamento «a adopção plena de crianças por casais do mesmo sexo». Os seus proponentes, encabeçados por Isabel Moreira, essa grande lutadora pelas causas fracturantes, estão inconsoláveis e certamente não desistirão de combater o que, segundo eles, é actualmente «um direito exclusivo de pais e mães solteiros e de casais heterossexuais».
Se olharmos para a coisa, isto é as crianças sem pais, como uma coisa, então, de facto, não parece haver razão para que os homossexuais não possam dispor dessa coisa como os heterossexuais. Seria assim como vedar aos homossexuais a compra de habitação própria.
Se olharmos para a coisa, isto é as crianças sem pais, como uma coisa, então, de facto, não parece haver razão para que os homossexuais não possam dispor dessa coisa como os heterossexuais. Seria assim como vedar aos homossexuais a compra de habitação própria.
Dúvidas (73) – Teria o DDT caído, não fora ter-se metido com o PQP e o Chico dos Porsches? (II)
Recordando: antes de nos felicitarmos pelo «funcionamento das instituições» que colocou um fim (provisório?) ao reinado do Dr. Ricardo Salgado, o Dono Disto Tudo, convirá reflectirmos um pouco sobre as verdadeiras causas da queda da casa dos Espíritos.
Como agora se torna cada vez mais claro, as «instituições» funcionaram mal e tardiamente. Os administradores não executivos «independentes» do BES entravam mudos e saíram calados, a comissão de auditoria vivia em paz e harmonia com a comissão executiva, o ROC e auditor KPMG assobiava para o lado e sacudia a água do capote «alertando» os seus estados de alma (*), o BdeP empurrava com a barriga para frente tentando gerir as pressões do DDT, o governo lavava as mãos, porque quem tinha de lidar com o assunto era (de facto) o supervisor.
A acrescentar tudo o que já se sabia que funcionou mal, tivemos a confirmação esta semana pela boca do seu presidente José Alves na audição na comissão parlamentar de inquérito que a PwC cessou unilateralmente em 2002 a auditoria do BES por razões na altura não publicamente não reveladas mas que foram comunicadas ao Banco de Portugal e à CMVM. Razões que incluíam, entre outras irregularidades, o financiamento de offshores, as entidades que foram do perímetro de consolidação do grupo, a opacidade da ES International, o financiamento encapotado do BES a não residentes para a aquisição de acções do próprio banco, da PT e da PTM.
Adivinhe quem era o governador do BdP em 2002. Vítor Constâncio, o ministro anexo, o mesmo que fez a famosa «declaração Mississipi» no discurso de tomada de posse em 2000, assobiou para o lado no BPN, o mesmo que estimou para o governo de José Sócrates défices vindos do governo de Santana Lopes com uma precisão de centésimas de um ponto percentual. Quem mais haveria de ser?
Como agora se torna cada vez mais claro, as «instituições» funcionaram mal e tardiamente. Os administradores não executivos «independentes» do BES entravam mudos e saíram calados, a comissão de auditoria vivia em paz e harmonia com a comissão executiva, o ROC e auditor KPMG assobiava para o lado e sacudia a água do capote «alertando» os seus estados de alma (*), o BdeP empurrava com a barriga para frente tentando gerir as pressões do DDT, o governo lavava as mãos, porque quem tinha de lidar com o assunto era (de facto) o supervisor.
A acrescentar tudo o que já se sabia que funcionou mal, tivemos a confirmação esta semana pela boca do seu presidente José Alves na audição na comissão parlamentar de inquérito que a PwC cessou unilateralmente em 2002 a auditoria do BES por razões na altura não publicamente não reveladas mas que foram comunicadas ao Banco de Portugal e à CMVM. Razões que incluíam, entre outras irregularidades, o financiamento de offshores, as entidades que foram do perímetro de consolidação do grupo, a opacidade da ES International, o financiamento encapotado do BES a não residentes para a aquisição de acções do próprio banco, da PT e da PTM.
Adivinhe quem era o governador do BdP em 2002. Vítor Constâncio, o ministro anexo, o mesmo que fez a famosa «declaração Mississipi» no discurso de tomada de posse em 2000, assobiou para o lado no BPN, o mesmo que estimou para o governo de José Sócrates défices vindos do governo de Santana Lopes com uma precisão de centésimas de um ponto percentual. Quem mais haveria de ser?
22/01/2015
LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE: Para tirar os trapinhos qualquer causa é boa nem todas as causas são boas (14)
Outros trapinhos tirados: (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11), (12) e (13).
Mulheres alienadas tirando os trapinhos ao serviço do machismo capitalista do jornal The Sun vs garotas de Ipanema tirando os trapinhos «em protesto contra a falta de liberdade das mulheres» |
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tirar os trapinhos
Curtas e grossas (16) – O problema não está em Sócrates
«Porque o problema não está em Sócrates – está no país que permitiu que ele fosse duas vezes primeiro-ministro.»
(João Miguel Tavares no Público)
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E agora José?,
eu diria mesmo mais
SERVIÇO PÚBLICO: O princípio do princípio a resvalar para o princípio do fim (3)
Outros princípios: (1), (2)
Repetindo-me: durante mais de dois anos publiquei a série de 31 posts «O princípio do princípio», o último dos quais em Fevereiro passado, salientando os sinais positivos da economia em resposta às medidas que o governo PSD-CDS foi forçado a tomar pelo Memorando de Entendimento. A insuficiência das reformas, o gradual esgotamento do fraco ímpeto reformista do governo, o fim do PAEF e a aproximação das eleições e do seu apelo à demagogia e irresponsabilidade começaram entretanto a comprometer alguns os progressos.
Se as reformas foram tão pífias como foi possível ter arrebitado a economia que não vive ao colo do Estado, conseguir pela primeira vez em décadas equilibrar as contas externas (saldo positivo até Outubro nas Balanças Corrente + Capital de € 3,4 mil milhões – contra 2,8 mil milhões o ano passado), ganhar a confiança dos investidores colocando a semana passada 10 mil milhões a 10 anos a uma taxa média de 2,92% e 2 mil milhões a 30 anos a uma taxa média de 4,131%, com uma procura que quase triplicou a oferta?
A resposta é: porque o governo diminuiu o seu intervencionismo na economia, deixou de querer fazer o papel dos empresários, de pretender saber o que era bom para a economia, de extorquir recursos para o celebrado investimento público e limitou-se à extorquir cada vez mais impostos para pagar a máquina extorsionária.
Repetindo-me: durante mais de dois anos publiquei a série de 31 posts «O princípio do princípio», o último dos quais em Fevereiro passado, salientando os sinais positivos da economia em resposta às medidas que o governo PSD-CDS foi forçado a tomar pelo Memorando de Entendimento. A insuficiência das reformas, o gradual esgotamento do fraco ímpeto reformista do governo, o fim do PAEF e a aproximação das eleições e do seu apelo à demagogia e irresponsabilidade começaram entretanto a comprometer alguns os progressos.
Se as reformas foram tão pífias como foi possível ter arrebitado a economia que não vive ao colo do Estado, conseguir pela primeira vez em décadas equilibrar as contas externas (saldo positivo até Outubro nas Balanças Corrente + Capital de € 3,4 mil milhões – contra 2,8 mil milhões o ano passado), ganhar a confiança dos investidores colocando a semana passada 10 mil milhões a 10 anos a uma taxa média de 2,92% e 2 mil milhões a 30 anos a uma taxa média de 4,131%, com uma procura que quase triplicou a oferta?
Apesar de tudo eles ainda acreditam em nós (Fonte: Bloomberg) |
Lost in translation (220) – Com um governo socialista as políticas serão… ligeiramente diferentes
É o que garante Caldeira Cabral que com mais 10 outros economistas está a preparar um programa «rigoroso», com uma «estratégia de consolidação orçamental claríssima a médio prazo» … «é só ligeiramente diferente».
E em que consiste a diferença? «Vamos dar dinheiro de forma a criar incentivos, a pô-los a trabalhar em conjunto e a produzirem melhores resultados. Isto é pôr o Estado a funcionar melhor.» Pronto, ficamos esclarecidos.
E em que consiste a diferença? «Vamos dar dinheiro de forma a criar incentivos, a pô-los a trabalhar em conjunto e a produzirem melhores resultados. Isto é pôr o Estado a funcionar melhor.» Pronto, ficamos esclarecidos.
21/01/2015
Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (29) – Soares tem razão
«Portugal não é uma democracia. Se Portugal fosse uma democracia há muito que ninguém se sentiria obrigado a publicar-lhe os textos.» (Helena Matos)
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eu diria mesmo mais
QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (15) O clube dos incréus reforçou-se (II)
Outras marteladas.
Agora que a bazuca de Draghi volta a excitar as mentes, botemos alguma água na fervura citando mais um incréu – o economista alemão Daniel Stelter que umas semanas atrás disse, entre outras coisas, o seguinte ao Expresso.
«Acha que o BCE avançará para um QE total, incluindo a compra de dívida pública dos seus membros?
O BCE, na verdade, é a única instituição na Europa que funciona e já disse que fará "tudo o que for preciso" para salvar o euro. Mas, como eu digo, apenas ganhará tempo e dará mais umas rodadas de cerveja de borla ao pessoal perto do balcão do bar. O BCE corre o risco de acabar como um Fundo de Redenção da Dívida sem legitimação democrática para tal.
Isso não vai causar problemas complicados com alguns, nomeadamente com o Bundesbank e o governo alemão?
Vai, mas, no final, eu acredito que os políticos alemães acabarão por proferir essa via, pois esconderá o verdadeiro custo de "resgatar" a zona euro. Como já disse, prefiro a abordagem aberta - e não camuflada. Pois avançando pela via do BCE, continuamos a correr o risco de convulsões políticas. O caminho do BCE é muito lento e teremos de lidar com depressão por muitos anos.
Os franceses têm sugerido um "New Deal" europeu, pois consideram o pacote do presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker de 300 mil milhões de euros, anunciado hoje, como uma falsa promessa. o "New Deal" seria mais endividamento ou a solução?
Participei na semana passada numa discussão com economistas franceses. O que achei impressionante é continuarem a acreditar na capacidade dos governos em resolverem os nossos problemas. Os franceses são verdadeiramente socialistas, na minha opinião. Só os mercados livres podem gerar inovação e novas indústrias. O papel do governo é assegurar um bom enquadramento para que isso seja possível. Agora, julgar que mais 300 mil milhões de euros gastos pela União Europeia resolverão os problemas é ingénuo.
A sua abordagem é uma espécie de "terceira via", alternativa à austeridade e ao despesismo governamental, com uma muleta menor ou maior do BCE?
O ponto de partida foi os governos cortarem os seus gastos virados para o futuro - investimento, educação, inovação. Isso é totalmente errado. Temos de limitar o crescimento do crédito e tornar atrativo investir na economia real do ponto de vista fiscal, e não - repito - financiar a especulação. Esta terminaria automaticamente se voltássemos a ter taxas de juro normais. O meu ponto de vista central é que, como sociedades, temos de reduzir o consumo, que inclui o bem estar social, e investir mais no futuro.
Com todo esse conjunto de problemas, acha que um "momento Minsky" pode surgir?
O falecido economista Hyman Minsky falava de um esquema [em pirâmide) Ponzi quando o mutuário já não consegue pagar nem o capital nem o juro e espera ser resgatado pelo investidor seguinte. Neste momento, estamos todos a viver num esquema desses. Esperando ser resgatado pelo próximo. O problema é que a demografia diz- nos que há menos gente a entrar no esquema do que a sair. O que significa, por definição, que o esquema está no fim. O momento Minsky é o crash. Como todas as derrocadas é mais fácil explicá-Ias depois, do que antes. Mas é óbvio que o jogo está perto do final.»
Agora que a bazuca de Draghi volta a excitar as mentes, botemos alguma água na fervura citando mais um incréu – o economista alemão Daniel Stelter que umas semanas atrás disse, entre outras coisas, o seguinte ao Expresso.
«Acha que o BCE avançará para um QE total, incluindo a compra de dívida pública dos seus membros?
O BCE, na verdade, é a única instituição na Europa que funciona e já disse que fará "tudo o que for preciso" para salvar o euro. Mas, como eu digo, apenas ganhará tempo e dará mais umas rodadas de cerveja de borla ao pessoal perto do balcão do bar. O BCE corre o risco de acabar como um Fundo de Redenção da Dívida sem legitimação democrática para tal.
Isso não vai causar problemas complicados com alguns, nomeadamente com o Bundesbank e o governo alemão?
Vai, mas, no final, eu acredito que os políticos alemães acabarão por proferir essa via, pois esconderá o verdadeiro custo de "resgatar" a zona euro. Como já disse, prefiro a abordagem aberta - e não camuflada. Pois avançando pela via do BCE, continuamos a correr o risco de convulsões políticas. O caminho do BCE é muito lento e teremos de lidar com depressão por muitos anos.
Os franceses têm sugerido um "New Deal" europeu, pois consideram o pacote do presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker de 300 mil milhões de euros, anunciado hoje, como uma falsa promessa. o "New Deal" seria mais endividamento ou a solução?
Participei na semana passada numa discussão com economistas franceses. O que achei impressionante é continuarem a acreditar na capacidade dos governos em resolverem os nossos problemas. Os franceses são verdadeiramente socialistas, na minha opinião. Só os mercados livres podem gerar inovação e novas indústrias. O papel do governo é assegurar um bom enquadramento para que isso seja possível. Agora, julgar que mais 300 mil milhões de euros gastos pela União Europeia resolverão os problemas é ingénuo.
A sua abordagem é uma espécie de "terceira via", alternativa à austeridade e ao despesismo governamental, com uma muleta menor ou maior do BCE?
O ponto de partida foi os governos cortarem os seus gastos virados para o futuro - investimento, educação, inovação. Isso é totalmente errado. Temos de limitar o crescimento do crédito e tornar atrativo investir na economia real do ponto de vista fiscal, e não - repito - financiar a especulação. Esta terminaria automaticamente se voltássemos a ter taxas de juro normais. O meu ponto de vista central é que, como sociedades, temos de reduzir o consumo, que inclui o bem estar social, e investir mais no futuro.
Com todo esse conjunto de problemas, acha que um "momento Minsky" pode surgir?
O falecido economista Hyman Minsky falava de um esquema [em pirâmide) Ponzi quando o mutuário já não consegue pagar nem o capital nem o juro e espera ser resgatado pelo investidor seguinte. Neste momento, estamos todos a viver num esquema desses. Esperando ser resgatado pelo próximo. O problema é que a demografia diz- nos que há menos gente a entrar no esquema do que a sair. O que significa, por definição, que o esquema está no fim. O momento Minsky é o crash. Como todas as derrocadas é mais fácil explicá-Ias depois, do que antes. Mas é óbvio que o jogo está perto do final.»
20/01/2015
Exemplos do costume (26) – Garbage in, garbage out
Se fosse preciso demonstrar as consequências negativas da promiscuidade entre a política e os negócios, o caso GES ofereceu inúmeros exemplos e entre eles o da intervenção do político e advogado José Luís Arnaut, entretanto emigrado para o Goldman Sachs, ao intermediar um empréstimo de 835 milhões deste último banco ao BES pouco antes do seu colapso, depois de ter garantido que Ricardo Salgado «deixa um banco robusto com capital e credibilidade».
E foi assim que José Luís Arnaut se estreou nas páginas do Wall Street Journal, na companhia de António Esteves, igualmente partner da Goldman Sachs. Um e outro negaram-se a fazer comentários ao WSJ. Fizeram bem, quanto menos se mexer nos excrementos menos eles cheiram mal.
E foi assim que José Luís Arnaut se estreou nas páginas do Wall Street Journal, na companhia de António Esteves, igualmente partner da Goldman Sachs. Um e outro negaram-se a fazer comentários ao WSJ. Fizeram bem, quanto menos se mexer nos excrementos menos eles cheiram mal.
De boas intenções está o inferno cheio (27) – A religião é a política por outros meios? (II)
Uma espécie de continuação daqui.
Instintivamente, desconfiei do Papa Francisco. Tive e tenho dúvidas que seja um bom papa para a Igreja e tenho dúvidas de que seja um bom papa para o mundo. É o estilo e a substância. Cheira-me a teologia da libertação. E não só a mim cheira – vejam-se os narizes sensíveis da esquerdalhada, sempre excitadíssima en masse com qualquer trivialidade de Francisco.
Escrevi o que antecede há cerca de um ano e, se fosse hoje, voltaria a escrevê-lo depois de ler as suas declarações sobre os limites para a liberdade de expressão onde a título de exemplo admite que se alguém «ofender a minha mãe, deve estar preparado para levar um soco. É normal. Não se pode provocar, não se pode insultar a fé dos outros. Não se pode ridicularizar a religião dos outros».
É claro que há uma distância grande entre dar um murro numa criatura por ter ofendido a religião de outra criatura e dar-lhe uma rajada de kalashnikov, mas a substância é semelhante: a recusa da liberdade de expressão se esta for usada para ridicularizar a religião. Há até uma certa proporcionalidade, considerando que o murro seria oferecido pelo chefe religioso da igreja católica, que propugna oferecer a outra face ao ofensor, e a rajada de kalashnikov seria dada por jihadistas que costumam resolver as diferenças com a decapitação do infiel.
Para que não haja dúvida, esclareço que acho o Charlie Hebdo um jornal de humor medíocre e classifico de um mau gosto atroz os seus cartunes em geral, seja sobre seja Maomé seja sobre o papa. E seja o Charlie, seja o o Expresso, onde há uns anos foi publicado um cartune com um preservativo no nariz do papa João Paulo II. Et pourtant. não acho nada que isto se resolva a murro.
Instintivamente, desconfiei do Papa Francisco. Tive e tenho dúvidas que seja um bom papa para a Igreja e tenho dúvidas de que seja um bom papa para o mundo. É o estilo e a substância. Cheira-me a teologia da libertação. E não só a mim cheira – vejam-se os narizes sensíveis da esquerdalhada, sempre excitadíssima en masse com qualquer trivialidade de Francisco.
Escrevi o que antecede há cerca de um ano e, se fosse hoje, voltaria a escrevê-lo depois de ler as suas declarações sobre os limites para a liberdade de expressão onde a título de exemplo admite que se alguém «ofender a minha mãe, deve estar preparado para levar um soco. É normal. Não se pode provocar, não se pode insultar a fé dos outros. Não se pode ridicularizar a religião dos outros».
É claro que há uma distância grande entre dar um murro numa criatura por ter ofendido a religião de outra criatura e dar-lhe uma rajada de kalashnikov, mas a substância é semelhante: a recusa da liberdade de expressão se esta for usada para ridicularizar a religião. Há até uma certa proporcionalidade, considerando que o murro seria oferecido pelo chefe religioso da igreja católica, que propugna oferecer a outra face ao ofensor, e a rajada de kalashnikov seria dada por jihadistas que costumam resolver as diferenças com a decapitação do infiel.
Para que não haja dúvida, esclareço que acho o Charlie Hebdo um jornal de humor medíocre e classifico de um mau gosto atroz os seus cartunes em geral, seja sobre seja Maomé seja sobre o papa. E seja o Charlie, seja o o Expresso, onde há uns anos foi publicado um cartune com um preservativo no nariz do papa João Paulo II. Et pourtant. não acho nada que isto se resolva a murro.
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19/01/2015
ACREDITE SE QUISER: A autofagia do esquerdismo ou de união em união até à desunião final
«Com apenas um mês de vida, o Juntos Podemos enfrenta uma guerra interna. Joana Amaral Dias acusa de "boicote" e de "tentativa de manipulação" um grupo de militantes, que respondem com acusações de "desnorte" e "ganância" à ex-dirigente bloquista. "Isto não é da Joana", responde um dos opositores internos.
"Não há condições", diz o comunicado assinado por 14 membros da Comissão Dinamizadora, único órgão representativo do movimento, eleito no passado dia 14 de dezembro. Joana Amaral Dias, Nuno Ramos de Almeida e Carlos Antunes são os rostos mais conhecidos da estrutura que, esta semana, se autodissolveu por achar que o movimento sofreu "uma tentativa de ocupação e de controlo externo" que acham "inaceitável". O alvo é o Movimento Alternativa Socialista (MAS), partido liderado por outro dissidente bloquista, Gil Garcia, que assumiu "integrar o Juntos Podemos". » (Expresso)
Lost in translation (219) – there is no such thing as flag carrier (II)
A singularidade da companhia de bandeira das caravelas lusitanas (d'après Costa), uma das vacas sagradas do regime, no concerto das nações.
18/01/2015
CASE STUDY: O homem providencial para o Estado Previdência (8)
(Outros feitos do homem providencial)
Suponhamos que Tozé Seguro ainda por aí andava com o seu ar de calimero e as suas intenções de voto que nunca descolaram dos 38%, apesar das suas promessas de tirar os portugueses do inferno de Passos Coelho para os levar ao céu do socialismo. O que diria nesta altura o ungido Costa e todo o coro dos seus admiradores, amplificado pela boa imprensa?
O que quer que seja que dissesse, não deveria ser muito diferente do que o mesmo Tozé agora poderia dizer das realizações de Costa depois de 3 meses a fazer as mesmas promessas de tirar os portugueses do inferno de Passos Coelho para os levar ao céu do socialismo. Realizações que se ficam por 37,9% das intenções de voto do PS, por uma popularidade pessoal de 11,1%, apenas 3,4% acima de Paulo Portas, o salta-pocinhas do regime, e por opiniões positivas de 36,3%, apenas 10% acima de Passos Coelho (resultados das sondagens amigas da Eurosondagem para o Expresso).
Sou dos que tenho dito que, depois de 4 anos a consertar (mal) a bancarrota que o socialismo socrático nos deixou, com o povo infantilizado pelas elites e pela mídia que temos, até o pato Donald à frente do PS conseguiria ganhar umas eleições. Quanto ao pato Donald mantenho e opinião. Quanto a António Costa, vou pensar melhor no assunto.
Suponhamos que Tozé Seguro ainda por aí andava com o seu ar de calimero e as suas intenções de voto que nunca descolaram dos 38%, apesar das suas promessas de tirar os portugueses do inferno de Passos Coelho para os levar ao céu do socialismo. O que diria nesta altura o ungido Costa e todo o coro dos seus admiradores, amplificado pela boa imprensa?
O que quer que seja que dissesse, não deveria ser muito diferente do que o mesmo Tozé agora poderia dizer das realizações de Costa depois de 3 meses a fazer as mesmas promessas de tirar os portugueses do inferno de Passos Coelho para os levar ao céu do socialismo. Realizações que se ficam por 37,9% das intenções de voto do PS, por uma popularidade pessoal de 11,1%, apenas 3,4% acima de Paulo Portas, o salta-pocinhas do regime, e por opiniões positivas de 36,3%, apenas 10% acima de Passos Coelho (resultados das sondagens amigas da Eurosondagem para o Expresso).
Sou dos que tenho dito que, depois de 4 anos a consertar (mal) a bancarrota que o socialismo socrático nos deixou, com o povo infantilizado pelas elites e pela mídia que temos, até o pato Donald à frente do PS conseguiria ganhar umas eleições. Quanto ao pato Donald mantenho e opinião. Quanto a António Costa, vou pensar melhor no assunto.
17/01/2015
Mitos (183) – A Europa precisa muito de investimento? Qual Europa?
«O plano da Comissão, uma iniciativa assinada pelo presidente Jean-Claude Juncker no início do seu mandato, não constitui nenhuma surpresa. Com a Zona Euro presa numa recessão aparentemente interminável, a ideia de que o investimento potenciador de crescimento é crucial para uma recuperação sustentável está profundamente enraizada no discurso público. O pressuposto subjacente é que mais investimento é sempre melhor, porque aumenta o stock de capital e, portanto, a produção.
Este não é necessariamente o caso da Europa nesta altura. As autoridades da União Europeia (e muitas outras) argumentam que a Europa - especialmente a Zona Euro - sofre de uma "lacuna de investimento". Supostamente, a prova irrefutável é o défice anual de 400 mil milhões de euros, relativo a 2007.
Mas a comparação é enganosa, porque 2007 foi o auge de uma bolha de crédito que levou a uma grande quantidade de investimentos desperdiçados. A Comissão reconhece isso na sua documentação de apoio para o plano Juncker, na qual argumenta que para determinar os níveis de investimento desejáveis hoje em dia, devem usar-se como referência os valores dos anos anteriores ao auge de crédito. De acordo com tais parâmetros, a lacuna de investimento corresponde apenas a metade do valor anteriormente mencionado.
Infelizmente, mesmo os anos anteriores ao auge não constituem um bom guia para a economia europeia actual, porque algo fundamental mudou mais rapidamente do que é reconhecido: a evolução demográfica da Europa.
Na Zona Euro, a população em idade de trabalhar tem vindo a crescer até 2005, mas vai diminuir a partir de 2015 em diante. Dado que a produtividade não melhorou, menos trabalhadores significam taxas de crescimento potencial significativamente mais baixas. E uma menor taxa de crescimento significa que é necessário menos investimento para manter a relação capital/ produção.
Se a Zona Euro mantém a sua taxa de investimento ao nível dos anos pré-boom, logo haverá muito mais capital em relação ao tamanho da economia. Podemos ser tentados a pensar: E daí? Mais capital é sempre bom.
No entanto, um stock de capital cada vez maior em relação à produção significa que os rendimentos do capital sejam cada vez menores e, portanto, que haja cada vez mais empréstimos em incumprimento no sector bancário ao longo do tempo. Dada a debilidade do sistema bancário europeu, acumular demasiado capital não é um luxo que a UE possa pagar.»
Note-se que esta análise de Daniel Gros tem muito pouco a ver com as economias da Europa do Sul, em particular com Portugal, que precisa efectivamente de investimento, mas com as economias desenvolvidas da Europa Central e do Norte. Daí que também a receita de Gros para fazer crescer de novo estas últimas economias – estimular o consumo – nada tenha a ver com a terapêutica mais conveniente para a Europa do Sul. Conclua-se, a propósito, que nesta dualidade residem muitas das dificuldades de superar uma crise que requereria políticas monetárias e orçamentais muito diferentes impossíveis de adoptar numa zona monetária única.
Este não é necessariamente o caso da Europa nesta altura. As autoridades da União Europeia (e muitas outras) argumentam que a Europa - especialmente a Zona Euro - sofre de uma "lacuna de investimento". Supostamente, a prova irrefutável é o défice anual de 400 mil milhões de euros, relativo a 2007.
Mas a comparação é enganosa, porque 2007 foi o auge de uma bolha de crédito que levou a uma grande quantidade de investimentos desperdiçados. A Comissão reconhece isso na sua documentação de apoio para o plano Juncker, na qual argumenta que para determinar os níveis de investimento desejáveis hoje em dia, devem usar-se como referência os valores dos anos anteriores ao auge de crédito. De acordo com tais parâmetros, a lacuna de investimento corresponde apenas a metade do valor anteriormente mencionado.
Infelizmente, mesmo os anos anteriores ao auge não constituem um bom guia para a economia europeia actual, porque algo fundamental mudou mais rapidamente do que é reconhecido: a evolução demográfica da Europa.
Na Zona Euro, a população em idade de trabalhar tem vindo a crescer até 2005, mas vai diminuir a partir de 2015 em diante. Dado que a produtividade não melhorou, menos trabalhadores significam taxas de crescimento potencial significativamente mais baixas. E uma menor taxa de crescimento significa que é necessário menos investimento para manter a relação capital/ produção.
Se a Zona Euro mantém a sua taxa de investimento ao nível dos anos pré-boom, logo haverá muito mais capital em relação ao tamanho da economia. Podemos ser tentados a pensar: E daí? Mais capital é sempre bom.
No entanto, um stock de capital cada vez maior em relação à produção significa que os rendimentos do capital sejam cada vez menores e, portanto, que haja cada vez mais empréstimos em incumprimento no sector bancário ao longo do tempo. Dada a debilidade do sistema bancário europeu, acumular demasiado capital não é um luxo que a UE possa pagar.»
Note-se que esta análise de Daniel Gros tem muito pouco a ver com as economias da Europa do Sul, em particular com Portugal, que precisa efectivamente de investimento, mas com as economias desenvolvidas da Europa Central e do Norte. Daí que também a receita de Gros para fazer crescer de novo estas últimas economias – estimular o consumo – nada tenha a ver com a terapêutica mais conveniente para a Europa do Sul. Conclua-se, a propósito, que nesta dualidade residem muitas das dificuldades de superar uma crise que requereria políticas monetárias e orçamentais muito diferentes impossíveis de adoptar numa zona monetária única.
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Desfazendo ideias feitas,
Óropa,
verdade inconveniente
CASE STUDY: Um minotauro espera a PT no labirinto da Oi (18) – A epifania de Granadeiro
[Outras esperas do minotauro]
Quatro anos depois do primeiro post de uma série com este sugestivo nome dedicada à génese e às manobras relacionadas com a venda da Vivo e a compra de uma participação da PT na Oi, Francisco Granadeiro, um dos principais artífices dessas manobras, teve uma epifania e «diz que fusão serviu para limpar dívidas da Oi».
O que ele perdeu por não ter lido o (Im)pertinências em devido tempo…
Quatro anos depois do primeiro post de uma série com este sugestivo nome dedicada à génese e às manobras relacionadas com a venda da Vivo e a compra de uma participação da PT na Oi, Francisco Granadeiro, um dos principais artífices dessas manobras, teve uma epifania e «diz que fusão serviu para limpar dívidas da Oi».
O que ele perdeu por não ter lido o (Im)pertinências em devido tempo…
16/01/2015
Estado empreendedor (93) – o efeito Lockheed Tristar avant la chute
Recontando a história (outra vez): nos finais dos anos 60 a Lockheed desenhou um novo avião para concorrer com o Boeing 747, que usaria motores revolucionários especialmente desenhados pela Rolls Royce. Primeiro desastre: a Rolls Royce entrou em falência para produzir os motores a um custo 4 vezes superior ao orçamentado. Para piorar as coisas, o choque petrolífero de 1973 aumentou o preço do jet fuel a um nível que tornou economicamente inviável para as companhias de aviação a operação do Tristar com esses motores excessivamente gulosos, desenhados para os tempos do petróleo a pataco. Segundo desastre: a Lockheed, com o argumento de já ter investido muitos milhões de dólares, decidiu continuar a investir e a produzir o L-1011 TriStar para não perder o investimento já realizado. Em resultado, ao fim de 14 anos de produção, vendeu, a preços de saldo, metade do volume de break-even e perdeu várias vezes o valor que teria perdido se interrompesse a produção em 1974, quando já era claro que o avião era inviável.
Os nossos governos já se cruzaram com o efeito, a que chamei Lockheed Tristar, várias vezes. Uma deles em 1981, quando já toda a gente tinha percebido que o avião estava condenado, até a própria Lockheed, estava o Conselho de Ministros da altura, chefiado por Pinto Balsemão, a assinar quatro Resoluções 10/81 a 14/81 de 5 de Fevereiro concedendo avales a vários empréstimos da TAP totalizando 350 milhões de dólares para a compra de cinco aviões Lockheed Tristar L1011-500, motores e acessórios. Depois de muitos anos de custos de operação elevadíssimos a TAP foi-se vendo livre destes aviões vendendo-os a preços de saldos a vários pequenos operadores (Air Luxor, EuroAtlantic, etc.). Desta vez, porque ainda não o tinha baptizado, chamei-lhe efeito Lockheed TriStar avant la lettre.
Agora, para designar uma nova ocorrência, vou chamar-lhe efeito Lockheed Tristar avant la chute. Desta vez trata-se da encomenda em 2001 de 10 helicópteros para equipar a Unidade de Aviação Ligeira do Exército. Depois de ter pago 87 milhões em 2011 e 2012, o actual governo concluiu que o projecto teria um custo total proibitivo e decidiu negociar a denúncia do contrato em contrapartida de um pagamento final de 35 milhões. Em resumo, pagámos 122 milhões para ficarmos sem um único helicóptero (ler a estória contada na Visão).
E contudo, se parece razoavelmente óbvio que a encomenda foi um disparate, nada indica que também o tenha sido pagar 122 milhões para acabar com a coisa, em vez de gastar mais uma largas centenas de milhões para chegar a ter algo cuja utilidade é discutível e cujos custos de manutenção consumiriam um proporção disparatada do orçamento da tropa. De onde se pode concluir que desta vez não fomos totalmente atropelados pelo efeito Lockheed Tristar.
Os nossos governos já se cruzaram com o efeito, a que chamei Lockheed Tristar, várias vezes. Uma deles em 1981, quando já toda a gente tinha percebido que o avião estava condenado, até a própria Lockheed, estava o Conselho de Ministros da altura, chefiado por Pinto Balsemão, a assinar quatro Resoluções 10/81 a 14/81 de 5 de Fevereiro concedendo avales a vários empréstimos da TAP totalizando 350 milhões de dólares para a compra de cinco aviões Lockheed Tristar L1011-500, motores e acessórios. Depois de muitos anos de custos de operação elevadíssimos a TAP foi-se vendo livre destes aviões vendendo-os a preços de saldos a vários pequenos operadores (Air Luxor, EuroAtlantic, etc.). Desta vez, porque ainda não o tinha baptizado, chamei-lhe efeito Lockheed TriStar avant la lettre.
Agora, para designar uma nova ocorrência, vou chamar-lhe efeito Lockheed Tristar avant la chute. Desta vez trata-se da encomenda em 2001 de 10 helicópteros para equipar a Unidade de Aviação Ligeira do Exército. Depois de ter pago 87 milhões em 2011 e 2012, o actual governo concluiu que o projecto teria um custo total proibitivo e decidiu negociar a denúncia do contrato em contrapartida de um pagamento final de 35 milhões. Em resumo, pagámos 122 milhões para ficarmos sem um único helicóptero (ler a estória contada na Visão).
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15/01/2015
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Descoberto o caminho para excelência nas empresas
Secção George Orwell
«Há um dado novo: as grandes empresas que têm mulheres na administração têm melhores resultados, e quanto maior a percentagem melhores resultados também. (…)
Mas números são números. Em Portugal são menos de 5% as mulheres que chegam ao topo das grandes empresas e isso coloca-nos no mesmo patamar da Índia, do Qatar ou da Coreia do Sul. No outro extremo, com mais de 20% de mulheres nessas funções, estão a Noruega, a Suécia, a Finlândia e a Grã-Bretanha. Esta disparidade não existe nas empresas mais pequenas nem nos cargos de direção, onde as mulheres já chegaram em grande quantidade e parece que ninguém se queixa dessa enorme mudança.»
Com estas premissas no seu editorial no DN, Ana Sousa Dias, comete um dos erros mais comuns da ciência de causas: confundir correlação com causação. Implicitamente, ASD parece acreditar e querer fazer-nos acreditar que as empresas mais rentáveis o são por terem mais mulheres na direcção e daí a concluir que, se tiverem mais mulheres, as grandes empresas serão mais rentáveis vai apenas um pequeno passo.
Sem querer demonstrar coisa nenhuma - mas um misógino poderia com a mesma base científica argumentar que as grandes empresas mais rentáveis são as únicas que podem ter mulheres na sua direcção - esperaria que ASD nos explicasse porque se encontrem tão poucas mulheres nas grandes empresas multinacionais, a maioria delas muito rentável, empresas que abriram caminho a partir dos seus mercados nacionais até chegarem a operar em mercados globais extremamente competitivos.
Sem ofensa para ASD, que parece uma mulher culta e inteligente (mas isso não impede a contaminação pelo pensamento politicamente correcto), valorizo a sua prestação em 3 chateaubriands - uma medida da confusão entre causas e efeitos, assim baptizada em homenagem ao visconde e escritor que um dia abençoou a divina providência por fazer passar os rios pelo meio das cidades.
«Há um dado novo: as grandes empresas que têm mulheres na administração têm melhores resultados, e quanto maior a percentagem melhores resultados também. (…)
Mas números são números. Em Portugal são menos de 5% as mulheres que chegam ao topo das grandes empresas e isso coloca-nos no mesmo patamar da Índia, do Qatar ou da Coreia do Sul. No outro extremo, com mais de 20% de mulheres nessas funções, estão a Noruega, a Suécia, a Finlândia e a Grã-Bretanha. Esta disparidade não existe nas empresas mais pequenas nem nos cargos de direção, onde as mulheres já chegaram em grande quantidade e parece que ninguém se queixa dessa enorme mudança.»
Com estas premissas no seu editorial no DN, Ana Sousa Dias, comete um dos erros mais comuns da ciência de causas: confundir correlação com causação. Implicitamente, ASD parece acreditar e querer fazer-nos acreditar que as empresas mais rentáveis o são por terem mais mulheres na direcção e daí a concluir que, se tiverem mais mulheres, as grandes empresas serão mais rentáveis vai apenas um pequeno passo.
Sem querer demonstrar coisa nenhuma - mas um misógino poderia com a mesma base científica argumentar que as grandes empresas mais rentáveis são as únicas que podem ter mulheres na sua direcção - esperaria que ASD nos explicasse porque se encontrem tão poucas mulheres nas grandes empresas multinacionais, a maioria delas muito rentável, empresas que abriram caminho a partir dos seus mercados nacionais até chegarem a operar em mercados globais extremamente competitivos.
Sem ofensa para ASD, que parece uma mulher culta e inteligente (mas isso não impede a contaminação pelo pensamento politicamente correcto), valorizo a sua prestação em 3 chateaubriands - uma medida da confusão entre causas e efeitos, assim baptizada em homenagem ao visconde e escritor que um dia abençoou a divina providência por fazer passar os rios pelo meio das cidades.
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Iguais mas diferentes
14/01/2015
Todas as indignações são iguais mas há umas mais iguais do que outras
Ofensa gratuita Livre expressão |
«Uma das questões mais interessantes da sociedade ocidental é a de saber como é que a tolerância gerou a intolerância. Inicialmente, a ideia era definir um espaço público onde todas as opiniões pudessem circular e onde, consequentemente, nada fosse tabu. Iconoclastas como os do Charlie Hebdo alargaram, desde a célebre década de 1960, as fronteiras do que se podia dizer e mostrar. Tudo correu bem enquanto o alvo da irreverência foram os poderes estabelecidos: os políticos, o cristianismo ou a “moral burguesa”.
Mas enquanto o “establishment” era exposto à mais veemente sem-cerimónia, eis que os grupos identitários “libertados” na mesma época começavam, em contra corrente, a reivindicar o direito de serem protegidos da verrina e da paródia a que os chefes de Estado estavam agora sujeitos. Não lhes bastava corrigirem discriminações jurídicas e de facto. Pretendiam ainda eliminar todos os seus vestígios, através da censura de qualquer expressão que remetesse para velhas perseguições ou rebaixamentos, independentemente da intenção com que fosse usada.
A tolerância e a igualdade desaguaram assim no “direito de não ser ofendido”. Subitamente, a primeira luta de uma “minoria” não é para dispor dos mesmos direitos dos outros cidadãos, mas, em nome de antigas discriminações, adquirir privilégios especiais, tornando-se mais ou menos sagrada e intocável. Na prática, tudo isto tem sido um meio de os porta-vozes de grupos identitários adquirirem poder de chantagem e, por aí, acesso favorecido às instituições e aos recursos públicos. Por isso, a extrema-esquerda ocidental fez-se imediatamente campeã de muitas destas causas, não por qualquer consideração ou estima, mas por simples oportunismo político: à falta de classe operária, servem as minorias de carne para canhão.»
«As origens tolerantes da intolerância», Rui Ramos no Observador
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13/01/2015
CASE STUDY: António Champalimaud revolve-se na tumba (10)
Outras revoltas na tumba.
Quase um ano após o termo do exercício de 2013 está finalmente disponível o relatório e contas da Fundação Champalimaud com a opacidade do costume - por exemplo não é divulgada uma única nota às contas.
À primeira vista as coisas parecem estar a correr melhor, tendo-se invertido a delapidação dos fundos patrimoniais graças a resultados líquidos pela primeira vez positivos (21,8 milhões), em consequência de um forte aumento dos serviços prestados de 4,9 para 12,8 milhões, mas sobretudo dos «aumentos de justo valor» de 24,6 milhões presumivelmente devido à valorização das carteiras de títulos. Sem estes aumentos, provavelmente irrepetíveis, a exploração continuaria fortemente deficitária e teria sido necessário facturar praticamente o dobro para pagar os custos fixos.
O passivo cada vez mais pantagruélico ultrapassa em 60% os fundos patrimoniais. Não são propriamente boas notícias.
Quase um ano após o termo do exercício de 2013 está finalmente disponível o relatório e contas da Fundação Champalimaud com a opacidade do costume - por exemplo não é divulgada uma única nota às contas.
À primeira vista as coisas parecem estar a correr melhor, tendo-se invertido a delapidação dos fundos patrimoniais graças a resultados líquidos pela primeira vez positivos (21,8 milhões), em consequência de um forte aumento dos serviços prestados de 4,9 para 12,8 milhões, mas sobretudo dos «aumentos de justo valor» de 24,6 milhões presumivelmente devido à valorização das carteiras de títulos. Sem estes aumentos, provavelmente irrepetíveis, a exploração continuaria fortemente deficitária e teria sido necessário facturar praticamente o dobro para pagar os custos fixos.
O passivo cada vez mais pantagruélico ultrapassa em 60% os fundos patrimoniais. Não são propriamente boas notícias.
12/01/2015
QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (14) – O mito da deflação (II)
Outras marteladas.
Mais um texto herético sobre o alívio quantitativo e a deflação:
«QE is not harmless however.
First, lots of short-term debt makes the US more vulnerable to bad news, just as it made Bear Stearns and Lehman vulnerable to bad news. Suppose a day of reckoning comes – perhaps with a default in California and Illinois, or a breakdown of long-term US deficit-reduction efforts. Investors lose faith in the US government, even temporarily, and want to dump its debt. If the US has sold a lot of long-term debt, long-term bond prices fall, but there is no crisis. There is time to address the issues, and reestablish a solvent government. If instead the US is constantly rolling over short-term debt, then we will be unable to borrow new money to pay off maturing bills. This is what happened to Greece. Our current moment of exceptionally low long term rates is a golden opportunity for the US to issue long-term debt, not to buy it back.
Second, QE distracts us from the real issues. Unemployment is not high because the maturity structure of government debt is too long, thank you, nor from any lack of “liquidity” in a banking system that is sitting on a trillion dollars of cash. It’s time to focus on the real, microeconomic, tax, and regulatory barriers to growth, not a policy that creates a lot of noise but no real effect.
Finally, if it did work, why is the Fed anxious to restore even 2% inflation? Whose definition of “price stability” is this? In every theory of inflation and unemployment, raising expected inflation just gives you stagflation, without any benefit to unemployment. If everyone knows inflation is coming, they raise prices and wages immediately and are not fooled into a little boost of output.
A sudden deflation is bad, because it hurts borrowers, just as a sudden inflation is bad because it wipes out savers. But zero inflation, or even a slow, steady, and widely expected deflation, are in fact much better in the long run. The financial system is much healthier with bundles of cash lying around, at no interest cost, than if everyone is engineering clever, but ultimately fragile, cash management schemes. The main argument for higher inflation and consequently higher nominal interest rates is that it gives the Fed more power to run the economy by occasionally lowering rates, i.e. to go back to driving the car by slightly starving it of oil, and then artfully adding a quart when needed. Given what a great success that’s been lately, maybe trading a more fragile financial system for greater Fed power isn’t such a good idea after all».
John Cochrane, professor de finanças na Universidade de Chicago - Booth School of Business
Mais um texto herético sobre o alívio quantitativo e a deflação:
«QE is not harmless however.
First, lots of short-term debt makes the US more vulnerable to bad news, just as it made Bear Stearns and Lehman vulnerable to bad news. Suppose a day of reckoning comes – perhaps with a default in California and Illinois, or a breakdown of long-term US deficit-reduction efforts. Investors lose faith in the US government, even temporarily, and want to dump its debt. If the US has sold a lot of long-term debt, long-term bond prices fall, but there is no crisis. There is time to address the issues, and reestablish a solvent government. If instead the US is constantly rolling over short-term debt, then we will be unable to borrow new money to pay off maturing bills. This is what happened to Greece. Our current moment of exceptionally low long term rates is a golden opportunity for the US to issue long-term debt, not to buy it back.
Second, QE distracts us from the real issues. Unemployment is not high because the maturity structure of government debt is too long, thank you, nor from any lack of “liquidity” in a banking system that is sitting on a trillion dollars of cash. It’s time to focus on the real, microeconomic, tax, and regulatory barriers to growth, not a policy that creates a lot of noise but no real effect.
Finally, if it did work, why is the Fed anxious to restore even 2% inflation? Whose definition of “price stability” is this? In every theory of inflation and unemployment, raising expected inflation just gives you stagflation, without any benefit to unemployment. If everyone knows inflation is coming, they raise prices and wages immediately and are not fooled into a little boost of output.
A sudden deflation is bad, because it hurts borrowers, just as a sudden inflation is bad because it wipes out savers. But zero inflation, or even a slow, steady, and widely expected deflation, are in fact much better in the long run. The financial system is much healthier with bundles of cash lying around, at no interest cost, than if everyone is engineering clever, but ultimately fragile, cash management schemes. The main argument for higher inflation and consequently higher nominal interest rates is that it gives the Fed more power to run the economy by occasionally lowering rates, i.e. to go back to driving the car by slightly starving it of oil, and then artfully adding a quart when needed. Given what a great success that’s been lately, maybe trading a more fragile financial system for greater Fed power isn’t such a good idea after all».
John Cochrane, professor de finanças na Universidade de Chicago - Booth School of Business
11/01/2015
Um governo à deriva (22) - O governo gasta as munições a dar tiros de misericórdia
«Super-reforma que acomodava cortes salariais no Estado atrasada mais de um ano. Eleições dão-lhe tiro de misericórdia.
O projeto de "acomodar" os cortes salariais aplicados aos funcionários do Estado numa tabela remuneratória única tornou-se agora uma miragem. Na verdade, nunca passou de intenções. Desde que, em dezembro de 2013, Hélder Rosalino deixou a Secretaria de Estado da Administração Pública, nenhum documento sobre o assunto foi apresentado aos sindicatos. Leite Martins recusou qualquer informação ao Expresso e fontes oficiais assumem que "não há novidades" quanto a salários do Estado.» (Expresso)
Desperdiçado o primeiro ano de governação, quando ainda tinha capital político para proceder a reformas de fundo, o governo foi alienando esse capital deixando cair a reforma autárquica, reduzida a uma caricatura, e concentrou-se em hipérboles que seriam cómicas se não fossem trágicas - exemplos: o Memorando de Entendimento foi cumprido por excesso como foi dito é uma boutade que não resiste a uma leitura em diagonal do Memorando; o guião / argumentário de Paulo Portas é uma inacreditável mistificação.
É preciso concluir que pior não será fácil e teremos de esperar até ao final do ano pelo governo de António Costa.
O projeto de "acomodar" os cortes salariais aplicados aos funcionários do Estado numa tabela remuneratória única tornou-se agora uma miragem. Na verdade, nunca passou de intenções. Desde que, em dezembro de 2013, Hélder Rosalino deixou a Secretaria de Estado da Administração Pública, nenhum documento sobre o assunto foi apresentado aos sindicatos. Leite Martins recusou qualquer informação ao Expresso e fontes oficiais assumem que "não há novidades" quanto a salários do Estado.» (Expresso)
Desperdiçado o primeiro ano de governação, quando ainda tinha capital político para proceder a reformas de fundo, o governo foi alienando esse capital deixando cair a reforma autárquica, reduzida a uma caricatura, e concentrou-se em hipérboles que seriam cómicas se não fossem trágicas - exemplos: o Memorando de Entendimento foi cumprido por excesso como foi dito é uma boutade que não resiste a uma leitura em diagonal do Memorando; o guião / argumentário de Paulo Portas é uma inacreditável mistificação.
É preciso concluir que pior não será fácil e teremos de esperar até ao final do ano pelo governo de António Costa.
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10/01/2015
CASE STUDY: A atracção por Belém - a lista dos que não se excluem não pára de crescer (4)
Outras atracções.
No último ponto de situação que fiz, tinham sido identificadas pelo menos oito criaturas com as aspirações a mudarem-se para Belém:
No último ponto de situação que fiz, tinham sido identificadas pelo menos oito criaturas com as aspirações a mudarem-se para Belém:
- António Sampaio da Nóvoa, uma invenção de Mário Soares, pode ser descartada a todo o momento
- Santana Lopes, estava escrito nas estrelas, já se chegou à frente e ao contrário dos outros não esperou pela vaga de fundo - espera que a vaga de fundo vá atrás dele
- António Capucho, já se mostrou disponível e para não haver dúvidas declarou que votará no PS
- Francisco Louçã, o tele-evangelista, não se excluiu
- Durão Barroso, nega, mas não resistiria a uma vaga de fundo
- António Guterres, diz que está livre
- Marcelo Rebelo de Sousa, só será candidato se Cristo descer à terra, mas como já desceu uma vez...
- Rui Rio admite candidatar-se se houver «muita gente que desejava mesmo e deposita muita confiança em mim», ou seja espera a famosa vaga de fundo.
- Bagão Félix, um socialista do CDS
- Carlos César, um socialista do PS
- Jaime Gama, um dos socialistas menos socialista do PS
- Carvalho da Silva, um dos ex-comunistas mais socialista e outra das reservas de Mário Soares
- Marinho e Pinto, um cata ventos socialistas ou outros.
BREIQUINGUE NIUZ: há petróleo no Beato? (4)
A propósito da notícia de «uma empresa britânica chamada IONIQ Resources (que) garante ter localizado seis jazidas de petróleo em Portugal continental, calculando que estas terão uma dimensão, no mínimo, de 43 mil milhões de barris de petróleo», lembrei-me que desde há mais de cinco anos venho publicando posts sobre as alegadas descobertas de petróleo aqui no burgo. Recapitulando:
14-11-2009
Desta vez não foi Juvenal Costa a descobrir petróleo no quintal. Foi o inefável comendador Berardo que descobriu que a Mohave Oil & Gas tinha encontrado jazidas com cerca de 500 milhões de barris em Aljubarrota e Torres Vedras. A coisa vai ser extraída com o horizontal drilling, o que me deixa mais descansado porque permite não estragar o campo de batalha onde infligimos uma derrota ao inimigo castelhano.
Não sei se vem a propósito, mas lembro-me de se ter atribuído ao Botas, quando há 50 anos lhe falaram do petróleo em Torres Vedras (já nessa altura), o prudente desabafo: «só nos faltava mais essa».
11-12-2013
Republicação deste post a pretexto desta notícia com o título entusiástico e definitivo «Há petróleo no Barreiro». Também neste caso, espero que a exploração se faça com o horizontal drilling, protegendo o habitat da Festa do Avante e as espécies que por lá nidificam.
30-05-2014
De onde se perceberá que não foi exactamente uma surpresa ler há dias esta outra notícia do Económico: «A empresa norte-americana Mohave Oil, que se dedica à prospecção de petróleo e gás no oeste português, vai abandonar no final do mês as operações no país depois de não ter conseguido atrair investidores.»
14-11-2009
Desta vez não foi Juvenal Costa a descobrir petróleo no quintal. Foi o inefável comendador Berardo que descobriu que a Mohave Oil & Gas tinha encontrado jazidas com cerca de 500 milhões de barris em Aljubarrota e Torres Vedras. A coisa vai ser extraída com o horizontal drilling, o que me deixa mais descansado porque permite não estragar o campo de batalha onde infligimos uma derrota ao inimigo castelhano.
Não sei se vem a propósito, mas lembro-me de se ter atribuído ao Botas, quando há 50 anos lhe falaram do petróleo em Torres Vedras (já nessa altura), o prudente desabafo: «só nos faltava mais essa».
11-12-2013
Republicação deste post a pretexto desta notícia com o título entusiástico e definitivo «Há petróleo no Barreiro». Também neste caso, espero que a exploração se faça com o horizontal drilling, protegendo o habitat da Festa do Avante e as espécies que por lá nidificam.
30-05-2014
De onde se perceberá que não foi exactamente uma surpresa ler há dias esta outra notícia do Económico: «A empresa norte-americana Mohave Oil, que se dedica à prospecção de petróleo e gás no oeste português, vai abandonar no final do mês as operações no país depois de não ter conseguido atrair investidores.»
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CASE STUDY: As previsões do marxismo-leninismo são comparáveis às profecias de Nostradamus (2)
Continuação de (1)
Se as teorias segregadas pelo marxismo-leninismo forem avaliadas pelo seu rigor preditivo, um critério em última instância que separa a ciência da superstição, as previsões do marxismo-leninismo seriam comparáveis às profecias de Nostradamus.
«Karl Marx said that the world would be divided into people who owned the means of production—the idle rich—and people who worked for them. In fact it is increasingly being divided between people who have money but no time and people who have time but no money. The on-demand economy provides a way for these two groups to trade with each other.»
Workers on tap, Economist
Se as teorias segregadas pelo marxismo-leninismo forem avaliadas pelo seu rigor preditivo, um critério em última instância que separa a ciência da superstição, as previsões do marxismo-leninismo seriam comparáveis às profecias de Nostradamus.
«Karl Marx said that the world would be divided into people who owned the means of production—the idle rich—and people who worked for them. In fact it is increasingly being divided between people who have money but no time and people who have time but no money. The on-demand economy provides a way for these two groups to trade with each other.»
Workers on tap, Economist
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09/01/2015
Pro memoria (217) – Brigate Rosse, Rote Armee Fraktion, FP-25 e fundamentalismo islâmico europeu, a mesma luta
«O alvo do terror jihadista no Ocidente são, na verdade, as comunidades muçulmanas e a possibilidade de estas viverem a sua fé de outra maneira que não em estado de furor inquisitorial. O polícia assassinado na rua a seguir ao ataque à revista chamava-se Ahmed Merabet. Na redacção, morreu um revisor de provas com o nome de Mustapha Ourrad. Eram muçulmanos, como aliás todos aqueles que os jihadistas matam regularmente às dezenas e às centenas no Médio Oriente, no Afeganistão e no Paquistão. No Ocidente, o objectivo dos jihadista não é zelar pelo Islão, é comprometer os muçulmanos, é impedir a sua integração nas democracias, é estigmatizar o Islão, é reduzi-lo, aos olhos de todos, a uma simples plataforma de terror.
Não estamos perante uma lógica exótica. Conhecemo-la dos terrorismos da extrema-esquerda europeia da década de 1970. A tese era que não havia diferença entre a democracia representativa e a ditadura fascista: ambas eram organizações de classe para oprimir o proletariado. A violência dos guevaras de subúrbio estava calculada para provocar a violência do Estado democrático, de modo a que este revelasse a sua verdadeira natureza de ditadura de classe. O proletariado seria assim levado a optar pelo confronto violento. Os jihadistas, com o seu terror, contam pôr o Estado democrático e a diáspora muçulmana na mesma situação de tensão e conflito.»
«Morrer de pé em Paris», Rui Ramos no Observador
Não estamos perante uma lógica exótica. Conhecemo-la dos terrorismos da extrema-esquerda europeia da década de 1970. A tese era que não havia diferença entre a democracia representativa e a ditadura fascista: ambas eram organizações de classe para oprimir o proletariado. A violência dos guevaras de subúrbio estava calculada para provocar a violência do Estado democrático, de modo a que este revelasse a sua verdadeira natureza de ditadura de classe. O proletariado seria assim levado a optar pelo confronto violento. Os jihadistas, com o seu terror, contam pôr o Estado democrático e a diáspora muçulmana na mesma situação de tensão e conflito.»
«Morrer de pé em Paris», Rui Ramos no Observador
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TIROU-ME AS PALAVRAS DE BOCA: Emigrem e deixem-nos em paz
«Estamos chocados (com este actos bárbaros de crueldade) porque não esperávamos que isto acontecesse e estas pessoas – que ainda não sabemos quem são, mas se forem muçulmanos preocupa-nos ainda mais – estão a denegrir a imagem do Islão. (…) Se não estão satisfeitos em viver num país liberal, podem emigrar e deixem-nos em paz.» Palavras do Imã da Mesquita de Lisboa Xeique David Munir à Rádio Renascença.
Em contraste com as palavras sábias do Imã, a inimputável deputada europeia Ana Gomes twitou em estrangeiro a seguinte alucinação esquerdizante: «Horreur! Aussi le résultat de politiques anti-européennes d’austerisme: chômage, xénophobie, injustice, extrémisme, terrorisme». Esquerdizante e ignorante - em francês não existe uma coisa chamada «austerisme».
Com o devido respeito pelo Imã, tornaria o seu conselho extensivo à alucinada senhora deputada, em estrangeiro para os amigos dela perceberem: fous-moi le camp, ne m'emmerdez plus avec vos conneries gauchistes.
Em contraste com as palavras sábias do Imã, a inimputável deputada europeia Ana Gomes twitou em estrangeiro a seguinte alucinação esquerdizante: «Horreur! Aussi le résultat de politiques anti-européennes d’austerisme: chômage, xénophobie, injustice, extrémisme, terrorisme». Esquerdizante e ignorante - em francês não existe uma coisa chamada «austerisme».
Com o devido respeito pelo Imã, tornaria o seu conselho extensivo à alucinada senhora deputada, em estrangeiro para os amigos dela perceberem: fous-moi le camp, ne m'emmerdez plus avec vos conneries gauchistes.
08/01/2015
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (102) – Os políticos são todos iguais, mas os políticos socialistas são mais iguais do que os outros
«Quanto a Sócrates, Vera Jardim diz que “há estados de emergência, de necessidade de defesa das pessoas” que permitem às pessoas violar alguns deveres legais “porque os deveres legais cessam também perante outros direitos das pessoas: o direito ao bom nome, à reputação e a defender-se”.» (Rádio Renascença)
Pode parecer que este Vera Jardim é um rufia qualquer da JS, mas não é. Este Vera Jardim é «o» Vera Jardim, de nome completo José Eduardo Vera-Cruz Jardim, advogado, foi sócio de Jorge Sampaio na sociedade de advogados de ambos, é consultor da sociedade de advogados da Jardim, Magalhães e Silva & Associados, foi deputado várias vezes e até ministro da Justiça, por inacreditável que pareça.
Pode parecer que este Vera Jardim é um rufia qualquer da JS, mas não é. Este Vera Jardim é «o» Vera Jardim, de nome completo José Eduardo Vera-Cruz Jardim, advogado, foi sócio de Jorge Sampaio na sociedade de advogados de ambos, é consultor da sociedade de advogados da Jardim, Magalhães e Silva & Associados, foi deputado várias vezes e até ministro da Justiça, por inacreditável que pareça.
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07/01/2015
QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (13) O clube dos incréus reforçou-se
Outras marteladas.
Para quem não saiba, Bil Gross foi o líder da PIMCO, uma das maiores empresas de gestão de investimentos com quase 2 biliões (2 milhões de milhões) de activos sob gestão, demitiu-se em Setembro passado e ajudou a criar o Janus Capital Group. Publicou ontem o seu investment outlook para 2015 e foi admitido no clube cada vez menos restrito dos incréus nas virtudes do intervencionismo militante dos bancos centrais. Respigo as seguintes passagens :
«For the past few decades, the secular excess has been on the upside with rapid credit growth, lower interest rates and tighter risk spreads dominating the long-term trend. There have been dramatic reversals as with the Lehman Brothers collapse, the Asia/dot-com crisis around the turn of the century, and of course 1987’s one-day crash, but each reversal was met with a new and increasingly innovative monetary policy initiative on the part of the central banks that kept the bull market in asset prices alive.
(…) Consistently looser regulatory policies contributed immensely as well. The Bank Credit Analyst labels this history as the “debt supercycle,” which is as descriptive as it gets. Each downward spike in the economy and its related financial markets was met with additional credit expansion generated by lower interest rates, financial innovation and regulatory easing, or more recently, direct central bank purchasing of assets labeled “Quantitative Easing.” The power of additional and cheaper credit to add to economic growth and financial asset bull markets has been underappreciated by investors since 1981. Even with the recognition of the Minsky Moment in 2008 and his commonsensical reflection that “stability ultimately leads to instability,” investors have continued to assume that monetary (and at times fiscal) policy could contain the long-term business cycle and produce continuing prosperity for investors in a multitude of asset classes both domestically and externally in emerging markets.
(…)
Finance – instead of functioning as a building block of the real economy – breaks it down. Investment is discouraged rather than encouraged due to declining ROIs and ROEs. In turn, financial economy asset class structures such as money market funds, banking, insurance, pensions, and even household balance sheets malfunction as the historical returns necessary to justify future liabilities become impossible to attain. Yields for savers become too low to meet liabilities. Both the real and the finance-based economies become threatened with the zero-based, nearly free money available for the taking. It’s as if the rules of finance, like the quantum rules of particles, have reversed or at least negated what we historically believed to be true.
And so that is why – at some future date – at some future Ides of March or May or November 2015, asset returns in many categories may turn negative.»
Para quem não saiba, Bil Gross foi o líder da PIMCO, uma das maiores empresas de gestão de investimentos com quase 2 biliões (2 milhões de milhões) de activos sob gestão, demitiu-se em Setembro passado e ajudou a criar o Janus Capital Group. Publicou ontem o seu investment outlook para 2015 e foi admitido no clube cada vez menos restrito dos incréus nas virtudes do intervencionismo militante dos bancos centrais. Respigo as seguintes passagens :
«For the past few decades, the secular excess has been on the upside with rapid credit growth, lower interest rates and tighter risk spreads dominating the long-term trend. There have been dramatic reversals as with the Lehman Brothers collapse, the Asia/dot-com crisis around the turn of the century, and of course 1987’s one-day crash, but each reversal was met with a new and increasingly innovative monetary policy initiative on the part of the central banks that kept the bull market in asset prices alive.
(…) Consistently looser regulatory policies contributed immensely as well. The Bank Credit Analyst labels this history as the “debt supercycle,” which is as descriptive as it gets. Each downward spike in the economy and its related financial markets was met with additional credit expansion generated by lower interest rates, financial innovation and regulatory easing, or more recently, direct central bank purchasing of assets labeled “Quantitative Easing.” The power of additional and cheaper credit to add to economic growth and financial asset bull markets has been underappreciated by investors since 1981. Even with the recognition of the Minsky Moment in 2008 and his commonsensical reflection that “stability ultimately leads to instability,” investors have continued to assume that monetary (and at times fiscal) policy could contain the long-term business cycle and produce continuing prosperity for investors in a multitude of asset classes both domestically and externally in emerging markets.
MarketWatch |
And so that is why – at some future date – at some future Ides of March or May or November 2015, asset returns in many categories may turn negative.»
ACREDITE SE QUISER: De como os donos de uma empresa acabam a tentar comprar um quinto dela
Ao princípio a PT era um campeão nacional e um bastião na defesa dos decantados centros de decisão nacional. Depois os accionistas da PT carecidos de dinheiro fresco (com destaque para o GES) precisaram de vender a Vivo à Telefonica e o eng. Sócrates, motivado por um exacerbado patriotismo, só autorizou a venda contra a compra pela PT de uma participação no maior elefante branco das telecomunicações sul-americanas que ele ajeitou com o seu amigo Lula da Silva e a trupe do PT (Partido dos Trabalhadores), com os resultados conhecidos (ver a odisseia Vivo por Oi).
Hoje os accionistas portugueses controlam uma criatura chamada PT SGPS que detém uma participação no chaço Oi. Oi que, por sua vez, é accionista único do operador PT o qual a Oi decidiu vender à Altice um operador europeu de terceira linha. Tudo começou com os accionistas portugueses a deterem a maioria de um operador competitivo e valioso e acabou a deterem uma participação minoritária (26%) na paquidérmica Oi.
Chegados a este ponto, os accionistas portugueses da PT SGPS tiveram uma ideia genial: vender a sua participação na Oi e comprarem à Altice uma participação de 20% no operador PT. Só falta encontrar quem queira comprar a participação na Oi e convencer a Altice a vender-lhes 20% da PT.
Como se chegou de uma participação maioritária numa empresa valiosa à tentativa talvez inglória de deter uma participação de 20%? Veja-se aqui no Blasfémias a aritmética muito claramente explicada por João Miranda e uma conclusão: «70% do valor máximo possível da Portugal Telecom em 2006 desapareceu por decisão consciente e deliberada dos accionistas que aprovaram e beneficiaram durante 8 anos de uma política de descapitalização da empresa.»
Hoje os accionistas portugueses controlam uma criatura chamada PT SGPS que detém uma participação no chaço Oi. Oi que, por sua vez, é accionista único do operador PT o qual a Oi decidiu vender à Altice um operador europeu de terceira linha. Tudo começou com os accionistas portugueses a deterem a maioria de um operador competitivo e valioso e acabou a deterem uma participação minoritária (26%) na paquidérmica Oi.
Chegados a este ponto, os accionistas portugueses da PT SGPS tiveram uma ideia genial: vender a sua participação na Oi e comprarem à Altice uma participação de 20% no operador PT. Só falta encontrar quem queira comprar a participação na Oi e convencer a Altice a vender-lhes 20% da PT.
Como se chegou de uma participação maioritária numa empresa valiosa à tentativa talvez inglória de deter uma participação de 20%? Veja-se aqui no Blasfémias a aritmética muito claramente explicada por João Miranda e uma conclusão: «70% do valor máximo possível da Portugal Telecom em 2006 desapareceu por decisão consciente e deliberada dos accionistas que aprovaram e beneficiaram durante 8 anos de uma política de descapitalização da empresa.»
06/01/2015
Dúvidas (71) – Juízes em exclusivo?
«O presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses pediu urgência na discussão pública e aprovação da proposta sobre o novo Estatuto dos Magistrados Judiciais, que prevê … a criação de um "único" subsídio - o de exclusividade - que irá substituir o atual subsídio de compensação de renda de casa (de 680 euros) auferido pelos juízes.» (Fonte: Agência Lusa)
Permitam-se-me as seguintes dúvidas: estarão os juízes a considerar arredondar o seu magro salário com outras actividades, por exemplo professores ou polícias? E, nesse caso, estarão os juízes dispostos a abdicar dessas outras actividades em troco de um «único» subsídio de «exclusividade»?
Pensando melhor, o exemplo dos polícias e dos professores pode não ser o mais adequado, já que até a OCDE concluiu que temos professores e polícias a mais. Contudo, permita-se-me ainda uma outra dúvida: saberá a OCDE que os polícias nunca são demais quando se vive num estado policial?
Permitam-se-me as seguintes dúvidas: estarão os juízes a considerar arredondar o seu magro salário com outras actividades, por exemplo professores ou polícias? E, nesse caso, estarão os juízes dispostos a abdicar dessas outras actividades em troco de um «único» subsídio de «exclusividade»?
Pensando melhor, o exemplo dos polícias e dos professores pode não ser o mais adequado, já que até a OCDE concluiu que temos professores e polícias a mais. Contudo, permita-se-me ainda uma outra dúvida: saberá a OCDE que os polícias nunca são demais quando se vive num estado policial?
BREGUINQUE NIUZ: Grande sentido de oportunidade do Tribunal de Contas
“Os estudos preliminares demonstraram que o investimento na rede ferroviária de alta velocidade não apresentava viabilidade financeira. Os mesmos estudos demonstraram que o eixo Lisboa-Madrid, o primeiro que se previa vir a ser implementado, também seria financeiramente inviável", lê-se na auditoria agora divulgada sobre o projeto que se iniciou em 1988 e foi cancelado em 2012.
O investimento seria implementado com base num modelo "sem paralelo em termos internacionais", assente em seis contratos de Parceria Público-Privada (PPP) cujos encargos para os parceiros públicos ascenderiam a 11,6 mil milhões de euros.
"Os riscos de procura relevantes recairiam sobre a CP e a REFER, empresas públicas economicamente deficitárias. Em contrapartida, os pagamentos pela disponibilidade da infraestrutura às concessionárias gozariam de estabilidade, caraterística típica das rendas", alerta o relatório do TdC.
(Fonte: Agência Lusa)
O investimento seria implementado com base num modelo "sem paralelo em termos internacionais", assente em seis contratos de Parceria Público-Privada (PPP) cujos encargos para os parceiros públicos ascenderiam a 11,6 mil milhões de euros.
"Os riscos de procura relevantes recairiam sobre a CP e a REFER, empresas públicas economicamente deficitárias. Em contrapartida, os pagamentos pela disponibilidade da infraestrutura às concessionárias gozariam de estabilidade, caraterística típica das rendas", alerta o relatório do TdC.
(Fonte: Agência Lusa)
QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (12) São cada vez mais os incréus
Outras marteladas.
Sobre as bolhas em formação no imobiliário e no mercado de capitais já dediquei vários posts desta série. Falta acrescentar a bolha das fusões e aquisições (M&A). Aqui ficam dois diagramas da Economist que ilustram um fenómeno prenunciador de crashes.
Pode ainda adicionar-se mais um «indicador avançado de bolhas»: a queda dos prémios nos mercados internacionais de resseguro que ainda a semana passada motivaram um artigo de Alistair Gray no Financial Times («Reinsurance price cuts prompt viability fears»), alarmado pelo facto de antecipar possíveis falências de resseguradores. Por razões que agora não tenho tempo de explicar, esta queda e as possíveis falências de operadores têm sido fenómenos associados a crashes.
Sobre as preocupação dos investidores, tome-se nota dos rumores sobre Warren Buffet, o Sage of Omaha, poder estar a preparar-se para um crash – o seu rácio preferido Capitalização bolsista/PIB está a aproximar-se de uma zona crítica. Buffet não está sozinho, outros investidores têm as luzinhas dos painéis de bordo a piscar (leia-se o Moneynews).
Com isto não quero significar que se deva esperar um crash ao virar da esquina. Estamos num caminho de enchimento das bolhas e, se continuar, elas estoirarão mais à frente. Não irá ser bonito de se ver.
Por tudo isto já não admira estar a enfraquecer a fé sobre a viabilidade e as virtudes do intervencionismo militante dos bancos centrais, como nos mostram os resultados de um inquérito a 32 economistas da eurozona realizado a meio de Dezembro do qual o Financial Times nos dá conta num artigo de domingo passado sob o título «Economists sceptical ECB bond-buying would revive eurozone» que fala por si mesmo.
Sobre as bolhas em formação no imobiliário e no mercado de capitais já dediquei vários posts desta série. Falta acrescentar a bolha das fusões e aquisições (M&A). Aqui ficam dois diagramas da Economist que ilustram um fenómeno prenunciador de crashes.
Pode ainda adicionar-se mais um «indicador avançado de bolhas»: a queda dos prémios nos mercados internacionais de resseguro que ainda a semana passada motivaram um artigo de Alistair Gray no Financial Times («Reinsurance price cuts prompt viability fears»), alarmado pelo facto de antecipar possíveis falências de resseguradores. Por razões que agora não tenho tempo de explicar, esta queda e as possíveis falências de operadores têm sido fenómenos associados a crashes.
Sobre as preocupação dos investidores, tome-se nota dos rumores sobre Warren Buffet, o Sage of Omaha, poder estar a preparar-se para um crash – o seu rácio preferido Capitalização bolsista/PIB está a aproximar-se de uma zona crítica. Buffet não está sozinho, outros investidores têm as luzinhas dos painéis de bordo a piscar (leia-se o Moneynews).
Com isto não quero significar que se deva esperar um crash ao virar da esquina. Estamos num caminho de enchimento das bolhas e, se continuar, elas estoirarão mais à frente. Não irá ser bonito de se ver.
Por tudo isto já não admira estar a enfraquecer a fé sobre a viabilidade e as virtudes do intervencionismo militante dos bancos centrais, como nos mostram os resultados de um inquérito a 32 economistas da eurozona realizado a meio de Dezembro do qual o Financial Times nos dá conta num artigo de domingo passado sob o título «Economists sceptical ECB bond-buying would revive eurozone» que fala por si mesmo.
05/01/2015
Dúvida (70) - Pois se até o clérigo islâmico presidente do Irão já percebeu…
«Hassan Rohani, Iran’s president, said his country could not prosper in economic isolation. Sanctions imposed over Iran’s nuclear programme are hurting; international talks resume on January 15th. Mr Rohani also called for less state interference in the economy, and floated the idea of holding a referendum on “important matters”.» ( The Economist Espresso via e-mail for Monday January 5th)
… por que ainda haverá tanta gente entre nós sem perceber a impossibilidade de um país prosperar no isolamento económico e as consequências negativas da interferência do Estado na economia?
… por que ainda haverá tanta gente entre nós sem perceber a impossibilidade de um país prosperar no isolamento económico e as consequências negativas da interferência do Estado na economia?
Lost in translation (218) - A desmesura da Professora Doutora Raquel Varela
Não sendo frequentador da Professora Doutora Raquel Varela, só cheguei a esta sua confissão no Facebook porque li vários comentários a respeito da falta de respeito da Senhora. Depois de o ler atentamente, sinto-me obrigado a declarar que não concordo ser a falta de respeito a coisa mais importante no referido escrito.
O mais importante é o lapso freudiano da Professora Doutora pela dúzia de palavras perdidas no meio da sua elucubração teorética de denúncia do mau gosto e das propriedades alienantes da família Aveiro quando escreve: «da estátua patética – que associa força e sexualidade a um falo desmesurado».
Ou, para dizê-lo de modo ainda mais simples, a coisa mais importante são as duas últimas palavras dessa dúzia que falam desmesuradamente mais alto do que todo o resto da elucubração. O aparente despropósito dessas duas palavras (a menos que a Professora Doutora esteja a investigar a matéria) para a demonstração do pensamento da «Figura pública», como se classifica a Senhora Professora no Facebook, diz-nos mais sobre as suas inquietações do que todas as suas pesporrências que escreve.
A desmesura que impressionou a Senhora Professora Doutora |
Ou, para dizê-lo de modo ainda mais simples, a coisa mais importante são as duas últimas palavras dessa dúzia que falam desmesuradamente mais alto do que todo o resto da elucubração. O aparente despropósito dessas duas palavras (a menos que a Professora Doutora esteja a investigar a matéria) para a demonstração do pensamento da «Figura pública», como se classifica a Senhora Professora no Facebook, diz-nos mais sobre as suas inquietações do que todas as suas pesporrências que escreve.
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