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20/06/2020

CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: O socialismo do Dr. Costa acaba quando acabar o dinheiro da UE

Anuncia o Jornal de Negócios, com grande alegria, que «o consumo per capita e o PIB per capita de Portugal aumentaram em 2019 para máximos de 2010, indicando que o bem-estar económico das famílias portuguesas voltou a aproximar-se da média da União Europeia

Antes de embandeirar em arco, falta lembrar que se no consumo com 86% da média da UE o Portugal dos Pequeninos é o campeão dos pobres sobreviventes do socialismo soviético, em matéria de produção, medida pelo PIB per capita em PPS, tinha no mesmo ano 79% da média europeia e em matéria de produtividade do trabalho por hora trabalhada em 2018 (último ano disponível) não passava de 74,9% da média, tendo descido de 78,3% em 2015, antes da chegada do Dr. Costa.

Falta lembrar que é perfeitamente possível aumentar o consumo individual, apesar da produção e da produtividades baixarem cada vez mais. Como? perguntareis, distraidamente. Simplesmente criando dívida pública e privada ao exterior, o que temos vindo a fazer com afinco. Enfim, pelo menos enquanto houver credores disponíveis.

Ora, como se sabe, o socialismo acaba quando termina o dinheiro dos outros. E o dinheiro dos credores termina quando eles desconfiam que não vamos pagar, como já aconteceu no passado. Por isso, é tão importante para o socialismo lusitano a chamada mutualização da dívida, que é como quem diz o socialismo lusitano pede dinheiro e o capitalismo da UE garante que paga a conta.

Há apenas um pequeno obstáculo no horizonte que é a «queda monumental» (o melhor prognóstico involuntário do presidente dos beijinhos). Queda sem para-quedas e com uma mochila às costas de uma dívida pública de uns 250 mil milhões e um endividamento total da economia que no fim da festa poderá atingir uns 800 mil milhões (está em 725 mil milhões). Nessa altura, com o teatro a arder, nada valerão os truques de prestidigitação do Dr. Costa e dos seus partenaires.

21/02/2020

A gestão da dívida como exercício de ilusionismo

Económico I e Económico II

Qual dos títulos está correcto? perguntará um cidadão menos familiarizado com o jornalismo de praticado no Portugal dos Pequeninos. Resposta: estão ambos e ambos omitem o mais importante.

De facto, o rácio da dívida pública face ao PIB desceu de 122,2% em 2018 para 118,2% em 2019, no entanto a descida do rácio foi pelo aumento do PIB nominal e não foi pela descida da dívida, que, aliás, de 2018 para 2019 aumentou 600 milhões de 249,1 para 249,7 mil milhões. Isto quanto ao valor bruto da dívida pública, mas mais importante é o seu valor líquido de depósitos e este valor subiu 2,7 mil milhões para 235,3 mil milhões e o seu rácio face ao PIB aumentou 0,3pp para 111,3%.

Quanto ao endividamento da economia, ou seja o somatório da dívida pública e privada das famílias e das empresas privadas não financeiras, aumentou 3,1 mil milhões para 721 mil milhões, apesar do seu rácio também ter baixado de 352,1% para 341,2%, pelas mesmas razões. Como o endividamento do sector privado diminuiu ligeiramente, o aumento deve-se ao sector público. Note-se, porém, que as empresas privadas trocarem dívida interna por externa, tendo esta aumentado 4 mil milhões.

Conclusões:
  • a dívida pública líquida continuou a aumentar em 2019, tendo o Ronaldo das Finanças escamoteado o aumento da dívida bruta à custa da redução da almofada financeira; 
  • o endividamento das empresas manteve-se, trocando dívida interna por externa, ou seja aumentando-se a dependência financeira face ao exterior.
E tudo isto se passa com em tempos de bonança garantida pelo turismo e pelas excepcionalíssimas  condições da dívida pública e privada com juros vários pontos percentuais abaixo dos seus níveis históricos graças às políticas do BCE. 

28/06/2018

O pensador do regime aconselha o presidente do regime

Só ontem me dei conta dos sábios conselhos do camarada Pacheco Pereira (foi camarada que Soares lhe chamou no célebre meeting de há 5 anos na Aula Magna de indignação pelo governo «neoliberal») ao presidente Marcelo sobre como deveria comportar-se na sua visita ao Estados Unidos.

Primeiro, PP deitou-se adivinhar o conteúdo da «folhinha» que os assessores terão preparado para o Donaldo: «perfil psicológico do Presidente português. A folhinha dirá coisas sobre os “afectos”, talvez sobre as selfies e a popularidade de Marcelo, aconselhará o Presidente americano a ser igualmente próximo e íntimo».

De seguida PP, prognostica «Imensas palmadas nas costas, muita linguagem corporal. E essa sugestão será certamente seguida por um presidente que gosta da encenação e da coreografia. O problema é o... outro Presidente que gosta das mesmas coisas, Marcelo Rebelo de Sousa. Por isso, a tentação vai ser grande de andarem a mostrar como gostam um do outro e a usar o narcisismo e a vaidade para marcar pontos. Ambos. Durará uns minutos, mas será penoso de ver

Por último vem o conselho: «Com Trump é preciso distância, cara cerrada, no máximo esboços de sorrisos, mais esgares do que esboços, com o ar mais enjoado do mundo. E termina com um juízo: «intimidades com Trump são um insulto ao povo português.»

Tendia a estar de acordo quanto ao conteúdo da «folhinha» e ao prognóstico, sobretudo ao «será penoso de ver», mas o certo é que as coisas se passaram de forma substancialmente diferente.

Já quanto ao conselho pareceu-me inútil, porque mais facilmente Marcelo daria dois beijinhos e faria um selfie com o Donaldo do que lhe mostraria cara cerrada, esgares e o ar mais enjoado do mundo. E o juízo pareceu despropositado porque um povo que aguenta os políticos que aguenta não se sente insultado facilmente.

Daria beijinhos, mas não deu, mas mostrou-se até muito à vontade, encheu o tempo de antena e Trump prestou-se a dar-lhe o palco -devia estar com pressa para publicar uns twits. A coisa só não foi perfeita porque Marcelo não resistiu a mais outra vichyssoise com os cumprimentos que Putin teria mandado por seu intermédio.

19/09/2017

CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: A nível nacional como a nível local

A nível nacional:

jornal Eco


jornal Eco

A nível local:

Não é que as câmaras controladas pelos outros partidos se recomendem, mas o certo é que oito das dez autarquias mais endividadas são do PS. (Público)

30/07/2017

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (42) - Empurrando Costa para o redil de Belém

Outras preces.

Agora é oficial. Com esta entrevista ao diário da manhã DN, Marcelo Rebelo de Sousa puxou o tapete a Costa. E não, sossegai, não é para o derrubar, porque eles precisam um do outro (até ver). É apenas para o desequilibrar e o deixar mais dependente da muleta de Belém submetendo-o às suas manobras.

A que outro propósito, um presidente, que enche a boca com estabilidade e tem mantido uma cumplicidade com o primeiro-ministro que nada tem a ver com a indispensável solidariedade institucional, vem agora esclarecer que «o Presidente não tem de ter confiança política pessoal no primeiro-ministro», admitir a dissolução da assembleia e sublinhar a conveniência de ter uma oposição forte que proporcione «outro termo da alternativa que possa governar o país»?

Porquê agora? Porque Marcelo é tudo menos um político corajoso e só agora sente que Costa está suficientemente fragilizado para o trazer ao seu redil. Como diz o povo, mandaste-os vir? agora aturai-os.

20/07/2017

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (41) - Não há nem haverá crise, garantiu

Outras preces.

Encarnando um híbrido de Zandinga e de um professor de economia da Mouse School of Economics, Marcelo Rebelo de Sousa informou durante a sua visita ao México que «todas as análises de crise e todas as decisões sobre a crise passam pelo Presidente da República», e garantiu urbi et orbi que «não haverá razões institucionais que limitem a capacidade de crescimento», acrescentando «quando eu digo não haverá, não haverá».

O Marcelo de que estamos a falar é o mesmo Marcelo que uns meses antes de ser entronizado presidente do PSD também garantiu que «só se Cristo descer à terra» se candidataria. O mesmo Marcelo que garantiu ter havido o célebre jantar com Paulo Portas com vichyssoise de entrada. O mesmo que implicitou no início do mandato que só cumpriria o primeiro e está a fazer tudo para assegurar o segundo. O mesmo que garantiu a Isabel II que, com oito anos de idade, filho de um ministro de Salazar, estava na primeira fila da plebe que na Praça do Comércio a viu passar na visita a Lisboa em 1957. O mesmo que ainda garantiu a Isabel II ter-se encontrado com ela em 1985 como «líder da oposição». O mesmo a quem o «Presidente da República Federativa do Brasil, (...) pediu para ser recebido» mas não apareceu. O mesmo que em pleno incêndio de Pedrógão Grande garantiu que «tudo está a ser feito com critério e organização», para poucos dias depois garantir que se iria «apurar tudo, mas mesmo tudo, o que houver a apurar». Ainda o mesmo Marcelo que depois de ter minimizado o desaparecimento de munições em Tancos, veio dias depois defender «uma investigação que apure tudo, factos e responsabilidades». Ah!, já quase esquecia, o mesmo que garante que «não haverá razões institucionais que limitem a capacidade de crescimento».

É certo que a última e definitiva garantia «quando eu digo não haverá, não haverá» ultrapassa tudo o que a musa antiga canta, mas é compreensível que o presidente Marcelo se tenha ultrapassado a si próprio se porventura tiver circulado na auto-estrada mexicana daquela estória que também não sabemos se é verdadeira.

18/07/2017

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (40) - Guterrando

Outras preces.

Se não fosse este post do Blasfémias também não teria reparado que Marcelo exonerou o único militar até agora por ele nomeado para o lugar de secretário do Conselho Superior de Defesa Nacional.

Tudo começou quando Antunes Calçada durante a apresentação de um livro de um outro militar disse o que foi interpretado pelos presentes (e os ausentes) como classificando o CEME Rovisco Duarte «sabujo para cima» para proteger o ministro Azeredo Lopes e «cão para baixo» ao demitir os cinco comandantes das unidades que tinham a responsabilidade pela segurança de Tancos.

Imitando o inimitável Guterres, «depois de ouvido o Governo», Marcelo produziu um despacho exonerando «Antunes Calçada do cargo de Secretário do Conselho Superior de Defesa Nacional». Porquê exonerá-lo do cargo se a criatura, segundo o despacho, o «exerceu com zelo, competência e dedicação»? O que mostra isto? Mostra que nos momentos de crise Marcelo é incapaz de decidir contra as pressões ou contra a corrente, sempre preocupado com a popularidade e com evitar a crispação.

Contem com ele para as selfies, os afectos, os beijinhos, os abraços e, last but not least, as intrigas. Não contem com ele para tomar decisões disruptivas que serão inevitáveis durante os quatro anos que lhe faltam de mandato, para já não falar no seu segundo mandato pelo qual disfarça mal ansiar.

05/07/2017

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (39) - É pior do que ele pensava

Outras preces.


Neste excerto de um artigo no Expresso Diário, Ricardo Costa, que conhecia Medina Carreira desde criança e com ele escreveu um livro a quatro mãos, evoca o seu comentário sobre o que disse Marcelo à SIC nesta entrevista a propósito da dívida pública.

Devo acrescentar um pensamento positivo ao que disse Marcelo e tanto preocupou Medina Carreira: tenho as maiores dúvidas que Marcelo acredite no que disse sobre a dívida pública (e sobre muitas outras coisas) e tenho a certeza que, ainda que tenha acreditado, não será preciso Cristo descer à terra para ele deixar de acreditar no que disse acreditar. Por isso, no lugar de Medina Carreira não teria ficado tão preocupado pelo que Marcelo disse.

10/06/2017

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (37) - Não desisti mas também tenho a mesma dúvida

Outras preces.

«Há pessoas de quem não se espera nada. E há aquelas de quem se espera tudo. O prof. Marcelo pertence às duas categorias. Em passeio nos Açores, o homem resolveu explicar o segredo da nossa felicidade, ele próprio: “Quando iniciei o meu mandato, achava que o país estava carecido de afecto e que era uma prioridade esse afecto. As pessoas estavam pessimistas, estavam cépticas, estavam crispadas. (…) o país estava perdido, corria tudo mal”. Então, como um anjo, surgiu o Salvador, ainda mais reluzente que o Sobral.

Com franqueza, já desisti de tentar perceber se o prof. Marcelo diz estas coisas a sério ou se se diverte a gozar com pategos.»

Excerto de «Cinco dias inúteis», Alberto Gonçalves no Observador

13/05/2017

Porque está a nossa esquerda, pela pena do jornalismo das respectivas causas, tão excitada com a vitória de Macron e a visita de Francisco?

Quanto a Macron, é certo que o homem foi banqueiro, mas também foi ministro da Economia de um governo socialista daquele presidente que foi a grande esperança da esquerda e representou um virar da página na Europa, antes de começar a andar de scooter com a namorada. E já declarou abraçar algumas das grandes causas do seu antecessor, como as críticas à concorrência fiscal da Irlanda, os salários baixos na Europa do Leste, um orçamento, um ministério das Finanças e um parlamento comuns, promete uma negociação dura do Brexit e parecia defender a mutualização da dívida.

Por causa dessas causas, o governo alemão já fez saber que não aceita os Eurobonds - até o socialista Schulz disse que bonds, só o James. E, claro, Macron lá veio esclarecer que afinal não é bem assim. Mais uma esperança dos Tsipras e dos Costas, a pensarem zerar o conta-quilómetros e recomeçar tudo de novo, que provavelmente vai para o caixote de lixo da história, já atafulhado de ilusões.

Quanto ao papa Francisco, a esquerdalhada tem menos decepções a recear. Como o reino dele não é deste mundo e o orçamento do Vaticano não vai pagar a dívida portuguesa, a coisa fica-se pelas boas (ou más, depende da opinião) intenções e declarações. Vem a propósito citar um excerto de um interessante artigo de José Bento da Silva no Observador com o significativo título «Sim, o Papa Francisco é socialista!». Aqui vai.

«Contudo, e dado que não temos clareza acerca das intenções do Papa, é legítimo, com os dados que temos, afirmar que o Papa é socialista.  (...)  O pensamento politico-económico do Papa está classificado há muito: é o socialismo. O Papa está genuinamente centrado nos pobres, mas claramente acredita nos resultados de uma solução socialista; os liberais também estão genuinamente centrados na pobreza, mas propomos uma solução um ‘tudo-nada’ diferente. É somente isto! (...)

Está contudo por estabelecer a relação de causalidade entre a santidade de uma pessoa e a razoabilidade das suas opções politico-económicos.»

Outras leituras recomendadas «a religião é a política por outros meios?».

Para concluir, acrescento suspeitar não ser por acaso que a esquerda, pelo menos desde 1789, quando os esquerdistas avant la lettre se sentaram na Assemblée nationale à esquerda do Citoyen Président, começa com sonhos dos amanhãs que cantam e acaba com pesadelos dos passados que choram, substituindo cada decepção depois de uma de ilusão com uma nova ilusão. Entre uma ilusão e a ilusão seguinte a história mostra-nos frequentemente multidões de mortos, miséria e fome.

Não faltam exemplos do pensamento miraculoso da esquerda. Ao contrário, são raros os episódios de lucidez. São tão raros que cito um que ainda está fresco: Daniel de Oliveira, jornalista de causas / militante / comentador / analista, ex-comunista, ex-Plataforma de Esquerda, ex-Política XXI, ex-bloquista, ex-Livre, ex-Tempo de Avançar, como já foi caracterizado aqui no (Im)pertinências, é um case study de militância de esquerda. Surpreendentemente, escreveu no Expresso online um artigo com um título que é todo um programa («Depois de Hollande, Schulz é a esperança») e que começa assim: «O optimismo dos europeísta de esquerda tem uma característica fundamental; a impressionante e perseverante resistência à realidade.» Bem-vindo ao mundo real.

20/04/2017

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (36) - A caminho da irrelevância?

Outras preces.

«O emplastro»
A caminho da irrelevância? Com um eleitorado politicamente adulto que não apreciasse ser tratado como adolescente retardado, estaria certamente.  Não necessariamente com um eleitorado que lhe dá índices de popularidade superlativos (mas também deu a Cavaco, não esqueçamos). Ainda assim, o sucesso da performance artística será seriamente abalado se e quando o PS tiver uma maioria e o seu público não precisar de Marcelo e comunistas e bloquistas puderem aliviar as frustrações acumuladas fazendo sobre ele fogo à vontade com a tropa do jornalismo de causas ao seu serviço. Em último caso, não resistirá (nem a gerigonça) quando a realidade se apresentar a cobrar as consequências da engorda da vaca marsupial pública, das «reversões», da falta de reformas e das políticas erradas.

17/04/2017

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (35) - O bombeiro

Enviado pelo Agent Provocateur
No passado, leríamos na notícia «os bombeiros estão no local». Nos tempos dos Afectos e da geringonça temos o presidente da República e o SEF.

Não ignoro que o presidente Marcelo é muito popular, o que significa que o povo aprecia muito ser infantilizado. O que me leva a concluir que podemos usar os indices de popularidade de Marcelo para medir o grau de infantilismo popular.

23/03/2017

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (34)

Outras preces.

O BCE admitiu no seu boletim económico de Março que em Maio poderá ser iniciado o procedimento de desequilíbrio excessivo em relação à Itália, a Chipre e a Portugal se não apresentarem políticas correctivas até Abril.

Podemos não estar de acordo com o BCE, mas o certo é que os três países assumiram compromissos de adoptar reformas e estão a fugir com o rabo à seringa. Se as não queriam adoptar não se deveriam ter comprometido o que teria implicado não ter acesso ao programa de compra de dívida pública.

Como deveria reagir um presidente da República de um desses três países a este aviso do BCE? Como nenhum deles tem poderes executivos, a atitude mais recomendável seria ficar calado. Evidentemente isso é muito difícil para pelo menos um deles. Não conseguindo calar-se, estaria no limite do admissível lamentar a posição do BCE ou contar uma estória qualquer sobre as agências de rating ou a economia de casino ou o neoliberalismo.

Não foi essa a escolha do presidente Marcelo que reagiu perguntando «o que é que Vítor Constâncio está lá a fazer?». Colocou-se assim ao nível do presidente da junta de freguesia de Belém, por exemplo um socialista, a quem a câmara de Lisboa por exemplo não aumentou o orçamento, perguntando por exemplo o que é que o Fernando Medina está lá a fazer?

Imaginemos Sergio Mattarella, o presidente italiano, também sem poderes executivos, a perguntar o que é que Mario Draghi está lá a fazer? Seria ridículo, não é verdade? Certamente, mas apesar de tudo menos ridículo porque o Mario "dele" foi capaz de garantir que «the ECB is ready to do whatever it takes to preserve the euro» enquanto o "nosso" Vítor continua a ser o mesmo verbo de encher que foi à frente do BdP.

Se o ridículo fosse mortal, não teríamos este presidente da República e, se tivéssemos, já teria tido havido novas eleições poucos dias depois da tomada de posse. A sorte dele (e o nosso azar) é que ninguém o ouve para lá de Badajoz.

21/03/2017

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (33)

Outras preces.

«Mais do que isso [um banco público manter o serviço público], é uma ligação que tradicionalmente existe entre a Caixa Geral de Depósitos e os portugueses, sobretudo uma camada menos jovem que está há muito tempo relacionada com a Caixa e que quer continuar relacionada com a Caixa», disse, a propósito da redução da rede de agências, o presidente Marcelo dos Afectos, numa exposição qualquer, ou numa vernissage, ou enquanto sorvia uma vichyssoise, ou tirava uns selfies com os alunos da escola primária n.º 98, ou dava uma entrevista simultânea a 43 jornalistas, sabe-se lá.

E qual é a ligação que tradicionalmente existe entre a Caixa Geral de Depósitos e os portugueses? Elementar, meu caro Watson. Há uns portugueses que tradicionalmente lá enterram o dinheiro dos seus impostos e há outros que tradicionalmente de lá extraem o dinheiro dos que lá o enterraram. Sobretudo uma camada menos jovem que está há muito tempo enterrá-lo.

E como sabe o presidente Marcelo estas coisas todas da banca? Elementar, meu caro Watson. Porque tem estado tradicionalmente ligado à banca.

11/03/2017

DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (32)

Outras preces.

O Senhor não está a ouvir as nossas preces


Estudo de opinião da Eurosondagem para o Expresso

Portanto, das duas, três:
  • ou bem a Eurosondagem ajeita as sondagens, 
  • ou bem Marcelo preenche um qualquer défice nas amígdalas cerebelosas da populaça;
  • ou bem, nós, os que não temos um défice de afecto, temos de engolir o sapo transmutado em princesa do povo.
Ou quatro, quando a populaça cair outra vez no mundo real, constatar que os "afectos", os selfies e a verborreia não só não pagam dívidas como até as aumentam, os afectos podem virar ódios.

03/03/2017

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: O presidente vai nu (9)

Outros nus do presidente.

Como prometido, este é o penúltimo post desta série dedicada à nudez do presidente Marcelo. Desta vez cito André Abrantes Amaral que reincide e também aponta outros nus.

«Durante 12 meses, o Presidente da República faz de comentador. Na televisão, enquanto lhe engraxam os sapatos ou à porta de um café. Até à saída da praia. Qualquer lugar serve para que o Presidente do nosso Estado se esqueça do papel que o mandato que exerce o obriga a desempenhar. 

Se para ganhar popularidade ou por mera fatuidade e insensatez, não sabemos. Até porque são tantos os mascarados que nos baralhamos. António Costa, por exemplo, que escolheu ser primeiro-ministro - é o primeiro a consegui-lo depois de perder as eleições -, tem um ministro das Finanças que disfarça défices.»

18/02/2017

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: O presidente vai nu (8)

Outros nus do presidente.

Prometo que esta série de posts não irá para além do 10.º episódio e ficará por uma só temporada. Porquê? Porque, dia após dia, a comentadoria doméstica desinibe-se e desanca cada vez mais no presidente Marcelo dos Afectos. Não sei se Marcelo chegará ao estado de Cavaco, que apanhava na cabeça pelo que fazia e pelo que não fazia, pelo que pensava e pelo que não pensava, e concitava o ódio de toda a esquerdalhada a um ponto em que quem não malhasse no homem não era bom chefe de família, como nos tempos do fascismo - em que havia chefes de família e quem não era do Benfica dizia-se não ser bom chefe de família. Não tendo pena da criatura, porque ele tem andado a pedi-as, o certo é que se cascar-lhe vier a transformar-se num desporto nacional não praticarei a modalidade.

Por agora, aqui vai ainda mais um juízo crítico sobre a incontinência mediática da criatura:

«Se perguntarem a qualquer português se gosta de ver Marcelo em Belém, tenho a certeza que a generalidade daria uma resposta positiva, inclusivamente muitos que não votaram nele. Só que a sua excessiva exposição, a incontinência mediática, levam a uma série de intervenções que minam o seu próprio caminho.

Marcelo Rebelo de Sousa mantém uma popularidade inabalável, mas perdeu o estado de graça pois está a «ficar mal com todas as forças políticas», como esta semana disse Pedro Santana Lopes, que tem elogiado vastíssimas vezes o Presidente da República (PR), no seu comentário na SIC. Quais são então as razões para o sortilégio de ter começado o tiro a Marcelo?»

«Marcelo tornou-se o maior inimigo de si próprio», Rui Calafate no jornal Eco

17/02/2017

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: O presidente vai nu (7)

Outros nus do presidente.

A multiplicação de apreciações críticas indicia que o estado de graça de Marcelo chegou ao fim? Possivelmente não. De momento indicia apenas o fim da paralisia mental generalizada da comentadoria e talvez o princípio dos apertos de Marcelo de quem José Miguel Júdice, que o conhece bem, disse recentemente na TVI que lida muito mal com as críticas.

«O mais errado no meio disto tudo é Marcelo não o fazer por convicção, mas antes por oportunismo. Esta constante vontade de agradar, impelem o Presidente da República a não ser mais do que um Presidente da situação. Um catavento mediático, como alguém um dia lhe chamou.

A esquerda tem hoje um Governo, uma maioria e um Presidente. 

(...)

O episódio Centeno mostrou a António Costa que Marcelo afinal não é o amigo que parecia à primeira vista ser. Tal como Marcelo (ainda comentador) já o tinha provado, semana após semana, a Passos Coelho (ainda primeiro-ministro).

A postura discreta da Presidência da República é hoje uma miragem. A figura do Presidente moderador morreu e nos próximos anos teremos que viver com um Presidente jogador. Habituemo-nos a viver com isto, dizem que é uma questão de afetos.»

«Afetos a mais também enjoam», João Gomes de Almeida no jornal Eco