Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Mostrar mensagens com a etiqueta Ridendo castigat mores. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Ridendo castigat mores. Mostrar todas as mensagens

12/09/2025

Dúvidas (356) - Não será exagerado o alegado avanço tecnológico dos EUA?

Respondendo à pergunta no Quora «Why is Europe so technologically backward compared to the USA?», o polaco Arkadiusz Jenczak respondeu assim:

«Just this week I was looking for a good internet service provider in city of Helper, Utah. My friend is going to move there for couple of years and asked me for help since he is not very tech savvy. I reside in Poland, so by default my help can only be provided remotely, but thanks to internet you can find information independent on where you live. So anyway, I went to search for ISP. TOTAL DISAPPOINTMENT.

Best service provider in 2024 (I was looking for fiber/FTTH connection) I could find, provides worse service than I had in Poland when I installed my fiber connection - in 2015. Literally, slower, with transfer caps, and price for the 100 Mbit/s connection+TV is 7 times higher than I pay for 1Gb/s connection + TV with more channels.

Got it? I have 10 times faster connection, no transfer limit, twice as much tv channels, for 15% of american service price. I am not sure if it is even fair to compare these services since american one is so far behind. Many providers do not even have the 100Mb/s option anymore.

Oh, and Poland in not even in the lead when it comes to internet speed and quality in EU.»

Já agora leia-se o aviso da AOL onde anuncia que no final deste mês irá descontinuar o serviço Dial-up Internet que é coisa que neste Portugal dos Pequeninos tecnologicamente atrasado é coisa de museu:

«AOL routinely evaluates its products and services and has decided to discontinue Dial-up Internet. This service will no longer be available in AOL plans. As a result, on September 30, 2025 this service and the associated software, the AOL Dialer software and AOL Shield browser, which are optimized for older operating systems and dial-up internet connections, will be discontinued.»

10/09/2025

ARTIGO DEFUNTO: Ranking Mais Idiota do Ano

Depois de uma intensa competição, o (Im)pertinências decidiu atribuir o primeiro prémio do Ranking Mais Idiota do Ano ao #Os mais poderosos de 2025 do Jornal Económico, apesar de incompleto uma vez que faltam os 3 primeiros lugares dos 50 que compõem o ranking.

Citando apenas os mais notáveis por ordem inversa:

  • Isabel Furtado de Têxteis Manuel Gonçalves (48) bate Vladimir Putin (49) e o Almirante Gouveia e Melo (50);
  • André Ventura (44) bate Cristiano Ronaldo (45) e Pinto Balsemão (46);
  • Fernando Campos Nunes da Visabeira (18) sobrepõe a Friedrich Merz (20) e Emmanuel Macron (21);   
  • Cláudia Azevedo (8) supera Xi Jinping (9) que quase foi apanhado por Marcelo Rebelo de Sousa (10);
  • Por um triz Paulo Macedo da CGD (6) não apanha Ursula von der Leyen (4) e António Costa (5),
Aguardo com ansiedade a divulgação dos três primeiros lugares. 

04/09/2025

ESTÓRIA E MORAL: Desta vez vai ser diferente?

Estória

A valorização estratosférica da Palantir, uma empresa de software e serviços de tecnologia especializada na Defesa, levou Adam S. Parker (Could Palantir Be The Best Short Idea?,) a questionar-se sobre até onde poderia chegar essa valorização.

Fonte

O diagrama com os dados tratados por Parker mostra a evolução da média do retorno total (= mais valias + dividendos) em relação ao máximo atingido por 14 empresas cotadas no S&P 500 que desde 2000 apresentaram num determinado momento um rácio capitalização bolsista/vendas superior a 30. Nos 12 meses seguintes a terem atingido o máximo essas empresas já apresentavam uma redução média do retorno de 22% em relação ao índice S&P 500. 

Moral

Tudo o que sobe um dia desce, ou, mais precisamente, quase tudo (as dívidas...) 

30/08/2025

Não há a certeza que o publicitário e o público-alvo tenham sentido de humor...

Caderno de Economia do Expresso

... o que, se assim for, nos leva à conclusão que um anúncio pode dar-nos um retrato mais rigoroso do empresariado do Portugal dos Pequeninos do que uma centena de estudos.

29/08/2025

DIÁRIO DE BORDO: Elegeram-no? Então aguentem outros cinco anos de TV Marcelo (22) - Sim, o Sr. Trump parece ser um activo de Putin, mas não pode ser o PR a dizê-lo

Então aguentem outros cinco anos, uma espécie de sequência indesejada da série Outras preces (não escutadas).


Um presidente da República que se apresenta num encontro de um partido, ainda para mais do qual é militante e foi presidente, demonstra uma certa falta de senso. Não achando suficiente essa demonstração, o Dr. Marcelo produz um juízo sobre outro presidente da República de um Estado aliado do seu  («o líder máximo da maior superpotência do mundo, objetivamente, é um activo soviético, ou russo») que, não fora a  insignificância do Dr. Marcelo e a pouca significância do seu país, criaria um incidente diplomático grave. E não está em causa o fundamento do juízo, perfeitamente aceitável se dito por um comentador, está em causa que tal afirmação em público do PR mostra que o Dr. Marcelo fez um percurso inverso ao seu homólogo ucraniano de quem se diz que começou por comediante e acabou presidente. 

28/08/2025

Dúvidas (355) - Para que serve a Fundação de Serralves? Promover actividades culturais? Certo? Errado! Serve para «Incomodar, desestabilizar, interrogar»

De acordo com os seus Estatutos, a Fundação de Serralves serve para:


Podemos discutir se esta é formulação mais adequada da finalidade da Fundação ou então podemos perguntar à Dr. Isabel Pires de Lima, a presidente demissionária, ex-ministra da Cultura no governo do Eng. Sócrates, qual é a sua perspectiva. É uma pergunta retórica porque Dr. Isabel Pires de Lima antecipou-se e respondeu assim no comunicado em que anuncia a sua renúncia:

«Na minha perspetiva, um espaço de produção de arte como é Serralves tem, a todo o momento, de incomodar, desestabilizar, interrogar ou então será apenas um lugar de pessoas demasiado contentes consigo próprias, naquela felicidade potencialmente castradora que o sucesso traz.»

23/08/2025

Os caminhos de ferro indianos como inspiração para resolver alguns problemas da CP

Em meados do século XIX, a Inglaterra introduziu na Índia, à época sua colónia, exames mais difíceis para a selecção de funcionários públicos, incluindo os locais, que até então eram frequentemente escolhidos por "cunha". Esperava, assim, seleccionar os melhores candidatos e afastar os incompetentes bem relacionados. De passagem, é razoável suspeitar que parte dos problemas das ex-colónias portuguesas podem ter resultado de a administração colonial portuguesa não ter seguido o exemplo da pérfida Albion.

Ainda hoje, os exames para a selecção de funcionários dos caminhos de ferro indianos respeitam essa tradição e o exame do concurso para ajudantes de condutores de comboio tem perguntas de resposta múltipla como a seguinte:

Fonte: 1843 magazine

Pensando nos problemas da nossa CP, entre os quais se encontra inevitavelmente a falta de competência (e de diligência) do seu pessoal, imaginei sugerir ao ministro Dr. Matias incluir entre as reformas que o governo do Dr. Montenegro vai executar a introdução de exames deste tipo para a selecção de pessoal do nosso elefante branco ferroviário. É claro, que não querendo ser lunático, não estou evidentemente a pensar na selecção dos ajudantes de condutor, nem mesmo dos quadros da CP, estou apenas a pensar nas nomeações para a administração.

15/08/2025

A investigação e a inovação no Portugal dos Pequeninos submersas pelo corporativismo

A fusão anunciada pelo governo da FCT (Fundação para a Ciência e a Tecnologia), responsável pela política de I&D (Investigação e Desenvolvimento), com a ANI (Agência Nacional de Inovação), poderá contribuir para resolver uma dicotomia que justifica a FCT viver numa torre de marfim e a AMI ter resultados medíocres para mostrar, como evidenciam os relatórios do European Patent Office (EPO) que tenho vindo a comentar há vários anos na série de posts "O surto inovador e inventivo que nos assalta"  [(1), (2), (3), (4), (5), (6) e (7)].  

Para me cingir a 2024, vejam-se os títulos encomiásticos produzidos pelo jornalismo de causas, que mostram bem a boa imprensa de que desfruta a comunidade, para celebrar os 347 pedidos de patentes correspondentes a 33,5 por milhão de habitantes, um quarto 1/4 da média da EPO o que nos coloca 28.º lugar dos 39 membros.

É claro que imediatamente após o anúncio da fusão da FCT com a ANI vieram os protestos da comunidade de apparatchiks que parasitam aqueles dois organismos, inquietados pela hipotética ameaça às suas tenças. Só encontrei duas vozes discordantes deste coro: António Coutinho, ex-director do Instituto Gulbenkian de Ciência, e Daniel Bessa, ex-director-geral da COTEC Portugal.

14/08/2025

CASE STUDY: Tomar conta da ocorrência é a acção mais frequente das polícias do Portugal dos Pequeninos

Uma cena de pancadaria num avião da Ryanair na passada terça-feira levou à intervenção da PSP. E em que consistiu a intervenção da PSP? perguntareis e eu respondo: segundo o DN durante uma hora consistiu em "tomar conta da ocorrência". 

E que é "tomar conta da ocorrência"?  Dada a frequência com que as nossas polícias tomam conta de ocorrências (só nos últimos 30 dias segundo o Google houve 121 referências à tomada de conta de ocorrências), em tempos incluí no Glossário das Impertinências a entrada "Tomar conta da ocorrência" onde tentei definir a coisa.

Por falar em tomar conta da ocorrência, ocorre-me para tal são necessários com frequência "operacionais", geralmente em número significativo como se pode ver neste levantamento de há três anos, frequência e número que pelos vistos se mantém - nos últimos 30 dias ocorrerem mais de uma centena de situações que exigiram operacionais, algumas das quais certamente para tomar conta das ocorrências. É a esta luz que se deve avaliar a escassez de polícias, como tenho dado conta na série Outros casos de polícia.

08/08/2025

ACREDITE SE QUISER: Semana de quatro dias, já! E por que não um diploma com a primeira matrícula?

Jornal Eco

Foi esta a conclusão de um inquérito promovido pela Federação Académica do Porto (FAP). O presidente da agremiação diz que «um estudante a tempo inteiro, num curso de licenciatura, dedica cerca de 46 horas por semana às atividades académicas, entre aulas, estudo e avaliações» e conclui que «o modelo atual não responde à realidade de quem trabalha, vive longe ou enfrenta dificuldades socioeconómicas. A implementação da semana de quatro dias é, sem dúvida, um contributo relevante na qualidade de vida dos estudantes universitários». A solução segundo o presidente seria «a inovação pedagógica, através da implementação de métodos de ensino e de avaliação mais adequado».

46 horas por semana? Se acreditar, não posso estar mais de acordo quanto à necessidade de mais uma reforma a juntar à lista do Dr. Gonçalo Matias. É de facto um desperdício de tempo quando comparamos com a reduzida ciência com que uma criatura sai da universidade depois de vários anos de frequência. Porém, não concordo com a solução proposta.

Falando da minha experiência pessoal, nos anos do fássismo gastei pouco mais do que essas 46 horas semanais para fazer uma licenciatura de 5 anos enquanto trabalhava full time. Se naquela época o áctivismo universitário reclamava passagens administrativas, parece justo que o actual reclame o direito ao diploma com a primeira matrícula, isso sim seria uma inovação pedagógica.

01/08/2025

DIÁRIO DE BORDO: Elegeram-no? Então aguentem outros cinco anos de TV Marcelo (21) - Sem vergonha e sem limites

Então aguentem outros cinco anos, uma espécie de sequência indesejada da série Outras preces (não escutadas).

«Para se salvar, Marcelo está disposto a contribuir para o aumento da “pós-verdade” na política portuguesa. Também na questão da imigração, a “verdade” deixa de existir, e “não há números credíveis”. As “narrativas” é que contam; e ter influência nos meios de comunicação social para espalhar as “narrativas” convenientes ao senhor Presidente. Cada vez que ouvirem o PR a criticar o populismo e a demagogia não liguem nenhuma, ou comecem às gargalhadas. Marcelo Rebelo de Sousa é o político mais populista que existe em Portugal. Numa década, reduziu a presidência da república a um populismo sem vergonha e sem limites.»

«Populismo sem vergonha e sem limites», escreveu João Marques de Almeida sobre o Dr. Marcelo palavras que não hesito em subscrever. Não sei se estes últimos episódios terão ou não surpreendido JMA, mas seguramente não me surpreenderam a mim 9 (nove) anos e centenas de posts depois.

27/07/2025

After Sleepy Joe, Donald P. Trump follows. Maybe the Oval Office is to blame.

«President Trump said he was "surprised" that Powell had been nominated to be chair of the Federal Reserve. "I was surprised he was appointed," Trump said. "I was surprised, frankly, that Biden put him in and extended him." However, Trump himself initially nominated Powell to lead the Fed in 2017. Biden renominated Powell in 2021.» (MSBNC)

_______________

"P" stands for Parkinson

22/07/2025

He took the words right out of my mouth, only Mr Trump can do that

«Mr Trump is a rich, powerful man leading a movement which contains people who believe that rich, powerful men cover up crimes for each other. The Trump movement includes free-traders and protectionists, pro-Ukraine people and pro-Russia people, those who want mass deportations and those who would spare hotel and farm workers. Mr Trump has kept them mostly happy by taking all these positions simultaneously. No other politician in America can do that.»

"The Epstein files and Donald Trump"

17/07/2025

Operação Marquês - uma justiça de opereta numa república dos bananas

300 (trezentos) juízes, 50 (cinquenta) recursos, uma queixa ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, vários crimes já prescritos, um processo com mais de 62 mil (sessenta e duas mil) páginas, incluindo as 6 mil (seis mil) páginas do despacho do Juiz Rosa, em mais de 200 (duzentos) volumes, o equivalente a um décimo dos julgamentos de Nuremberga (de 20/11/1945 a 1/10/1946) onde foram julgados 23 dirigentes nazis.

12/07/2025

Does history repeat itself the first time as a tragedy and the second time as a comedy?

«If you’re old enough, you’ve seen this movie: An eccentric billionaire, full of bile and nursing grudges against the incumbent Republican president, wants to create a third major political party and shake up the system.

In 1992, the billionaire was H. Ross Perot, and his vehicle for attacking the incumbent president, George H. W. Bush, was something called the Reform Party. Perot had a few good ideas; he wanted to balance the federal budget, for example, which is never a bad thing. But mostly, he was something of a rich crank who had a vendetta against the Bush family: In one of many strange moments, Perot claimed that his abrupt exit from the race in the summer of 1992 was because Bush had been plotting a smear campaign against his daughter, something for which he never offered proof.

It wasn’t a very good movie, and it certainly didn’t need a reboot, but we might be getting one anyway. Elon Musk has announced the formation of the “America Party,” a new political organization whose main idea is … well, the goal isn’t clear. Musk hasn’t said much about it, other than that it would be dedicated to stopping wasteful government spending. But mostly, his announcement seems dedicated to aggravating President Donald Trump, with whom Musk has had a very public falling out. And Trump is plenty aggravated. “I am saddened to watch Elon Musk go completely ‘off the rails,’ essentially becoming a TRAIN WRECK over the past five weeks,” Trump wrote on his Truth Social site on Sunday, adding that the “one thing Third Parties are good for is the creation of Complete and Total DISRUPTION & CHAOS.”

Trump’s trademark punctuation aside, the president has a point, at least about the possible disruption of the GOP. Even if Musk is serious—and one never knows with planet Earth’s richest jumping jester—the odds of this new party coming into existence are low: Third parties don’t get much traction in the U.S. political system. The chances that it will become a force in American politics are even lower. But if that’s the case, why is Trump so angry? A few days later, perhaps realizing how panicky his initial reaction sounded, Trump changed his tune. “It’ll help us,” he said of Musk’s new party.

And here, Trump is wrong: If Musk creates a new party to appeal to disaffected members of the now-defunct coalition that he, Trump, and some of the MAGA movement all cohabited, such a party—if it has any impact at all—is likely to hurt Republicans more than Democrats. Musk is a deeply unpopular figure in American politics, but what public support he enjoys comes heavily from the GOP itself. For now, he seems to be taking Perot’s approach, rooting the America Party in anger about the bloated and irresponsible One Big Beautiful Bill that Trump and the Republicans squeaked through Congress.

But who’s the audience for this appeal? It’s not big business or economic conservatives; Musk’s record as a business leader has taken a major hit, and those groups have already thrown in their lot with Trump and the GOP. It’s not the national-security Republicans, who know that Musk is no better than the fringiest and most isolationist Trumpers when it comes to foreign affairs. It’s certainly not the Never Trumpers, who, if Musk even wanted their support in the first place, would never forget his sycophantic embrace of Trump.

The real worry for Republicans is that Musk will peel off small numbers of people in two groups, both of them important to Trump’s grip on Capitol Hill. One group consists of swing voters who don’t much like Trump but who have stayed with him for various reasons; Musk might be able to get them pumped up about another celebrity movement. They could be swayed by Musk’s supposed anger about budgets the same way some of them bought into arguments about egg prices and inflation, allowing Musk’s candidates to shave away a few points here and there from the GOP.

But more worrisome to the Republicans is that Musk will corner the crackpot vote.

10/07/2025

A vida de alguns devotos da Trumpologia não é fácil

Até agora identifiquei três espécies principais de adeptos da Trumpologia: (1) os devotos com limitada capacidade de elaboração mental que acreditam em qualquer treta debitada pelo objecto da sua devoção e constituem provavelmente a maior parte dos eleitores americanos de Donald Trump e dos seus admiradores no estrangeiro; (2) os adeptos providos de capacidade média de elaboração mental, e em certos casos até acima da média, que por isso se apressam a elaborar justificações dos discursos e das acções do Sr. Trump e (3) os cínicos e realistas para quem o Sr. Trump é apenas o veículo possível para adoptar algumas políticas da sua conveniência, grupo onde podemos encontrar a maioria dos tecnogarcas e outros oportunistas que parasitam a Trumpologia.

Baseada numa espécie de credo quia absurdum, a vida para os primeiros é fácil (*) e, por razões diferentes, também é fácil para os terceiros ou pelo menos é fácil até ao ponto em que as acções do Sr. Trump atropelam os seus interesses e, mais raramente, as suas ideias.

Difícil é a vida dos segundos, nos quais podemos incluir as figuras da direita liberal ou conservadora doméstica, constantemente sobre pressão para darem o melhor dos seus intelectos para justificar com um módico de racionalidade discursos e acções contraditórias, sem lhes ocorrer que com um cinismo comparável ao dos tecnogarcas americanos poderiam invocar o princípio Amicus meus, inimicus inimici mei (Mateus 17:22-23) e dispensarem-se de contorcionismo, na melhor hipótese, ou patetice, na pior.  

Poderia dar inúmeros exemplos, desde as "tarifas" que mudam todos os dias às políticas orçamentais, mas vou apenas citar os dois mais recentes relacionados com a invasão da Ucrânia: depois de ter exibido várias demonstrações de apreço e compreensão, o Sr. Trump criticou duramente o Sr. Putin pelas tretas com que ele desde sempre o vem enrolando e, menos de uma semana depois de ter sido inesperadamente suspensa a entrega de armas à Ucrânia, foi inesperadamente retomada.

______________

(*) A Economist identifica como «um dos superpoderes de Donald Trump (...) dizer algo em um momento, contradizer no próximo e convencer a maioria dos fiéis do MAGA de que ele nunca mudou sua posição». A meu ver, engana-se ao atribuir aos supostos superpoderes do Sr. Trump o que não passa de uma consequência da limitada capacidade de elaboração mental da maioria dos fiéis, ou, no caso da minoria, de uma impulso irreprimível de justificar essas acções contraditórias por falta de coragem de invocar o princípio bíblico.

06/07/2025

Truth comes out in anger or with friends like these, who needs enemies? (3) - A new party is born fathered by an old star, the former first buddy

[Other Who needs enemies?]

The emergence of Homo interneticus

Erasmo Amato

In 2004 Michael H. Goldhaber published the essay "The mentality of Homo interneticus: Some Ongian postulates" (*) anticipating that the Internet would create a new type of human being, the Homo interneticus that would succeed Homo sapiens vulgaris. Due to the excessive use of the Internet, the Homo interneticus would have his mind altered by the constant dispute for his attention and would lose the notion of time and space.

Goldhaber's essay, from which I have extracted the following excerpt, proved to be prescient and sheds some light on the intense struggles between the tribes that follow the various most extreme and exacerbated ideologies that fill the internet space today.

«Without notable clues to a particular identity being provided by how one was raised, being cast in a sea of ten billion or so rough and directionless equals would be too much of a challenge. A floating spar — or several — must be found to cling to. H. interneticus tends towards community on the basis not of birth so much as of what feels like commonality — tasks and goals inspired by those who resonate with one — whether from some inner, possibly inchoate sense of being, a chance encounter, a shared bit of history, an aptitude that finds use, an almost arbitrary predilection or just a desire for meaning, connection or focus. These Internet communities are unshackled by space, unbounded by borders, though probably dominated by a rough version of the English language. Like any community, their enfoldings multiply through use and mutual familiarity, providing what remains of the dimension of time.

If the printed book first helped bind the world of European science and scholarship through the universal use of learned Latin [13], that language was comprehensible only to an elite — and male — few. As booksellers ought a wider market, they helped propel vernacular tongues into standardized, written and printed form. New feelings of nationality were thus brought into being, further aided by the desire for those literate in each "tongue" to have access to professions such as law and to government positions. So arose the drive for "national self–determination," meritocracy and even democracy.

Where stands H. interneticus when it comes to nationalism and electoral democracy? As an inevitable member of multiple global communities, on the whole she finds the pull of any particular nationality waning, especially insofar as nationalism implies loyalty to a particular government and its actions. If an Internet community happens to veer in some undesirable direction, it is easy to secede and start a new one with other dissidents, and in next to no time. By contrast electoral politics and representative democracy is achingly slow and unreliable, necessitating compromise and often leaving one agonizing in opposition for year upon year. H. interneticus has no sense of the future — no tolerance, that is, for waiting. Change should occur right now, instantaneously.

But what of the real, material world? Internet community formation might be an adequate substitute for representative democracy in the world of the Internet itself, but how can environmental issues, poverty, war, violent crime, terrorism, medical care, and on and on, be dealt with just by changing the subject? My guess is that to a first approximation the answer is that, for H. interneticus, cyberspace is most of the real world, and the rest is an appendage of it. If anything is to be done about global warming, for example, it will be through communities coalescing on the Internet and then taking a variety of actions ranging from developing alternative modes of transport (or dispensing with it in favor of heightened use of the net to replace travel and shipping alike) to direct action powerful enough that governments and corporations will have little choice but to acquiesce.

As Internet communities proliferate and interweave they will take on more and more of the functions now more or less the monopoly of government and business alike. It isn’t much of a stretch to visualize the Internet successes such as Google, e–Bay and Amazon gradually being replaced by open source distributed processing just as Napster was by Gnutella. From there it is not much of a further stretch to imagine the transformation of all kinds of organizations into distributed Internet versions.»

___________

(*) The term "Ongian" evokes Walter J. Ong, the American Jesuit priest and professor of English literature,  who studied how the transition from orality to literacy influenced culture and changed human consciousness.

02/07/2025

Truth comes out in anger or with friends like these, who needs enemies? (2)

[Sequel of this post]


I can hardly imagine the dilemma MAGA devotees are facing, torn between two allegiances and which one is the more insane. And yet all of this was predictable, because MAGA is an opportunistic alliance based on contradictory ideas and policies between a vanishing working class stranded in an imagined glorious past, isolationist nativists, and billionaire tech barons obsessed with power and greed who pretend to believe the bullshit of ideologues, led by a pathological narcissist.