Fonte |
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
31/05/2016
SERVIÇO PÚBLICO: Todos os americanos têm uma costela libertária nos seus corpos democratas ou republicanos
«O terceiro maior partido político da América termina a sua convenção em Orlando hoje (2.ª feira). Gary Johnson, o porta-estandarte em 2012, é novamente o candidato. Johnson é um ex-governador do estado estimado, ao contrário de Hillary Clinton e Donald Trump que têm taxas de aprovação mais baixas do que a Fossa das Marianas. Podem os libertários estar à beira de um avanço? Dez por cento dos norte-americanos descrevem-se como libertários, mas podem não ser nada libertários. Os democratas descontentes podem compartilhar posições anti-establishment com os libertários, mas não a vontade de abolir o Estado Social. Os republicanos anti-Trump podem sonhar com abolir os impostos, mas não deitarem para o lixo as restrições ao aborto. Por alguma razão os dois grandes partidos tem mantido as suas estranhas coligações de ideias e interesses. O duopólio que desfrutam não será quebrado este ano, mas os libertários poderiam conseguir os melhores resultados de sempre, ficando mais perto de 10% dos votos do que dos 0,99% que tiveram em 2012.»
The Economist Espresso
Para saber mais sobre o Libertarian Party, que tem como lema «Governo Mínimo, Máxima Liberdade», ver o seu site.
The Economist Espresso
Para saber mais sobre o Libertarian Party, que tem como lema «Governo Mínimo, Máxima Liberdade», ver o seu site.
30/05/2016
Lost in translation (270) – O alemão é uma língua muito difícil
Cenário: visita do presidente da República Portuguesa à Alemanha
Fala de Joachim Gauck, presidente da Alemanha:
«Não quero imiscuir-me nos assuntos do governo e parlamento (federais) e muito menos dar conselhos ao Conselho Europeu e instituições europeias. Vou respeitar os limites do meu cargo e não vou tomar posição em relação a essas questões.» (Fonte)
Fala de Angela Merkel, primeira-ministra:
Não fala.
Fala do presidente Marcelo:
«Vou satisfeito com aquilo que senti e que ouvi da parte da chanceler Angela Merkel, e portanto acho que valeu a pena a visita, valeu muito a pena a visita. (…) é que correu muitíssimo bem, em particular a conversa com a chanceler Angela Merkel, melhor do que teria esperado.» (Fonte)
Fala de Joachim Gauck, presidente da Alemanha:
«Não quero imiscuir-me nos assuntos do governo e parlamento (federais) e muito menos dar conselhos ao Conselho Europeu e instituições europeias. Vou respeitar os limites do meu cargo e não vou tomar posição em relação a essas questões.» (Fonte)
Fala de Angela Merkel, primeira-ministra:
Não fala.
Fala do presidente Marcelo:
«Vou satisfeito com aquilo que senti e que ouvi da parte da chanceler Angela Merkel, e portanto acho que valeu a pena a visita, valeu muito a pena a visita. (…) é que correu muitíssimo bem, em particular a conversa com a chanceler Angela Merkel, melhor do que teria esperado.» (Fonte)
Estado empreendedor (101) – Controlo público, disse ele (continuação da continuação)
Continuação deste e deste posts.
Fiz notar que a melhoria dos resultados de 2015 da Caixa se ficou a dever ao acréscimo no exercício do montante das provisões e imparidades se ter reduzido em mais de 700 milhões, milagre de que seria prudente duvidar, recomendei.
Confirmei (jornal SOL) que o crédito de risco da Caixa (soma do crédito malparado com mais de 90 dias com dívidas renegociadas ou com evidências de risco, como falência do devedor) atinge 11,5% do crédito total concedido, ou seja 8,2 mil milhões do total de 71 mil milhões. Ora acontece que a Caixa registou imparidades de apenas cerca de 64% do montante dos créditos em risco. Agora fica patente o que o abrandamento das imparidades em 2015 foi o tal milagre que antevi.
Moral da estória: em apenas 6 meses a geringonça conseguiu contaminar a Caixa e induzi-la à batota nas contas. Com este know-how, se o Eurostat se distrai lá teremos outra vez contabilidade criativa.
Fiz notar que a melhoria dos resultados de 2015 da Caixa se ficou a dever ao acréscimo no exercício do montante das provisões e imparidades se ter reduzido em mais de 700 milhões, milagre de que seria prudente duvidar, recomendei.
Confirmei (jornal SOL) que o crédito de risco da Caixa (soma do crédito malparado com mais de 90 dias com dívidas renegociadas ou com evidências de risco, como falência do devedor) atinge 11,5% do crédito total concedido, ou seja 8,2 mil milhões do total de 71 mil milhões. Ora acontece que a Caixa registou imparidades de apenas cerca de 64% do montante dos créditos em risco. Agora fica patente o que o abrandamento das imparidades em 2015 foi o tal milagre que antevi.
Moral da estória: em apenas 6 meses a geringonça conseguiu contaminar a Caixa e induzi-la à batota nas contas. Com este know-how, se o Eurostat se distrai lá teremos outra vez contabilidade criativa.
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (33)
Outras avarias da geringonça.
Se há coisas que estão a crescer, uma delas é a dívida pública (ver este post de ontem). A outra poderá ser a dívida privada de empresas e particulares que deixou de descer. Quanto à dívida pública directa do Estado voltou a aumentar em Abril para 230,3 mil milhões.
Qual físico medieval que insiste em sangrar o doente com anemia, o governo da geringonça insiste que do aumento do consumo nascerá o crescimento da economia. Porém, o que nasce é o fim do equilíbrio das contas externas com o superávite de quase 300 milhões da balança de comércio e serviços no 1.º trimestre de 2015 a dar lugar um défice de mais de 100 milhões no 1.º trimestre deste ano. Na verdade, o consumo aditivado pelo crédito (aumento homólogo de mais de 20% e 35% no crédito automóvel em Março) está a fazer crescer a economia dos países que exportam para Portugal. Nada novo, portanto, tem sido isso que se tem verificado nas últimas décadas.
Se há coisas que estão a crescer, uma delas é a dívida pública (ver este post de ontem). A outra poderá ser a dívida privada de empresas e particulares que deixou de descer. Quanto à dívida pública directa do Estado voltou a aumentar em Abril para 230,3 mil milhões.
Qual físico medieval que insiste em sangrar o doente com anemia, o governo da geringonça insiste que do aumento do consumo nascerá o crescimento da economia. Porém, o que nasce é o fim do equilíbrio das contas externas com o superávite de quase 300 milhões da balança de comércio e serviços no 1.º trimestre de 2015 a dar lugar um défice de mais de 100 milhões no 1.º trimestre deste ano. Na verdade, o consumo aditivado pelo crédito (aumento homólogo de mais de 20% e 35% no crédito automóvel em Março) está a fazer crescer a economia dos países que exportam para Portugal. Nada novo, portanto, tem sido isso que se tem verificado nas últimas décadas.
29/05/2016
ACREDITE SE QUISER: O menos pode ser mais e o mais pode ser menos
O departamento de Compliance do Citigroup tem um maior número de empregados do que todo o banco Lehman Brothers, o quarto banco de investimento americano cuja falência em 2008 foi o primeiro sintoma visível da crise financeira com efeitos ainda hoje visíveis - pode suspeitar-se que outros efeitos ainda mais visíveis surgirão no futuro quando se fizerem sentir as consequências das medicinas prescritas pelos bancos centrais para combater os efeitos da crise de 2008.
Por falar em conformidade, a maior percentagem de fraudes de todas as naturezas não é revelada pelos auditores internos ou externos, mas por whistle-blowers (delatores) ou disputas entre accionistas, particularmente se são da mesma família.
Por falar em conformidade, a maior percentagem de fraudes de todas as naturezas não é revelada pelos auditores internos ou externos, mas por whistle-blowers (delatores) ou disputas entre accionistas, particularmente se são da mesma família.
ARTIGO DEFUNTO: Para cada um a sua verdade
O diagrama seguinte publicado na Nota de Informação Estatística de Março de 2016 do BdeP mostra a evolução do endividamento do sector não financeiro, de onde se pode concluir que a tendência de descida da dívida de empresas privadas e de particulares verificada desde 2011 terminou em 2015, não por acaso ano de eleições. Quanto à dívida do sector público essa continuou inabalável a crescer.
Comentando a Nota do BdeP e este diagrama. dois jornais, que não obstante o que parece se situam no mesmo país, publicaram duas peças, que não obstante o que parece são do mesmo dia, com os seguintes títulos:
«Dívida do sector público aumenta 1,6 mil milhões em Março»
«Dívida pública diminui no primeiro trimestre»
Comentando a Nota do BdeP e este diagrama. dois jornais, que não obstante o que parece se situam no mesmo país, publicaram duas peças, que não obstante o que parece são do mesmo dia, com os seguintes títulos:
«Dívida do sector público aumenta 1,6 mil milhões em Março»
«Dívida pública diminui no primeiro trimestre»
28/05/2016
Dúvidas (158) – Eles são obsessivos-compulsivos ou apenas diletantes?
Pensava que com as quatro moções que os berloquistas discutiram nas jornadas parlamentares teriam atingido o auge dos delírios. Não atingiram. Confira-se o projecto de lei que apresentaram no parlamento sobre o «direito à autodeterminação do género» (não, não é regredir do género homo para o género Australopithecus afarensis, por exemplo; é apenas mudar de sexo) que pretende conferir aos maiores de dezasseis anos, e aos menores desde que legalmente representados ou por decisão do tribunal a pedido do menor, o direito a alterar no registo civil o «género», o nome e a fotografia do requerente de acordo com a sua «vivência interna e individual do género… e que inclui a vivência pessoal do corpo».
Ou seja, o João, um pimpolho com 16 anos, que segundo a lei ainda não atingiu a maioridade, poderá levantar-se um belo dia de manhã, vestir a lingerie, a saia e a blusa da mãe e ir ao registo civil requerer a mudança para o «género» feminino e passar a chamar-se Joana. Se, mais tarde, a sua «vivência interna e individual do género… e que inclui a vivência pessoal do corpo» mudar, vestirá as cuecas, as calças e a camisa do pai e voltará ao registo civil para mudar para o «género» masculino e chamar-se de novo João.
É claro que, sem esta lei, nada impediria o João, ou a Joana, de atingindo a maioridade alterar o seu registo civil sem necessidade de representação e, por isso, faria muito mais sentido antecipar a maioridade para os 16 anos já que, se uma criatura tem maturidade para decidir mudar de «género», terá maturidade para assumir plenamente os seus direitos e responsabilidades – ter não tem, mas isso é outra questão. Por isso, este projecto de lei é apenas mais uma bandeira pour épater le bourgeois ou, dito de outra maneira, só não é um insulto à inteligência porque os parolos que se deixam fascinar por estas iniciativas devem pouco à inteligência.
Ou seja, o João, um pimpolho com 16 anos, que segundo a lei ainda não atingiu a maioridade, poderá levantar-se um belo dia de manhã, vestir a lingerie, a saia e a blusa da mãe e ir ao registo civil requerer a mudança para o «género» feminino e passar a chamar-se Joana. Se, mais tarde, a sua «vivência interna e individual do género… e que inclui a vivência pessoal do corpo» mudar, vestirá as cuecas, as calças e a camisa do pai e voltará ao registo civil para mudar para o «género» masculino e chamar-se de novo João.
O João à saída do registo civil com o novo «género» |
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (7)
Outras preces.
«Desiludam-se aqueles que pensam que o Presidente da República vai dar um passo sequer para provocar instabilidade neste ciclo que vai até às autárquicas. Depois das autárquicas, veremos o que é que se passa. Mas o ideal para Portugal, neste momento, é que o Governo dure e tenha sucesso.
Comentou, displicentemente, o comentador Marcelo Rebelo de Sousa, interpretando o pensamento do presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, comentário que a comentadoria do regime interpretou, por sua vez, como significando que comentador Marcelo Rebelo de Sousa prevê que o presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa colocou como prazo de validade da geringonça Outubro de 2017.
Bem escreveu com estranheza El País quando o professor Marcelo ainda só era o comentador Marcelo: «algo tiene el profesor que no tienen los demás». Estoy de acuerdo, pero hay serias dudas de que es algo que necesitamos, digo eu.
«Desiludam-se aqueles que pensam que o Presidente da República vai dar um passo sequer para provocar instabilidade neste ciclo que vai até às autárquicas. Depois das autárquicas, veremos o que é que se passa. Mas o ideal para Portugal, neste momento, é que o Governo dure e tenha sucesso.
Comentou, displicentemente, o comentador Marcelo Rebelo de Sousa, interpretando o pensamento do presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, comentário que a comentadoria do regime interpretou, por sua vez, como significando que comentador Marcelo Rebelo de Sousa prevê que o presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa colocou como prazo de validade da geringonça Outubro de 2017.
Bem escreveu com estranheza El País quando o professor Marcelo ainda só era o comentador Marcelo: «algo tiene el profesor que no tienen los demás». Estoy de acuerdo, pero hay serias dudas de que es algo que necesitamos, digo eu.
27/05/2016
ACREDITE SE QUISER: Todos os países têm dívida?
Ficará nos anais a boutade de Sócrates na sua conferência em Sciences Po sobre a dívida pública que não é para se pagar, como ele disse que tinha aprendido na Mouse School of Economics. O certo é que quase todos os países têm dívida pública e quase todos a vão pagando.
E dívida externa todos terão? Quase todos, excepto dois: Liechtenstein e Macau têm zero dívida externa e, acredite-se ou não, têm um superávite nas contas públicas. Apesar das enormes diferenças, têm uma coisa em comum: em nenhum deles os partidos socialistas estão no poder.
E dívida externa todos terão? Quase todos, excepto dois: Liechtenstein e Macau têm zero dívida externa e, acredite-se ou não, têm um superávite nas contas públicas. Apesar das enormes diferenças, têm uma coisa em comum: em nenhum deles os partidos socialistas estão no poder.
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bons exemplos,
Desfazendo ideias feitas,
o saber ocupa lugar
Chávez & Chávez, Sucessores (45) – Ponto de situação: no hay comida
Outras obras do chávismo.
«Estado de excepção e de emergência económica» em todo o país durante 60 dias, decretado por Maduro no dia 16. Rejeitado pelo parlamento no dia seguinte, continua porque para Maduro o parlamento só vale se tiver maioria do Partido Socialista Unido da Venezuela (na composição actual tem 55 deputados contra 112 do MUD) e há sempre o Supremo Tribunal composto por apparatchiks do chávismo. Maduro nem se dá ao trabalho de disfarçar e anuncia: «a Assembleia Nacional (AN) da Venezuela perdeu vigor político. É questão de tempo para que desapareça».
Manifestações, Caracas fortificada e repressão violenta deixam o país «entre o caos e a ditadura».
Às prateleiras vazias junta-se o colapso do sistema de saúde, crianças morrem sem medicamentos. «Estudantes que ficam vários dias sem aulas (práticas, porque não há materiais; teóricas, porque os professores não são pagos a tempo e horas e decidem faltar), os estabelecimentos públicos que, para poupar energia, só abrem dois dias por semana (deixando empregados sem ordenado e pessoas sem serviços), a falta de água e os cortes de luz de 4h por dia na maioria das casas de quem lá vive.» (Expresso)
Como chegou a Venezuela a este ponto? Segundo o eurodeputado comunista João Pimenta declarou no Parlamento Europeu a explicação é simples: «As forças mais reaccionárias e facínoras (...) o imperialismo Norte-Americano, o estigma neocolonialista europeu e as oligarquias monopolistas, não perdoam o povo venezuelano que há 18 anos afirma a vontade de romper com um passado de exploração, empobrecimento e políticas neoliberais.» De onde, se quereis saber como seria o Portugal governado pelo PCP, olhai para a Venezuela.
«Estado de excepção e de emergência económica» em todo o país durante 60 dias, decretado por Maduro no dia 16. Rejeitado pelo parlamento no dia seguinte, continua porque para Maduro o parlamento só vale se tiver maioria do Partido Socialista Unido da Venezuela (na composição actual tem 55 deputados contra 112 do MUD) e há sempre o Supremo Tribunal composto por apparatchiks do chávismo. Maduro nem se dá ao trabalho de disfarçar e anuncia: «a Assembleia Nacional (AN) da Venezuela perdeu vigor político. É questão de tempo para que desapareça».
Manifestações, Caracas fortificada e repressão violenta deixam o país «entre o caos e a ditadura».
Às prateleiras vazias junta-se o colapso do sistema de saúde, crianças morrem sem medicamentos. «Estudantes que ficam vários dias sem aulas (práticas, porque não há materiais; teóricas, porque os professores não são pagos a tempo e horas e decidem faltar), os estabelecimentos públicos que, para poupar energia, só abrem dois dias por semana (deixando empregados sem ordenado e pessoas sem serviços), a falta de água e os cortes de luz de 4h por dia na maioria das casas de quem lá vive.» (Expresso)
Economist |
26/05/2016
E se Donald Trump que já é quase inevitavelmente o candidato republicano vier a ser o próximo presidente dos EU?
Continuação disto e daquilo.
Se for assim, isso significa:
Se for assim, isso significa:
- Há sempre soluções em democracia;
- Depois da democracia vem a demagogia e depois da demagogia vem a tirania;
- O povo nunca se engana;
- A escolha de um presidente é demasiado importante para ficar nas mãos dos eleitores;
- Temos de respeitar as escolhas democráticas;
- Idem, mas só quando os eleitores fazem as escolhas certas;
- Não significa nada. É só estatística;
- Não é nada disso;
- Não sei;
- Não respondo.
ACREDITE SE QUISER: O newspeak das etnias
«Barak Obama deu força de lei a uma alteração que obriga a apagar as referências a "Orientais" nas leis federais dos EUA. A terminologia aceite passa a ser "Ásio-Americanos". O termo "Negro" será também substituído pior "Afro-Americano" em duas partes do Código dos EUA escritas em 1976 e nas quais se usava uma linguagem considerada inadequada para se referir a grupos minoritários.» (Expresso)
E é assim que um chinês de Guangzong que emigre para os EU passará a ser um ásio-americano, tal como uma natural de Myanmar. Percebo. Afinal o autor da lei nasceu em Honolulu, filho de um queniano e de uma americana, só conheceu África na meia-idade e também se diz afro-americano.
E é assim que um chinês de Guangzong que emigre para os EU passará a ser um ásio-americano, tal como uma natural de Myanmar. Percebo. Afinal o autor da lei nasceu em Honolulu, filho de um queniano e de uma americana, só conheceu África na meia-idade e também se diz afro-americano.
25/05/2016
Pro memoria (309) - E se o próximo James Bond for um negro ou uma mulher ou…
Há uns meses escrevi aqui o parágrafo seguinte, involuntariamente premonitório:
(*) Não sei o que seja intersexual. Suspeito que se trate de uma espécie dificilmente visível já que a câmara de Lisboa tem um programa com uma medida para «combater a invisibilidade social das pessoas Trans e Intersexo».
Um dia chegará em que veremos um filme de James Bond dirigido por uma lésbica muçulmana, protagonizado por um James transexual do Soweto, um gay asiático como Bond girl e uma gueisha bissexual como Dr. No. E, para equilibrar as coisas, teremos na ópera um baixo maori a interpretar a Cio-cio-san da Madama Butterfly e um índio navajo no papel de Mr Pinkerton.Esse dia está mais perto. Especula-se que a Eon, a produtora há 54 anos de todos os Bond, está a considerar seriamente que o próximo seja uma mulher (fala-se de Gillian Anderson dos Ficheiros Secretos) ou um negro (fala-se de Idris Elba da série Luther). Há mesmo quem especule que poderá ser um gay. E porque não uma lésbica, ou bissexual, ou transexual ou intersexual (*)?
(*) Não sei o que seja intersexual. Suspeito que se trate de uma espécie dificilmente visível já que a câmara de Lisboa tem um programa com uma medida para «combater a invisibilidade social das pessoas Trans e Intersexo».
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delírios pontuais,
ser singular é cada vez mais plural
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Coisas que outros escreveram sobre Costa, as quais, por isso, já não precisam de ser escritas (30)
Outras coisas que outros escreveram.
«O voluntarismo português, que António Costa ilustrou com a sua vaca volitante, não é nunca uma tentativa de superação – é uma fezada, um desejo de milagre. Em todo o lado existem discursos motivacionais, mas o seu objectivo costuma ser o de convocar o povo para os sacrifícios que se avizinham, à maneira de Churchill: “Só tenho para oferecer sangue, suor e lágrimas.” Aquilo que sempre apreciei no discurso de Passos Coelho, Vítor Gaspar ou Maria Luís Albuquerque foi a ausência de paninhos quentes e a admissão de que era necessário fazer sacrifícios para que o país voltasse a ser credível cá dentro e lá fora.
Como se vê, esse discurso acabou, acusado de “colaboracionismo”. E entre as mais graves reposições de António Costa está precisamente essa mentalidade messiânica e parola, sempre em busca de um golpe de sorte que resolva a nossa vida por nós – olhem, até as vacas voam! Não, pá, não voam. E não precisamos que voem. O que precisamos, como dizia Natália Correia, é de espetar os cornos no destino. É duro, dá trabalho, mas mil vezes isso do que gastar a vida à procura de vaporosas manadas no céu socialista, com o país preso por um fio de coco.»
Excerto de «Não, António, as vacas não voam», João Miguel Tavares no Público
Infelizmente, é precisamente essa mentalidade messiânica e parola, sempre em busca de um golpe de sorte que resolva a nossa vida por nós que, sendo abundante no Portugal dos Pequeninos, proporciona a Costa a freguesia que garante a sua sobrevivência por um tempo talvez suficiente para nos re-colocar na bancarrota e, provavelmente, lhe poderá proporcionar a aceitação por parte dos parolos de um alibi equivalente à lengalenga da conspiração das agências de rating com o neoliberalismo e os alemães que serviu tão bem aos socialistas da última vez para lavarem as suas responsabilidades. Não menosprezemos as virtualidades da chico-espertice.
«O voluntarismo português, que António Costa ilustrou com a sua vaca volitante, não é nunca uma tentativa de superação – é uma fezada, um desejo de milagre. Em todo o lado existem discursos motivacionais, mas o seu objectivo costuma ser o de convocar o povo para os sacrifícios que se avizinham, à maneira de Churchill: “Só tenho para oferecer sangue, suor e lágrimas.” Aquilo que sempre apreciei no discurso de Passos Coelho, Vítor Gaspar ou Maria Luís Albuquerque foi a ausência de paninhos quentes e a admissão de que era necessário fazer sacrifícios para que o país voltasse a ser credível cá dentro e lá fora.
Como se vê, esse discurso acabou, acusado de “colaboracionismo”. E entre as mais graves reposições de António Costa está precisamente essa mentalidade messiânica e parola, sempre em busca de um golpe de sorte que resolva a nossa vida por nós – olhem, até as vacas voam! Não, pá, não voam. E não precisamos que voem. O que precisamos, como dizia Natália Correia, é de espetar os cornos no destino. É duro, dá trabalho, mas mil vezes isso do que gastar a vida à procura de vaporosas manadas no céu socialista, com o país preso por um fio de coco.»
Excerto de «Não, António, as vacas não voam», João Miguel Tavares no Público
Infelizmente, é precisamente essa mentalidade messiânica e parola, sempre em busca de um golpe de sorte que resolva a nossa vida por nós que, sendo abundante no Portugal dos Pequeninos, proporciona a Costa a freguesia que garante a sua sobrevivência por um tempo talvez suficiente para nos re-colocar na bancarrota e, provavelmente, lhe poderá proporcionar a aceitação por parte dos parolos de um alibi equivalente à lengalenga da conspiração das agências de rating com o neoliberalismo e os alemães que serviu tão bem aos socialistas da última vez para lavarem as suas responsabilidades. Não menosprezemos as virtualidades da chico-espertice.
24/05/2016
CASE STUDY: Um imenso Portugal (31)
[Outros imensos Portugais]
Uma autópsia da queda do petismo, pela Economist:
«Por trás da impugnação de Rousseff encontra-se um duplo fracasso político. O PT em tempos reivindicou o monopólio da ética política; na mente do público é agora identificado com o esquema para saquear a Petrobras, a companhia estatal de petróleo, de mais de US $ 2,4 mil milhões para encher seus próprios cofres de campanha e os bolsos dos aliados. E Rousseff, a quem Lula vendeu ao país como uma gestora de alto nível, provou ser uma dirigente incompetente da economia.
Então, o que deu errado para o maior partido de esquerda da América Latina? A resposta começa com a ambiguidade ideológica do PT. Formada em 1980 por sindicalistas dissidentes (como Lula), padres radicais, movimentos sociais de base e intelectuais marxistas, o PT reivindicou ser um novo tipo de partido, da democracia radical e os desapossados.
Em vez de evoluir no sentido do estilo da social-democracia europeia, permaneceu preso na política da guerra fria. De acordo com José de Souza Martins, sociólogo da Universidade de São Paulo (e um homem de esquerda), a PT adoptou "uma pedagogia política maniqueísta fatal que, ideologicamente, dividiu o Brasil em dois grandes países antagónicos e irreconciliáveis". Ele representava "o povo" e "os pobres"; aqueles que se opunham foram definidos como os "ricos", ainda que Lula tenha abraçado o estado corporativo do Brasil de interesses estabelecidos e dos campeões nacionais de negócios (contra o qual ele se tinha revoltado). Em vez de construir um consenso para as reformas progressistas da despesa pública e do sistema político, Lula aliou-se com partidos conservadores rentistas e, por fim, aos barões clientelistas do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). A obsessão do PT permanecer no poder indefinidamente levou ao esquema de corrupção da Petrobras.
Esta política de polarização funcionou enquanto a economia cresceu, quando havia dinheiro suficiente para despejar banho subsídios sobre o Brasil empresarial, bem como sobre os programas sociais. Essa política virou-se contra o PT quando as coisas começaram a correr mal com Rousseff. Quando milhões foram às ruas em 2013 para exigir melhores serviços públicos e políticas mais limpas, o partido e o governo foram incapazes de responder.
Agora, o PT está em dificuldades. As suas iniciativas sociais já não dispõem de fundos do Estado, nem os seus militantes de empregos confortáveis. A sua imagem de marca foi profundamente afectada e pode ser esmagado nas eleições municipais em Outubro: 130 de seus prefeitos já abandonaram o partido.»
Nota final:
Devo fazer uma correcção ao que escrevi no post anterior desta série. O Brasil com Temer pode ficar pior, como se viu com o episódio da escuta do ministro do Planeamento Romero Jucá. O que vem dar razão à outra parte do que escrevi sobre a «saída limpa» que deveria passar pela dissolução do senado e câmara de deputados, convocação de eleições e revisão da constituição.
Uma autópsia da queda do petismo, pela Economist:
«Por trás da impugnação de Rousseff encontra-se um duplo fracasso político. O PT em tempos reivindicou o monopólio da ética política; na mente do público é agora identificado com o esquema para saquear a Petrobras, a companhia estatal de petróleo, de mais de US $ 2,4 mil milhões para encher seus próprios cofres de campanha e os bolsos dos aliados. E Rousseff, a quem Lula vendeu ao país como uma gestora de alto nível, provou ser uma dirigente incompetente da economia.
Então, o que deu errado para o maior partido de esquerda da América Latina? A resposta começa com a ambiguidade ideológica do PT. Formada em 1980 por sindicalistas dissidentes (como Lula), padres radicais, movimentos sociais de base e intelectuais marxistas, o PT reivindicou ser um novo tipo de partido, da democracia radical e os desapossados.
Em vez de evoluir no sentido do estilo da social-democracia europeia, permaneceu preso na política da guerra fria. De acordo com José de Souza Martins, sociólogo da Universidade de São Paulo (e um homem de esquerda), a PT adoptou "uma pedagogia política maniqueísta fatal que, ideologicamente, dividiu o Brasil em dois grandes países antagónicos e irreconciliáveis". Ele representava "o povo" e "os pobres"; aqueles que se opunham foram definidos como os "ricos", ainda que Lula tenha abraçado o estado corporativo do Brasil de interesses estabelecidos e dos campeões nacionais de negócios (contra o qual ele se tinha revoltado). Em vez de construir um consenso para as reformas progressistas da despesa pública e do sistema político, Lula aliou-se com partidos conservadores rentistas e, por fim, aos barões clientelistas do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). A obsessão do PT permanecer no poder indefinidamente levou ao esquema de corrupção da Petrobras.
Esta política de polarização funcionou enquanto a economia cresceu, quando havia dinheiro suficiente para despejar banho subsídios sobre o Brasil empresarial, bem como sobre os programas sociais. Essa política virou-se contra o PT quando as coisas começaram a correr mal com Rousseff. Quando milhões foram às ruas em 2013 para exigir melhores serviços públicos e políticas mais limpas, o partido e o governo foram incapazes de responder.
Agora, o PT está em dificuldades. As suas iniciativas sociais já não dispõem de fundos do Estado, nem os seus militantes de empregos confortáveis. A sua imagem de marca foi profundamente afectada e pode ser esmagado nas eleições municipais em Outubro: 130 de seus prefeitos já abandonaram o partido.»
Nota final:
Devo fazer uma correcção ao que escrevi no post anterior desta série. O Brasil com Temer pode ficar pior, como se viu com o episódio da escuta do ministro do Planeamento Romero Jucá. O que vem dar razão à outra parte do que escrevi sobre a «saída limpa» que deveria passar pela dissolução do senado e câmara de deputados, convocação de eleições e revisão da constituição.
Estado empreendedor (100) – Controlo público, disse ele (continuação)
Em retrospectiva (actualizada com os resultados de 2015):
Note-se que o facto de em 2015 de os prejuízos se terem transformado num pequeno lucro de 12 milhões, que para a dimensão das contas da Caixa é a mesma coisa que um prejuízo de montante parecido, e uma vez que a margem financeira apenas aumentou de 65 milhões, a melhoria dos resultados deve-se ao acréscimo no exercício do montante das provisões e imparidades se ter reduzido em mais de 700 milhões, milagre de que seria prudente duvidar.
Últimos desenvolvimentos:
Há quem defenda a privatização da Caixa e há quem se indigne com a torrefacção do dinheiro dos sujeitos passivos e exija uma gestão pública de qualidade, esquecendo que governos comunistas, socialistas, sociais-democratas e «neoliberais» garantiram a qualidade de todas as administrações nomeadas nos últimos 42 anos, como o Botas e o padrinho do presidente Marcelo já tinham garantido no passado - melhor garantia, reconheça-se.
Contudo, nem uns nem outros explicam se a Caixa tivesse sido privada ou tivesse uma gestão pública por um híbrido de S. Mateus (o padroeiro dos bancos e das finanças) com um mago banqueiro como o engenheiro Jardim Gonçalves, quem teria sabotado a OPA da Sonae-France Telecom à PT, quem teria acolhido Armando Vara na administração, quem teria financiado o assalto ao BCP via Berardo e a Ongoing (isto é os Espírito Santo), quem teria enterrado 5 mil milhões nas sucursais de Espanha e França, quem deteria 7,5 mil milhões de dívida pública, quem aceitaria amortizar empréstimos com acções valorizadas 25% acima do valor de mercado (Cimpor para Manuel Fino), quem emprestaria dinheiro a José Sócrates para ir estudar para Paris, quem teria financiado projectos inviáveis do complexo político-empresarial socialista, entre muitas outras operações (algumas delas relatadas por estes vossos correspondentes durante mais de uma década - é só fazer uma pesquisa por «Caixa»). E, já agora, quem poderia ter emprestado mais uns milhares de milhões ao GES se não fosse o «neoliberal» Passos Coelho não ter aceite o pedido de Ricardo Salgado para «facilitar» um empréstimo da Caixa poucos meses antes da bancarrota?
E para os que defendem a privatização da Caixa não se ficarem a rir, se a Caixa tivesse sido privada quem garantiria que não lhe aconteceria o mesmo do BPN, do BPP, do BES ou do Banif?
Vá lá! Expliquem-me!
«Marcelo apoia Governo na tarefa de defender Caixa como “instituição de controlo público"»
Prejuízos acumulados entre 2008 e 2015: -2,5 mil milhões de euros |
Últimos desenvolvimentos:
«Caixa. Governo aceita injeção pública de quatro mil milhões de euros»
Há quem defenda a privatização da Caixa e há quem se indigne com a torrefacção do dinheiro dos sujeitos passivos e exija uma gestão pública de qualidade, esquecendo que governos comunistas, socialistas, sociais-democratas e «neoliberais» garantiram a qualidade de todas as administrações nomeadas nos últimos 42 anos, como o Botas e o padrinho do presidente Marcelo já tinham garantido no passado - melhor garantia, reconheça-se.
Contudo, nem uns nem outros explicam se a Caixa tivesse sido privada ou tivesse uma gestão pública por um híbrido de S. Mateus (o padroeiro dos bancos e das finanças) com um mago banqueiro como o engenheiro Jardim Gonçalves, quem teria sabotado a OPA da Sonae-France Telecom à PT, quem teria acolhido Armando Vara na administração, quem teria financiado o assalto ao BCP via Berardo e a Ongoing (isto é os Espírito Santo), quem teria enterrado 5 mil milhões nas sucursais de Espanha e França, quem deteria 7,5 mil milhões de dívida pública, quem aceitaria amortizar empréstimos com acções valorizadas 25% acima do valor de mercado (Cimpor para Manuel Fino), quem emprestaria dinheiro a José Sócrates para ir estudar para Paris, quem teria financiado projectos inviáveis do complexo político-empresarial socialista, entre muitas outras operações (algumas delas relatadas por estes vossos correspondentes durante mais de uma década - é só fazer uma pesquisa por «Caixa»). E, já agora, quem poderia ter emprestado mais uns milhares de milhões ao GES se não fosse o «neoliberal» Passos Coelho não ter aceite o pedido de Ricardo Salgado para «facilitar» um empréstimo da Caixa poucos meses antes da bancarrota?
E para os que defendem a privatização da Caixa não se ficarem a rir, se a Caixa tivesse sido privada quem garantiria que não lhe aconteceria o mesmo do BPN, do BPP, do BES ou do Banif?
Vá lá! Expliquem-me!
23/05/2016
Os espanhóis e os angolanos sabem muito bem como funciona a geringonça e o Portugal dos Pequeninos
Em retrospectiva:
«António Vitorino e Campos e Cunha vão para a administração do Santander Totta»
Um ex-ministro de Guterres, ex-eurodeputado, ex-futuro candidato a qualquer coisa, actual advogado de negócios e sócio da Cuatrecasas e membro dos órgãos sociais de mais de uma dezena de empresas e um ex-ministro das Finanças de José Sócrates que saltou do comboio em andamento vão ser uma espécie de seguro All Risks do Santander.
Lá se vai arriar a bandeira da espanholização da banca.
«Banco de Portugal chumbou administradores do BIC»
Novos desenvolvimentos:
«BdP arrasa gestão do BIC»
Os administradores do banco de Isabel dos Santos foram julgados não idóneos e o controlo de risco do BIC foi considerado inadequado.
«Teixeira dos Santos confirmado na presidência do BIC Portugal»
Teixeira dos Santos vai ser uma espécie de seguro All Risks do BIC.
Lá se vai arriar a bandeira da banca nas mãos da cleptocracia da família Santos.
«António Vitorino e Campos e Cunha vão para a administração do Santander Totta»
Um ex-ministro de Guterres, ex-eurodeputado, ex-futuro candidato a qualquer coisa, actual advogado de negócios e sócio da Cuatrecasas e membro dos órgãos sociais de mais de uma dezena de empresas e um ex-ministro das Finanças de José Sócrates que saltou do comboio em andamento vão ser uma espécie de seguro All Risks do Santander.
Lá se vai arriar a bandeira da espanholização da banca.
«Banco de Portugal chumbou administradores do BIC»
Novos desenvolvimentos:
«BdP arrasa gestão do BIC»
Os administradores do banco de Isabel dos Santos foram julgados não idóneos e o controlo de risco do BIC foi considerado inadequado.
«Teixeira dos Santos confirmado na presidência do BIC Portugal»
Teixeira dos Santos vai ser uma espécie de seguro All Risks do BIC.
Lá se vai arriar a bandeira da banca nas mãos da cleptocracia da família Santos.
ESTADO DE SÍTIO: Doutrina Somoza, a doutrina dominante neste nosso Portugal dos Pequeninos (3)
«Um ministro é acusado de fraude em redor de uma bolsa de estudo? Caso fosse de "direita", seria um trafulha sem princípios, alvo da fúria do Facebook e de rábulas de comediantes - demissão já! Como é de esquerda, foi obviamente vítima de uma conspiração sórdida e de péssimo jornalismo. Um autarca decide escorraçar munícipes e espatifar milhões de euros na construção de um templo religioso? Caso fosse de "direita", seria um inaceitável aviltamento do regime laico, uma prepotência atroz e uma despesa criminosa - demissão já! Como é de esquerda (e a religião é o islão), trata-se de um enorme passo ecuménico e um gesto de inegável coragem. Uma nulidade reformada põe um cidadão em tribunal e consegue uma condenação por delito de opinião? Caso fosse de "direita", seria um inimigo da liberdade de expressão e um rematado fascista - demissão já (ainda que o estatuto de reformado dificultasse a tarefa)! Como é de esquerda, é o proverbial filho da boa gente, que se sente tomado por justíssima indignação. Um primeiro-ministro ri-se imenso enquanto arrasta o país para o abismo e, mediante contas alucinadas, despesas típicas e fezadas primitivas, finge salvá-lo. Caso fosse de "direita", seria um cínico desavergonhado, um incompetente ao serviço de interesses obscuros, uma nódoa enfim - demissão já! Como é de esquerda, é exactamente o que se espera que a esquerda seja.»
E se fosse connosco, Alberto Gonçalves no DN
Doutrina Somoza definida aqui.
E se fosse connosco, Alberto Gonçalves no DN
Doutrina Somoza definida aqui.
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (32)
Outras avarias da geringonça.
O programa de governo tinha como objectivo a redução de 10 mil utentes da vaca marsupial pública. No 1.º trimestre, no mundo real, a geringonça engordou a vaca com mais 3.731 utentes - o maior aumento nos últimos quatro anos. Reconheça-se que o governo anterior, fazendo jus ao seu cognome de «neoliberal» já tinha aproveitado a saída da troika para aumentar no ano passado 1.707 utentes. Para cumprir o seu programa o governo teria até ao fim do ano de alijar 13.731 utentes.
Segundo o Público, «mais de 80% do acréscimo de trabalhadores referem-se a contratos a termo de médicos, enfermeiros e professores». Não tendo aumentado o número de utentes do SNS e tendo diminuído o número de alunos este órgão oficioso não explica os porquês. Também não seria preciso porque todos sabemos: é o primeiro resultado das políticas socialistas de criação de emprego.
O programa de governo tinha como objectivo a redução de 10 mil utentes da vaca marsupial pública. No 1.º trimestre, no mundo real, a geringonça engordou a vaca com mais 3.731 utentes - o maior aumento nos últimos quatro anos. Reconheça-se que o governo anterior, fazendo jus ao seu cognome de «neoliberal» já tinha aproveitado a saída da troika para aumentar no ano passado 1.707 utentes. Para cumprir o seu programa o governo teria até ao fim do ano de alijar 13.731 utentes.
Segundo o Público, «mais de 80% do acréscimo de trabalhadores referem-se a contratos a termo de médicos, enfermeiros e professores». Não tendo aumentado o número de utentes do SNS e tendo diminuído o número de alunos este órgão oficioso não explica os porquês. Também não seria preciso porque todos sabemos: é o primeiro resultado das políticas socialistas de criação de emprego.
22/05/2016
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Coisas que outros escreveram sobre Costa, as quais, por isso, já não precisam de ser escritas (29)
Outras coisas que outros escreveram.
Por alguma razão do domínio do oculto, Miguel Sousa Tavares, nunca tendo escondido a sua simpatia por José Sócrates, cultiva por António Costa uma antipatia visível. Reconheça-se, porém, que se a sua simpatia pelo primeiro mostrava uma desconcertante miopia, a sua antipatia pelo segundo evidencia uma louvável lucidez, Eis o que escreveu na sua última crónica no Expresso:
«Costa já mostrou que é um notável malabarista, capaz de dançar sobre um fio de arame e um fosso de leões. Caminha por pequeno~ passos, para a frente e para trás, sem preocupações em chegar ao fim são e salvo mas apenas em ir-se mantendo em cima do arame, um dia atrás do outro. António Costa é um extraordinário tacticista, um notável negociador, um temível jogador de xadrez. Mas jamais será um estadista: tem demasiada política dentro de si, demasiada conjuntura, demasiada habilidade para tal. A impensável coligação de poder que ele inventou a partir de uma derrota eleitoral é alimentada dia a dia por pequenas mentiras, pequenas recompensas, pequenos avanços e recuos que a vão mantendo a flutuar, com a ilusão, em que só os distraídos poderão acreditar, de que se está a governar. Porém, tal como Penélope e para manter os seus vassalos em eterna expectativa, ele, de facto, não governa, finge governar: desfaz de noite o que fez de dia, promete em Bruxelas o que garante não ir fazer em Lisboa. Com isso, ganha tempo, na espera do regresso do seu Ulisses. No horizonte, ele perscruta ansiosamente sinais de uma retoma económica vinda de fora que possa milagrosamente vir salvar o que resta das suas promessas eleitorais.»
Por alguma razão do domínio do oculto, Miguel Sousa Tavares, nunca tendo escondido a sua simpatia por José Sócrates, cultiva por António Costa uma antipatia visível. Reconheça-se, porém, que se a sua simpatia pelo primeiro mostrava uma desconcertante miopia, a sua antipatia pelo segundo evidencia uma louvável lucidez, Eis o que escreveu na sua última crónica no Expresso:
«Costa já mostrou que é um notável malabarista, capaz de dançar sobre um fio de arame e um fosso de leões. Caminha por pequeno~ passos, para a frente e para trás, sem preocupações em chegar ao fim são e salvo mas apenas em ir-se mantendo em cima do arame, um dia atrás do outro. António Costa é um extraordinário tacticista, um notável negociador, um temível jogador de xadrez. Mas jamais será um estadista: tem demasiada política dentro de si, demasiada conjuntura, demasiada habilidade para tal. A impensável coligação de poder que ele inventou a partir de uma derrota eleitoral é alimentada dia a dia por pequenas mentiras, pequenas recompensas, pequenos avanços e recuos que a vão mantendo a flutuar, com a ilusão, em que só os distraídos poderão acreditar, de que se está a governar. Porém, tal como Penélope e para manter os seus vassalos em eterna expectativa, ele, de facto, não governa, finge governar: desfaz de noite o que fez de dia, promete em Bruxelas o que garante não ir fazer em Lisboa. Com isso, ganha tempo, na espera do regresso do seu Ulisses. No horizonte, ele perscruta ansiosamente sinais de uma retoma económica vinda de fora que possa milagrosamente vir salvar o que resta das suas promessas eleitorais.»
Mitos (230) – A redução do horário para 35 horas diminui o desemprego
A primeira experiência socialista de redução do horário de trabalho para 35 horas com o propósito de reduzir o desemprego foi da iniciativa de Martine Aubry, filha de Jacques Delors, ministra do Emprego e da Solidariedade entre 1997 a 2000 no governo Lionel Jospin. Sobre os seus efeitos há estimativas que vão desde a destruição de empregos até à criação de um máximo (segundo a própria Aubry, já se vê) de 400 mil postos de trabalho equivalentes a 1,6% da população activa .
Onde há quase unanimidade é na perda de competitividade das empresas. O Insee (Institut national de la statistique et des études économiques) concluiu que a competitividade medida pela produtividade global das empresas que adoptaram as 35 horas diminuiu 3,7% em relação às empresas que continuaram com 39 horas, apesar dos subsídios do governo francês e o congelamento dos salários nominais em muitos casos.
A associação patronal francesa Medef escreveu sobre essa medida: «As 35 horas são em grande parte a origem do handicap de competitividade do nosso país. O impacto em termos de custos directos e indirectos, de desorganizações, rigidez, e reputação foi considerável e explica a queda da economia francesa»
Onde há quase unanimidade é na perda de competitividade das empresas. O Insee (Institut national de la statistique et des études économiques) concluiu que a competitividade medida pela produtividade global das empresas que adoptaram as 35 horas diminuiu 3,7% em relação às empresas que continuaram com 39 horas, apesar dos subsídios do governo francês e o congelamento dos salários nominais em muitos casos.
A associação patronal francesa Medef escreveu sobre essa medida: «As 35 horas são em grande parte a origem do handicap de competitividade do nosso país. O impacto em termos de custos directos e indirectos, de desorganizações, rigidez, e reputação foi considerável e explica a queda da economia francesa»
21/05/2016
Lost in translation (269) – Ele quis dizer a destruição maciça da democracia europeia tal como a conhecemos
Parece que o Guterres, o picareta falante original segundo Pulido Valente, defendeu num «regresso triunfante» à Mouse School of Economics «a legalização “maciça” da imigração para a Europa de forma a dar resposta ao problema demográfico e à crise que se vive no Mediterrâneo». (fonte)
Depois de uma década fora do país a falar estrangeiro, possivelmente Guterres foi mal compreendido. Talvez tenha pretendido dizer «destruição maciça da democracia europeia tal como a conhecemos» que seria a unintended consequence mais provável da legalização maciça da emigração. Além de picareta falante, a criatura é uma espécie de bombeiro incendiário.
Pro memoria (308) - A memória selectiva da Mouse School of Economics
Numa peça intitulada «A banca que era tão sólida...» no Expresso Diário, Nicolau Santos, o pastorinho da economia dos amanhãs que cantam favorito cá da casa, escreveu:
«Os bancos portugueses são sólidos. Os bancos portugueses passam nos testes de stress. Os bancos portugueses são os que melhor têm ultrapassado a crise. Os bancos portugueses apresentam rácios de solvabilidade acima do exigido. Quantas vezes desde 2011 ouvimos estas frases ou outras parecidas, saídas da boca de responsáveis políticos, do supervisor ou de banqueiros? Quantas vezes apontaram eles o dedo a outros sectores da economia, esses sim, a necessitar de profundas reformas, de reduzir pessoal, de vender instalações, de baixar salários, de aumentar a produtividade e a competitividade? Pois, o tsunami começou a chegar à banca em 2013 e desde aí as ondas de choque não páram - a ponto de todos devermos temer que ainda sejamos chamados a pagar para tapar mais outro brutal buraco do sector bancário nacional.»
Repare-se no «desde 2011» e no «eles» e relembre-se que há quase 8 anos, no início da crise, Teixeira dos Santos, o ministro das Finanças de Sócrates, garantiu durante vários meses que os problemas na banca se circunscreviam aos bancos americanos, mais tarde a alguns bancos europeus, mas que os bancos portugueses estavam a salvo. Em Novembro de 2008 informou que o governo iria nacionalizar o BPN, porque afinal sempre havia este banco português com a borda debaixo de água, e em vez de ter o bom senso de ficar calado garantiu no parlamento que «não há, para além do BPN, nenhuma instituição com problemas de solvabilidade».
«Os bancos portugueses são sólidos. Os bancos portugueses passam nos testes de stress. Os bancos portugueses são os que melhor têm ultrapassado a crise. Os bancos portugueses apresentam rácios de solvabilidade acima do exigido. Quantas vezes desde 2011 ouvimos estas frases ou outras parecidas, saídas da boca de responsáveis políticos, do supervisor ou de banqueiros? Quantas vezes apontaram eles o dedo a outros sectores da economia, esses sim, a necessitar de profundas reformas, de reduzir pessoal, de vender instalações, de baixar salários, de aumentar a produtividade e a competitividade? Pois, o tsunami começou a chegar à banca em 2013 e desde aí as ondas de choque não páram - a ponto de todos devermos temer que ainda sejamos chamados a pagar para tapar mais outro brutal buraco do sector bancário nacional.»
Repare-se no «desde 2011» e no «eles» e relembre-se que há quase 8 anos, no início da crise, Teixeira dos Santos, o ministro das Finanças de Sócrates, garantiu durante vários meses que os problemas na banca se circunscreviam aos bancos americanos, mais tarde a alguns bancos europeus, mas que os bancos portugueses estavam a salvo. Em Novembro de 2008 informou que o governo iria nacionalizar o BPN, porque afinal sempre havia este banco português com a borda debaixo de água, e em vez de ter o bom senso de ficar calado garantiu no parlamento que «não há, para além do BPN, nenhuma instituição com problemas de solvabilidade».
ACREDITE SE QUISER: Londres aqui tão perto
Portugal: 10,5 milhões de habitantes; 73 universidades; mais de 2000 cursos pós graduação e mestrados (Fonte: Guia do Estudante do Expresso).
Grande Londres: 9,8 milhões de habitantes; 48 universidades; mais de 4000 cursos pós graduação e mestrados (Fonte: Official London University Guide).
Grande Londres: 9,8 milhões de habitantes; 48 universidades; mais de 4000 cursos pós graduação e mestrados (Fonte: Official London University Guide).
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as aparências iludem,
Iguais mas diferentes
20/05/2016
Um dia como os outros na vida do estado sucial (27) - São todos iguais, mas há uns mais iguais do que outros
«Se um extraterrestre visse o espaço económico dentro do perímetro de Portugal, julgaria que os mais pobres dos pobres são funcionários públicos, maquinistas de metro, motoristas da Carris, professores em geral, taxistas e todo o tipo de sujeito que consegue falar mais alto que os outros. E não há como negá-lo! Dos 400 milhões de euros de custos do estado adicionais que foram decididos logo no início desta legislatura, 9 milhões foram para pensionistas com pensões inferiores ao salário mínimo, sendo os restantes 391 milhões para devolver rendimento aos funcionários públicos.
Vamos buscar os deficientes a casa para irem votar. Mandamos os bombeiros em ambulâncias buscar as pessoas a casa para que possam chegar às mesas de voto e votarem, em igualdade de circunstâncias com todos os outros cidadãos maiores de idade. Estas pessoas são completamente enganadas, porque se em vez de irem votar, fossem de cadeira de rodas atravancar o trânsito para o Marquês de Pombal, já tinham tido os seus interesses satisfeitos, como os taxistas ou os maquinistas do Metro. Se calhar a fração dos 400 milhões de euros era diferente e tinham levado um pouco mais que metade daquilo que foi dado aos taxistas. O custo do seu respeito pela ilusória legalidade democrática é sofrerem o prejuízo em ser português.»
«O prejuízo em ser português», João Pires da Cruz no Observador
Vamos buscar os deficientes a casa para irem votar. Mandamos os bombeiros em ambulâncias buscar as pessoas a casa para que possam chegar às mesas de voto e votarem, em igualdade de circunstâncias com todos os outros cidadãos maiores de idade. Estas pessoas são completamente enganadas, porque se em vez de irem votar, fossem de cadeira de rodas atravancar o trânsito para o Marquês de Pombal, já tinham tido os seus interesses satisfeitos, como os taxistas ou os maquinistas do Metro. Se calhar a fração dos 400 milhões de euros era diferente e tinham levado um pouco mais que metade daquilo que foi dado aos taxistas. O custo do seu respeito pela ilusória legalidade democrática é sofrerem o prejuízo em ser português.»
«O prejuízo em ser português», João Pires da Cruz no Observador
CASE STUDY: Um imenso Portugal (30)
[Outros imensos Portugais]
Com Dilma Rousseff suspensa, e muito provavelmente em vias de ser destituída no final do processo de impugnação, Michel Temer como presidente em exercício, um novo governo com 23 ministérios (menos 16 do que o de Dilma), dos quais 7 estão a ser investigados no Lava Jato, o que podemos concluir?
Terá sido um golpe, como alegam os petistas e a esquerdalhada em geral? Absolutamente não. O processo respeitou os procedimentos constitucionais e a câmara dos deputados decidiu democraticamente. Que a «pedalada fiscal» seja um motivo constitucional e politicamente suficiente para a impugnação, isso é outra questão, porque não parece existirem provas de outros crimes, em particular do envolvimento pessoal de Dilma no Lava Jato – não obstante só um ingénuo acreditaria que não soubesse, mas, como é costume à esquerda e à direita, desde que seja por uma «boa causa», fecham-se os olhos. Aliás, Dilma está provavelmente mais limpa do que os tais 7 ministros de Temer agora nomeados.
Do que não restam dúvidas é da dimensão do desastre político, económico e social que foi a governação do PT nos últimos 13 anos e, em particular, a governação de Dilma, e da profunda corrupção com que Lula e a clique petista governaram o Brasil. Veja-se o caso do ex-ministro José Dirceu, um darling da esquerda pelo seu passado de luta contra a ditadura militar, que foi agora condenado a 23 anos de prisão por corrupção e branqueamento de capitais no caso Lava Jato, condenação que se segue a outra no caso «Mensalão» (o processo de pagamento de luvas com que o PT comprava o voto dos deputados).
E agora? O que se pode esperar de um governo Temer? Não muito, certamente. Apesar de ter alguns ministros competentes, incluindo gente do PT (na verdade, com o sistema eleitoral brasileiro que torna quase impossível as maiorias, é preciso meter quase toda a gente no barco). E apesar de Michel Temer ser um político de qualidade muito acima da média no Brasil: é uma espécie de negativo de Dilma, sujeito calmo, cordial, conciliador e eloquente (Dilma fala num patuá obscuro que os brasileiros chamam dilmês), foi eleito quatro vezes para a câmara dos deputados, foi seu presidente, e teve uma vida fora da política, como advogado, professor universitário com obra publicada sobre direito constitucional (um dos seus livros foi um best seller) e até poesia.
Como disse o palhaço Tiririca, sobre ele próprio, o Brasil com Temer pior não fica. Contudo, a «saída limpa» para esta crise teria de ser outra: dissolução do senado e câmara de deputados, convocação de eleições e revisão da constituição.
Com Dilma Rousseff suspensa, e muito provavelmente em vias de ser destituída no final do processo de impugnação, Michel Temer como presidente em exercício, um novo governo com 23 ministérios (menos 16 do que o de Dilma), dos quais 7 estão a ser investigados no Lava Jato, o que podemos concluir?
Terá sido um golpe, como alegam os petistas e a esquerdalhada em geral? Absolutamente não. O processo respeitou os procedimentos constitucionais e a câmara dos deputados decidiu democraticamente. Que a «pedalada fiscal» seja um motivo constitucional e politicamente suficiente para a impugnação, isso é outra questão, porque não parece existirem provas de outros crimes, em particular do envolvimento pessoal de Dilma no Lava Jato – não obstante só um ingénuo acreditaria que não soubesse, mas, como é costume à esquerda e à direita, desde que seja por uma «boa causa», fecham-se os olhos. Aliás, Dilma está provavelmente mais limpa do que os tais 7 ministros de Temer agora nomeados.
Do que não restam dúvidas é da dimensão do desastre político, económico e social que foi a governação do PT nos últimos 13 anos e, em particular, a governação de Dilma, e da profunda corrupção com que Lula e a clique petista governaram o Brasil. Veja-se o caso do ex-ministro José Dirceu, um darling da esquerda pelo seu passado de luta contra a ditadura militar, que foi agora condenado a 23 anos de prisão por corrupção e branqueamento de capitais no caso Lava Jato, condenação que se segue a outra no caso «Mensalão» (o processo de pagamento de luvas com que o PT comprava o voto dos deputados).
E agora? O que se pode esperar de um governo Temer? Não muito, certamente. Apesar de ter alguns ministros competentes, incluindo gente do PT (na verdade, com o sistema eleitoral brasileiro que torna quase impossível as maiorias, é preciso meter quase toda a gente no barco). E apesar de Michel Temer ser um político de qualidade muito acima da média no Brasil: é uma espécie de negativo de Dilma, sujeito calmo, cordial, conciliador e eloquente (Dilma fala num patuá obscuro que os brasileiros chamam dilmês), foi eleito quatro vezes para a câmara dos deputados, foi seu presidente, e teve uma vida fora da política, como advogado, professor universitário com obra publicada sobre direito constitucional (um dos seus livros foi um best seller) e até poesia.
Como disse o palhaço Tiririca, sobre ele próprio, o Brasil com Temer pior não fica. Contudo, a «saída limpa» para esta crise teria de ser outra: dissolução do senado e câmara de deputados, convocação de eleições e revisão da constituição.
19/05/2016
SERVIÇO PÚBLICO: «Por que os taxistas nunca vencerão o Uber (e o que você pode tirar disso)»
«No dia 11, o prefeito Fernando Haddad regulamentou os aplicativos de transporte, como o Uber, em São Paulo. Isso desencadeou uma nova onda de protestos violentos dos taxistas, que acusam a empresa de concorrência desleal. Mas é uma luta que eles jamais vencerão, pois o Uber redefiniu o transporte de pessoas, “commoditizando” o serviço dos taxistas. E esse é um fenômeno social e econômico que pode atingir qualquer negócio ou categoria profissional.
Mas o que é essa “commoditização” de produtos e serviços? Isso acontece quando novas empresas, novas tecnologias ou novos modelos de negócios começam a oferecer a mesma coisa de maneira inovadora, acrescentando uma camada inédita de valor sobre algo que já existe. Nesse processo, o produto ou o serviço original continua lá e até pode ser essencial no novo formato, mas o público deixa de ver valor naquilo, passando a pagar apenas pela novidade.
É o que o Uber fez com os táxis. Trocando em miúdos, os passageiros passaram a querer mais que o simples transporte em quaisquer condições, oferecido pelos taxistas. Para esses consumidores, o verdadeiro valor é ter esse serviço em um carro novo, limpo e confortável, com um motorista educado, treinado e bem vestido, com serviço de bordo. É por tudo isso que cada vez mais pessoas estão dispostas a pagar. E é isso que o Uber oferece, e os taxistas não conseguem –ou não querem– entender e fazer.
É claro que o que os taxistas e o Uber vendem é transporte de passageiros. Mas o Uber tirou o valor disso, que virou apenas o básico, aquilo que o público nem vê, por mais que seja a essência do serviço: foi “commoditizado”. O valor foi transferido para a camada de serviços extra.
O que os taxistas oferecem não vale mais. É por isso que não vencerão o Uber.»
Mas o que é essa “commoditização” de produtos e serviços? Isso acontece quando novas empresas, novas tecnologias ou novos modelos de negócios começam a oferecer a mesma coisa de maneira inovadora, acrescentando uma camada inédita de valor sobre algo que já existe. Nesse processo, o produto ou o serviço original continua lá e até pode ser essencial no novo formato, mas o público deixa de ver valor naquilo, passando a pagar apenas pela novidade.
É o que o Uber fez com os táxis. Trocando em miúdos, os passageiros passaram a querer mais que o simples transporte em quaisquer condições, oferecido pelos taxistas. Para esses consumidores, o verdadeiro valor é ter esse serviço em um carro novo, limpo e confortável, com um motorista educado, treinado e bem vestido, com serviço de bordo. É por tudo isso que cada vez mais pessoas estão dispostas a pagar. E é isso que o Uber oferece, e os taxistas não conseguem –ou não querem– entender e fazer.
É claro que o que os taxistas e o Uber vendem é transporte de passageiros. Mas o Uber tirou o valor disso, que virou apenas o básico, aquilo que o público nem vê, por mais que seja a essência do serviço: foi “commoditizado”. O valor foi transferido para a camada de serviços extra.
O que os taxistas oferecem não vale mais. É por isso que não vencerão o Uber.»
Paulo Fernando Silvestre Jr. no Linkedin
ACREDITE SE QUISER: As velhas tecnologias do jornalismo de causas manipulam as notícias nos mídia das novas tecnologias
Há sérios indícios de que o Facebook manipula o algoritmo de selecção de notícias na versão americana e em alguns outros países que coloca no topo da secção «Trending» as notícias mais lidas.
As suspeitas de que notícias políticas originárias de jornais ou sites de direita ou com opiniões conservadoras estariam a ser empurradas para o fundo dessa secção e notícias ou opiniões progressistas ou politicamente correctas estariam a ser puxadas para o topo, apesar de terem sido desmentidas pelo Facebook, foram confirmadas por ex-trabalhadores.
Pior ainda, documentos internos confidenciais que chegaram ao Guardian mostram que o algoritmo é mais treta do que outra coisa e que a selecção de notícias «relies heavily on the intervention of a small editorial team to determine what makes its “trending module” headlines».
As suspeitas de que notícias políticas originárias de jornais ou sites de direita ou com opiniões conservadoras estariam a ser empurradas para o fundo dessa secção e notícias ou opiniões progressistas ou politicamente correctas estariam a ser puxadas para o topo, apesar de terem sido desmentidas pelo Facebook, foram confirmadas por ex-trabalhadores.
Pior ainda, documentos internos confidenciais que chegaram ao Guardian mostram que o algoritmo é mais treta do que outra coisa e que a selecção de notícias «relies heavily on the intervention of a small editorial team to determine what makes its “trending module” headlines».
18/05/2016
Dúvidas (157) – Afinal para que servem os «privados»?
«Porque é que o Estado precisa dos privados na Educação?» perguntava-se em título o Expresso Diário. É uma boa pergunta que poderia ser repetida para dezenas de sectores: porque é que o Estado precisa dos privados na saúde, nos transportes públicos, nas comunicações, no comércio, na indústria e, para irmos à raiz da coisa, porque é que o Estado precisa dos privados nos sectores privados?
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (6)
Outras preces.
Arriscando vencer os leitores do (Im)pertinências pelo cansaço da repetição de temas inspirados pelo presidente dos afectos, venho uma vez mais comentar duas intervenções da pletórica agenda do presidente Marcelo, ambas típicas da personalidade da criatura.
A primeira tem a ver com os paninhos quentes dos comentários às projecções económicas da geringonça completamente desacreditadas de Lisboa até Washington, passando por Frankfurt e Bruxelas. Ainda percebo que Marcelo esteja prisioneiro da sua própria estratégia e tenha de levar ao colo a geringonça. Perceberia por isso que guardasse de Conrado o prudente silêncio em alternativa a alarmar o povo dizendo que a geringonça está a aldrabar os sujeitos passivos. O que não lembra a um careca é fazer apelos ao povo para não se alarmar.
A segunda é o «amplíssimo consenso» que Marcelo diz haver em Portugal e o «acto de justiça histórica» que para ele é rebaptizar o aeroporto de Lisboa com o nome de Humberto Delgado, rebaptismo que considera (e agora esforço-me para não agoniar) «simbólico que seja um Governo de esquerda, porventura o mais à esquerda nos seus apoios dos últimos longos anos, a decidir, e um Presidente de centro-direita a dar a chancela a uma homenagem que assim retrata em consenso nacional uma vida e uma obra».
Desfazendo o «amplíssimo consenso», recordo brevemente alguns episódios da vida e da obra do «General Sem Medo», apagados à boa maneira estalinista da fotografia, mas que Marcelo tem obrigação de conhecer. Lembro que Delgado participou em 1926 no golpe de 28 de Maio e escreveu em 1941 artigos na revista «Ar» de grande simpatia pelo nazismo e em particular por Hitler. Citando-o:
Lembro também que em 1944 Delgado continuava a ser um homem de confiança do regime tendo sido nomeado Director do Secretariado da Aeronáutica Civil. Em 1951 e 1952 foi procurador à Câmara Corporativa e em 1952 foi nomeado adido militar na embaixada em Washington onde viveu durante cinco anos. É nesse período que a lenda situa a sua conversão à liberdade, a caminho dos 50 anos e após 3 décadas de situacionista emérito - existe ampla evidência que a conversão se ficou a dever mais a vaidades e ambições insatisfeitas do que a convicções.
É claro que pelo meio, em 1945 e 1946, Delgado criou a TAP e lá deixou nucleótidos não fascistas que trazia escondidos no seu ADN. Nucleótidos que quando em 1958 Delgado se candidatou a PR passaram despercebidos até ao atento PCP que começou por apoiar o anticomunista Cunha Leal, uma relíquia da I República, para finalmente apoiar o compagnon de route Arlindo Vicente e praticamente só depois do assassinato de Delgado, numa manobra típica do tacticismo de Cunhal, o recuperou para o património antifascista.
Voltando ao presidente dos afectos, cito Henrique Raposo que, a propósito das fintas sobre as barrigas de aluguer, me tirou as palavras da boca e escreveu no Expresso Diário de ontem: «Marcelo é uma das barrigas de aluguer da política portuguesa, ele acredita no que tiver de acreditar num dado momento tático para depois esquecer facilmente esses credos, crenças ou causas. Marcelo só tem uma causa: o próprio Marcelo».
Arriscando vencer os leitores do (Im)pertinências pelo cansaço da repetição de temas inspirados pelo presidente dos afectos, venho uma vez mais comentar duas intervenções da pletórica agenda do presidente Marcelo, ambas típicas da personalidade da criatura.
A primeira tem a ver com os paninhos quentes dos comentários às projecções económicas da geringonça completamente desacreditadas de Lisboa até Washington, passando por Frankfurt e Bruxelas. Ainda percebo que Marcelo esteja prisioneiro da sua própria estratégia e tenha de levar ao colo a geringonça. Perceberia por isso que guardasse de Conrado o prudente silêncio em alternativa a alarmar o povo dizendo que a geringonça está a aldrabar os sujeitos passivos. O que não lembra a um careca é fazer apelos ao povo para não se alarmar.
A segunda é o «amplíssimo consenso» que Marcelo diz haver em Portugal e o «acto de justiça histórica» que para ele é rebaptizar o aeroporto de Lisboa com o nome de Humberto Delgado, rebaptismo que considera (e agora esforço-me para não agoniar) «simbólico que seja um Governo de esquerda, porventura o mais à esquerda nos seus apoios dos últimos longos anos, a decidir, e um Presidente de centro-direita a dar a chancela a uma homenagem que assim retrata em consenso nacional uma vida e uma obra».
Desfazendo o «amplíssimo consenso», recordo brevemente alguns episódios da vida e da obra do «General Sem Medo», apagados à boa maneira estalinista da fotografia, mas que Marcelo tem obrigação de conhecer. Lembro que Delgado participou em 1926 no golpe de 28 de Maio e escreveu em 1941 artigos na revista «Ar» de grande simpatia pelo nazismo e em particular por Hitler. Citando-o:
«O ex-cabo, ex-pintor, o homem que não nasceu em leito de renda amolecedor, passará à História como uma revelação genial das possibilidades humanas no campo político, diplomático, social, civil e militar, quando à vontade de um ideal se junta a audácia, a valentia, a virilidade numa palavra.»
«O capitão Humberto Delgado participou na manifestação dos falangistas espanhóis em Lisboa» (Fonte) |
É claro que pelo meio, em 1945 e 1946, Delgado criou a TAP e lá deixou nucleótidos não fascistas que trazia escondidos no seu ADN. Nucleótidos que quando em 1958 Delgado se candidatou a PR passaram despercebidos até ao atento PCP que começou por apoiar o anticomunista Cunha Leal, uma relíquia da I República, para finalmente apoiar o compagnon de route Arlindo Vicente e praticamente só depois do assassinato de Delgado, numa manobra típica do tacticismo de Cunhal, o recuperou para o património antifascista.
Voltando ao presidente dos afectos, cito Henrique Raposo que, a propósito das fintas sobre as barrigas de aluguer, me tirou as palavras da boca e escreveu no Expresso Diário de ontem: «Marcelo é uma das barrigas de aluguer da política portuguesa, ele acredita no que tiver de acreditar num dado momento tático para depois esquecer facilmente esses credos, crenças ou causas. Marcelo só tem uma causa: o próprio Marcelo».
17/05/2016
O Santander sabe bem como funciona a geringonça e o Portugal dos Pequeninos
«António Vitorino e Campos e Cunha vão para a administração do Santander Totta»
Um ex-ministro de Guterres, ex-eurodeputado, ex-futuro candidato a qualquer coisa, actual advogado de negócios e sócio da Cuatrecasas e membro dos órgãos sociais de mais de uma dezena de empresas e um ex-ministro das Finanças de José Sócrates que saltou do comboio em andamento vão ser uma espécie de seguro All Risks do Santander.
Lá se vai arriar a bandeira da espanholização da banca.
Um ex-ministro de Guterres, ex-eurodeputado, ex-futuro candidato a qualquer coisa, actual advogado de negócios e sócio da Cuatrecasas e membro dos órgãos sociais de mais de uma dezena de empresas e um ex-ministro das Finanças de José Sócrates que saltou do comboio em andamento vão ser uma espécie de seguro All Risks do Santander.
Lá se vai arriar a bandeira da espanholização da banca.
Como construir uma imagem de marca
Segundo Jorge Monteiro, presidente da Viniportugal, associação que promove os vinhos portugueses no estrangeiro e a imagem de marca «Wines of Portugal», citado pelo Expresso, estamos a importar quase um milhão de litros por ano de «vinhos baratos, a granel, sobretudo de Espanha, para satisfazer algumas necessidades».
Que necessidades? Segundo o Expresso concluiu «uma fatia será necessariamente destinada à exportação, como vinho da União Europeia». Depois queixem-se.
Que necessidades? Segundo o Expresso concluiu «uma fatia será necessariamente destinada à exportação, como vinho da União Europeia». Depois queixem-se.
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (5)
Outras preces.
Tenho criticado o presidente Marcelo por não conseguir estar calado e também o critiquei por estar calado acerca do tema fracturante dos contratos de associação com as escolas privadas. Esta última crítica foi injusta, reconheço. Sei agora que ele ainda não falou porque não teve tempo de estudar o assunto e Deus sabe que ele não fala levianamente de nada sem a estudar aprofundadamente.
Ele tem andado ocupadíssimo numa tarefa patriótica de promoção do empreendedorismo inaugurando lojas – a semana passada foi a inauguração do 40.º estaminé de «A Padaria Portuguesa» e lá esteve o presidente Marcelo, mesmo sem ter sido convidado, a enobrecer com a sua presença a ocasião.
Leitarias, pastelarias, charcutarias, retrosarias, contem com o presidente dos afectos para a inauguração. Ele descerrará uma lápide, por exemplo: «A Pastelaria Formosa dos Anjos foi inaugurada em tantos do tal por S. Exª. o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa».
Tenho criticado o presidente Marcelo por não conseguir estar calado e também o critiquei por estar calado acerca do tema fracturante dos contratos de associação com as escolas privadas. Esta última crítica foi injusta, reconheço. Sei agora que ele ainda não falou porque não teve tempo de estudar o assunto e Deus sabe que ele não fala levianamente de nada sem a estudar aprofundadamente.
Ele tem andado ocupadíssimo numa tarefa patriótica de promoção do empreendedorismo inaugurando lojas – a semana passada foi a inauguração do 40.º estaminé de «A Padaria Portuguesa» e lá esteve o presidente Marcelo, mesmo sem ter sido convidado, a enobrecer com a sua presença a ocasião.
Leitarias, pastelarias, charcutarias, retrosarias, contem com o presidente dos afectos para a inauguração. Ele descerrará uma lápide, por exemplo: «A Pastelaria Formosa dos Anjos foi inaugurada em tantos do tal por S. Exª. o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa».
16/05/2016
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: 16 de Maio, uma efeméride importante
Há 50 anos, a 16 de Maio de 1966, depois do grande desastre que foi «Grande Salto em Frente» com o seu cortejo de milhões de mortos pela fome, o Partido Comunista Chinês, sob o comando do Grande Líder Mao Ze Dong, emitiu uma directiva para combater sem tréguas os inimigos do comunismo infiltrados no Glorioso Partido, dando assim início à «Revolução Cultural» que nos
É uma data gloriosa do Comunismo.
(*) Obrigado por esta correcção. Foram uns anos tão «produtivos» que os multipliquei por dois. Uma outra boa fonte são os livros de Simon Leys, um belga profundo conhecedor da China de Mao. Por exemplo «Ensaios sobre a China», infelizmente esgotado.
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Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (31)
Outras avarias da geringonça.
Começo pelo estado da ménage à trois. O camarada Jerónimo, sem precisar de tradutor, declarou que «a adesão foi um desastre (ao Euro) e a permanência é um desastre ainda maior. Recuperar a soberania monetária é recusar esta sentença.» Pelo lado do Berloque também é cada vez mais visível a profunda comunhão entre a social-democracia de Costa e o ecossocialismo berloquês - vejam-se as quatro moções apresentadas nas jornadas parlamentares do BE em Évora.
A que passou foi mais uma hebdomas horribilis para o governo da geringonça que não augura nada de bom para o futuro dos portugueses. O PIB cresceu apenas 0,1% no 1.º trimestre em relação ao último trimestre do ano passado e apenas 0,8% em termos homólogos em relação ao primeiro trimestre de 2015. Estamos cada vez mais longe dos 1,8% das projecções do orçamento, para já não falar dos 2,2% do programa de governo ou dos 3% do documento dos sábios da Mouse School of Economics. Bem pode o governo desculpar-se com a Europa, mas o certo é o crescimento homólogo da Zona Euro foi 1,5% contra os 0,8% da economia da geringonça e apenas os amigos de Costa na Grécia conseguiram pior - diminuir o PIB.
Começo pelo estado da ménage à trois. O camarada Jerónimo, sem precisar de tradutor, declarou que «a adesão foi um desastre (ao Euro) e a permanência é um desastre ainda maior. Recuperar a soberania monetária é recusar esta sentença.» Pelo lado do Berloque também é cada vez mais visível a profunda comunhão entre a social-democracia de Costa e o ecossocialismo berloquês - vejam-se as quatro moções apresentadas nas jornadas parlamentares do BE em Évora.
A que passou foi mais uma hebdomas horribilis para o governo da geringonça que não augura nada de bom para o futuro dos portugueses. O PIB cresceu apenas 0,1% no 1.º trimestre em relação ao último trimestre do ano passado e apenas 0,8% em termos homólogos em relação ao primeiro trimestre de 2015. Estamos cada vez mais longe dos 1,8% das projecções do orçamento, para já não falar dos 2,2% do programa de governo ou dos 3% do documento dos sábios da Mouse School of Economics. Bem pode o governo desculpar-se com a Europa, mas o certo é o crescimento homólogo da Zona Euro foi 1,5% contra os 0,8% da economia da geringonça e apenas os amigos de Costa na Grécia conseguiram pior - diminuir o PIB.
15/05/2016
CASE STUDY: Câmara de Lisboa, uma aplicação prática da lei de Parkinson (4)
Parkinson na câmara de Lisboa.
Desta vez é a lei da multiplicação do trabalho de Parkinson aplicada com a ajuda da agenda LBGTI (atenção do “I”). Trata-se do Plano de Acção 2014-2017 do Pelouro dos Direitos Sociais da câmara municipal de Lisboa, um elenco de 26 densas páginas grávidas de 249 acções, incluindo umas dezenas da agenda LBGTI, arrumadas em 50 missões, organizadas em 21 objectivos, alinhadas em 3 eixos. Como teaser, aqui vão alguns exemplos de acções:
Se quando Costa tomou posse já andavam pela câmara uns dez mil apparatchiks, hoje, passados 9 anos, com o herdeiro Medina, a capacidade de manutenção de tenças mantém-se (ver quadro seguinte extraído do Mapa de Pessoal 2016). É uma tença por cada 55 residentes - o dobro de Madrid ou Barcelona.
Imaginemos as hordas de apparatchiks que este Plano de Acção pode ocupar dos 2.216 lugares cativos.
Desta vez é a lei da multiplicação do trabalho de Parkinson aplicada com a ajuda da agenda LBGTI (atenção do “I”). Trata-se do Plano de Acção 2014-2017 do Pelouro dos Direitos Sociais da câmara municipal de Lisboa, um elenco de 26 densas páginas grávidas de 249 acções, incluindo umas dezenas da agenda LBGTI, arrumadas em 50 missões, organizadas em 21 objectivos, alinhadas em 3 eixos. Como teaser, aqui vão alguns exemplos de acções:
- 10.a.1.1. Assinalar datas relevantes na área da Orientação Sexual e Identidade de Género (17 de Maio, 28 de Junho).
- 10.a.1.3. Organizar sessões de sensibilização sobre Orientação Sexual e Identidade de Género para as comunidades educativas.
- 10.a.1.5. Apoiar as organizações representativas das pessoas LGBTI.
- 10.a.2.1. Promover o acesso à habitação das pessoas lésbicas, gay e bissexuais (LGB).
- 10.a.2.4. Organizar um concurso escolar sobre a diversidade sexual.
- 10.a.3.1. Combater a invisibilidade social das pessoas Trans e Intersexo.
- 10.a.3.2. Apoiar as pessoas Trans e Intersexo no procedimento de mudança de nome e sexo no registo civil.
- 10.a.3.4. Realizar um diagnóstico de identificação das necessidades específicas das pessoas Trans e Intersexo.
- 10.a.3.2. Apoiar as pessoas Trans e Intersexo no procedimento de mudança de nome e sexo no registo civil.
- 10.a.3.4. Realizar um diagnóstico de identificação das necessidades específicas das pessoas Trans e Intersexo.
Se quando Costa tomou posse já andavam pela câmara uns dez mil apparatchiks, hoje, passados 9 anos, com o herdeiro Medina, a capacidade de manutenção de tenças mantém-se (ver quadro seguinte extraído do Mapa de Pessoal 2016). É uma tença por cada 55 residentes - o dobro de Madrid ou Barcelona.
Imaginemos as hordas de apparatchiks que este Plano de Acção pode ocupar dos 2.216 lugares cativos.
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (4)
Outras preces.
Não penso que o presidente da República tenha de pronunciar-se sobre tudo, incluindo trivialidades, feito picareta falante. Porém, é isso que tem acontecido. O presidente dos afectos fala constantemente urbi et orbi pelos cotovelos sobre as maiores insignificâncias (o equivalente a dia e meio transmitido pelas televisões nos dois primeiros meses do mandato).
Por isso não se percebe que a sua verborreia tenha secado precisamente sobre um tema «fracturante», para usar esse adjectivo tão querido da esquerdalhada, sendo difícil de entender que quem tinha posições claras sobre «o papel crescente do ensino particular e cooperativo» e a «liberdade de escolha na educação» (ver aqui), quando questionado na segunda-feira sobre os contratos de associação com as escolas privadas tenha chutado para o lado dizendo precisar de falar com Costa. E, depois de falar com Costa, chutou para a frente. No mais apurado estilo guterrista (não por acaso uma sua alma gémea) disse ao Expresso «Governo e escolas têm de falar e encontrar solução rápida. É preciso estabilidade».
Não penso que o presidente da República tenha de pronunciar-se sobre tudo, incluindo trivialidades, feito picareta falante. Porém, é isso que tem acontecido. O presidente dos afectos fala constantemente urbi et orbi pelos cotovelos sobre as maiores insignificâncias (o equivalente a dia e meio transmitido pelas televisões nos dois primeiros meses do mandato).
Por isso não se percebe que a sua verborreia tenha secado precisamente sobre um tema «fracturante», para usar esse adjectivo tão querido da esquerdalhada, sendo difícil de entender que quem tinha posições claras sobre «o papel crescente do ensino particular e cooperativo» e a «liberdade de escolha na educação» (ver aqui), quando questionado na segunda-feira sobre os contratos de associação com as escolas privadas tenha chutado para o lado dizendo precisar de falar com Costa. E, depois de falar com Costa, chutou para a frente. No mais apurado estilo guterrista (não por acaso uma sua alma gémea) disse ao Expresso «Governo e escolas têm de falar e encontrar solução rápida. É preciso estabilidade».
14/05/2016
ACREDITE SE QUISER: L’exception française
É hoje a final do Festival Eurovisão da Canção de 2016. A maior parte das cantigas tem pelo menos parte da letra em língua inglesa, como «J’ai cherché», a cantiguita que representa a França na final e tem o refrão em inglês.
A única cantiga com toda a letra em francês é «Loin d’ici» que representa… a Áustria e constitui, por assim dizer, l’exception culturelle française.
A única cantiga com toda a letra em francês é «Loin d’ici» que representa… a Áustria e constitui, por assim dizer, l’exception culturelle française.
É uma tragédia para a França que depois de ter vencido pela última vez uma batalha em 1812 (Borodino) e assim ter perdido há muito a aura de pátria de guerreiros, perde agora no campo da chanson a batalha da Eurovisão.
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Bons exemplos (109) - «Jovem Conservador de Direita»
Confesso ter sabido apenas ontem da existência deste «Jovem Conservador de Direita» através da sua entrevista à Visão, onde entre outras coisas notáveis nos confessa que os seus «planos de chegar à liderança do PSD passam por ele (Passos Coelho) se queimar politicamente como tem vindo a fazer, e bem. A ideia é ele, com as suas trapalhadas, criar um tremendo mal-estar dentro do PSD, que vai facilitar a minha ascensão a líder e consequente anexação do CDS. Os grandes líderes emergem do caos. Vai ser o meu caso, graças ao Dr. Passos Coelho e ao caos que ele está a criar.»
É tempo de a direita, sobretudo da direita que se assume liberal (nos tempos que correm não há esquerda liberal), assumir o humor de causas quase confinado a uma esquerda politicamente correcta que se pretende moderna mas na verdade é tão paleolítica como o marxismo-leninismo.
É tempo de a direita, sobretudo da direita que se assume liberal (nos tempos que correm não há esquerda liberal), assumir o humor de causas quase confinado a uma esquerda politicamente correcta que se pretende moderna mas na verdade é tão paleolítica como o marxismo-leninismo.
13/05/2016
TRIVIALIDADES: Fusos horários e relógios culturais
Recebo diariamente várias newsletters de jornais. Escolho quatro. As de hoje, por exemplo, foram enviadas entre as 5 e 9 horas da manhã:
- The Economist Espresso 5:17
- Financial Times Briefing 6:07
- Expresso Curto 8:41
- Observador 8:56
O envio das inglesas ao longo da semana nunca difere mais do que alguns minutos. O envio das portuguesas difere muitos minutos, por vezes quase uma hora. O que significa isto? Que os jornalistas ingleses se levantam mais cedo e são mais pontuais do que os portugueses? E daí? Bom, daí são programas de vida diferentes o que, não querendo dizer nada, explica muita coisa.
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LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE: Para tirar os trapinhos qualquer causa é boa (19)
Outros trapinhos tirados.
«La líder de Femen España: "Si quieres verme las tetas vas a tener que leer mi eslogan"» foi o sugestivo título que o jornal espanhol El Mundo deu à entrevista de Lara Alcázar, a líder do Femen em Espanha, numa peça que além de várias fotos de manifestações mamárias inclui um vídeo ilustrativo. A não perder.
«La líder de Femen España: "Si quieres verme las tetas vas a tener que leer mi eslogan"» foi o sugestivo título que o jornal espanhol El Mundo deu à entrevista de Lara Alcázar, a líder do Femen em Espanha, numa peça que além de várias fotos de manifestações mamárias inclui um vídeo ilustrativo. A não perder.
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SERVIÇO PÚBLICO: Da discussão nasce a luz, mas para isso não servem lâmpadas fundidas
«A impressionante dimensão que o caso das escolas com contratos de associação está a tomar, quer na opinião pública quer em múltiplas intervenções políticas, justifica-se por uma só razão: este é uma discussão que interessa tanto à esquerda como à direita alimentar. A esquerda, por uma vez, pode afirmar as suas convicções ideológicas ao mesmo tempo que argumenta com a necessidade de diminuir a despesa pública (uma extraordinária raridade). A direita, por seu lado, consegue pôr-se ao lado de vários grupos de pessoas que se manifestam ruidosamente contra o governo sem serem sindicalistas (uma raridade extraordinária, pois até agora só tinha havido devoluções de rendimentos, coisa pouco dada a exibições públicas de desagrado). Há muito tempo que não víamos Pedro Passos Coelho tão mexido, e não é certamente por acaso.»
Vale a pena ler o resto de «Contratos de associação, sim ou não? Nim» de João Miguel Tavares
Vale a pena ler o resto de «Contratos de associação, sim ou não? Nim» de João Miguel Tavares
12/05/2016
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (3) – O Senhor ouviu-me?
Outras preces.
No decurso do exercício diário de ubiquidade, numa das suas inúmeras visitas da sua infinita agenda, o presidente Marcelo dos afectos enalteceu no Hospital de Santa Maria o trabalho voluntário, segundo o Observador numa indirecta à líder berloquista Catarina Martins por ter esta afirmado que o «trabalho voluntário é uma treta», em paralelo com as exportações e qualquer outra actividade que não consista em extorquir dinheiro aos credores, aos ricos e aos sujeitos passivos em geral.
Durante a visita, Marcelo «foi desafiado para ser voluntário na Associação dos Amigos do Hospital de Santa Maria quando deixar a chefia do Estado». E aqui chegamos à parte importante da visita. Respondendo com afecto, o presidente «aceitou o desafio, sugerindo que só fará um mandato de cinco anos: “Está aceite. Cá estarei, convosco. É esperarem cinco anos, não é tanto assim”».
Não fora estar habituado às promessas de Marcelo nas suas várias encarnações (na de militante do PSD, recordo ter dito pouco tempo antes de ser presidente da agremiação que para ele ser isso seria preciso Cristo descer à terra) e louvaria já o Senhor por ter ouvido as minhas preces. Não o faço porque Passos Coelho, que o deve conhecer de ginjeira, referiu-se ao agora presidente como «catavento de opiniões erráticas» - ou pelo menos ele enfiou logo o barrete e insinuou desistir da candidatura coisa que, como se sabe agora, era uma opinião errática.
No decurso do exercício diário de ubiquidade, numa das suas inúmeras visitas da sua infinita agenda, o presidente Marcelo dos afectos enalteceu no Hospital de Santa Maria o trabalho voluntário, segundo o Observador numa indirecta à líder berloquista Catarina Martins por ter esta afirmado que o «trabalho voluntário é uma treta», em paralelo com as exportações e qualquer outra actividade que não consista em extorquir dinheiro aos credores, aos ricos e aos sujeitos passivos em geral.
Durante a visita, Marcelo «foi desafiado para ser voluntário na Associação dos Amigos do Hospital de Santa Maria quando deixar a chefia do Estado». E aqui chegamos à parte importante da visita. Respondendo com afecto, o presidente «aceitou o desafio, sugerindo que só fará um mandato de cinco anos: “Está aceite. Cá estarei, convosco. É esperarem cinco anos, não é tanto assim”».
Não fora estar habituado às promessas de Marcelo nas suas várias encarnações (na de militante do PSD, recordo ter dito pouco tempo antes de ser presidente da agremiação que para ele ser isso seria preciso Cristo descer à terra) e louvaria já o Senhor por ter ouvido as minhas preces. Não o faço porque Passos Coelho, que o deve conhecer de ginjeira, referiu-se ao agora presidente como «catavento de opiniões erráticas» - ou pelo menos ele enfiou logo o barrete e insinuou desistir da candidatura coisa que, como se sabe agora, era uma opinião errática.
Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (64) – As quatro moções berloquistas para um Portugal Ecossocialista
Estão a decorrer as jornadas parlamentares do BE em Évora. Este vosso correspondente leu de fio a pavio todas as quatro moções e numa espécie de serviço cívico aqui ficam destacadas as propostas mais excitantes d@s parceir@s do Dr. Costa.
Moção A – “Força da Esperança – O Bloco à Conquista da Maioria”
Renegociar a dívida pública e realizar uma intervenção sistémica sobre a banca privada, assumindo o controlo público
... regulação das margens de lucro da grande distribuição,
... diminuir horários de trabalho com o fim do banco de horas e a limitação do horário normal de trabalho a 35 horas por semana nos setores público e privado...
Moção A – “Força da Esperança – O Bloco à Conquista da Maioria”
Renegociar a dívida pública e realizar uma intervenção sistémica sobre a banca privada, assumindo o controlo público
... regulação das margens de lucro da grande distribuição,
... diminuir horários de trabalho com o fim do banco de horas e a limitação do horário normal de trabalho a 35 horas por semana nos setores público e privado...
11/05/2016
Lost in translation (268) – O berloquês é uma língua muito difícil
«O BE nestas jornadas parlamentares quer discutir propostas e projectos que ajudam a combater os problemas do nosso país e a não ficar eternamente à espera da Europa» disse Catarina Martins, a líder do BE, em Évora na abertura das ditas jornadas.
É uma declaração enigmática porque se o BE defende que devemos cortar os laços com Bruxelas, não aceitar os seus ditames e, last and utmost end, não pagar a dívida, como vamos desenvolver projectos para resolver os problemas do país sem dinheiro, ao mesmo tempo que reduzimos horários para 35 horas, aumentamos os salários, pagamos pensões «justas», etc. (um grande ETC.)? Será suficiente o dinheiro dos ricos para pagar a crise? Agora que sabemos a facilidade com que eles se pisgam para offshores e onshores, é duvidoso.
Parti do princípio que a declaração deveria ser muito clara para todos os berloquistas presentes na jornada e depois de muito esforço e muita hermenêutica esquerdista estou em condições propor uma tradução em português corrente que consiste simplesmente em aditar à declaração uma curta sentença implícita na frase proferida a quem domina o berloquês: «… à espera da Europa … para mandar o dinheiro a que temos direito».
É uma declaração enigmática porque se o BE defende que devemos cortar os laços com Bruxelas, não aceitar os seus ditames e, last and utmost end, não pagar a dívida, como vamos desenvolver projectos para resolver os problemas do país sem dinheiro, ao mesmo tempo que reduzimos horários para 35 horas, aumentamos os salários, pagamos pensões «justas», etc. (um grande ETC.)? Será suficiente o dinheiro dos ricos para pagar a crise? Agora que sabemos a facilidade com que eles se pisgam para offshores e onshores, é duvidoso.
Parti do princípio que a declaração deveria ser muito clara para todos os berloquistas presentes na jornada e depois de muito esforço e muita hermenêutica esquerdista estou em condições propor uma tradução em português corrente que consiste simplesmente em aditar à declaração uma curta sentença implícita na frase proferida a quem domina o berloquês: «… à espera da Europa … para mandar o dinheiro a que temos direito».
ACREDITE SE QUISER: Diz o nu ao roto, porque não te vestes tu?
Mário Nogueira, o dirigente sindical da Fenprof e ministro-sombra da Educação, falando de Passos Coelho que durante cinco anos como profissional liberal não descontou para a Segurança Social 25,40% do salário mínimo nacional e, por isso, teria (se não tivesse pago mais tarde) reduzido o seu período contributivo e a sua pensão de reforma, declarou ao jornal i:
«Se há coisa que me distingue de Pedro Passos Coelho é que eu nunca me esqueci de pagar a Segurança Social»O apparatchik comunista, alegado professor, esqueceu-se de mencionar muitas outras coisas que o distinguem de Passos Coelho e, em particular, esqueceu-se esclarecer que o ministério da Educação lhe paga o salário e a contribuição para a Segurança Social com dinheiro dos sujeitos passivos sem que tenha dado uma aula há 25 anos, nem mesmo comparecido numa escola a não ser para acções de agitprop e sem que tenha tido a oportunidade de se esquecer de pagar a Segurança Social.
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DIÁRIO DE BORDO: Um pilrito-das-praias alemão e duas andorinhas muçulmanas
É provável que o atentado de ontem na estação de Grafing perto de Munique, com uma vítima mortal e três feridos graves, perpetrado por um alemão de 27 anos aparentemente demente gritando Allahu akbar e clamando infiéis!, não passe de um caso psiquiátrico isolado. Não obstante, é mais um pequeno prego no caixão da convivência entre confissões religiosas em um dos poucos países da Europa com uma política de abertura às ondas de refugiados de confissão islâmica. Resultando essa política de uma atitude mais do coração do que do cérebro, nas circunstâncias actuais não lhe auguro grande futuro.
Se a chegada de um pilrito-das-praias não faz o Inverno, a chegada de duas andorinhas não faz a Primavera. Não obstante, ocorre-me citar como primeira andorinha um festival em curso até 14 de Maio em Fez, Marrocos, designado «Femmes Fondatrices» e dedicado a várias mulheres, incluindo Fatima Fihriya, fundadora no ano 859 da madrassa el-Qaraouiyyîn, também com funções de ensino superior e hoje considerada a mais antiga universidade ainda em funcionamento.
Como segunda andorinha, ocorre-me a eleição para mayor da Grande Londres (uma imensa área urbana com mais de 9 milhões de habitantes em dezenas de comunidades étnicas e religiosas que falam dezenas de línguas) de Sadiq Khan, muçulmano, membro do partido Trabalhista (foi a única vitória trabalhista no meio do desastre eleitoral de Corbyn), apoiante da causa gay (não havia necessidade…), que diz de si próprio «sou londrino, europeu, britânico, inglês, de fé islâmica, de origem asiática, de herança paquistanesa, pai e marido».
Se a chegada de um pilrito-das-praias não faz o Inverno, a chegada de duas andorinhas não faz a Primavera. Não obstante, ocorre-me citar como primeira andorinha um festival em curso até 14 de Maio em Fez, Marrocos, designado «Femmes Fondatrices» e dedicado a várias mulheres, incluindo Fatima Fihriya, fundadora no ano 859 da madrassa el-Qaraouiyyîn, também com funções de ensino superior e hoje considerada a mais antiga universidade ainda em funcionamento.
Como segunda andorinha, ocorre-me a eleição para mayor da Grande Londres (uma imensa área urbana com mais de 9 milhões de habitantes em dezenas de comunidades étnicas e religiosas que falam dezenas de línguas) de Sadiq Khan, muçulmano, membro do partido Trabalhista (foi a única vitória trabalhista no meio do desastre eleitoral de Corbyn), apoiante da causa gay (não havia necessidade…), que diz de si próprio «sou londrino, europeu, britânico, inglês, de fé islâmica, de origem asiática, de herança paquistanesa, pai e marido».
10/05/2016
O dinheiro dos credores esgotou-se primeiro do que a capacidade da Portela (2)
Uma actualização deste post.
«A manterem-se as taxas de crescimento actuais, entre 2003 e 2007 esgota-se a capacidade do actual aeroporto. É evidente que é possível, com alguns investimentos complementares, aumentar a vida útil deste aeroporto por mais dois ou três anos. Eu diria que, em 2007 ou 2008, a capacidade do actual aeroporto estará esgotada.» (Guilhermino Rodrigues, secretário de estado dos Transportes, 29-05-1998)
«O aeroporto da Portela deverá começar a enfrentar dificuldades a partir de 2020, altura em que possivelmente ultrapassará os 18 milhões de passageiros para os quais ficou dimensionado com o plano de expansão da infra-estrutura.» (Negócios, 18-04-2010)
«... a ANAC admite que o Aeroporto da Portela atinja 24,8 milhões de passageiros este ano, o que representaria uma subida de 16%! Quando nos lembramos que muitos estudos garantiam que o aeroporto não aguentava mais de quinze milhões de passageiros...» (Expresso Diário, 10-05-2016)
«A manterem-se as taxas de crescimento actuais, entre 2003 e 2007 esgota-se a capacidade do actual aeroporto. É evidente que é possível, com alguns investimentos complementares, aumentar a vida útil deste aeroporto por mais dois ou três anos. Eu diria que, em 2007 ou 2008, a capacidade do actual aeroporto estará esgotada.» (Guilhermino Rodrigues, secretário de estado dos Transportes, 29-05-1998)
«O aeroporto da Portela deverá começar a enfrentar dificuldades a partir de 2020, altura em que possivelmente ultrapassará os 18 milhões de passageiros para os quais ficou dimensionado com o plano de expansão da infra-estrutura.» (Negócios, 18-04-2010)
«... a ANAC admite que o Aeroporto da Portela atinja 24,8 milhões de passageiros este ano, o que representaria uma subida de 16%! Quando nos lembramos que muitos estudos garantiam que o aeroporto não aguentava mais de quinze milhões de passageiros...» (Expresso Diário, 10-05-2016)
NÓS VISTOS POR ELES: Por que insistem em convidá-lo? (2)
Uma continuação daqui.
Foi em Fevereiro de 2012 no auge da «austeridade» a primeira vez que convidaram Paul Krugman, o prémio Nobel da Economia que já foi economista no passado e hoje é um comentador do NYT, na esperança de obter a sua bênção para as teses keynesianas que em Portugal a esquerdalhada tem esperança lhe proporcionem o suporte teórico para o estatismo e dirigismo que encharcam as suas meninges.
A coisa não correu bem porque a criatura roeu a corda e, com grande desgosto da esquerdalhada e enorme decepção do Dr. Soares, acabou a dizer: «eu realmente tenho dificuldade em dar conselho ao Governo português. Aliás, detesto dizê-lo, mas não faria as coisas de forma muito diferente daquilo que está a ser feito agora.»
Da segunda vez, em meados de Dezembro do ano passado, em que foi convidado a pretexto da homenagem de Silva Lopes, a coisa não correu melhor e Krugman disse coisas como: o aumento do salário mínimo em Portugal é «problemático» dada a baixa produtividade, que, ao contrário da Grécia, o país não ficou numa «situação tão desesperada», que «nunca iria sugerir que Portugal saísse do euro» e, cúmulo do desaforo, que «o novo Governo não pode fazer muito diferente do anterior» e «deve focar-se no investimento».
Como não há duas sem três, passados cinco meses a criatura voltou a ser convidada. Desta vez, a minha dotação de pachorra para estas coisas estava esgotada e por isso vou dar a palavra ao director do Expresso, ele próprio um admirador de Krugman, que no editorial de sábado passado escreveu:
Foi outra decepção.
Foi em Fevereiro de 2012 no auge da «austeridade» a primeira vez que convidaram Paul Krugman, o prémio Nobel da Economia que já foi economista no passado e hoje é um comentador do NYT, na esperança de obter a sua bênção para as teses keynesianas que em Portugal a esquerdalhada tem esperança lhe proporcionem o suporte teórico para o estatismo e dirigismo que encharcam as suas meninges.
A coisa não correu bem porque a criatura roeu a corda e, com grande desgosto da esquerdalhada e enorme decepção do Dr. Soares, acabou a dizer: «eu realmente tenho dificuldade em dar conselho ao Governo português. Aliás, detesto dizê-lo, mas não faria as coisas de forma muito diferente daquilo que está a ser feito agora.»
Da segunda vez, em meados de Dezembro do ano passado, em que foi convidado a pretexto da homenagem de Silva Lopes, a coisa não correu melhor e Krugman disse coisas como: o aumento do salário mínimo em Portugal é «problemático» dada a baixa produtividade, que, ao contrário da Grécia, o país não ficou numa «situação tão desesperada», que «nunca iria sugerir que Portugal saísse do euro» e, cúmulo do desaforo, que «o novo Governo não pode fazer muito diferente do anterior» e «deve focar-se no investimento».
Como não há duas sem três, passados cinco meses a criatura voltou a ser convidada. Desta vez, a minha dotação de pachorra para estas coisas estava esgotada e por isso vou dar a palavra ao director do Expresso, ele próprio um admirador de Krugman, que no editorial de sábado passado escreveu:
«Paul Krugman esteve em Portugal e deixou uma frase e quatro recados. A frase: "Portugal? Não é um desastre completo, é só muito mau". Os recados: 1) a margem de manobra para o país é muito escassa; 2) o Governo faz bem em aproveitar essa margem para aliviar a austeridade e diminuir a dor social; 3) não estamos em posição de lançar um programa de estímulo orçamental; 4) a nossa recuperação passa sobretudo por mudanças nas políticas alemãs. E se o Nobel da Economia o diz, é porque deve ser verdade.»Uma vez mais, o homem não disse o que se esperava dissesse. Em particular, sem dar por isso, com o terceiro «recado» arrumou as ilusões da geringonça no que respeita a estimular o crescimento com dinheiros públicos. Com o quarto «recado», se a geringonça o tomasse à letra, Costa deveria ir em romagem a Berlim arrastando pelas mãos Jerónimo e Catarina.
Foi outra decepção.
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: De como o melhor que pode acontecer ao paraíso prometido aos gregos pelo Syriza é ser um purgatório (LIII) – Outro exemplo a seguir
Outros purgatórios a caminho dos infernos.
Um novo pacote de medidas de 5,4 mil milhões de euros em cortes de pensões e aumentos de impostos foi aprovado no domingo pelo parlamento grego por 153 contra 143 votos. Pelo caminho, Alexis Tsipras, o amigo de Costa, ouviu Kyriakos Mitsotakis, o líder da Nova Democracia, dizer-lhe que nunca falou verdade quando disse que «iria abolir os memorandos de entendimento, nem quando disse que iria trazer de volta o pagamento do 13.º mês das pensões». (Greek Reporter)
Dr. Costa, está na hora de continuar a visita de estudo.
Manifestantes protestando com petardos no domingo passado
Um novo pacote de medidas de 5,4 mil milhões de euros em cortes de pensões e aumentos de impostos foi aprovado no domingo pelo parlamento grego por 153 contra 143 votos. Pelo caminho, Alexis Tsipras, o amigo de Costa, ouviu Kyriakos Mitsotakis, o líder da Nova Democracia, dizer-lhe que nunca falou verdade quando disse que «iria abolir os memorandos de entendimento, nem quando disse que iria trazer de volta o pagamento do 13.º mês das pensões». (Greek Reporter)
Dr. Costa, está na hora de continuar a visita de estudo.
09/05/2016
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (2) - Presidente dos «afectos» ultrapassa o «animal feroz»
Continuação daqui.
«Em dois meses de mandato [Marcelo] apareceu em 865 notícias, três vezes mais do que Cavavo em período semelhante do primeiro mandado. Deixo-lhe outro: nestes dois meses, apareceu mais do que Cristiano Ronaldo, Jorge Jesus e Rui Vitória juntos – e a larga distância. O Adriano Nobre pediu à Marktest dados sobre a presença de Marcelo nos principais blocos informativos da RTP, SIC e TVI e concluiu que, tudo junto, dava para acompanhar Marcelo em contínuo durante um dia e meio.»
(«Marcelo, o Rei da TV.» no Expresso Diário)
Termino com a mesma prece: Senhor, sei que pecámos, endividámo-nos, fizemos asneiras (até elegemos para presidente esta criatura) e talvez não tenhamos emenda, mas Senhor, livrai-nos destes «afectos» e concedei-nos a graça de não termos mais outros cinco anos de TV Marcelo.
Presidente dos «afectos» ultrapassa a segunda encarnação do «animal feroz» |
(«Marcelo, o Rei da TV.» no Expresso Diário)
Termino com a mesma prece: Senhor, sei que pecámos, endividámo-nos, fizemos asneiras (até elegemos para presidente esta criatura) e talvez não tenhamos emenda, mas Senhor, livrai-nos destes «afectos» e concedei-nos a graça de não termos mais outros cinco anos de TV Marcelo.
AVALIAÇÃO CONTINUA: Défice de memória inaugural
Secção Tiros nos pés
Com a seguinte frase mal-amanhada, Pedro Passos Coelho disse uma mentira tão facilmente verificável que só pode atribuir-se a um défice de memória:
É claro que esteve em mais de meia-dúzia de inaugurações, como aqui mostra o Observador.
Leva quatro urracas pela falta de memória e cinco chateaubriands pela confusão entre a realidade que foi e a realidade que ele gostava que tivesse sido.
Com a seguinte frase mal-amanhada, Pedro Passos Coelho disse uma mentira tão facilmente verificável que só pode atribuir-se a um défice de memória:
«Nunca estive em nenhuma obra de inauguração [sic], nem de estradas, nem de autoestradas, nem de pontes, nem de coisa nenhuma. Estaria lá com certeza o senhor ministro da Economia em representação do Governo.»
É claro que esteve em mais de meia-dúzia de inaugurações, como aqui mostra o Observador.
Leva quatro urracas pela falta de memória e cinco chateaubriands pela confusão entre a realidade que foi e a realidade que ele gostava que tivesse sido.
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Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (30)
Outras avarias da geringonça.
Estávamos em Janeiro e a ministra do Mar anunciava pomposamente «um acordo de paz social» que poria fim às greves do Sindicato dos Estivadores no porto de Lisboa. Estamos em Maio e a «paz social» consiste no centésimo nos últimos dez anos pré-aviso de greve até 27 de Maio. Lá teremos em breve a mesma ministra a anunciar com a mesma pompa outro acordo.
Estávamos no princípio de Abril e o chefe da geringonça prometeu
1,4 mil milhões de euros do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) para reabilitação urbana. Estamos em Maio e a coisa já caiu para 500 milhões. Neste caso é mau para a credibilidade da geringonça que já não tem como piorar, mas é menos mau para a sustentabilidade da segurança social porque usar um fundo de financiamento das pensões futuras para especulação urbana é mais um daqueles expedientes socialistas do tipo viaje agora e pague depois.
O mesmo governo que já tinha batido o recorde de 1.000-nomeações-1.000 em 100-dias-100, bateu agora um novo recorde: em quatro meses nomeou 273 dirigentes em regime de substituição para atribuir jobs for the boys fintando a necessidade de abrir concursos públicos.
Estávamos em Janeiro e a ministra do Mar anunciava pomposamente «um acordo de paz social» que poria fim às greves do Sindicato dos Estivadores no porto de Lisboa. Estamos em Maio e a «paz social» consiste no centésimo nos últimos dez anos pré-aviso de greve até 27 de Maio. Lá teremos em breve a mesma ministra a anunciar com a mesma pompa outro acordo.
Estávamos no princípio de Abril e o chefe da geringonça prometeu
1,4 mil milhões de euros do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) para reabilitação urbana. Estamos em Maio e a coisa já caiu para 500 milhões. Neste caso é mau para a credibilidade da geringonça que já não tem como piorar, mas é menos mau para a sustentabilidade da segurança social porque usar um fundo de financiamento das pensões futuras para especulação urbana é mais um daqueles expedientes socialistas do tipo viaje agora e pague depois.
O mesmo governo que já tinha batido o recorde de 1.000-nomeações-1.000 em 100-dias-100, bateu agora um novo recorde: em quatro meses nomeou 273 dirigentes em regime de substituição para atribuir jobs for the boys fintando a necessidade de abrir concursos públicos.
08/05/2016
SERVIÇO PÚBLICO: O corporativismo e a TTIP (3) Esquerda e direita iliberal - o que os une é mais do que o que os separa
Continuação de (1) e (2).
«Esqueçam esquerda e direita. Nos dias de hoje, diz-se frequentemente, a linha divisória real na política é entre os liberais de portas abertas e nacionalistas que levantam a ponte levadiça. Como a maioria das grandes afirmações, esta pode ser exagerada. Mas o ataque que o comércio internacional está a sofrer nos dois lados do Atlântico sugere que há nela algo de verdadeiro.
Nigel Farage e Marine Le Pen - líderes de partidos populistas de direita em Inglaterra e França, respectivamente - soam como a extrema-esquerda quando descartam negociações como a Parceria Transatlântica (TTIP), uma proposta de acordo entre a União Europeia e a América, como negociatas que apenas favorecem as grandes empresas. Nos Estados Unidos, as declarações de Donald Trump ("Não é comércio livre, é comércio estúpido") assemelham-se às de Bernie Sanders, o "socialista democrático", que está a travar o caminho de Hillary Clinton para a nomeação presidencial democrata.»
Esta observação da Economist («Trading Places - What the aversion to global trade says about Europe and America») explica conjunturalmente bastante bem as coincidências entre a esquerda (actualmente toda ela iliberal, porque o anarco-capitalismo faleceu há muito de morte natural) e a direita iliberal, que em muitos países é maioritária - como em Portugal.
Dito de outro modo: nos tempos que correm, os liberais só podem ser de direita porque não há lugar para o liberalismo (que exige propriedade privada, interesse próprio, concorrência, mercado, liberdade de escolha e limitação dos poderes do governo) numa esquerda que quer congelar a história ou mesmo voltar ao passado, que venera o Estado e que pretende instrumentalizá-lo para impor o reaccionarismo da sua agenda política, social, económica e cultural.
Exemplos recentes em Portugal da aversão da esquerda e da direita iliberal pelo comércio livre são as reacções de políticos, jornalismo de causas e comentadoria do regime, precisamente a propósito do TTIP, e as suas indignações balofas sobre o secretismo – a este respeito leia-se o este artigo onde se explica que «os documentos agora trazidos a público são tudo menos secretos», artigo em que Vital Moreira, por uma vez liberto das algemas mentais do socialismo proteccionista, desmonta o «segredo de polichinelo».
Daniel Oliveira, que tem o mérito de defender alto e grosso a agenda estatista onde outros se enredam em eufemismos, diz do TTIP que é «a porta dos fundos para assaltar a democracia». Como se fosse concebível uma democracia sem comércio livre e como se uma democracia fosse compatível com o arquétipo de um Estado orwelliano omnipresente e omnipotente. Compatível com esse arquétipo seria uma «democracia popular» - assim se chamaram as ditaduras dos apparatchiks comunistas - , como as que os comunistas implantaram na Europa de Leste e que Daniel Oliveira deve ter admirado na sua fase soviética.
«Esqueçam esquerda e direita. Nos dias de hoje, diz-se frequentemente, a linha divisória real na política é entre os liberais de portas abertas e nacionalistas que levantam a ponte levadiça. Como a maioria das grandes afirmações, esta pode ser exagerada. Mas o ataque que o comércio internacional está a sofrer nos dois lados do Atlântico sugere que há nela algo de verdadeiro.
Nigel Farage e Marine Le Pen - líderes de partidos populistas de direita em Inglaterra e França, respectivamente - soam como a extrema-esquerda quando descartam negociações como a Parceria Transatlântica (TTIP), uma proposta de acordo entre a União Europeia e a América, como negociatas que apenas favorecem as grandes empresas. Nos Estados Unidos, as declarações de Donald Trump ("Não é comércio livre, é comércio estúpido") assemelham-se às de Bernie Sanders, o "socialista democrático", que está a travar o caminho de Hillary Clinton para a nomeação presidencial democrata.»
Esta observação da Economist («Trading Places - What the aversion to global trade says about Europe and America») explica conjunturalmente bastante bem as coincidências entre a esquerda (actualmente toda ela iliberal, porque o anarco-capitalismo faleceu há muito de morte natural) e a direita iliberal, que em muitos países é maioritária - como em Portugal.
Dito de outro modo: nos tempos que correm, os liberais só podem ser de direita porque não há lugar para o liberalismo (que exige propriedade privada, interesse próprio, concorrência, mercado, liberdade de escolha e limitação dos poderes do governo) numa esquerda que quer congelar a história ou mesmo voltar ao passado, que venera o Estado e que pretende instrumentalizá-lo para impor o reaccionarismo da sua agenda política, social, económica e cultural.
Exemplos recentes em Portugal da aversão da esquerda e da direita iliberal pelo comércio livre são as reacções de políticos, jornalismo de causas e comentadoria do regime, precisamente a propósito do TTIP, e as suas indignações balofas sobre o secretismo – a este respeito leia-se o este artigo onde se explica que «os documentos agora trazidos a público são tudo menos secretos», artigo em que Vital Moreira, por uma vez liberto das algemas mentais do socialismo proteccionista, desmonta o «segredo de polichinelo».
Daniel Oliveira, que tem o mérito de defender alto e grosso a agenda estatista onde outros se enredam em eufemismos, diz do TTIP que é «a porta dos fundos para assaltar a democracia». Como se fosse concebível uma democracia sem comércio livre e como se uma democracia fosse compatível com o arquétipo de um Estado orwelliano omnipresente e omnipotente. Compatível com esse arquétipo seria uma «democracia popular» - assim se chamaram as ditaduras dos apparatchiks comunistas - , como as que os comunistas implantaram na Europa de Leste e que Daniel Oliveira deve ter admirado na sua fase soviética.
07/05/2016
Mitos (229) – Trump é conservador
«Antes de qualquer consideração política, o construtor civil mais famoso do mundo, é sobretudo um enorme farsante populista que arrasta pessoas com base em pressupostos falsos, mas fáceis.
Trump só se registou (uma formalidade necessária nos EUA para votar nas primárias) como Republicano há cerca de quatro anos. Até então, segundo o insuspeito e assumidamente anti-Trump 'The New York Times', doou centenas de milhares de dólares aos Democratas, incluindo à sua provável adversária Hillary Clinton.
Mais do que isso, Trump, que na altura já era vedeta da televisão com um show ridículo, tomou na generalidade posições contra os conservadores republicanos em matérias tão sensíveis como o divórcio, o aborto, os impostos e o controlo de armas.
Ou seja, o mais perigoso candidato de sempre à presidência do mais influente país do mundo não é alguém que vem de uma posição conservadora de direita, pelo contrário. O que ele pretendeu, nas diversas fases da sua vida foi visibilidade a qualquer custo.»
«Trump não é conservador – é um demagogo populista», Henrique Monteiro no Expresso
Trump só se registou (uma formalidade necessária nos EUA para votar nas primárias) como Republicano há cerca de quatro anos. Até então, segundo o insuspeito e assumidamente anti-Trump 'The New York Times', doou centenas de milhares de dólares aos Democratas, incluindo à sua provável adversária Hillary Clinton.
Mais do que isso, Trump, que na altura já era vedeta da televisão com um show ridículo, tomou na generalidade posições contra os conservadores republicanos em matérias tão sensíveis como o divórcio, o aborto, os impostos e o controlo de armas.
Ou seja, o mais perigoso candidato de sempre à presidência do mais influente país do mundo não é alguém que vem de uma posição conservadora de direita, pelo contrário. O que ele pretendeu, nas diversas fases da sua vida foi visibilidade a qualquer custo.»
«Trump não é conservador – é um demagogo populista», Henrique Monteiro no Expresso
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: De como o melhor que pode acontecer ao paraíso prometido aos gregos pelo Syriza é ser um purgatório (LII) – «Viram-se novamente gregos para casar»
Outros purgatórios a caminho dos infernos.
«A tagline do filme "My Big Fat Greek Wedding 2", lançado em Março, é "As pessoas mudam. Gregos não”. Não se sabe se algum dos ministros das Finanças da zona do euro viu o filme, muito menos se detectou qualquer semelhança com as conversações em curso com o governo grego. Mas a renovada discussão sobre os termos da mais recente resgate da Grécia, com ameaças de eleições antecipadas se os seus credores não dão mais terreno, tem o ar de uma sequela medíocre.
A Grécia precisa urgentemente da próxima dose de € 86 mil milhões de resgate que os credores prometeram no Verão passado, em troca de promessas de austeridade e de reforma. Mas a Grécia não vai conseguir o dinheiro sem os credores completarem uma revisão do progresso, que se arrasta desde Outubro. O governo conseguiu juntar dinheiro suficiente (extorquindo órgãos públicos independentes) para pagar salários e pensões de Maio, talvez até mesmo os de Junho. Mas em 20 de Julho, na maturidade de uma emissão de 2 mil milhões, o país enfrenta mais uma vez o default e talvez uma saída forçada da zona euro. Não se pode dizer que a ameaça do Grexit está de volta porque nunca realmente foi embora.»
«Where are those buckets?», na Economist
Talvez fosse oportuna uma nova visita de estudo de Costa a Tsipras para quando for a sua vez estar preparado.
«A tagline do filme "My Big Fat Greek Wedding 2", lançado em Março, é "As pessoas mudam. Gregos não”. Não se sabe se algum dos ministros das Finanças da zona do euro viu o filme, muito menos se detectou qualquer semelhança com as conversações em curso com o governo grego. Mas a renovada discussão sobre os termos da mais recente resgate da Grécia, com ameaças de eleições antecipadas se os seus credores não dão mais terreno, tem o ar de uma sequela medíocre.
A Grécia precisa urgentemente da próxima dose de € 86 mil milhões de resgate que os credores prometeram no Verão passado, em troca de promessas de austeridade e de reforma. Mas a Grécia não vai conseguir o dinheiro sem os credores completarem uma revisão do progresso, que se arrasta desde Outubro. O governo conseguiu juntar dinheiro suficiente (extorquindo órgãos públicos independentes) para pagar salários e pensões de Maio, talvez até mesmo os de Junho. Mas em 20 de Julho, na maturidade de uma emissão de 2 mil milhões, o país enfrenta mais uma vez o default e talvez uma saída forçada da zona euro. Não se pode dizer que a ameaça do Grexit está de volta porque nunca realmente foi embora.»
«Where are those buckets?», na Economist
Talvez fosse oportuna uma nova visita de estudo de Costa a Tsipras para quando for a sua vez estar preparado.
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