Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

06/04/2025

ARTIGO DEFUNTO: O jornalismo de causas tem dificuldade de lidar com a causalidade

O outro contribuinte escreveu há dias sobre a dívida que o governo socialista do Eng. Sócrates deixou a Passos Coelho, dívida que o Diário de Notícias classificou como a «megadívida de Passos Coelho».

Ora a causa dessa megadívida foram os empréstimos da troika, a causa dos empréstimos foi a bancarrota do Estado sucial cuja causa foi a governação corrupta, irresponsável e ruinosa do Eng. Sócrates e da sua trupe, alguma da qual ainda por aí anda. O que é de Passos Coelho não é, portanto, a megadívida, em vez disso, é o resgate limpo que deixou o país a crescer, a balança comercial superavitária pela primeira vez em décadas e as "contas certas" que o Dr. Costa se auto-atribuiu. 

Algumas das medidas do resgate obrigaram à venda de várias empresas públicas, inevitavelmente a interesses estrangeiros porque Portugal estava descapitalizado e os empresários portugueses não tinham dinheiro nem para mandar cantar um cego. Também inevitavelmente, os dividendos dessas empresas são pagos a accionistas estrangeiros que, outra vez inevitavelmente, estão no estrangeiro.

E assim chegamos a um exemplo de jornalismo de causas mais subtil do que o tosco do DN com uma peça do semanário de reverência. Peça confusa, com vários erros e o título pesaroso «Quase três quartos dos dividendos da Bolsa vão para o estrangeiro», isto é, vão para «as gigantes que entraram em Portugal durante a crise financeira», como se este facto não fosse causado pela bancarrota que o governo socialista deixou, mas tivesse resultado de uma qualquer fatalidade, um cataclismo da natureza ou da maldade do "neoliberalismo". 

05/04/2025

Unintended consequences: what if Mr. Trump was making China great instead of making America great again?

«As Donald Trump unleashes a volley of tariffs and his administration talks up the strength of its military alliances in Asia, you might think that these are anxious times in the country that America sees as its main adversary. In fact, our reporting from Beijing reveals a very different picture. MAGA is putting pressure on China’s leaders to correct their worst economic errors. It is also creating opportunities to redraw the geopolitical map of Asia in China’s favour. (...)

Mr Xi has been preparing for today’s chaotic world ever since becoming China’s leader in 2012. He has urged economic and technological self-sufficiency on his country. China has reduced its vulnerability to American chokeholds, such as sanctions and export controls. Although its banks still need access to dollars, it now makes most non-bank international payments in yuan.

China’s domestic economy has unrecognised strengths. Competition and an embrace of technology mean that its industrial firms thrash Western rivals in everything from electric vehicles to the “low-altitude economy”, meaning drones and flying taxis. Viewed from China, Mr Trump’s tariffs will condemn Detroit to 1970s-style obsolescence, just as his crusade against universities will set back innovation. (...)»

 How America could end up making China great again

04/04/2025

Lost in translation (371) – "Megadívida de Passos Coelho" significa a dívida que o governo socialista do Eng. Sócrates deixou a Passos Coelho enquanto fazia um período sabático em Paris

Diário de Notícias

Inspirado pela imprensa amiga do governo socialista criei há uns anos no Glossário das Impertinências a entrada Diário da manhã, classificação que o DN e outros jornais continuam a justificar, pelo menos por algumas "notícias", como a que cito. Comecemos por recordar em que consistiu a «megadívida de Passos Coelho».

Para quem não tenha tido ou já não tenha memória do que foi resgate que o governo de Passos Coelho teve de enfrentar, republico o gráfico acima e recordo que o governo de José Sócrates levou o Estado sucial à falência com a tesouraria à beira da ruptura no final do 1.º trimestre de 2011. Foi essa iminência que retirou a margem a Teixeira dos Santos para enfiar outra vez o problema para debaixo do tapete, como andava a fazer há muitos meses, e o forçou a encostar José Sócrates às cordas e obrigou este a lançar a toalha ao chão pedindo a intervenção da troika. O Memorandum of Understanding foi negociado em Abril e é assinado a 17-05-2011. O governo «neoliberal» toma posse a 5 de Junho e a primeira tranche do empréstimo chega nesse mês, escassamente a tempo de cobrir mais de meia dúzia de mil milhões de euros de pagamentos previstos para os quais não havia dinheiro. É a entrada dessa 1.ª tranche, a primeira de várias que engrossaram a "megadívida", que explica o salto no saldo de caixa no final do 2.º trimestre de 2011.

03/04/2025

Pro memoria (440) - Nearly a $2 trillion wipeout


«Roughly $1.7 trillion was erased from the S&P 500 at the start of US trading on Thursday amid worries that President Donald Trump’s sweeping new round of tariffs could plunge the economy into a recession. The index is on the brink of a crucial technical inflection point that threatens a longer-term wipeout. 

The damage was heaviest in companies whose supply chains are most dependent on overseas manufacturing. Apple, which makes the majority of its US-sold devices in China, plunged after the open – even after a yearslong effort to insulate itself from trade wars.»  (Bloomberg newletter)

O Portugal dos Pequeninos não é deste mundo (2)

 Continuação de (1)


Ao lítio, um metal essencial para a tão celebrada "transição energética" cuja exploração continua a ser empatada, ao petróleo cuja exploração foi proibida, e aos terrenos para construção cuja "lei dos solos" foi reduzida a quase nada, parlamento acrescentou uma moratória sobre a mineração em mar profundo até 2050 (Lei n.º 36/2025, de 31 de março). 

Para um país que importa anualmente mais de 20 milhões de toneladas de minerais e produz pouco mais de 1 milhão de toneladas, que tem uma Zona Económica Exclusiva com 1,7 milhões de kms ou quase 20 vezes a área do território, ZEE que é a 3. ª maior da UE e representa 11 % da ZEE da União Europeia, abdicar da mineração em mar profundo nos próximos 25 anos, em que estão em curso avanços tecnológicos importantes para reduzir o impacto ambiental dessa mineração, é uma mutilação suicidária.

01/04/2025

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (54)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

O Dr. Pedro Nuno teve mais uma epifania habitacional

Não satisfeito com o fracasso dos seus múltiplos programas de habitação, o Dr. Pedro Nuno apresentou mais uma ideia que, suspeito, naquela sua cabecinha pensadora é uma espécie de milagre e consiste em usar uma parte dos lucros da Caixa para alimentar «uma conta corrente no Estado que permita às nossas autarquias recorrer a financiamento para avançar com projetos de habitação». E pronto, era uma vez um problema da habitação. Como é que ninguém se tinha lembrado disto antes?

Confirma-se, o “1.º Direito” deu para o torto

A um ano do fim do PRR, das 26 mil casas do Programa de Apoio ao Acesso à Habitação “1.º Direito”, lançado pelo Dr. Costa e o Dr. Pedro Nuno no início de 2023 está contratualizada mais de 90% da primeira tranche do dinheiro disponível e só foram entregues menos de 10% das casas previstas para 2026.

Take another plan. O balão esvaziou

Os dirigentes da TAP felicitaram-se pelos lucros de 177 milhões em 2023 e pelos 72 milhões no segundo trimestre de 2024, que compensaram os prejuízos quase iguais do 1.º trimestre, e fecharam o ano com um lucro de 53,7 milhões, o que são amendoins para um elefante branco como a TAP que recebeu 3,2 mil milhões de subsídios que lhe pouparam uns 200 milhões de juros por ano e a dispensaram de gerar margens para amortizar os 3,2 mil milhões.

Jornal Eco

Comparando a TAP com a concorrência, a felicidade dos dirigentes (e do Dr. Pedro Nuno que lá andou a brincar aos gestores) transforma-se em falta de decoro.

Take another plan. Nove anos depois, o accionista Parpública tirou da manga um disclaimer

A semana passada chegou ao parlamento uma nota de 2017 em que a Parpública, o accionista da TAP, se queixa de não ter tido acesso a todos os documentos da renacionalização pelo Dr. Costa e a considera um «retrocesso sem precedentes» no que toca às responsabilidade e obrigações financeiras do Estado,

Os investigadores da Judite são historiadores frustrados

Em 2021 a Judite iniciou a Operação Mais-Valia de investigação à venda em 2018 da antiga sede da Federação Portuguesa de Futebol (fonte). Um dia numa década distante irá constatar-se que o “crime” prescreveu.