Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
31/03/2022
Desenganem-se meus amigos. O combate actual não é entre a esquerda e a direita. O Muro mudou de sítio...
CASE STUDY: Porque corre tão mal a Putin a invasão da Ucrânia? (1)
Enumerei no post de ontem factos que mostram que a «operação militar especial» está a correr muito mal. A pergunta que agora vou tentar responder só faz sentido a quem tenha chegado à mesma conclusão. Para quem não concorde com a parte factual será perda de tempo continuar a ler.
Neste e noutros post que se seguirão, tentarei expor as conclusões a que for chegando sobre as causas sociais, políticas e culturais que podem explicar o desastre militar.
Uma primeira resposta, fui encontrá-la num artigo de opinião de Henrique Raposo de que passo a citar a segmento mais relevante:
«O exército de uma tirania é ultracentralizado porque não confia nos oficiais intermédios e nos próprios soldados; não sabe usar a liberdade. Quando as coisas não correm como planeado (e nunca correm), esse exército russo fica bloqueado porque os oficiais no terreno não têm liberdade para se adaptar e reagir no terreno sem ordens superiores. É o que aconteceu aos russos no último mês.
Ao invés, os oficiais ucranianos têm liberdade para se adaptarem, para terem iniciativa própria. Esta rapidez é decisiva na guerra. Ou seja, no campo de batalha, a lentidão russa e a agilidade ucraniana revelam duas visões sobre a liberdade; neste caso, a liberdade de soldados e oficiais no terreno e longe da cadeia de comando: a liderança russa teme ou desvaloriza a liberdade; a liderança ucraniana estimula-a. Os efeitos práticos desta assimetria é a espantosa vitória convencional dos ucranianos perante um inimigo numericamente superior.
A liberdade não é só um valor, é um instrumento poderoso, o mais poderoso. Esta liberdade prática e tática dá aos ucranianos no terreno um moral superior ao dos russos. E, na guerra, convém recordar a máxima de Napoleão, a condição moral vale três vezes a condição física.»
De passagem, note-se que isto explica bem porque foram mortos 7 oficiais generais russos que estavam na frente para compensar a falta de iniciativa dos oficiais e das tropas no terreno.
(Continua)
30/03/2022
Antes de fazer um juízo definitivo sobre os desconchavos de Biden, convirá rever as atrocidades e os erros crassos de Putin e o que dizem os seus admiradores
Em face da invasão russa ordenada por Putin à Ucrânia e da destruição maciça de alvos civis, qualificar o Czar como criminoso de guerra e considerar que deve ser removido do poder, são afirmações que qualquer cidadão decente poderia fazer. Outra coisa é serem feitas por um presidente de um outro país, na circunstância Joe Biden, o presidente americano. Se ditas em público, como foi o caso, a qualificação como criminoso de guerra é contra todas as regras não escritas da diplomacia, e apelar à remoção de Putin é uma ingerência nos assuntos internos de outro país, inadmissível face ao direito internacional, e possivelmente uma inutilidade se Putin tiver o apoio da maioria dos russos, como parece.
É por isso compreensível que um cidadão decente considere as afirmações de Biden inaceitáveis e eventualmente as atribua a senilidade e/ou uma tentativa de diversão para fazer esquecer os falhanços da sua administração e a sua cada vez maior impopularidade.
Um cidadão decente em face do desastre que está a ser a invasão, que o Czar no seu linguajar de newspeak orwelliano baptizou de «operação militar especial», compreensivelmente consideraria o Czar e os seus siloviki uma clique incompetente e com inteligência limitada (nos dois sentidos), pelas razões que sumarizo a seguir:
- Lançar uma operação militar nesta época do ano (os tanques e todo o material circulante ficam atolados fora da estrada e por isso as filas de dezenas de kms nas estradas, esquecendo o que aconteceu aos exércitos de Hitler);
- Falhar definitivamente a logística que, segundos os manuais da primeira classe, faz ganhar ou perder guerras (tanques e outro material ficaram parados por falta de combustível; a Ucrânia aproveitou e confiscou centenas e tem agora mais tanques do que no início da invasão);
- Falhar as comunicações que não estão capacitadas para encriptação (até telemóveis comuns estão são usados) e são escutadas pelos ucranianos;
- Um antigo espião rodeado de antigos e actuais espiões, falhar na inteligência e ser apanhado completamente desprevenido pela resistência ucraniana (dois dias depois da invasão, a a agência estatal RIA Novosti publicou por engano - era para sair mais tarde - um artigo onde se gabava que “A Ucrânia voltou para a Rússia” e “Alguém nas antigas capitais europeias, em Paris e Berlim, acreditava seriamente que Moscovo desistiria de Kiev?”) (fonte);
- Um antigo espião rodeado de antigos e actuais espiões acreditar nas suas próprias balelas e esperar que um Ocidente decadente seria incapaz de reagir e ser surpreendido pela reacção da UE e da NATO;
- Usar tropa impreparada, mal informada e desmotivada que pensava estar a continuar o exercício começado há meses ou ser recebida de braços abertos pelos "irmãos ucranianos";
- O resultado das falhas de informação, estratégia, planeamento, logística, comunicação e a impreparação não poderia deixar de ser o desastre que está a ser: baixas (7 oficiais generais mortos e entre 7 a 10 mil mortos) e perdas de material várias vezes superiores às ucranianas (quatro vezes, segundo esta fonte documentada com datas e fotos);
- Inevitavelmente, o desastre está a levar à reformulação dos objectivos que começaram por ser o derrube do governo legítimo e a sua substituição por um do tipo bielorrusso, reformulação camuflada por declarações grandiloquentes e mentiras puras e duras.
29/03/2022
Traidores no gabinete do primeiro-ministro? No creo en brujas, pero que las hay, las hay
Na semana passada, na SIC Notícias, alguém disse:
«Deixe-me fazer um apelo final a uma coisa que me indigna. Escolho bem a palavra: 'traidores'. Aqui em Portugal, no gabinete do primeiro-ministro, há um embaixador, um coronel e outros oficiais-generais a trabalhar para a Rússia. Isto é uma vergonha!».Quem disse essas palavras foi «Armando Marques Guedes é professor catedrático da Universidade Nova, dando ainda aulas no Instituto Universitário Militar, no Instituto de Defesa Nacional, no Instituto de Ciências Policiais e Segurança Interna e no Instituto Nacional de Administração. Além disso, foi presidente do Instituto Diplomático, nomeado por Diogo Freitas do Amaral, no tempo em que o primeiro-ministro era José Sócrates, e depois diretor de policy planning do Ministério dos Negócios Estrangeiros, sendo membro de mais de três dezenas de think-tanks em Portugal e no estrangeiro. É, pois, um homem que conhece bem os meios diplomáticos e a área da Defesa Nacional.
Estas acusações poderiam ter sido proferidas imponderadamente, no calor de uma discussão. Mas não: foram ditas intencionalmente, como coisa pensada antes. No entanto, apesar de estarmos perante uma verdadeira 'bomba', a pivô de serviço não insistiu no tema e 'despediu' rapidamente o convidado. Foi estranho. Como estranho foi que nos telejornais seguintes não tenham passado estas declarações. O silêncio foi total.
Nos dias seguintes nenhum meio de comunicação social pegou no assunto - nem televisão nem imprensa, e Armando Marques Guedes não voltou a aparecer na SIC Notícias, onde era presença regular a comentar a guerra.
Perante isto, pensei: o homem teve um momento de desvario, de loucura, mas depois caiu em si, pediu à estação para não repetirem o que tinha dito, e os outros meios, avisados, não reproduziram as suas declarações.
Só que, inesperadamente, Marques Guedes voltou a surgir no pequeno ecrã - embora já não na SIC mas na CMTV. E, puxando deliberadamente pelo assunto, reafirmou tudo o que dissera antes - apenas ressalvando que da sua lista de 'suspeitos' não fazia parte o major-general Carlos Branco.
28/03/2022
Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (8)
27/03/2022
Cada país tem a tropa que merece
Por questões de higiene e falta de tempo e por via de regra, não vejo telejornais que duram duas horas com uma hora de anúncios, onde na melhor hipótese se distorcem factos por ignorância e na pior se distorcem factos por encomenda, onde desfilam militantes que se fazem passar por comentadores, picaretas falantes, que na melhor hipótese dizem inocuidades e na pior dizem enormidades. Não será certamente preciso explicar que, com esta regra, só vejo telejornais portugueses quando o rei faz anos.
Esta regra tem vantagens óbvias e tem inconvenientes menos óbvios que consistem em privar-me de informação relevante online para o exame laboratorial do estado do comentariado oficial do Portugal dos Pequeninos. Tento compensar essa privação com a informação offline minerada na imprensa por vezes com atraso, como foi o caso agora com os comentários do oficialato reformado sobre a invasão da Ucrânia.
Citando o Expresso: «o major-general Raul Cunha chegou a dizer, na SIC, que “o Presidente russo foi encurralado” pela NATO e justificou a anexação da Crimeia; o major-general Carlos Branco disse ao “Observador” que a Rússia não ia “permitir a chacina da população ucraniana russa” em Luhansk e Donetsk, classificando a parte ucraniana como “a ameaça”; um terceiro analista, o major-general Agostinho Costa, tem usado (nos três canais de televisão) argumentos como “a preocupação [dos russos] em não causar baixas civis”, ou a desvalorização da coluna paralisada perto de Kiev. No dia seguinte à invasão, garantiu: “Os russos já estão em Kiev.” E disse que Volodymyr Zelensky tinha fugido para Lviv, na zona ocidental.»
Também António Araújo se referiu a essas declarações concluindo que, apesar de tudo, se tivesse de confiar, confiaria mais nos generais russos do que em sumidades como aquelas.Enfim é a tropa que temos, sucessora da fugida da guerra colonial e politizada durante o PREC. No topo temos generais assim, na base temos fuzileiros que dão porrada em polícias e temos um governo que envia 18 (dezoito) tropas para manobras da NATO que envolvem 30 mil.
26/03/2022
O Czar titila as meninges dos idiotas úteis no Ocidente
Pro memoria (420) - Recalling what the President of the Russian Federation signed in 1994 on the independence and sovereignty of Ukraine
Excerpt:
"Welcoming the accession of Ukraine to the Treaty on the Non-Proliferation of Nuclear Weapons as a non-nuclear-weapon State,
Taking into account the commitment of Ukraine to eliminate all nuclear weapons from its territory within a specified period of time,
Noting the changes in the world-wide security situation, including the end of the cold war, which have brought about conditions for deep reductions in nuclear forces,
Confirm the following:
1. The Russian Federation, the United Kingdom of Great Britain and Northern Ireland and the United States of America reaffirm their commitment to Ukraine, in accordance with the principles of the Final Act of the Conference on Security and Cooperation in Europe, to respect the independence and sovereignty and the existing borders of Ukraine;
2. The Russian Federation, the United Kingdom of Great Britain and Northern Ireland and the United States of America reaffirm their obligation to refrain from the threat or use of force against the territorial integrity or political independence of Ukraine, and that none of their weapons will ever be used against Ukraine except in self-defence or otherwise in accordance with the Charter of the United Nations;
25/03/2022
ACREDITE SE QUISER: Mobilidade social na URSS
24/03/2022
DIÁRIO DE BORDO: Elegeram-no? Então aguentem outros cinco anos de TV Marcelo (6) - Mal por mal, mais vale atribuir medalhas (em silêncio)
23/03/2022
Where should a freedom fighter, a devotee of Donald Trump, accused by the American justice of participating in the invasion of the Capitol take refuge?
Birds of the same feathers flock together |
The 48-year-old first settled in Ukraine, before reaching Belarus where he asked for asylum - claiming he faced "political persecution" in the US.
A Belarusian official said Mr Neumann has been granted permission to remain in the country "indefinitely".
O iliberalismo em geral e a tirania em particular odeiam a verdade e os factos
«Humankind can not bear very much reality» |
22/03/2022
ARTIGO DEFUNTO: Da admiração pelo tirano e a simpatia pelas suas causas à co-fundação de um clube liberal (uma espécie de “NATO do pensamento”) em apenas cinco semanas?
O Dr. Miguel Sousa Tavares (MST), também conhecido como tudólogo, ainda hoje nos surpreende, na circunstância com uma série de peças na sua coluna no Expresso sobre a invasão da Ucrânia, peças que em seguida cito e comento.
11
de Fevereiro “Esta guerra que nos querem vender”
MST garante que a “invasão
iminente” é uma invenção dos “especialistas ocidentais” e do “círculo belicista
NATO-Estados Unidos-Inglaterra” e questiona o que “teria Putin a ganhar com
isso”, afinal seria “uma guerra que os russos pedem que evitem”.
18
de Fevereiro “A Rússia já invadiu?”
“Apesar de todos os esforços de
Biden, Johnson e desse incendiário imbecil que é o secretário-geral da NATO,
aposto que até hoje a Rússia não Invadiu a Ucrânia”, escreveu numa altura em que era
público, notório e documentado com imagens a preparação da invasão.
Para quem não saiba, o “incendiário
imbecil” é Jens Stoltenberg. ex-primeiro-ministro da Noruega e líder do Partido
Trabalhista, Noruega quem tem uma fronteira de 200 km com a Rússia e uma
fronteira de 700 km com a Finlândia que resistiu à invasão em 1939 pela União
Soviética que desistiu depois de imensas baixas, não sem anexar a região do
lago Ladoga.
25
de Fevereiro “Guerra e Paz”
“Sim, invadiu.” Reconheceu MST e
em vez de se penitenciar pelo que escrevera antes ataca a suposta “satisfação
intelectual de tantos que passaram semanas a anunciar a invasão, parecendo
mesmo desejá-la” e criticava o “lado ocidental” por não ter feito “um esforço
série de negociação”.
Recorde-se que na véspera Putin tinha
assim anunciado o lançamento da “operação especial” sem qualquer condição
negocial:
“Neste contexto, de acordo com o
artigo 51 (Capítulo VII) da Carta da ONU, com permissão do Conselho da
Federação da Rússia, e em execução dos tratados de amizade e assistência mútua com
a República Popular de Donetsk e a República Popular de Lugansk, ratificada
pela Assembleia Federal em 22 de fevereiro, tomei a decisão de realizar uma
operação militar especial.
O objetivo desta operação é proteger as pessoas que, há oito anos, enfrentam humilhações e genocídios perpetrados pelo regime de Kiev. Para isso, buscaremos desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia, bem como levar a julgamento aqueles que cometeram inúmeros crimes sangrentos contra civis, inclusive contra cidadãos da Federação Russa.”
21/03/2022
Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (7)
Os amanhãs que cantarão do Dr. Costa
Primeiro, descobriu-se que a Dr.ª Mortágua que recebia ilegalmente emolumentos da SIC para fazer comentário político. De seguida, soube-se que está em risco de ser condenada em Tribunal a pagar uma indemnização por ter insultado Markos Leivikov e o pasquim online Esquerda.net viu-se obrigado a publicar o direito de resposta do insultado.
Por coincidência, pouco depois, veio a saber-se que a Dr. Gomes, outra justiceira do regime sempre de dedo apontado aos corruptos que ela consegue ver, está envolvida numa trapalhada de construção clandestina e fintas ao fisco relacionada com a sua propriedade no Parque Natural de Sintra-Cascais.
E, por falar em figuras notáveis da extinta geringonça (a Dr. Gomes pode ser considerada uma militante supranumerária da geringonça), ocorre-me citar que se confirmou ter a Festa do Avante! contado com participação de trabalhadores da câmara do Seixal. Nada mais natural.
20/03/2022
Dúvidas (332) - De que estão à espera os sindicalistas e os áctivistas?
De que estão à espera os sindicalistas do PCP para convocarem uma manif em frente à sede do Bloco de Esquerda em protesto contra os despedimentos?
De que estão à espera os áctivistas da igualdade de "género" para protestarem contra o governo ucraniano que discrimina as pessoas com útero não as mobilizando para o exército e subtraindo-lhes a oportunidade de morrerem pela pátria?
SERVIÇO PÚBLICO: Putin e a invasão da Ucrânia vistos pelo antigo MNE da Rússia
Excerto da entrevista do FT a Andrei Kozyrev, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia desde Outubro de 1990 a Janeiro de 1996.
«Kozyrev acredita que Putin ainda pensa que está agindo racionalmente. Não razoavelmente, esclarece Kozyrev, mas racionalmente. Regimes autoritários “não podem ser sustentáveis sem esses tipos de agressão formal. Porque eles são instáveis por dentro”, argumenta Kozyrev. Além disso, ele acha que Putin passou a acreditar que o povo ucraniano realmente quer ser libertado por Moscovo.
“Ele acredita em todas aquelas mentiras que sua propaganda alimenta o povo russo.” (...)
19/03/2022
Tentando compreender o racional da clique putinesca ao decidir invadir a Ucrânia (2)
Continuação daqui.
[Putin e os seus Siloviki não são irracionais, são movidos por razões, daí o racional do título]
O jornalista e editor da BBC John Simpson entrevistou Ibrahim Kalin, conselheiro principal e porta-voz do presidente turco Erdogan, que tinha acabado de escutar a conversa telefónica entre o Czar Vlad e o Pasha Recep, e resumiu assim o que Kalin comentou sobre as exigências do Czar:
«As exigências russas dividem-se em duas categorias.
As primeiras quatro exigências, segundo Kalin, não são muito difíceis de serem atendidas pela Ucrânia. A principal delas é a aceitação da Ucrânia de que deveria ser neutra e não se candidatar à adesão à NATO. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, já admitiu isso.
Existem outras demandas nesta categoria que parecem principalmente ser elementos para salvar a face do lado russo. A Ucrânia teria que passar por um processo de desarmamento para garantir que não fosse uma ameaça para a Rússia. Teria que haver protecção para a língua russa na Ucrânia. E há algo chamado desnazificação. Isso é profundamente ofensivo para Zelensky, que é judeu e alguns de seus parentes morreram no Holocausto, ...
A segunda categoria é onde estará a dificuldade ... Kalin foi muito menos específico sobre essas questões, dizendo simplesmente que elas envolviam o status de Donbas, no leste da Ucrânia, partes do qual já se separaram da Ucrânia e enfatizaram a sua "russianidade", e o status da Crimeia.
Embora Kalin não tenha entrado em detalhes, a suposição é de que a Rússia exigirá que o governo ucraniano ceda território no leste da Ucrânia. ... A outra suposição é que a Rússia exigirá que a Ucrânia aceite formalmente que a Crimeia, que a Rússia anexou ilegalmente em 2014, de fato agora pertence à Rússia. ...
Ainda assim, as exigências do presidente Putin não são tão duras quanto algumas pessoas temiam e dificilmente parecem valer a pena toda a violência, derramamento de sangue e destruição que a Rússia infligiu à Ucrânia.
Dado seu controle pesado sobre a mídia russa, não deveria ser muito difícil.»
Chegados aqui, a caminho de quatro semanas de duros combates, estima-se que os exércitos putinecos perderam cinco vezes mais equipamentos do que as forças ucranianas e tiveram um número de baixas equivalente às que sofreram nos 3 primeiros anos de guerra no Afeganistão e superiores às americanas em 20 anos de guerra no Afeganistão, e teríamos de concluir que o Czar estaria louco se tivesse ordenado a invasão para garantir quase mesmo que já tinha garantido, e que, em qualquer caso, não teria qualquer legitimidade para exigir a um país independente, ou, não estando louco, como não está, está a tentar salvar a face e a pele de um erro criminoso em que sacrificou o seu povo e o povo ucraniano.
18/03/2022
"Parem de imaginar que Putin vai ser deposto, as fantasias não ajudam a Ucrânia"
Foi com o título acima que Anastassia Fedyk, Yuriy Gorodnichenko, Tania Babina, Tetyana Balyuk e James Hodson que, pelos vistos, sabem do que falam, publicaram o artigo «Stop imagining Putin’s overthrow. Fantasies won’t help Ukraine» (o Público publicou uma tradução) onde os autores lembram aos distraídos:
«As massas russas não se levantarão contra Putin. A campanha de desinformação da Rússia é abrangente e implacável. Políticos da oposição estão presos ou exilados, os mídia independentes foram encerrados e novas leis draconianas ameaçam até 15 anos de prisão para quem falar a verdade sobre a invasão da Ucrânia. Alimentados com essa propaganda, a maioria dos russos diz que o seu presidente tem razão, que os militares russos não atacaram deliberadamente áreas civis e que os ucranianos são nazistas.»
Que outra coisa poderia explicar o Czar ter feito um discurso como o de quarta-feira sabendo que não só não haveria nenhum jornal ou canal de televisão ou mesmo posts nas redes sociais que o contraditassem ou o confrontassem com o chorrilho de mentiras puras ou grosseiras distorções da realidade, como estando seguro que a maioria do povo russo aceitaria passivamente patranhas como o governo ucraniano estar a perpetrar o genocídio da minoria russa no Donbas e a desenvolver armas nucleares e biológicas cujo alvo seria a Rússia, tudo financiado pelo Pentágono.
Para quem duvide, pode ler aqui o discurso integral em russo (o Chrome ou o Edge poderão traduzir) ou, em alternativa, ler aqui um resumo da tradução em inglês.
17/03/2022
Dúvidas (331) - A tropa do Czar também estava a entrar pela fronteira do México?
Breitbart |
«While sending nearly $14 billion to help Ukraine in its conflict with Russia, President Joe Biden fiercely opposed a similar amount for a border wall along the United States-Mexico border to stem illegal immigration and drug trafficking.»
Pois parece que não. Quem entrou nas redes sociais por todas as fronteiras da www foram os trolls ao serviço do Czar que ajudaram a eleger o presidente Trump.
SERVIÇO PÚBLICO: A tirania não tolera imprensa livre. A do Czar Putin não é excepção
Marina Ovsyannikova a furar o blackout putinesco |
«Há seis meses, fui obrigado a deixar a minha casa na Rússia para evitar a ameaça de prisão. O meu crime? Ser jornalista independente. Há três anos, criei o Proekt, um site de reportagem de investigação, que fez cair sobre mim e sobre a nossa equipa toda a força do aparelho repressivo criado por Vladimir Putin para silenciar os meios de comunicação social críticos.
Primeiro, fomos acusados de difamação criminosa. Eventualmente, após ter sido detido e interrogado em várias ocasiões, o Proekt foi declarado “organização indesejável” com a maioria dos nossos funcionários, eu incluído, a ficar com o rótulo de “agentes estrangeiros” – a nossa empresa está registada nos Estados Unidos, pelo que qualquer salário pago aos nossos funcionários conta como financiamento estrangeiro. Há seis meses, perante a inevitável ameaça de uma pena de prisão, exilei-me nos Estados Unidos.
Desde então, tenho continuado a minha missão a partir do estrangeiro e criei uma redacção de investigação em língua russa. Até ao momento da invasão da Ucrânia, sabíamos que os russos podiam aceder às nossas reportagens na Internet. Agora, isso está a tornar-se cada vez mais difícil, uma vez que o processo de supressão de vozes independentes que o Kremlin iniciou há cerca de uma década atingiu novas dimensões totalitárias.
Em casa, na Rússia, qualquer jornalista disposto a chamar “guerra” ao que está a acontecer na Ucrânia tornou-se inimigo do Presidente russo, podendo ser alvo de uma nova lei que visa desmascarar “notícias falsas", que ameaça com uma pena de prisão de até 15 anos.»
Excerto do depoimento de Roman Badanin publicado no Público16/03/2022
Ser de esquerda é... (17)
Para piorar as coisas, a Dr.ª Mariana Mortágua, deputada em regime de exclusividade, que recebia ilegalmente emolumentos da SIC para fazer comentário político, vai deixar de poder contribuir para orçamento do BE. E como se fosse pouco, a mesma deputada está em risco de ser condenada em Tribunal a pagar uma indemnização por ter insultado Markos Leivikov, um russo que investe em empresas portuguesas há 15 anos, chamando-lhe "oligarca russo" e "produto do governo de Putin". Entretanto, o pasquim online Esquerda.net viu-se obrigado a publicar ontem o direito de resposta.
15/03/2022
¿Por qué no te callas? (29) - Para o Dr. Tavares o problema da Ucrânia são os ucranianos que não se dispõem a colaborar na construção do império do Czar Vlad
Pelo menos desde os tempos do seu fascínio pelo Eng. Sócrates que reparei na atracção do Dr. Miguel Sousa Tavares por "homens-fortes", pelo que não me surpreendeu o enlevo que tem mostrado pelo Czar Vlad. Porém, na última peça da sua coluna no Expresso levou esse enlevo, suportado por abundante ignorância histórica (*), ao ponto de justificar a invasão que para ele se fica a dever à "indisfarçada vaidade" de um Zelinsky que, movido pelo seu desejo de celebridade, não aceita negociar a submissão ao Czar.
Pensei em escrever um post a zurzir nas enormidades do Dr. Tavares. Desisti ao ler a resposta de Henrique Raposo «Se Sousa Tavares tivesse razão, Portugal não existia (nem a Irlanda, nem a Noruega, nem a Polónia)» para a qual encaminho quem aqui me lê. O último parágrafo à guisa de teaser:
«Se a lógica de Sousa Tavares fosse o motor da História, nós, portugueses, devíamos ter estado quietos enquanto os franceses saqueavam Portugal, enquanto matavam homens e violavam mulheres. Aliás, se Sousa Tavares tivesse razão, a corte inteira que fugiu da luta contra os franceses (entre 7 mil e 10 mil pessoas) era um primor de sensatez e heroísmo. Pior: se Sousa Tavares tivesse razão, Portugal não podia existir, porque estava e está na “esfera de influência” da Espanha, que chegou a ser a maior potência do mundo. Se Sousa Tavares tivesse razão, os EUA não existiam, tal como a Irlanda independente, tal como a Holanda, tal como a Noruega, etcétera. De facto, é uma maçada isto de os povos desejarem liberdade e respeito.»
(*) Ignorância pela qual já foi zurzido várias vezes pelo outro contribuinte, nomeadamente pelos disparates que escreveu sobre os Países Baixos (O patriotismo tudológico a cavalo da ignorância pesporrente).
14/03/2022
Birds of the same feathers flock together (3) - What US officials say does not mean it is true. What Chinese officials deny means nothing
Financial Times |
«Zhao Lijian, China’s foreign ministry spokesperson, dismissed the claims as “disinformation” from the US. Zhao, who was speaking to reporters in Beijing, reiterated the country’s opposition to “unilateral sanctions”, adding that China would resolutely safeguard the rights of Chinese businesses.»
Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (6)
Ainda a procissão das sequelas da invasão da Ucrânia vai no adro e já o BCE prevê que na Zona Euro a inflação pode subir até 7,1% e o crescimento cair para 2,3%, metade do crescimento em 2021. Por cá a estimativa rápida do INE aponta para uma inflação de 4,2% em Fevereiro.
Não, não estamos, nem mesmo mais do que a Zona Euro que o ano passado cresceu 5,3%, o mesmo que a UE 27, e a economia portuguesa cresceu 4,9%.
O PS não nos trouxe o socialismo, trouxe-nos um capitalismo paroquial dependente do Estado sucial
13/03/2022
The demilitarization and denazification of Ukraine is a little overdue. The destruction of the country continues at a good pace. The Ukrainian people do not seem grateful and welcome the liberators with weapons in their hands
A view of a destroyed school in Kharkiv. [Sergey Bobok/AFP] |
12/03/2022
Em todos os regimes a verdade é a primeira vítima da guerra. Nas autocracias a verdade também sofre durante a pandemia
Fonte |
11/03/2022
Mitos (318) - Diferenças salariais entre homens e mulheres (13)
10/03/2022
DIÁRIO DE BORDO: Pensamento do dia sobre a fé no chefe
«A fé no chefe liberta as pessoas – os russos – do uso da razão e do fardo do livre arbítrio, não têm de verificar factos, não têm de questionar moralmente as ações do poder. »
Henrique Raposo, a propósito dos devotos de Putin, mas podia ser a propósito dos devotos de qualquer outra criatura portadora de Transtorno de Personalidade Narcisista
A propósito do Dia da Mulher sacrifica-se a inteligência à conformidade
A Dr.ª Leonor Beleza, presidente da Fundação Champalimaud, é uma pessoa inteligente e bem informada e, apesar de não ter uma formação académica na área da medicina ou da biologia, tem perfeita noção que nesta área o que pode ser relevante é o sexo feminino ou masculino, isto, é a distinção entre fêmeas (cromossomas XX, sexo homogamético) e machos (cromossomas XY, sexo heterogamético), e não a orientação sexual do indivíduo a que a praga do marxismo cultural chama "género" do qual existirão cento e doze variedades, segundo os praticantes mais assanhados.
Sabendo isso, a Dr.ª Leonor Beleza numa sua entrevista ao DN no Dia da Mulher diz em determinada altura:
«Havia a utilização de modelos animais masculinos na convicção de que tanto fazia e considerando que o sexo não seria relevante para aquilo que se estivesse a estudar. Hoje, sabe-se perfeitamente que é errado, os cientistas dizem que as células têm sexo, e portanto têm diferenças, e essas diferenças têm de ser olhadas e consideradas esteja a estudar-se o que se quiser, em toda a biologia isto é extremamente relevante.»
Talvez percebendo que não mencionando a palavra mágica "género" divergiria do cânone do politicamente correcto e colocaria em risco a sua reputação na bolha da bem-pensância, a Dr.ª Leonor Beleza pôs em risco a sua inteligência salpicando o resto da entrevista com uma dezena de referências perfeitamente despropositadas a "género".
[Como já em tempos escrevi, a tropa doméstica do politicamente correcto usa a palavra "género" copiando os seus homólogos ianques, ignorando que o termo inglês equivalente a "género" em português é "genus"(do latim "genus", raça, família, origem, etc.) e não "gender". Ainda que a origem latina de ambos seja a mesma, o percurso foi diferente: genus (latim) -> gendre (francês antigo) -> gender (inglês)]
09/03/2022
Joe Biden quase a alcançar a popularidade de Donald Trump
Joe Biden’s state-of-the-union address fails to impress |
08/03/2022
Am I wrong, or has President Zelinsky realized that Tsar Vlad is at a dead end and seems ready to abdicate the annexation?
«They should make amendments to their constitution according to which Ukraine would reject any aims to enter any bloc. We have also spoken about how they should recognize that Crimea is Russian territory and that they need to recognize that Donetsk and Lugansk are independent states. And that’s it. It will stop in a moment.»
Am I wrong or this is not quite what Tsar Vlad said he intended with the invasion?
Tass |
07/03/2022
Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (5)
06/03/2022
A melhor maneira de combater a mentira é confrontá-la com a realidade
O algodão não engana. O teste das liberdades
05/03/2022
De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (56) - Qual a letalidade do Covid-19? (11) O caso de Portugal dois anos depois
Este post faz parte da série De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva e é uma continuação de Qual a letalidade da Covid-19? (9) e Qual a letalidade do Covid-19? (10)
Recordando a distinção entre taxa de letalidade, que relaciona o número de óbitos com o número de infectados, e a taxa de mortalidade que relaciona o número de óbitos causados por uma epidemia com a população, num caso e noutro com referência a uma determinada área (mundo, pais, região, cidade, etc.).
Recordando também as patetices (nalguns casos pura manipulação) que os mídia publicaram no início da pandemia garantindo por exemplo que a Covid mataria 26 vezes mais do que a gripe.
O que dados estatísticos mostram é um realidade completamente diferente.
Por várias razões que vão desde a menor gravidade das novas variantes do SARS-Cov-2 (o Ómicron é pouco mais grave de que a gripe comum), uma parte das pessoas de risco (idade e comorbilidades) já faleceram, evolução do conhecimento médico e de novas terapias e percentagem crescente de vacinados, o certo é que actualmente a letalidade total da Covid está em 0,64%, dentro do intervalo da gripe asiática (H2N2) e menos de metade da gripe espanhola (H1N1).