Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
31/12/2020
Pro memoria (409) - «Luz ao fundo do túnel», disse ele
Sugestão de missão para o PAN no Novo Ano
No Natal sugeri ao PAN uma política de habitação para os bernardos-eremitas sem abrigo.
No último dia do ano faço outra sugestão: corrigir a imensa vergonha que é Portugal nem sequer ter atribuído um Animal Protection Index. Podia não ser excelente como o do Reino Unido, podia ser fraquito como o de Espanha, ou, em desespero, podia mesmo ser mau como o do Irão. Mas zero, nada, niente, nihil, nothing, rien, nichts?
30/12/2020
"Eleições faz de conta". Transferências de voto
Entretanto, o estudo do Observador inclui estimativas das transferências de votos relativamente às últimas eleições (atenção: não inclui a distribuição de indecisos).
Destaco os aspectos que me parecem mais significativos:
- O crescimento do PS faz-se muito à custa da transferência de votos do BE;
- O voto do CDS que se transforma numa espécie de abono de família para vários partidos, nomeadamente para o Chega;
- A CDU que continua com eleitorado muito fiel ainda que evanescente;
- O Chega que mobilizou eleitores que votaram branco ou nulo ou se abstiveram nas eleições anteriores, ou seja eleitores que não se sentiam representados pelos partidos existentes e que agora representam mais de um quinto das intenções de voto do Chega.
29/12/2020
CASE STUDY: Trumpologia (72) - That's the end. Yes, it is
28/12/2020
Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (65) - Em tempo de vírus (XLII)
Desta vez é oficial. Foi S. Ex.ª que o disse a propósito da vacina para a gripe, mas poderia tê-lo dito a propósito de qualquer outra coisa. Ressalvo que não foram todos os portugueses, há excepções de portugueses, muitos em número e poucos em percentagem, que anteciparam os resultados da governação do Dr. Costa em sociedade com a trupe de estalinistas, trotskistas, maoistas and all that jazz, todos eles adoradores do Estado que não apreciam a liberdade e detestam o que chamam "os privados".
TAP, uma companhia de bandeira socialista com uma estratégia pedronunista
27/12/2020
De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (47) - Qual a letalidade da Covid-19? (7) Ainda o caso de Portugal
Recordando a distinção entre taxa de letalidade, que relaciona o número de óbitos com o número de infectados, e a taxa de mortalidade que relaciona o número de óbitos causados por uma epidemia com a população, num caso e noutro com referência a uma determinada área (mundo, pais, região, cidade, etc.).
Recordando também algumas das patetices que os mídia foram publicando (ver aqui alguns exemplos dos dislates produzidos), confundindo mortalidade com letalidade e não percebendo que, sendo o número de infectados testados e conhecidos sempre inferior ao número total de infectados, à medida que são feitos mais testes o denominador aumenta mais rapidamente do que o numerador.
Um Serviço de Desenvolvimento de Identidade de Género pode ser uma espécie de clínica do Dr. Mengele
Algumas dessas crianças arrependeram-se anos mais tarde de ter mudado de sexo e quiseram reverter essa mudança que geralmente tem consequências irreversíveis.
Um ser humano comum (normal no sentido gaussiano) verá essas práticas de mudança de sexo como algo patológico, sobretudo quando têm como objecto crianças sem maturidade para escolher um percurso académico quanto mais decidir sobre o seu sexo. Infelizmente, os exemplares desta espécie de Dr. Mengele que praticam essas barbaridades estão possuídos pelo culto da identidade de género que faz parte da religião do politicamente correcto e não são assaltados por essas dúvidas.
Felizmente, no dia 1 de Dezembro três juízes que julgaram a acção de Quincy Bell, uma das vítimas, contra Tavistock and Portman NHS Trust tomaram a uma decisão histórica que vem limitar estas práticas. Vale a pena lei o sumário da decisão (tradução semiautomática):
«1. Este pedido de revisão judicial dizia respeito à legalidade da prática do Tavistock and Portman NHS Trust, por meio do seu Gender Identity Development Service (GIDS), que prescreve medicamentos supressores da puberdade para crianças que sofrem de disforia de género. Disforia de género é uma condição em que as pessoas experimentam angústia por causa de uma incompatibilidade entre sua identidade percebida e seu sexo natal, isto é, o seu sexo no nascimento. Essas pessoas têm um forte desejo de viver de acordo com sua identidade percebida, em vez do que seu sexo natal. As drogas supressoras da puberdade foram prescritas para crianças a partir dos 10 anos para interromper a processo da puberdade, ou seja, os processos biológicos que, de outra forma, ocorreriam e levariam ao desenvolvimento das características sexuais primárias e secundárias.
2. Havia dois requerentes. Quincy Bell nasceu mulher e, por volta dos 15 anos, foram-lhe prescritas drogas supressoras da puberdade para interromper o processo de desenvolvimento das características sexuais femininas. No final ela mudou para um homem tendo tomado hormonas de sexo cruzado para promover as características masculinas e foi depois submetida a cirurgia. "A" é mãe de uma menina de 15 anos. "A" está preocupada que sua filha possa ser encaminhada ao Gender Identity Development Service e lhe possam ser prescritos supressores da puberdade. Os reclamantes alegaram que a prática de prescrever drogas supressoras da puberdade para crianças menores de 18 anos era ilegal, pois elas não tinham competência para dar consentimento válido ao tratamento.
3. O tribunal neste caso concentrou-se nos requisitos legais para obter o consentimento para a realização de tratamento médico. O tribunal não pretendeu decidir se havia benefícios ou desvantagens no tratamento de crianças com disforia de género com drogas supressoras da puberdade. A questão legal no caso dizia respeito à identificação das circunstâncias em que uma criança era competente por lei para dar consentimento válido para o tratamento.
4. O tribunal considerou que, para que uma criança ser competente para dar um consentimento válido, a criança teria de compreender, reter e pesar as seguintes informações: (i) as consequências imediatas do tratamento em termos físicos e psicológicos; (ii) o facto de que a grande maioria dos pacientes a quem são administradas drogas de bloqueio da puberdade passam a tomar hormonas do sexo cruzado e estão, portanto, num processo para intervenções médicas mais profundas; (iii) a relação entre a ingestão de hormonas sexuais cruzadas e a cirurgia subsequente, com as implicações de tal cirurgia; (iv) o facto de que as hormonas do sexo cruzado podem conduzir a uma perda de fertilidade; (v) o impacto das hormonas do sexo cruzado na função sexual; (vi) o impacto que esse passo no processo de tratamento pode ter em relacionamentos futuros e ao longo da vida; (vii) as consequências físicas desconhecidas de tomar drogas supressoras da puberdade; e (viii) o facto de que a base de evidências para esse tratamento ainda é altamente incerta.
5. O tribunal considerou que era altamente improvável que uma criança de 13 anos ou menos fosse competente para dar consentimento à administração de drogas supressoras da puberdade. Também era duvidoso que uma criança de 14 ou 15 anos poderia compreender e pesar os riscos e consequências a longo prazo da administração de drogas supressores da puberdade.
6. No que diz respeito aos jovens com 16 anos ou mais, a situação legal é que existe na lei presunção de que eles têm a capacidade de consentir o tratamento médico. Dadas as consequências de longo prazo das intervenções clínicas em questão neste caso, e dado que o tratamento ainda é inovador e experimental, o tribunal reconheceu que os médicos devem considerar estes como casos em que deve ser pedida a autorização do tribunal antes de iniciar o tratamento com drogas supressoras da puberdade.»
26/12/2020
SERVIÇO PÚBLICO: A verdade só é como o azeite com uma imprensa livre e gente independente, uma e outra em risco na democracia asmática do PS
«Na hora de apresentar aos portugueses um primeiro esboço do programa de utilização dos €26,1 mil milhões, que terá de ser submetido à Comissão Europeia até ao próximo dia 15 de outubro, António Costa referiu-se apenas a €15,3 mil milhões, deixando escapar, quase entredentes, que Portugal não se candidataria aos €10,8 mil milhões que nos foram atribuídos a título de empréstimo. Portugal não quer empréstimos, só aceita fundo perdido. Razão invocada: a dívida pública portuguesa já é muito elevada. (...)
O primeiro-ministro de Portugal congratulou-se com os €750 mil milhões do Fundo de Recuperação mas, na hora de nos dizer de quanto dinheiro dispúnhamos, nunca incluiu os €10,8 mil milhões deste Fundo que nos foram atribuídos a título de empréstimo. Não mentiu. Tardou apenas algum tempo, e deu algum trabalho para que se tornasse claro. (...)
Com as contas mais equilibradas, o problema do excesso de dívida pública não desapareceu, vendo-se agora subitamente agravado pela crise económica e social provocada pela pandemia. O défice público está de regresso, e apenas em 2020 e em 2021, fazendo fé nas contas e nas projeções do Governo, o Estado Português terá dois défices que, somados, rondarão os €27 mil milhões, aumentando no mesmo montante a dívida pública. O Governo português recusa €10,8 mil milhões de empréstimo da UE porque está muito endividado, mas vai endividar-se, no mesmo período, em €27 mil milhões. Porquê? Porque os primeiros teriam de financiar investimento público e privado, acompanhado de reformas, enquanto os segundos financiarão consumo público, mesmo na parte em que este se vai ver aumentado, pese embora a enorme redução de receita. Algum deste aumento do consumo público não é estritamente indispensável e, em matéria de reformas, não haverá nenhuma.»
A verdade, como o azeite.... Daniel Bessa
25/12/2020
Sugestão de Natal para o PAN: uma política de habitação para os bernardos-eremitas sem abrigo
24/12/2020
Draining the swamp
Mr. Trump, who used the clemency power only sparingly early in his term, appears to be freely exercising it in his final weeks in office to grant reprieves to allies and associates in his political orbit. In addition to the acts of clemency announced this week, last month he pardoned his former national-security adviser Mike Flynn, who had pleaded guilty to lying to the Federal Bureau of Investigation.
Messrs. Stone and Manafort played instrumental roles in the president’s political rise, with Mr. Manafort serving as his campaign chairman in 2016 and Mr. Stone acting as a longtime political confidant. Both men were charged as part of former special counsel Robert Mueller’s investigation of Russian interference in the 2016 election. The elder Mr. Kushner was sentenced to two years in prison on charges related to witness tampering during a federal investigation of his business more than a decade ago.
An analysis by Harvard Law professor and former Justice Department official Jack Goldsmith found that 60 of the 65 pardons Mr. Trump granted before Wednesday went to individuals with personal or political connections to the president. Mr. Trump has bypassed the normal Justice Department process for reviewing pardons, frequently hearing appeals for clemency directly from celebrities or other friends, business associates or political allies.»
Mitos (309) - O contrário do dogma do aquecimento global (XXV)
23/12/2020
Profissões perigosas na Rússia do Czar Vladimir: político da oposição, jornalista e médico
Temei as paixões socialistas, sobretudo as da educação
Ricardo Reis, um economista e professor no departamento de economia da London School of Economics, com uma coluna semanal no Expresso, confessou que em 2013 escreveu «claro que a paixão socialista pelo ensino foi um sucesso». Sete anos depois, já devidamente instruído pelos resultados da paixão socialista, faz um balanço realista do desastre e escreve A paixão morreu, de onde respigo o excerto seguinte:
«António Costa chegou ao Governo em 2015. Começou escolhendo Tiago Brandão Rodrigues para ministro. A sua experiência no sector era tão reduzida que os jornais só conseguiam realçar que ele tinha sido voluntário durante uns meses nos Jogos Olímpicos de Londres. Enquanto a maioria dos ministros da Educação até então tinha currículos académicos extensos, recheados de publicações, cátedras e reitorias, Rodrigues era ainda apenas um investigador associado de um laboratório. O spin do PS na altura vendeu a sua carreira como de enorme distinção científica, na calha para um prémio Nobel, quando ele não fazia sequer parte do quadro de professores de um departamento.
A imprensa deu-lhe justamente o benefício da dúvida, tendo em conta a sua juventude. Hoje, cinco anos depois, podemos cobrar. Durante a maior parte do seu mandato, Rodrigues não se deu sequer ao trabalho de nomear administradores para a Parque Escolar. Os edifícios deterioram-se. Depois do que sofreram Marçal Grilo, Oliveira Martins ou David Justino para impor o bem-estar dos alunos ao sindicato nas negociações com a Fenprof, Rodrigues cedeu quase sempre. Os exames no 4º ano foram cancelados e a prioridade mudou da excelência para a inclusividade. Os ganhos continuam ilusórios, mas a perda de excelência já é clara nos números, com uma redução nas notas dos alunos nos testes internacionais. Ainda muitos se lembram, com aprovação ou reprovação, da visão obstinada e da determinação de Lurdes Rodrigues ou Nuno Crato. Ao ministro da Educação Rodrigues, que está há mais tempo continuamente em funções do que qualquer outro no pós-25 de Abril, é difícil apontar uma ideia clara, um objetivo orientador ou uma visão para a educação em Portugal, para além de culpar o Governo anterior sempre que corre algo mal.
No ensino superior, tem sido penoso ver o ministro Manuel Heitor, ao longo dos anos, defender ideias e anunciar medidas com bom senso (algumas melhores e outras piores) para depois realizar muito pouco, porque as verbas ficaram cativadas. Na ciência, a cada ano que passa crescem na comunidade de investigadores as críticas à FCT, em parte pelas suas decisões erráticas e procedimentos atrasados, em parte pela exiguidade de fundos. Onde houve progresso nestes anos, ele partiu quase sempre da iniciativa de uma ou outra universidade.»
22/12/2020
"Eleições faz de conta". Pequenas alterações para os grandes e grandes alterações para os pequenos
- O Bloco de Esquerda desce de 8% para 7,3% e fica abaixo do Chega que sobe de 7% para 7,7%;
- O CDS e o PAN melhoram de 2% para 3,2% e de 2% para 3,4%, respectivamente
- A maior subida (pouco verosímil) é do IL de 1% para 4,5%
- A maior descida é a da CDU dos comunistas de 7% para 5,4%.
21/12/2020
Proposta Modesta para Fomentar a Consolidação Fiscal do Estado Sucial e Torná-lo Cada Vez mais Sulidário
Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (64) - Em tempo de vírus (XLI)
20/12/2020
O sonho húmido de um empresário do regime é o "condicionamento industrial"
«É possível proteger o mercado sem violar a legislação europeia?
Se em Espanha o conseguem proteger sem violar a lei, nós também o deveríamos fazer.»
Entrevista ao empresário António Mota, presidente da Mota-Engil no Expresso.
[Para quem se tenha esquecido: o Estado Novo - uma espécie de Estado sucial em que a imprensa também era quase toda boa imprensa, com a diferença que os oposicionistas podiam ser presos, e no Estado sucial ainda não - adoptou uma política designada por "condicionamento industrial" que só autorizava a criação de novas empresas com a concordância dos incumbentes, e que nas colónias impunha a compra de produtos fabricados na metrópole]
O Natal é como eles quiserem e democratas e republicanos querem Natais diferentes
19/12/2020
"Eleições faz de conta" continuam a mostrar várias coisas e a esconder outras
ACREDITE SE QUISER: O animal feroz faleceu e ressuscitou no corpo de um Sr. Eng. Sócrates que promove o jornalismo independente
«O tenebroso assunto foi mantido a custo no espaço público por algumas jornalistas da imprensa escrita - o resto, a indústria televisiva que domina a agenda política e que, na prática, decide o que existe e não existe, não viu no caso motivo de indignação, com a virtuosa exceção de uma delas que deu a notícia.»
Fiquei comovido.
18/12/2020
Dúvidas (298) - Se não identificarmos os "géneros", como lutaremos pela igualdade entre eles?
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Se um conservador pensa como um socialista e adopta políticas socialistas, então é um socialista
«It is clearly not sustainable to borrow at these levels. I don’t think morally, economically or politically it would be right,’ he says. ‘Running a structural deficit years into the future, with debt rising? That’s not building up the resilience you need to deal with the future shock that will come along, and someone else will be sitting in my chair. We now have had two of these things in a decade: who knows what the next shock will look like?
If we [Tories] think borrowing is the answer to everything, that debt rising is fine, then there’s not much difference between us and the Labour party.»
Rishi Sunak, ministro inglês das Finanças que deveria residir oficialmente no n.º 10 Downing Street e não no n.º 11, em entrevista à Spectator.
17/12/2020
Dúvidas (297) - E os conflitos entre Tartaranhões-pálidos e humanos? Não interessam?
Expresso |
16/12/2020
CASE STUDY: Trumpologia (72) - That's the end
Pro memoria (408) – a nacionalização do BPN não custou nada e o nada vai já em ? mil milhões (XIV)
Recordemos ainda que a nacionalização do BPN foi entusiasticamente apoiada pelo Berloque na pessoa do seu Querido Líder Louçã, agora semi-aposentado, o que não impediu sete anos depois a sua sucessora Querida Líder Catarina Martins dizer com grande descaro que o Novo Banco «é cada vez mais o novo buraco (...) e cada vez lembra mais o BPN».
De vez em quando, são tornadas públicas estimativas de quanto já custou e de quanto ainda vai custar a nacionalização do BPN. Nesta altura, estou a imaginar-vos a perguntar: quanto já custou? estimativas? Então as contas não são do passado e as estimativas para futuro? Sim, respondo, num país normal; num país que não sofresse da maldição da tabuada. Em Portugal fazem-se estimativas para o passado e palpites para o futuro.
Moral da estória que não tem moral, como diz o lema de estimação do (Im)pertinências: O socialismo não acaba enquanto não acabar o dinheiro dos contribuintes dos países frugais.
15/12/2020
NOVA ENTRADA PARA O GLOSSÁRIO DAS IMPERTINÊNCIAS: Força de segurança humanista
Força de segurança humanista
Como na definição que o Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras faz do corpo policial responsável pelo assassinato por tortura no Aeroporto da Portela do ucraniano Ihor Homenyuk:
«Não há nenhuma outra força de segurança, não há nenhuma outra polícia, cujos membros se tenham esforçado tanto para merecer o título de mais moderna, mais eficiente, mais competente e mais humanista das forças e serviços de segurança que existem em Portugal».
De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (46) - Experiências fora da caixa (4) - O caso do Japão
Este post faz parte da série De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva e é uma continuação de Experiências fora da caixa (1), (2), (3) e (4), em particular do primeiro dedicado post dedicado ao Japão.
«Quando o Diamond Princess, um navio de cruzeiro com um surto de Covid-19, chegou ao Japão em Fevereiro, parecia um golpe de má sorte. Uma placa de Petri flutuante ameaçava transformar o arquipélago japonês em numa grande placa. Em retrospectiva, no entanto, a exposição precoce ensinou às autoridades lições que ajudaram a tornar a epidemia do Japão a mais branda entre as grandes economias do mundo, apesar do recente surto de infecções. No total, 2.487 pessoas morreram de coronavírus no Japão, pouco mais da metade do número na China e menos pessoas do que em um único dia na América várias vezes na semana passada. O Japão sofreu apenas 18 mortes por milhão de pessoas, uma taxa mais alta do que na China, mas de longe a mais baixa do G7, um clube de grandes democracias industrializadas. (A Alemanha vem em segundo lugar, com 239.) O mais impressionante é que o Japão alcançou esse sucesso sem bloqueios rígidos ou testes em massa - as principais armas na batalha contra a covid-19 em outros lugares. (...)
Em vez disso, o governo tentou aplicar as lições da Princesa Diamante. Depois de oficiais de quarentena treinados e enfermeiras terem sido infectados a bordo do navio, apesar de seguirem os protocolos para vírus que se espalham por meio de gotículas, a equipe de Oshitani concluiu que o vírus espalhou-se pelo ar. Já em março, as autoridades japonesas começaram a alertar os cidadãos para evitar o san-mitsu ou “3Cs”: espaços fechados (confined and enclosed spasces), lugares lotados (crowded places) e locais de contato próximo (close-contact settings). (...)
Evidentemente que essas percepções teriam sido em vão se as pessoas comuns as tivessem ignorado. Mas os japoneses acataram o conselho do governo de ficarem em casa e de entrarem em quarentena caso apresentassem quaisquer sintomas do coronavírus, embora essas advertências não tivessem força legal. “Às vezes somos criticados por sermos uma sociedade excessivamente homogénea, mas acho que desta vez desempenhou um papel positivo”, diz Nishimura. E o Japão já impecável se tornou ainda mais meticuloso quanto à higiene. Enquanto os americanos discutiam se as máscaras eram um ataque à liberdade pessoal, os japoneses fizeram fila do lado de fora da Uniqlo para o lançamento de sua nova linha de máscaras. Durante as primeiras dez semanas da temporada de gripe neste Outono, o Japão teve apenas 148 casos de gripe comum, ou menos de 1% da média de cinco anos para o mesmo período (17.000).
Melhor ainda, embora a população do Japão seja desproporcionalmente idosa e, portanto, potencialmente mais vulnerável à Covid-19, ela também é muito saudável. Apenas 4,2% dos japoneses adultos são obesos, uma condição conhecida por tornar a doença mais letal. Essa é a taxa mais baixa da OCDE e um décimo da dos Estados Unidos. O Japão também tem um bom sistema de saúde, com cobertura universal e muitos hospitais bem equipados. Ela ainda tinha muitos rastreadores de contato já treinados, parte de uma rede de saúde pública estabelecida que datava da década de 1930.
Essas vantagens claramente têm os seus limites. O vírus espalhou-se rapidamente nas últimas semanas, atingindo níveis recordes em termos de casos diários e mortes diárias. O governo teve de enviar pessoal médico das Forças de Autodefesa para apoiar hospitais nos locais mais atingidos. Mas, ao mesmo tempo, desencoraja a cautela com um esquema que subsidia o turismo doméstico e refeições fora, em um esforço para ajudar a economia. Embora isso pareça ter contribuído para a disseminação recente da covid-19, o governo apenas o conteve, em vez de descartá-lo. E o tempo frio agora está empurrando as pessoas para os espaços 3C , como tem acontecido no hemisfério norte. Mas no Japão, pelo menos, o recente crescimento no número de casos começou de uma base dramaticamente menor.»
(The Japanese authorities understood covid-19 better than most)
Senado americano - a bolsa ou o partido
Economist |
14/12/2020
Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (63) - Em tempo de vírus (XL)
Dedicatória
13/12/2020
Lost in translation (344) - «Deixar desaparecer a TAP era como deixar desaparecer a Autoeuropa ou pior»
«Se a TAP desaparecesse teríamos de tirar o brinquedo ao Pedro Nuno - desde pequenino ele tem uma fixação em aviões - e o rapaz ficaria frustrado e com tempo disponível para conspirar full time contra o António nas distritais e concelhias. O que nunca aconteceria com o desaparecimento da Autoeuropa porque jamais os alemães deixariam que o rapaz lá pusesse as mãozitas.»Já agora, ocorre-me que as preocupações do Dr. Pedro Nuno Santos, partilhadas por S. Ex.ª, um e outro melhores dos melhores na aviação mundial, quanto às consequências de deixar falir a TAP, segundo eles catastróficas, se enquadram no que no (Im)pertinências chamamos o efeito Lockheed TriStar.
QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (68) Unintended consequences (XXII)
Em retrospectiva:
Têm-se multiplicado as advertências sobre os efeitos das políticas não convencionais dos bancos centrais poderem desencadear a próxima crise financeira, algo para o qual temos vindo à chamar a atenção há vários anos, pelo menos desde este post de 2012 (duas semanas antes do «whatever it takes» de Draghi): «ainda não saímos de uma e já estamos a trabalhar para criar a próxima. Vai acabar mal.»
Hyman Minsky would have had a field day with last week’s US inflation numbers. One of the key points in the late, great economist’s Financial Instability Hypothesis was that there are two kinds of prices — prices for goods and services, and asset prices. Inflation in the two areas should, as a result, differ. And indeed they have, quite markedly. The latest Consumer Price Index figures show that almost all core inflation, which was weaker than expected, was in rent or the owner’s equivalent of rent (up 0.3 per cent). Core goods inflation, meanwhile, was down 0.2 per cent.
Very simply, this means that the housing market is once again completely out of sync with the rest of the economy. A decade on from the subprime bubble, housing, which is not only shelter but also the biggest financial asset for most Americans, is the only major component of the CPI with a national inflation rate that is consistently above the overall number.
Why is this? Because, just as Minsky would have predicted, loose monetary policy over the past several years buoyed assets, but didn’t create meaningful new supply or, consequently, enough demand in construction and other home-related areas. The point is illustrated in an academic paper, “What the Federal Reserve got totally wrong about inflation and interest rate policy” from the Mario Einaudi Center for International Studies at Cornell University. As its author Daniel Alpert says: “What we have now is a form of inflation that’s never been seen before — it’s all concentrated in housing.”
Over the past decade, the cost of shelter has risen sharply compared with everything else, the report notes. It hit a historic high of 81 per cent of core inflation in the summer of 2017 and remains “the lion’s share”.
12/12/2020
Portugal dos Pequeninos, um Estado Sucial, uma democracia asmática, uma economia descapitalizada e endividada, uma produtividade medíocre. Como se fosse pouco, uma demografia moribunda
Ser de esquerda é... (13)
11/12/2020
Um dia como os outros na vida do estado sucial (43) - Nos ucranianos pode-se malhar, nas cadelas é que não
O balão de hidrogénio do Dr. Galamba ou mais um elefante branco a caminho (4) - Há uma diferença grande entre um visionário e um lunático, por vezes só visível depois de uma soma grande de dinheiro
«Em 2019, a Comissão Europeia definiu, no âmbito do Pacto Ecológico Europeu, o hidrogénio como uma das suas apostas para a descarbonização energética da União Europeia até 2050. Nesse contexto, Portugal apressou-se a entrar na corrida e apresentou a Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2) para aceder aos fundos europeus, supostamente para fomentar a criação de emprego e contribuir para o caminho da descarbonização.
Mas a estratégia para o hidrogénio verde terá custos económicos e vários obstáculos.
A EN-H2 propõe um financiamento público de 900 milhões de euros, prevendo que a produção de hidrogénio se reparta em 2030 no consumo interno e à exportação e que seja competitivo em termos financeiros no futuro.
Aqui deparamo-nos com o primeiro obstáculo. Não existe qualquer garantia que o hidrogénio verde seja competitivo num futuro próximo. A Agência Internacional de Energia (AIE) emitiu um relatório que prevê que o hidrogénio apenas seja competitivo a partir de 2050. Isto significa, na perspectiva mais optimista, que Portugal poderá daqui a três décadas vender hidrogénio verde a preços ligeiramente mais competitivos que o hidrogénio produzido com gás natural.
Neste cenário, o megaprojeto de Sines como estandarte na estratégia do Governo soa a mais uma aposta de risco devido ao gigantesco esforço financeiro e a um retorno a longo prazo incerto. (...)
Por último, no atual momento social e económico, com a economia paralisada, desemprego a galope, quebra do PIB superior a 12%, défice público a subir em flecha e muitos anos de recuperação pela frente, não é compreensível que o Governo continue com a estratégia do hidrogénio verde a alimentar um negócio de risco.
Analisando outras economias mais robustas de países desenvolvidos e mais empenhadas no processo de descarbonização que Portugal, é interessante constatar que nenhuma deu ao hidrogénio tanto protagonismo. As dúvidas suscitadas, custo e risco altíssimo, podem explicar essa falta de entusiasmo e investimento.»
10/12/2020
ARTIGO DEFUNTO: Isto diz mais sobre o jornalismo praticado no Portugal dos Pequeninos do que sobre S. Ex.ª
A jornalista Maria João Avillez, que conhece muito bem o Dr. Marcelo Rebelo de Sousa e o jornalismo que se pratica neste país, confirma no Observador o que uma criatura atenta infere da leitura dos mídia do Portugal dos Pequeninos:
«Já se notou: é farta a quantidade de estafetas que o Presidente da República tem na “media” a correr por ele. A troco de um pedaço de açúcar — um poderoso telemóvel que zumbe de Belém, um elogio que mesmo que nunca sentido é “distinção” inesquecível; um convite para almoçar que do dia para a noite, transfigura um jornalista num comensal do Palácio, etc. Não sabemos quantos se desvanecem isto, suspeitamos que muitos, mas sabemos porém que foram poucos os que se aperceberam da ocorrência de dois factos desagradavelmente inabituais, assinados por Belém.»
E por falar no jornalismo que se pratica neste país, recordo uma vez mais (*) os célebres e desaparecidos Papéis do Panamá que permitiriam identificar os jornalistas que faziam parte da lista dos "avençados" do GES, uma espécie de serventuários do Dono Disto Tudo que durante anos publicaram "notícias positivas" sobre o bando ES.
(*) Ver a série A lista de Salgado (1), (2), (3), (4) , (5) e (6).
Dúvidas (296) – Irá o Brexit consumar-se? (XX) - O que começa por equívoco acaba por equívoco
09/12/2020
ACREDITE SE QUISER: Ela disse que era social-democrata. Não se riam já. Talvez ela quisesse parecer uma espécie de Rosa Luxemburgo com um século de atraso
«Eu sou uma social-democrata (...) haverá diferentes graduações, eu não sou uma social-democrata na mesma graduação que Marcelo Rebelo de Sousa (...)», disse Marisa Matias, eurodeputada e dirigente do Bloco de Esquerda em entrevista à TVI24.
Talvez Marisa Matias que, recorde-se, foi para Bruxelas fazer companhia ao falecido Miguel Portas, se visse como uma Rosa Luxemburgo serôdia, uma revolucionária polaca fuzilada em Berlim em 1919, que entre outras filiações foi também membro do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD).
Entretanto, Francisco Ramos, secretário de Estado de cinco governos do PS e Coordenador do plano nacional de vacinação para a covid-19, protagonista nesta última qualidade dos momentos mais hilariantes do Isto é Gozar com Quem Trabalha do dia 6 (ver o vídeo a partir de 4:46), talvez impressionado pela social-democracia de Marisa, declarou-lhe o seu apoio.
Maldição da tabuada (55) - Ele diz que é culpa do governo PSD. Não é, mas percebe-se. Ele não sabe fazer contas
Citando Filipe Oliveira:
«O TIMSS (Trends in International Mathematics and Science Study) é uma avaliação internacional organizada de quatro em quatro anos pela International Association for the Evaluation of Educational Achievement, IEA. A aplicação de testes estandardizados – com conteúdos e graus de complexidade e de dificuldade equivalentes entre as diferentes edições – permite comparar o desempenho dos alunos portugueses com o dos alunos oriundos dos outros países participantes. Permite igualmente, a nível nacional, seguir a evolução da qualidade da aprendizagem e, de forma mais lata, do sistema educativo nacional. Os testes são concebidos após uma análise detalhada dos currículos do 4.º ano dos diferentes países, centrando-se nos conteúdos comuns previstos para esse ano de escolaridade. Os resultados agora alcançados pelos alunos portugueses no TIMSS 2019 evidenciam um enorme retrocesso relativamente a 2015.- O governo do Dr. Costa apoiado pela geringonça tomou posse em 26 de Novembro de 2015;
- Os deputados da geringonça aprovaram no dia seguinte o projecto de lei do BE que suprimiu os exames finais dos 1.º e 2.º ciclos;
- Desde então foram introduzidas várias outras alterações visando fazer os professores e os alunos felizes;
- Ao governo do Dr. Costa sucedeu-lhe outro em 26 de Outubro de 2019, apoiado pelo BE e do PCP;
- A avaliação do TIMSS 2019 foi dos alunos que frequentaram o 1.º ciclo do ensino básico nos anos lectivos de 2016-17 a 2019-20 durante os governos do Dr. Costa;
- Os resultados da avaliação do TIMSS 2019 pioraram em relação ao TIMSS 2015.
08/12/2020
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Os melhores dos melhores (diz S. Ex.ª), caíram três posições e ficaram um poucochinho menos melhores
IMD World Talent Ranking 2020 |
De 2019 para 2020, Portugal desceu três posições de 23.º para 26.º no IMD World Talent Ranking (*).
(*) «O IMD World Talent Ranking (WTR) avalia o status e o desenvolvimento das competências necessárias às empresas e à economia para a criação de valor a longo prazo, usando um conjunto de indicadores que medir o desenvolvimento, retenção e atracção de uma força de trabalho altamente qualificada nacional e internacional.».
Dúvidas (295) - Alguém sabe o que é feito do plano do Dr. Costa e Silva e qual será o próximo coelho a sair da cartola do Dr. Costa?
Parece ter terminado o seu prazo de validade mediática porque os planos são como os circos: sem dinheiro não há palhaços e sem palhaços não há circo. No caso dos planos é mais a falta da bazuca.
Aguarda-se o próximo coelho que o Dr. Costa irá tirar da sua inesgotável cartola.
07/12/2020
Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (62) - Em tempo de vírus (XXXIX)
Depois ter tentado sem sucesso seduzir o grupo de Visegrado para não travarem a bazuca em troca da neutralidade face aos atropelos ao Estado de direito na Hungria e na Polónia, o Dr. Costa fez mais uma das suas acrobáticas cambalhotas e passou a admitir a exclusão desses países, com grande felicidade do Sr. Macron a quem o Dr. Costa parece pretender cortejar com o propósito de «realizar as suas ambições para um papel político de relevo em Bruxelas», especula o Wall Street Journal que lhe dedica um artigo («Germany Won’t Take Portugal’s EU Split». Deixar cair os princípios para apostar no cavalo errado, significa que, além da já conhecida falta deles, também não mostra a "habilidade" que lhe têm atribuído.
O Dr. Costa não perdoa aos berloquistas - na circunstância por terem votado contra o OE2021 - e imagina que os portugueses também não. Está completamente equivocado. A ser assim, não se compreenderia que ainda há pouco dias só 27% dos portugueses ainda não perdoaram ao Dr. Costa ter perdido as eleições e formar governo com aqueles a quem acusa agora de oportunismo.