Era inescapável. Uma decisão tomada por razões equívocas tem consequências equívocas. A decisão do governo conservador britânico de David Cameron submeter a um referendo a saída da UE tinha um propósito e uma premissa.
O propósito era não perder as eleições por erosão do seu eleitorado para o UKIP de Nigel Farage que fazia uma campanha para a saída fundada na demagogia e na distorção dos factos e dos números. A premissa era que o eleitorado britânico acabaria por recusar a saída. O propósito foi conseguido mas a premissa não se verificou.
Depois de quatro anos, quase esgotado o prazo para negociar os termos acordo de saída, Boris Johnson, que entretanto parece já ter deixado cair as cláusulas ilegais face ao direito internacional, foi a Bruxelas jantar com Ursula von Der Leyen. Ainda não sei o resultado do repasto mas tenho dúvidas que tenha sido fechado o acordo, o que é irrelevante para confirmar as consequências equívocas do Brexit.
Recorde-se, que a saída foi aprovada em Junho de 2016 por 52% dos eleitores e rejeitada por 48% e veja-se no gráfico seguinte da NatCen (Non-partisan information on UK attitudes to the EU before and since the EU Referendum) a evolução da opinião dos eleitores acerca do Brexit entre 21-02-2012 e 18-11-2020.
Desde a primeira sondagem em 21-02-2012 em que o Leave valia 48% e o Remain 30% , os valores inverteram-se por voltas de Maio de 2017 em que as percentagens eram iguais, e desde então e Leave veio decrescendo 38% atingindo em 18-11-2020 contra 47% do Remain, e 15% dos eleitores não sabem responder ou não declararam não votar. Em conclusão, se o referendo fosse agora, não haveria Brexit. Quereis um resultado mais equívoco?
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