Sean Connery, um James Bond, inimitável e politicamente incorrecto |
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
31/10/2020
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (109) - As pandemias são inconstitucionais
30/10/2020
Um domínio onde a extrema-direita americana está claramente à frente da extrema-esquerda
O Center for Strategic & Internacional Studies (CSIS) (*) é um think tank com sede em Washington e está ligado à Universidade de Georgetown. Publicou a semana passada o relatório The War Comes Home: The Evolution of Domestic Terrorism in the United States de onde extraí o gráfico seguinte.
(*) O CSIS tem reputação de independente e neutral e tem sido avaliado nos últimos anos como o think tank n.º 1 na Defesa e Segurança Nacional nos EUA. Lido este relatório pela extrema-esquerda e pela extrema-direita o CSIS será considerado muito provavelmente como de direita pelos primeiros e de esquerda pelos segundos.
29/10/2020
CASE STUDY: O preço da liberdade
«Talvez não surpreenda que as pessoas mais propensas a sacrificar a sua liberdade cívica são as pessoas com maior risco de perder a vida com a covid-19. Mas será isto resultado de estas pessoas serem diferentes das outras, ou antes revela que para a maioria de nós, quando o risco aumenta, estamos dispostos a sacrificar a liberdade? Ou seja, há um trade-off entre os desejos por saúde e por liberdade? Para responder a esta pergunta, os economistas compararam as pessoas para quem o risco de saúde é elevado e que viviam em zonas onde a taxa de infeção era alta, com as pessoas também no grupo de risco mas que vivem em zonas com poucos casos. Os dados revelam uma associação muito forte: quando o risco aumenta, o apoio à redução das liberdades civis é maior.
Mais interessante talvez é separar esta propensão ao sacrifício da liberdade por grupos. Nos dados, a propensão é maior entre os mais jovens, os mais educados e os que têm maiores rendimentos. Ou seja, ao contrário do que talvez muitos diriam, quanto mais ricas, menos as pessoas se parecem preocupar com a sua liberdade, pelo menos em relação à sua saúde. Que os mais ricos e mais educados põem maior ênfase na saúde não é uma surpresa: todo o negócio privado da saúde se apoia neste facto. Mas a sua falta de entusiasmo em defender as suas liberdades cívicas é mais surpreendente. Assim, embora comparando junho com abril as pessoas no inquérito estejam menos dispostas a sacrificar as liberdade cívicas, isto veio acompanhado da redução no risco de saúde: a propensão a sacrificar liberdade por menos risco de saúde mantém-se constante.
Um resultado interessante tem a ver com a StayAway Covid. As pessoas no inquérito estão a favor de instalar uma app como esta. Mas a um grupo dos inquiridos os economistas revelaram informação sobre como a app tem sido usada na China e na Coreia do Sul, com grande controlo sobre os cidadãos. Depois de saberem isto, as pessoas são muito menos favoráveis a instalar a app. Ou seja, talvez as pessoas deem as suas liberdades como adquiridas, mas depois de as perderem já acham mal. Só que nessa altura, frequentemente, é tarde demais.»
Excerto de As pessoas querem ser livres?, Ricardo Reis no Expresso
Tenho para mim que a história mostra que o povo português valoriza pouco a liberdade e está disposto a abdicar dela com facilidade. Quase cinco décadas de acomodação com reduzida resistência a uma ditadura frouxa (por muito que os poucos resistentes nos queiram vender a ideia de uma ditadura feroz) e outras cinco de acomodação a uma democracia asmática e a tolerância a políticos corruptos e incapazes, mostram isso mesmo.
28/10/2020
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: Recado do situacionista socialista ao jornalismo independente e a quem o publica. Considerem-se avisados
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Boris Johnson. Guerra civil, disse um dos amotinados
«The party is now divided into so many factions that civil war in the future will be inevitable.»
27/10/2020
Normalfobia, uma causa implícita no áctivismo
Pode haver ajuntamentos mais de 5 pessoas? Só se pertencerem ao mesmo agregado familiar
- Limitação de ajuntamentos:
5 pessoas no acesso, circulação ou permanência na via pública e em outros espaços de natureza comercial e de restauração, exceto se pertencerem ao mesmo agregado familiar
26/10/2020
SERVIÇO PÚBLICO: Deixaram de cantar os amanhãs do Dr. Costa (que um dia tentará refugiar-se em Bruxelas, como o outro se refugiou em Paris)
«Combater com a realidade aquilo que queremos muito ouvir é praticamente impossível. Os últimos anos foram muito ricos em exemplos dessa regra geral. Quisemos acreditar que o problema das pensões estava resolvido, quisemos acreditar que o subfinanciamento da saúde e da educação estava resolvido, quisemos acreditar que era possível aumentar o salário mínimo sem que isso tivesse efeitos no emprego, quisemos acreditar que a redução do horário de trabalho da função pública não custava dinheiro ou degradação dos serviços, quisemos acreditar que era muito fácil e barato reduzir o desequilíbrio das contas públicas, quisemos acreditar que se podia reduzir o défice público, reduzir impostos e, ao mesmo tempo, dar mais e mais dinheiro a pensionistas e funcionários públicos. Disseram-nos que isso era possível e nós, de tantos desejarmos, acreditámos no milagre. O problema é que não há milagres. Assim que desapareceu o crescimento, assim que apareceu a crise, os mesmos problemas de sempre voltam a perseguir-nos.»
Continuar a ler Tempos de ilusão e demagogia, Helena Garrido no Observador
Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (56) - Em tempo de vírus (XXXIII)
A Constituição socialista é o que o Dr. Costa quiser
25/10/2020
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (108) - Outra vez selo branco
- Promulgou o diploma que autoriza o governo a aprovar um regime especial de expropriação no âmbito do Programa de Estabilização Económica e Social;
- Promulgou a lei que reduziu a dois por semestre os debates sobre a UE no parlamento que até agora tinha lugar antes de cada reunião do Conselho Europeu;
- Promulgou o diploma que aumenta para dez mil, o número mínimo de subscritores para uma petição ser apreciada.
Um Rio cada vez mais parecido com um socialista (8) - A linha vermelha do Dr. Rio passa por um acto de contrição do Dr. Costa
O semanário de reverência sob o título Rio só admite salvar Orçamento do Estado se Costa pedir desculpa ilumina-nos sobre a visão política do Dr. Rui Rio a respeito da aprovação orçamento tal como transmitida pelo seu líder parlamentar:
«“não há margem” para entendimentos in extremis, a menos que António Costa venha a público fazer um ato de contrição pela frase que lhe ficou colada à pele.
“O primeiro-ministro foi muito arrogante quando disse que no dia em que precisasse do PSD para sobreviver o Governo caía. Ou ele se contradiz, pede desculpas e diz que não era assim — e aí talvez as coisas pudessem ser reequacionadas — ou, como ele não vai pedir desculpas, se é assim o jogo, se é assim a terminação, temos uma linha vermelha”»
É uma espécie de mensagem subliminar aos eleitores do PSD: é indiferente votar PSD ou PS desde que o camarada companheiro Dr. Costa se retrate e peça desculpas.
24/10/2020
Fact checking ao Fact Check do Observador (2) - Um desperdício de semântica
O mesmo País, a mesma clique socialista. O mesmo Jornal, o mesmo jornalismo de causas. O mesmo anúncio. 20 anos depois.
O debate Trump-Biden visto de Houston
Rita Carreira sobre o debate em A Destreza das Dúvidas
Não é obrigatório apreciar os posts de RC (eu aprecio). Aos devotos de Biden ou Trump que possam considerar-se ofendidos, recomendo que leiam ou escutem o que a Breibart News ou a Fox News dizem sobre o primeiro e tentem demonstrar a falsidade de pelo menos 1% das mais de 20 mil «false or misleading claims» atribuídas pelo WP ao segundo. Boa sorte.
23/10/2020
Ser de esquerda é... (8)
... dizer-se democrata e recusar um referendo sobre a eutanásia, uma questão moral e civilizacional, e, em vez disso, defender que a decisão compete a um parlamento composto por uma maioria de apparatchiks escolhidos por chefes de partidos.
Os fanatismos nos EUA estão a entregar a regulação da liberdade de expressão aos techies
(A capa da Economist) desta semana aborda a tempestade da fúria popular que atinge empresas de tecnologia que supostamente destruíram a sociedade. A esquerda diz que, desde as teorias da conspiração de QAnon ao incitamento dos supremacistas brancos, as plataformas de mídia social estão a afogar os utilizadores em ódio e falsidade. A direita acusa as empresas de tecnologia de censura, incluindo na semana passada a um artigo duvidoso que alegava corrupção na família de Joe Biden, o candidato democrata à presidência. As tentativas de mudança das empresas de tecnologia para limpar a fossa significa que um punhado de executivos não eleitos estão a fixar os limites da liberdade de expressão. À medida que aumenta a indignação online, cresce a pressão sobre as empresas de tecnologia para restringir cada vez mais material. Políticos, empresas de tecnologia e - o mais importante - os utilizador das redes sociais, todos têm uma participação. Mas como eles deveriam proteger as regras do discurso público?»
Zanny Minton Beddoes, Editora-chefe da Economist
SERVIÇO PÚBLICO: "A coisa mais perigosa sobre o coronavírus é a histeria" (8)
Este post é uma continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6) e (7) e está relacionado com a série De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva.
Corre por aí mais uma onda de pânico, anunciando-se o Armagedão do sistema de saúde com o colapso dos hospitais. E no entanto, segundo a própria ministra da Saúde, o SNS dispõe de 18.017 camas destinadas a doentes com Covid-19 das quais apenas estão ocupadas 1.165 (6,5%) com doentes Covid. Das 798 camas em UCI para receber doentes, com “capacidade de extensão” estão ocupadas 200 camas (11,1%) com doentes Covid-19.
Entretanto o problema verdadeiramente grave não é a mortalidade por e com Covid, que inclui também qualquer pessoa infectada ainda que a causa de morte seja outra patologia. O problema grave é o excesso de mortalidade em relação à média dos últimos anos que já ultrapassa os 5.500, como o INE reconheceu, excesso que mostra o colapso do SNS depois de 6 anos de cativações para compensar o aumento da despesa pela redução dos horários para 35 horas e da concentração exclusiva na pandemia, deixando por fazer milhões de consultas e mais de milhares de cirurgias.
22/10/2020
Pro memoria (405) - Lembram-se do rasgar de vestes e das ondas de indignação da esquerdalhada por causa da austeridade que a governação socialista tornou inevitável?
«Em 2017 escrevi um artigo no qual dizia que a austeridade fiscal iria abrandar a economia portuguesa e que eu faria as coisas mais lentamente. E estava errado. As coisas acabaram por ser melhores por duas razões: a austeridade não foi tão forte como a retórica e Portugal teve sorte porque teve um crescimento muito maior do que se estava à espera, em parte porque as exportações foram muito maiores do que o que estava nas previsões. Acabou por correr tudo bem. Mea culpa por ter sido demasiado pessimista em 2017. Vocês saíram-se melhor do que eu pensava.»
Disse recentemente Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI entre 2008 e 2015, num debate online sobre o plano de recuperação europeu. Sendo a honestidade uma qualidade de baixa ocorrência entre o homo politicus portucalensis, se esperais o reconhecimento do que Blanchard disse por parte dos detractores do governo que aplicou a receita tornada indispensável pela trupe socialista do Sr. Eng. Sócrates, da qual encontramos vários espécimenes nos governos do Dr. Costa, a começar pelo próprio, esperai não sentados, mas deitados.
A democracia não é uma forma natural de governo. É uma evolução civilizacional e não sobrevive sem democratas
«Many forms of Government have been tried, and will be tried in this world of sin and woe. No one pretends that democracy is perfect or all-wise. Indeed it has been said that democracy is the worst form of Government except for all those other forms that have been tried from time to time.…’Winston S Churchill, 11 November 1947
As cores simbolizam o número de transições pacíficas de governo entre 1919 e 2015 |
A mudança pacífica de governo de um partido para outro por via de eleições limpas é um indicador da existência de democracia, uma forma de governo ainda hoje rara no mundo. A primeira transição pacífica de poder nos EUA foi em 1801. Nunca ninguém a tinha questionado, até agora.
21/10/2020
NÓS VISTOS POR ELES: O Portugal dos Pequeninos visto de Houston
Of course, this comes at a time in which the rest of Europe is also poorer, so there will be less money to waste on the folly of helping those who refuse to help themselves. Maybe Portugal will threaten to leave the EU if they don’t pay up, kind of like when Trump threatens to leave the UN, the WHO, etc. Political tantrums usually go a long way.»
Rita Carreira, A Destreza das Dúvidas
A mediocridade das elites e a chulice socialista à Óropa vêem-se melhor a 8 mil km de distância do que dentro do Portugal dos Pequeninos.
De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (43) - O excesso de mortalidade não Covid - o caso da Inglaterra e Gales
20/10/2020
A humanidade não aguenta muita realidade e os jornalistas, intelectuais ou escritores ainda menos
Go, go, go, said the bird: human kind
Cannot bear very much reality.
Time past and time future
What might have been and what has been
Point to one end, which is always present.
T. S. Eliot, Four Quartets
«Na Europa e nos EUA, a esmagadora maioria da imprensa é um imenso ângulo cego em relação às realidades que incomodam a esquerda dominante. A realidade é um mistério, porque as redações recusam ver factos que incomodam e “ofendem”. E este não é apenas um problema jornalístico e intelectual. É um problema político, porque a extrema-direita instrumentaliza este ângulo morto. Deixo portanto um conselho aos mais novos, à geração woke: se a realidade “ofende”, não és jornalista, intelectual ou escritor, és um amanuense das causas da moda e o idiota mais útil da extrema-direita.»
Henrique Raposo no Expresso
De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (42) - O falhanço da resposta do governo PS à pandemia (2) Agora é oficial
«Entre 2 de março, data em que foram diagnosticados os primeiros casos com a doença COVID-19 em Portugal, e 4 de outubro, registaram-se 68 227 óbitos em território nacional, mais 7 474 óbitos do que a média, em período homólogo, dos últimos cinco anos. Destes, um pouco mais de ¼, 2 018, foram óbitos por COVID-19. Nas últimas 4 semanas (7 de setembro a 4 de outubro) registaram-se mais 867 óbitos do que a média, em período homólogo, de 2015-2019. Nesse período registaram-se 175 óbitos por COVID-19.»
Agora é o oficial. É o INE a confirmar o excesso de mortalidade não Covid que está a resultar das medidas erradas do governo de resposta à pandemia, excesso que torna patente a falência do SNS, com a sua capacidade de resposta reduzida por 6 anos de cativações para compensar o aumento da despesa resultante da redução dos horários para 35 horas, com a agravante dos recursos disponíveis se concentrarem praticamente na pandemia deixando por fazer 10 milhões de consultas e mais de 100 mil cirurgias. Cai por terra o discurso auto-elogiativo do governo.
19/10/2020
ARTIGO DEFUNTO: O jornalismo de causas infecta quase toda a imprensa (continuação)
Leio jornais há mais de 60 anos e durante mais de 1/3 desse tempo li jornais portugueses dos quais a grande maioria era de direita. Durante décadas foi mais fácil encontrar um lince da Serra de Malcata a atravessar a N233 do que um jornal de esquerda em Portugal.
Dito isto, a esquerda, cujos jornalistas de causas ocupam hoje maioritariamente as redacções de grande parte dos mídia, costuma considerar de direita actualmente O Diabo, Correio da Manhã, SOL, Jornal i e Observador e no passado recente ocorrem-me os semanários O Semanário, O Jornal e O Independente. É claro que existem jornalistas que a esquerda possivelmente considera de direita em quase todos os jornais, mas as suas vozes perdem-se no meio da gritaria.
Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (55) - Em tempo de vírus (XXXII)
O estado do Estado Sucial administrado pelos socialistas
O governo precisa contratar mais 4.200 profissionais de saúde e médicos reformados. No entanto, temos 515 médicos por 100 mil habitantes, o terceiro maior índice na UE que tem uma média de apenas 378, temos 716 enfermeiros por 100 mil habitantes e ficamos em 16.º lugar e só não ficamos melhor porque muitos enfermeiros emigram por não terem condições em Portugal. Falta dinheiro no SNS? No entanto, gastamos 1.870€ por ano e habitante, um valor a meio da tabela e em percentagem do PIB só há oito países com um índice maior. (Fonte)
18/10/2020
ARTIGO DEFUNTO: O jornalismo de causas infecta quase toda a imprensa
Lost in translation (341) - Talvez a história se repita. A primeira vez foi uma tragédia com um actor dramático como protagonista, a segunda está a ser uma comédia e o actor principal é um palhaço
In the depths of the second world war, in 1942 when just about everything had gone wrong, the government sketched out a vision of the post war new Jerusalem that they wanted to build. And that is what we are doing now.’
Boris Johnson no seu discurso durante a conferência do partido Conservador.
17/10/2020
De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (41 b) - Qual a letalidade do Covid-19? (5)
Recordando a distinção entre taxa de letalidade, que relaciona o número de óbitos com o número de infectados, e a taxa de mortalidade que relaciona o número de óbitos causados por uma epidemia com a população, num caso e noutro com referência a uma determinada área (mundo, pais, região, cidade, etc.).
«Qual a percentagem de pessoas infectadas com Covid-19 que morrerão da doença? A resposta dramática à pandemia por parte de quase todos os governos ao redor do mundo foi baseada na ideia de que Covid-19 é uma doença muito mais letal do que a gripe sazonal, que muitas vezes é citada como tendo uma taxa de letalidade por infecção (IFR) de 0,1 por cento. As estimativas do IFR para a Covid-19 tenderam a ficar na faixa de 0,5 por cento a 1 por cento. O artigo do Imperial College London de 16 de março, que muito contribuiu para informar a política do Reino Unido sobre a Covid-19, prevendo que 250.000 poderiam morrer, a menos que o governo introduzisse medidas de distanciamento social mais rigorosas, assumiu uma IFR de 0,9 por cento. Um estudo subsequente do Imperial College estimou-a em 0,66 por cento.
Agora, John Ioannidis da Universidade de Stanford produziu talvez a tentativa mais abrangente de estimar a IFR para Covid-19 até o momento. Num estudo revisto por pares publicado no Boletim da Organização Mundial da Saúde, ele analisou 61 estudos de todo o mundo que tentaram medir a verdadeira prevalência de Covid-19 por meio de estudos sorológicos. Ele então olhou para o número de mortes registradas de Covid-19 na área a que se referiam e usou-o para calcular a IFR local: produziu estimativas para IFR que variaram entre 0 e 1,63 por cento, com um valor médio de 0,27 por cento. O estudo também calculou IFRs para menores de 70 anos, que ficaram entre 0 e 0,31 por cento, com uma mediana de 0,05 por cento.
Se tomarmos a IFR mediana para todas as faixas etárias de 0,29 por cento, como é que isso se compara com a gripe sazonal? Não existem dados sobre a gripe como existem para a Covid-19, mas uma das fontes de dados mais abrangentes são os Centros de Controle de Doenças (CDC) nos Estados Unidos. Na temporada 2016/17 (a última para a qual os números completos estão disponíveis, os números mais recentes são provisórios), o CDC estimou 29 milhões de casos de gripe nos EUA, de que resultaram entre 29.000 e 61.000 mortes. Isso dá uma IFR entre 0,1 e 0,2 por cento. Enquanto isso, a OMS estima que a gripe sazonal tem uma IFR que é 'geralmente bem abaixo de 0,1 por cento'. Pelas conclusões das pesquisas até agora, ainda parece aceitável dizer que Covid-19 é um pouco mais mortal do que a gripe sazonal.»
How deadly is Covid-19?, Ross Clark na Spectator
16/10/2020
Dúvidas (292) - Haverá só duas visões da América?
[Uma continuação daqui]
«Há duas visões da América. Em 2020, uma dessas visões é representada por Trump e outra por Biden.»
Rui Ramos no Observador
Parece que há mais do que duas. entre outras razões, como a abstenção ultrapassar historicamente os votos dos candidatos republicanos e democratas, também porque que há outros candidatos com outras visões, certamente minoritárias, mas visões.
Lost in translation (340) - O dilema de uma republicana
«(...) Yet I’m voting for Joe Biden and Kamala Harris.
I know their economic policies will make America poorer, especially as the economy tries to recover from Covid-19: the tax rises and the huge increase in spending (the kind that Senator Biden used to be wary of). And this is now the moderate wing of the party. Biden’s VP pick is further to the left. Harris’s approach to governing would be even more top-down and interventionist. Her politics and mine — I’m a liberal in the British sense of the word — are about as far apart as one can get.
But what about the alternative? What about Donald Trump? The nastiness, unkindness, the racism and misogyny, the way he always punches down rather than up — it’s the antithesis not just of my politics, but of the America I love. His supporters claim his remarks are taken out of context by his opponents in the media, that what he says is made to sound worse than what he meant. But we’ve all watched enough clips to know that the President needs no embellishment. The only way to pretend he didn’t propose a ban on Muslims coming to the United States is to close your eyes and pretend you didn’t read it on his campaign website. The only way to claim he didn’t mock a reporter’s physical disability is to look away and pretend it never happened. (...)
This isn’t to say I begrudge Trump voters. The vitriol thrown at them often mirrors how the President treats his critics. And his supporters are right to point to his policy successes. Trump’s tax reforms have resulted in companies big and small hiking wages and dishing out bonuses to American workers. It’s not a terrible surprise to us free-market lot, but his combination of lower taxes and light-touch regulation produced a booming economy before the virus hit. Last year saw a spectacular 6.8 per cent rise in household median income, the highest increase since records began. His less interventionist stance on the world stage has saved countless lives abroad. The First Step Act has done more to reform criminal justice — and help non-violent offenders rehabilitate — than any Republican or Democrat policy in years.
In this sense the President has been good for America and I have asked myself many times if I can separate the man from his words, hold my nose and cast my vote for the continuation of these policies. The answer is always no, because what is at stake is bigger than the economy, bigger than any piece of legislation that could cross the President’s desk. The social fabric of America is coming undone, and if it unravels much more, I fear it won’t be possible to stitch it back together.
I’ve never felt further away from my home country than I did this summer, sitting in my London flat during lockdown, watching on TV as the divisions that had been stoked in American society for years reached breaking point. Trump thrives on chaos and ego: after the murder of George Floyd he quickly made the protests and the riots about him personally, as if he were the victim of police brutality, or as if setting fires to shops and cars was more of an attack on him than on the Americans watching their businesses and possessions burn to the ground. (...)
This is the culture that arises when a nation’s leader never embraces humility, compromise or anything remotely resembling a statesmanlike demeanour. The first presidential debate reminded me once again that Trump has not bothered to learn any of these lessons: the interrupting, yelling and spin were bad enough, but the dismissal of Beau Biden — when the former vice president was paying tribute to his late son — was one of Trump’s most inhumane moments to date. It’s hard to imagine how a person could stoop much lower, yet I can’t help but think that, given four more years, Trump wouldn’t hesitate to show us.»
15/10/2020
Os tiques autocráticos do governo do Dr. Costa à pala da pandemia
CASE STUDY: «A única função das previsões económicas é tornar respeitável a astrologia» (6)
Galbraith costumava dizer que «a única função das previsões económicas é tornar respeitável a astrologia». É evidentemente uma boutade, mas não está assim tão longe da verdade e tem um corolário que é o peso da realidade faz com que à medida em que se aproxima o período objecto da previsão em geral as previsões vão piorando, isto é, vão ficando mais realistas (ver por exemplo este diagrama). É o que se está a passar com as previsões do FMI para 2020 na maioria dos países. Curiosamente, no que respeita à Europa, ao contrário das outras regiões, a maioria das previsões de Outubro é mais optimista do que as de Abril.
14/10/2020
O racionamento como símbolo da Revolução (com maiúscula) e, já agora, do Socialismo Castrista (também com maiúsculas)
Expresso |
Se o semanário de reverência o reconhece então já é do domínio da tautologia. Aguardam-se indignações pela banda dos comunistas e berloquistas mais burros, pela difamação de um dos paraísos na Terra. Os menos burros explicarão que o racionamento foi por causa do boicote do imperialismo americano, ficando por explicar como é que tal coisa tem propriedades contraditórias e a sua ausência é uma desgraça maior do que a sua presença.
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (107) - Como se fosse pouco ser ser o selo branco do Dr. Costa, ainda diz inverdades
A semana passada escrevi no post anterior sobre o carimbo apressado que S. Ex.ª botou na proposta do Dr. Costa para nomear presidente do Tribunal de Contas uma figura ligada às trapalhadas do Eng. Sócrates.
«A revisão constitucional de 1997 estabeleceu um mandato único para o presidente do Tribunal de Contas. De outro modo, na ausência de limite de mandatos, poderia perpetuar-se no exercício do cargo»
«Na verdade, a revisão constitucional de 1997 não estabeleceu qualquer mandato único para o presidente do Tribunal de Contas, limitando-se o art. 214º, nº2, da Constituição a referir que o mandato é de quatro anos. Precisamente por esse motivo, desde 1997 tanto Alfredo José de Sousa como Guilherme de Oliveira Martins foram reconduzidos no cargo, este último por duas vezes. Estranha regra assim que nunca foi aplicada durante vinte e três anos, mas que agora o Presidente da República assegura existir.»
13/10/2020
De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (41 a) - O falhanço da resposta do governo PS à pandemia
No quadro acima reproduzido do referido artigo, circundei a vermelho os excessos de mortalidade que em cada período foram superiores aos de Portugal. Os valores da última coluna mostram os excessos no período mais recente em que Portugal apresenta os valores mais elevados. Repare-se que a maioria dos países que nos primeiros períodos apresentaram valores mais elevados do que os de Portugal conseguiram posteriormente melhorias significativas e vários deles até registaram uma mortalidade efectiva abaixo da média dos 5 anos anteriores.De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva
12/10/2020
Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (54) - Em tempo de vírus (XXXI)
A democracia socialista segundo os Drs. Costa e Rio
Qual foi o resultado líquido das medidas de combate à pandemia do governo do Dr. Costa? Podemos fazer um exercício de as if. Se não tivesse havido a pandemia, qual seria o número de mortes expectável? Razoavelmente podemos assumir que a média 2009-2019 seria uma boa estimativa. E se o governo não tivesse tomado medidas, o que teria acontecido? Provavelmente teria havido mais mortes, sobretudo dos grupos de maior risco (nomeadamente idosos nos lares). Admitamos que, em vez de cerca de 1.800 óbitos de idosos com 70 ou mais anos, representando 90% do total, teríamos o dobro ou seja mais 1.800 óbitos adicionais, o que é uma estimativa exageradíssima. Olhemos agora para o gráfico seguinte.
Fonte: Nos cornos da covid |
- Se não tivesse havido pandemia, teríamos 56 mil óbitos
- Se o governo não fizesse nada teríamos 58 mil óbitos
- Como tivemos 65 mil óbitos, as medidas do governo fizeram 7 mil óbitos.
Dúvidas (291) - Haverá só duas visões da América?
«Há duas visões da América. Em 2020, uma dessas visões é representada por Trump e outra por Biden.»
Rui Ramos no Observador
Fonte |
Entre outras razões, considerando que o eleitorado que se abstém é historicamente maior do que o de qualquer dos dois candidatos, talvez costume haver pelo menos três visões.
11/10/2020
Dúvidas (300) - Se os factos revelados sobre as finanças do Sr. Trump forem confirmados, o que poderemos concluir?
BREAKING
NEWS |
President Trump not
only failed to “drain the swamp.” He built his own. Tax records show how
those who got ahead spent millions at his properties.
|
Saturday,
October 10, 2020 11:54 AM EST |
Once Donald J. Trump was in the White
House, his family business discovered a lucrative new revenue stream: people
who wanted something from the president. An investigation by The Times found
over 200 companies, special-interest groups and foreign governments that
patronized his properties while reaping benefits from him and his
administration. Nearly a quarter of those patrons have not been previously
reported. An analysis of data from Mr. Trump’s
tax records revealed just how much that new line of business was worth at a
time when large swaths of his real estate holdings were under financial
stress. |
10/10/2020
De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva. (41) - Serão os testes fiáveis?
Este post faz parte da série De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva.
Excerto traduzido da Open letter from medical doctors and health professionals to all Belgian authorities and all Belgian media de 5 de Setembro,
«A covid-19 seguiu o curso de uma onda normal de infecção semelhante a uma temporada de gripe. Como todos os anos, vemos uma mistura de vírus da gripe seguindo a curva: primeiro os rinovírus, depois os vírus da gripes A e B, seguidos pelos coronavírus. Não há nada diferente do que normalmente vemos.
O uso do teste de PCR (*) não específico, que produz muitos falsos positivos, mostrou um quadro exponencial. Esse teste foi realizado rapidamente com um procedimento de emergência e nunca foi seriamente testado. O criador advertiu expressamente que este teste se destinava a investigação e não a diagnóstico.
O teste de PCR funciona com ciclos de amplificação do material genético - um pedaço do genoma é amplificado de cada vez. Qualquer contaminação (por exemplo, outros vírus, fragmentos de genomas de vírus antigos) pode resultar em falsos positivos.
O teste não mede quantos vírus estão presentes na amostra. Uma infecção viral real significa uma presença maciça de vírus, a chamada carga de vírus. Se o resultado de um teste for positivo, isso não significa que essa pessoa esteja realmente infectada clinicamente, esteja doente ou vá ficar doente. O postulado de Koch não foi cumprido (“O agente puro encontrado em um paciente com queixas pode provocar as mesmas queixas em uma pessoa sadia”).
Uma vez que um teste PCR positivo não indica automaticamente infecção ativa ou infecciosidade, isso não justifica as medidas sociais tomadas, que se baseiam apenas nesses testes.»
(*) Os testes PCR verificam se está presente numa amostra colhida o vírus SARS-CoV-2, que provoca a COVID-19.
09/10/2020
Petição: Dr. Costa, arranje lá um lugarzito de vice ao Dr. Rio
RTP |
Os resultados das reformas fiscais de Reagan, Trump e Biden na distribuição do rendimento
Veja-se nos dois gráficos seguintes quem beneficiou da redução da carga fiscal no plano de Trump e repare-se o resultado final no rendimento líquido de impostos (gráfico do lado direito) que mostra os contribuintes com menores rendimentos a ficaram na mesma ou pior e os de maiores rendimentos a ficaram numa situação melhor - precisamente o contrário da reforma fiscal de Reagan.
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08/10/2020
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: Não há uma sem duas, nem duas sem três, nem três sem quarto, nem quatro sem cinco, nem ...
Primeira, um resolveu não renomear a PGR Joana Marques Vidal que fez um mandato exemplar e não fez jeitos a ninguém. O outro aprovou.
Segunda, um resolveu não renomear a presidente do Conselho das Finanças Públicas Teodora Cardosa, detentora de um currículo único, que fez um mandato exemplar e não fez jeitos a ninguém. O outro aprovou.
Terceira, um resolveu não renomear o governador do BdP Carlos Costa que não fez mandatos exemplares, a não ser em comparação com os mandatos do ex-secretário geral do PS Victor Constâncio, e não fez muitos jeitos a ninguém, substituindo-o pelo seu ministro das Finanças. O outro aprovou.
Quarta, um retirou o cargo que a procuradora Ana Carla Almeida ganhou num concurso internacional para Procuradora Europeia para o atribuir a um juiz conhecido da ministra da Justiça. O outro calou-se.A expressão "não fez jeitos a ninguém" em socialês é traduzível como "meteu-se com o PS e vai levar".
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (106) - O selo branco do Dr. Costa
A estória conta-se em poucas palavras. O parecer do Tribunal de Contas sobre a proposta do governo para "olear" a adjudicação de contratos públicos por forma a aplicar os fundos da bazuca nos sítios certos concluiu que as alterações iriam «contribuir para o crescimento de práticas ilícitas de conluio, cartelização e até mesmo de corrupção». O Dr. Costa não gostou, e telefonou ao presidente do TdC comunicando-lhe que o seu mandato não seria renovado, ao abrigo do princípio socialista Quem se mete com o PS leva e sob o pretexto que tinha combinado com S. Ex.ª que nestes cargos os mandatos não seriam renovados.
07/10/2020
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Depois não se queixem
Em 2011 com o pedido de resgate (pelo PS) foi negociado e aceite (pelo PS) um memorando de entendimento que incluía a medida «3.44. Reorganizar a estrutura da administração local. Existem actualmente 308 municípios e 4.259 freguesias. Até Julho 2012...»
Pressionados pelos aparelhos do PSD e CDS, o governo não conseguiu mexer nas câmaras, mantendo o absurdo de 117 câmaras em concelhos com menos de 10 mil habitantes. Mas fê-lo nas freguesias reduzindo o seu número para 3.091.
Vem agora o governo socialista do Dr. Costa, pela boca da ministra da Modernização do Estado, fazer o Estado recuar 10 anos com a criação de 600 freguesias.
É nisto que consistem as "reformas" socialistas e o seu racional é muito simples: fazer a freguesia eleitoral feliz aumentando o número de lugares disponíveis para colocar alguns milhares de apparatchiks. Cada nova freguesia dará entre 9 a 19 lugares na assembleia de freguesia e entre 1 a 7 lugares na junta de freguesia. Se a média das novas freguesias andar pelos 15 novos lugares, o PS oferecerá 9 mil novos lugares para apparatchiks.
Sem surpresa, os comunistas aproveitaram a boleia e apresentaram uma das suas facturas para se absterem na votação do OE 2021: querem mais 100 mil funcionários públicos em quatro anos e 25 mil já em 2021. O governo PSD-CDS reduziu 70 mil funcionários entre 2011 e 2015 e passou 660 mil ao PS que, mesmo sem ultimatos do PCP, os aumentou para 700 mil em 2019 e 705 mil em Junho deste ano, mais 15 mil em 12 meses. Imagine-se esses batalhões propostos pelos comunistas em cima de todo este exército de utentes da vaca marsupial pública. Ficará um exército eleitoral imbatível da esquerdalhada, a ser pago com o resultado da mineração do guito europeu em que o PS se está a especializar.