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13/09/2025

A Humanidade vai encolher e o Portugal dos Pequeninos não é excepção

Humanity will shrink, far sooner than you think

A taxa de fecundidade geral (total fertility rate) é o «número de nados vivos observado durante um determinado período de tempo, normalmente um ano civil, referido ao efetivo médio de mulheres em idade fértil (entre os 15 e os 49 anos) desse período (habitualmente expressa em número de nados vivos por 1000 (10^3) mulheres em idade fértil).» (INE) Estima-se que uma TFG de aproximadamente 2,1 filhos por mulher constitua o nível de substituição suficiente para manter uma população estável sem migração e que nesta altura apenas cerca um terço da população do mundo vive em países com essa taxa de fecundidade.

Portugal (Pordata)

Como o gráfico mostra, em Portugal desde os anos 80 que a taxa de fecundidade está abaixo do nível necessário para manter o população constante sem migração. 

Porque está isto a acontecer em quase todos os países desenvolvidos? Por várias razões, sendo geralmente aceites as seguintes: os sistemas de segurança social tornam menos importante ter filhos para prevenir o futuro, a redução da mortalidade infantil tornou desnecessários ter uma reserva de filhos, a crescente profissionalização das mulheres e a sua ascensão social reduziram drasticamente a disponibilidade para ter filhos, com a ajuda de um acesso fácil a contraceptivos e da despenalização legal e moral do aborto.

Há quem imagine que uma engenharia social com políticas "adequadas" e uma intervenção mais forte do Estado sucial seria possível reverter a situação. É no mínimo duvidoso que um Estado que historicamente contribuiu para diminuir a fecundidade esteja agora em condições de contribuir para a aumentar contrariando uma tendência possivelmente irreversível.

23/07/2025

A saúde em Portugal. Desfazendo algumas ideias feitas (5)

 [Continuação de (1), (2), (3) e (4)]

FALÁCIA: ««O SNS é um tesouro» é um dos slogans do agitprop socialista,

FACTOS:  Sendo inquestionável que o SNS não é um completo desastre, o certo que, apesar da melhoria dos 5,8 anos de vida saudável aos 65 anos em 2005 para os 7,9 anos em 2022, ficamos no último terço da UE.


O facto de, pelo contrário, a esperança de vida dos portugueses nos colocar no primeiro terço à custa de 12,6 anos de vida com algum tipo de deficiência, talvez se deva mais à dieta mediterrânica em extinção do que ao SNS.

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Fontes: Health at a Glance: Europe 2024, OECD, Nov 2024 e ChatGPT

19/07/2025

A saúde em Portugal. Desfazendo algumas ideias feitas (4)

[Continuação de (1), (2) e (3)]

FALÁCIA: Precisamos de formar mais enfermeiros.


FACTOS: 

(1) Na UE a relação média enfermeiros/médicos é 2,5, sendo o número de enfermeiros e médicos por mil habitantes de 9,2 e 3,7, respectivamente. Os rácios equivalentes em Portugal são 1,3, 7,9 e 5,8, respectivamente. De onde, apesar da relação enfermeiros/médicos ser das mais baixas da UE não podemos concluir que em termos comparativos com UE temos muito menos enfermeiros do que a média e, pelo contrário, temos certamente muito mais médicos. 

(2) Nos anos 2020 a 2023 cerca de 5 mil enfermeiros formados em Portugal expressaram formalmente a intenção de emigrar e exercer enfermagem no estrangeiro. Em Março de 2023 havia cerca de 4 mil enfermeiros portugueses registados no Reino Unido. Na Suíça o número de enfermeiros portugueses entrados em 2023 foi o quarto mais elevado. 

(3) Destes números fragmentários não podemos concluir que é necessário formar mais enfermeiros, mas podemos certamente concluir que precisaremos de reter mais enfermeiros formados em Portugal.
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Fontes: Health at a Glance: Europe 2024, OECD, Nov 2024 e ChatGPT

09/07/2025

A saúde em Portugal. Desfazendo algumas ideias feitas (3)

[Continuação de (1) e (2)]

FALÁCIA: A resposta à pandemia de Covid-19 foi muito afectada pela falta de todos os profissionais de saúde disseram as autoridades portuguesas à OECD, como se pode ver no quadro seguinte.


FACTO: Já vimos que em termos comparativos Portugal é o país europeu que mais aumentou o número de médicos por mil habitantes nos últimos 20 anos e actualmente é o segundo país da Europa com mais médicos. Por isso, o problema não foi a falta de recursos, foi a falta de competência na gestão desses recursos.

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Fonte: Health at a Glance: Europe 2024, OECD, Nov 2024

05/07/2025

A saúde em Portugal. Desfazendo algumas ideias feitas (2)

[Continuação de (1)]

FALÁCIA: Há um excesso de médicos especialistas em Portugal.

FACTO: A proporção de médicos especialistas em Portugal é 20 pontos percentuais abaixo da média e a terceira mais baixa da EU26. 

Registe-se que no SNS em Portugal só 30% dos médicos chamados de família ("General practitioners") trabalham nos centros de saúde ("primary care"), os restantes exercem em hospitais públicos. Provavelmente isso explicará pelo menos uma parte dos 1,7 milhão de utentes sem médico de família.

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Fonte: Health at a Glance: Europe 2024, OECD, Nov 2024

01/07/2025

Portugal Desventures. O Estado sucial a tentar fazer de cada startup uma CP (3)

[Continuação de (1) e (2)]

Escrevi no post anterior que os apparatchiks sentados na Portugal Ventures só por milagre teriam o know-how para avaliar riscos, anteciparem hipotéticos futuros sucessos e detectarem potenciais unicórnios enquanto apostam o dinheiro dos contribuintes e certamente não têm incentivo indispensável dos venture capitalists que arriscam o seu dinheiro nas empresas em que apostam. 

Para quem tivesse dúvidas que não há milagres nestas matérias, Virgílio Bento, cofundador da Sword Health, uma das poucas start-ups de portugueses que alcançou reconhecimento internacional com sede no Utah, USA, e escritórios no Reino Unido, que desistiu de fazer um trabalho com o sistema do INEM descrito como «obsoleto, frágil, assustado», referiu-se em entrevista ao Expresso aos apparatchiks da Portugal Ventures como «as pessoas (...) do topo até cá em baixo de uma incompetência atroz. É muito difícil discutir o potencial de uma empresa com alguém que é completamente ignorante».

Quanto às decisões de investimento da Portugal Ventures, Virgílio Bento explica que são os «Amigos. Há muitos exemplos desses. Se era um professor universitário a liderar essa empresa. A questão do pedigree. Nenhum deles estava ligado com o potencial de sucesso da startup.»

29/06/2025

A saúde em Portugal. Desfazendo algumas ideias feitas (1)

FALÁCIA: A saúde em Portugal não funciona bem porque há falta de médicos.

FACTO: Portugal é o país europeu que mais aumentou o número de médicos por mil habitantes nos últimos 20 anos e actualmente é o segundo país da Europa com mais médicos.

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Fonte: Health at a Glance: Europe 2024,  OECD, Nov 2024

13/06/2025

Portugal Desventures. O Estado sucial a tentar fazer de cada startup uma CP (2)

[Continuação daqui]

Há dias o Expresso, um grande entusiasta das startups lusas, titulava com tristeza «Startups nacionais com pouca saída: faltam oportunidades de desinvestimento em Portugal» querendo significar que um número cada vez menor de startups consegue encontrar investidores privados (venture capitalists) e por isso ficam penduradas no Estado sucial via Portugal Ventures, uma sociedade de capital de risco participada pelo Banco Português de Fomento que desde 2012 até ao ano passado registou perdas de 124 milhões nas cerca de 300 startups em que participou.

Dificilmente poderia ser de outro modo porque apparatchiks sentados na Portugal Ventures só por milagre têm o know-how para avaliar riscos, anteciparem hipotéticos futuros sucessos e detectarem potenciais unicórnios enquanto apostam o dinheiro dos contribuintes e certamente não têm incentivo indispensável dos venture capitalists que arriscam o seu dinheiro nas empresas em que apostam.

23/03/2025

Pobretes, mas alegretes? É mais pobretes e tristonhos

World Happiness Report é um estudo de periodicidade anual baseado numa pesquisa da Gallup, onde os inquiridos avaliam o seu grau de satisfação com a vida numa escala de um a dez.

Como seria de esperar, há uma forte correlação entre o grau de satisfação e o nível de vida medido pelo PIB per capita.


Outra constatação é que o grau de satisfação se degradou significativamente nos últimos anos nos países mais desenvolvidos, em paralelo com um crescente sentimento de ressentimento, criando as condições para a emergência de partidos extremistas.


No caso do Portugal dos Pequeninos também se verificou uma queda do índice de 6,03 para 6,01 e do 55.º lugar no ranking para o 60.º lugar, claramente abaixo de muitos outros países europeus. As excepções são principalmente os países que integraram o Império Soviético, como, além da própria Rússia, Hungria, Montenegro, Croácia, Moldova, Bulgária, Albânia e Georgia. Similitude que pode explicar a admiração pela Rússia de Putin que alguns comentadores militares dos canais de TV portugueses não escondem e pode dar razão a Vladimir Solovyov que em tempos garantiu que «os portugueses viveriam muito bem como parte do império russo».

21/03/2025

CASE STUDY: A esquerdalhada anda há décadas a tentar tirar uma peça essencial do elevador social - o efeito de teste

Continuação de O elevador social não está a funcionar bem em lado nenhum. No Portugal dos Pequeninos a esquerdalhada avariou-o irremediavelmente

«Um argumento muito comum contra os testes e exames é o da sua inutilidade. Diz-se que não é por ser testado que um aluno aprende, é antes por ser ensinado e por estudar. É um argumento muito comum, embora irracional. O mesmo argumento poderia ser aplicado às análises e outros exames médicos. Não são eles que nos curam, mas nem por isso são inúteis.

A inutilidade dos testes e exames vai contra a racionalidade. E vai também contra a prática dos professores experimentados, que passam a vida a indicar trabalhos de casa e perdem noites a corrigir esses trabalhos, semana após semana, ano após ano. Os professores fazem-no porque sabem que essa é uma forma de os estudantes verificarem e reforçarem os seus conhecimentos, reverem as matérias e praticarem os procedimentos que estudam. Ou seja, os professores sabem que os alunos aprendem melhor quando se defrontam consigo próprios face a uma tarefa. E os professores experimentados fazem mais. Estão constantemente a fazer perguntas aos alunos e dão à turma trabalhos para serem feitos individualmente ou em pequenos grupos, durante ou depois da aula.

Tudo isso são formas de testar os conhecimentos – e de os reforçar. É o que se chama avaliação formativa, sem impacto, ou com pouco impacto, na classificação dos alunos.

A tese da inutilidade dos exames e testes vai também contra as ciências cognitivas modernas, que descobriram e estudaram experimentalmente o efeito da testagem de conhecimentos sobre a aprendizagem. E o que descobriram? Que ser-se testado é uma forma muito eficaz de consolidar a aprendizagem e de aprender. Tão eficaz que hoje se lhe dá um nome: o «efeito de teste».»

«Aprender, aprender, aprender sempre», Nuno Crato no Jornal Económico

12/12/2024

Vivemos num estado policial? (23) - Num Portugal dos Pequeninos que é um "estado policial", o Dr. Moedas preside a uma cidade ainda mais policial

Outros casos de polícia.

O Dr. Moedas, presidente da câmara alfacinha, queixou-se que «em 2010 tínhamos oito mil polícias, hoje, em 2024, são 6.700 em Lisboa. Isto não pode funcionar porque a cidade de 2010 não é a cidade de 2024», acrescenta só ter 400 polícias municipais e a PSP não lhe dar mais. O Dr. Moedas queixa-se, pois, com 7.100 polícias. 

Eurostat

Os dados do gráfico acima tem dois anos e naturalmente estão desactualizados, o que neste domínio significa que dois anos depois há certamente mais polícias e muito provavelmente o nosso Portugal dos Pequeninos está ainda mais próximo do topo da Óropa. Ainda assim, temos que concluir que o Dr. Moedas está a queixar-se de barriga cheia porque com 7.100 polícias tem quase 1.300 polícias por 100 mil habitantes ou seja quase três vezes mais do que o país e quase 3,5 vezes mais do que a paisagem, como costumam os alfacinhas chamar ao resto do país.

22/11/2024

LASCIATE OGNI SPERANZA, VOI CH'ENTRATE: Vamos todos fingir que o problema não existe? Sim, vamos (11) - A leveza insustentável do sistema público de pensões (VIII)

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9) e (10)

mais liberdade

A insustentabilidade do sistema de pensões que o diagrama antecipa dentro de menos de 20 anos não deveria surpreender ninguém, pelo menos não deveria surpreender quem nos visita e lê o que vimos escrevendo sobre este tema há pelo menos 15 anos, com este, este ou este post a que seguiram os posts desta série.

mais liberdade

Na génese da insustentabilidade anunciada estão vários factores e entre eles uma taxa de poupança que tem vindo a cair há duas décadas e que hoje é uma das mais baixas da União Europeia. A poupança é tão baixa que, por um lado, não me permite aplicar as poupanças necessárias para garantir a sustentabilidade dos fundos de pensões públicos e privados (as subscrições dos planos de poupança-reforma estão há dois anos a cair) e, por outro, não permite os investimentos produtivos necessários para garantir o aumento da produtividade e o crescimento a longo prazo indispensável para aumentar a poupança sem baixar os níveis de consumo e o bem-estar.

11/10/2024

LASCIATE OGNI SPERANZA, VOI CH'ENTRATE: Vamos todos fingir que o problema não existe? Sim, vamos (10) - A leveza insustentável do sistema público de pensões (VII)

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8) e (9)

O diagrama acima parece significar que o sistema de segurança social do Portugal dos Pequeninos estaria com uma saúde de ferro e teria sustentabilidade garantida a longo prazo. Parece, mas não é. O nosso honroso quinto lugar não resulta da sustentabilidade e, pelo contrário, é mais um indicador que a sustentabilidade é insustentável naquilo que depende da criação de riqueza, já que a percentagem de 14,2% do PIB que as pensões representam significa que temos pouca margem para a aumentar.

Se a isso adicionarmos uma das demografias mais envelhecidas e uma das natalidades mais baixas na UE, dentro de uma década ou duas não teremos condições de financiar as pensões com as contribuições correntes e teremos de ir às reservas, isto é ao Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) que actualmente é suficiente para pagar apenas dois anos de pensões.

Os fundos de pensões na UE variam muito entre os países membros (os Países Baixos e Dinamarca têm fundos de pensões que representam mais de 200% do seu PIB) e em média representam cerca de 50% do PIB da UE. No caso português o FEFSS tem cerca de 34 mil milhões de euros ou cerca de 13% do PIB e o fundos privados de pensões estimam-se em torno dos 25 mil milhões, ou seja um total de menos de 60 milhões ou menos de 22% do PIB. 

A comparação com os outros países da UE é pouco animadora e passa a desesperante se compararmos com os EUA que em 2022, tinha um valor total dos fundos de pensão correspondente a cerca de 150% do PIB.

Em conclusão, os pensionistas presentes e sobretudo os pensionistas futuros da Óropa que se cuidem. Os de Portugal talvez já não vão a tempo.

21/09/2024

Um dia como os outros na vida do Estado sucial (44) - A semana dos quatro dias

Como aqui constatámos, como quer que se meça a produtividade no Portugal dos Pequeninos ela é fraca, esse é um dos nossos maiores problemas e a produtividade total poderia aumentar se trabalhássemos mais horas, fazendo o contrário do que o pensamento económico milagroso nos está a sugerir que façamos: a semana dos quatro dias. Por isso, se há reformas que fazem falta no Portugal dos Pequeninos a semana de quatro dias não é seguramente uma delas.

Quando ao SNS, como tenho repetidamente referido na rubrica «Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro» das Crónicas dedicadas à governação socialista, sabendo-se que a despesa do SNS aumentou de 9,1 mil milhões em 2015 para 14 mil milhões em 2023 e o número de efectivos passou de 120 mil para 150 mil e, não obstante, o número de pessoas sem médico de família aumentou no mesmo período 700 mil e a resposta do SNS degradou-se, seremos obrigados a concluir que, se a semana de quatro dias não faz falta em nenhum sector, no caso da SNS seria um desastre anunciado a consumar a redução das 40 para as 35 horas que o Dr. Costa, o Dr. Centeno e o Dr. Marcelo nos garantiram que não teria impacto orçamental

É neste contexto que a conclusão dos coordenadores do projecto-piloto da semana de quatro dias de que testar semana de quatro dias no SNS «teria muito interesse» revela um lunatismo insanável só ultrapassado pela irresponsabilidade de quem inventou o projecto-piloto e os nomeou coordenadores.

16/06/2024

Portugal Desventures. O Estado sucial a tentar fazer de cada startup uma CP

Expresso

Com indisfarçado entusiasmo, o semanário de reverência titulava há dias «Capital angariado por 'startups' este ano já superou o de 2023 e mercado suspeita de ‘empurrão’ do Estado». A verdade é que os 198 milhões investidos em startups portuguesas em 2023 são uma gota de água (0,3%) no oceano dos 63 mil milhões investidos nas startups europeias (fonte) e os 284 milhões deste ano comparados com os 14 mil milhões na Europa no 1.º trimestre (fonte) estão em linha com o peso do PIB e não parece haver particular motivo de excitação.

O que deveria suscitar preocupação é o facto das startups, geralmente financiadas pelos venture capitalists privados, no Portugal dos Pequeninos levam um empurrão do Estado a cargo da Portugal Ventures, uma sociedade de capital de risco que faz parte do grupo do Banco Português de Fomento e desde a sua fundação em 2012 registou perdas de 124 milhões nas cerca de 300 startups em que participou.

É precisa uma enorme dose de pensamento mágico para imaginar apparatchiks instalados no aparelho do Estado sucial com o talento necessário e o incentivo indispensável a avaliarem riscos, anteciparem futuros sucessos empresariais e detectarem potenciais unicórnios apostando o dinheiro dos contribuintes. Só pode correr mal.

28/04/2024

LASCIATE OGNI SPERANZA, VOI CH'ENTRATE: Vamos todos fingir que o problema não existe? Sim, vamos (9) - A leveza insustentável do sistema público de pensões (VI)

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7) e (8)

Se quisermos comparar o sistema de pensões português (englobando a segurança social e os fundos privados de pensões) com outros sistemas um bom instrumento é o Institute Global Pension Index da Mercer, uma multinacional de consultoria de gestão e recursos humanos.  O índice avalia 44 sistemas sistemas de pensões, en três dimensões: 

  • adequação (os benefícios que os futuros pensionistas provavelmente receberão);
  • sustentabilidade (a probabilidade do sistema actual suportar as adversidades demográficas e financeiras futuras) e 
  • integridade (confiança inspirada pela regulação dos fundos privados de pensões).

Mercer CFA Institute Global Pension Index 2023

Como mostra o diagrama, em termos de adequação e integridade (dos fundos privados de pensões), o sistema português está bem posicionado. O problema sério é em relação à sustentabilidade, como aqui no (Im)pertinências se tem vindo a demonstrar em dezenas de posts (ver etiqueta "pensões").

16/04/2024

Nanny state is back in a new incarnation, in Britain and elsewhere (3) - The Labor jumped on the bandwagon and the Conservatives followed

Continued from (1) and (2)


«Labour wants three- to five-year-olds to have tooth-brushing lessons» followed by the Tories who «plans to stop young people born since 2009 ever smoking (...) Rishi Sunak's bill aims to create the UK's first smoke-free generation in a major public health intervention.» (source

«The second reading of the legislation passed by 383 votes to 67. Some 59 Conservatives voted against.» (source

29/03/2024

O bem-estar do Portugal dos Pequeninos segundo o Dr. Centeno é um pouco diferente do bem-estar segundo outras fontes

Num dos últimos semanários da Nau Catrineta comentei o esforço do BdP do Dr. Centeno para fazer subir o Portugal dos Pequeninos no ranking europeu, criando um “índice de bem-estar” («Bem-estar e PIB per capita em Portugal face à UE»), onde se considera além do PIB per capita, o consumo, o tempo de lazer e a desigualdade, que nos faz subir quatro lugares no ranking de 20.º para 16.º.

Por curiosidade, confrontemos o “índice de bem-estar” do Dr. Centeno com o Human Development Index (HDI) da ONU (onde paira o Eng. Guterres).

Fonte

Como se pode ver, o HDI português tem melhorado muito pouco e, surpreendentemente, era e continua a ser inferior ao da Grécia, o homem doente da Óropa, e com o 42.º lugar no ranking mundial coloca-nos atrás de todos os outros países da União Europeia, com excepção da Eslováquia e da Hungria, dois sobreviventes do colapso do Império Soviético. 

Apesar de uma situação medíocre em termos do HDI, vejamos se os portugueses estão satisfeitos com a sua infelicidade, como nos garante a ópera bufa «Le jour et la nuit» de Charles Lecocq: «Les portugais sont toujours gais / Qu'il fasse beau, qu'il fasse lais, / Au mois de décembre ou de mai, Les portugais sont toujours gais!» 

Fonte

Pois parece que não, porque no índice de felicidade os portugueses caem para 55.º e ficam ainda pior.

O Dr. Centeno e o seu BdP vão ter que se esforçar mais para convencerem os portugueses da enorme felicidade e bem-estar que o socialismo lhes proporcionou, com o seu contributo feito de cativações.

01/03/2024

Dúvidas (368) - Por que são os pobrezinhos de Lisboa muito mais caloteiros do que os do Porto?

Segundo o JN, nos bairros sociais de Lisboa as rendas por pagar atingem 45 milhões de euros a uma média de 2 mil euros por fogo nos cerca de 22 mil fogos. Na cidade do Porto, os números são 25 mil euros em dívida a 2 euros por fogo dos cerca de 13 mil fogos.

Suspeito que não seja suficiente a explicação da câmara de Lisboa ter tido presidentes socialistas em 31 de 46 anos, enquanto a câmara de Porto teve presidentes socialistas em apenas 12 anos no mesmo período. Talvez tenhamos que considerar os séculos em que Lisboa tem sido sede da corte monárquica, republicana, corporativa e socialista, sucessivamente.

20/01/2024

Nanny state is back in a new incarnation, in Britain and elsewhere (2) - The Labor jumped on the bandwagon

 Continued from (1)

«Keir Starmer has said he is ‘up for that fight’ on toothbrushing. The Labour leader was not in fact volunteering to personally ensure that all recalcitrant children and teenagers spend two minutes brushing twice a day, though that really is a fight. He was saying that he is keen for a scrap over whether Labour is embracing the nanny state with the announcement of a £3 million national toothbrushing scheme whereby children are supervised brushing their teeth in schools.

The Tories have accused the Labour leader of missing all the hard work they are already doing on dental health, with Health Secretary Victoria Atkins saying ministers ‘very much believe in supporting our parents and supporting our families’ rather than mandated brushing sessions. But it’s interesting that Labour is leaning in to what would previously have been caricatured as bossy politics. Shadow education secretary Bridget Phillipson this week criticised parents who let their children miss school for sniffles, holidays and just because they weren’t feeling like it. Now Starmer and his shadow health secretary Wes Streeting are promising a child health action plan which includes this toothbrushing proposal in response to growing concern from clinicians about the number of children with cavities and even such bad tooth decay that they are needing full dental clearances.»

The battle of the toothbrush, The Spectator newletter