É preciso escolher: ou bem se responsabiliza o governo por atacar o Estado Social ou bem por não atacar a despesa pública. Não é possível responsabilizá-lo por ambas as coisas, porque para atacar o Estado Social tem que atacar a despesa pública. Ora vejam-se estes gráficos de O Insurgente com o somatório das despesas com educação, saúde e segurança social em valor absoluto (à esquerda) e em percentagem do PIB (à direita).
«Quando somadas, a despesa nestas três funções sociais do estado está, em termos nominais, ao nível de 2008. Em termos de peso no PIB, o orçamento para 2013 terá o quarto maior valor de sempre, mesmo superior aos primeiros anos de governo de Sócrates. Se existisse de facto um recuo de décadas, por exemplo aos tempos de governação de Vasco Gonçalves, teríamos um excedente orçamental de 15% do PIB no próximo ano.»
Eu acrescentaria que com o aumento do desemprego e dos subsídios de desemprego os pesos absoluto e relativo do Estado Social na economia ainda aumentarão mais.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
31/10/2012
30/10/2012
Interesse nacional segundo António José Seguro
António José Seguro frisou depois que o «aceno ao PS» vem tarde, alegando que o seu partido há mais de um ano vem alertando o Governo para o caminho errado do executivo, e frisou que a refundação do programa de ajustamento «responsabilizará apenas o senhor primeiro-ministro, o dr. Paulo Portas, o PSD e o CDS».(Diário Digital)
Serviço público segundo a Lusa
O discurso do ministro da Defesa no Dia do Exército:
«O discurso da inutilidade das Forças Armadas é, assim, o nosso maior adversário. Um adversário que ministro, generais e soldados têm de tomar como seu. Porque este adversário é tão corrosivo, tão arriscado e tão perigoso para a segurança nacional como qualquer outra ameaça externa.»
O título do Público (serviço da Agência Lusa):
«Aguiar-Branco: comentadores são tão perigosos como qualquer ameaça externa»
[Lido em O Insurgente]
«O discurso da inutilidade das Forças Armadas é, assim, o nosso maior adversário. Um adversário que ministro, generais e soldados têm de tomar como seu. Porque este adversário é tão corrosivo, tão arriscado e tão perigoso para a segurança nacional como qualquer outra ameaça externa.»
O título do Público (serviço da Agência Lusa):
«Aguiar-Branco: comentadores são tão perigosos como qualquer ameaça externa»
[Lido em O Insurgente]
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Serviço público segundo a RTP
No domingo passado às 17H, a RTP1 ofereceu-nos na sua matinée um filme para maiores de 12 anos com diálogos de filme porno.
[Lido aqui]
É caro mas vale a pena |
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Pro memoria (77) – O défice de memória da classe política
Em complemento das retrospectivas publicadas recentemente no (Im)pertinências, nomeadamente:
29/10/2012
CASE STUDY: O multiplicador orçamental (1)
Com a recente publicação do World Economic Outlook - Coping with High Debt and Sluggish Growth, o FMI reconheceu que os multiplicadores orçamentais não se situariam no intervalo 0,4-1,2 como vinha sendo assumido mas, em vez disso, poderiam ser mais altos e situar-se no intervalo 0,9-1,7 (ver especialmente Box 1.1. Are We Underestimating Short-Term Fiscal Multipliers?, páginas 41 a 44 do Outlook).
28/10/2012
O transtorno bipolar do jornalismo de causas
Com a mesma intensidade dos episódios de exaltação das «folgas» e das «almofadas» do orçamento, a imprensa do regime (o Expresso faz a 1.ª página do caderno de Economia e dedica-lhe 2 outras páginas), fascinada pelas análises da Economist Intelligence Unit, passa agora à fase depressiva e descobre a crescente inevitabilidade da reestruturação da dívida, isto é a negociação de uma combinação de haircut da dívida com reescalonamento das maturidades e redução dos juros. Que tal descoberta signifique o oposto das putativas «folgas» e «almofadas» que o jornalismo de causas promoveu com afinco não parece constituir nenhum problema para esse jornalismo. Talvez porque as causas sejam as mesmas.
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ARTIGO DEFUNTO: «A versão dos vencidos»
Na sua coluna habitual no Expresso, Nicolau Santos não se cansa, semana após semana, de tentar reescrever a história da última década e das políticas públicas dominantes, branqueando-as do seu papel de génese da crise que hoje vivemos. Desta vez é a propósito de um «livro imperioso» - «a versão dos vencidos» de Emanuel dos Santos, secretário de estado do Orçamento do governo de Sócrates, que em finais de 2010 garantia que as contas eram fidedignas.
27/10/2012
Pro memoria (76) – O arrependido
Durante vários anos em que conviveu com os sucessivos governos e em particular com o de José Sócrates, não se ouviu a José Miguel Júdice um protesto, um queixume, um reparo, sobre a engorda do Estado e os negócios que à sua sombra se fizeram e o inevitável caminho em direcção à insolvência que se percorria. Durante esses anos, a sua sociedade de advogados facturou milhões de euros em pareceres, assessorias, projectos de legislação, etc. a esse Estado e ao círculo de interesses que dele vive.
Pro memoria (75) – Aonde nos conduziram os carros eléctricos de José Sócrates
Há 3 anos o governo de José Sócrates lançou a rede nacional de mobilidade eléctrica que previa 320 locais de carregamento e 1.300 em 2012. Em 2020, segundo os planos socráticos, deveria haver 180 mil carros eléctricos e 25 mil locais de carregamento.
Deixando esta ficção socrática, que com as outras nos custou uma pré-falência, três anos depois existem 270 carros eléctricos e este ano apenas foram vendidos 44. Para carregar as baterias dos 270 carros existem mais de mil postos de carregamento que custaram 3 mil euros por posto e os de carregamento rápido custaram dez vezes mais. Existem, pois, quase 4 postos por cada carro eléctrico um investimento equivalente ao custo do próprio carro.
Por isso, meus amigos, antes de irdes às manifs chamar «gatunos» a estes tristes que estão no governo, lembrai-vos que são apenas os cobradores das facturas dos desvarios a que assististes – eventualmente, alguns de vós, com devoção.
(Retrospectiva impertinente dos carros eléctricos socráticos)
Deixando esta ficção socrática, que com as outras nos custou uma pré-falência, três anos depois existem 270 carros eléctricos e este ano apenas foram vendidos 44. Para carregar as baterias dos 270 carros existem mais de mil postos de carregamento que custaram 3 mil euros por posto e os de carregamento rápido custaram dez vezes mais. Existem, pois, quase 4 postos por cada carro eléctrico um investimento equivalente ao custo do próprio carro.
Por isso, meus amigos, antes de irdes às manifs chamar «gatunos» a estes tristes que estão no governo, lembrai-vos que são apenas os cobradores das facturas dos desvarios a que assististes – eventualmente, alguns de vós, com devoção.
(Retrospectiva impertinente dos carros eléctricos socráticos)
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Terapêutica para o «burnout» estudantil
Segundo o estudo do Instituto Superior de Psicologia Aplicada «Burnout em Estudantes Universitários: Determinantes e Consequências», estes «vivem angustiados … e o rendimento académico está a baixar, levando-os por vezes a recorrer a drogas e álcool ... apresentam níveis elevados de exaustão física e emocional e estão também desmotivados.»
Baseado numa longínqua experiência universitária, minha e de amigos e colegas, alinhei uns quantos conselhos aos estudantes universitários angustiados, exaustos e desmotivados:
Baseado numa longínqua experiência universitária, minha e de amigos e colegas, alinhei uns quantos conselhos aos estudantes universitários angustiados, exaustos e desmotivados:
- Começar por apagar das tenras meninges o termo burnout - sem um nome a coisa perde logo importância;
- Levantar todos os dias às 6:30 horas;
- Frequentar apenas aulas das 8 às 10H;
- Trabalhar das 10:30 às 18:30 com um intervalo de 30 m para morder uma bucha;
- Estudar umas 2 ou 3 horas por noite;
- Usar as férias no emprego para preparar os exames.
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26/10/2012
Conversa fiada (10) – Os papagaios (parte II)
O papagaio do meu amigo fugiu da gaiola e, segundo a sondagem do ionline, contaminou 8 em cada 10 portugueses com o vírus «corta a despesa». E onde cortariam os contaminados a despesa pública? Ora, evidentemente uma parte substancial na metade da despesa corrente correspondente a despesas com saúde e educação. Certo? Errado. Dessa maioria colossal disposta a cortar a despesa, apenas 1 em cada 100 aceitam cortes nessa metade. Estamos conversados.
Aditamento:
Aditamento:
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CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Por falar em «folga» e «almofada»… e o colchão?
Gaspar admitiu há dias usar o ouro como colateral de empréstimos. Espera-se a todo o momento que um qualquer apparatchik socialista venha falar não já da «folga» ou da «almofada» mas do colchão.
Diagrama do WSJ anotado pelo (Im)pertinências |
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CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: A contabilidade socialista - depois das «folgas», as «almofadas».
No passado houve as «folgas» de Sócrates e Seguro, a saber:
- Janeiro de 2011, a 4 meses da bancarrota: «Portugal tem uma folga orçamental de 800 milhões», garantiu Sócrates
- Novembro de 2011: há uma «folga orçamental» de €900 milhões, jurou Seguro.
25/10/2012
Será que vou ter que mudar de casa outra vez?
«Estarei na cidade com os cidadãos a combater este OE de massacre fiscal» garantiu Francisco Louçã a anunciar a sua renúncia ao parlamento.
Se não pedir for muito, posso saber qual é a cidade onde vai pregar combater ?
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CASE STUDY: A pátria do capitalismo é o inferno dos capitalistas (8)
Anjos caídos recentemente: (1), (2), (3), (4), (5), (6) e (7).
Rajat K. Gupta é um dos líderes empresariais mais admirados dos EU. Foi até 2003 managing director da McKinsey, a quinta-essência da consultoria de gestão mundial, e depois disso foi presidente ou consultor estratégico de vários grupos que são la crème de la crème, tais como Goldman Sachs, Procter and Gamble e American Airlines, e de organizações não-lucrativas como a Fundação Gates, o Global Fund e Câmara Internacional de Comércio.
Rajat K. Gupta é um dos líderes empresariais mais admirados dos EU. Foi até 2003 managing director da McKinsey, a quinta-essência da consultoria de gestão mundial, e depois disso foi presidente ou consultor estratégico de vários grupos que são la crème de la crème, tais como Goldman Sachs, Procter and Gamble e American Airlines, e de organizações não-lucrativas como a Fundação Gates, o Global Fund e Câmara Internacional de Comércio.
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24/10/2012
Lost in translation (160) – O ministro das Finanças admite usar a pesada herança do fascismo
«Gaspar admite usar ouro como colateral de empréstimos» (Económico)
Como é sabido, em 1926 a ditadura salazarista herdou da baderna republicana cofres vazios. Em 1950 o Botas tinha amealhado 171 toneladas do vil metal. Em 1974, a democracia herdou da ditadura cerca de 866 toneladas de ouro. Durante os 36 anos seguintes, o Estado sucial vendeu cerca de 493 toneladas, restando 373 toneladas.
Como é sabido, em 1926 a ditadura salazarista herdou da baderna republicana cofres vazios. Em 1950 o Botas tinha amealhado 171 toneladas do vil metal. Em 1974, a democracia herdou da ditadura cerca de 866 toneladas de ouro. Durante os 36 anos seguintes, o Estado sucial vendeu cerca de 493 toneladas, restando 373 toneladas.
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Estado empreendedor (70) - Faz parte do ADN do socialismo
«O governo francês vai conceder garantias de sete mil milhões de euros à PSA Peugeot Citroen para que a unidade bancária do grupo automóvel possa financiar-se a custos razoáveis e fazer face ao aumento da sua dívida. De acordo com os novos dados, o passivo deverá aumentar mais 20% do que o inicialmente previsto.» (negócios online)
No final arrisca-se a ser mais um exemplo do efeito Lockheed TriStar: mantêm-se linhas de produção e fábricas inviáveis até ao ponto em que os custos para a França serão muito maiores do que reestruturá-las ou encerrá-las ou fazer qualquer outra coisa para as tornar viáveis.
No final arrisca-se a ser mais um exemplo do efeito Lockheed TriStar: mantêm-se linhas de produção e fábricas inviáveis até ao ponto em que os custos para a França serão muito maiores do que reestruturá-las ou encerrá-las ou fazer qualquer outra coisa para as tornar viáveis.
Lost in translation (159) – O corte da despesa segundo o professor Louçã é um aumento dos impostos e uma petição aos credores
As medidas alternativas à proposta de orçamento concebidas pelo professor Louçã dividem-se em dois grupos: 1) as que dependem o Estado português e 2) as que dependem dos credores.
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23/10/2012
DIÁRIO DE BORDO: De produtor de filmes a inquilino de Belém
Só à primeira vista é surpreendente o resultado da sondagem do ionline que dá o doutor Marcelo como o melhor preparado para ocupar o palácio de Belém. Em primeiro lugar, com excepção de António Barreto, que se quisesse teria todas as condições para ser um bom presidente da República, e de Belmiro de Azevedo, que não faz parte desse campeonato, todos os outros estão no lote para fazer luzir o doutor Marcelo.
Em segundo lugar, mostra uma vez mais que estava escrito nas estrelas que nós teríamos de chegar onde chegámos, entre outras razões pela tendência para escolher gente que nos faça feliz e nos conte estórias.
22/10/2012
DIÁRIO DE BORDO: O filme do doutor Marcelo
Só soube pelos jornais porque há muito a minha tolerância às performances do doutor Marcelo se esgotou. Por isso, não sei se percebi bem. Parece que o doutor Marcelo se propõe «fazer um filme, como houve aquele filme, porventura pelos mesmos … para a Finlândia, um filme para antes das eleições alemãs passar na televisão alemã».
CASE STUDY: A supervisão bancária europeia (2)
[Continuação de (1)]
O cepticismo a propósito da supervisão bancária europeia está a confirmar-se ser perfeitamente fundado. Na cimeira da passada 6.ª feira a decisão principal foi adiar a decisão até ao final do ano do formato do mecanismo único de supervisão e de, sem pressas, durante 2013, ir tratando dos seus aspectos operacionais. Só então, lá para 2014, se iniciará a recapitalização directa dos bancos, isto é sem ser por via da emissão de dívida pública com que os Estados têm financiado os respectivos bancos, como até agora.
O cepticismo a propósito da supervisão bancária europeia está a confirmar-se ser perfeitamente fundado. Na cimeira da passada 6.ª feira a decisão principal foi adiar a decisão até ao final do ano do formato do mecanismo único de supervisão e de, sem pressas, durante 2013, ir tratando dos seus aspectos operacionais. Só então, lá para 2014, se iniciará a recapitalização directa dos bancos, isto é sem ser por via da emissão de dívida pública com que os Estados têm financiado os respectivos bancos, como até agora.
21/10/2012
Se resolverem renegar a dívida não esqueçam de avisar a marinha
A Argentina suspendeu em 2001 o serviço da dívida pública e em 2005 propôs aos seus credores um swap de obrigações com um haircut de 65% que foi aceite por credores representando mais de 90% da dívida. Um dos que não aceitou foi a Elliot Management que conseguiu uma decisão de um tribunal de NY reconhecendo-lhe o direito a ser reembolsada de USD 1,6 mil milhões.
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ARTIGO DEFUNTO: Um colunista preguiçoso
Miguel Sousa Tavares tem o direito a exprimir todas as opiniões que entender. Tem mesmo a obrigação de o fazer porque o Expresso lhe paga para isso. MST tem até o direito de distorcer factos e cometer erros clamorosos, embora tenha a obrigação profissional de não o fazer.
Pro memoria (74) – A chantagem das corporações sobre o Estado resulta sempre
Passados três meses da campanha de agitprop, onde o bastonário da Ordem dos Médicos convocou uma greve «em defesa do SNS», porque, segundo ele, «no extremo, os médicos podem ser contratados a dois ou três euros à hora», foi assinado o acordo salarial pelo qual os salários horários mais baixos que eram de 13 euros tiveram um aumento de 30% para 17 euros e os mais altos aumentaram 45% de 22 para 32 euros.
Conseguirá este governo acabar nas boas graças das corporações que parasitam o Estado?
Infograma do SOL de 19-10 |
20/10/2012
Se não fosse pedir muito, gostaria que me explicassem
Gostaria que me explicassem qual o propósito de uma agência estatal financiada com dinheiro dos contribuintes entrevistar um ex-militar do braço armada da ditadura fascista e do exército colonial que massacrou os combatentes da liberdade (esta tirada é dedicada a esquerdalhada) que fez parte da cúpula das FP-25, uma organização política clandestina e criminosa, responsável por levar a cabo vários atentados, que incluiram mais de uma dúzia de assassínios, em plena vigência de um regime democrático.
Se não fosse pedir muito, gostaria também me fosse explicado qual o propósito de distribuir pelos mídia os delírios da criatura em causa, Otelo Saraiva de Carvalho, que atribui à tropa o papel de «guardiã da constituição» e avisa que «está latente» uma nova revolução, que não será pacífica e até já fez apelos a golpes de Estado e ao derrube do governo.
É caso para perguntar a essa gente que passa a vida a babar-se com a Constituição, se por acaso o homem, que não deve estar a pensar fazer uma revolução sozinho lá em casa, não está a incentivar uma associação para «promover a violência» (artigo 46.º do manual).
Se não fosse pedir muito, gostaria também me fosse explicado qual o propósito de distribuir pelos mídia os delírios da criatura em causa, Otelo Saraiva de Carvalho, que atribui à tropa o papel de «guardiã da constituição» e avisa que «está latente» uma nova revolução, que não será pacífica e até já fez apelos a golpes de Estado e ao derrube do governo.
É caso para perguntar a essa gente que passa a vida a babar-se com a Constituição, se por acaso o homem, que não deve estar a pensar fazer uma revolução sozinho lá em casa, não está a incentivar uma associação para «promover a violência» (artigo 46.º do manual).
DIÁRIO DE BORDO: Caught in the Act (5)
John Lennon autografando «Double Fantasy» para Mark David Chapam que o haveria de assassinar 6 horas depois (foto de Paul Goresh) |
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19/10/2012
Pro memoria (73) - Recordando a 2.ª intervenção do FMI em 1983
Continuando a retrospectiva (aqui e aqui) das duas anteriores intervenções do FMI, pela mão de Mário Soares, vou mais uma vez recorrer a Pinho Cardão e ao seu excelente post «Vítor Gaspar e Hernâni Lopes: tudo diferente, tudo igual» no 4R.
«Em 1983, os cortes directos nos salários e no subsídio de Natal e o aumento de impostos, para além do congelamento de admissões na função pública equivaleram-se tendencialmente nos seus efeitos às medidas similares actuais. Para além disso, a desvalorização do escudo em 13% diminuiu substancialmente, e por si só, o poder de compra já de si abalado pelo corte nos salários. Mas aconteceu ainda que os salários reais tiveram ainda uma outra diminuição drástica de cerca de 12% em 1983 e 1984, pelo efeito inflação. Porque os aumentos salariais verificados não acompanharam a inflação, que atingiu os 30%, tal levou a uma transferência de fundos dos trabalhadores para as empresas, já que estas, através da inflação iam fazendo subir o preço dos produtos. Transferência essa em tal montante que torna ridículo o montante agora proposto pela TSU. A inflação da altura criou assim uma colossal ilusão monetária e, porque ilusão, razoavelmente aceite por todos, ao contrário de agora.
«Em 1983, os cortes directos nos salários e no subsídio de Natal e o aumento de impostos, para além do congelamento de admissões na função pública equivaleram-se tendencialmente nos seus efeitos às medidas similares actuais. Para além disso, a desvalorização do escudo em 13% diminuiu substancialmente, e por si só, o poder de compra já de si abalado pelo corte nos salários. Mas aconteceu ainda que os salários reais tiveram ainda uma outra diminuição drástica de cerca de 12% em 1983 e 1984, pelo efeito inflação. Porque os aumentos salariais verificados não acompanharam a inflação, que atingiu os 30%, tal levou a uma transferência de fundos dos trabalhadores para as empresas, já que estas, através da inflação iam fazendo subir o preço dos produtos. Transferência essa em tal montante que torna ridículo o montante agora proposto pela TSU. A inflação da altura criou assim uma colossal ilusão monetária e, porque ilusão, razoavelmente aceite por todos, ao contrário de agora.
DIÁRIO DE BORDO: Olha se a moda existisse na década de 60…
Entre o princípio da década de 60 e o princípio da década de 70 emigraram legal e ilegalmente, a salto como então se dizia, correndo o risco de levar um tiro, mais de um milhão de portugueses. Muitos desses portugueses eram analfabetos e, portanto, não poderiam escrever pelo seu punho cartas ao almirante Américo Tomás, o antecessor do professor Cavaco Silva nesse período (1958-1974). Na melhor hipótese, ditariam uma carta ao presidente quando chegassem ao seu destino: exmo senhor prezidente, nós por cá estemos todos bem.
18/10/2012
Pura perda de tempo. O Bernie Bernanke já está a tratar disso.
O FBI deteve Quazi Nafis que se preparava (pensava ele) para fazer explodir a FED (a Reserva Federal, o banco central americano) em NY. Na verdade, tratava-se de uma armadilha montada pelo FBI para apanhar Nafis.
Explodir a FED para quê? Pura perda de tempo. O Bernie Bernanke já está a tratar disso há 4 anos com o Quantitative Easing. No caso do QE do Bernie é mais uma bomba de espoleta retardada.
Explodir a FED para quê? Pura perda de tempo. O Bernie Bernanke já está a tratar disso há 4 anos com o Quantitative Easing. No caso do QE do Bernie é mais uma bomba de espoleta retardada.
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DIÁRIO DE BORDO: Porque não haverá outro PREC
Alguns amigos e conhecidos têm manifestado preocupação, uns, ou alegria antecipada, outros, pela possibilidade da actual onda de excitação manifestante nos poder conduzir a um novo PREC. Para descanso dos primeiros e desapontamento dos segundos, estou em condições de garantir que tal não acontecerá.
E não acontecerá porquê? Não será mais uma daquelas previsões como o défice ou o crescimento do PIB ou a taxa de desemprego que os nossos governos fazem? Nada disso. Não acontecerá porque lhe faltaria o combustível.
Onde estão as 866 toneladas de ouro deixadas pelo fascismo? Pesada herança que a preços actuais valeria uns 42,5 mil milhões de euros o que se fossemos a correr daria para pagar uns 20% da dívida ou uns 9 meses de importações. Dessas 866 restam umas 370 toneladas, o que desde logo reduziria a duração da festa.
Onde estavam os cerca de 200 mil «servidores do Estado» estão agora ninguém sabe exactamente quantos, talvez mais de 700 mil funcionários públicos. Onde estava uma despesa pública de 13% do PIB está agora uma de 48%.
Onde estava a dívida pública de 15% do PIB está agora uma dívida quase 8 vezes maior em percentagem do PIB e 20 vezes maior em valor a preços actuais. Com o que resta do ouro da herança fascista teríamos em pouco tempo que optar entre servir a dívida ou comer e não termos mais crédito.
O PREC que no seu período festivo durou 19 meses duraria agora umas semanas antes de o país fechar por inanição. Podeis, pois, ficar tranquilos ou desapontados, respectivamente.
Qed.
E não acontecerá porquê? Não será mais uma daquelas previsões como o défice ou o crescimento do PIB ou a taxa de desemprego que os nossos governos fazem? Nada disso. Não acontecerá porque lhe faltaria o combustível.
Onde estão as 866 toneladas de ouro deixadas pelo fascismo? Pesada herança que a preços actuais valeria uns 42,5 mil milhões de euros o que se fossemos a correr daria para pagar uns 20% da dívida ou uns 9 meses de importações. Dessas 866 restam umas 370 toneladas, o que desde logo reduziria a duração da festa.
Onde estavam os cerca de 200 mil «servidores do Estado» estão agora ninguém sabe exactamente quantos, talvez mais de 700 mil funcionários públicos. Onde estava uma despesa pública de 13% do PIB está agora uma de 48%.
Onde estava a dívida pública de 15% do PIB está agora uma dívida quase 8 vezes maior em percentagem do PIB e 20 vezes maior em valor a preços actuais. Com o que resta do ouro da herança fascista teríamos em pouco tempo que optar entre servir a dívida ou comer e não termos mais crédito.
O PREC que no seu período festivo durou 19 meses duraria agora umas semanas antes de o país fechar por inanição. Podeis, pois, ficar tranquilos ou desapontados, respectivamente.
Qed.
Será a Constituição inconstitucional?
- «Alterações aos escalões do IRS são inconstitucionais» (Jorge Miranda, constitucionalista)
- «Orçamento é inconstitucional» (Bernardino Soares, líder parlamentar do PCP)
- «Juízes consideram que "brutal" aumento fiscal pode ser inconstitucional»
- «O orçamento promove uma situação de iniquidade fiscal»; «pode haver inconstitucionalidade» (Paulo Otero, constitucionalista)
- «Vital Moreira duvida da legalidade do corte de subsídios»
- «Carlos Moreno, ex-juiz do Tribunal de Contas, diz que Orçamento é inconstitucional»
- «A nova Lei dos Compromissos pode mesmo ser inconstitucional» (Fernando Ruas)
- «Deputados do PS dizem que OE é inconstitucional»
E porque não considerar inconstitucional pagar os juros e a dívida?
17/10/2012
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Oportunidades perdidas
Secção Padre Anchieta
«Compreendo que haja agora manifestações quase todos os dias, mas estas manifestações deviam ser contra a senhora Merkel e outros políticos da União Europeia que nos andam a por este garrote», disse Silva Lopes, acrescentando que estará presente nas manifestações contra Merkel.
Cinco chateaubriands para Silva Lopes pela confusão entre os responsáveis por quase 4 décadas de folia financeira e os credores que nos emprestam dinheiro sob condição de o gastarmos bem e com parcimónia. Ainda cinco urracas por em nenhuma das suas inúmeras entrevistas, declarações e bitaites aos mídia ter promovido manifestações contra a folia dos 24 governos anteriores, incluindo os cinco governos de que ele próprio fez parte.
LEMA: «Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»
«Compreendo que haja agora manifestações quase todos os dias, mas estas manifestações deviam ser contra a senhora Merkel e outros políticos da União Europeia que nos andam a por este garrote», disse Silva Lopes, acrescentando que estará presente nas manifestações contra Merkel.
Cinco chateaubriands para Silva Lopes pela confusão entre os responsáveis por quase 4 décadas de folia financeira e os credores que nos emprestam dinheiro sob condição de o gastarmos bem e com parcimónia. Ainda cinco urracas por em nenhuma das suas inúmeras entrevistas, declarações e bitaites aos mídia ter promovido manifestações contra a folia dos 24 governos anteriores, incluindo os cinco governos de que ele próprio fez parte.
LEMA: «Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»
Superavit de adjectivos a propósito de um orçamento com défice
Alguns exercícios de adjectivação orçamental:
- «monstruosidade fiscal» e «desumano» (Arménio Carlos)
- «assalto fiscal» (PCP)
- «desastre nacional» (Ana Avoila, Frente Comum dos Sindicatos)
- «sufocante» (Santana Lopes)
- «não tem execução possível» (Manuela Ferreira Leite)
- «psicopatia fiscal» (Carlos César)
- «septicemia» (Bagão Félix)
- «bomba atómica fiscal» (Eurico Brilhante Dias, secretário nacional do PS)
- «massacre» (Verdes)
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16/10/2012
Pro memoria (72) – A dialéctica dos números
Trilema de Žižek |
O maior dos tempos modernos é o de meio milhão de funcionários públicos na Cuba socialista que o camarada Arménio visitou recentemente em representação da CGTP.
[Muito oportunamente recordado por Helena Matos no Blasfémias]
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Mitos (87) – O governo, os seus predecessores e sucessores
O presumível fracasso deste governo não pode atribuir-se necessária e exclusivamente ao presumível défice de estatuto, pedigree e graus académicos dos seus membros, quando comparado com o presumível superavit desses atributos nos governos que o antecederam. Pela simples e prosaica razão que foram esses outros governos, presumivelmente adornados com tais atributos, que adicionaram os défices orçamentais e demonstraram défices de competência na governação, ao mesmo tempo que incrementaram um superavit cada vez maior de intervenção na sociedade e na economia de um Estado cada vez mais fraco e mais parasitado pelas corporações, deixando esse Estado e a Nação num estado cuja superação está presumivelmente acima das competências deste governo.
Do presumível fracasso deste governo não resulta necessariamente um presumível sucesso do governo seguinte.
Do presumível fracasso deste governo não resulta necessariamente um presumível sucesso do governo seguinte.
O (IM)PERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Latim, língua maravilhosa
O vocábulo "maestro" vem do latim "magister" e este, por sua vez, do advérbio "magis" que significa "mais" ou "mais que".
Na antiga Roma o "magister" era o que estava acima dos restantes, pelos seus conhecimentos e habilitações. Era um mestre. Por exemplo, um "Magister equitum" era um Chefe de cavalaria e um "Magister Militum" era um Chefe Militar.
Já o vocábulo "ministro" vem do latim "minister" e este, por sua vez, do advérbio "minus" que significa "menos" ou "menos que". Na antiga Roma o "minister" era o servente ou o subordinado que apenas tinha habilidades ou era jeitoso...
Como se vê, o latim explica a razão por que qualquer imbecil pode ser ministro... Mas não um mestre!
[Autor desconhecido, enviado por AB]
Na antiga Roma o "magister" era o que estava acima dos restantes, pelos seus conhecimentos e habilitações. Era um mestre. Por exemplo, um "Magister equitum" era um Chefe de cavalaria e um "Magister Militum" era um Chefe Militar.
Já o vocábulo "ministro" vem do latim "minister" e este, por sua vez, do advérbio "minus" que significa "menos" ou "menos que". Na antiga Roma o "minister" era o servente ou o subordinado que apenas tinha habilidades ou era jeitoso...
Como se vê, o latim explica a razão por que qualquer imbecil pode ser ministro... Mas não um mestre!
[Autor desconhecido, enviado por AB]
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15/10/2012
Um governo à deriva (5) – Se não funciona, faz-se outro ao lado
Não é extraordinário que quando se fala em o governo vender uma participação na Caixa, cuja existência é justificada pelos seus defensores pelo seu presumido papel estratégico para financiar a economia, ao mesmo tempo o ministério das Finanças, segundo o Expresso que usa 2/3 de página para explicar a coisa, cria um grupo de trabalho por sugestão do BdeP para «estudar a criação de um banco de fomento, destinado a financiar a economia, em particular as pequenas e médias empresas»?
14/10/2012
Onde pára o crédito às empresas? A pescadinha de rabo na boca (2)
Confirmou-se, uma vez mais, a tendência, já aqui denunciada, de os bancos portugueses usarem o dinheiro emprestado pelo BCE a taxas de juro próximas de zero e dos fundos públicos para recapitalização preferencialmente para comprar dívida pública portuguesa, além de emprestarem dinheiro a empresas públicas falidas, em vez de financiaram a economia.
Na operação de troca a semana passada de 3,8 mil milhões de dívida com maturidades até Setembro do próximo ano por outra com maturidade em 2015, a maior parte foi feita por bancos portugueses que assim se agrilhoaram por mais em média pelo menos 2 anos à dívida do Estado.
Na operação de troca a semana passada de 3,8 mil milhões de dívida com maturidades até Setembro do próximo ano por outra com maturidade em 2015, a maior parte foi feita por bancos portugueses que assim se agrilhoaram por mais em média pelo menos 2 anos à dívida do Estado.
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Das intenções iniciais, resta o quê?
«O liberalismo de Passos Coelho resumia-se a um programa político que nem sequer era dele. Era, e é, o dos nossos credores, gente interessada em garantir o pagamento das nossas dívidas, não na ideologia.
Essa suposta brisa liberal juntou-se no Governo a um partido que é uma espécie de anticiclone ideológico. O CDS, sim, é dele que estou a falar, já defendeu quase tudo e o seu contrário. Desde que seja o Estado a pagar. É um filho dileto da velha direita portuguesa saudosa de um Estado forte, que protege tudo e todos, incluindo naturalmente os interesses dos poderosos. Não se conhece, no CDS, nenhuma ideia clara nesta matéria. A única certeza é a irresistível atração pelo poder.
A concretização deste fenómeno meteorológico criou a sensação de que havia uma ideia para o país, baseada no programa da troika mas que ia além dele. Carentes de esperança os portugueses acreditaram que havia um rumo, um caminho difícil e duro a percorrer mas que tinha mesmo de ser percorrido. Durante um ano cerraram os dentes, aceitaram esforços, fizeram sacrifícios. E acreditaram que era agora, que as coisas iam mesmo mudar, que o país ia ser diferente, embora não soubessem muito bem em quê.
Um ano depois, esta ilusão foi engolida por um terramoto. O choque com a realidade mostrou que não havia verdadeiras opções ideológicas, mas apenas uma cartilha pragmática que misturava um programa imposto pelos credores e alguns modelos académicos que o professor António Borges ensina no primeiro ano dos seus cursos. E onde, como o próprio sublinhou, os nossos empresários não passariam se os frequentassem. São dois mundos opostos. Eles acham que o país não os compreende e o país, na realidade, não os compreende mesmo. Das intenções iniciais, as tais que eram vagamente liberais, resta o quê?»
«O fim da ilusões», Luís Marques no Expresso
Essa suposta brisa liberal juntou-se no Governo a um partido que é uma espécie de anticiclone ideológico. O CDS, sim, é dele que estou a falar, já defendeu quase tudo e o seu contrário. Desde que seja o Estado a pagar. É um filho dileto da velha direita portuguesa saudosa de um Estado forte, que protege tudo e todos, incluindo naturalmente os interesses dos poderosos. Não se conhece, no CDS, nenhuma ideia clara nesta matéria. A única certeza é a irresistível atração pelo poder.
A concretização deste fenómeno meteorológico criou a sensação de que havia uma ideia para o país, baseada no programa da troika mas que ia além dele. Carentes de esperança os portugueses acreditaram que havia um rumo, um caminho difícil e duro a percorrer mas que tinha mesmo de ser percorrido. Durante um ano cerraram os dentes, aceitaram esforços, fizeram sacrifícios. E acreditaram que era agora, que as coisas iam mesmo mudar, que o país ia ser diferente, embora não soubessem muito bem em quê.
Um ano depois, esta ilusão foi engolida por um terramoto. O choque com a realidade mostrou que não havia verdadeiras opções ideológicas, mas apenas uma cartilha pragmática que misturava um programa imposto pelos credores e alguns modelos académicos que o professor António Borges ensina no primeiro ano dos seus cursos. E onde, como o próprio sublinhou, os nossos empresários não passariam se os frequentassem. São dois mundos opostos. Eles acham que o país não os compreende e o país, na realidade, não os compreende mesmo. Das intenções iniciais, as tais que eram vagamente liberais, resta o quê?»
«O fim da ilusões», Luís Marques no Expresso
SERVIÇO PÚBLICO: o milagre do défice tarifário faz toda a gente feliz? (5)
[Continuação de (1), (2), (3) e (4)]
Na 4.ª Feira passada o governo, a exemplo dos anteriores desde Barroso, anunciou mais um chuto de 141 milhões de euros para a frente dado no défice tarifário, a adicionar aos vários milhares de milhões que ninguém parece saber exactamente quantos são (recorde-se aqui do que se trata quando se fala de défice tarifário).
Citando-me: em Março eu pensava que era de 2,7 mil milhões, o ionline dizia que era de 3,2, o mês passado o Sol falava em 2, ontem (11-05-2012) o Negócios escreveu 1,5. Em Outubro o governo dizia no parlamento pela boca do Álvaro que se nada fosse feito seria de 8 em 2020 e em Abril segundo o Pedro seria superior a 5 mil milhões.
Fica-se agora a saber que, segundo a ERSE, em Dezembro de 2011 o célebre défice tarifário nos iria custar «802 milhões de euros em 2013, cerca de 500 milhões anualmente de 2014 a 2016, 395 milhões de euros em 2017, 223 milhões por ano de 2018 a 2024 e 81 milhões anuais até 2027», ou seja 4,3 mil milhões. No vosso lugar, preparar-me-ia para a coisa ficar mais para o lado dos 8 mil milhões do Álvaro.
Para uma recapitulação de todos os posts sobre os temas eléctricos clique na etiqueta «défice tarifário» no rodapé deste post.
Varrendo o défice tarifário para debaixo do tapete |
Na 4.ª Feira passada o governo, a exemplo dos anteriores desde Barroso, anunciou mais um chuto de 141 milhões de euros para a frente dado no défice tarifário, a adicionar aos vários milhares de milhões que ninguém parece saber exactamente quantos são (recorde-se aqui do que se trata quando se fala de défice tarifário).
Citando-me: em Março eu pensava que era de 2,7 mil milhões, o ionline dizia que era de 3,2, o mês passado o Sol falava em 2, ontem (11-05-2012) o Negócios escreveu 1,5. Em Outubro o governo dizia no parlamento pela boca do Álvaro que se nada fosse feito seria de 8 em 2020 e em Abril segundo o Pedro seria superior a 5 mil milhões.
Fica-se agora a saber que, segundo a ERSE, em Dezembro de 2011 o célebre défice tarifário nos iria custar «802 milhões de euros em 2013, cerca de 500 milhões anualmente de 2014 a 2016, 395 milhões de euros em 2017, 223 milhões por ano de 2018 a 2024 e 81 milhões anuais até 2027», ou seja 4,3 mil milhões. No vosso lugar, preparar-me-ia para a coisa ficar mais para o lado dos 8 mil milhões do Álvaro.
Para uma recapitulação de todos os posts sobre os temas eléctricos clique na etiqueta «défice tarifário» no rodapé deste post.
13/10/2012
Exemplos do costume (10) – Obscenidade unilateral
À lista das corporações penduradas no Estado em revolta contra as reformas que mexem com os seus interesses, além dos professores, dos médicos, dos enfermeiros, dos militares e dos polícias, devemos adicionar os «oficiais de justiça» cujo sindicato considera «obsceno» em apenas 2 meses os funcionários públicos passarem a ter a mesma idade de reforma dos trabalhadores dos sectores privados, ou seja mais 6 anos.
Aparentemente, o Sindicato dos Oficiais de Justiça, a maioria com emprego vitalício, nunca considerou obsceno os trabalhadores dos sectores privados, sem qualquer garantia de emprego e muitos deles com contratos a prazo, terem tido durante muitas décadas uma idade de reforma 6 anos superior à dos funcionários públicos.
Aparentemente, o Sindicato dos Oficiais de Justiça, a maioria com emprego vitalício, nunca considerou obsceno os trabalhadores dos sectores privados, sem qualquer garantia de emprego e muitos deles com contratos a prazo, terem tido durante muitas décadas uma idade de reforma 6 anos superior à dos funcionários públicos.
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Vivemos num estado policial? (5)
Ninguém sabe exactamente quantos polícias estão no efectivo. Admitamos que os números da UNODC estão próximos da realidade: 47.409 efectivos ou 444,1 por 100.000 habitantes, o que nos coloca no topo da Europa apenas ultrapassados por Malta e pela Irlanda do Norte. Em conclusão, poderemos ter falta de tudo mas não de polícias.
É neste contexto que devemos ler a carta ao primeiro-ministro da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (belo nome que pressupõe haverem amadores da polícia) onde, apesar daquele número pletórico, se queixam que «nos últimos anos a capacidade de resposta da PSP atingiu o limite, cortar mais é pôr em causa a nossa missão e a segurança dos portugueses». E onde também se queixam do «envelhecimento do efectivo … (porque) a maioria dos polícias tem mais de 50 anos», como se isso fosse um problema para estar sentado numa esquadra a tomar conta da ocorrência, que é o que fazem os maiores e os menores de 50 anos porque, como se sabe, é mais fácil encontrar uma agulha num palheiro do que um polícia nas ruas.
No contexto dos recursos existentes tudo isto é absurdo, mas percebe-se no contexto da captura pelas corporações de um Estado gordo, mas fraco. Desse ponto de vista, se os professores, os médicos, os enfermeiros, os militares e outras corporações sugam a vaca marsupial pública, porque não os polícias?
Outros casos de polícia: (1), (2), (3) e (4).
12/10/2012
Bons exemplos (40) – Qual a diferença entre a justiça brasileira e a portuguesa? (II)
(Continuação daqui)
Com a condenação de José Dirceu (ex-guerrilheiro treinado em Cuba, ex-líder do PT, homem de confiança de Lula e arquitecto do mensalão – o maior esquema de corrupção para compra de votos em toda a história) e José Genoino (ex-presidente do PT, ex-deputado federal e peça importante do mensalão) a justiça brasileira deu um exemplo surpreendente de independência num país minado pela corrupção.
No lugar da ministra da Justiça mandava uma missão ao Brasil
Com a condenação de José Dirceu (ex-guerrilheiro treinado em Cuba, ex-líder do PT, homem de confiança de Lula e arquitecto do mensalão – o maior esquema de corrupção para compra de votos em toda a história) e José Genoino (ex-presidente do PT, ex-deputado federal e peça importante do mensalão) a justiça brasileira deu um exemplo surpreendente de independência num país minado pela corrupção.
No lugar da ministra da Justiça mandava uma missão ao Brasil
ARTIGO DEFUNTO:Os ricos que paguem a crise, defende o sindicato dos jornalistas de causas
A Sonaecom que sustenta a insustentabilidade do jornal Público (a que já chamámos o esquerda.net em papel) anunciou que prevê despedir 36 jornalistas e 12 outros funcionários.
Como seria de esperar, o Sindicato dos Jornalistas acusa o «rico universo Sonae» de não querer «diminuir os seus lucros». Se este e os outros sindicatos exercerem o mandato dos trabalhadores do Público para convocarem uma «greve e procurar formas de obstar ao despedimento anunciado», pode ser que o «rico universo Sonae» perca a paciência e acabe de vez com esta forma de mecenato da esquerdalhada.
Aditamento:
Nos últimos 5 anos o Público gerou um prejuízo total de 13 milhões de euros para a Sonaecom. É uma contribuição média de 2,6 milhões euros por ano dos Azevedos para o Sr. Jerónimo de Sousa e o professor doutor Louçã propagarem a sua doutrina.
Como seria de esperar, o Sindicato dos Jornalistas acusa o «rico universo Sonae» de não querer «diminuir os seus lucros». Se este e os outros sindicatos exercerem o mandato dos trabalhadores do Público para convocarem uma «greve e procurar formas de obstar ao despedimento anunciado», pode ser que o «rico universo Sonae» perca a paciência e acabe de vez com esta forma de mecenato da esquerdalhada.
Aditamento:
Nos últimos 5 anos o Público gerou um prejuízo total de 13 milhões de euros para a Sonaecom. É uma contribuição média de 2,6 milhões euros por ano dos Azevedos para o Sr. Jerónimo de Sousa e o professor doutor Louçã propagarem a sua doutrina.
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11/10/2012
Pro memoria (71) – «Quando Mário Soares defendia o plano do FMI» (II)
Para completar a retrospectiva por Vítor Matos da intervenção, pela mão de Mário Soares, do FMI em 1983, aqui recordada, nada melhor do que a retrospectiva por Pinho Cardão do 4R da conjuntura, resultante dos devaneios do PREC, que levou o mesmo Mário Soares a pedir a primeira intervenção em 1977.
Essa intervenção valeu-lhe, por parte dos comunistas do PCP e dos esquerdistas hoje reconvertidos no Bloco de Esquerda, ser tratado como ele, Soares, trata hoje o governo PSD-CDS.
Essa intervenção valeu-lhe, por parte dos comunistas do PCP e dos esquerdistas hoje reconvertidos no Bloco de Esquerda, ser tratado como ele, Soares, trata hoje o governo PSD-CDS.
Por alturas da 1.ª intervenção |
No rescaldo da 2.ª intervenção (Foto Ochoa) |
NÓS VISTOS POR ELES: Pede-se muito ao governo
Já muitas vezes se escreveu no (Im)pertinências que os portugueses deveriam prestar mais atenção ao que os estrangeiros pensam de nós, particularmente os estrangeiros que se sentem dispensados de nos engraxar o ego porque não nos julgam uns patetas incapazes de enfrentar a realidade, como outros julgam (se calhar com razão).
Fiquemos a saber o que Ove Thorsheim, o embaixador norueguês, tem para nos dizer:
«É muito importante para nós que a economia portuguesa se desenvolva. Acreditamos que o governo está a fazer boas opções e a conseguir pôr a economia no caminho certo. Não é fácil dar a volta a uma economia num período tão curto e os desafios são muitos. Algumas das medidas adoptadas já começam a ter efeitos, mas esperar que tudo se resolva num ano ou dois é pedir demasiado.
…
Portugal desenvolveu para o mar uma estratégia que tenta abarcar tudo, enquanto nós não. A Noruega tem muitos recursos, mas foram as populações que, localmente, foram desenvolvendo as possibilidades que esses recursos representam. Por exemplo, temos uma indústria naval que se foi desenvolvendo à volta do petróleo. Mas isso não foi uma decisão governamental, foi um grupo de pessoas na costa do Noroeste da Noruega que decidiu avançar por aí: temos experiência no negócio dos navios de pesca, vamos agora tentar fazer navios especiais para a indústria petrolífera. E fizeram e são excelentes nisso, dominam o mercado, com mais de metade da quota mundial, estão a servir offshores no Brasil – onde os nossos investimentos são agora dez vezes superiores aos investimentos na China.
Na Noruega vamos ter com o governo para questões de saúde e educação. A minha primeira impressão é que, algumas vezes, em Portugal pede-se muito ao governo.»
Fiquemos a saber o que Ove Thorsheim, o embaixador norueguês, tem para nos dizer:
«É muito importante para nós que a economia portuguesa se desenvolva. Acreditamos que o governo está a fazer boas opções e a conseguir pôr a economia no caminho certo. Não é fácil dar a volta a uma economia num período tão curto e os desafios são muitos. Algumas das medidas adoptadas já começam a ter efeitos, mas esperar que tudo se resolva num ano ou dois é pedir demasiado.
…
Portugal desenvolveu para o mar uma estratégia que tenta abarcar tudo, enquanto nós não. A Noruega tem muitos recursos, mas foram as populações que, localmente, foram desenvolvendo as possibilidades que esses recursos representam. Por exemplo, temos uma indústria naval que se foi desenvolvendo à volta do petróleo. Mas isso não foi uma decisão governamental, foi um grupo de pessoas na costa do Noroeste da Noruega que decidiu avançar por aí: temos experiência no negócio dos navios de pesca, vamos agora tentar fazer navios especiais para a indústria petrolífera. E fizeram e são excelentes nisso, dominam o mercado, com mais de metade da quota mundial, estão a servir offshores no Brasil – onde os nossos investimentos são agora dez vezes superiores aos investimentos na China.
Na Noruega vamos ter com o governo para questões de saúde e educação. A minha primeira impressão é que, algumas vezes, em Portugal pede-se muito ao governo.»
DIÁRIO DE BORDO: Grande Saltitão contra Grande Parlapatão (2)
Como já confessei, se votasse nos EU teria alguma dificuldade de escolher entre o voto em Mitt Romney e esperar 4 ou 8 anos para talvez votar Condoleeza Rice – que será possivelmente a primeira presidente negra e mulher, por fora, e branca e homem, por dentro (não vou explicar esta boutade politicamente incorrecta).
Votar Barack Obama estaria fora de causa porque a criatura nem os seus fiéis consegue deixar de desapontar. Votar Mitt Romney talvez só se ele desse mais 2 KO a Obama como o da semana passada e perdesse o flip-flopping, que ainda não tenho a certeza se foi um expediente para garantir a nomeação com o apoio dos bebedores de chá ou é mesmo coisa dele.
Votar Barack Obama estaria fora de causa porque a criatura nem os seus fiéis consegue deixar de desapontar. Votar Mitt Romney talvez só se ele desse mais 2 KO a Obama como o da semana passada e perdesse o flip-flopping, que ainda não tenho a certeza se foi um expediente para garantir a nomeação com o apoio dos bebedores de chá ou é mesmo coisa dele.
10/10/2012
Pro memoria (70) – Como queimar uma medida de higiene da política portuguesa (II)
Ainda não se percebeu porquê neste particular momento António José Seguro irá propor a alteração da lei eleitoral reduzindo o número de deputados. Saberá ele próprio o porquê? Quem não sabe de certeza são os lóbis socialistas soaristas, socratistas, fracturantes e outros que se levantaram a uma só voz contra tal ideia.
O CDS parece não saber o que pensar a este respeito, possivelmente devido a um défice de memória de Paulo Portas que num debate com Passos Coelho na pré-campanha não hesitou em ser mais papista do que o papa contrapondo à redução para 181 de Passos Coelho uma redução para 115 deputados.
O CDS parece não saber o que pensar a este respeito, possivelmente devido a um défice de memória de Paulo Portas que num debate com Passos Coelho na pré-campanha não hesitou em ser mais papista do que o papa contrapondo à redução para 181 de Passos Coelho uma redução para 115 deputados.
ESTADO DE SÍTIO: Depende do inquilino do Eliseu - se for Sarkozy chama-se austerité, se for Hollande chama-se redressement
A assembleia nacional francesa ratificou ontem o tratado orçamental europeu com o texto negociado por Sarkozy e Merkel, com votos do PS, com 70 votos contra, dos quais 17 deputados do PS, e 21 abstenções. François Holande saudou a ratificação pela «gauche réunie», esquecendo muito convenientemente o voto maciço da direita.
Durante a campanha eleitoral, François Hollande prometera renegociar o pacto fiscal assinado por Sarkozy. Agora, para empurrar os deputados do PS a votarem o tratado, o primeiro-ministro Ayrault argumentou que a rejeição do tratado provocaria uma «crise política e o colapso da união monetária». De facto provocaria agora e provocaria antes.
Já tinha sido o mesmo com exclusion / fermeté.
Durante a campanha eleitoral, François Hollande prometera renegociar o pacto fiscal assinado por Sarkozy. Agora, para empurrar os deputados do PS a votarem o tratado, o primeiro-ministro Ayrault argumentou que a rejeição do tratado provocaria uma «crise política e o colapso da união monetária». De facto provocaria agora e provocaria antes.
Já tinha sido o mesmo com exclusion / fermeté.
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Lost in translation (158) – Não sei qual é a solução mas vou dizer qualquer coisa
«Estamos numa situação em que há uma estratégia estritamente financeira sem nenhum enquadramento económico e é preciso que haja uma estratégia económica onde esta estratégia financeira entre.
… É errado ter uma estratégia financeira de consolidação orçamental sem estratégia económica, que é a posição do Governo, mais errado é ainda a posição das principais críticas da oposição, que é querer uma estratégia de crescimento centrada no Estado, que é absolutamente impossível. Não teríamos crescimento, nem consolidação orçamental nem dinheiro.
… não podemos moderar a consolidação orçamental (mas) não a podemos é fazer sem pôr a economia a crescer e só podemos pôr a economia a crescer se houver investimento privado».
Augusto Mateus, ex-ministro da Economia de Guterres, consultor do regime (aeroporto de Beja, por exemplo), em entrevista à Lusa, mostrando que o melhor pensamento económico socialista não produz mais do que tautologias retóricas em discursos redondos.
… É errado ter uma estratégia financeira de consolidação orçamental sem estratégia económica, que é a posição do Governo, mais errado é ainda a posição das principais críticas da oposição, que é querer uma estratégia de crescimento centrada no Estado, que é absolutamente impossível. Não teríamos crescimento, nem consolidação orçamental nem dinheiro.
… não podemos moderar a consolidação orçamental (mas) não a podemos é fazer sem pôr a economia a crescer e só podemos pôr a economia a crescer se houver investimento privado».
Augusto Mateus, ex-ministro da Economia de Guterres, consultor do regime (aeroporto de Beja, por exemplo), em entrevista à Lusa, mostrando que o melhor pensamento económico socialista não produz mais do que tautologias retóricas em discursos redondos.
09/10/2012
Depois do socialismo, Soares mete a democracia na gaveta
Ontem, mais uma vez, Mário Soares defendeu no seu artigo de opinião no Diário de Notícias o fim deste governo. Desta vez, mitiga o esquerdismo senil do hic et nunc pelo realismo maquiavélico, e, aproveitando a sua experiência de meter o socialismo na gaveta, mete a democracia na gaveta, considerando as eleições «completamente inconvenientes … (porque) não resolverão nada e podem antes complicar muito a situação».
Como seria de esperar, o patriotismo e o apego à democracia de Soares cedem à inconveniência de deixar no colo do PS a crise de que foi o principal responsável. Em vez de eleições, propõe uma espécie de governo presidencial da iniciativa de Cavaco Silva a partir das sobras deste governo. Outra solução que sempre abominou, mas para Soares as conveniências ganham sempre aos princípios.
Não se tenham ilusões, tal governo não se destinaria a garantir a estabilidade e a não comprometer a credibilidade do país e a confiança dos mercados. O governo que Soares tem em mente é para durar até o eleitorado esquecer um pouco mais como chegámos aqui e o PS se livrar deste líder pusilânime e acossado pela tralha socrática e substituí-lo por um outro - por exemplo Costa.
Como seria de esperar, o patriotismo e o apego à democracia de Soares cedem à inconveniência de deixar no colo do PS a crise de que foi o principal responsável. Em vez de eleições, propõe uma espécie de governo presidencial da iniciativa de Cavaco Silva a partir das sobras deste governo. Outra solução que sempre abominou, mas para Soares as conveniências ganham sempre aos princípios.
Não se tenham ilusões, tal governo não se destinaria a garantir a estabilidade e a não comprometer a credibilidade do país e a confiança dos mercados. O governo que Soares tem em mente é para durar até o eleitorado esquecer um pouco mais como chegámos aqui e o PS se livrar deste líder pusilânime e acossado pela tralha socrática e substituí-lo por um outro - por exemplo Costa.
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é muito para um homem só,
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Pro memoria (69) – a nacionalização do BPN não custou nada e o nada vai já em 4,5 6,5 mil milhões (II)
A nacionalização do BPN, segundo o saudoso Teixeira dos Santos, começou por não custar nada e mostrar «melhorias significativas». Mais tarde, no princípio de 2011, o nada já andava por volta de 2 mil milhões, segundo Teixeira dos Santos e o amigo (do animal feroz) Bandeira.
Em Outubro do ano passado, segundo a resposta do ministério das Finanças às perguntas do BE, o custo da nacionalização já ia em 4,5 mil milhões and counting.
A semana passada, a proposta de conclusões da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o BPN estimava em 3,4 mil milhões a factura dos sujeitos passivos. Como, segundo a Comissão, este valor «num plano meramente teórico até poderá atingir um limite de 6,5 mil milhões de euros», no vosso lugar contava já com este valor «teórico». A perda de valor do BPN, ou, vendo a coisa numa perspectiva optimista, a valorização dos seus passivos e a desvalorização dos seus activos, terá resultado do «desnorte estratégico». Eu diria que é mais uma aplicação do nosso efeito Lockheed TriStar.
Será este o verdadeiro efeito multiplicador do investimento público? O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor.
Em Outubro do ano passado, segundo a resposta do ministério das Finanças às perguntas do BE, o custo da nacionalização já ia em 4,5 mil milhões and counting.
A semana passada, a proposta de conclusões da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o BPN estimava em 3,4 mil milhões a factura dos sujeitos passivos. Como, segundo a Comissão, este valor «num plano meramente teórico até poderá atingir um limite de 6,5 mil milhões de euros», no vosso lugar contava já com este valor «teórico». A perda de valor do BPN, ou, vendo a coisa numa perspectiva optimista, a valorização dos seus passivos e a desvalorização dos seus activos, terá resultado do «desnorte estratégico». Eu diria que é mais uma aplicação do nosso efeito Lockheed TriStar.
Será este o verdadeiro efeito multiplicador do investimento público? O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor.
SERVIÇO PÚBLICO: Derrubando o mito da vulnerabilidade do Internet Explorer
Um dos mitos que circulam há anos na Web, em particular entre os geeks, freaks, a esquerdalhada e as luminárias internáuticas do politicamente correcto, é o da (muito) menor vulnerabilidade do software open source, em particular do sistema operativo Linux e dos seus add-ons, em relação ao software proprietário, nomeadamente as várias versões Windows da diabolizada Microsoft.
Escrevi o parágrafo anterior vai para 5 anos neste post mas poderia escrevê-lo hoje outra vez, mutatis mutandis, a propósito dos browsers. Neste caso o mito é a muito maior vulnerabilidade do Internet Explorer face ao Google Chrome e ao Apple Safari.
A NSS Labs, uma reputada empresa de segurança informática que presta serviços nesta área a 300 das empresas da Fortune 500, levou a cabo um teste aos 4 browsers mais usados com 3 milhões de amostras de software maligno real e publicou recentemente o seu relatório cujos resultados são sintetizados no diagrama seguinte.
Mais palavras para quê? Outro mito derrubado por KO.
NOTA: O que está em causa neste teste é a segurança e não a estabilidade. Por isso, o Chrome pode ser mais estável, como muitos dos seus utilizadores defendem. Se for, será, mas será certamente muito menos seguro.
Escrevi o parágrafo anterior vai para 5 anos neste post mas poderia escrevê-lo hoje outra vez, mutatis mutandis, a propósito dos browsers. Neste caso o mito é a muito maior vulnerabilidade do Internet Explorer face ao Google Chrome e ao Apple Safari.
A NSS Labs, uma reputada empresa de segurança informática que presta serviços nesta área a 300 das empresas da Fortune 500, levou a cabo um teste aos 4 browsers mais usados com 3 milhões de amostras de software maligno real e publicou recentemente o seu relatório cujos resultados são sintetizados no diagrama seguinte.
Créditos: TechRepublic |
NOTA: O que está em causa neste teste é a segurança e não a estabilidade. Por isso, o Chrome pode ser mais estável, como muitos dos seus utilizadores defendem. Se for, será, mas será certamente muito menos seguro.
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08/10/2012
Pro memoria (68) – Como queimar uma medida de higiene da política portuguesa
O país está à beira do desgoverno e o líder da oposição lançou para o ar a ideia da apresentar uma proposta de alteração da lei eleitoral para reduzir do número de deputados com vista a conseguir «uma menor dependência dos eleitos face às direcções partidárias … (e) introduzir maior transparência na vida pública e aumentar a exigência na prestação de contas».
É impossível não estar de acordo em abstracto com a proposta e os propósitos, mas reconhecendo-se a completa falta de oportunidade, conhecendo-se o tacticismo do homem, e sabendo-se agora, poucos dias depois, as reacções dentro do próprio PS (tocou-lhes onde lhes dói mais), antecipo que António José Seguro vai deixar a ideia morrer de morte natural e admito que a coisa tenha sido apenas um sound bite para azedar o ambiente na coligação que (des)governa. Vamos ver quanto tempo dura.
É impossível não estar de acordo em abstracto com a proposta e os propósitos, mas reconhecendo-se a completa falta de oportunidade, conhecendo-se o tacticismo do homem, e sabendo-se agora, poucos dias depois, as reacções dentro do próprio PS (tocou-lhes onde lhes dói mais), antecipo que António José Seguro vai deixar a ideia morrer de morte natural e admito que a coisa tenha sido apenas um sound bite para azedar o ambiente na coligação que (des)governa. Vamos ver quanto tempo dura.
Conversa fiada (9) – Os papagaios
Tenho um amigo dono de um papagaio que vive à solta na cozinha. Durante o jantar costumam assistir, ele, a família e o papagaio, a telejornais onde perora gente graúda deste país, uns com responsabilidades pelo que fizeram para chegarmos à situação de pré-insolvência em que nos encontramos, outros com responsabilidades pelo que não fizeram ou silenciaram, e todos a vituperarem as medidas de austeridade, os «cortes cegos», a obediência à troika, a tragédia dos despedimentos, e a venerarem o crescimento, o Tribunal Constitucional, a «equidade», etc.
Durante anos, o papagaio, que não é dos mais espertos, só conseguia imitar o que o meu amigo com frequência dizia para os filhos que constantemente entravam e saíam da cozinha: «ó rapaz fecha a porta». Desde há dias o papagaio passou a dizer «corta a despesa, corta a despesa».
Durante anos, o papagaio, que não é dos mais espertos, só conseguia imitar o que o meu amigo com frequência dizia para os filhos que constantemente entravam e saíam da cozinha: «ó rapaz fecha a porta». Desde há dias o papagaio passou a dizer «corta a despesa, corta a despesa».
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07/10/2012
ARTIGO DEFUNTO: Uma espécie de autocrítica
Depois de mais de década e meia a brunir as polainas dos governos socialistas e, em particular, de 6 anos a brunir as de Teixeira dos Santos, Nicolau Santos, um notório pastorinho da economia dos amanhãs que cantam agora a sair da fase depressiva, faz aos seus botões na sua coluna da quinta página da Economia do Expresso várias perguntas dirigidas ao ministro das Finanças, a começar por uma pergunta retórica em que pressupõe que o homem tem tomado «decisões completamente estúpidas e irracionais», premissa que não surpreende para quem escreveu um artigo como este sobre Vítor Gaspar. A peça continua com várias outras perguntas que, concedo, fazem sentido. Fico-me pela segunda:
«Considera que é possível corrigir em três anos os desequilíbrios acumulados pela economia portuguesa em década e meia?»É uma boa pergunta, assente na premissa dos «desequilíbrios acumulados pela economia portuguesa em década e meia». Premissa que, apesar de poder ser ainda mais sólida se estendesse o período dos desequilíbrios, não deixa de ser surpreendente para quem despendeu mais de década e meia a brunir os maiores responsáveis por esses «desequilíbrios» e me conduz uma outra pergunta: estará Nicolau Santos a autocriticar-se por essa sua década e meia?
Mitos (86) – Quem encomendou a morte de Amílcar Cabral?
Durante décadas a versão oficiosa marxista-leninista sobre a morte de Amílcar Cabral atribuiu ao governo colonial pela mão da PIDE, numas versões, ou de Spínola, noutras, a encomenda do assassínio executado por Inocêncio Cani, um homem de confiança de Cabral.
A estória sempre pareceu mal contada, mas sabe-se agora pela boca do falecido Aristides Pereira, um dos dirigentes de topo do PAIGC e mais tarde presidente da República de Cabo Verde, e pela pena do jornalista cabo-verdiano José Vicente Lopes que escreveu a biografia, recentemente reeditada, «Aristides Pereira - Minha Vida, Nossa História», que o assassínio terá sido a mando da cúpula guineense do PAIGC com o envolvimento de alguns cabo-verdianos.
O Impertinente que conheceu bem Cabo Verde - passou lá muitos meses nos anos seguintes à independência durante os quais se consuma a separação dos dois ramos do PAIGC – confirma a profunda desconfiança dos cabo-verdianos do PAICV a respeito dos seus «camaradas» guineenses.
A estória sempre pareceu mal contada, mas sabe-se agora pela boca do falecido Aristides Pereira, um dos dirigentes de topo do PAIGC e mais tarde presidente da República de Cabo Verde, e pela pena do jornalista cabo-verdiano José Vicente Lopes que escreveu a biografia, recentemente reeditada, «Aristides Pereira - Minha Vida, Nossa História», que o assassínio terá sido a mando da cúpula guineense do PAIGC com o envolvimento de alguns cabo-verdianos.
O Impertinente que conheceu bem Cabo Verde - passou lá muitos meses nos anos seguintes à independência durante os quais se consuma a separação dos dois ramos do PAIGC – confirma a profunda desconfiança dos cabo-verdianos do PAICV a respeito dos seus «camaradas» guineenses.
DIÁRIO DE BORDO: Computadores avant la lettre (5)
Computing Time-Stamp - External
U.S. Patent Number 1,008,763; Filed: Sep. 8, 1903; Issued: Nov. 14, 1911; Inventor: John C. Wilson
In 1911, John Wilson received a patent for a device the offer improvements to time printing machines. In his patent, he described the invention as follows: "The apparatus consists of a novel arrangement of parts and connecting and cooperating devices to enable such machines to not only print or record the actual times of day 15 and the date when the machine is operated, but also to automatically compute or calculate and record or indicate the exact amount or value of the time which may elapse or intervene between two or more successive 20 imprintings to the exact second if need be…"
[Fonte: TechRepublic]
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06/10/2012
SERVIÇO PÚBLICO: Gente que trabalha para pagar os juros, as greves e as manifs
Com compreensível satisfação, o responsável pela Intergal, exposição do sector agroalimentar na Batalha, salientou que este sector «exportou em 2011 cerca de 4 mil milhões de euros e representa mais de 60% de mão-de-obra».
Poderá ser um pouco exagerado, porque em 2011 as exportações totais da classe «produtos alimentares e bebidas», que inclui outros produtos, foram 4,1 mil milhões (fonte: INE), em qualquer caso, o sector agroalimentar mão-de-obra intensivo terá representado perto de 10% das exportações totais de bens.
Valha-nos a virilina destes produtores que produzem para a exportação para compensar os queixumes e a songamonguice de muitos outros.
Poderá ser um pouco exagerado, porque em 2011 as exportações totais da classe «produtos alimentares e bebidas», que inclui outros produtos, foram 4,1 mil milhões (fonte: INE), em qualquer caso, o sector agroalimentar mão-de-obra intensivo terá representado perto de 10% das exportações totais de bens.
Gente com tomates |
05/10/2012
Pro memoria (67) – Conversas da treta
«Carvalho da Silva defende denúncia do Memorando da troika» mas não explica onde iria encontrar mais dinheiro para pagar as facturas do Estado Social enquanto não renegoceia a dívida com os credores, se estes estiverem na disposição.
Paulo Portas diz que é preciso «encontrar medidas de redução de despesa que permitam aliviar a carga fiscal», mas não explica se já encontrou alguma medida durante as suas múltiplas viagens pelo mundo.
Vítor Gaspar diz que «o povo português revelou-se o melhor do mundo» mas não explica porque a maioria do melhor povo do mundo fica silenciosa e deixa que minorias ruidosas de uns poucos por cento falem em seu nome.
A CIP diz que ficou «satisfeita com recuo do Governo em relação à TSU» mas não explica porque o ano passado queria uma «redução de 10% na TSU e mais horas de trabalho».
António Costa diz «O futuro não está no regresso à economia de baixo salário», mas não explica onde está o futuro e nomeadamente qual o futuro de uma economia com produtividade baixa e salários que não são baixos e uma mão-de-obra extraída de uma população em que 10,6% não têm nenhuma escolaridade e 60% têm a escolaridade do ensino básico.
Há 4 anos o governo de José Sócrates inventou a taxa Robin dos Bosques sobre a valorização dos stocks de produtos petrolíferos, mas nenhum dos membros desse governo explicou porque esse imposto justiceiro se limitou a uma única arrecadação ridícula no ano do seu lançamento.
Há três meses o bastonário dos médicos lamentava-se que «no extremo, os médicos podem ser contratados a dois, ou três euros à hora», mas não explica o milagre de três meses ter negociado um salário para médicos em início de carreira de 2.746 euros para 40 horas por semana, ou seja, 6 a 8 vezes o salário hora da sua lamentação.
Em conclusão: «Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»
Paulo Portas diz que é preciso «encontrar medidas de redução de despesa que permitam aliviar a carga fiscal», mas não explica se já encontrou alguma medida durante as suas múltiplas viagens pelo mundo.
Vítor Gaspar diz que «o povo português revelou-se o melhor do mundo» mas não explica porque a maioria do melhor povo do mundo fica silenciosa e deixa que minorias ruidosas de uns poucos por cento falem em seu nome.
A CIP diz que ficou «satisfeita com recuo do Governo em relação à TSU» mas não explica porque o ano passado queria uma «redução de 10% na TSU e mais horas de trabalho».
António Costa diz «O futuro não está no regresso à economia de baixo salário», mas não explica onde está o futuro e nomeadamente qual o futuro de uma economia com produtividade baixa e salários que não são baixos e uma mão-de-obra extraída de uma população em que 10,6% não têm nenhuma escolaridade e 60% têm a escolaridade do ensino básico.
Há 4 anos o governo de José Sócrates inventou a taxa Robin dos Bosques sobre a valorização dos stocks de produtos petrolíferos, mas nenhum dos membros desse governo explicou porque esse imposto justiceiro se limitou a uma única arrecadação ridícula no ano do seu lançamento.
Há três meses o bastonário dos médicos lamentava-se que «no extremo, os médicos podem ser contratados a dois, ou três euros à hora», mas não explica o milagre de três meses ter negociado um salário para médicos em início de carreira de 2.746 euros para 40 horas por semana, ou seja, 6 a 8 vezes o salário hora da sua lamentação.
Em conclusão: «Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Temos o que merecemos
«O que é que tudo isto significa? Que o populismo das últimas semanas vai servir para colocar mais portugueses no desemprego. É nisto que dão os consensos forçados por um Presidente de cabeça perdida, uma ex-líder com contas por ajustar, um Tribunal Constitucional que dá conselhos sobre governação e um líder da oposição entalado no seu partido. Fora um ex-primeiro-ministro e ex-Presidente que perdeu a memória. Temos o que merecemos!»
«O populismo vai custar mais desemprego», Camilo Lourenço no negócios online
«O populismo vai custar mais desemprego», Camilo Lourenço no negócios online
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estão a ver-se gregos,
eu diria mesmo mais
BREIQUINGUE NIUZ: François Hollande poderá vir a tomar medidas de carácter «imoral e indigno»
Para ganhar competitividade, uma área que nem sequer fazia parte dos «60 engagements pour la France» de François Hollande, o governo francês está a considerar a redução da CSG («contribution sociale généralisée»), isto é a TSU (taxa social única) das empresas, uma medida de carácter «imoral e indigno» d’après Seguro.
DIÁRIO DE BORDO: Computadores avant la lettre (4)
Interest-Computing Machine - Cut-away
U.S. Patent Number 665,118; Filed: May 25, 1900; Issued: Jan. 1, 1901; Inventor: Lars M. Landing
In 1901, Lars Landing received a patent for a device designed to help individuals quickly calculate the interest on a loan, he described the invention as follows: "My invention relates to machines for computing interest and time, and has for its object to provide a machine of this class which will enable an operator to readily figure the interest on various principals at various rates and for various times and which will also en able the operator to readily ascertain the time (number of days) between two given dates."
[Fonte: TechRepublic]
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04/10/2012
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Também subscrevo a adesão de Valle e Azevedo ao BE
Para ajudar o Bloco de Esquerda a levar avante (podemos também incluir o PCP) a sua «patriótica proposta» de «repúdio da dívida pública, a começar pela dívida externa, impondo aos credores as nossas próprias condições de perdão dessa dívida e exigindo-lhes, em simultâneo, a concessão de novas e mais vantajosas (para nós) facilidades de crédito», Tavares Moreira sugere que o BE chame à liça Valle e Azevedo. Só posso concordar e tenho pena de não me ter lembrado disso antes.
A redenção dos bispos
Depois de as nossas pobres células cinzentas terem sido agredidas várias vezes por um bispo das Forças Armadas e pelo menos uma vez por um bispo vermelho, tivemos direito a um lenitivo pela palavra lúcida de outro bispo. O bispo de Lisboa, o cardeal patriarca, exprimiu em entrevista à rádio Renascença, este pensamento sensato, porque o bom senso seria suficiente para perceber o drama do colectivismo atávico, e corajoso, porque ao arrepio da cobardia endémica nas nossas elites merdosas, sempre a dar graxa ao pior da nossa cultura:
«Os portugueses são em parte responsáveis pelo que se está a passar, porque têm um conceito de vida em comunidade em que o Estado tem obrigação de tudo. Pedem-lhe tudo.»
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bons exemplos,
Quem fala assim não é gago
03/10/2012
ARTIGO DEFUNTO: Despachou e provavelmente está bem despachado
Passeei distraidamente, no meio de uma floresta de manipulados, pelo título do Público «Secretário de Estado despachou sobre milhões dos grupos económicos ao arrepio da IGF», e a coisa cheirou-me mal, o que sendo tão habitual desculpou a minha preguiça e fiquei-me pelo título. Só quando cheguei ao Blasfémias e li o post de jcd, que não dorme em serviço, se me fez luz no bestunto.
Para se perceber a perversidade do título e da notícia, convirá ler este outro post do mesmo jcd, onde está tudo explicadinho, e, já agora, o post do Pertinente que também não costuma dormir em serviço. No núcleo da coisa está a dupla tributação que o Estado pretende fazer primeiro no lucro das empresas participadas e depois no lucro das SGPS.
Para se perceber a perversidade do título e da notícia, convirá ler este outro post do mesmo jcd, onde está tudo explicadinho, e, já agora, o post do Pertinente que também não costuma dormir em serviço. No núcleo da coisa está a dupla tributação que o Estado pretende fazer primeiro no lucro das empresas participadas e depois no lucro das SGPS.
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Uma Caixa de Pandora (4)
[(1), (2) e (3)]
Entretanto, o Sindicato dos Trabalhadores do Grupo Caixa (eles são tantos que podem ter um sindicato exclusivo) anuncia uma greve para 2 de Novembro que é uma «forma de dizer basta e tomar uma posição pública contra um conjunto de situações».
Será o «basta» do Sindicato um basta à instrumentalização da Caixa pelos partidos que vão estando no poder, um basta ao serviço de interesses de lóbis político-financeiros ou um basta às sinecuras proporcionadas a figuras do regime? Não. É um basta à privatização do banco e ao não pagamento dos subsídios de férias e de Natal.
Entretanto, o Sindicato dos Trabalhadores do Grupo Caixa (eles são tantos que podem ter um sindicato exclusivo) anuncia uma greve para 2 de Novembro que é uma «forma de dizer basta e tomar uma posição pública contra um conjunto de situações».
Será o «basta» do Sindicato um basta à instrumentalização da Caixa pelos partidos que vão estando no poder, um basta ao serviço de interesses de lóbis político-financeiros ou um basta às sinecuras proporcionadas a figuras do regime? Não. É um basta à privatização do banco e ao não pagamento dos subsídios de férias e de Natal.
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Mitos (85) – Take Another Plane ou Take Another Plan? (II)
De acordo com as previsões da IATA, a aviação comercial mundial teve lucros de USD 8,4 mil milhões em 2011 e deverá em 2012 ter um ano mais difícil com uma quebra para USD 4,1 mil milhões.
Segundo a mitologia oficial, a TAP era uma companhia valiosíssima que há anos não tem um cêntimo de lucro e que só encontrou um interessado bastante exótico para a comprar. Se num ano melhor como 2011 a TAP teve um prejuízo de 77 milhões, quanto será o prejuízo este ano?
Segundo a mitologia oficial, a TAP era uma companhia valiosíssima que há anos não tem um cêntimo de lucro e que só encontrou um interessado bastante exótico para a comprar. Se num ano melhor como 2011 a TAP teve um prejuízo de 77 milhões, quanto será o prejuízo este ano?
02/10/2012
Uma Caixa de Pandora (3)
Uma espécie de continuação dali e daqui.
Agora que a falta de dinheiro parece ter levado o governo a considerar a possível venda de uma parte da Caixa Geral de Depósitos, voltaram a ouvir-se os argumentos contra o «enfraquecimento e/ou desmantelamento de todos os mecanismos de intervenção do Estado na sociedade e na economia» (Nicolau Santos no Expresso).
Mais uma vez, é precisa uma fé à prova da realidade para passar ao lado do desastre súbito que foi o PREC, quando o Estado teve nas mãos todos os mecanismos de intervenção na sociedade e na economia, e do desastre lento que foram as décadas posteriores em que o Estado continuou a dispor de muitos desses mecanismos.
O papel da Caixa na intervenção do Estado na economia tem consistido no financiamento de projectos do regime sem viabilidade e servir de instrumento de influência e controlo dos partidos que estão no poder, servindo interesses de lóbis político-financeiros, como foi o caso do assalto ao Millenium BCP, ou disponibilizando sinecuras a figuras do regime. A coisa foi-se aguentando enquanto o dinheiro abundou. Agora que acabou, vendem-se as jóias e o pechisbeque a preços de saldo e registam-se pela primeira vez em décadas perdas (500 milhões de euros em 2011).
Percebe-se, por isso, o que perderiam os partidos e o complexo político-empresarial socialista se a Caixa fosse gerida com uma lógica empresarial e de mercado. Não se percebe o que perderia o país.
Agora que a falta de dinheiro parece ter levado o governo a considerar a possível venda de uma parte da Caixa Geral de Depósitos, voltaram a ouvir-se os argumentos contra o «enfraquecimento e/ou desmantelamento de todos os mecanismos de intervenção do Estado na sociedade e na economia» (Nicolau Santos no Expresso).
Mais uma vez, é precisa uma fé à prova da realidade para passar ao lado do desastre súbito que foi o PREC, quando o Estado teve nas mãos todos os mecanismos de intervenção na sociedade e na economia, e do desastre lento que foram as décadas posteriores em que o Estado continuou a dispor de muitos desses mecanismos.
O papel da Caixa na intervenção do Estado na economia tem consistido no financiamento de projectos do regime sem viabilidade e servir de instrumento de influência e controlo dos partidos que estão no poder, servindo interesses de lóbis político-financeiros, como foi o caso do assalto ao Millenium BCP, ou disponibilizando sinecuras a figuras do regime. A coisa foi-se aguentando enquanto o dinheiro abundou. Agora que acabou, vendem-se as jóias e o pechisbeque a preços de saldo e registam-se pela primeira vez em décadas perdas (500 milhões de euros em 2011).
Percebe-se, por isso, o que perderiam os partidos e o complexo político-empresarial socialista se a Caixa fosse gerida com uma lógica empresarial e de mercado. Não se percebe o que perderia o país.
Não invoqueis em vão o multiplicador (2)
Repescando o que escrevi há 4 anos sobre os equívocos do efeito multiplicador:
Infelizmente para a doutrina, a história económica e social portuguesa recente, para não ir mais longe ou mais atrás, não permite confirmar os seus pressupostos. Durante mais de 10 anos, entre 1975 e meados da década de 80, 1/3 do PIB e perto de 50% do investimento teve origem pública. Os resultados são conhecidos. Foi preciso esperar pelas consequências da adesão à CEE em 1986 (torrente de fundos e abertura dos mercados europeus à exportação) para ver alguns sinais de convergência real com a Europa. Cinco anos depois, em consequência da estratégia cavaquista do betão e da torra inútil dos fundos para a formação, tudo investimento público, estávamos à beira de outra recessão. Quando voltámos a convergir a partir de 1996, reincidimos no uso do multiplicador sucessivamente com a Expo 98 e os 10 estádios do Euro 2004, de permeio com mais umas auto-estradas. Qual o resultado de 22 anos de integração na UE e de 30 anos de multiplicador democrático (já havíamos experimentado o não democrático)? Divergimos sucessivamente nos últimos 10 anos, desperdiçámos a fugaz recuperação até 1998 e fomos entretanto ultrapassados por vários países ex-comunistas e voltaremos a sê-lo nos próximos anos.
É espantosa a frescura que se pretende emprestar a ideias e estratégias ressequidas que nos conduziram onde estamos. Mais investimento público, em geral, e em auto-estradas e TGV, em particular, é mais do mesmo. O caminho para o desenvolvimento não é esse.
Surpreendentemente, depois de todos os desastres de investimento público e privado (frequentemente com dinheiros públicos) que se multiplicaram nas últimas décadas fundamentados no efeito multiplicador que agora deveriam estar patentes até para os crentes, ainda há quem mantenha a fé. Como os jornalistas do Expresso (*)que acolhem as «contas feitas» da EDIA (Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva) mostrando que «por cada euro investido no Alqueva, o Estado tem um retorno de 4,45 euros».
Curiosamente um dos exemplos de multiplicação dos euros que apresentam é o PIN «Roncão d’El Rei», projecto megalómano de «criar um novo destino turístico com expressão internacional» que levou à insolvência a empresa de José Roquete, insolvência que segundo o Expresso «não é definitiva».
(*) Curiosamente, o mesmo manipulado já tinha sido plantado no Público há quase 3 meses.
Infelizmente para a doutrina, a história económica e social portuguesa recente, para não ir mais longe ou mais atrás, não permite confirmar os seus pressupostos. Durante mais de 10 anos, entre 1975 e meados da década de 80, 1/3 do PIB e perto de 50% do investimento teve origem pública. Os resultados são conhecidos. Foi preciso esperar pelas consequências da adesão à CEE em 1986 (torrente de fundos e abertura dos mercados europeus à exportação) para ver alguns sinais de convergência real com a Europa. Cinco anos depois, em consequência da estratégia cavaquista do betão e da torra inútil dos fundos para a formação, tudo investimento público, estávamos à beira de outra recessão. Quando voltámos a convergir a partir de 1996, reincidimos no uso do multiplicador sucessivamente com a Expo 98 e os 10 estádios do Euro 2004, de permeio com mais umas auto-estradas. Qual o resultado de 22 anos de integração na UE e de 30 anos de multiplicador democrático (já havíamos experimentado o não democrático)? Divergimos sucessivamente nos últimos 10 anos, desperdiçámos a fugaz recuperação até 1998 e fomos entretanto ultrapassados por vários países ex-comunistas e voltaremos a sê-lo nos próximos anos.
É espantosa a frescura que se pretende emprestar a ideias e estratégias ressequidas que nos conduziram onde estamos. Mais investimento público, em geral, e em auto-estradas e TGV, em particular, é mais do mesmo. O caminho para o desenvolvimento não é esse.
Surpreendentemente, depois de todos os desastres de investimento público e privado (frequentemente com dinheiros públicos) que se multiplicaram nas últimas décadas fundamentados no efeito multiplicador que agora deveriam estar patentes até para os crentes, ainda há quem mantenha a fé. Como os jornalistas do Expresso (*)que acolhem as «contas feitas» da EDIA (Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva) mostrando que «por cada euro investido no Alqueva, o Estado tem um retorno de 4,45 euros».
Curiosamente um dos exemplos de multiplicação dos euros que apresentam é o PIN «Roncão d’El Rei», projecto megalómano de «criar um novo destino turístico com expressão internacional» que levou à insolvência a empresa de José Roquete, insolvência que segundo o Expresso «não é definitiva».
(*) Curiosamente, o mesmo manipulado já tinha sido plantado no Público há quase 3 meses.
01/10/2012
DIÁRIO DE BORDO: Ó Borges se queres dizer o que pensas escreve num blogue - por exemplo no (Im)pertinências
Facto: a redução da TSU das empresas por contrapartida do aumento da TSU dos empregados foi amplamente rejeitada por todos os partidos políticos, salvo o PSD, pelos empresários e suas associações, pela generalidade dos economistas, jornalistas e fazedores de opinião e desencadeou uma onda de manifestações por todo o país.
Facto: as medidas alternativas para atingir os défices renegociados com a troika tornadas públicas são todas piores para os propósitos de tornar a economia mais competitiva e reduzir o peso do Estado.
Facto: 10,6% da população portuguesa com mais de 15 anos não tem escolaridade e 25,5% só tem o 1.º ciclo do ensino básico (uma espécie de analfabetismo funcional).
Facto: 64,4% dos empregadores portugueses só tem a escolaridade básica (um número estatisticamente «volátil» não tem escolaridade nenhuma).
Facto: as medidas alternativas para atingir os défices renegociados com a troika tornadas públicas são todas piores para os propósitos de tornar a economia mais competitiva e reduzir o peso do Estado.
Facto: 10,6% da população portuguesa com mais de 15 anos não tem escolaridade e 25,5% só tem o 1.º ciclo do ensino básico (uma espécie de analfabetismo funcional).
Facto: 64,4% dos empregadores portugueses só tem a escolaridade básica (um número estatisticamente «volátil» não tem escolaridade nenhuma).
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