Só soube pelos jornais porque há muito a minha tolerância às performances do doutor Marcelo se esgotou. Por isso, não sei se percebi bem. Parece que o doutor Marcelo se propõe «fazer um filme, como houve aquele filme, porventura pelos mesmos … para a Finlândia, um filme para antes das eleições alemãs passar na televisão alemã».
Suponho ser propósito de tal filme dar a conhecer os portugueses aos alemães. Ora acontece que os alemães já conhecem muitos portugueses, a começar pelos 130 mil emigrantes que para lá foram trabalhar desde meados da década de 60. A continuar com uns milhares que trabalham nas cerca de 300 empresas alemãs em Portugal, incluindo AutoEuropa, o maior exportador, com 3.600 e a Siemens com 1.500. Os alemães que trabalham no eurocracia também conhecem umas centenas de portugueses que por lá andam ou andaram e entre eles o actual ministro das Finanças Vítor Gaspar. Julgo que os alemães terão uma ideia positiva da generalidade destes portugueses e em especial de Vítor Gaspar.
Os alemães, ou melhor os políticos alemães, também conhecem ou conheceram umas dezenas de políticos portugueses. Em relação a estes, suponho que terão gemischte Gefühle, que é como quem diz há de tudo, desde alguns sérios, outros competentes, muito poucos sérios e competentes, e houve até um vendedor de automóveis (com perdão destes).
Por isso, eu pergunto-me quais são os portugueses que o doutor Marcelo quer dar a conhecer aos alemães? É a maioria anónima que tenta fazer pela vidinha em vez de se queixar e que nunca aparece nos filmes? São os manifestantes que gritam palavras de ordem completamente patetas, absurdas ou gratuitamente ofensivas ou os que mostram as mamas e ou apertam os genitais? São os comentadores, como ele, que fazem coro apontando o dedo da culpa pelas nossas misérias sucessivamente ao neoliberalismo, às agências de rating, à Alemanha e a Angela Merkel, a Passos Coelho e a Gaspar?
Ó doutor Marcelo tenha juízo. Já tem idade para isso e com tanta patetice acaba por perder os seus fans que pensa lhe garantirão um dia um lugar no palácio de Belém.
Durante uns 15 anos trabalhei em e com empresas alemãs e estive dezenas de vezes na Alemanha. Ouso dizer que a maioria dos alemães ficariam chocados se soubessem que um professor catedrático de direito faz as vezes de entertainer na televisão, intrigando, silenciando durante anos o caminho para a insolvência que percorremos, produzindo demagogia e tentando sabotar reformas que os alemães em devido tempo fizeram no seu país.
LEMA: «Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»
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Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
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1 comentário:
Brilhante!
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