«"Toda a gente pensava que o Freeport estava cheio de dinheiro. Toda da gente queria trabalhar para o Freeport. Estávamos a ser assediados. Todos queriam ganhar dinheiro, Eram sobrinhos de presidentes, primos de ministros e de secretários de Estado. Toda a gente queria trabalhar para o Freeport e tivemos de filtrar muitas situações", relatou o engenheiro civil João Cabral, que trabalhou para a empresa de consultoria Smith & Pedro e que atualmente integra os quadros da Freeport.
João Cabral, cuja inquirição no Tribunal do Barreiro, onde decorre o julgamento, prossegue hoje à tarde, lembrou que "toda a gente pensava que a Freeport estava cheia de dinheiro e que era fácil ganhar dinheiro com a Freeport".
A testemunha, que na altura trabalhava com os arguidos Charles Smith e Manuel Pedro como consultores do empreendimento, confirmou que na noite de 05 de dezembro de 2001 foram chamados de urgência ao escritório de advogados de Albertino Antunes, onde, através do advogado José Gandarez, lhes foi comunicado que o chumbo do projeto Freeport estava iminente e seria conhecido dentro de dias, mas que eles conseguiriam inverter a situação caso os ingleses disponibilizassem dois milhões de libras.
João Cabral relatou que a Smith & Pedro exigiu ao escritório de advogados que fizesse a proposta por escrito para ser enviada aos ingleses, muito embora tenha ficado em "estado de choque" com a sugestão dos advogados, cujo porta-voz foi José Gandarez.
A proposta chegou ao escritório da Smith & Pedro nessa mesma madrugada, mas a verba exigida para garantir a aprovação do projeto baixara para 1,250 milhões, não sabendo a testemunha precisar se eram libras ou escudos.»
[Diário de Notícias]
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
31/03/2012
ESTADO DE SÍTIO: Lubrificando as engrenagens com vinho e bacalhaus
Que um funcionário público, director de serviços da Direcção Regional de Economia (DRE) do Centro, tenha recebido durante talvez duas décadas presumivelmente milhares de alegados «presentes» – só durante os últimos 12 meses terá recebido alegadamente 141 - para alegadamente «facilitar» o licenciamento de alegados projectos para o que alegadamente falsificou alegados documentos e praticou alegados abusos de poder, a troco de alegadas garrafas de vinho, champanhe, aguardentes, whiskies, e alegados bacalhaus, presuntos e leitões, sem que isso até recentemente tivesse quaisquer consequências é só por isso um indicador do alegado estado do Estado.
E nós que pensávamos que a 1.ª república coiso e tal…
… e afinal, segundo o jornalista de causas João Paulo Guerra, foi pouco mais do que um prenúncio da ditadura como o que vivemos actualmente.
«Há dois aspectos em que a situação política no País nos dias que correm se assemelha perigosamente ao que se passava em Portugal no prenúncio da ditadura. Um deles é a sofreguidão do patronato que já tem tudo mas quer sempre mais alguma coisa. Outra é a pesporrência da Polícia. Ainda ontem os jornais davam conta da insatisfação dos patrões com as novas leis laborais. Ao mesmo tempo, um relatório da PSP expunha a estratégia para combater as "notícias menos positivas".»
«Há dois aspectos em que a situação política no País nos dias que correm se assemelha perigosamente ao que se passava em Portugal no prenúncio da ditadura. Um deles é a sofreguidão do patronato que já tem tudo mas quer sempre mais alguma coisa. Outra é a pesporrência da Polícia. Ainda ontem os jornais davam conta da insatisfação dos patrões com as novas leis laborais. Ao mesmo tempo, um relatório da PSP expunha a estratégia para combater as "notícias menos positivas".»
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30/03/2012
CASE STUDY: Um minotauro espera a PT no labirinto da Oi (5)
[Outras esperas do minotauro: (1), (2), (3) e (4)]
Como temos vindo a prever em anteriores posts dedicados ao minotauro, é cada vez mais visível a realidade do barrete enfiado pela PT ao vender a Vivo, pagar um dividendo extraordinário aos accionistas e comprar a paquidérmica Oi infestada de parasitas (só Aspons serão milhares), tudo com a ajuda de José Sócrates, Lula da Silva, dos banqueiros do regime e de vários génios da gestão doméstica.
No comunicado de divulgação dos resultados de 2011, a Oi exalta com elevada retórica «as mudanças ocorridas em 2011, com a entrada da PT e as mudanças da directoria executiva, (que) criaram os alicerces necessários para o início de um processo de reorganização estratégica baseado em um plano de longo prazo traçado com o objectivo de promover um ciclo de crescimento sustentável para a companhia».
Por agora os alicerces criado pela Oi com a intervenção da PT parecem mais capazes de fazer ruir o edifício do que criar-lhe um estrutura sólida a longo prazo: quedas de 7% da facturação, 26% do EBITDA e de 49% dos lucros.
Como temos vindo a prever em anteriores posts dedicados ao minotauro, é cada vez mais visível a realidade do barrete enfiado pela PT ao vender a Vivo, pagar um dividendo extraordinário aos accionistas e comprar a paquidérmica Oi infestada de parasitas (só Aspons serão milhares), tudo com a ajuda de José Sócrates, Lula da Silva, dos banqueiros do regime e de vários génios da gestão doméstica.
No comunicado de divulgação dos resultados de 2011, a Oi exalta com elevada retórica «as mudanças ocorridas em 2011, com a entrada da PT e as mudanças da directoria executiva, (que) criaram os alicerces necessários para o início de um processo de reorganização estratégica baseado em um plano de longo prazo traçado com o objectivo de promover um ciclo de crescimento sustentável para a companhia».
Por agora os alicerces criado pela Oi com a intervenção da PT parecem mais capazes de fazer ruir o edifício do que criar-lhe um estrutura sólida a longo prazo: quedas de 7% da facturação, 26% do EBITDA e de 49% dos lucros.
Pro memoria (53) – Cada cavadela, cada minhoca
Cada auditoria do Tribunal de Contas tem revelado um rosário de atrocidades legais e financeiras. A auditoria (*) ao Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação do Ministério da Educação no âmbito do Plano Tecnológico da Educação, uma das jóias da coroa dos governos de José Sócrates, relativa os exercícios de 2007 a 2010 não é excepção.
Os 400 milhões de euros que custou o Plano Tecnológico foram torrados com muitos ajustes directos, alguns deles ilegais, incluindo assessoria jurídica totalizando 1,5 milhões de euros dividido pelos pulgões do regime sociedades de advogados de Vieira de Almeida, com quase 400 mil euros, e Sérvulo Correia, com mais de 1 milhão de euros. Noutros estudos e assessoria técnica foram torrados quase 3 milhões de euros.
A PT Prime que não cumpriu os prazos do contrato de 52 milhões de euros e não teve qualquer penalização, mas também ninguém deu por isso porque não o GEPE não controlou a execução do projecto e o cumprimento dos contratos.
Em síntese, o costume.
(*) Relatório de Auditoria nº 8/2012 - 2ª Secção
Os 400 milhões de euros que custou o Plano Tecnológico foram torrados com muitos ajustes directos, alguns deles ilegais, incluindo assessoria jurídica totalizando 1,5 milhões de euros dividido pelos pulgões do regime sociedades de advogados de Vieira de Almeida, com quase 400 mil euros, e Sérvulo Correia, com mais de 1 milhão de euros. Noutros estudos e assessoria técnica foram torrados quase 3 milhões de euros.
A PT Prime que não cumpriu os prazos do contrato de 52 milhões de euros e não teve qualquer penalização, mas também ninguém deu por isso porque não o GEPE não controlou a execução do projecto e o cumprimento dos contratos.
Em síntese, o costume.
(*) Relatório de Auditoria nº 8/2012 - 2ª Secção
29/03/2012
SERVIÇO PÚBLICO: Precisamos de know-how para sair do buraco. Now how?
Como conseguimos sair do buraco em que nos enfiámos, fazer crescer a economia e aumentar as exportações, o que na circunstância é quase a mesma coisa, e reduzir a dívida a um nível sustentável? Aumentando a nossa competitividade, diz em coro a plateia.
E como aumentar a nossa competitividade? Aumentando a produtividade, diz uma parte da plateia. Aumentando a inovação, criando novos produtos e serviços, diz outra parte. Admitamos que todos têm uma parcela de razão e temos de aumentar a produtividade e a inovação.
E quais são os handicaps principais da nossa mão-de-obra, dos nossos gestores e dos nossos empresários? Competências profissionais inadequadas ou insuficientes, diz outra vez o coro.
E como se melhoram essas competências? Com umaeducação instrução adequada, dizem uns. Com uma formação profissional, dizem outros. Com ambas, digo eu e acrescento: num caso ou noutro, sobretudo no primeiro, vamos precisar de décadas para o conseguir. É por isso que já ontem era tarde.
E por falar emeducação instrução adequada, no mundo moderno quais as disciplinas que proporcionam as ferramentas indispensáveis para incrementar produtividade, investigação e inovação? Tecnologias de informação, computação, como lhe queiram chamar.
E como estamos nessa área? Não estávamos mal e estamos pior: de 5,1% dos licenciados nessa área em 2005, passámos para 1,7% em 2009, segundo o estudo do Eurostat «Computer skills in the EU27 in figures»
E como aumentar a nossa competitividade? Aumentando a produtividade, diz uma parte da plateia. Aumentando a inovação, criando novos produtos e serviços, diz outra parte. Admitamos que todos têm uma parcela de razão e temos de aumentar a produtividade e a inovação.
E quais são os handicaps principais da nossa mão-de-obra, dos nossos gestores e dos nossos empresários? Competências profissionais inadequadas ou insuficientes, diz outra vez o coro.
E como se melhoram essas competências? Com uma
E por falar em
E como estamos nessa área? Não estávamos mal e estamos pior: de 5,1% dos licenciados nessa área em 2005, passámos para 1,7% em 2009, segundo o estudo do Eurostat «Computer skills in the EU27 in figures»
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28/03/2012
A escola como lugar para os jovens serem felizes
Tradução
«O papel da escola eu axo que é igual a um papel qualquer de imprensa A4. E de certeza que é. tem a mesma grossura e tudo. Agora se estão a falar, por exemplo, das folhas de Teste que é uma folha A3 duberada ao meio fazendo duas folhas A4, axo melhor que as folhas de teste sejam assim do que só uma folha A4, essas fichas que os professores dão são sempre folhas de formato A4 ou de formato A5. Os testes As professoras metem sempre folhas de formato A4 mas quando são mais as professoras agrafam sempre as folhas e nunca fazem teste com folhas formato A5. Por isso eu axo que as folhas desta escola são iguais às das outras escolas ou de outras empresas.»
De um email recebido no (Im)pertinências sobre uma «alegada» prova de um «alegado» aluno do 9.º ano da EB 2/3 Espinho
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TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: A longo prazo estamos todos mortos? Pois, podemos estar até a médio prazo.
Entre 2010 e 2025 o PIB de Portugal crescerá a uma miserável taxa média de 1%, metade do que se verificará nos casos da Irlanda, Espanha ou mesmo da Grécia, repetindo--se a triste história dos últimos 15 anos.
Grande parte da nossa elite sente um tolo prazer ao citar com frequência e aprovação a desprezível frase de Keynes: "a longo prazo estaremos todos mortos". Porém, quer do ponto de vista do diagnóstico, quer no âmbito da formulação de medidas de correcção eficazes, a perspectiva do longo prazo não pode deixar de prevalecer na abordagem da crise portuguesa.
As expectativas de longo prazo determinam agora as decisões nos mercados internacionais e explicam em grande parte as actuais dificuldades dos nossos poderes públicos em fazer baixar no mercado os juros de dívida soberana.
A actual crise veio realçar, com estrondo e sofrimento, a força de importantes mudanças na estrutura económica que reforçaram a influência do longo prazo nas decisões corrente de curto prazo: o aumento da esperança de vida, a redução do perímetro da família relevante, aumento do peso do Estado e do sistema público de protecção social, a crescente interligação entre a banca e os poderes públicos, o aumento do peso do sector financeiro no PIB e a importância dos movimentos internacionais de capitais.
As melhores projecções de longo prazo para a economia portuguesa são motivo de grande preocupação.
O elemento mais marcante das perspectivas económicas portuguesas de longo prazo é o decrescimento absoluto e relativo da população portuguesa. A fertilidade de 1,31 em 2010 descerá em 2015 para 1,30, ao contrário da Espanha que passará de 1,50 para 1,59 ou da Grécia de 1,54 para 1,61.
Entre 2010 e 2025 o PIB de Portugal crescerá a uma miserável taxa média de 1%, metade do que se verificará nos casos da Irlanda, Espanha ou mesmo da Grécia, repetindo-se a triste história dos últimos 15 anos. As projecções para 2050 não oferecem cenário diferente.
A população portuguesa entrou numa trajectória demográfica decadente que nos pode levar a ter no fim do século menos população do que a Irlanda, quando há 30 anos esta era 1/3 da nossa e hoje ainda é menos de metade.
Antes de tudo, o factor demográfico condiciona as perspectivas de crescimento e torna ilusórias a esperança de convergência económica com a Europa. A decadência demográfica não está desligada da ausência de dinamismo económico dos últimos 15 anos que levou a uma quebra da esperança das famílias e da natalidade.
Há uma hipótese que não pode deixar de ser colocada com enfâse. As opções de política social – nomeadamente o desprezo pelas medidas de protecção social visando directamente a família, a criança e a habitação – deverão ter contribuído fortemente para a retracção demográfica portuguesa. O sistema de protecção social português está orientado para o desincentivo à poupança e ao reforço dos laços sociais nas famílias. Na verdade, os montantes visando a protecção da família e da criança assumem montantes absolutos e relativos muito baixos, no caso da habitação um valor quase evanescente (0,003% do PIB).
A dependência cada vez mais forte ente o curto e o longo prazo é incontornável e os nossos credores sabem-no e olham cada vez mais para aí.
O longo prazo – contra o qual tantos se benzem - existe e condiciona o presente.
«A vingança do longo prazo», Avelino de Jesus no Negócios Online
Grande parte da nossa elite sente um tolo prazer ao citar com frequência e aprovação a desprezível frase de Keynes: "a longo prazo estaremos todos mortos". Porém, quer do ponto de vista do diagnóstico, quer no âmbito da formulação de medidas de correcção eficazes, a perspectiva do longo prazo não pode deixar de prevalecer na abordagem da crise portuguesa.
As expectativas de longo prazo determinam agora as decisões nos mercados internacionais e explicam em grande parte as actuais dificuldades dos nossos poderes públicos em fazer baixar no mercado os juros de dívida soberana.
A actual crise veio realçar, com estrondo e sofrimento, a força de importantes mudanças na estrutura económica que reforçaram a influência do longo prazo nas decisões corrente de curto prazo: o aumento da esperança de vida, a redução do perímetro da família relevante, aumento do peso do Estado e do sistema público de protecção social, a crescente interligação entre a banca e os poderes públicos, o aumento do peso do sector financeiro no PIB e a importância dos movimentos internacionais de capitais.
As melhores projecções de longo prazo para a economia portuguesa são motivo de grande preocupação.
O elemento mais marcante das perspectivas económicas portuguesas de longo prazo é o decrescimento absoluto e relativo da população portuguesa. A fertilidade de 1,31 em 2010 descerá em 2015 para 1,30, ao contrário da Espanha que passará de 1,50 para 1,59 ou da Grécia de 1,54 para 1,61.
Entre 2010 e 2025 o PIB de Portugal crescerá a uma miserável taxa média de 1%, metade do que se verificará nos casos da Irlanda, Espanha ou mesmo da Grécia, repetindo-se a triste história dos últimos 15 anos. As projecções para 2050 não oferecem cenário diferente.
A população portuguesa entrou numa trajectória demográfica decadente que nos pode levar a ter no fim do século menos população do que a Irlanda, quando há 30 anos esta era 1/3 da nossa e hoje ainda é menos de metade.
Antes de tudo, o factor demográfico condiciona as perspectivas de crescimento e torna ilusórias a esperança de convergência económica com a Europa. A decadência demográfica não está desligada da ausência de dinamismo económico dos últimos 15 anos que levou a uma quebra da esperança das famílias e da natalidade.
Há uma hipótese que não pode deixar de ser colocada com enfâse. As opções de política social – nomeadamente o desprezo pelas medidas de protecção social visando directamente a família, a criança e a habitação – deverão ter contribuído fortemente para a retracção demográfica portuguesa. O sistema de protecção social português está orientado para o desincentivo à poupança e ao reforço dos laços sociais nas famílias. Na verdade, os montantes visando a protecção da família e da criança assumem montantes absolutos e relativos muito baixos, no caso da habitação um valor quase evanescente (0,003% do PIB).
A dependência cada vez mais forte ente o curto e o longo prazo é incontornável e os nossos credores sabem-no e olham cada vez mais para aí.
O longo prazo – contra o qual tantos se benzem - existe e condiciona o presente.
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«A vingança do longo prazo», Avelino de Jesus no Negócios Online
27/03/2012
Bons exemplos (32) – God save the Queen, diz HM e digo eu
O HM do título deste post não é Her Majesty, é Helena Matos.
Pergunta impertinente feita por um blasfemo
Se Teixeira dos Santos, só poderia ser legalmente nomeado para a administração da PT decorridos 3 anos após ter cessado as funções de ministro das Finanças por ter tido a sua tutela através de uma golden share, porque se encheram os jornais e as televisões de notícias e comentários a este respeito?
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26/03/2012
Por razões óbvias
Feita esta confissão, os alegados jornalistas insinuam que Passos Coelho, na melhor hipótese, é uma marioneta nas mãos da gente do avental. Na pior, é um deles. De seguida nomeiam algumas figuras do PSD que «pertencem a essa seita» e atribuem a Fernando Nobre um papel que não especificam.
Deus sabe que tenho as maiores dúvidas sobre essa gente toda do PSD, com ou sem avental, só superada pelas maiores certezas sobre essa outra gente que habita o PS, que a história parece indiciar ser o acolhimento preferencial dos aventais.
Por essas dúvidas e certezas, estou aberto a considerar uma competição entre PSD e PS pelo troféu do melhor albergue maçonónico. Só não o faço baseado em informações de jornalistas com tais «razões óbvias». Por razões óbvias.
ARTIGO DEFUNTO: A economia das punições
Nicolau Santos, um dos eméritos pastorinhos da economia dos amanhãs que já não cantam, parece estar a passar por uma grande perturbação desde que o ministro das Finanças é Vítor Gaspar. Se não, como explicar este pedaço de prosa digno do Antigo Testamento?
[Extraído do artigo do Expresso com o título cabalístico «Juncker, Thomsen e Gaspar: dizem mas não dizem tudo» onde Nicolau Santos conclui que Gaspar não é dos nossos. É um estrangeirado. Está do lado deles. Dos nossos, é o senhor engenheiro exilado em Paris. Teixeira dos Santos, durante 6 anos amanteigado pelos pastorinhos, talvez tenha deixado de ser um dos nossos ao roer a corda do senhor engenheiro, chamar os bombeiros e pedir para a troika avançar.]
«Gaspar está do lado do que punem, não dos que são punidos. É o homem de confiança da troika, não o nosso homem junto da troika.»
[Extraído do artigo do Expresso com o título cabalístico «Juncker, Thomsen e Gaspar: dizem mas não dizem tudo» onde Nicolau Santos conclui que Gaspar não é dos nossos. É um estrangeirado. Está do lado deles. Dos nossos, é o senhor engenheiro exilado em Paris. Teixeira dos Santos, durante 6 anos amanteigado pelos pastorinhos, talvez tenha deixado de ser um dos nossos ao roer a corda do senhor engenheiro, chamar os bombeiros e pedir para a troika avançar.]
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25/03/2012
SERVIÇO PÚBLICO: A criatura devorou um dos seus criadores
Em 17 de Fevereiro de 2000, o Diário de Notícias publicou um artigo, titulado «O monstro», onde se podia ler:
[Recordado muito a propósito pelo blogue A Destreza das Dúvidas - via O Insurgente]
«Durante algum tempo, as forças políticas mais à esquerda apoiaram o crescimento das despesas do Estado, convencidas de que daí resultava uma redução das desigualdades. Essa ilusão foi destruída pelo fenómeno da globalização e da integração económica e financeira. A liberdade dos movimentos de capitais com o exterior e a concorrência fiscal entre os países fizeram com que o crescimento das despesas seja financiado principalmente com impostos sobre o trabalho e não à custa dos rendimentos do capital. Hoje não há dúvidas de que o crescimento do monstro destrói riqueza e agrava as desigualdades na distribuição do rendimento.»Quem foi o autor deste artigo? Foi um dos principais criadores da criatura e actualmente um resistente ao seu encolhimento.
O contributo de Cavaco Silva para o crescimento do monstro |
[Recordado muito a propósito pelo blogue A Destreza das Dúvidas - via O Insurgente]
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Igual a si próprio
Secção Insultos à inteligência
Numa entrevista à RAI, inserida numa reportagem sobre Portugal, Mário Soares desfia o rosário do costume: «Portugal não pode pagar sozinho a crise internacional», «quem pagou a reunificação da Alemanha … fomos nós, europeus», «a Alemanha é responsável por duas guerras mundiais» e «a mim o que me interessa são as pessoas, não os mercados».
Crise internacional? Deveríamos agradecer à crise internacional que nos cortou o crédito e interrompeu a obra do seu camarada Sócrates a caminho de uma falência que duraria gerações.
Quem pagou a reunificação da Alemanha? Foram os alemães de Oeste que trabalharam duramente durante 4 ou 5 décadas para reconstruir as ruínas da herança soviética no Leste.
A Alemanha é responsável por duas guerras mundiais? Sim, mas não está sozinha. E, seguindo o mesmo princípio, não será Portugal responsável pela escravização de milhões de africanos de dezenas de gerações durante séculos?
Interessam-lhe as pessoas e não os mercados? Perceberá Soares que pode só dar-se ao luxo destas sensibilidades porque os mercados criaram a prosperidade que permitiu às pessoas emergirem do colectivo anónimo das massas ignaras?
Das duas, uma: Mário Soares está definitivamente possuído pelo esquerdismo senil e, nesse caso, tudo o que diz são delírios ou está suficientemente lúcido e faz estes discursos assumindo que quem o escuta é ignorante ou estúpido. Num caso como noutro, ninguém lhe tira cinco bourbons como prémio de carreira.
Numa entrevista à RAI, inserida numa reportagem sobre Portugal, Mário Soares desfia o rosário do costume: «Portugal não pode pagar sozinho a crise internacional», «quem pagou a reunificação da Alemanha … fomos nós, europeus», «a Alemanha é responsável por duas guerras mundiais» e «a mim o que me interessa são as pessoas, não os mercados».
Crise internacional? Deveríamos agradecer à crise internacional que nos cortou o crédito e interrompeu a obra do seu camarada Sócrates a caminho de uma falência que duraria gerações.
Quem pagou a reunificação da Alemanha? Foram os alemães de Oeste que trabalharam duramente durante 4 ou 5 décadas para reconstruir as ruínas da herança soviética no Leste.
A Alemanha é responsável por duas guerras mundiais? Sim, mas não está sozinha. E, seguindo o mesmo princípio, não será Portugal responsável pela escravização de milhões de africanos de dezenas de gerações durante séculos?
Interessam-lhe as pessoas e não os mercados? Perceberá Soares que pode só dar-se ao luxo destas sensibilidades porque os mercados criaram a prosperidade que permitiu às pessoas emergirem do colectivo anónimo das massas ignaras?
Das duas, uma: Mário Soares está definitivamente possuído pelo esquerdismo senil e, nesse caso, tudo o que diz são delírios ou está suficientemente lúcido e faz estes discursos assumindo que quem o escuta é ignorante ou estúpido. Num caso como noutro, ninguém lhe tira cinco bourbons como prémio de carreira.
24/03/2012
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (55) – Surpresa!
«O que é surpreendente para mim é que tenha havido uma subida da despesa, revelando que há nesta área um descontrolo por parte do Governo», confessou o líder do PS António José Seguro.
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (54) – camaradas, levantai-vos contra a justiça de causas
A Associação Sindical dos Juízes Portugueses, que cujas preocupações com a justiça são parecidas com as de qualquer outro sindicato, alega que 14 ministros de Sócrates abusaram dos cartões de crédito para pagar despesas pessoais, e convenceu a PGR a abrir um inquérito crime.
Se a Associação, uma espécie de sindicato para membros de uma função de soberania, tem ou não motivações políticas deveria ser igual ao litro para efeitos de investigação. Se este fosse um país normal, investigava-se e concluía-se se havia ou não fundamento para acusar, julgava-se e punia-se o que se houvesse de punir e ponto final.
Mas não estamos num país normal, e por isso assistimos a um par de deputados socialistas fracturantes pedir ao líder para reagir «com firmeza» aos ataques dos juízes.
Se a Associação, uma espécie de sindicato para membros de uma função de soberania, tem ou não motivações políticas deveria ser igual ao litro para efeitos de investigação. Se este fosse um país normal, investigava-se e concluía-se se havia ou não fundamento para acusar, julgava-se e punia-se o que se houvesse de punir e ponto final.
Mas não estamos num país normal, e por isso assistimos a um par de deputados socialistas fracturantes pedir ao líder para reagir «com firmeza» aos ataques dos juízes.
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LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE: Unicórnio procura-se
Tu Shiyou aka "Deusa da Virgindade", uma activista conservadora chinesa, pretende casar desde que o putativo marido reúna as seguintes condições: seja virgem, honrado, com emprego certo, menos de 40 anos, com um curso universitário, aceite abstinência sexual nos primeiros três anos, e seja membro do PC - esta última parte é que não percebo.
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23/03/2012
Presunção de inocência ou presunção de culpa? (2)
Continuação daqui.
«O advogado da empresa que vendeu os terrenos ao Freeport disse ontem em tribunal que José Sócrates terá exigido 500 mil contos a Manuel Pedro, para licenciar o empreendimento. O advogado de Sócrates já negou a acusação.» (Jornal de Negócios)
Eu sei que todos se presumem inocentes até serem julgados culpados. Porém, no caso do senhor engenheiro, com o seu passado e presente, julgo que seria mais assisado deixar do lado dele o ónus da prova de inocência. Por falar nisso, tenho as maiores dúvidas sobre a ejaculação legislativa do enriquecimento ilícito, não obstante, que tal testá-la com o senhor engenheiro?
«O advogado da empresa que vendeu os terrenos ao Freeport disse ontem em tribunal que José Sócrates terá exigido 500 mil contos a Manuel Pedro, para licenciar o empreendimento. O advogado de Sócrates já negou a acusação.» (Jornal de Negócios)
Eu sei que todos se presumem inocentes até serem julgados culpados. Porém, no caso do senhor engenheiro, com o seu passado e presente, julgo que seria mais assisado deixar do lado dele o ónus da prova de inocência. Por falar nisso, tenho as maiores dúvidas sobre a ejaculação legislativa do enriquecimento ilícito, não obstante, que tal testá-la com o senhor engenheiro?
SERVIÇO PÚBLICO: o milagre do défice tarifário faz toda a gente feliz (3)
[Continuação de (1) e (2)]
O outro dia António Mexia revelou-nos, entre as muitas coisas que todos os dias nos revela através da imprensa amiga, que «somos nós (EDP) a financiar os consumidores» através do défice tarifário. Esqueceu-se de nos revelar que essa bondade rende à EDP 45 milhões por ano.
O outro dia António Mexia revelou-nos, entre as muitas coisas que todos os dias nos revela através da imprensa amiga, que «somos nós (EDP) a financiar os consumidores» através do défice tarifário. Esqueceu-se de nos revelar que essa bondade rende à EDP 45 milhões por ano.
22/03/2012
A maldição da tabuada (8) – se não sabes medir, não sabes gerir
Num país normal os problemas identificam-se e a sua extensão mede-se. Pode ser que os vários interesses em jogo ou as diferentes doutrinas não se entendam sobre o que é um problema, mas geralmente conseguem por-se de acordo com a métrica, visto que métrica costuma ser um conceito razoavelmente objectivo.
Portugal não é um país normal também a este respeito, porque o verdadeiro problema não é geralmente «o problema». O verdadeiro problema é a medida, segundo um certa métrica, duma coisa que não se sabe se é um problema ou, sabendo-se, não se conhece a sua gravidade. E porquê? Há vários porquês, mas hoje vou só exemplificar, mais uma vez, o porquê relacionado com tabuada.
Veja-se o caso da dívida das autarquias. Primeiro, Miguel Relvas diz numa aula aberta do ISCSP (esqueçamos uma coisa destas ter sido dita por um ministro em tais circunstâncias) que a dívida total dos municípios e das suas filhas empresas municipais (os tais expedientes para nomear dezenas de administradores e encavalitar tenças) seriam de 12 mil milhões, incluindo uma dívida de curto prazo de 3 mil milhões. Há menos de 2 meses, o mesmo ministro ainda só tinha encontrado 1,5 mil milhões, isto é metade da dívida de curto prazo.
Pouco depois da aula aberta, o vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses dizia ser a verdadeira dívida não mais de 7,8 mil milhões e que, portanto, tinham enganado o senhor ministro ao acrescentar mais metade (repare-se na recorrência do rácio de aproximação).
Ainda algumas horas depois, Fernando Ruas, o presidente daquela Associação, exprime o seguinte pensamento que deveria ser registado e arquivado no Torre de Tombo na secção Anais Sobre a Relatividade dos Números:
Portugal não é um país normal também a este respeito, porque o verdadeiro problema não é geralmente «o problema». O verdadeiro problema é a medida, segundo um certa métrica, duma coisa que não se sabe se é um problema ou, sabendo-se, não se conhece a sua gravidade. E porquê? Há vários porquês, mas hoje vou só exemplificar, mais uma vez, o porquê relacionado com tabuada.
Veja-se o caso da dívida das autarquias. Primeiro, Miguel Relvas diz numa aula aberta do ISCSP (esqueçamos uma coisa destas ter sido dita por um ministro em tais circunstâncias) que a dívida total dos municípios e das suas filhas empresas municipais (os tais expedientes para nomear dezenas de administradores e encavalitar tenças) seriam de 12 mil milhões, incluindo uma dívida de curto prazo de 3 mil milhões. Há menos de 2 meses, o mesmo ministro ainda só tinha encontrado 1,5 mil milhões, isto é metade da dívida de curto prazo.
Pouco depois da aula aberta, o vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses dizia ser a verdadeira dívida não mais de 7,8 mil milhões e que, portanto, tinham enganado o senhor ministro ao acrescentar mais metade (repare-se na recorrência do rácio de aproximação).
Ainda algumas horas depois, Fernando Ruas, o presidente daquela Associação, exprime o seguinte pensamento que deveria ser registado e arquivado no Torre de Tombo na secção Anais Sobre a Relatividade dos Números:
«Admito (que sejam os 12 mil milhões), como admito o contrário, de ser menor. Acho é que é determinante saber-se exatamente qual é a dívida dos municípios, e é a essa que vamos dar resposta. Admito qualquer possibilidade.»Não é por acaso que o doutor Fernando Ruas chegou onde chegou. Ele já se evadiu dos espaços euclidianos e paira em outras topologias fora do alcance dos leigos que vão pagar os n mil milhões, qualquer que seja o valor de n.
21/03/2012
ESTADO DE SÍTIO: Serviço público
Adivinhe de quem é o site onde este inquérito está «no ar». Se respondeu Associação 25 de Abril, PCP ou Bloco de Esquerda, errou. É o site da RTP que, como se sabe, presta um serviço público.
Repare-se como o golpismo parece ser uma característica latente na população ou, em alternativa, os adeptos do reviralho retardado têm grande capacidade de mobilização. Já agora, e porque não realizar um referendo?
[Lido aqui e visto aqui]
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Columbine à Toulouse
Houve um tempo em que os crimes e massacres de ódio só ocorriam nos EU de Bush e sobre eles um Michael Moore rodaria um panfleto como “Bowling for Columbine”. Agora que a Casa Branca está ocupada por Santo Obama, esses crimes passaram a ser factos da vida e podem ocorrer em qualquer lado.
Quando esses crimes ocorrem na Europa, em França, por exemplo, ou, para ser mais preciso, em Toulouse e têm como vítimas pessoas que não pertencem às minorias protegidas pelo politicamente correcto, como os judeus, para os condenar e lamentar as mortes é preciso citar e comparar, com outros crimes contra essas outras minorias protegidas, como palestinos em Gaza. Dito por outras palavras, é preciso relativizar.
Outros columbines registados pelo (Im)pertinências: Columbine na Argentina; Deutsche Columbine; Columbines num estado social; A cada um o seu columbine; Kolumbine am Main; Realengo, uma Columbine tropical.
Quando esses crimes ocorrem na Europa, em França, por exemplo, ou, para ser mais preciso, em Toulouse e têm como vítimas pessoas que não pertencem às minorias protegidas pelo politicamente correcto, como os judeus, para os condenar e lamentar as mortes é preciso citar e comparar, com outros crimes contra essas outras minorias protegidas, como palestinos em Gaza. Dito por outras palavras, é preciso relativizar.
Outros columbines registados pelo (Im)pertinências: Columbine na Argentina; Deutsche Columbine; Columbines num estado social; A cada um o seu columbine; Kolumbine am Main; Realengo, uma Columbine tropical.
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20/03/2012
A maldição da tabuada (7) – as dificuldades com as contas começam nas escolas
O governo de José Sócrates errou as estimativas e falhou nos orçamentos do programa de requalificação e modernização das escolas. A administração da Parque Escolar falhou na execução dos orçamentos e deixou o programa derrapar por completo. A auditoria realizada pela Inspecção-Geral de Finanças detectou as derrapagens, as adjudicações directas a preços acima do mercado e o desperdício.
Segundo o ionline, a auditoria não detectou que os números de alunos eram bastante inferiores aos indicados por muitas escolas, em certos casos as diferenças são de centenas. Estas diferenças implicaram reduzir artificialmente os custos de requalificação por número de metros quadrados por estudante, ajudando a mascarar as derrapagens.
Só faltava agora, para completar o círculo de inumeracia, que os números de alunos recolhidos pelo ionline também estivessem errados.
Segundo o ionline, a auditoria não detectou que os números de alunos eram bastante inferiores aos indicados por muitas escolas, em certos casos as diferenças são de centenas. Estas diferenças implicaram reduzir artificialmente os custos de requalificação por número de metros quadrados por estudante, ajudando a mascarar as derrapagens.
Só faltava agora, para completar o círculo de inumeracia, que os números de alunos recolhidos pelo ionline também estivessem errados.
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19/03/2012
Mitos (69) – A nossa justiça falha porque não tem os meios
Se dissermos a uma das criaturas hospedadas no sistema de administração da justiça que esta é em Portugal uma sombra do que é num país civilizado, por exemplo a Finlândia, nove em dez dessas criaturas explicarão que tal é o resultado da falta de meios.
Meios que por hipótese serão abundantes num país que há um século tinha um nível de vida parecido com o português e que hoje, com metade da população, tem um PIB maior. Essa abundância de meios explicaria que o prazo médio para resolver um processo judicial seja de 58 dias na Finlândia e 925 dias em Portugal.
Explicaria, mas não explica. Proporcionalmente a Finlândia tem menos juízes, metade dos procuradores, um sétimo dos advogados e menos de um terço dos polícias.
O que tem a Finlândia que nós não temos? Para começar deve ter gente competente e diligente na justiça.
(Dados do «Países como Nós» publicados no Expresso de ontem)
Meios que por hipótese serão abundantes num país que há um século tinha um nível de vida parecido com o português e que hoje, com metade da população, tem um PIB maior. Essa abundância de meios explicaria que o prazo médio para resolver um processo judicial seja de 58 dias na Finlândia e 925 dias em Portugal.
Explicaria, mas não explica. Proporcionalmente a Finlândia tem menos juízes, metade dos procuradores, um sétimo dos advogados e menos de um terço dos polícias.
O que tem a Finlândia que nós não temos? Para começar deve ter gente competente e diligente na justiça.
(Dados do «Países como Nós» publicados no Expresso de ontem)
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DIÁRIO DE BORDO: Contra as inevitabilidades marchar, marchar
Percebi pela primeira vez que havia um tipo particular de psicose política, de negação da realidade, uma espécie de paranoia por assim dizer, ao assistir a uma mesa redonda na RTP há quase 40 anos durante o PREC. Um sindicalista da Intersindical fez umas contas de cabeça para demonstrar que o salário mínimo para um trabalhador fazer face ao que, segundo ele, seriam as necessidades básicas teria de ser não sei quantos contos. O movimento sindical iria bater-se por isso, garantiu.
Um dos participantes da mesa redonda Francisco Pereira de Moura, um católico da esquerda moderada próximo do MDP, professor do ISCEF (hoje ISEG) e na época ministro sem pasta do 1.º governo provisório tentou pôr água naquela fervura evangélica. Em vão. As certezas inabaláveis do sindicalista resistiram incólumes às contas de cabeça de Pereira de Moura que lhe demonstrou que esse salário mínimo era superior ao rendimento médio pelo que nunca poderia ser o salário mínimo. De nada valeu ao sindicalista que continuou por longos minutos a negar a realidade.
Embora as paranoias políticas sejam transversais às ideologias e às classes sociais e tenham graus muito variados, fui percebendo ao longo dos anos serem mais frequentes à medida que se caminha para os extremos do espectro político e ou nos indivíduos com ocupações e vidas mais arredadas do mundo real, do quotidiano de sobrevivência, dos horários e das metas que é preciso cumprir, do fim do mês que custa a chegar, dos engarrafamentos ou do aperto dos transportes públicos, das fraldas, das noites mal dormidas por causa dos dentes dos filhos, etc. – um grande etc.
Ocorreram-me estas reflexões a propósito de manifestações recentes de indignação de dois intelectuais da nossa praça, as quais, sem preocupações de rigor científico, classifico como paranoia política mitigada. Uma das manifestações são as indignações recorrentes nos últimos tempos de Pacheco Pereira nos seus comentários no Público, revoltado contra as «inevitabilidades» em geral e, em particular, contra as políticas de austeridade e contra a ditadura da economia, isto é dos constrangimentos do mundo real.
Outra é o artigo «Um quarto que seja seu» no Sol de sábado passado, onde Inês Pedrosa escreve a sua revolta contra as medidas de emergência do governo para responder à falta de asilos (é disso que se trata quando fala de «lares») pretendendo alojar os velhos nos asilos já existentes. Inês Pedrosa protesta contra o «empilhamento» de 2 idosos em quartos de 12 m2, contra a partilha das casas de banho e a perda de intimidade e conclui que muitos sem-abrigo não saem da rua por não aceitarem ser «amontoados». Não lhe ocorre que a alternativa ao «empilhamento» é deixar tudo como está, à míngua de recursos. E também não lhe ocorre que a magnitude deste problema é multiplicada pela desagregação da família, acelerada pelas políticas sociais em que Inês Pedrosa parece acreditar.
São dois exemplos entre muitos outros possíveis. O que há de comum entre estas duas indignações? A negação da realidade e a rejeição da prática bismarckiana da política como arte do possível, mesmo entre os adeptos do Estado Social como resíduo de todos os outros amanhãs que deveriam cantar, nunca cantaram e provavelmente nunca cantarão.
Um dos participantes da mesa redonda Francisco Pereira de Moura, um católico da esquerda moderada próximo do MDP, professor do ISCEF (hoje ISEG) e na época ministro sem pasta do 1.º governo provisório tentou pôr água naquela fervura evangélica. Em vão. As certezas inabaláveis do sindicalista resistiram incólumes às contas de cabeça de Pereira de Moura que lhe demonstrou que esse salário mínimo era superior ao rendimento médio pelo que nunca poderia ser o salário mínimo. De nada valeu ao sindicalista que continuou por longos minutos a negar a realidade.
Embora as paranoias políticas sejam transversais às ideologias e às classes sociais e tenham graus muito variados, fui percebendo ao longo dos anos serem mais frequentes à medida que se caminha para os extremos do espectro político e ou nos indivíduos com ocupações e vidas mais arredadas do mundo real, do quotidiano de sobrevivência, dos horários e das metas que é preciso cumprir, do fim do mês que custa a chegar, dos engarrafamentos ou do aperto dos transportes públicos, das fraldas, das noites mal dormidas por causa dos dentes dos filhos, etc. – um grande etc.
Ocorreram-me estas reflexões a propósito de manifestações recentes de indignação de dois intelectuais da nossa praça, as quais, sem preocupações de rigor científico, classifico como paranoia política mitigada. Uma das manifestações são as indignações recorrentes nos últimos tempos de Pacheco Pereira nos seus comentários no Público, revoltado contra as «inevitabilidades» em geral e, em particular, contra as políticas de austeridade e contra a ditadura da economia, isto é dos constrangimentos do mundo real.
Outra é o artigo «Um quarto que seja seu» no Sol de sábado passado, onde Inês Pedrosa escreve a sua revolta contra as medidas de emergência do governo para responder à falta de asilos (é disso que se trata quando fala de «lares») pretendendo alojar os velhos nos asilos já existentes. Inês Pedrosa protesta contra o «empilhamento» de 2 idosos em quartos de 12 m2, contra a partilha das casas de banho e a perda de intimidade e conclui que muitos sem-abrigo não saem da rua por não aceitarem ser «amontoados». Não lhe ocorre que a alternativa ao «empilhamento» é deixar tudo como está, à míngua de recursos. E também não lhe ocorre que a magnitude deste problema é multiplicada pela desagregação da família, acelerada pelas políticas sociais em que Inês Pedrosa parece acreditar.
São dois exemplos entre muitos outros possíveis. O que há de comum entre estas duas indignações? A negação da realidade e a rejeição da prática bismarckiana da política como arte do possível, mesmo entre os adeptos do Estado Social como resíduo de todos os outros amanhãs que deveriam cantar, nunca cantaram e provavelmente nunca cantarão.
18/03/2012
Mitos (68) – a generalidade da greve geral
Segundo os jornais, a CGTP está preocupada com a adesão do sindicato dos maquinistas da CP à greve geral convocada para o próximo dia 22. Os maquinistas têm uma agenda própria e não totalmente coincidente com a dos «trabalhadores», isto é do PCP. Os comissários políticos destacados na CGTP percebem ser a adesão dos maquinistas conditio sine qua non para a generalidade da greve.
Uma vez mais se confirma a boutade do Impertinente: greve geral é uma greve sectorial nas empresas públicas de transportes das regiões metropolitanas de Lisboa e Porto. Se os transportes públicos fossem privatizados acabavam-se as greves gerais.
Uma vez mais se confirma a boutade do Impertinente: greve geral é uma greve sectorial nas empresas públicas de transportes das regiões metropolitanas de Lisboa e Porto. Se os transportes públicos fossem privatizados acabavam-se as greves gerais.
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17/03/2012
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Eu também não
«Eu não confundo um sistema político e económico ideal com as possibilidades reais. O primeiro é abstracto, as segundas estão sujeitas a uma certa História, a certas circunstâncias concretas. Julgo que é esta posição que distingue um não dogmático de um dogmático. Eu aprecio a democracia (lá está a famosa frase não dogmática: é o pior que existe excepto tudo o resto) e, por isso, estou disposto a prescindir de partes daquilo que penso em favor de ideias com que não estou de acordo em nome da preservação da dita democracia. Agora, no “mercado das ideias” democrático, tentarei propor as minhas, sabendo que umas vezes elas serão aceites e que outras vezes não serão aceites. Por isso sei perfeitamente que jamais o sistema financeiro será completamente sujeito à disciplina de mercado. Mas não deixarei de propor que a comunidade democrática a que pertenço adopte maneiras de o fazer aproximar disso. Acho, definitivamente, que as nossas comunidades democráticas deveriam mesmo arranjar maneira de tornar a actividade bancária (e similares) mais arriscada do que é hoje. No passado já foi, mesmo em democracia. Por isso, uma “certa” disciplina de mercado não é assim tão irrealista.»
Lido no Insurgente
[É por isso que não acredito, e não espero, que algum dia a sociedade portuguesa venha ser liberal, seja lá o que isso for. Espero apenas que possa vir a ser menos colectivista, com menos Estado e mais livre. Com essa esperança por aqui opero no “mercado das ideias” democrático.]
Lido no Insurgente
[É por isso que não acredito, e não espero, que algum dia a sociedade portuguesa venha ser liberal, seja lá o que isso for. Espero apenas que possa vir a ser menos colectivista, com menos Estado e mais livre. Com essa esperança por aqui opero no “mercado das ideias” democrático.]
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momentos fugazes de lucidez
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (53) – os bicheiros
Agora é oficial. O caso em que esteve envolvido o «engenheiro» José Lello e que então demonstrou «apurado faro no “head hunting” de representantes socialistas e consulares devidamente encartados no Jogo do Bicho», para usar as palavras da sua colega de partido Ana Pasionaria Gomes, foi agora encerrado com a condenação a 40 anos e 6 meses de prisão por um tribunal brasileiro de «Licínio Soares Bastos, o ex-cônsul e empresário português radicado no Brasil que financiou a campanha de um dos candidatos do PS nas legislativas de 2005 pelo círculo Fora da Europa». (Público)
Com excepção de Ana Gomes, não são conhecidos repúdios destas ligações espúrias em que o PS sempre esteve envolvido. (Para ser justo, terei que acrescentar as ligações não menos espúrias do PSD, para ficar por aqui.)
Com excepção de Ana Gomes, não são conhecidos repúdios destas ligações espúrias em que o PS sempre esteve envolvido. (Para ser justo, terei que acrescentar as ligações não menos espúrias do PSD, para ficar por aqui.)
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16/03/2012
DIÁRIO DE BORDO: O que se passa com eles?
Como explicar que uma equipa que perde até com o Futebol Clube de Cinfães tenha eliminado o Manchester City? A coisa é do domínio do paranormal.
Verdade ou consequência?
António José Seguro «quer que portugueses conheçam a verdade sobre o BPN "custe o que custar"». Consoante o maquiavelismo de AJS, são possíveis as seguintes consequências:
- AJS não é um político maquiavélico – Pretende entalar o PSD e vai acabar a entalar o ausente em Paris e indirectamente contaminar toda a tralha socrática que infesta o grupo parlamentar do PS; sobram uns estilhaços para Cavaco Silva, por via das suas relações equívocas com a gente da SLN e das mais-valias que de lá lhe caíram nos bolsos. Falha em toda a linha os seus propósitos.
- AJS é um político maquiavélico – pretende entalar o ausente em Paris e indirectamente contaminar toda a tralha socrática que infesta o grupo parlamentar do PS, autores ou cúmplices da socialização dos prejuízos do BPN. A tentativa pode ter um relativo sucesso se ele for suficientemente cínico e evitar envolver Cavaco Silva.
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DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Quotidiano de desleixo, incompetência e negligência (2)
O viaduto junto ao INATEL na Marginal em Oeiras tem altura insuficiente para alguns veículos pesados actuais por lá passarem sem chocar. Depois de muitos anos e muitos choques a enfraquecerem o viaduto, a EP resolveu iniciar obras, que se prolongarem por mais de 3 meses, para rebaixar o pavimento da estrada sob o viaduto.
Durante todo esse tempo, agitaram-se na pequena área sob o viaduto e na rotunda adjacente dezenas de operários e máquinas do empreiteiro «fiscalizados» por uma equipa de técnicos da EP para executarem um projecto que até um leigo desconfiaria ser defeituoso.
Como se pode perceber na foto do Google Earth e nas fotos seguintes tiradas premonitoriamente no final das obras há 5 semanas, a área envolvente com centenas de milhar de metros quadrados está toda acima do nível do pavimento sob viaduto, e o acesso à Marginal sob o viaduto já se encontrava num plano vários metros inferior às 3 estradas que convergem para a rotunda e para o acesso.
Com as obras, este pavimento foi rebaixado ao ponto de ficar numa cova cerca de 1 metro abaixo do nível da rotunda e do acesso à Marginal que seria a única saída para uma torrente de água proveniente da área envolvente. Imagine-se o que será uma precipitação de umas dezenas de mm em poucos minutos na zona envolvente a convergir para uma área de umas poucas centenas de m2 sob o viaduto com 2 minúsculas sargetas como esta:
O que se poderia esperar deste milagre da engenharia num clima caracterizado pela irregularidade das precipitações e ocorrência frequente de chuvas torrenciais? Ainda não se sabe. Sabe-se apenas que ontem à tarde, após meia hora de chuva moderada, a coisa ficou assim:
Esperemos por uma daquelas chuvas torrenciais à séria e poderemos ter cacilheiros ancorados debaixo do viaduto.
Durante todo esse tempo, agitaram-se na pequena área sob o viaduto e na rotunda adjacente dezenas de operários e máquinas do empreiteiro «fiscalizados» por uma equipa de técnicos da EP para executarem um projecto que até um leigo desconfiaria ser defeituoso.
Como se pode perceber na foto do Google Earth e nas fotos seguintes tiradas premonitoriamente no final das obras há 5 semanas, a área envolvente com centenas de milhar de metros quadrados está toda acima do nível do pavimento sob viaduto, e o acesso à Marginal sob o viaduto já se encontrava num plano vários metros inferior às 3 estradas que convergem para a rotunda e para o acesso.
Com as obras, este pavimento foi rebaixado ao ponto de ficar numa cova cerca de 1 metro abaixo do nível da rotunda e do acesso à Marginal que seria a única saída para uma torrente de água proveniente da área envolvente. Imagine-se o que será uma precipitação de umas dezenas de mm em poucos minutos na zona envolvente a convergir para uma área de umas poucas centenas de m2 sob o viaduto com 2 minúsculas sargetas como esta:
O que se poderia esperar deste milagre da engenharia num clima caracterizado pela irregularidade das precipitações e ocorrência frequente de chuvas torrenciais? Ainda não se sabe. Sabe-se apenas que ontem à tarde, após meia hora de chuva moderada, a coisa ficou assim:
Esperemos por uma daquelas chuvas torrenciais à séria e poderemos ter cacilheiros ancorados debaixo do viaduto.
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um país talvez normal mas rançoso
15/03/2012
14/03/2012
Mitos (66) – as teorias da conspiração sobre as agências de rating (VIII)
[Continuação de (I), (II), (III), (IV), (V), (VI) e (VII)]
O que pensarão os adeptos das teorias da conspiração ao saber que a Fitch melhorou a notação da dívida pública em 4 níveis de restricted default para B- com um outlook estável?
A explicação simples é a de que com o acordo de swap aceite pelo credores e a consequente redução do stock de dívida, do seu reescalonamento e da redução de juros a probabilidade de incumprimento terá baixado sensivelmente.
Contudo, não acredito que os adeptos se desmoralizem por tão pouco. O upgrade traz água no bico. Anda aqui mão do do grupo de Bilderberg, de Wall Street, do Tea Party ou dos sábios do Sião, pensarão. Acrescentariam a mão de um governo americano se já lá não estivesse Santo Obama.
O que pensarão os adeptos das teorias da conspiração ao saber que a Fitch melhorou a notação da dívida pública em 4 níveis de restricted default para B- com um outlook estável?
A explicação simples é a de que com o acordo de swap aceite pelo credores e a consequente redução do stock de dívida, do seu reescalonamento e da redução de juros a probabilidade de incumprimento terá baixado sensivelmente.
Contudo, não acredito que os adeptos se desmoralizem por tão pouco. O upgrade traz água no bico. Anda aqui mão do do grupo de Bilderberg, de Wall Street, do Tea Party ou dos sábios do Sião, pensarão. Acrescentariam a mão de um governo americano se já lá não estivesse Santo Obama.
A potência do lóbi da energia
Se bem percebo estas manobras de bastidores, ainda que Henrique Gomes possa ter-se distraído com o ataque aos moinhos de vento da garantia de potência e dos CMEC (diz quem sabe) e entretido a tentar agarrar com as mãos nuas a enguia mais escorregadia do sector da energia, a verdade é que pareceu ter tentado alterar o estado das coisas na energia.
Status quo pacientemente urdido pela EDP, pela mão de Mexia apoiado pelos banqueiros do regime, que tão bem tem servido o lóbi das energias renováveis e à pala das ecologias alimentadas a subsídios transformou o sector num monstro inexpugnável.
Com a demissão de Henrique Gomes da secretaria de Estado da Energia e a sua substituição por Artur Trindade, vindo da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, o governo aparenta ter cedido em toda a linha ao lóbi. Não é bom. Como diria di Lampedusa pela boca do príncipe de Salina, foi preciso mudar alguma coisa para ficar tudo na mesma.
Status quo pacientemente urdido pela EDP, pela mão de Mexia apoiado pelos banqueiros do regime, que tão bem tem servido o lóbi das energias renováveis e à pala das ecologias alimentadas a subsídios transformou o sector num monstro inexpugnável.
Com a demissão de Henrique Gomes da secretaria de Estado da Energia e a sua substituição por Artur Trindade, vindo da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, o governo aparenta ter cedido em toda a linha ao lóbi. Não é bom. Como diria di Lampedusa pela boca do príncipe de Salina, foi preciso mudar alguma coisa para ficar tudo na mesma.
13/03/2012
Mais uma aplicação do princípio de Pareto
«Cerca de 90% da poupança das famílias portuguesas é feita por 20% dos agregados e cerca de 30% das famílias têm gastos que ultrapassam os seus rendimentos.» (Oje)
Outras aplicações (aproximadas): 20% dos activos fazem 80% do trabalho; 80% dos contribuintes só pagam 20% dos impostos.
Outras aplicações (aproximadas): 20% dos activos fazem 80% do trabalho; 80% dos contribuintes só pagam 20% dos impostos.
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ESTADO DE SÍTIO: O efeito multiplicador do investimento público (2)
Não me recordo de nenhuma obra do regime com um rácio de derrapagem inferior a 50%. Uma parte significativa derrapou 100% ou mais, o que levaria a concluir que o famoso multiplicador do investimento público não é a relação entre o aumento do produto e o investimento, mas antes a relação entre o custo real da obra e o valor orçamentado, isto é o rácio de derrapagem.
O caso da Casa da Música no Porto é ainda mais extraordinário porque a obra ficou a custar 3 vezes mais do que o orçamentado. O que não é extraordinário é a incapacidade deste elefante branco gerar receitas que ao menos paguem os seus custos de funcionamento, como agora reconhece o administrador delegado quando diz estar o modelo económico da Casa da Música em crise.
Ao mesmo tempo que reconhece a insustentabilidade do elefante, o administrador delegado defende que a fundação é «um excelente negócio para o Estado (porque) em 2011, cada euro que o Estado meteu na CdM transformou-se em quase três». Dir-se-ia que este multiplicador do administrador delegado é talvez a criação mais notável da Casa da Música, porque o rácio entre a venda de bilhetes e o montante dos subsídios do Estado, que o relatório de 2010 nos mostra menos de 1 milhão e 10,5 milhões, respectivamente, é mais de 10 para 1.
Isto é, para vender um euro dos bilhetes pagos pelos 216 mil espectadores e participantes que em 2010 assistiram a espectáculos ou participaram em actividades, a Casa da Música consumiu mais de dez euros do dinheiro dos milhões de não espectadores. Como as receitas do restaurante foram quase 2/3 da venda de bilhetes e os respectivos custos serão apenas uma fracção insignificante dos 3,5 milhões de honorários dos artistas, 1,5 milhões de consultores e 6,7 milhões dos gastos com pessoal, aqui fica uma sugestão de alteração do modelo de negócio: passar de Casa da Música a Casa da Comida.
[Entre os espectadores de 2011 encontrava-se este vosso criado que pode presenciar, durante um concerto de Anne Sofie Von Otter e Brad Mehldau, uma manifestação de labregos aqui relatada – mais um custo intangível a adicionar aos subsídios.]
O caso da Casa da Música no Porto é ainda mais extraordinário porque a obra ficou a custar 3 vezes mais do que o orçamentado. O que não é extraordinário é a incapacidade deste elefante branco gerar receitas que ao menos paguem os seus custos de funcionamento, como agora reconhece o administrador delegado quando diz estar o modelo económico da Casa da Música em crise.
Ao mesmo tempo que reconhece a insustentabilidade do elefante, o administrador delegado defende que a fundação é «um excelente negócio para o Estado (porque) em 2011, cada euro que o Estado meteu na CdM transformou-se em quase três». Dir-se-ia que este multiplicador do administrador delegado é talvez a criação mais notável da Casa da Música, porque o rácio entre a venda de bilhetes e o montante dos subsídios do Estado, que o relatório de 2010 nos mostra menos de 1 milhão e 10,5 milhões, respectivamente, é mais de 10 para 1.
Isto é, para vender um euro dos bilhetes pagos pelos 216 mil espectadores e participantes que em 2010 assistiram a espectáculos ou participaram em actividades, a Casa da Música consumiu mais de dez euros do dinheiro dos milhões de não espectadores. Como as receitas do restaurante foram quase 2/3 da venda de bilhetes e os respectivos custos serão apenas uma fracção insignificante dos 3,5 milhões de honorários dos artistas, 1,5 milhões de consultores e 6,7 milhões dos gastos com pessoal, aqui fica uma sugestão de alteração do modelo de negócio: passar de Casa da Música a Casa da Comida.
[Entre os espectadores de 2011 encontrava-se este vosso criado que pode presenciar, durante um concerto de Anne Sofie Von Otter e Brad Mehldau, uma manifestação de labregos aqui relatada – mais um custo intangível a adicionar aos subsídios.]
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Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (2)
Os comunistas como Arménio Carlos, o controleiro da CGTP, já defenderam a ditadura do proletariado, a sociedade comunista, a democracia popular, a sociedade socialista, as nacionalizações, as conquistas de Abril e neste momento defendem o Estado Social.
Trocaram Karl Marx por Otto von Bismarck, o inventor do Estado Social. O futuro dos comunistas é o passado.
Trocaram Karl Marx por Otto von Bismarck, o inventor do Estado Social. O futuro dos comunistas é o passado.
Karl Otto von Bismarx |
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12/03/2012
Bons exemplos (31) – Primeiro o dever, depois a devoção
Dois terços dos eleitores suíços rejeitaram num referendo a proposta para aumentar o período mínimo de férias de 4 para 6 semanas, apresentada pelos sindicatos e apoiada pela esquerdalhada com o fundamento de um terço da população activa padecer de «ansiedade e fadiga» - deve ter sido o terço que votou a favor.
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SERVIÇO PÚBLICO: o milagre do défice tarifário faz toda a gente feliz? (2)
Há três meses recordei que o governo Barroso inventou e os governos Sócrates desenvolveram um expediente miraculoso para praticar preços políticos da electricidade, ao mesmo tempo que aparentemente liberalizavam o mercado. A coisa chama-se défice tarifário e corresponde à diferença entre os custos de produção e a facturação dos produtores. O milagre consiste em os produtores contabilizarem como rendimentos a facturação acrescida do défice tarifário e, consequentemente, os preços subsidiados não afectam os seus lucros e os consumidores ficam felizes porque pagam a electricidade abaixo do seu custo. Os produtores vão contabilizando no seu activo esses «défices tarifários» que no final são créditos sobre alguém que um dia vai pagar e podem titularizar esses créditos transferindo-os para um banco e recebendo-os o seu valor com um desconto.
É o paraíso em que toda a gente fica feliz: os produtores que não têm os seus lucros afectados, os consumidores que pagam a electricidade a custos subsidiados, os bancos que ganham umas comissões com a operação de titularização, e os governos que ganham uns votos (ou deixam de os perder) com este milagre.
Parece um daqueles truques dos consultores powerpoint que descrevem uma solução mirífica e no último slide aparece win-win. Neste caso, até seria mais do que win ao quadrado, seria win à quarta potência: win para os produtores, win para os consumidores, win para os bancos e win para os governos.»
Haverá algum perdedor esquecido no powerpoint? Há sim senhor. São vocês, os vossos filhos e quem sabe os vossos netos. Segundo as últimas contas, o défice tarifário vai em 2,7 mil milhões. Quando os vossos filhos e netos perceberem a pesada herança que lhes deixais, de que o défice tarifário é apenas mais uma parcela, irão tirar-vos dos asilos em largar-vos nos pinhais do interior.
Afinal, diferentemente do que pensava, nem toda a gente está feliz. Por exemplo António Mexia que lamenta estar «a financiar os consumidores» com o défice tarifário. É por esta e por outras que o homem merece a nossa admiração e o dinheiro que ganha.
É o paraíso em que toda a gente fica feliz: os produtores que não têm os seus lucros afectados, os consumidores que pagam a electricidade a custos subsidiados, os bancos que ganham umas comissões com a operação de titularização, e os governos que ganham uns votos (ou deixam de os perder) com este milagre.
Parece um daqueles truques dos consultores powerpoint que descrevem uma solução mirífica e no último slide aparece win-win. Neste caso, até seria mais do que win ao quadrado, seria win à quarta potência: win para os produtores, win para os consumidores, win para os bancos e win para os governos.»
Haverá algum perdedor esquecido no powerpoint? Há sim senhor. São vocês, os vossos filhos e quem sabe os vossos netos. Segundo as últimas contas, o défice tarifário vai em 2,7 mil milhões. Quando os vossos filhos e netos perceberem a pesada herança que lhes deixais, de que o défice tarifário é apenas mais uma parcela, irão tirar-vos dos asilos em largar-vos nos pinhais do interior.
Afinal, diferentemente do que pensava, nem toda a gente está feliz. Por exemplo António Mexia que lamenta estar «a financiar os consumidores» com o défice tarifário. É por esta e por outras que o homem merece a nossa admiração e o dinheiro que ganha.
¿Por qué no te callas? (6) – o tamanho interessa? Sim, mas quanto mais pequeno maior melhor
[Uma série potencialmente infinita de aflições e estados de alma partilhados com os mídia sem propósito aparente]
Não. Não vou comentar o famoso “Roteiros VI” onde Cavaco Silva dá conta da aparição do arcanjo Gabriel, com anos de atraso, no preciso momento em que escrevia o prefácio, revelando-lhe o quão inconfiável e nocivo para o país foi o anterior primeiro-ministro José Sócrates. Prefácio que parece ter conseguido o milagre de unir o PS à volta do desaparecido, em consequência da doutrina Somoza, de quem Roosevelt terá dito «ele pode ser um sacana, mas é o nosso sacana».
Em vez disso, vou continuar a comentar o seu inovador paradigma da reduzida dimensão das empresas portuguesas poder ser uma vantagem competitiva na internacionalização. Nem de propósito, poucos dias depois de Cavaco Silva nos ter iluminado com o seu paradigma, a Economist tratava o tema num artigo cujo título diz tudo: «Small is not beautiful».
Nesse artigo, a Economist não só ignora como se dedica a demolir o famoso paradigma de Cavaco, ilustrando a demolição com o exemplo português e, juntando à afronta o insulto, chama à coisa «jactância sobre as pequenas empresas». Como amuse-bouche aqui vai um parágrafo:
«Consider the southern periphery of the euro area. Countries such as Greece, Italy and Portugal have lots of small firms which, thanks to cumbersome regulations, have failed lamentably to grow (see article). Firms with at least 250 workers account for less than half the share of manufacturing jobs in these countries than they do in Germany, the euro zone’s strongest economy. A shortfall of big firms is linked to the sluggish productivity and loss of competitiveness that is the deeper cause of the euro-zone crisis. For all the boosterism around small business, it is economies with lots of biggish companies that have been able to sustain the highest living standards.»
Não. Não vou comentar o famoso “Roteiros VI” onde Cavaco Silva dá conta da aparição do arcanjo Gabriel, com anos de atraso, no preciso momento em que escrevia o prefácio, revelando-lhe o quão inconfiável e nocivo para o país foi o anterior primeiro-ministro José Sócrates. Prefácio que parece ter conseguido o milagre de unir o PS à volta do desaparecido, em consequência da doutrina Somoza, de quem Roosevelt terá dito «ele pode ser um sacana, mas é o nosso sacana».
Em vez disso, vou continuar a comentar o seu inovador paradigma da reduzida dimensão das empresas portuguesas poder ser uma vantagem competitiva na internacionalização. Nem de propósito, poucos dias depois de Cavaco Silva nos ter iluminado com o seu paradigma, a Economist tratava o tema num artigo cujo título diz tudo: «Small is not beautiful».
Nesse artigo, a Economist não só ignora como se dedica a demolir o famoso paradigma de Cavaco, ilustrando a demolição com o exemplo português e, juntando à afronta o insulto, chama à coisa «jactância sobre as pequenas empresas». Como amuse-bouche aqui vai um parágrafo:
«Consider the southern periphery of the euro area. Countries such as Greece, Italy and Portugal have lots of small firms which, thanks to cumbersome regulations, have failed lamentably to grow (see article). Firms with at least 250 workers account for less than half the share of manufacturing jobs in these countries than they do in Germany, the euro zone’s strongest economy. A shortfall of big firms is linked to the sluggish productivity and loss of competitiveness that is the deeper cause of the euro-zone crisis. For all the boosterism around small business, it is economies with lots of biggish companies that have been able to sustain the highest living standards.»
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doutrina Somoza,
incorrigível
11/03/2012
ARTIGO DEFUNTO: Seria trágico se não fosse cómico
Indignei-me prematuramente por a Comissão Europeia ter considerado a introdução de portagens nas ex-SCUTS «uma injustificada violação do princípio da livre circulação de pessoas e uma flagrante violação do princípio da não discriminação em razão da nacionalidade».
Devia ter-me indignado, uma vez mais, com o jornalismo a soldo dos lóbis que publica tais notícias sem ter o cuidado de as confirmar, dando crédito a Ricardo Oliveira, sócio da sociedade de advogados do regime PLMJ, em vez de questionar a Comissão Europeia.
Ao que parece (já não se garante nada porque o jornalismo de causas trabalha para várias causas), o comissário europeu dos Transportes desmentiu que a Comissão tivesse «qualquer intenção de fazer Portugal alterar as antigas auto-estradas SCUT em vias sem portagem».
Devia ter-me indignado, uma vez mais, com o jornalismo a soldo dos lóbis que publica tais notícias sem ter o cuidado de as confirmar, dando crédito a Ricardo Oliveira, sócio da sociedade de advogados do regime PLMJ, em vez de questionar a Comissão Europeia.
Ao que parece (já não se garante nada porque o jornalismo de causas trabalha para várias causas), o comissário europeu dos Transportes desmentiu que a Comissão tivesse «qualquer intenção de fazer Portugal alterar as antigas auto-estradas SCUT em vias sem portagem».
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artigo defunto,
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jornalismo de causas
CASE STUDY: António Champalimaud revolve-se na tumba (3) - Tem tudo menos o principal
Já aqui e aqui tratei da Fundação Champalimaud, suspeitando que seja mais um convento de Mafra. Ou seja, uma construção paquidérmica para albergar muitos fiéis com pouca fé, feita com dinheiro que não custou a ganhar a quem o gasta. Em Agosto de 2010 quanto abordei este tema pela primeira vez só havia disponível no site da Fundação o relatório e contas de 2007. Hoje no mesmo site não há um só relatório e contas disponível, nem mesmo o de 2007. Esta total opacidade não costuma ser de bom augúrio.
Infelizmente a entrevista de Clara Ferreira Alves a Jorge Rosa Santos, director do Serviço de Cirurgia e Pescoço do IPO, na revista do Expresso de 03-02, parece confirmar os meus piores receios.
Fundação Champalimaud. Qual a relação como IPO?
A Fundação Champalimaud começou mal. Devia ter começado - já que ia trabalhar na área da Oncologia - por tentar chamar as pessoas mais marcantes da Oncologia nacional, quanto mais não fosse para estarem presentes na inauguração da Fundação. Não percebo porque é que estava lá o doutor em Economia e não estavam o presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia ou os presidentes dos Institutos de Oncologia. Além de instituições de investigação, como o IPATlMUP... Mas a Fundação existe. Tem condições boas, tem bom equipamento, tem profissionais... Alguns saídos do sector público. Mas falta-lhe os doentes. É tudo muito bonito, os jardins, etc., mas no outro dia fui lá e não há doentes.
As pessoas leem que a Fundação Champalimaud tem uma máquina de radioterapia inovadora, caríssima, que poupa o doente aos efeitos secundários, e perguntam porque é que o IPO não tem...
Têm o IMRT, uma radioterapia de intensidade modulada, que tenta preservar as estruturas anatómicas. Mas o IPO também tem. Só que os jornais dão azo a esses equívocos. A grande parte das técnicas da Fundação Champalimaud já existe no sector público. Eles vão comprar agora um aparelho caríssimo, de milhões, que de facto não existe no sector público. Nem sei o nome dele. Há tempos, o presidente do CA pediu às pessoas que pensassem sobre a Fundação Champalimaud. Porque têm instalações, máquinas, e nós temos os doentes, que são uma riqueza incalculável em casos clínicos. A minha resposta foi a de que deveríamos engolir sapos. Por mais que me custe engolir sapos. Tentar estabelecer um protocolo. Se o IPO não aproveitar isto, outros o vão fazer.
Quem é que tem acesso aos tratamentos caríssimos?
Até agora tive dois doentes tratados lá. Ambos tinham seguros de saúde milionários, feitos no estrangeiro. É bizarro que nunca tenhamos sido convocados pela Fundação Champalimaud para discutir o assunto. E a Fundação veio buscar ao IPO o presente diretor clínico. Quer que lhe diga o que penso mesmo? Aquilo faz pena. Está deserto. Por isso eles dizem que têm um novo conceito: os doentes não têm uma sala de espera e entram diretamente para os gabinetes. Teriam de ter centenas de gabinetes e centenas de médicos. O terreno das instalações, à beira-mar, foi oferecido pelo Estado. Exatamente. A Fundação Champalimaud tem parque de estacionamento, muitos seguranças, jardins bonitos... Tem tudo menos o principal. Faz-me pena.
Infelizmente a entrevista de Clara Ferreira Alves a Jorge Rosa Santos, director do Serviço de Cirurgia e Pescoço do IPO, na revista do Expresso de 03-02, parece confirmar os meus piores receios.
Fundação Champalimaud. Qual a relação como IPO?
A Fundação Champalimaud começou mal. Devia ter começado - já que ia trabalhar na área da Oncologia - por tentar chamar as pessoas mais marcantes da Oncologia nacional, quanto mais não fosse para estarem presentes na inauguração da Fundação. Não percebo porque é que estava lá o doutor em Economia e não estavam o presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia ou os presidentes dos Institutos de Oncologia. Além de instituições de investigação, como o IPATlMUP... Mas a Fundação existe. Tem condições boas, tem bom equipamento, tem profissionais... Alguns saídos do sector público. Mas falta-lhe os doentes. É tudo muito bonito, os jardins, etc., mas no outro dia fui lá e não há doentes.
As pessoas leem que a Fundação Champalimaud tem uma máquina de radioterapia inovadora, caríssima, que poupa o doente aos efeitos secundários, e perguntam porque é que o IPO não tem...
Têm o IMRT, uma radioterapia de intensidade modulada, que tenta preservar as estruturas anatómicas. Mas o IPO também tem. Só que os jornais dão azo a esses equívocos. A grande parte das técnicas da Fundação Champalimaud já existe no sector público. Eles vão comprar agora um aparelho caríssimo, de milhões, que de facto não existe no sector público. Nem sei o nome dele. Há tempos, o presidente do CA pediu às pessoas que pensassem sobre a Fundação Champalimaud. Porque têm instalações, máquinas, e nós temos os doentes, que são uma riqueza incalculável em casos clínicos. A minha resposta foi a de que deveríamos engolir sapos. Por mais que me custe engolir sapos. Tentar estabelecer um protocolo. Se o IPO não aproveitar isto, outros o vão fazer.
Quem é que tem acesso aos tratamentos caríssimos?
Até agora tive dois doentes tratados lá. Ambos tinham seguros de saúde milionários, feitos no estrangeiro. É bizarro que nunca tenhamos sido convocados pela Fundação Champalimaud para discutir o assunto. E a Fundação veio buscar ao IPO o presente diretor clínico. Quer que lhe diga o que penso mesmo? Aquilo faz pena. Está deserto. Por isso eles dizem que têm um novo conceito: os doentes não têm uma sala de espera e entram diretamente para os gabinetes. Teriam de ter centenas de gabinetes e centenas de médicos. O terreno das instalações, à beira-mar, foi oferecido pelo Estado. Exatamente. A Fundação Champalimaud tem parque de estacionamento, muitos seguranças, jardins bonitos... Tem tudo menos o principal. Faz-me pena.
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verdade inconveniente
10/03/2012
NÓS VISTOS POR ELES: Não nos levam a sério? Porque será?
O artigo da Economist sobre a crise portuguesa «The uncertainty society», tem algumas imprecisões. A mais ridícula delas será porventura citar um ministro do Mar que não existe, seguida de perto pela invenção de «monárquicos excêntricos» no parlamento.
Diferentemente de outros leitores, não fiquei indignado com as simplificações para nós grosseiras da realidade portuguesa. Muitas delas parecem-me inevitáveis num artigo de mil palavras e, no fim de contas, o diagnóstico no essencial está correcto. Se um jornalista português escrevesse um artigo de mil palavras sobre a Inglaterra certamente não teria menos simplificações grosseiras e lugares comuns. Para ser justo, a maioria dos jornalistas portugueses até o faria num artigo sobre Portugal.
Contudo, o mais interessante e digno de nota na minha opinião é o tom complacente com que mais um artigo trata das nossas desgraças como se fossem um fado (e não são?), sublinha o nosso conformismo e falta de reacção. Na verdade, não nos levam a sério. Podemo-nos indignar à vontade e vitimizar, mas seria melhor se nos interrogássemos criticamente sobre o que leva essa gente a olhar-nos com displicência.
Diferentemente de outros leitores, não fiquei indignado com as simplificações para nós grosseiras da realidade portuguesa. Muitas delas parecem-me inevitáveis num artigo de mil palavras e, no fim de contas, o diagnóstico no essencial está correcto. Se um jornalista português escrevesse um artigo de mil palavras sobre a Inglaterra certamente não teria menos simplificações grosseiras e lugares comuns. Para ser justo, a maioria dos jornalistas portugueses até o faria num artigo sobre Portugal.
Contudo, o mais interessante e digno de nota na minha opinião é o tom complacente com que mais um artigo trata das nossas desgraças como se fossem um fado (e não são?), sublinha o nosso conformismo e falta de reacção. Na verdade, não nos levam a sério. Podemo-nos indignar à vontade e vitimizar, mas seria melhor se nos interrogássemos criticamente sobre o que leva essa gente a olhar-nos com displicência.
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um país talvez normal mas rançoso
DIÁLOGOS DE PLUTÃO: A última fuga de informação
- Não estou a gostar nada das fugas de informação.
- De quais fugas, senhor primeiro-ministro? Perguntaram em coro os ministros das Finanças e da Economia.
- De todas. Isto não pode continuar assim. Vou dar um murro na mesa.
- E partir de quando é que deixa de haver fugas de informação? Perguntou um ministro, tido como a fonte de informação de Marques Mendes.
- Sim. É muito importante saber a partir de quando, sublinhou outro ministro, tido como o garganta-funda mór.
- A partir do momento em que eu der um murro na mesa.
- E o que devemos dizer às nossas mulheres, aos nossos companheiros do partido, aos nossos amigos, aos jornalistas e aos nossos contactos em geral? Perguntou um outro ministro, conhecido no meio como a orelha de Marcelo.
- O que se passa no Conselho de ministros é sagrado, disse o primeiro-ministro, dando um murro na mesa.
[Diálogo imaginado a partir de uma notícia do SOL, onde se lê: «PASSOS Coelho não gostou das fugas de informação do Conselho de Ministros da semana passada em que o QREN esteve em cima da mesa. E na reunião desta quarta-feira deu um murro na mesa. O primeiro-ministro fez questão de deixar bem claro a todos os seus colegas de Governo que tudo o que se passa naquelas reuniões semanais do Conselho de Ministros é para morrer ali - uma obrigação decorrente da lei orgânica do Governo. Contactados depois disso pelo SOL, vários ministros repetiram, de forma coincidente, que “o que se passa no Conselho de ministros é sagrado”.»]
- De quais fugas, senhor primeiro-ministro? Perguntaram em coro os ministros das Finanças e da Economia.
- De todas. Isto não pode continuar assim. Vou dar um murro na mesa.
- E partir de quando é que deixa de haver fugas de informação? Perguntou um ministro, tido como a fonte de informação de Marques Mendes.
- Sim. É muito importante saber a partir de quando, sublinhou outro ministro, tido como o garganta-funda mór.
- A partir do momento em que eu der um murro na mesa.
- E o que devemos dizer às nossas mulheres, aos nossos companheiros do partido, aos nossos amigos, aos jornalistas e aos nossos contactos em geral? Perguntou um outro ministro, conhecido no meio como a orelha de Marcelo.
- O que se passa no Conselho de ministros é sagrado, disse o primeiro-ministro, dando um murro na mesa.
[Diálogo imaginado a partir de uma notícia do SOL, onde se lê: «PASSOS Coelho não gostou das fugas de informação do Conselho de Ministros da semana passada em que o QREN esteve em cima da mesa. E na reunião desta quarta-feira deu um murro na mesa. O primeiro-ministro fez questão de deixar bem claro a todos os seus colegas de Governo que tudo o que se passa naquelas reuniões semanais do Conselho de Ministros é para morrer ali - uma obrigação decorrente da lei orgânica do Governo. Contactados depois disso pelo SOL, vários ministros repetiram, de forma coincidente, que “o que se passa no Conselho de ministros é sagrado”.»]
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delírios pontuais,
se non è vero
09/03/2012
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Os juros usurários e a dívida ilegítima, segundo o picareta falante e o tele-evangelista
Secção Insultos à inteligência
É precisa uma grande dose de ignorância ou de falta de escrúpulos, ou uma combinação apropriada destes dois atributos, para defender que os juros da dívida pública são usurários, como fez Marcelo Rebelo de Sousa na apresentação do panfleto de Francisco Louçã «A Dividadura – Portugal na crise do euro». Acontece que, como o conhecido comentador deverá saber, os juros que estão a ser pagos pelo Estado português são bastante moderados, porque toda a dívida anterior ao bailout está a taxas baixas (e isso foi parte do problema ao desligar as campainhas de alarme). A nova dívida ou faz parte do pacote da troika e está a taxas de favor ou é de leilões de OT a curto prazo e, portanto, com juros mais baixos.
O que MRS poderia chamar «usurários» são os yields no mercado secundário que são efectivamente muito altos, comparados com as cotações das OT que estão muito abaixo do seu valor nominal devido ao elevado risco de incumprimento. Contudo, o Estado português continua a pagar os mesmos juros que no passado relativamente ao stock de dívida e quem se entalou foram os credores por ficarem com OT em carteira que valem apenas uma fracção do que emprestaram ao Estado português.
É provável que MRS, um picareta falante (como Pulido Valente chamou a António Guterres) papagueando sobre tudo e mais alguma coisa, não faça a menor ideia do que diz. Pelo contrário, o autor do panfleto saberá, ou pelo menos, como professor de economia, tem a obrigação profissional de saber.
É por isso que ao dizer «que uma parte importantíssima da dívida devia ser cancelada porque simplesmente é dívida ilegítima, que não foi contraída pelos portugueses e resulta simplesmente do jogo financeiro e da acumulação de juros excessivos», Francisco Louça confirma, uma vez mais, a justeza do epíteto de tele-evangelista.
Qual é a parte importantíssima ou mesmo pequeníssima da dívida que não foi contraída pelos governos portugueses legitimamente mandatados pelos eleitores para se endividarem? Se o jogo financeiro contribuiu de algum modo para a dívida não foi certamente pelos «juros excessivos» mas pelos juros insuficientes desfasados da realidade da economia portuguesa e apenas explicados pela expectativa frustrada dos credores que o BCE faria o bailout dos países falidos e, por isso, o preço do dinheiro emprestado aos portugueses seria o dos alemães adicionado dum pequeno spread para pagar um risco residual.
Por tudo isto, é justo atribuir a cada uma das luminárias uma combinação de 1 até 5 ignóbeis, na hipótese de os dislates serem puro cinismo, e de 1 até 5 chateaubriands, caso acreditam nas suas baboseiras. Como são ambos reincidentes, levam adicionalmente cada um 5 bourbons.
É precisa uma grande dose de ignorância ou de falta de escrúpulos, ou uma combinação apropriada destes dois atributos, para defender que os juros da dívida pública são usurários, como fez Marcelo Rebelo de Sousa na apresentação do panfleto de Francisco Louçã «A Dividadura – Portugal na crise do euro». Acontece que, como o conhecido comentador deverá saber, os juros que estão a ser pagos pelo Estado português são bastante moderados, porque toda a dívida anterior ao bailout está a taxas baixas (e isso foi parte do problema ao desligar as campainhas de alarme). A nova dívida ou faz parte do pacote da troika e está a taxas de favor ou é de leilões de OT a curto prazo e, portanto, com juros mais baixos.
O que MRS poderia chamar «usurários» são os yields no mercado secundário que são efectivamente muito altos, comparados com as cotações das OT que estão muito abaixo do seu valor nominal devido ao elevado risco de incumprimento. Contudo, o Estado português continua a pagar os mesmos juros que no passado relativamente ao stock de dívida e quem se entalou foram os credores por ficarem com OT em carteira que valem apenas uma fracção do que emprestaram ao Estado português.
É provável que MRS, um picareta falante (como Pulido Valente chamou a António Guterres) papagueando sobre tudo e mais alguma coisa, não faça a menor ideia do que diz. Pelo contrário, o autor do panfleto saberá, ou pelo menos, como professor de economia, tem a obrigação profissional de saber.
É por isso que ao dizer «que uma parte importantíssima da dívida devia ser cancelada porque simplesmente é dívida ilegítima, que não foi contraída pelos portugueses e resulta simplesmente do jogo financeiro e da acumulação de juros excessivos», Francisco Louça confirma, uma vez mais, a justeza do epíteto de tele-evangelista.
Qual é a parte importantíssima ou mesmo pequeníssima da dívida que não foi contraída pelos governos portugueses legitimamente mandatados pelos eleitores para se endividarem? Se o jogo financeiro contribuiu de algum modo para a dívida não foi certamente pelos «juros excessivos» mas pelos juros insuficientes desfasados da realidade da economia portuguesa e apenas explicados pela expectativa frustrada dos credores que o BCE faria o bailout dos países falidos e, por isso, o preço do dinheiro emprestado aos portugueses seria o dos alemães adicionado dum pequeno spread para pagar um risco residual.
Por tudo isto, é justo atribuir a cada uma das luminárias uma combinação de 1 até 5 ignóbeis, na hipótese de os dislates serem puro cinismo, e de 1 até 5 chateaubriands, caso acreditam nas suas baboseiras. Como são ambos reincidentes, levam adicionalmente cada um 5 bourbons.
08/03/2012
Se ele o diz…
«É um homem extraordinário, simples e modesto, com grandes qualidades humanas e com um grande sentido da amizade. Fez muito pelo seu país e vai ter um papel determinante no futuro (...) Estou convencido que Putin é o líder certo para dirigir este grande país», disse Berlusconi em entrevista ao jornal Komsolmolskaia Pravda.
Note-se que Berlusconi não é o único admirador notório de Putin. O ano passado, a Werkstatt Deutschland, uma fundação alemã, preparava-se para atribuir-lhe o prémio Quadriga na sua qualidade de «modelo exemplar e espírito iluminado que trabalha para o bem público e pelos direitos humanos». À última hora, dona Merkel conseguiu segurar o prémio depois de muito latim gasto para evitar o melindre do Czar, que poderia cortar o gás aos alemães - o dos banhos, não o outro.
Note-se que Berlusconi não é o único admirador notório de Putin. O ano passado, a Werkstatt Deutschland, uma fundação alemã, preparava-se para atribuir-lhe o prémio Quadriga na sua qualidade de «modelo exemplar e espírito iluminado que trabalha para o bem público e pelos direitos humanos». À última hora, dona Merkel conseguiu segurar o prémio depois de muito latim gasto para evitar o melindre do Czar, que poderia cortar o gás aos alemães - o dos banhos, não o outro.
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apparatchik,
Iguais mas diferentes,
incorrigível
DIÁRIO DE BORDO: E se em vez de monólogos tivéssemos diálogos?
«Ana Gomes dá a cara pelos Monólogos da Vagina» titula sugestivamente o Público, para nos contar que a pasionaria foi uma das nove deputadas europeias que representaram terça-feira a peça de teatro com esse nome, «no quadro de uma campanha mundial de alerta e mobilização contra a violência sobre as mulheres.»
Não conheço a peça e presumo que seja um daqueles manifestos politicamente correctos do género da construção de um newspeak orwelliano, substituindo palavras inadequadas por palavras aprovadas, como sheman em vez de woman. Espero impaciente que um grupo de deputados heterossexuais ouse escrever e representar uma peça com o título «Diálogos do Pénis» e um conteúdo a condizer.
Não conheço a peça e presumo que seja um daqueles manifestos politicamente correctos do género da construção de um newspeak orwelliano, substituindo palavras inadequadas por palavras aprovadas, como sheman em vez de woman. Espero impaciente que um grupo de deputados heterossexuais ouse escrever e representar uma peça com o título «Diálogos do Pénis» e um conteúdo a condizer.
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até vi estrelas,
eu diria mesmo mais
Pro memoria (52) - Exercícios práticos de pequeno e médio keynesianismo
Em Agosto de 2009, a propósito da Parque Escolar e baseado na informação então disponível, escrevi o seguinte:
A empresa pública Parque Escolar foi constituída em 2007 para «garantir rapidez da intervenção» no processo das obras de modernização das escolas secundárias. Garantir rapidez não garantiu, porque dois anos depois só adjudicou projectos e nem todos. Decididamente garantiu a obscuridade ao adjudicar sem concurso nem informação pública 105 projectos a 80 gabinetes de arquitectura por um total superior a 20 milhões de euros ou 200.000 euros por projecto, muito acima do limite de 25.000 euros para o ajuste directo.
Diferentemente das grandes obras públicas que gratificam um pequeno número de grandes empreiteiros este é um dos negócios do socialismo português do século XXI que, permitirá distribuir gratificações por umas centenas de micro empresas e PME. Ao lado da grande corrupção das grandes obras públicas teremos (estamos a ter) a pequena e média corrupção.
Aparte os números que são diferentes, a profecia era fácil para quem conhecesse o Portugal socrático. Segundo as conclusões da auditoria do Tribunal de Contas os números são os seguintes:
«A Parque Escolar arrancou em 2007 com o negócio de requalificação de 322 escolas com uma estimativa inicial de 940 milhões de euros, que eram totalmente falsos e que apenas serviram para acelerar a vinda de dinheiros da Europa. Passado um ano, a realidade era bem diferente: 1,4 mil milhões de euros (cerca de 50% a mais) – e só para metade das escolas no universo inicialmente apontado. Uma parte significativa desta diferença, de 460 milhões de euros, acabou por sair do bolso dos contribuintes.
Porém, foram estes 940 milhões de euros que o ministro da Educação levou ontem ao parlamento para justificar que as obras custaram 5,5 vezes mais que o previsto.
Na realidade, a derrapagem foi muito maior. Em 2008, o plano de negócios já apontava para um investimento de 1,4 mil milhões de euros para 166 escolas. Sem contar com o equipamento, monoblocos e escolas de projecto especial, como os conservatórios.
No final de 2011, o investimento passou para 1,8 mil milhões, sendo o valor médio dos custos de construção por escola de 12,1 milhões de euros, correspondentes a um custo unitário médio de construção de 815 euros por metro quadrado.»
A empresa pública Parque Escolar foi constituída em 2007 para «garantir rapidez da intervenção» no processo das obras de modernização das escolas secundárias. Garantir rapidez não garantiu, porque dois anos depois só adjudicou projectos e nem todos. Decididamente garantiu a obscuridade ao adjudicar sem concurso nem informação pública 105 projectos a 80 gabinetes de arquitectura por um total superior a 20 milhões de euros ou 200.000 euros por projecto, muito acima do limite de 25.000 euros para o ajuste directo.
Diferentemente das grandes obras públicas que gratificam um pequeno número de grandes empreiteiros este é um dos negócios do socialismo português do século XXI que, permitirá distribuir gratificações por umas centenas de micro empresas e PME. Ao lado da grande corrupção das grandes obras públicas teremos (estamos a ter) a pequena e média corrupção.
Aparte os números que são diferentes, a profecia era fácil para quem conhecesse o Portugal socrático. Segundo as conclusões da auditoria do Tribunal de Contas os números são os seguintes:
«A Parque Escolar arrancou em 2007 com o negócio de requalificação de 322 escolas com uma estimativa inicial de 940 milhões de euros, que eram totalmente falsos e que apenas serviram para acelerar a vinda de dinheiros da Europa. Passado um ano, a realidade era bem diferente: 1,4 mil milhões de euros (cerca de 50% a mais) – e só para metade das escolas no universo inicialmente apontado. Uma parte significativa desta diferença, de 460 milhões de euros, acabou por sair do bolso dos contribuintes.
Porém, foram estes 940 milhões de euros que o ministro da Educação levou ontem ao parlamento para justificar que as obras custaram 5,5 vezes mais que o previsto.
Na realidade, a derrapagem foi muito maior. Em 2008, o plano de negócios já apontava para um investimento de 1,4 mil milhões de euros para 166 escolas. Sem contar com o equipamento, monoblocos e escolas de projecto especial, como os conservatórios.
No final de 2011, o investimento passou para 1,8 mil milhões, sendo o valor médio dos custos de construção por escola de 12,1 milhões de euros, correspondentes a um custo unitário médio de construção de 815 euros por metro quadrado.»
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07/03/2012
Bons exemplos (30) – Crime e castigo
Robert Allen Stanford, um financeiro texano, acaba de ser condenado por fraude por ter montado um esquema de Ponzi envolvendo clientes em 113 países e mais de USD 7 mil milhões. Arrisca uma pena de prisão perpétua.
É para mim um mistério como podem estes ianques encerrar casos tão complexos em tão pouco tempo sem um Pinto Monteiro e uma Maria José Morgado. Talvez os procuradores de Houston tenham feito mais do que tomar conta da ocorrência.
É para mim um mistério como podem estes ianques encerrar casos tão complexos em tão pouco tempo sem um Pinto Monteiro e uma Maria José Morgado. Talvez os procuradores de Houston tenham feito mais do que tomar conta da ocorrência.
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Mitos (65) – O TARP foi a socialização dos prejuízos
Segundo a versão da esquerda europeia, o TARP (Troubled Asset Relief Program) foi montado pela administração Bush para salvar a bolsa dos capitalistas da economia de casino. Um dos beneficiários do TARP foi a AIG, em tempos a maior seguradora mundial.
A exemplo de outros beneficiários do TARP, a AIG, resgatada com 180 mil milhões de dólares dos contribuintes americanos, já restitui USD 50 mil milhões e está a vender cerca de 20% do capital da AIA, uma seguradora de Vida sua subsidiária cotada em Hong-Kong, por cerca de USD 6 mil milhões para pagar mais uma fatia ao governo. Compare-se isto com o resgate socrático consistindo na nacionalização do BPN para salvar a pele dos clientes e accionistas amigos.
A exemplo de outros beneficiários do TARP, a AIG, resgatada com 180 mil milhões de dólares dos contribuintes americanos, já restitui USD 50 mil milhões e está a vender cerca de 20% do capital da AIA, uma seguradora de Vida sua subsidiária cotada em Hong-Kong, por cerca de USD 6 mil milhões para pagar mais uma fatia ao governo. Compare-se isto com o resgate socrático consistindo na nacionalização do BPN para salvar a pele dos clientes e accionistas amigos.
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antes isso que outra coisa,
Desfazendo ideias feitas
Lost in translation (137) - O QREN deve ser usado para dar colo aos empresários carentes e salvar empresas inviáveis, queria ele dizer
O QREN não pode ser «subordinado à óptica financeira das Finanças» considera João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal.
06/03/2012
Lost in translation (136) - Krugman foi comprado por um prato de lentilhas do Passos, queria ele significar
«Quando soube que o prémio Nobel vinha a Lisboa para receber um doutoramento honoris causa, fiquei satisfeito e naturalmente interessado. Foi recebido, aliás, com a maior cordialidade e simpatia. No entanto, embora não renegasse as suas ideias, segundo li nos jornais portugueses, foi elogioso para a troika, talvez por estar em Lisboa e para ser agradável aos nossos atuais lideres, que o homenagearam com um almoço. Reconheceu a necessidade das "medidas de austeridade" e esqueceu-se da recessão crescente e de o desemprego ter subido a 14,8%...
Espero não estar enganado. Mas, para mim, Paul Krugman foi uma deceção... Quando o oportunismo dos académicos os leva a contradições, a sua honorabilidade desce... É dos livros!»
Escreveu Mário Soares no seu artigo de opinião «A União Europeia não sai da cepa torta» no DN, talvez pensando com seus botões que isto de economistas é como com os melões – só depois de os almoçarmos é que sabemos se são bons. Much Ado About Nothing, pensei eu.
Espero não estar enganado. Mas, para mim, Paul Krugman foi uma deceção... Quando o oportunismo dos académicos os leva a contradições, a sua honorabilidade desce... É dos livros!»
Escreveu Mário Soares no seu artigo de opinião «A União Europeia não sai da cepa torta» no DN, talvez pensando com seus botões que isto de economistas é como com os melões – só depois de os almoçarmos é que sabemos se são bons. Much Ado About Nothing, pensei eu.
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é muito para um homem só,
encomendas,
Ridendo castigat mores
O (IM)PERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Cão por bezerro
Bud the Cowboy
A cowboy named Bud was overseeing his herd in a remote mountainous pasture in Montana when suddenly a brand-new BMW advanced toward him out of a cloud of dust.
The driver, a young man in a Brioni® suit, Gucci® shoes, RayBan® sunglasses and YSL® tie, leaned out the window and asked the cowboy,
"If I tell you exactly how many cows and calves you have in your herd, will you give me a calf?"
Bud looks at the man, who obviously is a yuppie, then looks at his peacefully grazing herd and calmly answers, "Sure, why not?"
The yuppie parks his car, whips out his Dell® notebook computer connects it to his Cingular RAZR V3® cell phone, and surfs to a page on the Internet, where he calls up a GPS satellite to get an exact fix on his location which he then feeds to another NASA satellite that scans the area in an ultra-high-resolution photo.
The young man then opens the digital photo in Adobe Photoshop® and exports it to an image processing facility in Hamburg, Germany. Within seconds, he receives an email on his Palm Pilot® that the image has been processed and the data stored. He then accesses an MS-SQL® database through an ODBC connected Excel® spreadsheet with email on his Blackberry® and, after a few minutes, receives a response.
Finally, he prints out a full-color, 150-page report on his hi-tech, miniaturized HP LaserJet® printer, turns to the cowboy and says, "You have exactly 1,586 cows and calves."
"That's right. Well, I guess you can take one of my calves," says Bud and watches the young man select one of the animals and looks on with amusement as the young man stuffs it into the trunk of his car.
Then Bud says to the young man, "Hey, if I can tell you exactly what your business is, will you give me back my calf?"
The young man thinks about it for a second and then says, "Okay, why not?"
"You're a Congressman for the U.S. Government", says Bud.
"Wow! That's correct," says the yuppie, "but how did you guess that?"
"No guessing required." answered the cowboy. You showed up here even though nobody called you; you want to get paid for an answer I already knew, to a question I never asked. You used millions of dollar worth of equipment trying to show me how much smarter than me you are; and you don't know a thing about how working people make a living – or about cows, for that matter. This is a herd of sheep. Now give me back my dog.”
And that folks is what the problem is all about.
[Enviado por AB]
A cowboy named Bud was overseeing his herd in a remote mountainous pasture in Montana when suddenly a brand-new BMW advanced toward him out of a cloud of dust.
The driver, a young man in a Brioni® suit, Gucci® shoes, RayBan® sunglasses and YSL® tie, leaned out the window and asked the cowboy,
"If I tell you exactly how many cows and calves you have in your herd, will you give me a calf?"
Bud looks at the man, who obviously is a yuppie, then looks at his peacefully grazing herd and calmly answers, "Sure, why not?"
The yuppie parks his car, whips out his Dell® notebook computer connects it to his Cingular RAZR V3® cell phone, and surfs to a page on the Internet, where he calls up a GPS satellite to get an exact fix on his location which he then feeds to another NASA satellite that scans the area in an ultra-high-resolution photo.
The young man then opens the digital photo in Adobe Photoshop® and exports it to an image processing facility in Hamburg, Germany. Within seconds, he receives an email on his Palm Pilot® that the image has been processed and the data stored. He then accesses an MS-SQL® database through an ODBC connected Excel® spreadsheet with email on his Blackberry® and, after a few minutes, receives a response.
Finally, he prints out a full-color, 150-page report on his hi-tech, miniaturized HP LaserJet® printer, turns to the cowboy and says, "You have exactly 1,586 cows and calves."
"That's right. Well, I guess you can take one of my calves," says Bud and watches the young man select one of the animals and looks on with amusement as the young man stuffs it into the trunk of his car.
Then Bud says to the young man, "Hey, if I can tell you exactly what your business is, will you give me back my calf?"
The young man thinks about it for a second and then says, "Okay, why not?"
"You're a Congressman for the U.S. Government", says Bud.
"Wow! That's correct," says the yuppie, "but how did you guess that?"
"No guessing required." answered the cowboy. You showed up here even though nobody called you; you want to get paid for an answer I already knew, to a question I never asked. You used millions of dollar worth of equipment trying to show me how much smarter than me you are; and you don't know a thing about how working people make a living – or about cows, for that matter. This is a herd of sheep. Now give me back my dog.”
And that folks is what the problem is all about.
[Enviado por AB]
Conforme planeado, o partido de Putin ganha as eleições (2)
Em continuação do plano antecedente, tudo indica que o czar Putin ganhou as eleições com uma maioria de quase dois terços, a grande distância dos adversários que incluíam um antigo comissário do povo, um louco e uma espécie dos Verdes de Putin – o candidato a fingir Mikhail Prokhorov.
As únicas novidades são: (1) eleições um pouco mais disputadas do que o costume, o que dá jeito para credibilizar Putin e continua a descredibilizar o eleitorado russo, (2) o rosto de Putin, depois das cirurgias estéticas que o fazem parecer cada vez mais com a Betty dos diamantes, a esposa daquele travesti cujo nome agora me escapa.
As únicas novidades são: (1) eleições um pouco mais disputadas do que o costume, o que dá jeito para credibilizar Putin e continua a descredibilizar o eleitorado russo, (2) o rosto de Putin, depois das cirurgias estéticas que o fazem parecer cada vez mais com a Betty dos diamantes, a esposa daquele travesti cujo nome agora me escapa.
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05/03/2012
A maldição da Rua da Horta Seca (V) - ou faz corninhos ou fazem-lhos
Outras maldições: I, II, III e IV
Estava escrito nas estrelas. Nas estrelas não estaria, mas estava em vários posts prenunciando este desfecho. Por razões que têm a ver com o próprio Álvaro Santos Pereira, que não percebeu como funciona este país, nem possivelmente teria vocação para ministro dum país assim. Por razões que radicam num ministério que só faz sentido com um plano quinquenal soviético. Por razões que têm a ver com um país assim.
Foi sendo gradualmente esvaziado, por último da própria essência do equívoco chamado ministério da Economia: trazer a gente que faz de empresário sossegada, derramando em cima da incompetência e da falta de iniciativa o pouco dinheiro que há – o do QREN, que vem dos nossos benfeitores. Se não se demitir perderá o respeito de toda a gente e de si próprio.
Estava escrito nas estrelas. Nas estrelas não estaria, mas estava em vários posts prenunciando este desfecho. Por razões que têm a ver com o próprio Álvaro Santos Pereira, que não percebeu como funciona este país, nem possivelmente teria vocação para ministro dum país assim. Por razões que radicam num ministério que só faz sentido com um plano quinquenal soviético. Por razões que têm a ver com um país assim.
Foi sendo gradualmente esvaziado, por último da própria essência do equívoco chamado ministério da Economia: trazer a gente que faz de empresário sossegada, derramando em cima da incompetência e da falta de iniciativa o pouco dinheiro que há – o do QREN, que vem dos nossos benfeitores. Se não se demitir perderá o respeito de toda a gente e de si próprio.
CASE STUDY: quem é o deus ex machina da Ongoing? (14)
[Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11), (12) e (13)]
Em complemento dos 13 posts anteriores onde dissequei a criatura Ongoing, como criação dos seus criadores Espíritos Santos que os transcendeu, a partir das parcas informações que passaram no filtro do jornalismo de causas, vou recorrer a Nicolau Santos porque não li a artigo completo de Cristina Ferreira para completar a dissecação. Por uma vez, este pastorinho dos amanhãs que cantam consegue manter-se a uma distância higiénica do complexo político-empresarial socialista. Infelizmente, receio que seja um caso irrepetível devido apenas ao seu ódio de estimação ao duo Vasconcellos-Mora.
«A excelente investigação da jornalista Cristina Ferreira do "Público" sobre a Ongoing permite chegar a algumas conclusões.
1) A Heidrich & Struggles foi o cavalo de Troia, através do qual a dupla Nuninho-Rafa (como se tratam) passou a gerir as carreiras de milhares de quadros médios e superiores;
2) o Compromisso Portugal, que teve Rafael Mora por trás, visou a ligação à geração de empresários, gestores, políticos e jornalistas na casa dos 40 anos;
3) em 2003, o ex-ministro Pina Moura passa a consultor da H&S e transita depois para a Ongoing. Será presidente não-executivo da Media Capital e ascende a presidente da Iberdrola Portugal;
4) António Mexia, enquanto ministro, foi decisivo para abrir à H&S o acesso às grandes empresas públicas - e Mário Lino fundamental a alargar esse acesso: TAP, ANA, PT, EDP, Águas de Portugal, CTT, Carris, Estradas de Portugal;
5) foram essas avenças de empresas públicas (algumas escandalosas e outras sem justificação), que permitiram à dupla ganhar estofo financeiro para se abalançar a outros voos;
6) o salto em frente é dado com a OPA da Sonaecom sobre a PT, em que Ricardo Salgado utiliza Nuno Vasconcellos (a quem financia) como testa de ferro para ajudar a travar a operação;
7) Mora elabora o novo modelo de governação do BCP, que vai conduzir à rutura entre Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto;
8) quando PTP abandona o banco e a solução Pinhal falha, é Mexia quem mexe os cordelinhos para colocar a administração da CGD à frente do BCP;
9) o BCP vai tornar-se em seguida o principal financiador da Ongoing;
10) o sistema de remunerações da administração da EDP, que tem proporcionado enormes bónus a Mexia, foi elaborado por Mora;
11) a estratégia exige uma imprensa submissa: o primeiro passo é a compra do "Económico", por €27 milhões. O controlo da TVI falha, o domínio sobre a Impresa também;
12) a estratégia exige uma enorme alavancagem financeira. A Ongoing lança fundos de investimento de alto risco, no qual investem PT (75 milhões), BES (180 milhões) e Montepio Geral (30 milhões);
13) a escalada exige também acesso a informações privilegiadas (a Ongoing contrata quatro espiões);
14) ... e ligações ao PSD e PS (vários ex-políticos trabalham para o grupo).
Avenças de empresas públicas, financiamento de bancos amigos, influência empresarial e política, ligações à maçonaria e às secretas: assim se construiu o império daquele que ia ser o maior empresário português do século XXI.»
[Anatomia da Ongoing, Nicolau Santos, no Expresso]
Em complemento dos 13 posts anteriores onde dissequei a criatura Ongoing, como criação dos seus criadores Espíritos Santos que os transcendeu, a partir das parcas informações que passaram no filtro do jornalismo de causas, vou recorrer a Nicolau Santos porque não li a artigo completo de Cristina Ferreira para completar a dissecação. Por uma vez, este pastorinho dos amanhãs que cantam consegue manter-se a uma distância higiénica do complexo político-empresarial socialista. Infelizmente, receio que seja um caso irrepetível devido apenas ao seu ódio de estimação ao duo Vasconcellos-Mora.
«A excelente investigação da jornalista Cristina Ferreira do "Público" sobre a Ongoing permite chegar a algumas conclusões.
1) A Heidrich & Struggles foi o cavalo de Troia, através do qual a dupla Nuninho-Rafa (como se tratam) passou a gerir as carreiras de milhares de quadros médios e superiores;
2) o Compromisso Portugal, que teve Rafael Mora por trás, visou a ligação à geração de empresários, gestores, políticos e jornalistas na casa dos 40 anos;
3) em 2003, o ex-ministro Pina Moura passa a consultor da H&S e transita depois para a Ongoing. Será presidente não-executivo da Media Capital e ascende a presidente da Iberdrola Portugal;
4) António Mexia, enquanto ministro, foi decisivo para abrir à H&S o acesso às grandes empresas públicas - e Mário Lino fundamental a alargar esse acesso: TAP, ANA, PT, EDP, Águas de Portugal, CTT, Carris, Estradas de Portugal;
5) foram essas avenças de empresas públicas (algumas escandalosas e outras sem justificação), que permitiram à dupla ganhar estofo financeiro para se abalançar a outros voos;
6) o salto em frente é dado com a OPA da Sonaecom sobre a PT, em que Ricardo Salgado utiliza Nuno Vasconcellos (a quem financia) como testa de ferro para ajudar a travar a operação;
7) Mora elabora o novo modelo de governação do BCP, que vai conduzir à rutura entre Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto;
8) quando PTP abandona o banco e a solução Pinhal falha, é Mexia quem mexe os cordelinhos para colocar a administração da CGD à frente do BCP;
9) o BCP vai tornar-se em seguida o principal financiador da Ongoing;
10) o sistema de remunerações da administração da EDP, que tem proporcionado enormes bónus a Mexia, foi elaborado por Mora;
11) a estratégia exige uma imprensa submissa: o primeiro passo é a compra do "Económico", por €27 milhões. O controlo da TVI falha, o domínio sobre a Impresa também;
12) a estratégia exige uma enorme alavancagem financeira. A Ongoing lança fundos de investimento de alto risco, no qual investem PT (75 milhões), BES (180 milhões) e Montepio Geral (30 milhões);
13) a escalada exige também acesso a informações privilegiadas (a Ongoing contrata quatro espiões);
14) ... e ligações ao PSD e PS (vários ex-políticos trabalham para o grupo).
Avenças de empresas públicas, financiamento de bancos amigos, influência empresarial e política, ligações à maçonaria e às secretas: assim se construiu o império daquele que ia ser o maior empresário português do século XXI.»
[Anatomia da Ongoing, Nicolau Santos, no Expresso]
04/03/2012
Primeiro estranha-se, depois entranha-se
«Quando vou a escolas da Suécia, Alemanha e Holanda e pergunto aos alunos que têm entre 14 e 16 anos, quantos deles conhecem a Constituição Europeia, mais de metade, numa turma de 20, levantam o braço. Quando estou em Portugal ou em Espanha, não há um único aluno que conheça.» Disse Luís Sepúlveda, o escritor chileno.
Talvez por isso, Sepúlveda «não estranharia que um destes dias o FMI ou a troika proponham a Portugal vender os Açores e a Madeira!»
Em defesa dos nossos miúdos, invoco os 296 artigos da constituição, derramados por quase uma centena de páginas A4 que constituem o manual de organização do estado português a abrir caminho para uma sociedade socialista, que não são propriamente estimulantes para eles se interessarem por constituições.
Talvez por isso, Sepúlveda «não estranharia que um destes dias o FMI ou a troika proponham a Portugal vender os Açores e a Madeira!»
Em defesa dos nossos miúdos, invoco os 296 artigos da constituição, derramados por quase uma centena de páginas A4 que constituem o manual de organização do estado português a abrir caminho para uma sociedade socialista, que não são propriamente estimulantes para eles se interessarem por constituições.
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Estado sucial,
um país talvez normal mas rançoso
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