Outros nus do presidente.
Prossegue esta série de posts com mais manifestações de desencanto, falta de encanto, preocupação, cansaço, saturação ou mesmo agonia, pelas agitações espasmódicas do presidente Marcelo.
Desta vez são três manifestações que vão desde o historiador Rui Ramos até ao deputado bloquista Luís Fazenda (UDP, estalinista e maoísta), passando pela jornalista Maria João Avilez. À laia de
teaser para a leitura das três peças, acrescento um curto comentário sobre cada uma delas.
Rui Ramos disseca com ironia a transformação da
táctica em azáfama e exorta «
alguém que nos faça o favor de proteger o presidente». No lugar dele eu exortaria alguém a que nos protegesse do presidente.
Luís Fazenda, em tempos UDP, estalinista e maoísta e um dos fundadores e próceres do bloquismo,
vai às canelas do homem no estilo trauliteiro que faz parte da marca e de caminho constrói as inevitáveis teorias da conspiração sobre a presumível agenda oculta de Marcelo que, segundo ele, repousa no «
desejo de regresso à alternância dos partidos ao centro, a saudade dos liberais europeístas». Alguém deveria explicar-lhe que Marcelo tem de comum com o liberalismo o mesmo que ele Fazenda tem com a social-democracia e o desejo de Marcelo tem mais a ver com a permanência (do próprio Marcelo) do que com a alternância, sobretudo se a alternância se materializasse com um Passos Coelho que ele detesta,
A visão de Maria João Avilez, mais equilibrada mas igualmente crítica,
foca-se na caução pública da governação da geringonça que Marcelo se presta a publicamente a fazer.
De uma maneira ou de outra, estas manifestações prenunciam o fim do estado de graça de Marcelo Rebelo de Sousa, o que, só por si, será um desfecho higiénico para mais um mal-entendido
desta democracia defeituosa.