Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
30/06/2016
DIÁRIO DE BORDO: I have concluded that person cannot be me
Não sou fã de Boris Johnson, não aprecio o seu estilo truculento e repentista e não concordo com muitas das suas ideias. O que não me impede de admirar a honestidade da declaração que fez a anunciar a sua não candidatura a líder dos Tories:
«Last week, the people of this country voted to take a new path and a new direction for Britain, in a decision that I passionately support. It is vital now to see this moment for what it is. This is not a time to quail, it is not a crisis, nor should we see it as an excuse for wobbling or self-doubt, but it is a moment for hope and ambition for Britain. A time not to fight against the tide of history, but to take that tide at the flood, and sail on to fortune.
Having consulted colleagues and in view of the circumstances in Parliament, I have concluded that person cannot be me.»
«Last week, the people of this country voted to take a new path and a new direction for Britain, in a decision that I passionately support. It is vital now to see this moment for what it is. This is not a time to quail, it is not a crisis, nor should we see it as an excuse for wobbling or self-doubt, but it is a moment for hope and ambition for Britain. A time not to fight against the tide of history, but to take that tide at the flood, and sail on to fortune.
Having consulted colleagues and in view of the circumstances in Parliament, I have concluded that person cannot be me.»
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SERVIÇO PÚBLICO: Ainda os contratos de associação
Segundo os dados de um estudo do projecto Aqeduto, uma parceria entre o Conselho Nacional de Educação e a Fundação Francisco Manuel dos Santos, baseado nos resultados dos estudos da OCDE PISA 2012 versus PISA 2003, verifica-se que na maior parte dos países considerados os melhores resultados na disciplina de Matemática são no ensino privado, seguidos pelas escolas privadas com contratos com o Estado e por último o ensino público.
Especialmente interessante é o diagrama com base no mesmo estudo publicado pelo jornal SOL para todas as disciplinas, do qual extraí a parte correspondente a Portugal.
O que se pode concluir? Todas as escolas melhoraram os resultados entre 2003 e 2012, porém quem melhorou mais foram as escolas privadas, seguidas das privadas com contratos de associação que fizeram o maior progresso de 2003 para 2012. As escolas públicas não só progrediram menos como os seus resultados ficaram ainda mais distantes das outras escolas.
É claro que há vários factores além do tipo de escola que intervêm com influência nos resultados e que tornam não completamente comparáveis os resultados do ensino particular com os outros, por razões que radicam nas diferenças socioeconómicas das famílias. Contudo, essas razões têm uma influência muito menor, se tiverem alguma, na comparação entre escolas com contratos de associação e escolas públicas.
Vem a propósito recordar que, de acordo com uma estimativa do Tribunal de Contas de há uns anos, quando considerados todos os custos, o ensino público fica mais caro por aluno do que o valor pago pelo Estado às escolas com contratos de associação.
Especialmente interessante é o diagrama com base no mesmo estudo publicado pelo jornal SOL para todas as disciplinas, do qual extraí a parte correspondente a Portugal.
O que se pode concluir? Todas as escolas melhoraram os resultados entre 2003 e 2012, porém quem melhorou mais foram as escolas privadas, seguidas das privadas com contratos de associação que fizeram o maior progresso de 2003 para 2012. As escolas públicas não só progrediram menos como os seus resultados ficaram ainda mais distantes das outras escolas.
É claro que há vários factores além do tipo de escola que intervêm com influência nos resultados e que tornam não completamente comparáveis os resultados do ensino particular com os outros, por razões que radicam nas diferenças socioeconómicas das famílias. Contudo, essas razões têm uma influência muito menor, se tiverem alguma, na comparação entre escolas com contratos de associação e escolas públicas.
Vem a propósito recordar que, de acordo com uma estimativa do Tribunal de Contas de há uns anos, quando considerados todos os custos, o ensino público fica mais caro por aluno do que o valor pago pelo Estado às escolas com contratos de associação.
Dúvidas (164) – Irá o Brexit consumar-se? (comentários aos comentários)
Este post é uma continuação do anterior e pretende esclarecer algumas questões colocadas pelos comentadores, a quem desde já agradeço.
É certo que os ingleses durante séculos combateram várias nações continentais. Devemos acrescentar que, na maioria dos casos, combateram essas nações continentais como aliados de outras nações continentais. Na maioria dos casos escolheram o lado certo, ou, pelo menos, o lado menos errado.
Na II Guerra os britânicos combateram quase sozinhos durante dois anos a Alemanha nazi e a Itália fascista depois da derrota e ocupação de quase toda a Europa, com excepção de Portugal e Espanha que foram aliados passivos da Alemanha nazi.
Estaline e Hitler assinaram pouco antes do início da guerra o Pacto Molotov-Ribbentrop, tornando-se aliados, invadindo de seguida a Polónia e repartindo-a entre si. Enquanto isso, os ingleses combatiam os nazis e eram por eles bombardeados todos os dias e a aviação britânica bateu sozinha a aviação nazi - «nunca tantos deveram tanto a tão poucos» disse Churchill a agradecer o sacrifício dos pilotos ingleses.
Só quando em Junho de 1941 a Alemanha nazi invadiu a União Soviética esta se juntou à coligação aliada. Só depois do ataque japonês a Pearl Harbor no final de 1941, os americanos passaram a ter uma intervenção militar activa.
Quanto aos benefícios do Reino Unido com a sua participação no orçamento da UE, na verdade pagam mais do que recebem e são aliás o segundo maior contribuinte líquido a seguir à Alemanha, apesar das reduções negociadas por Thatcher. Por duas razões: têm um dos PIB per capita mais altos e como a agricultura tem pouco peso recebem montantes reduzidos da PAC.
Não parece nada evidente que a saída do RU sirva os interesses federalistas da Alemanha, por três razões. Primeira, o maior adepto do federalismo tem sido a França. Segunda, a Alemanha parece cada vez menos interessada numa federação. Terceira, o governo britânico tem sido de um aliado de facto do governo alemão para equilibrar os instintos intervencionistas e dirigistas e a adopção de políticas hostis aos mercados dos vários governos franceses.
É certo que os ingleses durante séculos combateram várias nações continentais. Devemos acrescentar que, na maioria dos casos, combateram essas nações continentais como aliados de outras nações continentais. Na maioria dos casos escolheram o lado certo, ou, pelo menos, o lado menos errado.
Na II Guerra os britânicos combateram quase sozinhos durante dois anos a Alemanha nazi e a Itália fascista depois da derrota e ocupação de quase toda a Europa, com excepção de Portugal e Espanha que foram aliados passivos da Alemanha nazi.
Estaline e Hitler assinaram pouco antes do início da guerra o Pacto Molotov-Ribbentrop, tornando-se aliados, invadindo de seguida a Polónia e repartindo-a entre si. Enquanto isso, os ingleses combatiam os nazis e eram por eles bombardeados todos os dias e a aviação britânica bateu sozinha a aviação nazi - «nunca tantos deveram tanto a tão poucos» disse Churchill a agradecer o sacrifício dos pilotos ingleses.
Só quando em Junho de 1941 a Alemanha nazi invadiu a União Soviética esta se juntou à coligação aliada. Só depois do ataque japonês a Pearl Harbor no final de 1941, os americanos passaram a ter uma intervenção militar activa.
Quanto aos benefícios do Reino Unido com a sua participação no orçamento da UE, na verdade pagam mais do que recebem e são aliás o segundo maior contribuinte líquido a seguir à Alemanha, apesar das reduções negociadas por Thatcher. Por duas razões: têm um dos PIB per capita mais altos e como a agricultura tem pouco peso recebem montantes reduzidos da PAC.
CLICAR PARA AMPLIAR (Fonte: EU Facts - Telegraph) |
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29/06/2016
Dúvidas (163) – Irá o Brexit consumar-se?
Há quem pense que não, por razões ponderáveis. É o caso de Gideon Rachman, chief foreign affairs commentator do Financial Times, no artigo com um título que diz tudo: «I do not believe that Brexit will happen».
Primeiro, porque no passado houve segundos referendos que alteram o resultado dos primeiros. Em 1992 os dinamarqueses rejeitaram o tratado de Maastricht e os irlandeses rejeitaram o tratado de Nice em 2001 e o de Lisboa em 2008. Seguiram-se negociações com algumas concessões e repetiram-se os referendos que aceitaram os tratados.
Segundo, Boris Johnson, um dos líderes da companha Brexit e candidato a substituir Cameron, que conhece bem os corredores de Bruxelas, deixou implícito que o Brexit poderia ser apenas um argumento negocial mais forte «because all EU history shows that they only really listen to a population when it says No».
Terceiro, do outro lado, Wolfgang Schäuble falou num estatuto de «associado», do qual aliás o RU está próximo já que não adoptou o euro nem aderiu à zona Schengen.
E porque deverá a UE dar-se à maçada de negociar um estatuto especial para o RU, por exemplo no que respeita à limitação dos imigrantes e refugiados? Gideon Rachman responde: «the British are valuable members of the EU. The UK is a big contributor to the budget and it is a serious military and diplomatic power».
Tendo a concordar, sobretudo com a parte do serious military power, numa UE em que, além do RU, só França pode ser levada a sério por uma Rússia cada vez mais agressiva e por uns EU cada vez mais concentrados na Ásia.
Primeiro, porque no passado houve segundos referendos que alteram o resultado dos primeiros. Em 1992 os dinamarqueses rejeitaram o tratado de Maastricht e os irlandeses rejeitaram o tratado de Nice em 2001 e o de Lisboa em 2008. Seguiram-se negociações com algumas concessões e repetiram-se os referendos que aceitaram os tratados.
Segundo, Boris Johnson, um dos líderes da companha Brexit e candidato a substituir Cameron, que conhece bem os corredores de Bruxelas, deixou implícito que o Brexit poderia ser apenas um argumento negocial mais forte «because all EU history shows that they only really listen to a population when it says No».
Terceiro, do outro lado, Wolfgang Schäuble falou num estatuto de «associado», do qual aliás o RU está próximo já que não adoptou o euro nem aderiu à zona Schengen.
E porque deverá a UE dar-se à maçada de negociar um estatuto especial para o RU, por exemplo no que respeita à limitação dos imigrantes e refugiados? Gideon Rachman responde: «the British are valuable members of the EU. The UK is a big contributor to the budget and it is a serious military and diplomatic power».
Tendo a concordar, sobretudo com a parte do serious military power, numa UE em que, além do RU, só França pode ser levada a sério por uma Rússia cada vez mais agressiva e por uns EU cada vez mais concentrados na Ásia.
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ESTADO DE SÍTIO: O BExit, mais uma causa fracturante
O Bloco de Esquerda é uma agremiação constituído pelas sobras dos marxismos de todas as tendências, tais como marxismo-leninismo, trotskismo, estalinismo (do qual ninguém se confessa adepto), maoísmo, e outros ismos menores como o guevarismo, etc., a partir de grupúsculos vários, tais como a LCI (trotskista), a UDP (marxismo-leninismo e estalinismo), o PRP (guevarismo) e dissidências várias mais recentes do PCP (Política XXI via Plataforma de Esquerda) entre outros.
Como agremiação de grupúsculos devorados pelas dissidências, o BE estaria condenado a uma vida curta não fosse o talentoso marketeer Francisco Louçã ter criado a marca Bloco de Esquerda e definido o produto como uma espécie de marxismo cultural, combinando o multiculturalismo e o politicamente correcto, e expurgando-o dos componentes ideológicos obsoletos.
Condenados a procurar constantemente novas fronteiras para manter a bicicleta a pedalar (neste aspecto são parecidos com os eurocratas na União Europeia), os bloquistas quase já esgotaram as causas fracturantes. Aliás, o crescente relativismo moral deixou de constituir uma resistência e sem resistência não há causas fracturantes, pelo que restam muito poucas, como o casamento com animais e a última fronteira à qual chegarão um dia - a pedofilia – onde aliás Daniel Cohn-Bendit, um dos ídolos do radical chic, já chegou há muitos anos, como confessou numa célebre entrevista ao Libération.
É a esta luz que deve ver-se o «referendo contra a chantagem» que Catarina Martins se propõe apresentar caso venham a ser aprovadas as sanções previstas por défices excessivos. É a exploração de uma nova fronteira em que as sanções não passam de pretexto para pôr em causa a integração de Portugal no espaço económico, social e político da União, integração que será sempre um obstáculo à putativa hegemonia da extrema-esquerda e o BE sabe-o bem. Num certo sentido, é equivalente ao empenho para destruir a família tradicional e a empresa privada, duas instituições que são um obstáculo no caminho para o domínio total do Estado indispensável para criar o «homem novo» no «Estado Socialista».
Como agremiação de grupúsculos devorados pelas dissidências, o BE estaria condenado a uma vida curta não fosse o talentoso marketeer Francisco Louçã ter criado a marca Bloco de Esquerda e definido o produto como uma espécie de marxismo cultural, combinando o multiculturalismo e o politicamente correcto, e expurgando-o dos componentes ideológicos obsoletos.
Condenados a procurar constantemente novas fronteiras para manter a bicicleta a pedalar (neste aspecto são parecidos com os eurocratas na União Europeia), os bloquistas quase já esgotaram as causas fracturantes. Aliás, o crescente relativismo moral deixou de constituir uma resistência e sem resistência não há causas fracturantes, pelo que restam muito poucas, como o casamento com animais e a última fronteira à qual chegarão um dia - a pedofilia – onde aliás Daniel Cohn-Bendit, um dos ídolos do radical chic, já chegou há muitos anos, como confessou numa célebre entrevista ao Libération.
É a esta luz que deve ver-se o «referendo contra a chantagem» que Catarina Martins se propõe apresentar caso venham a ser aprovadas as sanções previstas por défices excessivos. É a exploração de uma nova fronteira em que as sanções não passam de pretexto para pôr em causa a integração de Portugal no espaço económico, social e político da União, integração que será sempre um obstáculo à putativa hegemonia da extrema-esquerda e o BE sabe-o bem. Num certo sentido, é equivalente ao empenho para destruir a família tradicional e a empresa privada, duas instituições que são um obstáculo no caminho para o domínio total do Estado indispensável para criar o «homem novo» no «Estado Socialista».
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28/06/2016
BREIQUINGUE NIUZ: «Take your time - but don’t call us»
«Merkel to UK: Take your time — but don’t call us»
«The decision to give the UK time is at odds with demands from European Commission president Jean Claude Juncker and others for Britain to move quickly into formal negotiations. Ms Merkel opposes that; Mr Hollande and Mr Renzi fell in reluctantly with the chancellor’s approach, with both urging the UK to move “as fast as possible”.»
Angela Merkel já fez algumas asneiras, como em relação aos migrantes/refugiados (esta asneira foi até provavelmente responsável pela vitória do «Leave»), mas é o único político europeu actual com dimensão de estadista, como agora mostra mais uma vez. Repare-se como meteu as veleidades de Juncker na gaveta.
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Lost in translation (271) - Vocês não sabem a tabuada disse o «escurinho»
«Se todo o trabalho que era feito em 40 horas pode agora ser feito em 35 horas, isso pode sugerir um certo nível de sobredimensionamento em algumas partes do sector público.»
Subir Lall, chefe de missão do FMI, o «escurinho» de Arménio Carlos, o capo da CGTP, exprimindo aquela dúvida cartesiana que qualquer mente com um QI superior a 70 tem ao ouvir as tretas do par Costa-Centeno.
Subir Lall, chefe de missão do FMI, o «escurinho» de Arménio Carlos, o capo da CGTP, exprimindo aquela dúvida cartesiana que qualquer mente com um QI superior a 70 tem ao ouvir as tretas do par Costa-Centeno.
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SERVIÇO PÚBLICO: O comportamento «crescentemente errático» de Juncker
Num artigo recente da revista alemã Der Spiegel, com uma versão em inglês online («Commission Complaints: Juncker's Leadership Style Under the Microscope»), é feita uma radiografia ao exercício do mandato do presidente da CE que mais parece uma autópsia a Jean-Claude Juncker.
A oportunidade foi a grossa asneira de Juncker ao visitar Putin em S. Petersburgo, no decurso das sanções pelo ataque à Ucrânia, no que mais parece uma homenagem ao czar de todas as Rússias . Ao fazê-lo, Juncker não só entra em rota de colisão com a política externa da UE, já de si mal alinhavada com pontos largos para manter toda a gente no barco, como extravasa claramente o seu mandato que não lhe dá poderes políticos, nomeadamente de política externa. A Spiegel caracteriza o seu comportamento como «crescentemente errático», aponta o dedo à incapacidade de Juncker ler os relatórios, ouvir os assessores e conter a verborreia e deixa implícito que tal se pode dever ao «seu consumo de álcool» - abertamente admitido nos bastidores de Bruxelas e na imprensa inglesa, acrescente-se.
Outro exemplo é o modo displicente como Juncker se refere ao cumprimento do Pacto de Estabilidade, admitindo publicamente, contra os outros comissários, especialmente Moscovici e Dombrovskis, e o Eurogrupo, que se a França não cumpre o limite dos défices ninguém está obrigado a fazê-lo e adiando a discussão para depois das eleições espanholas no que respeita às sanções a Portugal e Espanha. Algo que o presidente Marcelo e o chefe da geringonça tentam aproveitar para escapar entre os pingos da chuva. Já que falo no presidente Marcelo aproveito para sublinhar algumas afinidades de afectos, de repentismo e de hiperactividade com o presidente Jean-Claude (afinidades em que não incluo o álcool), tudo coisas muito perigosas na política acima do nível de junta de freguesia ou, vá lá, de região autónoma.
Também as tentativas de Juncker se intrometer em temas da concorrência estão a causar tensões na CE e há quem já lhe tenha traçado uma linha vermelha a este respeito.
Em relação ao referendo britânico, o artigo acusa Juncker de ter exacerbado as forças centrífugas britânicas com o seu comportamento eurocêntrico e assim contribuído para o êxito do Brexit. Merkel e o governo alemão não apreciam o comportamento de Juncker e em particular o papel que teve na saída do Reino Unido e certamente não apoiarão a negociação rápida que pretende fazer e a punição exemplar que parece pretender aplicar para prevenir outras saídas.
Não é de todo impossível que Juncker venha a ser a primeira baixa do turbilhão bruxelense gerado pelo Brexit. Não deixará saudades.
A oportunidade foi a grossa asneira de Juncker ao visitar Putin em S. Petersburgo, no decurso das sanções pelo ataque à Ucrânia, no que mais parece uma homenagem ao czar de todas as Rússias . Ao fazê-lo, Juncker não só entra em rota de colisão com a política externa da UE, já de si mal alinhavada com pontos largos para manter toda a gente no barco, como extravasa claramente o seu mandato que não lhe dá poderes políticos, nomeadamente de política externa. A Spiegel caracteriza o seu comportamento como «crescentemente errático», aponta o dedo à incapacidade de Juncker ler os relatórios, ouvir os assessores e conter a verborreia e deixa implícito que tal se pode dever ao «seu consumo de álcool» - abertamente admitido nos bastidores de Bruxelas e na imprensa inglesa, acrescente-se.
Outro exemplo é o modo displicente como Juncker se refere ao cumprimento do Pacto de Estabilidade, admitindo publicamente, contra os outros comissários, especialmente Moscovici e Dombrovskis, e o Eurogrupo, que se a França não cumpre o limite dos défices ninguém está obrigado a fazê-lo e adiando a discussão para depois das eleições espanholas no que respeita às sanções a Portugal e Espanha. Algo que o presidente Marcelo e o chefe da geringonça tentam aproveitar para escapar entre os pingos da chuva. Já que falo no presidente Marcelo aproveito para sublinhar algumas afinidades de afectos, de repentismo e de hiperactividade com o presidente Jean-Claude (afinidades em que não incluo o álcool), tudo coisas muito perigosas na política acima do nível de junta de freguesia ou, vá lá, de região autónoma.
Também as tentativas de Juncker se intrometer em temas da concorrência estão a causar tensões na CE e há quem já lhe tenha traçado uma linha vermelha a este respeito.
Em relação ao referendo britânico, o artigo acusa Juncker de ter exacerbado as forças centrífugas britânicas com o seu comportamento eurocêntrico e assim contribuído para o êxito do Brexit. Merkel e o governo alemão não apreciam o comportamento de Juncker e em particular o papel que teve na saída do Reino Unido e certamente não apoiarão a negociação rápida que pretende fazer e a punição exemplar que parece pretender aplicar para prevenir outras saídas.
Não é de todo impossível que Juncker venha a ser a primeira baixa do turbilhão bruxelense gerado pelo Brexit. Não deixará saudades.
27/06/2016
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: De como o melhor que pode acontecer ao paraíso prometido aos gregos pelo Syriza é ser um purgatório (LV) – Tão amigos que eles eram
Outros purgatórios a caminho dos infernos.
«Delegação do Syriza assobiada por delegados bloquistas»
Irmãos desavindos. Resta a Tsipras a amizade indefectível de Costa.
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (37)
Outras avarias da geringonça.
Depois de 6 meses a tomar medidas e a criar um clima social e económico desincentivador da iniciativa empresarial, o que não podia deixar de afectar as exportações, o chefe da geringonça convocou 14 grandes empresas exportadoras para as incentivar a exportar. Devemos perdoar-lhe porque Costa, com uma formação académica na área da retórica e uma vida inteira dedicada à intriga política, não faz a mais ligeira ideia de como funciona a economia, não compreende a lógica empresarial e facilmente imagina que com duas tretas e três promessas os empresários exportarão mais. Tolice por tolice, mais valeria convocar as 14 maiores empresas importadoras de produtos portugueses.
Depois de 6 meses a tomar medidas e a criar um clima social e económico desincentivador da iniciativa empresarial, o que não podia deixar de afectar as exportações, o chefe da geringonça convocou 14 grandes empresas exportadoras para as incentivar a exportar. Devemos perdoar-lhe porque Costa, com uma formação académica na área da retórica e uma vida inteira dedicada à intriga política, não faz a mais ligeira ideia de como funciona a economia, não compreende a lógica empresarial e facilmente imagina que com duas tretas e três promessas os empresários exportarão mais. Tolice por tolice, mais valeria convocar as 14 maiores empresas importadoras de produtos portugueses.
26/06/2016
ACREDITE SE QUISER: Magia socialista
«Minhas senhoras e meus senhores, minhas meninas e meninos! Tenho a enorme honra em vos apresentar a maior magia de todos os tempos! Depois de vermos um país a crescer sem crescer, com o desemprego a baixar sem baixar, e uma dívida pública que desce a subir, depois de vermos uma vaca com asas, teremos hoje o enorme privilégio de assistir ao arrojado e inimaginável lance: fundos de indemnização sem capital! Nem Wall Street alguma vez sonhou tal!
No cumprimento de mais uma palavra dada à sociedade e aos enganados do BES, pela primeira vez em Portugal alguém se vai aventurar a criar um fundo de indemnização sem capital para indemnizar! É verdade! Um autêntico milagre só comparável ao da multiplicação dos pães! Pois vejamos: o fundo de indemnização para os lesados do GES não tem capital porque o Estado o não coloca lá. Se lá colocasse mais €250 milhões a dívida pública que já aumentou este ano 2,84% aumentava perigosamente e o défice que já se prevê carregado ficaria ainda mais comprometido... Por isso, o fundo de indemnização será alimentado com empréstimos do fundo de garantia dos depósitos (FGD) e no diferencial, pelo fundo de resolução (FR).
A saída pela direita alta e a saída pela esquerda baixa vão ter a dois sítios diferentes
«... um enorme problema para o futuro do Reino Unido. Esta aliança negativa não será capaz de construir uma agenda positiva. O eleitorado trabalhista votou contra os emigrantes, a globalização e a Europa “neoliberal”. Querem uma Inglaterra mais protecionista e mais socialista. Os conservadores antieuropeus votaram, entre outras coisas, contra o “socialismo de Bruxelas”. Querem o Reino Unido mais aberto à globalização. Nenhum governo será capaz de satisfazer estes dois campos opostos. Depois da vitória de ontem, alguém vai fatalmente perder e sair muito desiludido disto tudo.»
«Na Europa, nada será como antes», João Marques de Almeida no Observador
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25/06/2016
CASE STUDY: A inversão do princípio da subsidiariedade ou a difícil convivência dos portugueses com «o privado»
Em todo o mundo há instituições públicas e privadas. Nas democracias liberais, isto é os países capitalistas onde existe propriedade privada, interesse próprio, concorrência, mercado, liberdade de escolha e limitação dos poderes do governo, geralmente as instituições públicas obedecem ao que poderia chamar-se em europês princípio da subsidiariedade: as instituições públicas só intervêm se estiverem em condições de agir de forma mais eficaz, por exemplo quando está em causa a gestão do condomínio - a tragédia dos comuns. Dito de outra maneira, as pessoas tratam das suas vidinhas e o Estado só deve intervir quando não pode deixar de ser.
Não em Portugal, onde, após séculos de segregação de uma cultura colectivista e de aversão ao risco, o Estado é o alfa e ómega da vida dos cidadãos. Por isso, em Portugal as instituições privadas, empresas ou outras, são no máximo toleradas em áreas onde o Estado definitivamente não proporciona bens ou serviços. É como que a inversão enviesada do princípio da subsidiariedade: «o privado», assim é designada a excrescência fora do mausoléu estatal, só deve ser «autorizado» a intervir se o Estado não estiver para aí voltado.
É assim para generalidade dos portugueses e muito especialmente para a esquerdalhada militante, incluindo os jornalistas de causas que referem «o privado» com uma conotação negativa sempre implícita de ilegitimidade e abuso. Alguns exemplos recentes de títulos:
Não em Portugal, onde, após séculos de segregação de uma cultura colectivista e de aversão ao risco, o Estado é o alfa e ómega da vida dos cidadãos. Por isso, em Portugal as instituições privadas, empresas ou outras, são no máximo toleradas em áreas onde o Estado definitivamente não proporciona bens ou serviços. É como que a inversão enviesada do princípio da subsidiariedade: «o privado», assim é designada a excrescência fora do mausoléu estatal, só deve ser «autorizado» a intervir se o Estado não estiver para aí voltado.
É assim para generalidade dos portugueses e muito especialmente para a esquerdalhada militante, incluindo os jornalistas de causas que referem «o privado» com uma conotação negativa sempre implícita de ilegitimidade e abuso. Alguns exemplos recentes de títulos:
- «Hospitais pagam cem milhões em cirurgias no privado»
- «Privados sugam 150 milhões em análises clínicas»
- «Bloco fala em “porta giratória” entre o Governo e o privado
- «Estado "deve poder capitalizar CGD em pé de igualdade com o privado"»
- «Estado ajuda a pagar propinas de 29 mil alunos no privado»
- «Patrões rejeitam horário de 35 horas no privado e mais férias»
SERVIÇO PÚBLICO: Da próxima vez também não vai ser diferente (7)
[Uma espécie de continuação de «Too big to fail» - another financial volcanic eruption in the making (1) e (2) e de «Da próxima vez também não vai ser diferente»]
Esperava-se que o crash de 2008 terminasse a paixão dos Estados Unidos pela dívida. Porém os empréstimos às famílias cresceram desde 2013 e atingem novamente USD 12 biliões. Apesar do incumprimento continuar a níveis historicamente baixos, começam a surgir sinais preocupantes. A dívida de cartões de crédito atingiu 700 mil milhões. As dívidas dos estudantes atingem USD 1,26 mil milhões e pelo menos 10% estão em incumprimento.
Até agora o crédito à habitação que representa três quartos da divida das famílias não parece apresentar problemas, mas tudo pode mudar com a subida das taxas de juro. No conjunto tudo pode piorar e a única consolação é que o sistema bancário está hoje mais bem capitalizado.
(Fonte: The Economist Espresso)
Esperava-se que o crash de 2008 terminasse a paixão dos Estados Unidos pela dívida. Porém os empréstimos às famílias cresceram desde 2013 e atingem novamente USD 12 biliões. Apesar do incumprimento continuar a níveis historicamente baixos, começam a surgir sinais preocupantes. A dívida de cartões de crédito atingiu 700 mil milhões. As dívidas dos estudantes atingem USD 1,26 mil milhões e pelo menos 10% estão em incumprimento.
Até agora o crédito à habitação que representa três quartos da divida das famílias não parece apresentar problemas, mas tudo pode mudar com a subida das taxas de juro. No conjunto tudo pode piorar e a única consolação é que o sistema bancário está hoje mais bem capitalizado.
(Fonte: The Economist Espresso)
24/06/2016
ACREDITE SE QUISER: Um milionário pode mudar-se para a habitação social de uma família negra
«If Donald Trump wins the U.S. Presidential Election, it will be the first time in history that a billionaire moves into Public Housing vacated by a black family!»
[Enviado por JARF]
[Enviado por JARF]
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Mitos (233) – A melhor explicação é quase sempre a mais simples ou de como um crime homofóbico de inspiração religiosa se revela um alegado crime de alegada vingança gay contra alegados gays
Continuação daqui.
A tese oficial do crime de inspiração religiosa em Orlando começou por ser posta em causa pela alegada mulher do alegado criminoso Omar Mateen e ficou reduzida a cacos com a entrevista de um alegado amante de Mateen, que disse ter este conhecido no bar gay dois alegados gays porto-riquenhos com quem teve alegadamente sexo não previsto no Corão, sendo um desses alegados gays alegadamente VIH positivo. O facto de o alegado gay alegadamente VIH positivo não ter alegadamente informado Mateen despertou neste um alegado ódio,
Segundo o alegado amante de Mateen, este era um alegado «bissexual forçado» e pelas referidas razões alegadamente «odiava os gays porto-riquenhos» e teria sido este ódio que alegadamente motivou o alegado massacre no bar gay.
A tese oficial do crime de inspiração religiosa em Orlando começou por ser posta em causa pela alegada mulher do alegado criminoso Omar Mateen e ficou reduzida a cacos com a entrevista de um alegado amante de Mateen, que disse ter este conhecido no bar gay dois alegados gays porto-riquenhos com quem teve alegadamente sexo não previsto no Corão, sendo um desses alegados gays alegadamente VIH positivo. O facto de o alegado gay alegadamente VIH positivo não ter alegadamente informado Mateen despertou neste um alegado ódio,
Segundo o alegado amante de Mateen, este era um alegado «bissexual forçado» e pelas referidas razões alegadamente «odiava os gays porto-riquenhos» e teria sido este ódio que alegadamente motivou o alegado massacre no bar gay.
23/06/2016
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (10)
Outras preces.
«A França é excepcional, mas nós somos muito melhores, nós somos os melhores», presidente-animador Marcelo em Champigny, um antigo bidonville para onde emigraram nos anos 60 dezenas de milhar de portugueses para trabalhar no bâtiment fugindo do país dos muito melhores.
«Está feito… Vou ver se arrumo a minha vidinha para conseguir assistir ao jogo. Um abraço a Fernando Santos», disse o presidente-comentador desportivo Marcelo, na flash interview para onde foi posar/pousar depois do jogo com a Hungria.
«A França é excepcional, mas nós somos muito melhores, nós somos os melhores», presidente-animador Marcelo em Champigny, um antigo bidonville para onde emigraram nos anos 60 dezenas de milhar de portugueses para trabalhar no bâtiment fugindo do país dos muito melhores.
«Está feito», disse ele. Estamos feitos, dizemos nós. |
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O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (138) - O difícil convívio com a liberdade de imprensa
«O problema está no irresistível impulso do PS para controlar, para rosnar de forma destemperada e para não ter a menor noção do que deve ser a postura de um político face à comunicação social. Estamos a falar de primeiros-ministros, ministros e deputados com intervenções desbocadas em pouco mais de um ano. Isto não é acaso – é estilo. Um estilo que o PS desenvolveu com o caso Casa Pia, elevou ao seu expoente máximo com Sócrates e que, para mal dos nossos pecados, continua bastante viçoso com Costa.»
BREIQUINGUE NIUZ: The British exception (2)
Financial Times |
A British exception consiste essencialmente em três garantias que os outros 27 lhe deram: isenção do compromisso de construção de uma «união cada vez mais estreita»; não discriminação pelos países da Zona Euro e limitação dos benefícios sociais dos emigrantes.
Se os 27 tivessem juízo ter-se-iam concedido a si próprios as mesmas garantias e começariam gradualmente a involuir para uma zona de livre circulação de capitais, bens, serviços e pessoas.
Republicando o post de há 4 meses no dia em que se realiza um referendo que, recorde-se, só por si, não decide nada porque não é vinculativo e é o parlamento inglês que tem poderes para decidir no sentido ou contra o resultado do referendo. E, para retirar um pouco do dramatismo, ainda que no referendo vença a saída da UE e o parlamento a confirme, as negociações que se seguirão podem deixar quase tudo na mesmo, alterando apenas a cosmética... para inglês ver.
22/06/2016
Mitos (232) – A invasão pelos refugiados e migrantes pobres
Segundo as Nações Unidas o número de pessoas deslocadas por conflitos atingiu o seu nível mais alto desde a II Guerra Mundial: mais de 65 milhões, dos quais 12 milhões só em 2015. Mais de metade são provenientes do Afganistão, Somália e Síria. Embora a migração para a Europa tenha sido destacada, segundo as Nações Unidas 86% dos 21 milhões de refugiados internacional encontram-se em países em desenvolvimento. (Fonte: The Economist Espresso)
«O que essas estimativas alarmantes se esquecem de ter em conta é o crescimento da população. Se ajustarmos os números como uma percentagem do total da população, verifica-se que a migração em todo o mundo tem realmente permanecido praticamente no mesmo nível durante as últimas cinco décadas. E o que é esse número mágico? Cerca de 2 a 3 por cento, de acordo com Determinants of International Migration, uma equipa de investigadores do International Migration Institute de Oxford.
Isto é decepcionante para os alarmistas que tentam propagar a narrativa "estamos a ser invadidos", mas também para os idealistas da globalização que previram que o advento da Internet e transportes mais baratos criariam uma onda de migrantes. O que os dados mostram, no entanto, é que a grande maioria da humanidade prefere permanecer em casa, independentemente da facilidade de se deslocar. "Os mídia retratam a migração como uma fuga em massa da pobreza, mas, na verdade, são os que têm mais meios que tendem a migrar, enquanto 97 por cento ficam onde nascem ", diz Diego Acosta, um professor de direito europeu e lei da migração da Universidade de Bristol.
Claro, o que tem aumentado nos últimos anos é o número de refugiados, vindos principalmente da Síria. Mas, mesmo assim, os requerentes de asilo continuam a ser menos de 10 por cento de todos os migrantes. O número actual de chegadas à Europa não é sem precedentes quando comparado com os milhões de pessoas que fugiram das guerras balcânicas no início dos anos 90. Então, por que se sente como se a migração estivesse em ascensão? Bem, isso é provavelmente porque o tipo de migrante mudou. Durante muitas décadas, os países ocidentais foram uma grande fonte de emigração. Mas agora, são o destino para um número crescente de asiáticos, africanos e latino-americanos. Assim, a partir de uma visão ocidental centrada, é fácil supor que migração está aumentando, quando o que está realmente acontecendo é a mudança do perfil do migrante.» («The Good News about the Migration Crisis», Ozy)
«O que essas estimativas alarmantes se esquecem de ter em conta é o crescimento da população. Se ajustarmos os números como uma percentagem do total da população, verifica-se que a migração em todo o mundo tem realmente permanecido praticamente no mesmo nível durante as últimas cinco décadas. E o que é esse número mágico? Cerca de 2 a 3 por cento, de acordo com Determinants of International Migration, uma equipa de investigadores do International Migration Institute de Oxford.
Isto é decepcionante para os alarmistas que tentam propagar a narrativa "estamos a ser invadidos", mas também para os idealistas da globalização que previram que o advento da Internet e transportes mais baratos criariam uma onda de migrantes. O que os dados mostram, no entanto, é que a grande maioria da humanidade prefere permanecer em casa, independentemente da facilidade de se deslocar. "Os mídia retratam a migração como uma fuga em massa da pobreza, mas, na verdade, são os que têm mais meios que tendem a migrar, enquanto 97 por cento ficam onde nascem ", diz Diego Acosta, um professor de direito europeu e lei da migração da Universidade de Bristol.
Claro, o que tem aumentado nos últimos anos é o número de refugiados, vindos principalmente da Síria. Mas, mesmo assim, os requerentes de asilo continuam a ser menos de 10 por cento de todos os migrantes. O número actual de chegadas à Europa não é sem precedentes quando comparado com os milhões de pessoas que fugiram das guerras balcânicas no início dos anos 90. Então, por que se sente como se a migração estivesse em ascensão? Bem, isso é provavelmente porque o tipo de migrante mudou. Durante muitas décadas, os países ocidentais foram uma grande fonte de emigração. Mas agora, são o destino para um número crescente de asiáticos, africanos e latino-americanos. Assim, a partir de uma visão ocidental centrada, é fácil supor que migração está aumentando, quando o que está realmente acontecendo é a mudança do perfil do migrante.» («The Good News about the Migration Crisis», Ozy)
21/06/2016
CASE STUDY: Um minotauro espera a PT no labirinto da Oi (19) – os lesados de Sócrates
[Outras esperas do minotauro]
Quatro anos depois do primeiro post de uma série com este sugestivo nome dedicada à génese e às manobras relacionadas com a venda da Vivo e a compra de uma participação da PT na Oi, ficou-se a saber que a Oi, para quem foram transferidas as dívidas da Portugal Telecom, acabou de requerer a recuperação judicial. 26 de Julho é a data do reembolso de uma emissão de obrigações de retalho de 230 milhões de euros detidos por pequenos investidores portugueses que poderão a ficar a ver navios.
Recorde-se que a PT pagou a participação na Oi ao dobro do preço numa operação cozinhada e apadrinhada por Lula e José Sócrates, operação que este último classificou como «um excelente negócio».
Depois da saga dos «lesados do BES», lá teremos mais a saga dos lesados da PT. Aproveitando uma das campanhas do animal feroz, poder-se-ia aplicar o Simplex e passar a abranger todos os endrominados como «LESADOS DE SÓCRATES».
Quatro anos depois do primeiro post de uma série com este sugestivo nome dedicada à génese e às manobras relacionadas com a venda da Vivo e a compra de uma participação da PT na Oi, ficou-se a saber que a Oi, para quem foram transferidas as dívidas da Portugal Telecom, acabou de requerer a recuperação judicial. 26 de Julho é a data do reembolso de uma emissão de obrigações de retalho de 230 milhões de euros detidos por pequenos investidores portugueses que poderão a ficar a ver navios.
Recorde-se que a PT pagou a participação na Oi ao dobro do preço numa operação cozinhada e apadrinhada por Lula e José Sócrates, operação que este último classificou como «um excelente negócio».
Depois da saga dos «lesados do BES», lá teremos mais a saga dos lesados da PT. Aproveitando uma das campanhas do animal feroz, poder-se-ia aplicar o Simplex e passar a abranger todos os endrominados como «LESADOS DE SÓCRATES».
CASE STUDY: O desempenho dos 11, à luz da teoria das probabilidades
Os resultados da selecção parecem estar abaixo das expectativas demasiado altas de um povo a quem quase tudo tem corrido mal (erros meus, má fortuna, dizia Camões) e está a caminho de correr pior, porque as elites são fracas (o fraco rei faz fraca a forte gente, outra vez Camões), povo com esperança que 11 criaturas façam um milagre compensando as frustrações colectivas. Milagre que as nossas elites medíocres, sempre críticas do interesse que o futebol desperta na choldra, não lhe proporcionam porque em nenhum outro sector de actividade temos dois profissionais no topo como Cristiano Ronaldo e José Mourinho.
Ora acontece, para começar, que o teorema de Bernoulli, ou lei dos grandes números, está contra nós e por isso é elevada a probabilidade de serem melhores do que os nossos os 11 dos alemães que são 81 milhões, ou os dos franceses que são 66 milhões, ou os dos italianos que são 60 milhões ou mesmo os dos espanhóis que são 46 milhões, só para dar alguns exemplos.
E se a probabilidade de ter um jogador de topo é baixa, a probabilidade de ter dois ou mais é ainda mais baixa. Suponha-se que em média se encontra um jogador de topo (seja lá o que isso for) em cada 100 milhões de habitantes (incluindo mulheres, crianças e velhotes, para simplificar). Nesse caso, a probabilidade de ter um jogador de topo em Portugal é 0,1 e na Alemanha 0,80 e probabilidade de ter simultaneamente dois é para Portugal de 0,01 e para a Alemanha 0,64 isto é 64 vezes mais. E no caso de três é 0,001 e 0,512, respectivamente, isto é 512 vezes mais.
Deveria ser mais fácil explicar a falta de sucesso do que explicar como Portugal é actualmente a 3.ª selecção no ranking europeu e a 8.ª no mundial
Ainda assim, como foi possível uma equipa de um país com 3% da nossa população conseguir empatar com Portugal? A resposta é probabilidades não são certezas e o resto da explicação está na entrevista do co-seleccionador Heimir Hallgrímsson ao Expresso Diário, que parece ter feito uma análise SWOT às duas equipas, maximizando o S, minimizando o W, aproveitando o O e gerindo o T.
Se a coisa continuar a correr mal, os rapazes e o seleccionador passarão rapidamente, como é hábito, de bestiais a bestas e os figurões, como o presidente-comentador e o primeiro-ministro da geringonça, que se prepararam para cavalgar o hipotético sucesso sairão pela esquerda-baixa a assobiar para o lado.
[Versão corrigida - ver comentários]
Ora acontece, para começar, que o teorema de Bernoulli, ou lei dos grandes números, está contra nós e por isso é elevada a probabilidade de serem melhores do que os nossos os 11 dos alemães que são 81 milhões, ou os dos franceses que são 66 milhões, ou os dos italianos que são 60 milhões ou mesmo os dos espanhóis que são 46 milhões, só para dar alguns exemplos.
E se a probabilidade de ter um jogador de topo é baixa, a probabilidade de ter dois ou mais é ainda mais baixa. Suponha-se que em média se encontra um jogador de topo (seja lá o que isso for) em cada 100 milhões de habitantes (incluindo mulheres, crianças e velhotes, para simplificar). Nesse caso, a probabilidade de ter um jogador de topo em Portugal é 0,1 e na Alemanha 0,80 e probabilidade de ter simultaneamente dois é para Portugal de 0,01 e para a Alemanha 0,64 isto é 64 vezes mais. E no caso de três é 0,001 e 0,512, respectivamente, isto é 512 vezes mais.
Deveria ser mais fácil explicar a falta de sucesso do que explicar como Portugal é actualmente a 3.ª selecção no ranking europeu e a 8.ª no mundial
Ainda assim, como foi possível uma equipa de um país com 3% da nossa população conseguir empatar com Portugal? A resposta é probabilidades não são certezas e o resto da explicação está na entrevista do co-seleccionador Heimir Hallgrímsson ao Expresso Diário, que parece ter feito uma análise SWOT às duas equipas, maximizando o S, minimizando o W, aproveitando o O e gerindo o T.
Se a coisa continuar a correr mal, os rapazes e o seleccionador passarão rapidamente, como é hábito, de bestiais a bestas e os figurões, como o presidente-comentador e o primeiro-ministro da geringonça, que se prepararam para cavalgar o hipotético sucesso sairão pela esquerda-baixa a assobiar para o lado.
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20/06/2016
DIÁRIO DE BORDO: Querida, encolhi o povo! (Outra vez)
Segundo os organizadores, a manif da Fenprof para defender o monopólio estatal na educação teria 80 mil manifestantes. Segundo a polícia teria 15 mil. A Dr.ª Gabriela Canavilhas, que serviu como ministra da Cultura num dos governos do Eng. Sócrates, interrogou-se sobre se a jornalista do Público que citou os dois números «ainda não foi despedida por escrever factos falsos?»
Olhando para as duas fotos acima, sabendo que o Marquês de Pombal tem cerca de 25.000 m2, a versão dos organizadores corresponderia a mais de 5 manifestantes por m2 e a da polícia a um manifestante por cada 1,7 m2, pergunto-me: o que está à espera o Dr. Mário Nogueira para convidar a Dr.ª Canavilhas para assessora da Fenprof para o agitprop?
Actualização:
Como que a mostrar que estará à altura do agitprop da Fenprof, a Dr.ª Canavilhas assegurou hoje mesmo a publicação de duas peças no Expresso Diário, uma delas escrita por si, com um título laudatório («Canavilhas não retira uma linha mas teria colocado emojis») e outro premonitório («Um título num jornal de referência é mais eficaz do que uma declaração política»). Sobre o fundo da questão, isto é sobre os «factos falsos», nada.
Dá sempre jeito ter um Expresso acolhedor.
Olhando para as duas fotos acima, sabendo que o Marquês de Pombal tem cerca de 25.000 m2, a versão dos organizadores corresponderia a mais de 5 manifestantes por m2 e a da polícia a um manifestante por cada 1,7 m2, pergunto-me: o que está à espera o Dr. Mário Nogueira para convidar a Dr.ª Canavilhas para assessora da Fenprof para o agitprop?
Actualização:
Como que a mostrar que estará à altura do agitprop da Fenprof, a Dr.ª Canavilhas assegurou hoje mesmo a publicação de duas peças no Expresso Diário, uma delas escrita por si, com um título laudatório («Canavilhas não retira uma linha mas teria colocado emojis») e outro premonitório («Um título num jornal de referência é mais eficaz do que uma declaração política»). Sobre o fundo da questão, isto é sobre os «factos falsos», nada.
Dá sempre jeito ter um Expresso acolhedor.
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Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (36)
Outras avarias da geringonça.
A semana começou com Costa a exortar os professores a emigrar, exortação que foi muito bem acolhida pela Fenprof, pelo presidente-comentador e outras luminárias domésticas, ao contrário da exortação de Passos Coelho há 4 anos, o que mostra que as exortações não são todas iguais.
Compreendem-se essas reacções porque o presidente-comentador e boa parte do país se renderam aos malabarismos de Costa, incluindo os sindicatos, feito que Costa é o primeiro a celebrar: «é preciso recuar umas décadas para ver tantos dias sem greves». Rendição que não evitará que o presidente-comentador protestando inocência salte do comboio logo que seja visível que irá descarrilar e aquela parte do país rendida com os sindicatos controlados pelo PCP à cabeça venha a uivar de indignação depois do descarrilamento.
A semana começou com Costa a exortar os professores a emigrar, exortação que foi muito bem acolhida pela Fenprof, pelo presidente-comentador e outras luminárias domésticas, ao contrário da exortação de Passos Coelho há 4 anos, o que mostra que as exortações não são todas iguais.
Compreendem-se essas reacções porque o presidente-comentador e boa parte do país se renderam aos malabarismos de Costa, incluindo os sindicatos, feito que Costa é o primeiro a celebrar: «é preciso recuar umas décadas para ver tantos dias sem greves». Rendição que não evitará que o presidente-comentador protestando inocência salte do comboio logo que seja visível que irá descarrilar e aquela parte do país rendida com os sindicatos controlados pelo PCP à cabeça venha a uivar de indignação depois do descarrilamento.
QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (41) O clube dos incréus reforçou-se (VIII)
Outras marteladas.
Lembram-se como aparentemente tudo começou na crise de subprime nos Estados Unidos que foi o início de uma crise muito mais vasta que atingiu a maioria dos países? Escrevi aparentemente porque a crise do subprime foi ela própria o resultado de uma bolha de crédito criada pelas taxas de juro artificialmente baixas e por oceanos de liquidez na economia americana provenientes da poupança chinesa. Pois bem, há vários sinais que as politicas da Fed de juros baixos e quantitative easing estão a forjar a nova crise imobiliária. Começam a ser visíveis os sinais. Leia-se este artigo do MarketWatch com um título assaz significativo: «The seeds of the next housing crisis have already been planted».
Em relação às taxas nulas ou negativas de alguns bancos centrais (Fed, BoE, ECB, BoJ), escreve Satyajit Das que é uma «travessia do Rubicão, .. uma experiência de alto risco ... A intenção é clara: reduzir a dívida pelo confisco e transferência da riqueza dos aforradores para os devedores. Isto é, em última análise uma admissão do falhanço dos meios tradicionais de manter sob controle a dívida excessiva».
Bill Gross, o lendário gestor de fundos de obrigações no Janus Capital Group, não é menos crítico e comparou recentemente num investment outlook as taxas de juros negativas dos bancos centrais ao paradoxo de Zenão.
Howard Davies, economista especialista na regulação financeira e actual presidente do Royal Bank of Scotland questiona-se sobre se os bancos centrais não foram demasiado longe e não terão demasiado poder.
Parece bem que se questionem e coloquem em dúvida a panaceia das taxas de juro negativas e do alívio quantitativo, mas suspeito que pode ser demasiado tarde.
Lembram-se como aparentemente tudo começou na crise de subprime nos Estados Unidos que foi o início de uma crise muito mais vasta que atingiu a maioria dos países? Escrevi aparentemente porque a crise do subprime foi ela própria o resultado de uma bolha de crédito criada pelas taxas de juro artificialmente baixas e por oceanos de liquidez na economia americana provenientes da poupança chinesa. Pois bem, há vários sinais que as politicas da Fed de juros baixos e quantitative easing estão a forjar a nova crise imobiliária. Começam a ser visíveis os sinais. Leia-se este artigo do MarketWatch com um título assaz significativo: «The seeds of the next housing crisis have already been planted».
Em relação às taxas nulas ou negativas de alguns bancos centrais (Fed, BoE, ECB, BoJ), escreve Satyajit Das que é uma «travessia do Rubicão, .. uma experiência de alto risco ... A intenção é clara: reduzir a dívida pelo confisco e transferência da riqueza dos aforradores para os devedores. Isto é, em última análise uma admissão do falhanço dos meios tradicionais de manter sob controle a dívida excessiva».
Bill Gross, o lendário gestor de fundos de obrigações no Janus Capital Group, não é menos crítico e comparou recentemente num investment outlook as taxas de juros negativas dos bancos centrais ao paradoxo de Zenão.
Howard Davies, economista especialista na regulação financeira e actual presidente do Royal Bank of Scotland questiona-se sobre se os bancos centrais não foram demasiado longe e não terão demasiado poder.
Parece bem que se questionem e coloquem em dúvida a panaceia das taxas de juro negativas e do alívio quantitativo, mas suspeito que pode ser demasiado tarde.
19/06/2016
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (83) – Muito pouco diplomáticos
Outros episódios
Barack Obama acaba o seu segundo mandato com mais detractores do que aqueles com o iniciou e pelo caminho terá perdido alguns obamófilos. É em parte o resultado de ter sido uma espécie de Marcelo ianque.
Numa iniciativa rara e sem precedentes pelo número de assinaturas, mais de 50 diplomatas do departamento de Estado (o equivalente ao ministério dos Negócios Estrangeiros) assinaram um memorando interno, tornado público pelo NYT, criticando duramente a política de Obama na Síria e defendendo que os Estados Unidos levem a cabo ataques militares contra o governo de Bashar al-Assad para impedir as suas constantes violações do cessar-fogo na guerra civil síria.
Barack Obama acaba o seu segundo mandato com mais detractores do que aqueles com o iniciou e pelo caminho terá perdido alguns obamófilos. É em parte o resultado de ter sido uma espécie de Marcelo ianque.
Numa iniciativa rara e sem precedentes pelo número de assinaturas, mais de 50 diplomatas do departamento de Estado (o equivalente ao ministério dos Negócios Estrangeiros) assinaram um memorando interno, tornado público pelo NYT, criticando duramente a política de Obama na Síria e defendendo que os Estados Unidos levem a cabo ataques militares contra o governo de Bashar al-Assad para impedir as suas constantes violações do cessar-fogo na guerra civil síria.
Mitos (231) – A melhor explicação é quase sempre a mais simples (actualizado)
Desde as origens do homo sapiens que os humanos se matam uns aos outros. Há abundantes vestígios de que isso era corrente nos grupos humanos primitivos. Porque se mata como um acto individual, fora de um contexto de guerra? A maioria das vezes por ódio - do latim odium, rancor, ira profunda, sentimento de repulsão, horror, antipatia, segundo os dicionários. Ódio aos outros ou a si próprio. No passado a explicação era simples. Nunca como hoje foi sentida a necessidade de encontrar teorias conspiratórias elaboradas para explicar o assassínio.
Um muçulmano com tendências gay, segundo a própria mulher, frequentador de um bar gay, possivelmente atormentado por um conflito interior de auto-aversão, se estivesse em França poderia dar umas facadas ou estrangular um gay aos gritos de Allahu Akbar. Estava em Orlando, Florida, nos EU, uns dias antes tinha ido à loja da esquina, comprado uma carabina semi-automática AR-15 e uma pistola de 9 mm. Entrou no bar gay e aos gritos de Allahu Akbar atirou indiscriminadamente sobre os presentes e matou 49.
Do outro lado do Atlântico, um sujeito com passado de distúrbios mentais, simpatizante de causas xenófobas e aparentemente defensor da discriminação racial, grita «Britain First» (o nome de um partido de extrema-direita britânico) esfaqueia e dispara vários tiros sobre uma deputada trabalhista inglesa defensora da integração dos emigrantes e da permanência britânica na UE. Se fosse nos EU, o sujeito teria ido à loja da esquina, comprado uma carabina semi-automática e uma pistola, e esperaria que a deputada estivesse na reunião onde se propunha ir com os seus eleitores e teria disparado matando vários presentes.
Para quê e porquê tentar explicar crimes do foro psiquiátrico, digamos assim, como crimes de motivação religiosa ou política?
Actualização:
Em relação ao atentado em Orlando, novos testemunhos indicam que Omar Mateen seria homossexual praticante e as suas motivações seriam vingar-se de alguns dos seus parceiros. Lá se vão as teorias conspiratórias por água abaixo.
Um muçulmano com tendências gay, segundo a própria mulher, frequentador de um bar gay, possivelmente atormentado por um conflito interior de auto-aversão, se estivesse em França poderia dar umas facadas ou estrangular um gay aos gritos de Allahu Akbar. Estava em Orlando, Florida, nos EU, uns dias antes tinha ido à loja da esquina, comprado uma carabina semi-automática AR-15 e uma pistola de 9 mm. Entrou no bar gay e aos gritos de Allahu Akbar atirou indiscriminadamente sobre os presentes e matou 49.
Do outro lado do Atlântico, um sujeito com passado de distúrbios mentais, simpatizante de causas xenófobas e aparentemente defensor da discriminação racial, grita «Britain First» (o nome de um partido de extrema-direita britânico) esfaqueia e dispara vários tiros sobre uma deputada trabalhista inglesa defensora da integração dos emigrantes e da permanência britânica na UE. Se fosse nos EU, o sujeito teria ido à loja da esquina, comprado uma carabina semi-automática e uma pistola, e esperaria que a deputada estivesse na reunião onde se propunha ir com os seus eleitores e teria disparado matando vários presentes.
Para quê e porquê tentar explicar crimes do foro psiquiátrico, digamos assim, como crimes de motivação religiosa ou política?
Actualização:
Em relação ao atentado em Orlando, novos testemunhos indicam que Omar Mateen seria homossexual praticante e as suas motivações seriam vingar-se de alguns dos seus parceiros. Lá se vão as teorias conspiratórias por água abaixo.
18/06/2016
Estado empreendedor (102) – Controlo público, disse ele (continuando)
Continuação deste, deste e deste posts.
Já era bastante extraordinário que depois do presidente Marcelo ter apoiado o governo «na tarefa de defender a Caixa como instituição de controlo público», perante um inquérito do Parlamento - a mais alta instituição de controlo da República – o mesmo presidente que fala pelos cotovelos sobre tudo e mais alguma coisa ter optado pelo silêncio, o PS ter considerado o inquérito «grave e irresponsável» e o PCP ter-se oposto porque seria «criar a ilusão que o banco público é igual aos bancos privados».
Não me admiro que José Sócrates, Armando Vara, Berardo, Ricardo Salgado e Nuno Vasconcelos repudiem um inquérito que possa revelar quem foi quem e fez o quê na instrumentalização da Caixa.
Parece-me extraordinário dois antigos ministros das Finanças que tutelaram a Caixa considerarem essa iniciativa «inoportuna» (Ferreira Leite), quando a Caixa tem agora a oportunidade de receber mais 4 mil milhões de euros, cuja necessidade ainda ninguém explicou, ou «atirar de lama [e] minar a confiança dos portugueses no sistema financeiro» (Bagão Félix), quando a Caixa está submersa na lama e a confiança dos portugueses no sistema financeiro se evaporou, e quando é conhecido que o crédito de risco da Caixa atinge 8,2 mil milhões (11,5% do crédito total) e 2,3 mil milhões são malparados e, desses, quase mil milhões se concentram em nove maiores devedores, incluindo os grupos Espírito Santo, Lena e Efacec e o angolano António Mosquito.
Valha-nos o BCE e a CE, que parece irão exigir uma auditoria antes de autorizarem o pedido de recapitalização. É por estas razões, e por muitas outras, que, apesar de desconfiar da bondade de uma união política, espero que as instituições europeias coloquem um travão às veleidades ditadas pela negligência, a incompetência, a cobardia e a desonestidade das elites indígenas.
Recordando outra vez, a propósito, o lema:
«Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»
Já era bastante extraordinário que depois do presidente Marcelo ter apoiado o governo «na tarefa de defender a Caixa como instituição de controlo público», perante um inquérito do Parlamento - a mais alta instituição de controlo da República – o mesmo presidente que fala pelos cotovelos sobre tudo e mais alguma coisa ter optado pelo silêncio, o PS ter considerado o inquérito «grave e irresponsável» e o PCP ter-se oposto porque seria «criar a ilusão que o banco público é igual aos bancos privados».
Não me admiro que José Sócrates, Armando Vara, Berardo, Ricardo Salgado e Nuno Vasconcelos repudiem um inquérito que possa revelar quem foi quem e fez o quê na instrumentalização da Caixa.
Parece-me extraordinário dois antigos ministros das Finanças que tutelaram a Caixa considerarem essa iniciativa «inoportuna» (Ferreira Leite), quando a Caixa tem agora a oportunidade de receber mais 4 mil milhões de euros, cuja necessidade ainda ninguém explicou, ou «atirar de lama [e] minar a confiança dos portugueses no sistema financeiro» (Bagão Félix), quando a Caixa está submersa na lama e a confiança dos portugueses no sistema financeiro se evaporou, e quando é conhecido que o crédito de risco da Caixa atinge 8,2 mil milhões (11,5% do crédito total) e 2,3 mil milhões são malparados e, desses, quase mil milhões se concentram em nove maiores devedores, incluindo os grupos Espírito Santo, Lena e Efacec e o angolano António Mosquito.
Valha-nos o BCE e a CE, que parece irão exigir uma auditoria antes de autorizarem o pedido de recapitalização. É por estas razões, e por muitas outras, que, apesar de desconfiar da bondade de uma união política, espero que as instituições europeias coloquem um travão às veleidades ditadas pela negligência, a incompetência, a cobardia e a desonestidade das elites indígenas.
Recordando outra vez, a propósito, o lema:
«Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»
17/06/2016
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (9)
Outras preces.
Há coisas tão previsíveis que até eu prevejo. Como por exemplo neste post de há quase quatro anos em que escrevi:
Não, nunca esperei que Marcelo ou outro qualquer inquilino de Belém fizesse as vezes das oposições - para isso já tivemos Mário Soares full time e Jorge Sampaio part time. Esperaria que o inquilino não intrigasse e não fosse cúmplice activo do inquilino de S. Bento nas políticas que conduzirão, uma vez mais, o país à bancarrota. Está agora confirmado que era esperar demasiado.
Há coisas tão previsíveis que até eu prevejo. Como por exemplo neste post de há quase quatro anos em que escrevi:
Pois bem, por tudo isso e o que ainda se há-de ver, considero o emérito Marcelo o autêntico picareta falante e declaro que numas próximas eleições presidenciais votaria até no tele-evangelista para evitar transformar Belém num centro de intriga permanente, ainda mais nocivo do que nos tempos em que o seu ocupante foi Mário Soares.É raro o dia que o presidente Marcelo não confirma este meu prognóstico, pelo que não faltariam exemplos. Para não gastar muito latim, aponto apenas o exemplo de ontem onde o presidente-comentador faz uma exaltação de Luís Montenegro, o líder parlamentar do PSD, augurando-lhe um futuro radioso, augúrio que só os parolos não percebem que se destina a procurar um substituto para Rui Rio que na cabecinha do actual inquilino de Belém foi em tempos um putativo substituto de Passos Coelho, a quem não perdoa nem perdoará ter dito, sem chamar os nomes aos bois, uma das coisas mais exactas que algum dia se disse dele: «catavento de opiniões erráticas».
Não, nunca esperei que Marcelo ou outro qualquer inquilino de Belém fizesse as vezes das oposições - para isso já tivemos Mário Soares full time e Jorge Sampaio part time. Esperaria que o inquilino não intrigasse e não fosse cúmplice activo do inquilino de S. Bento nas políticas que conduzirão, uma vez mais, o país à bancarrota. Está agora confirmado que era esperar demasiado.
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incorrigível,
picareta falante,
teorias da conspiração
ACREDITE SE QUISER: L'exception française
Quem se queixa (como eu) que o Código do Trabalho português tem 566 artigos derramados em 140 páginas deveria saber que o Código do Trabalho francês tem vários milhares de artigos (o método de numeração não permite saber facilmente o número, a menos que se contem) derramados em 2.880 páginas.
Não admira que as reformas do ministro Macron (um alienígena caído por engano no governo socialista) tenham suscitado uma tal onda de greves e de protestos que inclui os estudantes numa espécie de treino para a vida adulta.
Nous voulons les 2.880 pages! Rien de moins! |
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Kirchner & Kirchner - O socialismo tropical ou fantástico é o socialismo dilatado pelo calor
Generalizando Eça, provavelmente o escritor que melhor descreveu a alma lusitana, podemos dizer que o socialismo argentino é parecido com o português dilatado pelo calor. Nós por cá tivemos, entre outros, o caso de um ex-primeiro-ministro com alegadas contas na Suíça, alegadamente provisionadas com dinheiro de alegadas luvas.
Compare-se com a Argentina, governada durante mais de 70 anos pelo justicialismo e nos últimos 12 anos até recentemente pela família Kirchner, onde um ex-secretário das Obras Públicas dos governos da família foi detido a enterrar sacos com milhões de dólares, euros, etc. nos jardins de um convento. Enquanto isso, Cristina Kirchner está a ser investigada por lavagem de dinheiro e corrupção.
Notem-se os efeitos do calor na falta de estilo: contas bancárias, trocadas por sacos de dinheiro; bancos trocados por jardins; Suíça trocada por conventos. Não é mesma coisa.
Compare-se com a Argentina, governada durante mais de 70 anos pelo justicialismo e nos últimos 12 anos até recentemente pela família Kirchner, onde um ex-secretário das Obras Públicas dos governos da família foi detido a enterrar sacos com milhões de dólares, euros, etc. nos jardins de um convento. Enquanto isso, Cristina Kirchner está a ser investigada por lavagem de dinheiro e corrupção.
Notem-se os efeitos do calor na falta de estilo: contas bancárias, trocadas por sacos de dinheiro; bancos trocados por jardins; Suíça trocada por conventos. Não é mesma coisa.
16/06/2016
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Voltem para casa e chuchem no dedo
A propósito da praga politicamente correcta que vem contaminando muitas universidades americanas e inglesas, amplamente exemplificada na série de post A Internacional da Indignação, e que se materializa também na obsessão por transformar as universidades em «safe spaces» onde não se confrontam ideias e tudo se esteriliza com recurso a uma espécie de newspeak orwelliano, o biólogo britânico Richard Dawkins tuitou há tempos a seguinte declaração lapidar:
«A university is not a "safe space". If you need a safe space, leave, go home, hug your teddy & suck your thumb until ready for university.»
NÓS VISTOS POR ELES: O presidente-comentador visto por um sobrinho-neto de Kafka
«Nós vistos por eles» é onde se dá voz aos estrangeiros que falam de nós, em particular aos desgraçados que têm que nos aturar todos os dias. Hoje é a vez de Hemp Lastru que escreve no Económico e se auto-descreve assim «(n. 1954, em Praga) é sobrinho neto de Franz Kafka. Democrata convicto, activista e lutador político, é preso várias vezes pela polícia secreta checoslovaca, tendo sido sentenciado em 1985 ao corte de uma orelha sob a acusação de “escutar às portas”. Abandona a política em 1999, deixando Praga para residir em Espanha. Mudou-se para Portugal em 2005 porque “gostaria de viver num país onde os processos são como descrevia o meu tio-avô nos livros.”»
«O nosso Presidente excela nesta arte, é capaz de discutir todos os temas em todos os lugares e, o que é único, deixar uma impressão de grande conhecedor da matéria naqueles que nada percebem do assunto. Isto, porém, tem um custo. Como todos aqueles que finalmente encontram o seu desígnio, que atingem o nível de verdadeira excelência num domínio e que, por essa mesma razão, se libertam da lei da morte – para citar o poeta –, o nosso professor tem dificuldade, subconsciente ou inconscientemente, de sair fora da sua área de conforto, e comenta e comenta. Infelizmente, quando comenta não preside, tal como quando se preside não se comenta.
Porém, é algo imparável, mais forte que si, e que revela uma doença dos tempos modernos, consequência aguda da forte exposição mediática: a síndrome do pândita. Esta síndrome é identificável por quem dele padecer passar por quatro fases: na primeira fase, a fase ascendente, o pândita é convidado, fruto do seu reconhecimento como especialista, a pronunciar-se publicamente sobre acontecimentos e factos da sua área de especialidade, o que lhe dá consciência da sua singularidade e massaja o seu ego. Na segunda fase, dita da consolidação, alto da sua posição destacada no panorama da erudição nacional, o pândita começa a comentar tudo, e passa progressivamente dos factos às pessoas. Na terceira fase, a do isolamento, apenas a opinião dele existe, todos os outros estão errados, e passa até a ser ele próprio a estabelecer os factos que merecem ser comentados. Finalmente, vem a quarta – e última – fase, a do plano inclinado. Esta fase começa quando o nosso pândita se começar a comentar a si próprio; ainda não se sabe como acaba.=
«O nosso Presidente excela nesta arte, é capaz de discutir todos os temas em todos os lugares e, o que é único, deixar uma impressão de grande conhecedor da matéria naqueles que nada percebem do assunto. Isto, porém, tem um custo. Como todos aqueles que finalmente encontram o seu desígnio, que atingem o nível de verdadeira excelência num domínio e que, por essa mesma razão, se libertam da lei da morte – para citar o poeta –, o nosso professor tem dificuldade, subconsciente ou inconscientemente, de sair fora da sua área de conforto, e comenta e comenta. Infelizmente, quando comenta não preside, tal como quando se preside não se comenta.
Porém, é algo imparável, mais forte que si, e que revela uma doença dos tempos modernos, consequência aguda da forte exposição mediática: a síndrome do pândita. Esta síndrome é identificável por quem dele padecer passar por quatro fases: na primeira fase, a fase ascendente, o pândita é convidado, fruto do seu reconhecimento como especialista, a pronunciar-se publicamente sobre acontecimentos e factos da sua área de especialidade, o que lhe dá consciência da sua singularidade e massaja o seu ego. Na segunda fase, dita da consolidação, alto da sua posição destacada no panorama da erudição nacional, o pândita começa a comentar tudo, e passa progressivamente dos factos às pessoas. Na terceira fase, a do isolamento, apenas a opinião dele existe, todos os outros estão errados, e passa até a ser ele próprio a estabelecer os factos que merecem ser comentados. Finalmente, vem a quarta – e última – fase, a do plano inclinado. Esta fase começa quando o nosso pândita se começar a comentar a si próprio; ainda não se sabe como acaba.=
15/06/2016
ACREDITE SE QUISER: O Dr. Costa e as agremiações sindicais exortam professores a emigrar
Recordam-se do ex-primeiro-ministro Passos Coelho ter sugerido aos professores portugueses sem emprego que olhassem «para todo o mercado de língua portuguesa e encontrar aí uma alternativa»? Na altura isso foi muito mal recebido pelos professores que criaram desde logo um Grupo de Protesto dos Professores Contratados e Desempregados e convidaram Passos Coelho a emigrar.
O actual primeiro-ministro Dr. António Costa disse em Paris, durante os eventos promovidos em conjunto com o ex-comentador e actual presidente professor Marcelo, algo parecido: «é também uma oportunidade de trabalho para muitos professores de português que, por via das alterações demográficas, hoje não têm trabalho em Portugal e que podem encontrar aqui, mas é também um grande desafio para a nossa tecnologia e para a capacidade de fomentar o ensino à distância».
Surpreendentemente, o Grupo de Protesto dos Professores Contratados e Desempregados, defunto desde então, assim permaneceu. Outras agremiações como a Fenprof correram a aplaudir o Dr. Costa e não o convidaram a emigrar, apesar de ele já se ter posto a jeito em Paris.
Saudemos esta deriva realista da salada socialista do Dr. Costa com o comunismo do Sr. Jerónimo e temperada com o esquerdismo politicamente correcto da Dr. Catarina.
Recomendação:
Correi e ide ver os vídeos evocativos das reacções do presidente-comentador Marcelo na sua encarnação em que era só comentador, do poeta Alegre e de Mário Nogueira, o controleiro da Fenprof, à exortação à emigração dos professores.
O actual primeiro-ministro Dr. António Costa disse em Paris, durante os eventos promovidos em conjunto com o ex-comentador e actual presidente professor Marcelo, algo parecido: «é também uma oportunidade de trabalho para muitos professores de português que, por via das alterações demográficas, hoje não têm trabalho em Portugal e que podem encontrar aqui, mas é também um grande desafio para a nossa tecnologia e para a capacidade de fomentar o ensino à distância».
Surpreendentemente, o Grupo de Protesto dos Professores Contratados e Desempregados, defunto desde então, assim permaneceu. Outras agremiações como a Fenprof correram a aplaudir o Dr. Costa e não o convidaram a emigrar, apesar de ele já se ter posto a jeito em Paris.
Saudemos esta deriva realista da salada socialista do Dr. Costa com o comunismo do Sr. Jerónimo e temperada com o esquerdismo politicamente correcto da Dr. Catarina.
Recomendação:
Correi e ide ver os vídeos evocativos das reacções do presidente-comentador Marcelo na sua encarnação em que era só comentador, do poeta Alegre e de Mário Nogueira, o controleiro da Fenprof, à exortação à emigração dos professores.
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Pro memoria (312) - A quem vos disser que o problema dos migrantes e refugiados deve ser resolvido com o coração recomendai-lhe um transplante (3)
[Uma espécie de sequela de Esclarecendo os conceitos e colocando em perspectiva a crise de migrantes e refugiados para a Europa e de (1) e (2)]
Possivelmente o juízo mais errado de Angela Merkel nos seus 10 anos de governação foi olhar para a crise dos migrantes e refugiados como apenas uma questão humanitária e moral. O seu erro mais grave, decorrente desse juízo, foi a sua política de portas abertas. E ainda estão por ver as consequências mais profundas desse erro (uma benção para os extremismos demagógicos de esquerda e de direita), mas uma das consequências mais óbvias foi tentar mitigar as ondas de choque do seu erro inicial entrando num pântano negocial com o ditador eleitor Recip Erdogan do qual não sairá facilmente.
Em entrevista ao diário alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, o Dalai Lama, que dificilmente pode ser acusado de xenofobia ou extremismo, questionado sobre a crise dos refugiados disse:
«Se olharmos para o rosto de cada refugiado indivíduo, especialmente as crianças e as mulheres, sentimos o seu sofrimento. Uma pessoa que tem uma vida um pouco melhor, tem a responsabilidade de os ajudar. Por outro lado, há agora demasiados. A Europa, por exemplo a Alemanha, não pode ser um país árabe. Alemanha é a Alemanha. Há tantos que é difícil na prática. Numa perspectiva moral eu penso que estes refugiados só devem ficar temporariamente. O objectivo deve ser regressarem para ajudar a reconstruir seus próprios países.»
Definitivamente de fora vê-se melhor.
Possivelmente o juízo mais errado de Angela Merkel nos seus 10 anos de governação foi olhar para a crise dos migrantes e refugiados como apenas uma questão humanitária e moral. O seu erro mais grave, decorrente desse juízo, foi a sua política de portas abertas. E ainda estão por ver as consequências mais profundas desse erro (uma benção para os extremismos demagógicos de esquerda e de direita), mas uma das consequências mais óbvias foi tentar mitigar as ondas de choque do seu erro inicial entrando num pântano negocial com o ditador eleitor Recip Erdogan do qual não sairá facilmente.
Em entrevista ao diário alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, o Dalai Lama, que dificilmente pode ser acusado de xenofobia ou extremismo, questionado sobre a crise dos refugiados disse:
«Se olharmos para o rosto de cada refugiado indivíduo, especialmente as crianças e as mulheres, sentimos o seu sofrimento. Uma pessoa que tem uma vida um pouco melhor, tem a responsabilidade de os ajudar. Por outro lado, há agora demasiados. A Europa, por exemplo a Alemanha, não pode ser um país árabe. Alemanha é a Alemanha. Há tantos que é difícil na prática. Numa perspectiva moral eu penso que estes refugiados só devem ficar temporariamente. O objectivo deve ser regressarem para ajudar a reconstruir seus próprios países.»
Definitivamente de fora vê-se melhor.
14/06/2016
Dúvidas (161) - Terá o fascismo raízes no marxismo? (II)
Quando aqui comentei o surto de indignação dos marxistas de serviço pela tese de José Rodrigues dos Santos não fui ao fundo da questão e referi apenas a adjacência das raízes do fascismo e do marxismo por falta de ciência, vocação e tempo.
Ao ler no artigo no Observador «Ainda sobre a convergência entre comunismo e fascismo» de João Carlos Espada uma formulação que gostaria de ter escrito sobre as raízes comuns não resisto a citá-la para completar o meu post anterior, não sem antes citar duas «breves passagens de Marx/Engels e Mussolini (que) recordam um dos pontos cruciais que uniu os totalitarismos do século XX: o culto do Estado, do poder ilimitado do Estado.» Sublinho, o culto do Estado, que é o menor múltiplo comum das doutrinas totalitárias de direita e de esquerda e em particular do fascismo e do marxismo.
Manifesto Comunista de 1848 de Marx e Engels
«A abolição [da sociedade burguesa] é chamada pelo burguês como abolição da individualidade e da liberdade. Com toda a razão. O que temos em vista é a abolição da individualidade burguesa, da independência burguesa e da liberdade burguesa. Nas presentes condições de produção burguesas, liberdade significa comércio livre, liberdade de vender e de comprar. […] O proletariado usará a sua supremacia política para retirar gradualmente todo o capital à burguesia, para centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado, isto é, do proletariado organizado em classe dominante.»
Artigo de 1932 na Enciclopédia Italiana de Mussolini, sobre “A doutrina do fascismo”
«A concepção fascista é a favor do Estado; e é a favor do indivíduo na medida em que este coincide com o Estado, que é a consciência e vontade universal do homem na sua existência histórica. […] O fascismo é a favor da liberdade, da única liberdade que pode ser real, a liberdade do Estado e do indivíduo no seio do Estado. […] Por isso, para o fascista, tudo está no Estado e nada de humano ou espiritual existe, muito menos tem valor, fora do Estado. Neste sentido, o Fascismo é totalitário e o Estado Fascista — a síntese e unidade de todos os valores — interpreta, desenvolve e dá força à totalidade da vida do povo.»
E agora as palavras de JCE:
Ao ler no artigo no Observador «Ainda sobre a convergência entre comunismo e fascismo» de João Carlos Espada uma formulação que gostaria de ter escrito sobre as raízes comuns não resisto a citá-la para completar o meu post anterior, não sem antes citar duas «breves passagens de Marx/Engels e Mussolini (que) recordam um dos pontos cruciais que uniu os totalitarismos do século XX: o culto do Estado, do poder ilimitado do Estado.» Sublinho, o culto do Estado, que é o menor múltiplo comum das doutrinas totalitárias de direita e de esquerda e em particular do fascismo e do marxismo.
Manifesto Comunista de 1848 de Marx e Engels
«A abolição [da sociedade burguesa] é chamada pelo burguês como abolição da individualidade e da liberdade. Com toda a razão. O que temos em vista é a abolição da individualidade burguesa, da independência burguesa e da liberdade burguesa. Nas presentes condições de produção burguesas, liberdade significa comércio livre, liberdade de vender e de comprar. […] O proletariado usará a sua supremacia política para retirar gradualmente todo o capital à burguesia, para centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado, isto é, do proletariado organizado em classe dominante.»
Artigo de 1932 na Enciclopédia Italiana de Mussolini, sobre “A doutrina do fascismo”
«A concepção fascista é a favor do Estado; e é a favor do indivíduo na medida em que este coincide com o Estado, que é a consciência e vontade universal do homem na sua existência histórica. […] O fascismo é a favor da liberdade, da única liberdade que pode ser real, a liberdade do Estado e do indivíduo no seio do Estado. […] Por isso, para o fascista, tudo está no Estado e nada de humano ou espiritual existe, muito menos tem valor, fora do Estado. Neste sentido, o Fascismo é totalitário e o Estado Fascista — a síntese e unidade de todos os valores — interpreta, desenvolve e dá força à totalidade da vida do povo.»
E agora as palavras de JCE:
«O que chocou Churchill foi precisamente a ambição revolucionária — tanto do nacional-socialismo e do fascismo, como do comunismo — de reorganizarem a vida social a partir do Estado, impondo aos modos de vida existentes um plano dedutivo, baseado numa ideologia total, um esquema de perfeição. No cabo Hitler, no ex-socialista Mussolini, e nos ideólogos comunistas Lenine e Estaline, o aristocrata Winston Churchill viu o fanatismo grosseiro daqueles que queriam destruir todas as barreiras ao exercício da vontade arbitrária: barreiras do Governo Constitucional, da religião judaico-cristã, do cavalheirismo, das liberdades cívicas, políticas e económicas, da propriedade privada, da família, e de outras instituições civis descentralizadas.»
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Marcelo & Costa, Realização de Eventos, Lda.
Marcelo & Costa, uma espécie de Sr. Contente e Sr. Feliz |
Podem mandar aquele homem que é ministro das Finanças, e de quem faço o possível por esquecer o nome (e às vezes consigo), a Nova Iorque, com aquele ar e um fato pindérico. Mas é obsceno que o sr. Primeiro-Ministro diga no congresso do seu partido que os investidores internacionais deviam investir cá porque é uma terra agradável, há sol, há praias e bons restaurantes e assim juntam o prazer ao lucro. Isto é uma coisa extraordinária. Quando a verdade é o que aquele homem, o Ricardo Gonçalves, disse. Muita gente se extasiou com o Assis, e, sendo o jornalismo português o que é, ninguém ligou a este homem. Não vi na televisão nem li nos jornais. Mas ele pôs o dedo na ferida. Não vai haver crescimento. Qualquer pessoa sensata, se parar um momento e pensar: qual é o pior Governo para atrair investimento em Portugal? Qual é o pior?
Consegue arranjar um pior? Um Governo do PCP ou do Bloco era o pior que se podia arranjar. Este governo só tem uma lista de desejos que não consegue executar.
Com o Marcelo nunca se sabe. O Marcelo é um desequilibrista. Está sempre quase a cair. É como no circo. Isto parece engraçado, mas tem um efeito muito grave.
Acaba com a seriedade na política. Ele transformou a política num espetáculo. Não há dia que ele não apareça. Ele hoje aparece mais na televisão do que quando era comentarista. Agora aparece a dar beijinhos e abraços e posar para aquelas fotografias, chamam-se selfies, não é? Lembra-me sempre uma frase que o De Gaulle disse sobre o Lebrun, último presidente da Terceira República Francesa. “Como chefe de Estado ele tinha dois defeitos, não era chefe, nem havia Estado”.
Marcelo não tem relações com o país. Ele tem a mesma espécie de relação que um cantor pop tem com o seu público. Dar beijinhos à população não é ter uma relação com o país. Que mensagem é que ele passa? Que convicção é que representa um beijinho?»
Excertos da entrevista do Observador a Vasco Pulido Valente
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Quem fala assim não é gago
13/06/2016
A maldição da tabuada (31) - A aritmética da geringonça é na base hexadecimal
«A função pública fará em 19.600.000 horas semanais o que antes fazia em 22.400.000. A diferença de 3 milhões de horas teve impacto orçamental em 2013, mas já não terá em 2016? Não dá para acreditar.»
Dúvida que se só explica por Alexandre Homem Cristo não ter sido iluminado pelo socialismo nem instruído na aritmética da geringonça. Por exemplo, 3 milhões no sistema decimal são no hexadecimal apenas 2DC6C0, ou seja passámos de um número de 7 dígitos para um com apenas 6 dígitos. Não dá para perceber? Pois se até o Dr. António Costa conseguiu que o professor doutor Marcelo percebesse e ratificasse.
Dúvida que se só explica por Alexandre Homem Cristo não ter sido iluminado pelo socialismo nem instruído na aritmética da geringonça. Por exemplo, 3 milhões no sistema decimal são no hexadecimal apenas 2DC6C0, ou seja passámos de um número de 7 dígitos para um com apenas 6 dígitos. Não dá para perceber? Pois se até o Dr. António Costa conseguiu que o professor doutor Marcelo percebesse e ratificasse.
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (35)
Outras avarias da geringonça.
Enquanto a geringonça prossegue o seu optimismo impante que de vitória em vitória os conduzirá à derrota final (o que não teria problema nenhum, não fora o pequeno pormenor de nos arrastarem com eles), o BdeP permite-se discordar e volta a baixar as suas estimativas do crescimento médio anual do PIB para 1,3% em 2016 (era 1,5% em Março), 1,6% em 2017 e 1,5% em 2018. Quanto ao investimento o BdeP prevê que não crescerá este ano e o crescimento das exportações descerá de 5,2% em 2015 para 1,6%.
Até as previsões do governo de crescimento do consumo privado não se cumprirão (2,1% do BdeP contra 2,4% do governo). Em todo o caso, como é habitual, o consumo privado crescerá o suficiente para pôr em causa o equilíbrio das contas externas. (Fonte: Boletim Económico de Junho)
Enquanto a geringonça prossegue o seu optimismo impante que de vitória em vitória os conduzirá à derrota final (o que não teria problema nenhum, não fora o pequeno pormenor de nos arrastarem com eles), o BdeP permite-se discordar e volta a baixar as suas estimativas do crescimento médio anual do PIB para 1,3% em 2016 (era 1,5% em Março), 1,6% em 2017 e 1,5% em 2018. Quanto ao investimento o BdeP prevê que não crescerá este ano e o crescimento das exportações descerá de 5,2% em 2015 para 1,6%.
Até as previsões do governo de crescimento do consumo privado não se cumprirão (2,1% do BdeP contra 2,4% do governo). Em todo o caso, como é habitual, o consumo privado crescerá o suficiente para pôr em causa o equilíbrio das contas externas. (Fonte: Boletim Económico de Junho)
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (137) - Públicas virtudes, vícios privados
Não vale a pena lembrarem-me que a falta de coerência, isto é a incompatibilidade entre as ideias e as práticas, não significa que as ideias que se defendem sejam boas ou más ou estejam certas ou erradas. A incoerência não diz muito sobre as ideias, diz imenso sobre as pessoas incoerentes.
Uma das áreas onde essa incoerência se manifesta frequentemente é no que respeita ao ensino. Se em tipos de direita a preferência pelo ensino privado não é surpreendente, já na esquerdalhada o convívio pacífico frequente da defesa ruidosa da «escola pública», como lhe chamam, e do ataque pertinaz às escolas privadas, com a matrícula dos filhos nas escolas privadas é no mínimo eticamente censurável, na medida em que significa que escolhem para os seus próprios filhos o que não recomendam para os filhos dos outros.
Alguns exemplos resultantes de uma pesquisa minimalista de políticos da esquerdalhada que defendem tenazmente as escolas públicas e matriculam ou matricularam um ou mais filhos nas escolas privadas: José Sócrates, toda a família Soares, António Costa, Miguel Portas, sem esquecer o caso mais recente de Alexandra Leitão, actual secretária de Estado Adjunta e da Educação, defensora feroz do fim dos contratos de associação, que com grande lata declarou que as suas filhas «por acaso não estudam» numa escola pública (ler a este respeito este artigo de Helena Matos e em geral ler este de Paulo Simões Lopes sobre a hipocrisia da esquerda).
Uma das áreas onde essa incoerência se manifesta frequentemente é no que respeita ao ensino. Se em tipos de direita a preferência pelo ensino privado não é surpreendente, já na esquerdalhada o convívio pacífico frequente da defesa ruidosa da «escola pública», como lhe chamam, e do ataque pertinaz às escolas privadas, com a matrícula dos filhos nas escolas privadas é no mínimo eticamente censurável, na medida em que significa que escolhem para os seus próprios filhos o que não recomendam para os filhos dos outros.
Alguns exemplos resultantes de uma pesquisa minimalista de políticos da esquerdalhada que defendem tenazmente as escolas públicas e matriculam ou matricularam um ou mais filhos nas escolas privadas: José Sócrates, toda a família Soares, António Costa, Miguel Portas, sem esquecer o caso mais recente de Alexandra Leitão, actual secretária de Estado Adjunta e da Educação, defensora feroz do fim dos contratos de associação, que com grande lata declarou que as suas filhas «por acaso não estudam» numa escola pública (ler a este respeito este artigo de Helena Matos e em geral ler este de Paulo Simões Lopes sobre a hipocrisia da esquerda).
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trilema de Žižek
12/06/2016
ACREDITE SE QUISER: Um país como Portugal não é viável como país soberano independente fora de uma aliança militar
Porquê? Porque um país soberano independente fora de uma aliança militar não é viável sem capacidade militar suficiente para dissuadir os inimigos potenciais de o atacarem. Porque essa capacidade militar carece de várias coisas. Porque entre essas várias coisas se encontram aviões de combate da última geração.
Por isso, num país com um pouco mais de metade da população portuguesa e um PIB 60% superior ao português o governo propôs e o parlamento dinamarquês (onde por acaso não se encontra nenhum equivalente ao PCP ou ao BE e nem mesmo ao actual PS) aprovou a compra de 27 F-35A por 3 mil milhões de dólares, ou seja um preço superior ao orçamento militar português.
Talvez o Dr. Azeredo Lopes, o actual ministro da Defesa, uma criatura que entrou pela primeira vez numa instalação militar já como ministro, possa encomendar os capacetes do F-35A à razão de 400 mil dólares cada para os nossos pilotos treinarem a aterragem vertical com o simulador de voo.
Por isso, num país com um pouco mais de metade da população portuguesa e um PIB 60% superior ao português o governo propôs e o parlamento dinamarquês (onde por acaso não se encontra nenhum equivalente ao PCP ou ao BE e nem mesmo ao actual PS) aprovou a compra de 27 F-35A por 3 mil milhões de dólares, ou seja um preço superior ao orçamento militar português.
Talvez o Dr. Azeredo Lopes, o actual ministro da Defesa, uma criatura que entrou pela primeira vez numa instalação militar já como ministro, possa encomendar os capacetes do F-35A à razão de 400 mil dólares cada para os nossos pilotos treinarem a aterragem vertical com o simulador de voo.
11/06/2016
CASE STUDY: A globalização pode estar a chegar ao fim
Este post cita e remete para o artigo de Rebecca Keller «Why this era of globalization is coming to an end» publicado na Stratfor e reproduzido no MarketWatch e, num certo sentido, é uma continuação do post sobre a revolução digital na indústria automóvel alemã. Podemos lê-lo para antecipar o que pode acontecer à AutoEuropa em Portugal, em consequência do que provavelmente acontecerá à VW na Alemanha no decurso dessa revolução digital.
«As advanced, industrialized countries no longer have to rely on low-wage labor in far-off places, they will take advantage of new technologies and start producing low-end goods closer to home. States that have not yet begun to industrialize will have the hardest time; the longer it takes them to develop over the next few decades, the more difficult it will be for them to do so as the growth of advanced manufacturing elsewhere shrinks the opportunities available for emerging manufacturers. Developing an advanced industrial base takes additional capital, skills and time, essentially increasing the number of rungs separating low-end and high-end manufacturers on the production value ladder.»
Continue a ler aqui.
«As advanced, industrialized countries no longer have to rely on low-wage labor in far-off places, they will take advantage of new technologies and start producing low-end goods closer to home. States that have not yet begun to industrialize will have the hardest time; the longer it takes them to develop over the next few decades, the more difficult it will be for them to do so as the growth of advanced manufacturing elsewhere shrinks the opportunities available for emerging manufacturers. Developing an advanced industrial base takes additional capital, skills and time, essentially increasing the number of rungs separating low-end and high-end manufacturers on the production value ladder.»
Continue a ler aqui.
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Desfazendo ideias feitas,
o saber ocupa lugar
SERVIÇO PÚBLICO: A Internacional da Indignação (10)
Outras indignações internacionais.
Um pouco por todo o lado, sobretudo em universidades americanas e inglesas, e muito especialmente, nas faculdades de «ciências sociais» que produzem pensadores que só encontram empregos públicos pagos pelos sujeitos passivos, a paranóia politicamente correcta anda à solta (ver exemplos no link acima).
À longa lista dessas paranóias adicionemos a «micro-agressão» racista que consiste em dizer que a «América é a terra das oportunidades», porque isso pode ter implícito que aqueles que não tiveram sucesso só podem responsabilizar-se a si próprios. Entendamo-nos: pode-se concordar que mesmo numa terra onde existe, apesar de tudo, mobilidade social e onde o esforço e a competência são valorizados, o insucesso de uma pessoa pode não se dever só a essa pessoa; porém, chamar a isso «micro-agressão» racista é parecido com defender que o sucesso ou o insucesso de uma pessoa depende só dos outros.
As universidades que já foram a pátria do pensamento livre e da livre expressão estão a entrar na idade das trevas.
10/06/2016
ESTADO DE SÍTIO: Rui Moreira e o teste tornassol – é socialista
Na minha juventude, usava-se nas aulas de Físico-Química para determinar o grau de acidez ou alcalinidade o teste tornassol, molhando com o líquido cujo pH se queria medir uma tira de papel absorvente embebido em tornassol - uma substância química extraída de líquenes e solúvel em água. Se o papel ficasse vermelho o líquido era ácido, se azul era básico.
Nos políticos também temos um teste rápido semelhante. É o teste fiscal. Se um político admitir que vai aumentar um qualquer imposto ou taxa a pretexto de um qualquer propósito mirabolante, podemos apostar singelo contra dobrado que é socialista. Exemplo: Rui Moreira, o actual presidente de câmara do Porto, que em tempos se empenachou com um discurso meio-liberal, o mesmo Moreira que pensa dever a TAP vergar-se à sua condição de alcaide e o mesmo que insultou vergonhosamente o alcaide de Vigo, projecta criar taxas «para atenuar a pegada turística na cidade ou adquirir edifícios que a Câmara pretende que não sejam destinados ao turismo». Ainda se fosse para aumentar a pegada turística na cidade.
Nos políticos também temos um teste rápido semelhante. É o teste fiscal. Se um político admitir que vai aumentar um qualquer imposto ou taxa a pretexto de um qualquer propósito mirabolante, podemos apostar singelo contra dobrado que é socialista. Exemplo: Rui Moreira, o actual presidente de câmara do Porto, que em tempos se empenachou com um discurso meio-liberal, o mesmo Moreira que pensa dever a TAP vergar-se à sua condição de alcaide e o mesmo que insultou vergonhosamente o alcaide de Vigo, projecta criar taxas «para atenuar a pegada turística na cidade ou adquirir edifícios que a Câmara pretende que não sejam destinados ao turismo». Ainda se fosse para aumentar a pegada turística na cidade.
CASE STUDY: A revolução digital na indústria automóvel alemã
«Germany’s automakers, auto suppliers, machinery companies, and machine tool builders have long been considered the world’s leaders in manufacturing in large part because of their ability to unlock the potential of software, sensors, networks, and electronic devices on their assembly lines. Now, they are pioneering a new phase of global digital manufacturing that will transform the key processes surrounding the manufacturing of everything from automobiles to trains, planes, machinery, and even kitchens.
By digitizing the processes that govern how a new idea is brought to production (such as R&D, product launch, and testing), sales to delivery (pricing, demand forecasting, order fulfillment), and factory maintenance (including the inventorying of spare parts), German manufacturers in the auto industry and elsewhere are already beginning to significantly improve their margins. By 2030, we estimate there is the potential for manufacturers worldwide to realize an estimated $1.4 trillion upside by taking a page from leading German manufacturers’ playbooks.»
Excerto de «German Manufacturing Is Leading a Digital Industrial Revolution», Thomas Kautzsch, Harvard Business Review
Ao ler o artigo ocorreu-me uma entrevista do Público ao economista Félix Ribeiro, ex-director do departamento de Prospectiva do ministério da Economia, de há meia dúzia de anos onde disse entre outras coisas com grande ligeireza: «A Alemanha tem dois problemas. O primeiro é que é uma economia muito exportadora mas não é inovadora. Não há nada de novo que a Alemanha tenha criado nos últimos 50 anos.» Este e outros juízos de Félix Ribeiro foram na época desmistificados aqui no (Im)pertinências.
By digitizing the processes that govern how a new idea is brought to production (such as R&D, product launch, and testing), sales to delivery (pricing, demand forecasting, order fulfillment), and factory maintenance (including the inventorying of spare parts), German manufacturers in the auto industry and elsewhere are already beginning to significantly improve their margins. By 2030, we estimate there is the potential for manufacturers worldwide to realize an estimated $1.4 trillion upside by taking a page from leading German manufacturers’ playbooks.»
Excerto de «German Manufacturing Is Leading a Digital Industrial Revolution», Thomas Kautzsch, Harvard Business Review
Ao ler o artigo ocorreu-me uma entrevista do Público ao economista Félix Ribeiro, ex-director do departamento de Prospectiva do ministério da Economia, de há meia dúzia de anos onde disse entre outras coisas com grande ligeireza: «A Alemanha tem dois problemas. O primeiro é que é uma economia muito exportadora mas não é inovadora. Não há nada de novo que a Alemanha tenha criado nos últimos 50 anos.» Este e outros juízos de Félix Ribeiro foram na época desmistificados aqui no (Im)pertinências.
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Desfazendo ideias feitas,
o saber ocupa lugar
09/06/2016
Curtas e grossas (34) - O presidente Marcelo visto pelo padrinho da geringonça
«Como diria o De Gaulle, o problema do Marcelo Rebelo de Sousa como chefe do Estado são dois: primeiro, não é um chefe, segundo, não manda no Estado.
Falta-lhe autoridade, falta-lhe uma visão, falta resolução. A falta de autoridade é uma consequência das outras coisas.
Pois ... Esta política do afeto funciona mas tem um prazo curto de vida. Já começa a abrandar. Se o Presidente da República é um senhor muito simpático que vai dar beijinhos a toda a gente que encontra e tirar aquelas fotografias com telemóveis ... como é que aquilo se chama?
Não [lhe vejo espessura]. E [Marcelo] não lhes traz nada: dá-lhes dois dedos de conversa e uma famazita local e mais nada, acabou. Nestas condições, que ele começou na campanha e continuou na
Presidência, o Marcelo tem muito pouca autoridade. A autoridade exige uma certa gravitas e uma certa distância, e ele tem pouca autoridade neste momento.
Ele fala de tudo, mas diz lugares comuns sobre tudo, incluindo coisas que não sabe.
Não falar ou dizer o que o Marcelo diz é a mesma coisa.
Não [tem pensamento próprio]. Continua a dizer, como o Cavaco, que é preciso que os portugueses se entendam. Esse é um desejo centenário e os portugueses nem por isso se entenderam.»
Excertos da entrevista ao Expresso de Vasco Pulido Valente
Falta-lhe autoridade, falta-lhe uma visão, falta resolução. A falta de autoridade é uma consequência das outras coisas.
Pois ... Esta política do afeto funciona mas tem um prazo curto de vida. Já começa a abrandar. Se o Presidente da República é um senhor muito simpático que vai dar beijinhos a toda a gente que encontra e tirar aquelas fotografias com telemóveis ... como é que aquilo se chama?
Não [lhe vejo espessura]. E [Marcelo] não lhes traz nada: dá-lhes dois dedos de conversa e uma famazita local e mais nada, acabou. Nestas condições, que ele começou na campanha e continuou na
Presidência, o Marcelo tem muito pouca autoridade. A autoridade exige uma certa gravitas e uma certa distância, e ele tem pouca autoridade neste momento.
Ele fala de tudo, mas diz lugares comuns sobre tudo, incluindo coisas que não sabe.
Não falar ou dizer o que o Marcelo diz é a mesma coisa.
Não [tem pensamento próprio]. Continua a dizer, como o Cavaco, que é preciso que os portugueses se entendam. Esse é um desejo centenário e os portugueses nem por isso se entenderam.»
Excertos da entrevista ao Expresso de Vasco Pulido Valente
Pro memoria (311) - Mota-Engil – a construtora do regime
Passaram por lá ou ainda lá estão:
e, last but not least,
- Jorge Coelho, ex-ministro das Obras Públicas do PS
- Luís Parreirão, ex-secretário das Obras Públicas do PS
- Luís Valente de Oliveira, ex-ministro das Obras Públicas do PSD
- António Lobo Xavier, ex-deputado do CDS
- Francisco Seixas Costas, ex-secretário de Estado do PS
e, last but not least,
- Paulo Portas, ex-quase tudo.
08/06/2016
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Here we go again (13)
Segundo os dados da Autoridade de Supervisão de Seguros, estavam seguros em 2015 um total de cerca de 7 milhões de veículos. Admitindo que todos os veículos existentes estavam seguros, com cerca de 700 veículos por mil habitantes somos um dos países do mundo mais motorizados, apenas ultrapassados na União Europeia pelo Luxemburgo e Malta.
Para manter uma idade média em torno de 10 anos precisaremos de importar anualmente em média 700 mil veículos, algo que no mínimo representará uns 4 anos de exportações da AutoEuropa ou uns 6% do PIB ou o equivalente a duas vezes o défice público máximo admitido nos tratados.
Para manter uma idade média em torno de 10 anos precisaremos de importar anualmente em média 700 mil veículos, algo que no mínimo representará uns 4 anos de exportações da AutoEuropa ou uns 6% do PIB ou o equivalente a duas vezes o défice público máximo admitido nos tratados.
ESTADO DE SÍTIO: Estratégia de desvalorizar os bancos portugueses? Para quê? Não há necessidade
João Salgueiro costumava ser um economista e gestor competente e sagaz, mas da idade não decorre necessariamente sabedoria, só decorre necessariamente velhice. Por isso, não fiquei demasiado surpreendido com as teorias da conspiração que Salgueiro, Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix construíram para dar à luz mais um manifesto: «Reconfiguração da Banca em Portugal – Desafios e Linhas Vermelhas». Teorias da conspiração a que Salgueiro agora deu um nome: «a estratégia de desvalorizar os bancos portugueses antes de serem vendidos». Estratégia de autores desconhecidos mas que, dados os exemplos mencionados, se poderia atribuir a espanhóis e angolanos.
Estratégia significa uma orientação deliberada para alcançar certos objectivos. Explique lá o Dr. Salgueiro para que diabo é precisa uma estratégia para desvalorizar os bancos portugueses se os seus accionistas, com a preciosa mas dispensável ajuda de quase todos os governos que temos tido, fazem isso há décadas melhor do que quaisquer potenciais compradores.
Estratégia significa uma orientação deliberada para alcançar certos objectivos. Explique lá o Dr. Salgueiro para que diabo é precisa uma estratégia para desvalorizar os bancos portugueses se os seus accionistas, com a preciosa mas dispensável ajuda de quase todos os governos que temos tido, fazem isso há décadas melhor do que quaisquer potenciais compradores.
07/06/2016
Dúvidas (160) - «Will he become my new best friend?», pergunta-se o Donald a respeito do Vladimir Vladimirovitch
Mural em Vilnius, Lithuania (Fonte) |
«Do you think Putin will be going to The Miss Universe Pageant in November in Moscow—if so, will he become my new best friend?» tuitou o Donald.
[Donald] «says he wants to move to another level of relations, to closer and deeper relations with Russia—how can we not welcome that?» respondeu o Vladimir Vladimirovitch. (Fonte)
[Donald] «says he wants to move to another level of relations, to closer and deeper relations with Russia—how can we not welcome that?» respondeu o Vladimir Vladimirovitch. (Fonte)
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delírios pontuais,
Les bons esprits se rencontrent
ESTADO DE SÍTIO: Lóbi? Qual lóbi? Coragem? Qual coragem?
«É por isso que temos um ministro, com coragem para enfrentar os lóbis...» disse Costa no congresso do PS.
Ficou claro que se referia a Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação. E quanto ao lóbi? Referia-se ao lóbi dos colégios particulares? Ou ao lóbi muito mais poderoso da Fenprof, 125 mil professores com empregos vitalícios e os zingarelhos PCP e BE da geringonça?
Ficou claro que se referia a Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação. E quanto ao lóbi? Referia-se ao lóbi dos colégios particulares? Ou ao lóbi muito mais poderoso da Fenprof, 125 mil professores com empregos vitalícios e os zingarelhos PCP e BE da geringonça?
06/06/2016
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (34)
Outras avarias da geringonça.
Finalmente ficou resolvida a greve dos estivadores do porto de Lisboa, que já estava resolvida há 4 meses pela ministra do Mar com o tal «acordo de paz social». A geringonça é imbatível: resolve os problemas pelo menos duas vezes. O acordo mais recente (não necessariamente o último) está aqui descrito na versão oficiosa pelo jornal oficioso. Para versões não oficiosas pode ler-se aqui os antecedentes e ali os consequentes.
Resta-me acrescentar a este respeito uns pequenos pormenores: (1) os operadores só podem contratar quem o sindicato quiser; (2) os estivadores terão promoções automáticas, (3) os aumentos serão superiores a 40% (600€ para 850€) nas categorias mais baixas e (4) os salários das categorias mais altas são muito superiores aos do Porto de Leixões - exemplo do nível IV: 1.903€ contra 933€. Estão assim criadas as condições para continuar a decadência do porto de Lisboa cuja quota já desceu metade e representa agora 10% do total do portos portugueses.
Finalmente ficou resolvida a greve dos estivadores do porto de Lisboa, que já estava resolvida há 4 meses pela ministra do Mar com o tal «acordo de paz social». A geringonça é imbatível: resolve os problemas pelo menos duas vezes. O acordo mais recente (não necessariamente o último) está aqui descrito na versão oficiosa pelo jornal oficioso. Para versões não oficiosas pode ler-se aqui os antecedentes e ali os consequentes.
Resta-me acrescentar a este respeito uns pequenos pormenores: (1) os operadores só podem contratar quem o sindicato quiser; (2) os estivadores terão promoções automáticas, (3) os aumentos serão superiores a 40% (600€ para 850€) nas categorias mais baixas e (4) os salários das categorias mais altas são muito superiores aos do Porto de Leixões - exemplo do nível IV: 1.903€ contra 933€. Estão assim criadas as condições para continuar a decadência do porto de Lisboa cuja quota já desceu metade e representa agora 10% do total do portos portugueses.
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