Auditors at work
«Há anos que me interrogo sobre o que leva Mário Soares a falar de questões que não domina. Ontem, a propósito das assimetrias sociais em Portugal (problema gravíssimo), Soares falou, no “DN”, sobre várias matérias: globalização, neoliberalismo, papel do Estado... Do que disse, destaco o ataque à globalização, a quem responsabiliza pelos problemas do mundo, e o apelo ao fortalecimento do Estado, a quem pede para “não entregar a riqueza aos privados” (tirada curiosa, vinda de quem iniciou a abertura da economia aos privados).Só faltou perguntar: onde está a riqueza criada pelo Estado que Mário Soares pede para não entregar aos «privados»?
Na questão da globalização, Soares parece não saber que a queda das barreiras alfandegárias tirou da miséria mais de 150 milhões de chineses e centenas de milhões de indianos, coreanos, vietnamitas, brasileiros e mexicanos. Por outro lado, esquece-se de que foram os preços baixos, filhos da globalização, que permitiram ao mundo ter hoje acesso a coisas que, sem ela, não poderia pagar.
É impressionante como alguém a quem o País tanto deve (é também graças a si que hoje posso escrever estas linhas) assine um texto que podia ter sido parido por Hugo Chávez ou Fidel Castro.
Compreende-se que Soares queira, em nome da ala esquerda do PS, manietar Sócrates, mas para isso não precisa de fazer má figura. É que a globalização fez mais pelo combate à miséria e democratização do bem-estar, no mundo, do que todas as políticas socialistas juntas desde Marx e Engels.»
Décadas depois da Europa ter abandonado o colonialismo, ainda defendiamos o «Ultramar». Décadas após a queda dos regimes de inspiração fascista na Europa, ainda tínhamos o Botas, a Mocidade Portuguesa e a Legião. Décadas depois da Europa ter abandonado as nacionalizações, estávamos a nacionalizar 30% do VAB. Décadas após o declínio dos partidos comunistas e da dissolução do esquerdismo, assistimos a um segundo fôlego do PCP e do Berloque de Esquerda.
[daqui]
A única coisa que parece continuar a correr bem é o saque dos sujeitos passivos. O primeiro quadrimestre viu a receita de impostos directos aumentar 7,2% e a do IVA aumentar 5%. A despesa corrente primária do Estado aumentou 3,6%, mais de 1 ponto percentual acima da inflacção, evidenciando a boa saúde do monstro que o professor Cavaco recebeu dos seus antecessores, alimentou com zelo e legou aos seus sucessores. Estes, honra lhes seja feita, têm-se portado à altura da insaciável voracidade do Moloch.
Secção Padre Anchieta

«Na cerimónia de apresentação de um novo projecto da tecnológica alemã Qimonda, realizada hoje em Vila do Conde, José Sócrates, citado pela agência Lusa salientou que "Portugal tem hoje um 'cluster' nas energias renováveis que não tinha há três anos", tendo acrescentado que o país "está agora a produzir o que antes era importado porque era demasiado sofisticado para ser feito em Portugal".» (Diário Económico)