Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
31/01/2014
Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (12) – A razão da sua existência está suspensa/terminou (cortar conforme o gosto) por estarem vazios os cofres
«É grave os partidos socialistas terem esquecido a razão da sua existência», disse António Costa, o actual presidente da câmara de Lisboa com obra de consolidação da obra dos seus antecessores, a estagiar para putativo futuro líder do PS e primeiro-ministro ou presidente da República, consoante os gostos, em entrevista ao Negócios. Parece tê-lo dito a propósito do seu camarada François Hollande que, no intervalo das visitas à sua actual namorada e putativa futura primeira-dama, terá tido um episódio de lucidez pontual, talvez percebendo a falência das receitas da sua família política.
DIÁRIO DE BORDO: O céu visto da terra (1)
Pôr-do-sol durante uma tempestade no centro de Nebrasca em 17-08-2005 (Foto Mike Hollingshead, via Wired) |
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delírios pontuais
30/01/2014
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (80) – Um partido, duas colecções
Pergunta Helena Matos, acabadinha de chegar da Lua: «este PS que agora tenta move mundos e fundos para impedir o Governo português de vender em leilão internacional as 85 obras de Joan Miró provenientes da colecção que pertencia ao Banco Português de Negócios (BPN) é o mesmo PS que em 2005 estava no Governo e deixou sair esta colecção de Portugal? É que da mesma colecção faziam parte quadros de Canaletto, Fragonard, Guardi, Boucher…»
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a memória dos povos é curta,
ética republicana,
inconstitucional
Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (75) – O estado do Estado da União não é grande coisa
A seguir a «Hope», «Change» e «Yes we can» segue-se «Action» (nos salários e nas poupanças) depois de 5 anos na Casa Branca. Quanto a Guantánamo, que seria encerrada logo após a inauguration, pouco depois já seria no meio do 1.º mandato, após dois anos «it's probably gonna be a while», quatro anos depois os presos seriam transferidos para prisões no EU e no discurso do Estado da Nação espera-se que o Congresso remova os obstáculos.
Por essas (e por outras), não admira que, segundo o relatório da reputada Rasmussen sobre o discurso de Obama, «62% See State of the Union Speech As Just for Show».
Moral da estória (outra vez): é possível enganar todos durante algum tempo, é possível enganar alguns sempre, não é possível enganar todos, toda a vida.
Por essas (e por outras), não admira que, segundo o relatório da reputada Rasmussen sobre o discurso de Obama, «62% See State of the Union Speech As Just for Show».
Moral da estória (outra vez): é possível enganar todos durante algum tempo, é possível enganar alguns sempre, não é possível enganar todos, toda a vida.
«Just for Show» |
29/01/2014
CASE STUDY: Um imenso Portugal (7)
Uma espécie de sequela de (1), (2), (3), (4), (5) e (6) e um ponto de situação do estado em que o socialismo tropical do PT de Lula da Silva e da «presidenta» Dilma está a deixar o Brasil, depois de 8 anos de 1995 a 2002 em que Fernando Henrique Cardoso domou a inflação endémica e lançou as bases para uma economia moderna e competitiva. Desta vez, sirvo-me de um «manifesto» do actor Marcelo Madureira enviado pela minha parentela de Belzonte que dá exemplos da socialização da incompetência e da corrupção que o PT tem cultivado no chão fértil do país .
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: A estrada do socialismo para o capitalismo tem muitos buracos
«WHEN the Cuban government said in December that it intended to let the population buy modern cars without requiring permits, many suspected there would be a catch. They were right.
The cars, which can only be bought through state-owned suppliers, cost a fortune. A 2013 Peugeot 508, marketed in Europe as an affordable saloon car costing around $30,000, has a price tag of more than a quarter of a million dollars at a rundown showroom in Havana. A Chinese Geely, with more than 80,000 kilometres (50,000 miles) on the clock, is on sale for around $30,000. The average salary in Cuba is less than $20 a month. “What do they think they are selling? Aeroplanes?” jokes Erik, a handyman, as he looks at the price-list. “They don’t want to sell any cars. It’s all a show,” agrees Ernesto, a mechanic. (...)
“There could hardly be a stronger signal that this remains a controlled economy,” says one Havana-based diplomat. Since taking over as president from his brother Fidel in 2008, Raúl Castro has taken some steps to reduce the state’s economic role. He has allowed small-scale self-employment, permitted Cubans to buy houses and given private farmers more autonomy to grow and sell their produce. But he has always insisted such reforms will be “without haste”. Now there are signs that he is deliberately slowing things down.
On January 1st, the 55th anniversary of the revolution, Mr Castro gave a speech in Santiago, Cuba’s second-largest city. He made no mention of further reform, instead castigating unnamed foreign groups for attempting to introduce “neoliberal” and “neocolonial” thinking.»
«Seat belt, mirrors, brake», Economist
The cars, which can only be bought through state-owned suppliers, cost a fortune. A 2013 Peugeot 508, marketed in Europe as an affordable saloon car costing around $30,000, has a price tag of more than a quarter of a million dollars at a rundown showroom in Havana. A Chinese Geely, with more than 80,000 kilometres (50,000 miles) on the clock, is on sale for around $30,000. The average salary in Cuba is less than $20 a month. “What do they think they are selling? Aeroplanes?” jokes Erik, a handyman, as he looks at the price-list. “They don’t want to sell any cars. It’s all a show,” agrees Ernesto, a mechanic. (...)
“There could hardly be a stronger signal that this remains a controlled economy,” says one Havana-based diplomat. Since taking over as president from his brother Fidel in 2008, Raúl Castro has taken some steps to reduce the state’s economic role. He has allowed small-scale self-employment, permitted Cubans to buy houses and given private farmers more autonomy to grow and sell their produce. But he has always insisted such reforms will be “without haste”. Now there are signs that he is deliberately slowing things down.
On January 1st, the 55th anniversary of the revolution, Mr Castro gave a speech in Santiago, Cuba’s second-largest city. He made no mention of further reform, instead castigating unnamed foreign groups for attempting to introduce “neoliberal” and “neocolonial” thinking.»
«Seat belt, mirrors, brake», Economist
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28/01/2014
DIÁRIO DE BORDO: A terra vista do céu (21)
Reflexos da luz do Sol no mar em volta das Canárias, foto do satélite Terra da NASA em 15-06-2013 (Via Wired) |
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27/01/2014
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (79) – Onde estava o Pedro?
Picados pelas revelações de Olli Rehn, que recordou ter um ano antes alertado Teixeira dos Santos para a probabilidade do pedido de resgate, alerta ao qual Sócrates, os seus ministros e o PS fizeram orelhas moucas, vários dirigentes socialistas fizeram comentários tentando limpar a sua folha e a do clã socrático.
Um desses dirigentes foi Pedro Silva Pereira, o alter ego do senhor engenheiro, que escreve um artigo com o curioso título «Onde estava o Olli?» onde acusa o comissário Rehn de mentir em público sobre o que teria dito em privado, citando várias declarações públicas do próprio e de terceiros, onde em coro todos juravam que não seria preciso o resgate, antes, ou que garantiram ter ficado surpreendidos, depois.
Silva Pereira tem razão quando diz que o Olli e os outros fizeram declarações públicas sobre a não inevitabilidade do resgate. Apenas esquece que, o Olli, os outros e ele próprio, todos mentem quando lhes é conveniente e, neste caso concreto, esperaria ele que os responsáveis europeus falassem em público da inevitabilidade do resgate a Portugal, precipitando-o?
Silva Pereira termina com a inevitável ladainha socrática - «Portugal só pediu ajuda externa quando foi encostado à parede» - como que a garantir que não esqueceu nada nem apreendeu nada. De onde me permito perguntar onde estava o Pedro? E me permito responder com as palavras que o seu camarada Ferro Rodrigues, com a autoridade que lhe advém dos silêncios durante a caminhada para a falência do Estado, usou para descrever o que o governo anda a fazer: o Pedro estava entretido a «negar a realidade», ontem, quando metia a cabeça na areia para não ver que o dinheiro na tesouraria nem chegava para os salários dos funcionários públicos, como hoje, quando escreve sobre o passado.
Um desses dirigentes foi Pedro Silva Pereira, o alter ego do senhor engenheiro, que escreve um artigo com o curioso título «Onde estava o Olli?» onde acusa o comissário Rehn de mentir em público sobre o que teria dito em privado, citando várias declarações públicas do próprio e de terceiros, onde em coro todos juravam que não seria preciso o resgate, antes, ou que garantiram ter ficado surpreendidos, depois.
Silva Pereira tem razão quando diz que o Olli e os outros fizeram declarações públicas sobre a não inevitabilidade do resgate. Apenas esquece que, o Olli, os outros e ele próprio, todos mentem quando lhes é conveniente e, neste caso concreto, esperaria ele que os responsáveis europeus falassem em público da inevitabilidade do resgate a Portugal, precipitando-o?
Silva Pereira termina com a inevitável ladainha socrática - «Portugal só pediu ajuda externa quando foi encostado à parede» - como que a garantir que não esqueceu nada nem apreendeu nada. De onde me permito perguntar onde estava o Pedro? E me permito responder com as palavras que o seu camarada Ferro Rodrigues, com a autoridade que lhe advém dos silêncios durante a caminhada para a falência do Estado, usou para descrever o que o governo anda a fazer: o Pedro estava entretido a «negar a realidade», ontem, quando metia a cabeça na areia para não ver que o dinheiro na tesouraria nem chegava para os salários dos funcionários públicos, como hoje, quando escreve sobre o passado.
DIÁRIO DE BORDO: Lugar-comum
Novo termo a adicionar ao Glossário das Impertinências (a mando do Pertinente):
Um lugar procurado com afinco por legiões de criaturas de esquerda, de direita e de centro que para o ocupar se apresentam disponíveis (as criaturas mais desesperadas), se declaram em reflexão (os mais receosos), recusam, salvo se a salvação da pátria os reclamar (os a fazerem-se difíceis) ou esperam uma vaga de fundo (uma dúzia de jornalistas de causas aderentes à sua causa).
Exemplo mais notório de lugar-comum: o lugar no palácio de Belém, para o qual, a anos de distância das próximas eleições, se encontram proto candidatos empurrando-se uns aos outros na fila de espera para ter a bênção de um promotor - por exemplo o Dr. Soares, o promotor mais prolixo. Nalguns casos, os putativos candidatos são empurrados pelo putativo promotor.
E, ainda tomando como exemplo o poiso em Belém, porquê a atracção? Como a pergunta já está respondida, vou citar a resposta de há uma década.
Uma teoria conspirativa: é mais barato e mais agradável ser presidente da República do que líder da oposição, que implica suportar a travessia do deserto do poder, aguentar uma cambada de potenciais traidores escondendo as navalhas da traição nas calças da pouca-vergonha e suportar uma infinita corja de medíocres ansiando por uma sinecura, tudo isto apenas mitigado pelo séquito de seguidores incondicionais, que vai minguando, na medida em que mingua a esperança do governo de serviço cair.
Mais importante do que perceber o porquê daquelas almas se sentirem atraídas pela presidência, quais borboletas pelo candeeiro, é perceber as causas da popularidade da coisa. Porquê a populaça venera tal comportamento, que outras populaças doutras paragens achariam irresponsável e oportunista?
Deve haver algo nas profundezas da alma lusitana que o explica. Algo que leva os portugueses a criarem mecanismos sociais e políticos para entropicar a sua vida. O Impertinente acredita que a coisa remonta à ocupação da Lusitânia pelo império, se não antes – não é verdade que um governador romano escreveu ao imperador, lamentando-se, resignado, que os povos indígenas não ser governavam nem se deixavam governar?
Lugar-comum
Um lugar procurado com afinco por legiões de criaturas de esquerda, de direita e de centro que para o ocupar se apresentam disponíveis (as criaturas mais desesperadas), se declaram em reflexão (os mais receosos), recusam, salvo se a salvação da pátria os reclamar (os a fazerem-se difíceis) ou esperam uma vaga de fundo (uma dúzia de jornalistas de causas aderentes à sua causa).
Exemplo mais notório de lugar-comum: o lugar no palácio de Belém, para o qual, a anos de distância das próximas eleições, se encontram proto candidatos empurrando-se uns aos outros na fila de espera para ter a bênção de um promotor - por exemplo o Dr. Soares, o promotor mais prolixo. Nalguns casos, os putativos candidatos são empurrados pelo putativo promotor.
E, ainda tomando como exemplo o poiso em Belém, porquê a atracção? Como a pergunta já está respondida, vou citar a resposta de há uma década.
Uma teoria conspirativa: é mais barato e mais agradável ser presidente da República do que líder da oposição, que implica suportar a travessia do deserto do poder, aguentar uma cambada de potenciais traidores escondendo as navalhas da traição nas calças da pouca-vergonha e suportar uma infinita corja de medíocres ansiando por uma sinecura, tudo isto apenas mitigado pelo séquito de seguidores incondicionais, que vai minguando, na medida em que mingua a esperança do governo de serviço cair.
Mais importante do que perceber o porquê daquelas almas se sentirem atraídas pela presidência, quais borboletas pelo candeeiro, é perceber as causas da popularidade da coisa. Porquê a populaça venera tal comportamento, que outras populaças doutras paragens achariam irresponsável e oportunista?
Deve haver algo nas profundezas da alma lusitana que o explica. Algo que leva os portugueses a criarem mecanismos sociais e políticos para entropicar a sua vida. O Impertinente acredita que a coisa remonta à ocupação da Lusitânia pelo império, se não antes – não é verdade que um governador romano escreveu ao imperador, lamentando-se, resignado, que os povos indígenas não ser governavam nem se deixavam governar?
26/01/2014
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Match point
Secção Still crazy after all these years
Na Li, uma tenista chinesa de 32 anos, actual n.º 4 do ranking, depois de duas presenças na final venceu ontem pela primeira vez o Open da Austrália. Ganha 4 afonsos assim distribuídos: 2 pela vitória onde esmagou no 2.º set a novata Dominika Cibulkova (que merecia 2 afonsos por ter derrotado Sharapova) e outros 2 pelo discurso de aceitação agradecendo com notável sentido de humor ao agente («Max made me rich») e ao marido Jiang Shang («Thanks to my husband, now so famous in China. He's my hitting partner, fixes the drinks, fixes the rackets. You do a lot of jobs. Thanks a lot. You are a nice guy. You were lucky to find me»). Só não faz o pleno dos 5 afonsos porque se esqueceu de mencionar o seu treinador Carlos Rodriguez a quem deve muito da vitória.
Stan Wawrinka, um jogador suíço com 28 anos, actual n.º 8 do ranking ATP, ganhou hoje o seu primeiro torneio grand slam contra o n.º 1 Rafa Nadal, depois de ter sido derrotados 12 vezes em torneios anteriores. Não é coisa pouca derrotar Nadal com 116 pontos contra 88, com 92% de eficácia nas subidas à rede (a chave para atrapalhar o relógio do Rafa), apesar de, na minha modesta opinião, Nadal ser "apenas" um grande jogador (comparado com Federer que é o melhor de sempre) que derrota os seus adversários com a persistência de uma parede. Por isso, Wawrinka leva 5 merecidos afonsos – veja neste vídeo alguns dos pontos de antologia facturados pelo Stan.
É justo adicionar 5 afonsos para Rafa pelo seu carácter (dois sets jogados com dor visível) e desportivismo: «But is the Stan day, not my day. Is the moment to congratulate Stan. He's playing unbelievable. He really deserve to win that title. I very happy for him. He's a great, great guy. He's a good friend of mine. I am really happy for him.»
Na Li, uma tenista chinesa de 32 anos, actual n.º 4 do ranking, depois de duas presenças na final venceu ontem pela primeira vez o Open da Austrália. Ganha 4 afonsos assim distribuídos: 2 pela vitória onde esmagou no 2.º set a novata Dominika Cibulkova (que merecia 2 afonsos por ter derrotado Sharapova) e outros 2 pelo discurso de aceitação agradecendo com notável sentido de humor ao agente («Max made me rich») e ao marido Jiang Shang («Thanks to my husband, now so famous in China. He's my hitting partner, fixes the drinks, fixes the rackets. You do a lot of jobs. Thanks a lot. You are a nice guy. You were lucky to find me»). Só não faz o pleno dos 5 afonsos porque se esqueceu de mencionar o seu treinador Carlos Rodriguez a quem deve muito da vitória.
Stan Wawrinka, um jogador suíço com 28 anos, actual n.º 8 do ranking ATP, ganhou hoje o seu primeiro torneio grand slam contra o n.º 1 Rafa Nadal, depois de ter sido derrotados 12 vezes em torneios anteriores. Não é coisa pouca derrotar Nadal com 116 pontos contra 88, com 92% de eficácia nas subidas à rede (a chave para atrapalhar o relógio do Rafa), apesar de, na minha modesta opinião, Nadal ser "apenas" um grande jogador (comparado com Federer que é o melhor de sempre) que derrota os seus adversários com a persistência de uma parede. Por isso, Wawrinka leva 5 merecidos afonsos – veja neste vídeo alguns dos pontos de antologia facturados pelo Stan.
É justo adicionar 5 afonsos para Rafa pelo seu carácter (dois sets jogados com dor visível) e desportivismo: «But is the Stan day, not my day. Is the moment to congratulate Stan. He's playing unbelievable. He really deserve to win that title. I very happy for him. He's a great, great guy. He's a good friend of mine. I am really happy for him.»
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ESTÓRIA E MORAL: Um título que encerra toda uma moral
Estória
«João Esteves tinha 45 anos e vivia em Lisboa. No dia 15 janeiro apanhou um avião no aeroporto da Portela com destino ao aeroporto londrino de Gatwick, esperançoso de ter uma vida melhor, e sem suspeitar que o maior azar da sua vida foi não ter perdido o avião.»
Como não tinha alojamento e não encontrou lugar num centro de apoio em Crawley, onde lhe deram «uma bebida quente, comida e agasalhos», foi dormir na rua. Durante a noite foi agredido na cabeça e veio a morrer no hospital.
«João Esteves foi assassinado à procura de emprego em Londres», foi o título perfeito que a jornalista de causas do Expresso deu à estória.
Moral
Emigrar é perigoso e procurar trabalho pode ser mortal.
«João Esteves tinha 45 anos e vivia em Lisboa. No dia 15 janeiro apanhou um avião no aeroporto da Portela com destino ao aeroporto londrino de Gatwick, esperançoso de ter uma vida melhor, e sem suspeitar que o maior azar da sua vida foi não ter perdido o avião.»
Como não tinha alojamento e não encontrou lugar num centro de apoio em Crawley, onde lhe deram «uma bebida quente, comida e agasalhos», foi dormir na rua. Durante a noite foi agredido na cabeça e veio a morrer no hospital.
«João Esteves foi assassinado à procura de emprego em Londres», foi o título perfeito que a jornalista de causas do Expresso deu à estória.
Moral
Emigrar é perigoso e procurar trabalho pode ser mortal.
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25/01/2014
Pro memoria (162) – O lugar do outro (II)
O ano passado, por esta altura, escrevi aqui que o Tribunal Constitucional (TC) fazia o papel do executivo, o executivo fazia o papel de apresentador dos estudos do FMI e o presidente da República fazia o papel do TC produzindo um documento com 29 páginas, que se recusou a divulgar publicamente (estaria em segredo de justiça?), onde explicou ao TC o que este deve acordar.
Durante todo o resto do ano o país continuou, como habitualmente, contaminado pela síndrome do lugar do outro e, com as eleições autárquicas, uma fornada de novos vereadores ficaram habilitados a mostrar vocações para secretários de estado, ministros, primeiros-ministros e até presidentes de repúblicas. Foi o caso, no princípio da semana passada, de Rui Moreira que desafiou Bruxelas e no fim da semana já «exige entrar na negociação de fundos comunitários».
Tudo indica que o presidente da câmara do Porto está com dificuldades em compatibilizar o seu pletórico ego com a modéstia do lugar. Vamos certamente continuar a ouvir a criatura a falar em bicos de pés para as câmaras de eco mediáticas tentando, eventualmente, fazer parte da legião de proto candidatos a PR, lugar para o qual há tantos pretendentes que poderíamos chamar-lhe lugar-comum – releia-se, a propósito o post do Impertinente «A atracção por Belém - a lista dos que não se excluem não pára de crescer».
[Novo termo a adicionar ao Glossário das Impertinências: lugar-comum]
Durante todo o resto do ano o país continuou, como habitualmente, contaminado pela síndrome do lugar do outro e, com as eleições autárquicas, uma fornada de novos vereadores ficaram habilitados a mostrar vocações para secretários de estado, ministros, primeiros-ministros e até presidentes de repúblicas. Foi o caso, no princípio da semana passada, de Rui Moreira que desafiou Bruxelas e no fim da semana já «exige entrar na negociação de fundos comunitários».
Tudo indica que o presidente da câmara do Porto está com dificuldades em compatibilizar o seu pletórico ego com a modéstia do lugar. Vamos certamente continuar a ouvir a criatura a falar em bicos de pés para as câmaras de eco mediáticas tentando, eventualmente, fazer parte da legião de proto candidatos a PR, lugar para o qual há tantos pretendentes que poderíamos chamar-lhe lugar-comum – releia-se, a propósito o post do Impertinente «A atracção por Belém - a lista dos que não se excluem não pára de crescer».
[Novo termo a adicionar ao Glossário das Impertinências: lugar-comum]
24/01/2014
ESTADO DE SÍTIO: Um Estado gordo e fraco onde os coronéis disputam o poder aos juízes
Os coronéis de hoje não devem ser os mesmos que, depois de terem organizado um golpe de estado inspirado nas suas reivindicações corporativas, fugiram às suas responsabilidades nas colónias há 40 anos, deixando-as entregues a exércitos tribais que se dizimaram durante 3 décadas. Se estão isentos dessas responsabilidades não estão isentos do ridículo de falar de revoluções das quais não participaram.
Por isso, se o ridículo matasse, a direcção da AOFA (Associação de Oficiais das Forças Armadas), representada por dois coronéis, não teria sobrevivido aos dislates produzidos numa conferência de imprensa, perante uma audiência de jornalistas de causas atentos, veneradores e gratos, onde deixou implícita a sua disponibilidade revolucionária («as revoluções não se anunciam, fazem-se») e falou em nome dos portugueses que não os mandataram para falar em seu nome («os portugueses estão a ser cozidos dentro de uma panela. E se para nos libertarmos tivermos de queimar o cozinheiro, o problema é dele!»).
Esta gente está enganada na latitude, na longitude ou na época. Alguém lhes deveria dizer que não compete a ninguém, muito menos à tropa, «consertar» o resultado de eleições legítimas.
Por isso, se o ridículo matasse, a direcção da AOFA (Associação de Oficiais das Forças Armadas), representada por dois coronéis, não teria sobrevivido aos dislates produzidos numa conferência de imprensa, perante uma audiência de jornalistas de causas atentos, veneradores e gratos, onde deixou implícita a sua disponibilidade revolucionária («as revoluções não se anunciam, fazem-se») e falou em nome dos portugueses que não os mandataram para falar em seu nome («os portugueses estão a ser cozidos dentro de uma panela. E se para nos libertarmos tivermos de queimar o cozinheiro, o problema é dele!»).
Esta gente está enganada na latitude, na longitude ou na época. Alguém lhes deveria dizer que não compete a ninguém, muito menos à tropa, «consertar» o resultado de eleições legítimas.
De boas intenções está o inferno cheio (19) – Os portugueses são muito imaginativos
Segundo o «Guia do Mercado Laboral 2014» da Hays, citado pelo Económico, baseado em entrevistas e inquéritos a 4.000 profissionais qualificados de 800 empresas, 80% desses profissionais estariam disponíveis para trabalhar no estrangeiro, percentagem que em 2009 era de 70%.
Sabe-se lá porquê, lembrei-me daqueles estudos baseados em inquéritos que periodicamente demonstram estarem os portugueses no topo dos povos que mais praticam sexo. Talvez seja uma partida das minhas sinapses, já gastas de tanto faiscar, mas tenho uma ténue recordação de ter lido num desses estudos que uma percentagem considerável de tugas afirmava ser junto à lareira o seu local preferido para praticar sexo – logo a lareira, um dispositivo presente apenas numa pequena percentagem de fogos, passe o trocadilho. Se isto for apenas fruto de curto-circuito nas minhas sinapses, garanto apagar o post sobre as alegadas mentiras do Sr. Eng. Sócrates a propósito do falecido Eusébio da Silva Ferreira.
Sabe-se lá porquê, lembrei-me daqueles estudos baseados em inquéritos que periodicamente demonstram estarem os portugueses no topo dos povos que mais praticam sexo. Talvez seja uma partida das minhas sinapses, já gastas de tanto faiscar, mas tenho uma ténue recordação de ter lido num desses estudos que uma percentagem considerável de tugas afirmava ser junto à lareira o seu local preferido para praticar sexo – logo a lareira, um dispositivo presente apenas numa pequena percentagem de fogos, passe o trocadilho. Se isto for apenas fruto de curto-circuito nas minhas sinapses, garanto apagar o post sobre as alegadas mentiras do Sr. Eng. Sócrates a propósito do falecido Eusébio da Silva Ferreira.
DIÁRIO DE BORDO: a passarada que me visita (23)
Quatro petinhas-dos-prados (Anthus pratensis) como que a interrogarem-se: o que é que este passarão quer? |
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23/01/2014
Títulos inspirados (21) - «Rui Moreira desafia Bruxelas»
Assim de repente, mas sem surpresa, Rui Moreira assume-se como uma espécie de porta-voz da Nação, adoptando a conhecida boutade «o Porto é uma Nação». Deve haver uma explicação para esta obsessão de presidentes das câmaras falarem em nome do país – ele é o do Porto, ele é o de Lisboa, sem esquecer o case study do presidente das ilhas da Madeira e Porto Santo.
CASE STUDY: Um imenso Portugal (6)
Uma espécie de sequela de (1), (2), (3), (4) e (5) e um ponto de situação do estado em que o socialismo tropical do PT de Lula da Silva e da «presidenta» Dilma está a deixar o Brasil, depois de 8 anos de 1995 a 2002 em que Fernando Henrique Cardoso domou a inflação endémica e lançou as bases para uma economia moderna e competitiva. Desta vez, sirvo-me de excertos do artigo recente da revista Veja (*) «As metas e os truques» que denuncia as manobras de manipulação dos indicadores económicos que a «presidenta» partilha com a outra «presidenta» Kirchner, sua vizinha do sul - sempre em nome das boas causas.
22/01/2014
Pro memoria (161) – O que é inconstitucional em Portugal em geral pode não ser no Portugal em particular. Nos Açores por exemplo (II)
(Uma espécie de sequela da constitucionalidade no Kosovo, no Intendente e nos Açores I)
«O Tribunal Constitucional considera que o Governo dos Açores tem o direito de anular, por portas travessas, a redução dos salários dos funcionários públicos definida no Orçamento do Estado.
Supostamente, para compensar os custos da insularidade, na verdade para tratar de forma diferente o que deveria ser igual. Desta vez, não há azar, o artigo 13º da Constituição sobre a igualdade fica suspenso, a bem da autonomia, melhor, da hipocrisia constitucional.»
(Um País, dois regimes, António Costa no Económico)
Fica patente, uma vez mais, que a Constituição a caminho do socialismo suporta qualquer interpretação compatível com essa caminhada.
«O Tribunal Constitucional considera que o Governo dos Açores tem o direito de anular, por portas travessas, a redução dos salários dos funcionários públicos definida no Orçamento do Estado.
Supostamente, para compensar os custos da insularidade, na verdade para tratar de forma diferente o que deveria ser igual. Desta vez, não há azar, o artigo 13º da Constituição sobre a igualdade fica suspenso, a bem da autonomia, melhor, da hipocrisia constitucional.»
(Um País, dois regimes, António Costa no Económico)
Fica patente, uma vez mais, que a Constituição a caminho do socialismo suporta qualquer interpretação compatível com essa caminhada.
21/01/2014
Lost in translation (198) – Em megalomanês esquerdizante «cientista» é alguém que recebe uma bolsa e um «mega-protesto» é um evento com mais de 150 protestantes
«Cientistas prometem 'mega-protesto' em Lisboa
Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) manifesta-se amanhã, frente à sede da Fundação para a Ciência e Tecnologia, contra corte "brutal" de bolsas
Mais de 150 investigadores do Porto, Aveiro e Coimbra deslocam-se amanhã, de manhã, de autocarro, a Lisboa, onde pelas 15h está prevista uma grande manifestação de jovens cientistas de todo o país, em frente à sede da FCT, na Avenida D. Carlos I.»
(Título e texto do mega-Expresso)
Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) manifesta-se amanhã, frente à sede da Fundação para a Ciência e Tecnologia, contra corte "brutal" de bolsas
Mais de 150 investigadores do Porto, Aveiro e Coimbra deslocam-se amanhã, de manhã, de autocarro, a Lisboa, onde pelas 15h está prevista uma grande manifestação de jovens cientistas de todo o país, em frente à sede da FCT, na Avenida D. Carlos I.»
(Título e texto do mega-Expresso)
Pro memoria (160) – Segundo Olli Rehn o governo de Sócrates só reagiu quando já estava encostado à parede
«Segundo o comissário, o processo de ajustamento não teria sido tão doloroso se Portugal tivesse actuado mais cedo, e não apenas quando já estava "encostado à parede", em Abril de 2011, recordando que quase um ano antes, em Junho de 2010, já falava sobre a possibilidade de um programa com o então ministro das Finanças (do governo socialista de José Sócrates), Fernando Teixeira dos Santos.» (Ler o resto aqui.)
A «parede» era neste caso uma tesouraria próxima do zero, insuficiente até para pagar os vencimentos dos funcionários públicos no mês seguinte. Recordemos, a propósito, o gráfico seguinte do Impertinente, publicado o ano passado:
A «parede» era neste caso uma tesouraria próxima do zero, insuficiente até para pagar os vencimentos dos funcionários públicos no mês seguinte. Recordemos, a propósito, o gráfico seguinte do Impertinente, publicado o ano passado:
CASE STUDY: A deriva «liberal» de François Hollande vista pelo pensamento socialista doméstico
A explicação mais simples para a recente deriva «liberal» de François Hollande é a de uma tentativa de sobrevivência face à sua consciência tardia do falhanço das receitas socialistas numa Europa envelhecida e endividada - na Europa e noutros sítios, mas por agora ficamos pela Europa. Hollande será tudo menos um precursor. Mitterrand, de cujo governo Hollande foi «chargé de mission» em 1981 na área da economia, quando se deu a grande leva das nacionalizações, também meteu mais tarde o socialismo na gaveta, como son ami Soares em 1983.
20/01/2014
ARTIGO DEFUNTO: «Supremo Tribunal condena BPI por burla informática contra empresa»
Uma sócia-gerente de uma empresa de Braga ao usar o homebanking de um banco foi vítima de pharming através da captura do nome de utilizador e da password que foram usadas posteriormente para uma transferência ilegal da conta de empresa. O pharming é uma fraude informática que consiste em redireccionar a entrada para um site diferente e pode ser conduzida através do hosts file no computador da vítima ou explorando uma vulnerabilidade no servidor DNS (Domain Name System), em ambos os casos sem qualquer intervenção da entidade proprietária do site de destino.
O BPI, banco em causa, começou por recusar qualquer responsabilidade, mais tarde aceitou pagar o montante transferido contra uma declaração de desresponsabilização do banco, que não foi aceite pela empresa, e acabou condenado pelo tribunal a pagar esse montante e ainda uma indemnização por danos morais porque a firma entretanto emitiu um cheque sem cobertura, entrou na lista negra do BdeP, perdeu clientes e acabou por falir.
Pode-se discutir a razoabilidade do procedimento do BPI e se este fez ou não tudo ao seu alcance para prevenir antes ou minimizar depois a fraude, mas o que dizer do título do jornal negócios? Que no mínimo é incompetência no fabrico dos títulos e no máximo difamação.
Declaração de interesse: Sou há mais de 15 anos cliente (nem sempre satisfeito) do BPI e li com preocupação a notícia para constatar o que resumi. No lugar do BPI exigiria uma correcção da notícia - e talvez uma indemnização por danos morais.
O BPI, banco em causa, começou por recusar qualquer responsabilidade, mais tarde aceitou pagar o montante transferido contra uma declaração de desresponsabilização do banco, que não foi aceite pela empresa, e acabou condenado pelo tribunal a pagar esse montante e ainda uma indemnização por danos morais porque a firma entretanto emitiu um cheque sem cobertura, entrou na lista negra do BdeP, perdeu clientes e acabou por falir.
Pode-se discutir a razoabilidade do procedimento do BPI e se este fez ou não tudo ao seu alcance para prevenir antes ou minimizar depois a fraude, mas o que dizer do título do jornal negócios? Que no mínimo é incompetência no fabrico dos títulos e no máximo difamação.
Declaração de interesse: Sou há mais de 15 anos cliente (nem sempre satisfeito) do BPI e li com preocupação a notícia para constatar o que resumi. No lugar do BPI exigiria uma correcção da notícia - e talvez uma indemnização por danos morais.
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artigo defunto
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Finalmente o picareta falante assumiu-se
Passos Coelho na sua moção recusa apoiar um candidato a PR que seja «um protagonista catalisador de qualquer conjunto de contrapoderes ou num catavento de opiniões erráticas». É difícil não concordar.
Sabe-se lá porquê, o Dr. Marcelo Rebelo de Sousa parece ter-se assumido como o «catavento de opiniões erráticas» objecto da moção e ter tirado daí as consequências retirando a sua candidatura a candidato – pelo menos esta semana. Para a semana não sabemos. É mais um a cultivar as flores do ressentimento.
Sabe-se lá porquê, o Dr. Marcelo Rebelo de Sousa parece ter-se assumido como o «catavento de opiniões erráticas» objecto da moção e ter tirado daí as consequências retirando a sua candidatura a candidato – pelo menos esta semana. Para a semana não sabemos. É mais um a cultivar as flores do ressentimento.
DIÁRIO DE BORDO: A terra vista do céu (20)
Ilha de Guadalupe envolvida por vórtices de von Karman, foto de um astronauta da Estação Espacial Internacional em 04-08-2013 (Via Wired) |
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delírios pontuais
19/01/2014
CASE STUDY: O que acontece quando se cortam os subsídios de desemprego?
Esta pergunta é invariavelmente respondida de acordo com vulgata do respondente. A dificuldade de isolar os efeitos dos subsídios de desemprego é geralmente uma boa desculpa para tirar do bolso a resposta tipo.
É por isso que qualquer observação da resposta dos mercados de trabalho a uma alteração destas políticas tem um valor acrescido. Como é o caso, do estado da Carolina do Norte que no Verão passado reduziu a lump sum que paga após o desemprego e o número de semanas do subsídio de desemprego.
A taxa de desemprego subiu para 8,9% em Julho e começou gradualmente, mês após mês, a descer até 7,4% em Novembro, o valor mais desde finais de 2008, 22 mil trabalhadores foram empregados e o número de desempregados desde de 73 mil. Para mais detalhes ver «What happens when jobless benefits are cut? North Carolina may offer clues».
O que significa isto? Que a redução dos subsídios de desemprego aumenta o emprego? Não necessariamente, porque intervieram muitos outros factores e o desemprego diminui igualmente em Estados que não alteraram a política de subsídios de desemprego. Significa, e não é pouco, que a redução dos subsídios de desemprego pode ter em certas circunstâncias efeitos positivos na situação global dos desempregados e não tem necessariamente efeitos negativos, ao arrepio do que costuma ser a tese de estimação da economia de causas.
É por isso que qualquer observação da resposta dos mercados de trabalho a uma alteração destas políticas tem um valor acrescido. Como é o caso, do estado da Carolina do Norte que no Verão passado reduziu a lump sum que paga após o desemprego e o número de semanas do subsídio de desemprego.
A taxa de desemprego subiu para 8,9% em Julho e começou gradualmente, mês após mês, a descer até 7,4% em Novembro, o valor mais desde finais de 2008, 22 mil trabalhadores foram empregados e o número de desempregados desde de 73 mil. Para mais detalhes ver «What happens when jobless benefits are cut? North Carolina may offer clues».
O que significa isto? Que a redução dos subsídios de desemprego aumenta o emprego? Não necessariamente, porque intervieram muitos outros factores e o desemprego diminui igualmente em Estados que não alteraram a política de subsídios de desemprego. Significa, e não é pouco, que a redução dos subsídios de desemprego pode ter em certas circunstâncias efeitos positivos na situação global dos desempregados e não tem necessariamente efeitos negativos, ao arrepio do que costuma ser a tese de estimação da economia de causas.
18/01/2014
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: A propensão para o socialismo, segundo o político que melhor conheceu a alma lusitana
Segundo creio em entrevista ao Diário de Notícias (então, como no PREC, como no pós-PREC e como hoje, um dos jornais do regime) em Dezembro de 1932, menos de 6 meses após ter sido nomeado presidente do Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar, o Botas, proferiu o seguinte juízo premonitório sobre o socialismo e os portugueses:
«Esse socialismo de Estado, que muitos apregoam e aconselham como um regime avançado, seria, na verdade, o sistema ideal para lisonjear o comodismo nato e o delírio burocrático do comum dos portugueses. Nada mais cómodo, mais garantido, mais tranquilo, do que viver à custa do Estado, com a certeza do ordenado no fim do mês e da reforma no fim da vida, sem a preocupação da ruína e da falência.
O socialismo de Estado é o regime burguês por excelência. A tendência para esse regime, entre nós, deve, portanto, procurar-se mais no fundo, falho de iniciativas da nossa raça do que noutras preocupações de ordem social. O Estado não paga muito mal e paga sempre. É-se desonesto, além disso, com maior segurança, com segura esperança de que ninguém repare.
As próprias falências, os desfalques, as irregularidades, se há compadres na governação, são facilmente afastados e os défices cobertos - regalia única! - pelos orçamentos do Estado.»
[Aqui recordado no Portugal Contemporâneo por Joaquim Couto, citando Vivendi]
«Esse socialismo de Estado, que muitos apregoam e aconselham como um regime avançado, seria, na verdade, o sistema ideal para lisonjear o comodismo nato e o delírio burocrático do comum dos portugueses. Nada mais cómodo, mais garantido, mais tranquilo, do que viver à custa do Estado, com a certeza do ordenado no fim do mês e da reforma no fim da vida, sem a preocupação da ruína e da falência.
O socialismo de Estado é o regime burguês por excelência. A tendência para esse regime, entre nós, deve, portanto, procurar-se mais no fundo, falho de iniciativas da nossa raça do que noutras preocupações de ordem social. O Estado não paga muito mal e paga sempre. É-se desonesto, além disso, com maior segurança, com segura esperança de que ninguém repare.
As próprias falências, os desfalques, as irregularidades, se há compadres na governação, são facilmente afastados e os défices cobertos - regalia única! - pelos orçamentos do Estado.»
[Aqui recordado no Portugal Contemporâneo por Joaquim Couto, citando Vivendi]
O antes e o depois do 25 de Abril visto por João Abel Manta |
Dúvidas (36) – Será o mesmo? (II)
Há cerca de um ano tive a seguinte dúvida:
O professor de economia Cavaco Silva, residente em Belém, que disse: «temos urgentemente de pôr cobro a esta espiral recessiva», é o mesmo professor de Economia que durante 5-anos-5 não viu urgência nenhuma em pôr cobro à espiral de bancarrota do Estado português que conduziu o governo de José Sócrates a pedir a intervenção da troika BCE-CE-FMI, da qual resultam as medidas de austeridade geradoras da recessão que o mesmo professor de economia classifica como «espiral»?
Um ano depois tenho uma dúvida semelhante. O professor de economia Cavaco Silva, residente em Belém, que disse o que disse, é o mesmo professor de Economia que agora disse o que se segue no Palácio de Queluz na apresentação de cumprimentos do corpo diplomático acreditado em Portugal?
«Este é um ano crucial para Portugal. Como sabem, em meados de 2014 o Programa de Assistência Económica e Financeira chegará ao fim. Apesar de estarmos ainda a alguns meses deste objectivo, existem razões que nos permitem acreditar que concluiremos este programa com sucesso. Será pois um momento decisivo para o nosso país.»
Mantenho assim, pouco mais ou menos, as dúvidas e também as certezas. «Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»
O professor de economia Cavaco Silva, residente em Belém, que disse: «temos urgentemente de pôr cobro a esta espiral recessiva», é o mesmo professor de Economia que durante 5-anos-5 não viu urgência nenhuma em pôr cobro à espiral de bancarrota do Estado português que conduziu o governo de José Sócrates a pedir a intervenção da troika BCE-CE-FMI, da qual resultam as medidas de austeridade geradoras da recessão que o mesmo professor de economia classifica como «espiral»?
Um ano depois tenho uma dúvida semelhante. O professor de economia Cavaco Silva, residente em Belém, que disse o que disse, é o mesmo professor de Economia que agora disse o que se segue no Palácio de Queluz na apresentação de cumprimentos do corpo diplomático acreditado em Portugal?
«Este é um ano crucial para Portugal. Como sabem, em meados de 2014 o Programa de Assistência Económica e Financeira chegará ao fim. Apesar de estarmos ainda a alguns meses deste objectivo, existem razões que nos permitem acreditar que concluiremos este programa com sucesso. Será pois um momento decisivo para o nosso país.»
Mantenho assim, pouco mais ou menos, as dúvidas e também as certezas. «Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»
17/01/2014
SERVIÇO PÚBLICO: A verdade é como o azeite…
«A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre», é o nosso lema. A verdade também precisa de algum tempo para vir ao de cima. Veja-se e escute-se o vídeo «José Gomes Ferreira e Ricardo Costa na Edição da Noite» da SIC Notícias de ontem à noite, especialmente os comentários de José Gomes Ferreira. Como habitualmente, Ricardo Costa fica a meio caminho entre o jornalismo profissional e as fidelidades às famílias parental e ideológica.
[Uma sugestão de FD do there’s no such thing as too much cheese]
[Uma sugestão de FD do there’s no such thing as too much cheese]
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: A fábula do surto inventivo que nos assola (5)
Outros posts sobre a mesma fábula: 08-08-2010; 28-11-2010; 28-11-2012; 08-12-2013; 16-12-2013; 26-12-2013.
«Uma boa parte da investigação é financiada por dinheiros públicos e não chega à economia real. Não chega a transformar o conhecimento em resultados concretos que depois beneficiem a sociedade como um todo». Não é possível «alimentar um modelo que permita à investigação e à ciência viverem no conforto de estar longe das empresas e da vida real», disse o ministro da Economia Pires de Lima num raro momento de lucidez e coragem para enfrentar os lóbis da «investigação», alinhando com uma das desmistificações de estimação do (Im)pertinências, como se pode confirmar nos posts acima citados.
«Uma boa parte da investigação é financiada por dinheiros públicos e não chega à economia real. Não chega a transformar o conhecimento em resultados concretos que depois beneficiem a sociedade como um todo». Não é possível «alimentar um modelo que permita à investigação e à ciência viverem no conforto de estar longe das empresas e da vida real», disse o ministro da Economia Pires de Lima num raro momento de lucidez e coragem para enfrentar os lóbis da «investigação», alinhando com uma das desmistificações de estimação do (Im)pertinências, como se pode confirmar nos posts acima citados.
16/01/2014
Pro memoria (159) – Os credores parecem acreditar cada vez mais, mas ainda não o suficiente
Ontem realizaram-se dois leilões de Bilhetes do Tesouro no total de 1,25 mil milhões de euros – o limite máximo do intervalo do montante indicativo - com maturidades a 3 meses, cerca de 10% do total, e a 12 meses, o restante, a uma taxa de 0,87%, 40 por cento inferior à da emissão de Novembro passado e a mais baixa desde o final de 2009.
Há a parte positiva desta notícia – os credores estão a acreditar mais na capacidade do país cumprir as suas obrigações financeiras. E há a parte negativa – se medirmos a credibilidade pelos yields, hoje os credores acreditam neste governo mais ou menos o mesmo que acreditavam no governo chefiado por José Sócrates com as Finanças entregues a Teixeira dos Santos por volta dos finais de há 4 anos.
Há a parte positiva desta notícia – os credores estão a acreditar mais na capacidade do país cumprir as suas obrigações financeiras. E há a parte negativa – se medirmos a credibilidade pelos yields, hoje os credores acreditam neste governo mais ou menos o mesmo que acreditavam no governo chefiado por José Sócrates com as Finanças entregues a Teixeira dos Santos por volta dos finais de há 4 anos.
BREIQUINGUE NIUZ: François Hollande poderá vir a tomar (mais) medidas de carácter «imoral e indigno»
[Uma espécie de continuação de outras indignidades]
Se o patronato francês aplaude o «pacto de responsabilidade» de François Hollande para a «redução de encargos das empresas de 35 mil milhões até 2017, contra a promessa de criação de empregos e de abertura à concertação social», o que dirá António José Seguro desta viragem «liberal» de «son ami Hollande»?
Se o patronato francês aplaude o «pacto de responsabilidade» de François Hollande para a «redução de encargos das empresas de 35 mil milhões até 2017, contra a promessa de criação de empregos e de abertura à concertação social», o que dirá António José Seguro desta viragem «liberal» de «son ami Hollande»?
15/01/2014
Pro memoria (158) – A quadratura do círculo (2)
Há 3 semanas escrevi:
Depois de mais de 2 anos a clamar contra a austeridade, ou seja contra a redução da despesa, e o aumento dos impostos, o PS pela boca do seu secretário nacional Eurico Brilhante Dias comenta os dados da execução orçamental até Novembro com as seguintes palavras: «estes valores não só não nos surpreendem, como são a confirmação que a consolidação orçamental em 2013 é, no mínimo, insuficiente».
Vamos ver se percebemos: o que seria necessário para a consolidação orçamental em 2013 ser suficiente? Segundo a aritmética corrente, ter-se-ia que reduzir mais a despesa e/ou aumentar mais os impostos que são precisamente as medidas contra as quais o PS clamou e clama.
Corajosamente, o Dr. Brilhante ainda partilhou connosco uma previsão arriscada: «Portanto, Portugal passará para 2014 com um défice orçamental muito próximo dos 6%». Digo corajosamente porque nas últimas décadas o PS (e os outros partidos do «S» e os do «C» e o do «E») falhou praticamente todas as previsões. Receio que o Dr. Brilhante falhe outra vez, apesar de só já faltar meia dúzia de dias para fechar o ano.
Três semanas depois, já podemos antecipar com razoável segurança que o défice de 2013 ficará não «muito próximo dos 6%» mas muito mais próximo dos 5% e, por isso, um PS que falhou sistematicamente as previsões dos défices dos seus governos, consegue ainda pela boca do Dr. Brilhante falhar as previsões dos governos dos outros.
Depois de mais de 2 anos a clamar contra a austeridade, ou seja contra a redução da despesa, e o aumento dos impostos, o PS pela boca do seu secretário nacional Eurico Brilhante Dias comenta os dados da execução orçamental até Novembro com as seguintes palavras: «estes valores não só não nos surpreendem, como são a confirmação que a consolidação orçamental em 2013 é, no mínimo, insuficiente».
Vamos ver se percebemos: o que seria necessário para a consolidação orçamental em 2013 ser suficiente? Segundo a aritmética corrente, ter-se-ia que reduzir mais a despesa e/ou aumentar mais os impostos que são precisamente as medidas contra as quais o PS clamou e clama.
Corajosamente, o Dr. Brilhante ainda partilhou connosco uma previsão arriscada: «Portanto, Portugal passará para 2014 com um défice orçamental muito próximo dos 6%». Digo corajosamente porque nas últimas décadas o PS (e os outros partidos do «S» e os do «C» e o do «E») falhou praticamente todas as previsões. Receio que o Dr. Brilhante falhe outra vez, apesar de só já faltar meia dúzia de dias para fechar o ano.
Três semanas depois, já podemos antecipar com razoável segurança que o défice de 2013 ficará não «muito próximo dos 6%» mas muito mais próximo dos 5% e, por isso, um PS que falhou sistematicamente as previsões dos défices dos seus governos, consegue ainda pela boca do Dr. Brilhante falhar as previsões dos governos dos outros.
14/01/2014
De boas más intenções está o inferno cheio (18) – Amamentar ou não amamentar
Segundo a pitoresca descrição de uma newsletter da JusNet, o acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 05-11-2013 julgou que «o facto de o empregador ter deixado de dirigir a palavra à trabalhadora, por não ver com bons olhos a decisão desta de continuar a amamentar o filho, justifica a resolução do contrato com justa causa.»
Quem se julgará este empregador? Só se for Deus, pois se até papa incentiva mães a amamentarem na Capela Sistina…
Quem se julgará este empregador? Só se for Deus, pois se até papa incentiva mães a amamentarem na Capela Sistina…
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13/01/2014
DIÁRIO DE BORDO: Conflito de interesses e interesses em conflito
Não tenho em particular apreciação o comportamento ético de José Luís Arnaut, mas não é evidente existir um conflito de interesses na sua nomeação como consultor da Goldman Sachs, pelo facto de ter sido membro do governo de Santana Lopes há quase 10 anos ou de ser sócio de uma sociedade de advogados que assessorou operações de privatização.
Por isso, parece-me um tanto desproporcionado o rasgar de vestes do secretário nacional do PS António Galamba apontando o dedo à «mão, que é uma mão permanente e que permite concluir que há uma confusão entre a política e os negócios», depois de anos de silêncio dos dirigentes do PS perante a migração habitual de socialistas dos negócios públicos para os privados com negócios públicos – por exemplo o conhecido caso do estradista Jorge Coelho, durante uma década a peça chave no aparelho e na manobra política do PS, indigitado CEO da Mota-Engil, um dos construtores do regime.
Só faltava queixarem-se da nomeação, por concurso, de Álvaro Santos Pereira para a OCDE e de Vítor Gaspar, proposto pelos governos português e alemão, para o FMI. Já não falta.
Por isso, parece-me um tanto desproporcionado o rasgar de vestes do secretário nacional do PS António Galamba apontando o dedo à «mão, que é uma mão permanente e que permite concluir que há uma confusão entre a política e os negócios», depois de anos de silêncio dos dirigentes do PS perante a migração habitual de socialistas dos negócios públicos para os privados com negócios públicos – por exemplo o conhecido caso do estradista Jorge Coelho, durante uma década a peça chave no aparelho e na manobra política do PS, indigitado CEO da Mota-Engil, um dos construtores do regime.
Só faltava queixarem-se da nomeação, por concurso, de Álvaro Santos Pereira para a OCDE e de Vítor Gaspar, proposto pelos governos português e alemão, para o FMI. Já não falta.
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Hollande, o sedutor recessivo
Depois da recessão da economia francesa, Hollande provoca depressão à namorada por ter sofrido uma dégradation de primeira-dama para segunda concubina.
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12/01/2014
DIÁRIO DE BORDO: A terra vista do céu (16)
Vulcão Pavlof nas ilhas Aleutas, foto de astronautas na International Space Station em 18-05-2013 (Via Wired) |
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11/01/2014
CASE STUDY: Um imenso Portugal (5)
Uma espécie de sequela de (1), (2), (3) e (4) e um ponto de situação do estado em que o socialismo tropical do PT de Lula da Silva e da «presidenta» Dilma está a deixar o Brasil, depois de 8 anos de 1995 a 2002 em que Fernando Henrique Cardoso domou a inflação endémica e lançou as bases para uma economia moderna e competitiva. Para mais dados e análise ver o Special Report Brazil da Economist.
O gráfico seguinte ilustra bem como o Brasil negligenciou até agora a criação das infra-estruturas indispensáveis à criação de uma plataforma para desenvolvimento sustentável da economia. Não se trata de imitar Portugal semeando não muitas centenas de kms, como por cá, mas muitos milhares auto-estradas, ou de torrar o equivalente a mais de 2,5 mil milhões de euros a construir ou reconstruir 12 estádios. Trata-se apenas de dispor das infra-estruturas rodoviárias e, sobretudo, ferroviárias e portuárias, para entre outras coisas evitar filas de camiões dezenas de kms para descarregar as exportações nos principais portos.
O gráfico seguinte ilustra bem como o Brasil negligenciou até agora a criação das infra-estruturas indispensáveis à criação de uma plataforma para desenvolvimento sustentável da economia. Não se trata de imitar Portugal semeando não muitas centenas de kms, como por cá, mas muitos milhares auto-estradas, ou de torrar o equivalente a mais de 2,5 mil milhões de euros a construir ou reconstruir 12 estádios. Trata-se apenas de dispor das infra-estruturas rodoviárias e, sobretudo, ferroviárias e portuárias, para entre outras coisas evitar filas de camiões dezenas de kms para descarregar as exportações nos principais portos.
10/01/2014
SERVIÇO PÚBLICO: O princípio do princípio (29)
Outros princípios do princípio
O índice de volume de negócios na indústria cresceu 3,5% em Novembro e as exportações aumentaram 7,2% e as importações aumentaram 3,2% relativamente ao ano anterior, pelo que o saldo o défice da balança comercial continua a reduzir-se.
A taxa de desemprego, a descer desde Março, atingiu em Novembro 15,5%, o valor mais baixo dos últimos 18 meses. O número de desempregados caiu 91 mil em relação ao mesmo mês de 2012 e o desemprego dos menores de 25 anos desceu 1,9%. Entretanto, a central sindical do PCP continua a atribuir a queda do desemprego à sazonalidade - este gráfico de André Azevedo Alves mostra bem como a queda é tão sazonal quanto o camarada Arménio é um adepto da democracia representativa.
Não admira pois que os mercados, isto é os credores que nos emprestam o dinheiro, voltem a olhar para o risco da dívidasoberana portuguesa com melhores olhos. Os yields depois de terem descido até quase ao nível da dívida espanhola antes da demissão irrevogável de Portas estão a aproximar-se de novo.
Também não admira que ontem fossem colocados 3,25 mil milhões de OT a 5 anos a uma taxa de juro média ao redor dos 4,6%, com uma procura quase 4 vezes superior por parte de centenas de investidores incluindo investidores de longo prazo como seguradoras e fundos de pensões. Com esta emissão as necessidades de financiamento em 2014 do monstro ficarão praticamente cobertas.
Entretanto os dados do comércio a retalho em Novembro mostram que Portugal foi o país em que o consumo mais cresceu – 3,1% contra 1,4% da Euro Zona. Isso pode ser sinal de que os animal spirits do consumo se estão a excitar outra vez, mas só significa crescimento para quem acredita que a economia cresce sem investimento.
Desta vez parece haver menos notícias deprimentes e até há uma positiva: o governo, em vez de torrar os 1,1 mil milhões da venda da ANA em mais despesa, vai utilizá-los para amortizar dívida pública (quase mil milhões) e o restante para a Parpública amortizar dívida das EP.
Notícias positivas do Portugal Que Trabalha (PQT):
O índice de volume de negócios na indústria cresceu 3,5% em Novembro e as exportações aumentaram 7,2% e as importações aumentaram 3,2% relativamente ao ano anterior, pelo que o saldo o défice da balança comercial continua a reduzir-se.
A taxa de desemprego, a descer desde Março, atingiu em Novembro 15,5%, o valor mais baixo dos últimos 18 meses. O número de desempregados caiu 91 mil em relação ao mesmo mês de 2012 e o desemprego dos menores de 25 anos desceu 1,9%. Entretanto, a central sindical do PCP continua a atribuir a queda do desemprego à sazonalidade - este gráfico de André Azevedo Alves mostra bem como a queda é tão sazonal quanto o camarada Arménio é um adepto da democracia representativa.
Não admira pois que os mercados, isto é os credores que nos emprestam o dinheiro, voltem a olhar para o risco da dívida
Dívida pública portuguesa e espanhola Fonte: Bloomberg |
Entretanto os dados do comércio a retalho em Novembro mostram que Portugal foi o país em que o consumo mais cresceu – 3,1% contra 1,4% da Euro Zona. Isso pode ser sinal de que os animal spirits do consumo se estão a excitar outra vez, mas só significa crescimento para quem acredita que a economia cresce sem investimento.
Notícias deprimentes do Portugal Que Se Queixa (PQSQ):
Desta vez parece haver menos notícias deprimentes e até há uma positiva: o governo, em vez de torrar os 1,1 mil milhões da venda da ANA em mais despesa, vai utilizá-los para amortizar dívida pública (quase mil milhões) e o restante para a Parpública amortizar dívida das EP.
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09/01/2014
BREQUINGUE NIUZ: Fadiga de material da RDA
«Esquis de Merkel tinham 25 anos e eram da RDA
A "fadiga de material" dos esquis usados por Angela Merkel poderá estar na origem do acidente que levou à paragem forçada da chanceler alemã durante três semanas.» (DN)
Bem me parecia que andava aqui o dedinho dos reformados da Stasi.
A "fadiga de material" dos esquis usados por Angela Merkel poderá estar na origem do acidente que levou à paragem forçada da chanceler alemã durante três semanas.» (DN)
Bem me parecia que andava aqui o dedinho dos reformados da Stasi.
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antes isso que outra coisa,
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teorias da conspiração
Títulos inspirados (20) – Pensei que a III guerra mundial estaria iminente…
… ao ler o título inspiradíssimo do Expresso «Índia faz ultimato aos EUA» para esta notícia inócua:
«A Índia deu ordens esta quarta-feira aos EUA para que fechem a não diplomatas o clube da embaixada norte-americana em Nova Deli , com efeitos a partir de dia 16 de janeiro.
No clube (com bar, restaurante, piscina e bowling) frequentado por diplomatas e diversos expatriados norte-americanos, os preços são livres de impostos e, por isso, a Índia acusa os EUA de violarem as leis locais e internacionais.»
Se o jornalismo de causas produz títulos assim quando tem um amigo na Casa Branca, imagine-se o título se por lá habitasse um bebedor de chá.
«A Índia deu ordens esta quarta-feira aos EUA para que fechem a não diplomatas o clube da embaixada norte-americana em Nova Deli , com efeitos a partir de dia 16 de janeiro.
No clube (com bar, restaurante, piscina e bowling) frequentado por diplomatas e diversos expatriados norte-americanos, os preços são livres de impostos e, por isso, a Índia acusa os EUA de violarem as leis locais e internacionais.»
Se o jornalismo de causas produz títulos assim quando tem um amigo na Casa Branca, imagine-se o título se por lá habitasse um bebedor de chá.
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08/01/2014
ACREDITE SE QUISER: O relógio de Portas (2) está avariado
Há 3 semanas Paulo Portas instalou na sede do CDS um relógio com a contagem decrescente do tempo para o final do programa de ajustamento da troika.
A coisa já era, em si mesma, bastante ridícula. Sobretudo para uma criatura que chega sempre atrasada a qualquer evento, incluindo aqueles em que representa o país e, pior do que isso, fabricou a cena da demissão irrevogável, arriscando um segundo resgate e um atraso de anos.
Contudo, em matéria de ridículo e noutras matérias mais sérias, o Dr. Paulo Portas costuma exceder-se a si próprio e esta vez não foi excepção. O célebre relógio está um mês atrasado e «deixa os credores em Portugal mais um mês do que o previsto».
A coisa já era, em si mesma, bastante ridícula. Sobretudo para uma criatura que chega sempre atrasada a qualquer evento, incluindo aqueles em que representa o país e, pior do que isso, fabricou a cena da demissão irrevogável, arriscando um segundo resgate e um atraso de anos.
Contudo, em matéria de ridículo e noutras matérias mais sérias, o Dr. Paulo Portas costuma exceder-se a si próprio e esta vez não foi excepção. O célebre relógio está um mês atrasado e «deixa os credores em Portugal mais um mês do que o previsto».
07/01/2014
Pro memoria (157) - Um mentiroso compulsivo
[Uma espécie de sequela daqui]
A estória de ouvir o relato do Portugal-Coreia (numa tarde de sábado) a caminho da escola é possivelmente uma das mentiras mais idiotas e de menores consequências que José Sócrates contou desde os anos em que arruinou o país e nos insultou a inteligência. Desde logo, quando a comparamos com a estória do exame feito ao domingo.
Por isso, essa pequena e inútil mentira não teria nada de notável se não fosse a coexistência do body language com aquele tom postiço e adocicado pós-Sciences Po, cuja análise mereceria uma atenção profissional para nos explicar como uma criatura assim conseguiu hipnotizar uma fracção significativa do eleitorado. (Lido aqui e visto ali)
Actualização Um:
Esta mentirola pateta fez-me recordar um outro insulto à inteligência dos ouvintes há uns anos, sobre a alegada pertença à «geração Kennedy», qualidade que o Senhor Engenheiro invocou ter adquirido aos 3 anos.
Actualização Dois:
Entretanto, Luís Patrão, uma espécie de impedido de José Sócrates, tentou limpar a folha deste. Como aqui se demonstra detalhadamente veio juntar à mentira outra mentira ainda mais grave, porque se a primeira é talvez uma mentira espontânea de um mentiroso compulsivo a segunda é uma mentira elaborada de um mentiroso incompetente.
A estória de ouvir o relato do Portugal-Coreia (numa tarde de sábado) a caminho da escola é possivelmente uma das mentiras mais idiotas e de menores consequências que José Sócrates contou desde os anos em que arruinou o país e nos insultou a inteligência. Desde logo, quando a comparamos com a estória do exame feito ao domingo.
Por isso, essa pequena e inútil mentira não teria nada de notável se não fosse a coexistência do body language com aquele tom postiço e adocicado pós-Sciences Po, cuja análise mereceria uma atenção profissional para nos explicar como uma criatura assim conseguiu hipnotizar uma fracção significativa do eleitorado. (Lido aqui e visto ali)
Actualização Um:
Esta mentirola pateta fez-me recordar um outro insulto à inteligência dos ouvintes há uns anos, sobre a alegada pertença à «geração Kennedy», qualidade que o Senhor Engenheiro invocou ter adquirido aos 3 anos.
Actualização Dois:
Entretanto, Luís Patrão, uma espécie de impedido de José Sócrates, tentou limpar a folha deste. Como aqui se demonstra detalhadamente veio juntar à mentira outra mentira ainda mais grave, porque se a primeira é talvez uma mentira espontânea de um mentiroso compulsivo a segunda é uma mentira elaborada de um mentiroso incompetente.
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Conversa fiada,
E agora José?,
é muito para um homem só
CASE STUDY: Um imenso Portugal (4)
Uma espécie de sequela de (1), (2) e (3) e um ponto de situação do estado em que o socialismo tropical do PT de Lula da Silva e da «presidenta» Dilma está a deixar o Brasil, depois de 8 anos de 1995 a 2002 em que Fernando Henrique Cardoso domou a inflação endémica e lançou as bases para uma economia moderna e competitiva. Para mais dados e análise ver o Special Report Brazil da Economist.
A produtividade total dos factores (Total factor productivity ou multi-factor productivity), isto é a parte do output de produto que não resulta do inputs de trabalho e capital, estimada com base no resíduo de Sollow, mostra que, ao contrário da América Latina, o Brasil apresenta uma evolução muito desfavorável, sugerindo que os outros factores além do trabalho e do capital, tais como inovação, custo de contexto, ambiente social, etc., têm tido um impacto muito negativo na melhoria da produtividade.
Mas nem tudo são más notícias, a agricultura brasileira mostra uma performance invejável. Com um pequeno aumento da área cultivada a produção agrícola quase triplicou nas últimas 2 décadas, sobretudo devido aos progressos na região MaPiToBa (Maranhão, Piauí, Tocantins e Baía). Possivelmente porque a agricultura beneficiou do esquecimento do governo e das suas manobras intervencionistas.
(Continua)
A produtividade total dos factores (Total factor productivity ou multi-factor productivity), isto é a parte do output de produto que não resulta do inputs de trabalho e capital, estimada com base no resíduo de Sollow, mostra que, ao contrário da América Latina, o Brasil apresenta uma evolução muito desfavorável, sugerindo que os outros factores além do trabalho e do capital, tais como inovação, custo de contexto, ambiente social, etc., têm tido um impacto muito negativo na melhoria da produtividade.
Mas nem tudo são más notícias, a agricultura brasileira mostra uma performance invejável. Com um pequeno aumento da área cultivada a produção agrícola quase triplicou nas últimas 2 décadas, sobretudo devido aos progressos na região MaPiToBa (Maranhão, Piauí, Tocantins e Baía). Possivelmente porque a agricultura beneficiou do esquecimento do governo e das suas manobras intervencionistas.
(Continua)
06/01/2014
CONDIÇÃO MASCULINA: A engenharia social da «neutralização» masculina
De há muito repudio todas as engenharias sociais, particularmente a actualmente dominante baseada na doutrina que Camille Paglia chama de «neutralização» do sexo masculino. Senti-me, por isso, reconfortado com a sua lúcida e refrescante entrevista ao WSJ «Camille Paglia: A Feminist Defense of Masculine Virtues». Aqui vão alguns excertos:
«Ms. Paglia argues that the softening of modern American society begins as early as kindergarten. "Primary-school education is a crock, basically. It's oppressive to anyone with physical energy, especially guys," she says, pointing to the most obvious example: the way many schools have cut recess. "They're making a toxic environment for boys. Primary education does everything in its power to turn boys into neuters."
«Ms. Paglia argues that the softening of modern American society begins as early as kindergarten. "Primary-school education is a crock, basically. It's oppressive to anyone with physical energy, especially guys," she says, pointing to the most obvious example: the way many schools have cut recess. "They're making a toxic environment for boys. Primary education does everything in its power to turn boys into neuters."
Lost in translation (197) – «Gratuito», a palavra favorita do jornalismo de causas, significa «ninguém sabe quanto custa e é pago por quem não utiliza»
Exemplo (negócios online):
«Até aos anos 80 a ADSE era totalmente gratuita, mas na última década sofreu sucessivos aumentos. Em 2013 os funcionários públicos e pensionistas já descontavam 1,5% do seu vencimento. Em breve, os descontos voltarão a subir, podendo duplicar em menos de um ano.»
«Até aos anos 80 a ADSE era totalmente gratuita, mas na última década sofreu sucessivos aumentos. Em 2013 os funcionários públicos e pensionistas já descontavam 1,5% do seu vencimento. Em breve, os descontos voltarão a subir, podendo duplicar em menos de um ano.»
LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE: Eu diria mesmo mais
«As mulheres já podiam mandar do mundo. Só ainda não o fizeram porque não sabem o que vestir para a ocasião».
M., uma garota de 15 anos que mora aqui ao lado, aluna de cincos, com um irmão gémeo aluno de quatros.
M., uma garota de 15 anos que mora aqui ao lado, aluna de cincos, com um irmão gémeo aluno de quatros.
Em breve num cinema perto de si |
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eu diria mesmo mais
05/01/2014
Mitos (154) – Com amigos economistas assim, Daniel Oliveira não precisa de inimigos
Relatando uma conversa com «um amigo economista» na sua coluna do Expresso, o articulista Daniel Oliveira é iluminado por uma visão de um cenário que descreve com esta interrogação: «Se o empobrecimento lento do país e as transferências de recursos que ele alimenta - do público para o privado, do trabalho para o capital, da periferia da Europa para o seu centro - durasse muitos anos sem que se atingisse um ponto de saturação?». Até aqui nada de surpreendente. Afinal até nem parece ser um daqueles cenários extremos que o pensamento esquerdista é capaz de produzir nos seus momentos de inspiração.
O surpreendente – enfim, surpreendente para quem não tem desses amigos economistas – é a primeira das «transferências de recursos que ele alimenta» citadas é a «do público para o privado». Fiquei embasbacado. Com esforço, percebo que o «amigo economista» em conformidade com a vulgata marxista veja transferências «do trabalho para o capital» e até veja transferências «da periferia da Europa para o seu centro», neste caso a vulgata leninista. «Do público para o privado» é que me ultrapassa. Como são esses recursos transferidos para o «privado»? Ou, antes disso, a questão primordial: quais são e como são produzidos pelo «público» esses recursos?
O surpreendente – enfim, surpreendente para quem não tem desses amigos economistas – é a primeira das «transferências de recursos que ele alimenta» citadas é a «do público para o privado». Fiquei embasbacado. Com esforço, percebo que o «amigo economista» em conformidade com a vulgata marxista veja transferências «do trabalho para o capital» e até veja transferências «da periferia da Europa para o seu centro», neste caso a vulgata leninista. «Do público para o privado» é que me ultrapassa. Como são esses recursos transferidos para o «privado»? Ou, antes disso, a questão primordial: quais são e como são produzidos pelo «público» esses recursos?
SERVIÇO PÚBLICO: Vícios públicos e vícios privados (2)
Já aqui escrevi que se fala muito da dívida pública, que é de facto pesada, e fala-se muito pouco da dívida privada, que é de facto muito mais pesada, quer em termos relativos à dívida pública, quer em termos internacionais. Veja-se o diagrama seguinte e tenha-se em conta que a dívida dos bancos não está incluída.
Como escreve o Wall Street Journal, primeiro tivemos a festa, depois a bebedeira e por fim a ressaca. Para sair da ressaca, citam as mezinhas de Carmen Reinhart & Kenneth Rogoff que são: reestruturação da dívida, inflação e «repressão financeira», ou seja o governo forçar os bancos a disponibilizarem crédito barato à economia. Por vezes tenho dificuldade em perceber como é que luminárias deste calibre, aliás várias vezes citadas no (Im)pertinências, produzem tais vacuidades.
É claro que a reestruturação da dívida poderia aliviar o problema, dependendo da modalidade (perdão parcial ou total da dívida, redução ou anulação dos juros e reescalonamento das maturidades ou uma combinação destas modalidade) e da extensão que revestisse. Recorde-se que ainda recentemente «reestruturámos» a dívida quando conseguimos da troika um reescalonamento das maturidades dos vários empréstimos que constituem os cerca de 80 mil milhões que nos emprestaram. Contudo, se falarmos num haircut, é bom não esquecer que a banca portuguesa tem cerca de 30% da dívida pública portuguesa e 1/3 do haircut seria um tiro no próprio pé.
Inflação? A Carmen e o Kenneth devem estar a brincar connosco. Onde é que os PIGS detêm uma moeda própria que pudessem desvalorizar? Desvalorizar o euro? Só por cima do cadáver da tia Angela. Anyway, seria isso uma solução para uma moeda partilhada por países tão parecidos como Grécia e Finlândia, Portugal e Áustria ou Irlanda e Polónia?
Resta-nos a «repressão financeira». Obrigar os bancos a conceder crédito barato é o que os governos têm feito impingindo-lhe doses maciças de dívida pública, que eles compram com grande entusiamo, ou empurrando as empresas públicas para o colo desses mesmos bancos.
Então qual é a terapêutica? Talvez uma combinação em doses moderadas dessas três mesinhas e uma dose reforçada de reformas do Estado aliviando-o da pança pantagruélica e tirando-o de cima da economia. Em qualquer caso, para uma doença que foi incubada durante décadas, não há poções milagrosas e, mesmo adoptando as políticas certas e fazendo as reformas indispensáveis, o que está longe de acontecer, precisamos de uma ou duas décadas sem entrar em desvarios.
Como escreve o Wall Street Journal, primeiro tivemos a festa, depois a bebedeira e por fim a ressaca. Para sair da ressaca, citam as mezinhas de Carmen Reinhart & Kenneth Rogoff que são: reestruturação da dívida, inflação e «repressão financeira», ou seja o governo forçar os bancos a disponibilizarem crédito barato à economia. Por vezes tenho dificuldade em perceber como é que luminárias deste calibre, aliás várias vezes citadas no (Im)pertinências, produzem tais vacuidades.
É claro que a reestruturação da dívida poderia aliviar o problema, dependendo da modalidade (perdão parcial ou total da dívida, redução ou anulação dos juros e reescalonamento das maturidades ou uma combinação destas modalidade) e da extensão que revestisse. Recorde-se que ainda recentemente «reestruturámos» a dívida quando conseguimos da troika um reescalonamento das maturidades dos vários empréstimos que constituem os cerca de 80 mil milhões que nos emprestaram. Contudo, se falarmos num haircut, é bom não esquecer que a banca portuguesa tem cerca de 30% da dívida pública portuguesa e 1/3 do haircut seria um tiro no próprio pé.
Inflação? A Carmen e o Kenneth devem estar a brincar connosco. Onde é que os PIGS detêm uma moeda própria que pudessem desvalorizar? Desvalorizar o euro? Só por cima do cadáver da tia Angela. Anyway, seria isso uma solução para uma moeda partilhada por países tão parecidos como Grécia e Finlândia, Portugal e Áustria ou Irlanda e Polónia?
Resta-nos a «repressão financeira». Obrigar os bancos a conceder crédito barato é o que os governos têm feito impingindo-lhe doses maciças de dívida pública, que eles compram com grande entusiamo, ou empurrando as empresas públicas para o colo desses mesmos bancos.
Então qual é a terapêutica? Talvez uma combinação em doses moderadas dessas três mesinhas e uma dose reforçada de reformas do Estado aliviando-o da pança pantagruélica e tirando-o de cima da economia. Em qualquer caso, para uma doença que foi incubada durante décadas, não há poções milagrosas e, mesmo adoptando as políticas certas e fazendo as reformas indispensáveis, o que está longe de acontecer, precisamos de uma ou duas décadas sem entrar em desvarios.
04/01/2014
Pro memoria (156) – O que é inconstitucional em Portugal em geral pode não ser no Portugal em particular. Nos Açores por exemplo
(Uma espécie de sequela da constitucionalidade no Kosovo e no Intendente)
O presidente socialista do governo regional dos Açores, talvez para celebrar o período de vacas gordas que o país atravessa, decidiu alargar o número de beneficiários de um subsídio inventado naqueles ilhas baptizado de «remuneração complementar» para todos os funcionários da administração regional com vencimentos até 3 mil euros.
Como o representante da República enviou a coisa ao Tribunal Constitucional para fiscalização preventiva, o presidente socialista do governo regional protestou com veemência pela «gravidade política extrema» da iniciativa do representante da República.
Como compreender, num país sob resgate, que as criaturas socialistas do continente rasguem as vestes por o presidente da República não pedir a fiscalização preventiva do OE e rasguem as vestes nas ilhas por o representante da República pedir a fiscalização preventiva do orçamento regional? Além do mais, não confiam no prudente critério dos juízes do TC?
O presidente socialista do governo regional dos Açores, talvez para celebrar o período de vacas gordas que o país atravessa, decidiu alargar o número de beneficiários de um subsídio inventado naqueles ilhas baptizado de «remuneração complementar» para todos os funcionários da administração regional com vencimentos até 3 mil euros.
Como o representante da República enviou a coisa ao Tribunal Constitucional para fiscalização preventiva, o presidente socialista do governo regional protestou com veemência pela «gravidade política extrema» da iniciativa do representante da República.
Como compreender, num país sob resgate, que as criaturas socialistas do continente rasguem as vestes por o presidente da República não pedir a fiscalização preventiva do OE e rasguem as vestes nas ilhas por o representante da República pedir a fiscalização preventiva do orçamento regional? Além do mais, não confiam no prudente critério dos juízes do TC?
Pro memoria (155) - É possível enganar alguns para sempre. É possível enganar todos algum tempo. Não é possível enganar todos para sempre.
Fonte: Jornal SOL |
Há muitos portugueses tontos, como se pode inferir do número dos disponíveis para ouvir os dois picaretas falantes, mas não são assim tão tontos.
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picareta falante
03/01/2014
ACREDITE SE QUISER: Cientistas de causas do aquecimento global capturados pelo arrefecimento na Antártida
Ver aqui como cientistas turistas de causas que procuravam encontrar provas do aquecimento global na Antártida ficaram presos no gelo numa zona que há 100 anos não tinha gelo e tiveram que abortar a missão por causa de um «merengue gigante». (via Insurgente)
Esclarecimento:
Nunca defendi que não há aquecimento global. Talvez haja, embora esteja longe de estar demonstrado e, se houver, pode ter causas humanas ou não, porque desde há milhões de anos arrefecimentos globais alternam com aquecimentos globais.
O que defendo sem dúvida é que a ciência de causas, isto é o processo de construção de teorias em nome de doutrinas, sejam quais forem, não é ciência e, além disso, é um processo perigoso.
O «merengue gigante» |
Nunca defendi que não há aquecimento global. Talvez haja, embora esteja longe de estar demonstrado e, se houver, pode ter causas humanas ou não, porque desde há milhões de anos arrefecimentos globais alternam com aquecimentos globais.
O que defendo sem dúvida é que a ciência de causas, isto é o processo de construção de teorias em nome de doutrinas, sejam quais forem, não é ciência e, além disso, é um processo perigoso.
SERVIÇO PÚBLICO: Seria ajuizado não embandeirar em arco…
… como se costumava dizer na marinha. Vem isto a propósito das prendas de Natal. Depois de tantos «sacrifícios», «austeridades», «indignações» e «esmifrações», para os nossos credores é como se estivessemos agora em meados de Setembro de 2010, como se pode ver na montanha russa dos yields. Bem-vindos ao mundo real.
Fonte: Bloomberg |
02/01/2014
BREIQUINGUE NIUZ: Here we go, again
Entre o dia 25 de Novembro e o dia 29 de Dezembro foram efectuados nas caixas Multibanco 42 milhões de levantamentos no total de 2,9 mil milhões de euros. É pouco se compararmos com o consumo privado médio mensal (um pouco mais de 9 mil milhões), mas a comparação não faz muito sentido porque grande parte das compras de maior valor são pagas por cartão ou cheque e não em numerário.
O que fará sentido é comparar as compras pelo Multibanco de Dezembro deste ano com as do ano passado e constatar que nos dias de maiores compras houve um aumento de 10% em número e 11% em valor.
É difícil escapar à fatalidade de ainda estarmos a anos-luz de reduzirmos a dívida a proporções sustentáveis e já estarmos a trabalhar para a aumentar, com um povo infantilizado por uma legião de políticos, comentadores e toda a esquerdalhada, quais mãezinhas ansiosas, a cantarem em coro a canção do desgraçadinho, dos sacrifícios, da austeridade, e a esquerdalhada mais assanhada e trauliteira, desconfiando que não vai nunca ter de governar este país, a trautear hino dos «indignados», dos «esmifrados», dos «ricos que paguem a crise», etc.
O que fará sentido é comparar as compras pelo Multibanco de Dezembro deste ano com as do ano passado e constatar que nos dias de maiores compras houve um aumento de 10% em número e 11% em valor.
É difícil escapar à fatalidade de ainda estarmos a anos-luz de reduzirmos a dívida a proporções sustentáveis e já estarmos a trabalhar para a aumentar, com um povo infantilizado por uma legião de políticos, comentadores e toda a esquerdalhada, quais mãezinhas ansiosas, a cantarem em coro a canção do desgraçadinho, dos sacrifícios, da austeridade, e a esquerdalhada mais assanhada e trauliteira, desconfiando que não vai nunca ter de governar este país, a trautear hino dos «indignados», dos «esmifrados», dos «ricos que paguem a crise», etc.
CASE STUDY: Um imenso Portugal (3)
Uma espécie de sequela de (1) e (2) e um ponto de situação do estado em que o socialismo tropical do PT de Lula da Silva e da «presidenta» Dilma está a deixar o Brasil, depois de 8 anos de 1995 a 2002 em que Fernando Henrique Cardoso domou a inflação endémica e lançou as bases para uma economia moderna e competitiva. Para mais dados e análise ver o Special Report Brazil da Economist.
Em cima de séculos a aumentar os custos de contexto que conduziram a uma economia inimiga da empresa, do risco e da iniciativa, uma década a aumentar os custos salariais muito acima da produtividade. Dois ingredientes da fórmula perfeita para o desastre a prazo.
(Continua)
Em cima de séculos a aumentar os custos de contexto que conduziram a uma economia inimiga da empresa, do risco e da iniciativa, uma década a aumentar os custos salariais muito acima da produtividade. Dois ingredientes da fórmula perfeita para o desastre a prazo.
(Continua)
DIÁRIO DE BORDO: Um país, dois sistemas – qual deles o pior
«China – Um toque de pecado» é um filme que merece ser visto e ganhou justamente o Prémio de Melhor Argumento do Festival de Cannes de 2013. Se olharmos para as 4 histórias, parcialmente cruzadas, com a violência extrema em comum, do filme de Zhangke Jia como um fresco da China do século XXI, o que nos mostra é suficientemente deprimente para concluirmos que os comunistas do PCC, isto é os apparatchiks que integram e suportam a clepto-oligarquia que governa a China, colaram o pior de dois sistemas com o grude da corrupção.
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01/01/2014
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