«A inflação, a um nível anual, registada no mês de Novembro 2014 subiu para 63,6%", referiu o Banco Central da Venezuela (BCV) num relatório divulgado na terça-feira.
A autoridade monetária atribuiu "a subida da inflação" à onda de manifestações antigovernamentais no país.
A Venezuela entrou também em recessão após registar três trimestres consecutivos de contracção económica, caindo 2,3% no último trimestre.» (negócios online)
É urgente o envio de uma equipa de economistas europeus à Venezuela para estudar o combate o flagelo da deflação e pedir o «pajarito» emprestado a Maduro. Entretanto, como medida de emergência, podemos aproveitar os ensinamentos do BCV e promover manifestações antigovernamentais para incrementar a inflação.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
31/12/2014
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: À luz do colectivismo nacional Salazar foi um liberal
«No debate político português chama-se “liberalismo” à urgência de equilibrar as contas do Estado ou à necessidade de, numa época de endividamento e desemprego, tornar a economia competitiva internacionalmente — como se só aos “liberais” pudessem ocorrer essas opções. É por isso que na Europa, todos os governantes são acusados de “liberalismo”, estejam à esquerda ou à direita: Passos ou Rajoy, mas também Renzi ou Hollande. Não interessa o que cada um deles é ou diz que é: basta que diminuam um subsídio ou façam uma reforma, mesmo contrafeitos, para passarem a ser “liberais”.
Este uso indiscriminado de liberalismo não corresponde, como é óbvio, a um diagnóstico, mas a um embuste: as oposições tratam assim de impor uma identidade ideológica às operações de equilíbrio do Estado social e de estímulo da economia, de modo a fazer crer que são apenas um mero capricho doutrinário, sem qualquer outra razão de ser. Somos assim convidados a acreditar que o mundo é como é apenas porque os “liberais” mandam, e que portanto bastará afastar os “liberais” para que outro mundo — de abundância sem custos para ninguém — seja imediatamente possível. Não, isto não é um debate. É apenas demagogia e desonestidade.»
Excerto de «Alguém disse liberalismo?», Rui Ramos no Observador
Este uso indiscriminado de liberalismo não corresponde, como é óbvio, a um diagnóstico, mas a um embuste: as oposições tratam assim de impor uma identidade ideológica às operações de equilíbrio do Estado social e de estímulo da economia, de modo a fazer crer que são apenas um mero capricho doutrinário, sem qualquer outra razão de ser. Somos assim convidados a acreditar que o mundo é como é apenas porque os “liberais” mandam, e que portanto bastará afastar os “liberais” para que outro mundo — de abundância sem custos para ninguém — seja imediatamente possível. Não, isto não é um debate. É apenas demagogia e desonestidade.»
Excerto de «Alguém disse liberalismo?», Rui Ramos no Observador
30/12/2014
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (101) – Quando eles falarem as coisas vão ficar de outra maneira
«Quando ele falar, e vai falar, as coisas vão ficar de outra maneira. Ao princípio era tudo banditismo, mas agora os portugueses já perceberam que não é assim», disse Mário Soares há tempos, referindo-se a Ricardo Salgado e aproveitando para acusar o governo de querer «atirar tudo ao charco».
Ao princípio não se percebeu o que teria Salgado para falar que poria as coisas de outra maneira. Dois meses e meio depois já sabemos: «Salgado doou 570 mil euros à Fundação Mário Soares desde 2011».
Só ainda não sabemos quem «doou» 222 mil euros para encher o buraco das contas da campanha para as eleições presidenciais de 2011 de Manuel Alegre, mas supõe-se que pode ter sido alguém que também vai falar.
Ao princípio não se percebeu o que teria Salgado para falar que poria as coisas de outra maneira. Dois meses e meio depois já sabemos: «Salgado doou 570 mil euros à Fundação Mário Soares desde 2011».
Só ainda não sabemos quem «doou» 222 mil euros para encher o buraco das contas da campanha para as eleições presidenciais de 2011 de Manuel Alegre, mas supõe-se que pode ter sido alguém que também vai falar.
Curtas e grossas (15) – Eu diria mesmo mais, nem nesse caso nem em muitos outros
«Ao meter a foice em seara alheia, o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa põe-se a jeito para receber a advertência de que não lhe fica bem desvalorizar ou diminuir os atributos que são exigíveis a um comentador, com capacidade para influenciar a opinião pública.
A verdade é que os factos expostos não deixam dúvidas de que o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa não reúne as condições de imparcialidade, isenção e de objectividade que lhe permitam uma avaliação séria e ponderada das responsabilidades de quem está envolvido no colapso do Banco Espírito Santo.»
Excerto da carta do advogado de José Maria Ricciardi sobre a conversa fiada de Marcelo Rebelo de Sousa a propósito do colapso do GES.
A verdade é que os factos expostos não deixam dúvidas de que o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa não reúne as condições de imparcialidade, isenção e de objectividade que lhe permitam uma avaliação séria e ponderada das responsabilidades de quem está envolvido no colapso do Banco Espírito Santo.»
Excerto da carta do advogado de José Maria Ricciardi sobre a conversa fiada de Marcelo Rebelo de Sousa a propósito do colapso do GES.
Etiquetas:
eu diria mesmo mais,
incorrigível,
Quem fala assim não é gago
De boas intenções está o inferno cheio (25) – Unintended consequences ou de como a demonstração de uma putativa falha do mercado acaba numa demonstração da falha da ausência de mercado livre
Numa pesquisa Google que fiz à dias, veio na rede este post do Portugal Contemporâneo em que Pedro Arroja nos propõe, em alternativa às soluções liberal e socialista, o «sistema católico de afectação de recursos» que ele exemplifica com o caso de uma mãe que tem de optar porque só tem dinheiro para comprar um par de sapatos para dois dos seus cinco filhos.
Não vou comentar o bendito sistema católico, que, do meu ponto de vista agnóstico, não é deste mundo, mas apenas questionar um exemplo de que PA se serve para tentar demonstrar a putativa necessidade de tal sistema.
Escreve PA: «Que nem uma nem outras das soluções são verdadeiras - embora a do liberalismo seja menos falsa do que a do socialismo - está aí à vista. O mercado de habitação em Portugal é bastante privado, e no entanto gerou uma crise enorme de sobreprodução - não faltam por aí casas à venda e sem comprador. Por outro lado, o sector das auto-estradas pertence ao Estado. Também ocorreu uma crise de sobreprodução, não faltam por aí auto-estradas vazias.»
Ora o exemplo do mercado da habitação demonstra tudo menos a falha de uma solução liberal. A começar porque o mercado de habitação esteve durante mais de 60 anos, desde 1919 até à década de 80, «intervencionado» pelo Estado com o congelamento das rendas e a inflexibilidade contratual dos arrendamentos para habitação. Entre os resultados deste mercado de habitação - «bastante privado» para PA - encontra-se a desertificação dos centros urbanos com a migração para a periferia das grandes cidades e o estado miserável de conservação ainda hoje visível.
Mesmo depois da Lei 46/85 que introduziu os regimes de renda livre e condicionada, o mercado de arrendamento continuou bastante regulado e distorcido, nos antípodas do que se poderia considerar um mercado mesmo moderadamente liberalizado. Desde então, ainda assim, Lisboa perdeu 1/3 dos seus 800 mil habitantes dessa altura.
Que PA não tenha conseguido evocar nenhum outro exemplo melhor para demonstrar a suposta falha de uma suposta solução liberal é um argumento a contrario da bondade dessa solução e um argumento para a desnecessidade do bendito sistema católico de afectação de recursos.
Não vou comentar o bendito sistema católico, que, do meu ponto de vista agnóstico, não é deste mundo, mas apenas questionar um exemplo de que PA se serve para tentar demonstrar a putativa necessidade de tal sistema.
Escreve PA: «Que nem uma nem outras das soluções são verdadeiras - embora a do liberalismo seja menos falsa do que a do socialismo - está aí à vista. O mercado de habitação em Portugal é bastante privado, e no entanto gerou uma crise enorme de sobreprodução - não faltam por aí casas à venda e sem comprador. Por outro lado, o sector das auto-estradas pertence ao Estado. Também ocorreu uma crise de sobreprodução, não faltam por aí auto-estradas vazias.»
Ora o exemplo do mercado da habitação demonstra tudo menos a falha de uma solução liberal. A começar porque o mercado de habitação esteve durante mais de 60 anos, desde 1919 até à década de 80, «intervencionado» pelo Estado com o congelamento das rendas e a inflexibilidade contratual dos arrendamentos para habitação. Entre os resultados deste mercado de habitação - «bastante privado» para PA - encontra-se a desertificação dos centros urbanos com a migração para a periferia das grandes cidades e o estado miserável de conservação ainda hoje visível.
Mesmo depois da Lei 46/85 que introduziu os regimes de renda livre e condicionada, o mercado de arrendamento continuou bastante regulado e distorcido, nos antípodas do que se poderia considerar um mercado mesmo moderadamente liberalizado. Desde então, ainda assim, Lisboa perdeu 1/3 dos seus 800 mil habitantes dessa altura.
Que PA não tenha conseguido evocar nenhum outro exemplo melhor para demonstrar a suposta falha de uma suposta solução liberal é um argumento a contrario da bondade dessa solução e um argumento para a desnecessidade do bendito sistema católico de afectação de recursos.
29/12/2014
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Prenúncios de mais do mesmo – na casa de pasto de Costa os almoços serão à borla (4)
Pelas gretas de uma prudente gestão de silêncios, António Costa vai deixando escapar o seu «programa». Na última entrevista ao Correio da Manhã, defende o «aumento significativo» do salário mínimo («este ano já devíamos ter chegado aos 522 euros»), por muito que o seu chief economist Mário Centeno, escolhido para desenhar a estratégia económica, tenha publicado no Boletim Económico do BdP um estudo (*) onde conclui que o aumento do salário mínimo acima de uma certa proporção do salário médio aumenta o desemprego e obriga as empresas a cortar outros custos de produção, baixando os salários médios.
Costa defende também «o relançamento da construção (que) é absolutamente capital para o futuro do país», por muito que tenhamos o país coalhado de auto-estradas e dezenas de milhares de milhões de euros por pagar para as ter feito e as manter, e por muito que tenhamos mais de 700 mil casinhas inabitadas e as famílias endividadas com a compra de habitação.
Costa defende ainda a capitalização da TAP «sem passar pela privatização», que é como quem diz com recurso ao aumento da dívida primeiro e, depois, dos impostos para a pagar, aumentos aos quais Costa faz uma finta dizendo que «compromissos de matéria fiscal (só) depois de estar concluído o estudo sobre o cenário macroeconómico», cenário que não lhe faz falta nenhuma para defender o aumento do salário mínimo, o relançamento da construção e a capitalização da TAP.
Costa ainda tem tempo para criticar o actual governador do BdP que «não esteve à altura e isenção e independência que se exige», certamente tendo em mente o modelo de Vítor Constâncio, um antigo secretário-geral do PS, cuja isenção e independência lhe mereceu o epíteto de ministro anexo.
(*) «O impacto do salário mínimo sobre os trabalhadores com salários mais baixos», Boletim Económico - Outono 2011
Costa defende também «o relançamento da construção (que) é absolutamente capital para o futuro do país», por muito que tenhamos o país coalhado de auto-estradas e dezenas de milhares de milhões de euros por pagar para as ter feito e as manter, e por muito que tenhamos mais de 700 mil casinhas inabitadas e as famílias endividadas com a compra de habitação.
Costa defende ainda a capitalização da TAP «sem passar pela privatização», que é como quem diz com recurso ao aumento da dívida primeiro e, depois, dos impostos para a pagar, aumentos aos quais Costa faz uma finta dizendo que «compromissos de matéria fiscal (só) depois de estar concluído o estudo sobre o cenário macroeconómico», cenário que não lhe faz falta nenhuma para defender o aumento do salário mínimo, o relançamento da construção e a capitalização da TAP.
Costa ainda tem tempo para criticar o actual governador do BdP que «não esteve à altura e isenção e independência que se exige», certamente tendo em mente o modelo de Vítor Constâncio, um antigo secretário-geral do PS, cuja isenção e independência lhe mereceu o epíteto de ministro anexo.
(*) «O impacto do salário mínimo sobre os trabalhadores com salários mais baixos», Boletim Económico - Outono 2011
QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (11) – Aliviar não sabemos, mas espevita os mercados imobiliário e de capitais americanos
Outras marteladas.
Trabalhando com afinco para criar a próxima bolha que ao estoirar conduzirá à próxima recessão que «exigirá» outra vez a mesma terapêutica do alívio quantitativo, a qual criará a bolha seguinte que ao estoirar conduzira… e assim sucessivamente.
NOTA: Este vídeo do Banco de Inglaterra explica de um modo simples o milagre do alívio quantitativo - é uma espécie de catecismo para os crentes.
Trabalhando com afinco para criar a próxima bolha que ao estoirar conduzirá à próxima recessão que «exigirá» outra vez a mesma terapêutica do alívio quantitativo, a qual criará a bolha seguinte que ao estoirar conduzira… e assim sucessivamente.
Fonte: Economist |
NOTA: Este vídeo do Banco de Inglaterra explica de um modo simples o milagre do alívio quantitativo - é uma espécie de catecismo para os crentes.
28/12/2014
Mitos (181) – O capital já não é o que era
The capitalists sold the mills and bought all our futures
John Kay, Financial Times
«If capital is indeed back as Piketty says, it is in a different way
If you want to measure the capital possessed by a nation, there are two ways of doing it. One is to travel the length and breadth of the country counting the houses, the bridges, the factories, shops and offices, and adding up their total value. The other is to knock on doors and ask people how rich they are. National statistics offices typically do both of these things, though not literally in this way.
The totals should be roughly equivalent, because however complex the chain of intermediation, it is the nation’s savings which fund the nation’s investment. The totals are not, however, exactly the same – for a few reasons.
For example, some national assets are owned by foreigners, and some household wealth is held overseas. But for large, developed countries the net effect of this is small because the two factors balance. The value of overseas assets owned by residents of Britain and of France is almost the same, in total, as the value of domestic assets held by overseas residents. Germany owns more than it owes, but the reverse is true of the US.
In addition, we do not treat government assets as part of our personal wealth, even if we attach value to the road network and the national gallery (and we certainly should). If, directly or indirectly, we hold government debt, we treat it as an asset, even though the future taxpayers who will have to pay it back do not report it as a liability.
Finally, some of what we regard as household wealth is a claim on future earnings. Apple has a market capitalisation of more than $500bn, but the corporation owns physical assets worth only about $15bn (and a $150bn mountain of cash). The bulk of the corporation’s value is anticipation of future profits. Similarly, pension rights are an important component of household wealth that may – or may not – be backed up by actual investments.
So there are two different concepts of national capital: physical assets and household wealth. Thomas Piketty’s widely cited study measures national capital using data derived from the UN system of statistical accounts (the only source that provides internationally comparable information). Professor Piketty has heroically attempted to reconstruct estimates for extended historical periods for Britain and France – to estimate what Lord Liverpool, Wellington’s prime minister, and Napoleon’s statisticians would have told their masters if they had appropriate data and knowledge of the UN system of accounts.
Prof Piketty’s figures are closer to the first concept (physical assets) than to the second (household wealth). But for his principal purposes – a review of inequality – it would seem that household wealth is more relevant. The wealth of Carlos Slim, Bill Gates or Warren Buffett is largely outside his data because the market value of América Móvil, Microsoft and Berkshire Hathaway far exceeds the tangible assets of these companies. And while the scale of these individuals’ wealth is unrepresentative even among the rich of today, they are wholly representative in the sources of their wealth.
If “capital is back”, as Prof Piketty contends, it is in a very different sense from the 19th-century view, in which the ownership of capital confers authority over the means of production. Messrs Slim, Gates and Buffett do control the means of production but not in the way described by Karl Marx. They did not acquire control of the means of production by virtue of their ownership of capital; rather they acquired capital from their control of the means of production, which they gained through political influence and success in the market.
The days when economic power was acquired by inheriting the mill are long gone. Mr Buffett began his business career as a mill owner, but closed the mills and went into insurance. That is the reality of capital in modern economics.»
Etiquetas:
o saber ocupa lugar,
se non è vero
27/12/2014
ACREDITE SE QUISER: Tiro no pé
O socialista António Arnaut, alegado fundador do SNS, enviou como prenda a José Sócrates, alegado autor de crimes variados preso preventivamente em Évora, um livro de sua autoria que a direcção do estabelecimento prisional devolveu. Arnaut protestou e «diz que vai apresentar "queixa" por esta "arbitrariedade"»
A «arbitrariedade» resulta do director da prisão ter de cumprir o artigo 127.º do Regulamento Geral dos Estabelecimentos Prisionais aprovado pelo governo de José Sócrates e referendado pelo próprio 3 meses antes de se demitir.
A «arbitrariedade» resulta do director da prisão ter de cumprir o artigo 127.º do Regulamento Geral dos Estabelecimentos Prisionais aprovado pelo governo de José Sócrates e referendado pelo próprio 3 meses antes de se demitir.
Etiquetas:
Ridendo castigat mores,
tiro no pé
Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (28) – Universos paralelos
«Os índices de pobreza estão tão alarmantes que as pessoas abaixo do limiar da pobreza não têm sequer força para se deslocar para uma manifestação.»
Isabel Moreira, em entrevista no ionline
Entretanto, num outro universo perto de si:
Isabel Moreira, em entrevista no ionline
Trilema de Žižek |
- A crise não agravou as desigualdades, não teve efeitos mais graves em Portugal e os pobres, em particular os idosos, não foram os mais afectados;
- «Poder de compra cresceu no ano do “enorme aumento de impostos”»;
- «Vendas de carros novos já ultrapassaram 150 mil unidades até Novembro»;
- «Mercedes bate recorde de vendas em Portugal»;
- «Portugueses estão a gastar mais este ano nas compras de Natal»
- «Viagens e hotéis esgotados no fim-de-ano» (SOL);
- «Ceias natalícias esgotam hotéis de cinco estrelas em Lisboa e Porto»;
- «Porto com hotéis esgotados e à espera de mais de cem mil na passagem de ano»;
- «Compras com multibanco cresceram 4,8% no Natal»
26/12/2014
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Elites merdíocres
«O espesso manto de iliteracia económica que as afecta, a suficiência bacoca e a total ausência de sentido crítico que as caracteriza fazem de Portugal um dos países da Europa com piores elites.»
João Ferreira do Amaral, «Porque devemos sair do euro»
Etiquetas:
eu diria mesmo mais
YOU TOOK THE WORDS RIGHT OF MY MOUTH: Preconceptions
«We cannot simply accept empirical evidence when it supports our preconceptions and reject that same evidence when it goes against those preconceptions.»
Thomas Sowell, Economic Facts and Fallacies
Thomas Sowell, Economic Facts and Fallacies
Etiquetas:
eu diria mesmo mais
DIÁRIO DE BORDO: Esteriótipos desviantes da esquerdalhada (2)
O socialismo é a abundância para todos; o capitalismo é a abundância só para alguns.
Caracas, Venezuela, os frutos do socialismo chávista |
Lisboa, Portugal, as misérias do capitalismo dos Soares dos Santos |
Etiquetas:
delírios pontuais,
esquerdalhada
25/12/2014
ARTIGO DEFUNTO: Quem diz 15 anos diz 150
«Portugal teve o maior excedente externo em 15 anos» titulou o Expresso. Entendamo-nos: se a memória não me falha, excedente externo foi coisa só vista 2 ou 3 vezes nos últimos 150 anos e, se as estimativas do BdP se realizarem, o excedente deste ano atingirá 2,6% do PIB e será o maior em termos relativos e certamente o maior em termos absolutos desde que Dom Afonso Henriques se armou a si próprio cavaleiro na catedral de Zamora e se revoltou contra a sua mãezinha.
Que isto tenha sido alcançado sem doses maciças de intervenção estatal e investimento público deveria instilar um módico de dúvida nas meninges obstipadas do keynesianismo saloio predominante na economia mediática (aquilo de que falam os «200 palhaços que vão à televisão falar de economia», segundo o professor João César das Neves).
Que isto tenha sido alcançado sem doses maciças de intervenção estatal e investimento público deveria instilar um módico de dúvida nas meninges obstipadas do keynesianismo saloio predominante na economia mediática (aquilo de que falam os «200 palhaços que vão à televisão falar de economia», segundo o professor João César das Neves).
QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O papel atribuído aos bancos centrais pela gestão "soviética" da economia (II)
Continuação de (I)
«Os bancos centrais transformaram-se em verdadeiros departamentos centrais de planeamento das economias actuais.
Uma boa medida do poder dos bancos centrais é o peso de toda a dívida da economia em percentagem do PIB.
Portugal é o 7.º país da OCDE com maior dívida. O rácio da dívida global era, em 2013, de 868% do PIB contra 405% em 1995. O valor deste indicador mais do que duplicou em menos de 20 anos.
Mas estes valores e esta evolução não são originais - são o padrão como se poderá observar na tabela anexa.
De simples apêndices dos ministérios das Finanças, para facilitar o financiamento de Estados pouco volumosos, viraram verdadeiros departamentos centrais da economia - pretendendo controlar em detalhe o funcionamento do sistema financeiro e da economia em geral - no contexto de Estados de grande dimensão e de economias onde o sector financeiro ganhou um peso excessivo.
Os problemas do funcionamento dos bancos centrais são idênticos às dificuldades há muito conhecidas para o funcionamento das economias socialistas. A produção do conhecimento da natureza destes problemas foi marcado por três fases de um debate muito vivo que marcou o pensamento económico nos anos 1930.
Numa primeira hipótese, rapidamente abandonada, por indefensável, ousou-se pensar que o socialismo dispensaria o cálculo económico, bastando o trabalho do engenheiro em unidades físicas.
A segunda fase foi pautada pela ideia de que, sendo necessário o cálculo económico e não apenas físico, aquele poderia ser desenvolvido dispensando o mercado. O cálculo económico, a cargo de uma autoridade central teria à sua disposição um suficiente instrumental matemático: nada mais simples do que enunciar e resolver um mero sistema de equações simultâneas, por numerosas que elas fossem. Esta segunda fase foi mais difícil de ultrapassar. O argumento da dificuldade devida à existência de demasiadas equações com parâmetros constantemente em mudança demorou a ser reconhecido. Mas a entrada em cena de economistas socialistas (por exemplo, Oskar Lange e Fred Taylor) tecnicamente muito bem preparados ajudou a abandonar esta pretensão.
A terceira fase foi marcada pela proposta de Lange e Dickinson de definir um socialismo de concorrência ou de mercado: concedem ao mercado algum papel na determinação dos preços, mas recusam que o mercado determine directamente os preços e propõem a sua determinação por uma autoridade central e em que os dados de mercado é apenas uma das condições a ter em conta. Propõem a fixação centralizada dos preços - pelo processo de tentativa e erro já que aceitam a impossibilidade da solução matemática - deixando aos agentes o papel de se ajustar livremente.
Apesar do debate e dos esforços de alguns para contrariar a validade desta terceira solução de planeamento central (por exemplo, Hayek em 1940 em "Socialism Calculation: The Competitive 'Solution'") a realidade política não deixou terminar o debate e foi muito mais tarde a experimentação social que se encarregou de desempatar a controvérsia no fim da década 1980. Curiosamente, na mesma altura um novo impulso de planeamento central tomou forma - agora limitado à área financeira, mas alargado à generalidade das economias - com o formidável reforço dos bancos centrais que aparecem com poderes ampliados e aura de independência o que lhes confere um protagonismo que não tem parado de crescer.
Os problemas dos sistemas centralizados - como os bancos centrais - foram, há muito, teorizados e não se modificaram: tempo de ajustamento das variáveis fixadas e rapidez de reacção às constantes mudanças dos agentes. Como já nos anos 1930 fora notado, o problema principal não é o número de equações, mas a mudança constante das informações relevantes. Quando a informação chega, já os agentes mudaram de posição. O conhecimento relevante não poderá estar na posse de uma autoridade central: o sistema torna-se ineficiente, gera contradições crescentes e cria tensões que o poderão levar à implosão como o verificado, no fim da década 1980, nos sistemas de planeamento central na economia real.
As dificuldades teorizadas nos anos 30 estão a tornar-se cada vez mais evidentes e - tal como o planeamento na esfera real da economia - seguirá o seu caminho até os seus limites serem atingidos.
São indícios preocupantes deste caminho o prolongamento anormal da crise e o acentuar dos problemas na esfera financeira com as sucessivas fugas em frente das políticas monetárias expansionistas em contradição com políticas macro prudenciais restritivas.
Os bancos centrais ficaram encurralados num quadro que repete um modelo cujo destino é conhecido.»
«Para compreender o estertor do Banco de Portugal (I)», Avelino de Jesus no negócios online
«Os bancos centrais transformaram-se em verdadeiros departamentos centrais de planeamento das economias actuais.
Uma boa medida do poder dos bancos centrais é o peso de toda a dívida da economia em percentagem do PIB.
Portugal é o 7.º país da OCDE com maior dívida. O rácio da dívida global era, em 2013, de 868% do PIB contra 405% em 1995. O valor deste indicador mais do que duplicou em menos de 20 anos.
Mas estes valores e esta evolução não são originais - são o padrão como se poderá observar na tabela anexa.
De simples apêndices dos ministérios das Finanças, para facilitar o financiamento de Estados pouco volumosos, viraram verdadeiros departamentos centrais da economia - pretendendo controlar em detalhe o funcionamento do sistema financeiro e da economia em geral - no contexto de Estados de grande dimensão e de economias onde o sector financeiro ganhou um peso excessivo.
Os problemas do funcionamento dos bancos centrais são idênticos às dificuldades há muito conhecidas para o funcionamento das economias socialistas. A produção do conhecimento da natureza destes problemas foi marcado por três fases de um debate muito vivo que marcou o pensamento económico nos anos 1930.
Numa primeira hipótese, rapidamente abandonada, por indefensável, ousou-se pensar que o socialismo dispensaria o cálculo económico, bastando o trabalho do engenheiro em unidades físicas.
A segunda fase foi pautada pela ideia de que, sendo necessário o cálculo económico e não apenas físico, aquele poderia ser desenvolvido dispensando o mercado. O cálculo económico, a cargo de uma autoridade central teria à sua disposição um suficiente instrumental matemático: nada mais simples do que enunciar e resolver um mero sistema de equações simultâneas, por numerosas que elas fossem. Esta segunda fase foi mais difícil de ultrapassar. O argumento da dificuldade devida à existência de demasiadas equações com parâmetros constantemente em mudança demorou a ser reconhecido. Mas a entrada em cena de economistas socialistas (por exemplo, Oskar Lange e Fred Taylor) tecnicamente muito bem preparados ajudou a abandonar esta pretensão.
A terceira fase foi marcada pela proposta de Lange e Dickinson de definir um socialismo de concorrência ou de mercado: concedem ao mercado algum papel na determinação dos preços, mas recusam que o mercado determine directamente os preços e propõem a sua determinação por uma autoridade central e em que os dados de mercado é apenas uma das condições a ter em conta. Propõem a fixação centralizada dos preços - pelo processo de tentativa e erro já que aceitam a impossibilidade da solução matemática - deixando aos agentes o papel de se ajustar livremente.
Apesar do debate e dos esforços de alguns para contrariar a validade desta terceira solução de planeamento central (por exemplo, Hayek em 1940 em "Socialism Calculation: The Competitive 'Solution'") a realidade política não deixou terminar o debate e foi muito mais tarde a experimentação social que se encarregou de desempatar a controvérsia no fim da década 1980. Curiosamente, na mesma altura um novo impulso de planeamento central tomou forma - agora limitado à área financeira, mas alargado à generalidade das economias - com o formidável reforço dos bancos centrais que aparecem com poderes ampliados e aura de independência o que lhes confere um protagonismo que não tem parado de crescer.
Os problemas dos sistemas centralizados - como os bancos centrais - foram, há muito, teorizados e não se modificaram: tempo de ajustamento das variáveis fixadas e rapidez de reacção às constantes mudanças dos agentes. Como já nos anos 1930 fora notado, o problema principal não é o número de equações, mas a mudança constante das informações relevantes. Quando a informação chega, já os agentes mudaram de posição. O conhecimento relevante não poderá estar na posse de uma autoridade central: o sistema torna-se ineficiente, gera contradições crescentes e cria tensões que o poderão levar à implosão como o verificado, no fim da década 1980, nos sistemas de planeamento central na economia real.
As dificuldades teorizadas nos anos 30 estão a tornar-se cada vez mais evidentes e - tal como o planeamento na esfera real da economia - seguirá o seu caminho até os seus limites serem atingidos.
São indícios preocupantes deste caminho o prolongamento anormal da crise e o acentuar dos problemas na esfera financeira com as sucessivas fugas em frente das políticas monetárias expansionistas em contradição com políticas macro prudenciais restritivas.
Os bancos centrais ficaram encurralados num quadro que repete um modelo cujo destino é conhecido.»
«Para compreender o estertor do Banco de Portugal (I)», Avelino de Jesus no negócios online
24/12/2014
QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: Afinal a deflação talvez não seja um problema
«Deflation need not be the end of the world if it is the result of structural changes that boost optimism», concluiu Stephanie Flanders, chief market strategist para a Europe do JPMorgan Asset Management, uma notória increia nas propriedades curativas do quantitative easing e no papel de demiurgo financeiro dos bancos centrais, no artigo «In the next act of the eurozone’s economic drama, keep a close eye on Spain» no Financial Times, a propósito da retoma da economia espanhola, apesar de uma taxa média de inflação negativa em 2014.
Etiquetas:
deflação,
Desconformidades,
Desfazendo ideias feitas,
Óropa,
Quantitative easing
23/12/2014
A atracção fatal entre a banca do regime e o poder (26) – Submerso em corrupção (ACTUALIZAÇÃO)
Agora que o país se pensa rico, depois de décadas a endividar-se, continua com três submarinos. Dois novinhos em folha da Marinha e um terceiro de 1869, na época chamado de «Caza de Cambio», sito na Calçada do Combro, n.º 91, e actualmente chamado BES que imergiu com o PREC e emergiu em meados da década de 80 e desde então navega nos mares do regime.
Estava escrito que os três submarinos se haveriam de encontrar. Primeiro pela mão do governo de Guterres que decidiu encomendar dois, e depois do governo de Barroso que concretizou a adjudicação à Ferrostal com os dedinhos do inefável Portas, à época ministro da Defesa. Nessa altura, os submarinos cruzaram-se várias vezes com os sobreiros da herdade Portucale e Abel Pinheiro, uma espécie de tesoureiro do CDS, foi escutado em conversas com gente do BES, dizendo «nós metemos nas mãos da sua gente mais de 400 milhões de euros nas últimas três semanas».
Dez anos depois, emerge na Suíça a ligação do terceiro submarino aos outros dois, com a decisão de um tribunal entregar os dados bancários de 3 contas cujos titulares são membros do Conselho Superior do BES.
Em aditamento aos 3 parágrafos acima transcritos deste post, fica-se a saber agora, sem surpresa, pelo despacho de arquivamento do inquérito à compra dos submarinos um pouco mais do papel do então ministro da Defesa (Portas exigiu que BES integrasse consórcio que financiou compra dos submarinos), confirma-se o misterioso desaparecimento de vários papéis do processo e continua-se a desconhecer qual foi a sexta pessoa que recebeu «uma outra fatia da comissão paga à Escom por serviços de consultoria prestados ao consórcio alemão».
Já que me citei uma vez, ao arrepio da vulgata dos comentadores, vou reincidir e citar-me outra vez para constatar a confirmação da minha profecia de há 4 anos «o caso dos submarinos vai afundar-se».
Estava escrito que os três submarinos se haveriam de encontrar. Primeiro pela mão do governo de Guterres que decidiu encomendar dois, e depois do governo de Barroso que concretizou a adjudicação à Ferrostal com os dedinhos do inefável Portas, à época ministro da Defesa. Nessa altura, os submarinos cruzaram-se várias vezes com os sobreiros da herdade Portucale e Abel Pinheiro, uma espécie de tesoureiro do CDS, foi escutado em conversas com gente do BES, dizendo «nós metemos nas mãos da sua gente mais de 400 milhões de euros nas últimas três semanas».
Dez anos depois, emerge na Suíça a ligação do terceiro submarino aos outros dois, com a decisão de um tribunal entregar os dados bancários de 3 contas cujos titulares são membros do Conselho Superior do BES.
Em aditamento aos 3 parágrafos acima transcritos deste post, fica-se a saber agora, sem surpresa, pelo despacho de arquivamento do inquérito à compra dos submarinos um pouco mais do papel do então ministro da Defesa (Portas exigiu que BES integrasse consórcio que financiou compra dos submarinos), confirma-se o misterioso desaparecimento de vários papéis do processo e continua-se a desconhecer qual foi a sexta pessoa que recebeu «uma outra fatia da comissão paga à Escom por serviços de consultoria prestados ao consórcio alemão».
Já que me citei uma vez, ao arrepio da vulgata dos comentadores, vou reincidir e citar-me outra vez para constatar a confirmação da minha profecia de há 4 anos «o caso dos submarinos vai afundar-se».
Dúvidas (69) - O que não é bom para a cidade de Lisboa será bom para o país?
«Na proposta de parceria para a gestão dos transportes de Lisboa, a autarquia quer poderes de planeamento e gestão das redes e frotas, de fixação de tarifas e preços e definição de níveis de serviço e de objectivos de gestão operacional.» (negócios online)
Poderes de planeamento? Fixação de preços? Onde já ouvimos falar disso? Hoje na câmara, amanhã no país, o plano quinquenal?
Poderes de planeamento? Fixação de preços? Onde já ouvimos falar disso? Hoje na câmara, amanhã no país, o plano quinquenal?
22/12/2014
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (100) – Os compadres são para as ocasiões
«Quatro empresas do amigo de José Sócrates arguido no âmbito da Operação Marquês encaixaram 12,8 milhões de euros em 127 contratos celebrados por ajuste direto, 52 por concurso público e dois por concursos limitados. A maioria das autarquias que fizeram negócio com as empresas de Santos Silva é do Interior. Parque Escolar e câmaras socialistas foram responsáveis por 52,6% do valor dos contratos (7,87 milhões de euros), autarquias PSD somam 8,62% e as do PCP 5,84%. Os dados são do portal Base - plataforma criada em 2008 que publicita a contratação pública.» (DN)
De boas intenções está o inferno cheio (24) – Resolver os problemas do excesso de Estado com mais Estado
«A realidade entrou-nos de tal maneira pelos olhos dentro que tem de haver essa separação. Neste momento, em Portugal, mais do que de rótulos ideológicos, precisamos de aprender com a experiência. O Estado tem de ter força. Se o Estado não tiver força, é da natureza humana que surjam pessoas que vão prevaricar, vão iludir, vão enganar, vão dissimular, vão martelar contas e isto é mesmo assim. Temos de criar um sistema que torne estas derivas mais raras e pontuais. Por isso é que as minhas convicções liberais estão a desaparecer. E sou contrário a todas as práticas de ocultação.»
Carlos Abreu Amorim, deputado do PSD, ex-liberal, em entrevista no Público
QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O papel atribuído aos bancos centrais pela gestão "soviética" da economia (I)
«O impasse provocado pelo esgotamento dos instrumentos de acção de órgãos de gestão centralizada da economia - como são o BP e o BCE - provoca uma fuga em frente, com a exigência de mais centralização, mais instrumentos, mais regulamentação, mais intervenção. Quando nestas situações existem vários órgãos hierarquizados, a maior centralização do todo exige também a perda suplementar de autonomia dos órgãos subordinados.
No caso em apreço, a centralização não decorre da existência do euro, mas da sua gestão numa perspectiva de laxismo (acomodatícia, na língua de madeira em voga). Nesta perspectiva vai ser exigido cada vez maior centralização e controlo do BCE sobre os bancos e economias nacionais. Isto irá, perversamente, acelerar as tensões na Europa e reforçar as forças anti-euro e anti-integração. Em vez da maior integração necessária servem-se doses cavalares de centralização num processo que pode ser auto-destrutivo.
Este processo entende-se melhor se recuarmos o suficiente, aos 1980 quando foi lançado o enquadramento em vigor dos bancos centrais. A estes foi então atribuída a missão de serem "independentes" para combater a inflação. O dever primeiro dos bancos centrais passou a ser a estabilidade dos preços, com notável excepção dos EUA onde coabita em paridade com o de estabilidade do emprego. A estabilidade financeira tem um papel menor, para não dizer que foi desprezada, situação que se revelou inadequada com o evoluir do tempo.
A contenção da inflação legitimou a intervenção dos bancos centrais na política monetária para patamares não imaginados com a oferta monetária e de crédito para níveis incrivelmente altos. Foi assim lançada com a devida antecedência e continuidade a semente da crise financeira através da criação e rebentamento sucessivo de bolhas no crédito e nos preços dos activos.
A aparente estabilidade dos preços e o aparecimento dos graves problemas no sistema financeiro desloca o foco dos bancos centrais para a função estabilidade que não está suficientemente explicitada na legislação e sob a qual não existe conhecimento científico suficiente para guiar a acção.
Os bancos centrais ficaram a braços com dois problemas. O esgotamento da capacidade de intervenção pela utilização até ao limite dos instrumentos de taxa de juro e de criação de massa monetária aos quais a economia já não reage. Desesperados com uma inflação baixa, que já não controlam a menos que se fechem as portas ao exterior, ficaram sem margem para reduzir as taxas de juro reais. Agora só com taxas de juro negativas.
Assiste-se ao inimaginável. Sugestões brincalhonas de há pouco tempo, de fixação de taxas de juro negativas, foram de verdade implementadas, já este ano, nos depósitos no BCE. Por sua vez, foi proposto por alguns responsáveis - sem passar sequer pela fase da brincadeira - a imposição de taxas de juro negativas nos depósitos nos bancos comerciais. Muito a sério, o ex-economista chefe do FMI, Kenneth Rogoff, propôs - face à impossibilidade de controlar a inflação - esta coisa espantosa: substituir o tradicional dinheiro (notas e moedas) por dinheiro electrónico como única e desejável forma de impor aos depositantes (que o seriam agora à força por impossibilidade de entesourar em casa) taxas de juro negativas.
É um processo conhecido e recorrente: as contradições que vão surgindo nos sistemas centralizados - enquanto aquelas não acumularem tensões suficientes para a sua implosão - vão sendo atenuadas através de novas centralizações e novas reduções da liberdade de acção dos agentes.
Vários elementos regulatórios contribuíram para o acumular de tensões incentivando práticas demasiado arriscadas dos agentes. Ilustremos apenas com dois exemplos. Primeiro, a imposição de seguros de depósitos foi altamente perversa: desresponsabilizou os depositantes e os bancos, provocando fugas em frente cujos resultados se começam agora ser visíveis. Segundo, o aumento das responsabilidades com vencimento no longo e médio prazo em relação aos vencimentos de curto prazo só permitido pelo aumento da oferta monetária e, sobretudo, pela promessa dos bancos centrais de utilização desbragada da sua função de emprestador de último criou não só para os bancos, mas para as empresas e particulares situações perigosas e imprevistas.»
«Para compreender o estertor do Banco de Portugal (I)», Avelino de Jesus no negócios online
(Continua)
No caso em apreço, a centralização não decorre da existência do euro, mas da sua gestão numa perspectiva de laxismo (acomodatícia, na língua de madeira em voga). Nesta perspectiva vai ser exigido cada vez maior centralização e controlo do BCE sobre os bancos e economias nacionais. Isto irá, perversamente, acelerar as tensões na Europa e reforçar as forças anti-euro e anti-integração. Em vez da maior integração necessária servem-se doses cavalares de centralização num processo que pode ser auto-destrutivo.
Este processo entende-se melhor se recuarmos o suficiente, aos 1980 quando foi lançado o enquadramento em vigor dos bancos centrais. A estes foi então atribuída a missão de serem "independentes" para combater a inflação. O dever primeiro dos bancos centrais passou a ser a estabilidade dos preços, com notável excepção dos EUA onde coabita em paridade com o de estabilidade do emprego. A estabilidade financeira tem um papel menor, para não dizer que foi desprezada, situação que se revelou inadequada com o evoluir do tempo.
A contenção da inflação legitimou a intervenção dos bancos centrais na política monetária para patamares não imaginados com a oferta monetária e de crédito para níveis incrivelmente altos. Foi assim lançada com a devida antecedência e continuidade a semente da crise financeira através da criação e rebentamento sucessivo de bolhas no crédito e nos preços dos activos.
A aparente estabilidade dos preços e o aparecimento dos graves problemas no sistema financeiro desloca o foco dos bancos centrais para a função estabilidade que não está suficientemente explicitada na legislação e sob a qual não existe conhecimento científico suficiente para guiar a acção.
Os bancos centrais ficaram a braços com dois problemas. O esgotamento da capacidade de intervenção pela utilização até ao limite dos instrumentos de taxa de juro e de criação de massa monetária aos quais a economia já não reage. Desesperados com uma inflação baixa, que já não controlam a menos que se fechem as portas ao exterior, ficaram sem margem para reduzir as taxas de juro reais. Agora só com taxas de juro negativas.
Assiste-se ao inimaginável. Sugestões brincalhonas de há pouco tempo, de fixação de taxas de juro negativas, foram de verdade implementadas, já este ano, nos depósitos no BCE. Por sua vez, foi proposto por alguns responsáveis - sem passar sequer pela fase da brincadeira - a imposição de taxas de juro negativas nos depósitos nos bancos comerciais. Muito a sério, o ex-economista chefe do FMI, Kenneth Rogoff, propôs - face à impossibilidade de controlar a inflação - esta coisa espantosa: substituir o tradicional dinheiro (notas e moedas) por dinheiro electrónico como única e desejável forma de impor aos depositantes (que o seriam agora à força por impossibilidade de entesourar em casa) taxas de juro negativas.
É um processo conhecido e recorrente: as contradições que vão surgindo nos sistemas centralizados - enquanto aquelas não acumularem tensões suficientes para a sua implosão - vão sendo atenuadas através de novas centralizações e novas reduções da liberdade de acção dos agentes.
Vários elementos regulatórios contribuíram para o acumular de tensões incentivando práticas demasiado arriscadas dos agentes. Ilustremos apenas com dois exemplos. Primeiro, a imposição de seguros de depósitos foi altamente perversa: desresponsabilizou os depositantes e os bancos, provocando fugas em frente cujos resultados se começam agora ser visíveis. Segundo, o aumento das responsabilidades com vencimento no longo e médio prazo em relação aos vencimentos de curto prazo só permitido pelo aumento da oferta monetária e, sobretudo, pela promessa dos bancos centrais de utilização desbragada da sua função de emprestador de último criou não só para os bancos, mas para as empresas e particulares situações perigosas e imprevistas.»
«Para compreender o estertor do Banco de Portugal (I)», Avelino de Jesus no negócios online
(Continua)
21/12/2014
QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (10) – Aliviar não sabemos, mas espevita o mercado imobiliário do Japão
Outras marteladas.
Já aqui e aqui vimos que o alívio quantitativo prosseguido pelo banco central japonês está a aliviar a economia que se contraiu no 3.º trimestre. Em contrapartida, o alívio está a espevitar o mercado imobiliário cujos preços estão a aumentar em 80% dos locais.
É muito instrutivo verificar que a bolha imobiliária, cuja explosão em 1990 marcou o início de um longo período de estagnação da economia japonesa, pode estar novamente a inchar à custa dos efeitos colaterais das medidas que visariam retomar o crescimento. Nada, porém, que ponha em causa a fé dos bancos centrais nos poderes miraculosos deste tipo de medidas.
Já aqui e aqui vimos que o alívio quantitativo prosseguido pelo banco central japonês está a aliviar a economia que se contraiu no 3.º trimestre. Em contrapartida, o alívio está a espevitar o mercado imobiliário cujos preços estão a aumentar em 80% dos locais.
Fonte: Economist |
Pro memoria (215) – A privatização da TAP e o défice de memória de Costa (II)
Continuação de outro défice.
«Nesta altura do campeonato já toda a gente sabe que, da última vez que houve urna requisição civil na TAP, António Costa fazia parte desse Governo - era um dos pivôs do combate politico por parte do Executivo no Parlamento, como secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares. Mas essa não foi a única vez que um Governo integrado pelo atual lider do PS decidiu recorrer a essa f6rmula extrema, rotulada pelos sindicatos como um ataque ao direito a greve. Por sete vezes os Governos de Ant6nio Guterres e de Jose Sócrates, onde Costa foi tendo cargos progressivamente mais relevantes, optaram pela requisição civil perante greves. lsto, sem contar com outra requisição, decretada pelo governo regional dos Açores - onde não estava António Costa, claro, mas que era dirigido por Carlos Cesar, o recém-eleito presidente do PS (nesse caso, no ano 2000, o alvo foram os pilotos da SATA).» (Expresso)
«Nesta altura do campeonato já toda a gente sabe que, da última vez que houve urna requisição civil na TAP, António Costa fazia parte desse Governo - era um dos pivôs do combate politico por parte do Executivo no Parlamento, como secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares. Mas essa não foi a única vez que um Governo integrado pelo atual lider do PS decidiu recorrer a essa f6rmula extrema, rotulada pelos sindicatos como um ataque ao direito a greve. Por sete vezes os Governos de Ant6nio Guterres e de Jose Sócrates, onde Costa foi tendo cargos progressivamente mais relevantes, optaram pela requisição civil perante greves. lsto, sem contar com outra requisição, decretada pelo governo regional dos Açores - onde não estava António Costa, claro, mas que era dirigido por Carlos Cesar, o recém-eleito presidente do PS (nesse caso, no ano 2000, o alvo foram os pilotos da SATA).» (Expresso)
20/12/2014
CASE STUDY: Um imenso Portugal (18)
[Outros imensos Portugais]
Nós por cá, em matéria de entregas, só sabemos do motorista João Perna (por enquanto).
Tem ex-presidente, ministro, tesoureiro de partido, deputado e etc. (um grande etc.)
Nós por cá, em matéria de entregas, só sabemos do motorista João Perna (por enquanto).
Presunção de inocência ou presunção de culpa? (21) – Pessoas acima de qualquer suspeita
Para Miguel Sousa Tavares só há em Portugal três pessoas acima de qualquer suspeita: José Sócrates, Ricardo Salgado e Pinto da Costa, observou há tempos Ricardo Araújo Pereira (recordado por A. J. Saraiva no SOL).
Etiquetas:
é muito para um homem só,
Ridendo castigat mores
Lost in translation (217) – O ser, o fazer, o homem e a sua circunstância, os livros e as viagens
«O advogado de José Sócrates, João Araújo, considerou, esta sexta-feira, que o ex-primeiro-ministro "só está preso por ser quem é" e que essa "circunstância" interveio na avaliação do juiz Carlos Alexandre.» (JN)
Etiquetas:
Conversa fiada,
E agora José?,
Ridendo castigat mores
19/12/2014
Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (27) – Um albergue espanhol
O que têm em comum quatro generais, dois almirantes, um bispo, um frade dominicano, um ex-ministro de Salazar, dois fadistas, meia dúzia de cantores e outro tanto de artistas sortidos, dois ou três «senadores», um número indeterminado de jornalistas, comentadores, escritores e uma miscelânea de outras luminárias?
Constituem o albergue espanhol dos signatários de um manifesto defendendo que as «caravelas» - assim foram chamados os Airbus pelo entronizado líder do PS - continuem a navegar sob o controlo e em benefício de «uma espécie de condomínio entre o Estado e os sindicatos, que exercem um eficaz poder de veto na gestão da empresa» (Vital Moreira), condomínio com mais de uma dezena de milhares de condóminos.
Vejamos o que teríamos a perder se trocássemos a corporação das caravelas por uma equipa de clippers:
.
Constituem o albergue espanhol dos signatários de um manifesto defendendo que as «caravelas» - assim foram chamados os Airbus pelo entronizado líder do PS - continuem a navegar sob o controlo e em benefício de «uma espécie de condomínio entre o Estado e os sindicatos, que exercem um eficaz poder de veto na gestão da empresa» (Vital Moreira), condomínio com mais de uma dezena de milhares de condóminos.
Vejamos o que teríamos a perder se trocássemos a corporação das caravelas por uma equipa de clippers:
.
ACREDITE SE QUISER: A polícia brasileira da democracia é mais mortífera do que os militares da ditadura
Foi recentemente publicado o Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade sobre as violações de direito humanos levadas a cabo durante os 22 anos de 1964 a 1985 do período da ditadura militar brasileira. O relatório de mais de 4 páginas identifica 377 pessoas como responsáveis dos 434 assassinatos e desaparecimentos, incluindo entre responsáveis os 8 presidentes militares do Brasil dessa época.
Sem pretender minimizar ou relativizar a gravidade desses crimes, infelizmente dificilmente puníveis por terem sido quase todos amnistiados pela lei de 1997, o certo é que a ditadura militar brasileira foi muito menos cruel do que as do Chile e Argentina que deixaram um rasto de 2 a 3 mil e 10 a 30 mil mortos e desaparecidos, respectivamente.
Contudo, o maior paradoxo comparativo é com o massacre que a polícia brasileira nos tempos da democracia leva a cabo todos os anos. Só no ano passado, a polícia matou 2.200 pessoas o que a esse ritmo significaria durante o período da ditadura militar teriam sido mortos mais de 48 mil pessoas ou, dito de outro modo, a polícia mostra ser 111 vezes mais mortífera do que a ditadura militar.
Sem pretender minimizar ou relativizar a gravidade desses crimes, infelizmente dificilmente puníveis por terem sido quase todos amnistiados pela lei de 1997, o certo é que a ditadura militar brasileira foi muito menos cruel do que as do Chile e Argentina que deixaram um rasto de 2 a 3 mil e 10 a 30 mil mortos e desaparecidos, respectivamente.
Contudo, o maior paradoxo comparativo é com o massacre que a polícia brasileira nos tempos da democracia leva a cabo todos os anos. Só no ano passado, a polícia matou 2.200 pessoas o que a esse ritmo significaria durante o período da ditadura militar teriam sido mortos mais de 48 mil pessoas ou, dito de outro modo, a polícia mostra ser 111 vezes mais mortífera do que a ditadura militar.
18/12/2014
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Coisas que outros escreveram sobre Costa, as quais, por isso, já não precisam de ser escritas (9)
Outras coisas: «Para mim Costa não é um mistério», (2), (3), (4), (5), (6), (7) e (8).
«A forma como António Costa tem vindo aos poucos a erguer um cordão sanitário em redor de José Sócrates, procurando proteger-se a si próprio e ao PS dos riscos de contaminação, é uma das mais impressionantes manobras políticas a que eu me lembro de assistir. Nem Francisco George foi tão eficaz no combate à Legionella.
Primeiro, foi o SMS enviado aos militantes socialistas a 22 de Novembro, escassas 10 horas após Sócrates ter sido detido no aeroporto (…) Sete dias depois, foi a Lei da Rolha que Costa (…) Três semanas depois (…) esvaziou o balão afirmando numa manchete do Expresso que iria certamente lá no Natal, “a título pessoal” (…)
Finalmente – cereja envenenadíssima em cima de um bolo já azedo –, António Costa decide conceder esta semana uma entrevista à CMTV, o que visto da perspectiva de José Sócrates deve fazer tanto sentido quanto Harry Potter convidar Voldemort para ir jantar lá a casa. (…)
António Costa tem de ter cuidado. Há um momento em que muito calculismo passa a ser calculismo a mais.»
«António Costa e José Sócrates», João Miguel Tavares no Público
E, por falar no diabo, confirme-se o calculismo no elogio ao Bloco Central, logo seguido da correcção de pontaria para o elogio a Soares e a Ernâni Lopes (que teria sido vilipendiado pelas medidas de austeridade não fora elas serem o seguro de vida política à época para Mário Soares) e seguida ainda de outra correcção.
E repare-se na fidelidade canina da Lusa que duas horas depois do título «Costa considera Bloco Central PS/PSD exemplo de Governo que repôs a confiança» o alterou para «Costa elogia liderança de Soares no Bloco Central para defender confiança».
«A forma como António Costa tem vindo aos poucos a erguer um cordão sanitário em redor de José Sócrates, procurando proteger-se a si próprio e ao PS dos riscos de contaminação, é uma das mais impressionantes manobras políticas a que eu me lembro de assistir. Nem Francisco George foi tão eficaz no combate à Legionella.
Primeiro, foi o SMS enviado aos militantes socialistas a 22 de Novembro, escassas 10 horas após Sócrates ter sido detido no aeroporto (…) Sete dias depois, foi a Lei da Rolha que Costa (…) Três semanas depois (…) esvaziou o balão afirmando numa manchete do Expresso que iria certamente lá no Natal, “a título pessoal” (…)
Finalmente – cereja envenenadíssima em cima de um bolo já azedo –, António Costa decide conceder esta semana uma entrevista à CMTV, o que visto da perspectiva de José Sócrates deve fazer tanto sentido quanto Harry Potter convidar Voldemort para ir jantar lá a casa. (…)
António Costa tem de ter cuidado. Há um momento em que muito calculismo passa a ser calculismo a mais.»
«António Costa e José Sócrates», João Miguel Tavares no Público
E, por falar no diabo, confirme-se o calculismo no elogio ao Bloco Central, logo seguido da correcção de pontaria para o elogio a Soares e a Ernâni Lopes (que teria sido vilipendiado pelas medidas de austeridade não fora elas serem o seguro de vida política à época para Mário Soares) e seguida ainda de outra correcção.
E repare-se na fidelidade canina da Lusa que duas horas depois do título «Costa considera Bloco Central PS/PSD exemplo de Governo que repôs a confiança» o alterou para «Costa elogia liderança de Soares no Bloco Central para defender confiança».
Etiquetas:
é muito para um homem só,
eu diria mesmo mais
Pro memoria (214) - De como as memórias são como as cerejas
«Os russos dizem que “a Rússia é um país com um passado imprevisível” para sublinhar que a história pode ser reescrita ao sabor dos desejos do senhor no poder. O problema é que o passado é revisto, na maior parte das vezes, para justificar os devaneios do presente.
Quando eu estava na Faculdade de História da Universidade de Moscovo, um professor mais ousado e aberto da disciplina de História do Partido Comunista da União Soviética decidiu mostrar-nos como é que isso se fazia na prática. Trouxe-nos três livros sobre o mesmo tema: a revolução comunista de 1917, escritos entre 1918 e 1929. No primeiro, os principais mentores e realizadores do golpe são Vladimir Lenine e Lev Trotski, aparecendo José Estaline num lugar insignificante; no segundo, Trotski desaparece, passando Lénine a ser acompanhado na direcção por Estaline e, no terceiro, Trotski passa a adversário, Estaline a figura central e Lenine a ajudante do ditador soviético.»
Ao ler este artigo, de onde extraí o excerto citado, de José Milhazes no Observador ocorreu-me George Orwell que inspirado nesses exemplos escreveu no «1984» «quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado». E, como que a confirmar esta associação, as autoridades russas da região de Kaluga decidiram banir a palavra crise: «é possível que a crise exista, mas proibimos o uso dessa palavra» disse Anatoly Artamonov, o governador da região (via Insurgente).
E ao evocar Orwell e o seu newspeak, lembrei Alfred Kahn, que inspirou ao Impertinente o princípio com o seu nome, por várias vezes citado no (Im)pertinências, «economista e regulador que desregulou o transporte aéreo americano e com isso mudou o mundo». Assessor económico do presidente Carter foi por este repreendido por ter-se referido publicamente em 1978 a uma possível depressão da economia americana. Na sua intervenção seguinte, Alfred Kahn disse que «we're in danger of having the worst banana in 45 years».
Quando eu estava na Faculdade de História da Universidade de Moscovo, um professor mais ousado e aberto da disciplina de História do Partido Comunista da União Soviética decidiu mostrar-nos como é que isso se fazia na prática. Trouxe-nos três livros sobre o mesmo tema: a revolução comunista de 1917, escritos entre 1918 e 1929. No primeiro, os principais mentores e realizadores do golpe são Vladimir Lenine e Lev Trotski, aparecendo José Estaline num lugar insignificante; no segundo, Trotski desaparece, passando Lénine a ser acompanhado na direcção por Estaline e, no terceiro, Trotski passa a adversário, Estaline a figura central e Lenine a ajudante do ditador soviético.»
Ao ler este artigo, de onde extraí o excerto citado, de José Milhazes no Observador ocorreu-me George Orwell que inspirado nesses exemplos escreveu no «1984» «quem controla o passado, controla o futuro; quem controla o presente, controla o passado». E, como que a confirmar esta associação, as autoridades russas da região de Kaluga decidiram banir a palavra crise: «é possível que a crise exista, mas proibimos o uso dessa palavra» disse Anatoly Artamonov, o governador da região (via Insurgente).
E ao evocar Orwell e o seu newspeak, lembrei Alfred Kahn, que inspirou ao Impertinente o princípio com o seu nome, por várias vezes citado no (Im)pertinências, «economista e regulador que desregulou o transporte aéreo americano e com isso mudou o mundo». Assessor económico do presidente Carter foi por este repreendido por ter-se referido publicamente em 1978 a uma possível depressão da economia americana. Na sua intervenção seguinte, Alfred Kahn disse que «we're in danger of having the worst banana in 45 years».
Etiquetas:
comunismo,
democracia asmática,
verdade inconveniente
17/12/2014
YOU TOOK THE WORDS RIGHT OF MY MOUTH: Alcoholics Bankers Anonymous
«Bankers, like alcoholics, must first admit they have a problem
They really can’t help it, can they? Like alcoholics in a liquor store, the investment banks cannot resist an illicit swig whenever they think nobody is looking. That is the conclusion from the fines imposed on 10 US investment banks last week for breaking the rules designed to manage conflicts of interest in initial public offerings.
The shock is that the event in question occurred in 2010, a mere seven years after rules were passed to clean up the IPO market in the wake of the dotcom crash. Back then Eliot Spitzer, then New York State attorney-general, had led an investigation that showed how investment banks’ analysts had been puffing new issues. It was a scandal that blew Wall Street’s claim to be a trusted adviser out of the water. Ten investment banks paid $1.4bn to settle the matter and signed up to new rules restricting analysts’ involvement in IPOs.»
DIÁRIO DE BORDO: A propósito dos equívocos sobre a TAP
Go, go, go, said the bird: human kind
Cannot bear very much reality.
Time past and time future
What might have been and what has been
Point to one end, which is always present.
T. S. Eliot, Burnt Norton (No. 1 of Four Quartets)
Etiquetas:
delírios pontuais,
TAP
16/12/2014
Lost in translation (216) – there is no such thing as flag carrier
Se eu fosse maldizente, poderia insinuar que a aprovação da greve da TAP pela parte de Miguel Sousa Tavares por ser a favor de «qualquer medida que se possa tomar contra a privatização da TAP» decorreria de um outro favor do governo socialista de há 8 anos, chefiado pelo seu ídolo José Sócrates, agora na cadeia de Évora, ao seu compadre Ricardo Salgado mandando a TAP comprar-lhe a sua participada PGA Portugália. E, já agora, a propósito, segundo o presidente da TAP, no período do verão passado em que 120 voos foram cancelados por razões técnicas «56% ... foram na frota PGA [Portugália], que é muito mais pequena do que a frota da TAP»,
Não sendo maldizente, atribuo o favor de MST à sua dificuldade de lidar com os números e com a realidade em geral, dificuldade que o torna imune a factos como a TAP se fosse uma empresa privada estaria condenada à falência pelo Código das Sociedades Comerciais, já que o seu capital pífio de 15 milhões está totalmente consumido, os seus capitais próprios eram em 2013 negativos de 373 milhões (agora devem chegar aos 500 milhões negativos) e a coisa não tem remissão com um EBITDA de 44 milhões, já em si miserável para um volume de negócios de 2,7 mil milhões, insuficiente para pagar os juros de um passivo total de 2 mil milhões de euros (60% do qual passivo de curto prazo).
E em cima de uma situação crónica de falência temos greves recorrentes convocadas pela dúzia de sindicatos que protegem os direitos adquiridos das corporações lá instaladas. E não temos nenhuma evidência de inconvenientes nas dúzias de países prósperos que não têm uma coisa chamada «companhia de bandeira» - «there is no such thing as flag carrier» teria dito Margaret Thatcher se lhe perguntassem se a British Airways Plc deveria comprar a Iberia aos espanhóis.
Para uma retrospectiva da saga Take another plane veja a etiqueta TAP. Leia-se igualmente esta portentosa estória contada pelo jornalista Paulo Ferreira sobre a oferta do Diário Económico aos passageiros da classe executiva da TAP que foi recusada pelo então (finais dos anos 90) presidente da TAP porque «colocar um jornal em cada um dos assentos da classe executiva - serão 15 ou 20 por avião? - antes da entrada dos passageiros seria uma rotina nova para o pessoal de cabine, não prevista na lista de tarefas que constava dos acordos da empresa. Para que os trabalhadores passassem a desempenhá-la a administração teria de abrir negociações laborais e atrás desse outros temas seriam colocados em cima da mesa pelos sindicatos, como contrapartida. Era abrir uma caixa de Pandora numa empresa que vivia em permanente convulsão laboral.»
Não sendo maldizente, atribuo o favor de MST à sua dificuldade de lidar com os números e com a realidade em geral, dificuldade que o torna imune a factos como a TAP se fosse uma empresa privada estaria condenada à falência pelo Código das Sociedades Comerciais, já que o seu capital pífio de 15 milhões está totalmente consumido, os seus capitais próprios eram em 2013 negativos de 373 milhões (agora devem chegar aos 500 milhões negativos) e a coisa não tem remissão com um EBITDA de 44 milhões, já em si miserável para um volume de negócios de 2,7 mil milhões, insuficiente para pagar os juros de um passivo total de 2 mil milhões de euros (60% do qual passivo de curto prazo).
E em cima de uma situação crónica de falência temos greves recorrentes convocadas pela dúzia de sindicatos que protegem os direitos adquiridos das corporações lá instaladas. E não temos nenhuma evidência de inconvenientes nas dúzias de países prósperos que não têm uma coisa chamada «companhia de bandeira» - «there is no such thing as flag carrier» teria dito Margaret Thatcher se lhe perguntassem se a British Airways Plc deveria comprar a Iberia aos espanhóis.
Para uma retrospectiva da saga Take another plane veja a etiqueta TAP. Leia-se igualmente esta portentosa estória contada pelo jornalista Paulo Ferreira sobre a oferta do Diário Económico aos passageiros da classe executiva da TAP que foi recusada pelo então (finais dos anos 90) presidente da TAP porque «colocar um jornal em cada um dos assentos da classe executiva - serão 15 ou 20 por avião? - antes da entrada dos passageiros seria uma rotina nova para o pessoal de cabine, não prevista na lista de tarefas que constava dos acordos da empresa. Para que os trabalhadores passassem a desempenhá-la a administração teria de abrir negociações laborais e atrás desse outros temas seriam colocados em cima da mesa pelos sindicatos, como contrapartida. Era abrir uma caixa de Pandora numa empresa que vivia em permanente convulsão laboral.»
Pro memoria (213) – A privatização da TAP e o défice de memória de Costa
08-02-2001 - «A TAP vai ser privatizada no segundo semestre de 2001, garantiu Jorge Coelho, ministro do Equipamento Social».
03-05-2011 - «The plan targets front-loaded proceeds of about €[5.5] billion through the end of the program, with only partial divestment envisaged for all large firms. The Government commits to go even further, by pursuing a rapid full divestment of public sector shares in EDP and REN, and is hopeful that market conditions will permit sale of these two companies, as well as of TAP, by the end of the 2011». (Memorandum of Understanding on Specific Economic Policy Conditionality assinado pelo governo socialista de José Sócrates)
03-02-2012 - «António Costa defende integração da TAP numa grande companhia latino-americana»
11-12-2014 - «António Costa defendeu um “aumento de capital na empresa através da bolsa» (SIC)
13-12-2014 - «Ao contrário do que diz o primeiro-ministro, o que estava no memorando de entendimento com a troika [assinado pelo PS] não era a previsão de uma privatização a 100% da TAP. Não, o que estava no memorando de entendimento era que a TAP só seria privatizada parcialmente e nunca na sua totalidade», garantiu Costa e disse ainda que «A TAP é fundamental. Na era da globalização, tem a importância que as caravelas tiveram na era dos Descobrimentos», colocando-se na dianteira para ganhar o prémio da maior idiotice do ano.
03-05-2011 - «The plan targets front-loaded proceeds of about €[5.5] billion through the end of the program, with only partial divestment envisaged for all large firms. The Government commits to go even further, by pursuing a rapid full divestment of public sector shares in EDP and REN, and is hopeful that market conditions will permit sale of these two companies, as well as of TAP, by the end of the 2011». (Memorandum of Understanding on Specific Economic Policy Conditionality assinado pelo governo socialista de José Sócrates)
03-02-2012 - «António Costa defende integração da TAP numa grande companhia latino-americana»
11-12-2014 - «António Costa defendeu um “aumento de capital na empresa através da bolsa» (SIC)
13-12-2014 - «Ao contrário do que diz o primeiro-ministro, o que estava no memorando de entendimento com a troika [assinado pelo PS] não era a previsão de uma privatização a 100% da TAP. Não, o que estava no memorando de entendimento era que a TAP só seria privatizada parcialmente e nunca na sua totalidade», garantiu Costa e disse ainda que «A TAP é fundamental. Na era da globalização, tem a importância que as caravelas tiveram na era dos Descobrimentos», colocando-se na dianteira para ganhar o prémio da maior idiotice do ano.
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: Mais uma demonstração prática que não chegam eleições para fazer uma democracia
«24 detidos é o balanço de um raide realizado ontem pela polícia turca contra os media que o presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, diz estarem alinhados com um imã que o quer derrubar do poder e vive exilado nos Estados Unidos - Fethullah Gulen. Entre eles há jornalistas, produtores, guionistas e, de acordo com a BBC, até um chefe de polícia do leste da Turquia.» (DN)
Etiquetas:
democracia asmática
15/12/2014
Pro memoria (212) - Professor Marcelo, o troca-tintas do regime (II)
Quem não tem défice de memória pode lembrar-se que o professor Marcelo quando era líder do PSD fez uma fita de independência e chegou a contestar o intervencionismo de Ricardo Salgado. Só até começar a ser convidado para férias no Brasil e mais tarde o DDT lhe ter levado a namorada Drª. Rita Cabral, primeiro para a comissão de vencimentos e depois para fazer número na administração do BES.
Antes de se meter com um sujeito teso como José Maria Ricciardi, o professor Marcelo deveria ter-se lembrado do estado pouco apresentável do seu underware. Fê-lo com duas mentiras, como as classificou Ricciardi, e levou o merecido troco pela «mágoa em não poder continuar a passar as suas habituais e luxuosas férias de fim de ano na mansão à beira-mar no Brasil do Dr. Ricardo Salgado».
Antes de se meter com um sujeito teso como José Maria Ricciardi, o professor Marcelo deveria ter-se lembrado do estado pouco apresentável do seu underware. Fê-lo com duas mentiras, como as classificou Ricciardi, e levou o merecido troco pela «mágoa em não poder continuar a passar as suas habituais e luxuosas férias de fim de ano na mansão à beira-mar no Brasil do Dr. Ricardo Salgado».
Etiquetas:
incorrigível,
picareta falante,
saídas de sendeiro
Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (26) – De união em união até à divisão final
Depois de uma operação de M&A há 14 anos que fundiu a UDP, o PSR-LCI, a Política XXI e mais umas miudezas, o negócio atingiu o seu apogeu em 2009 e, desde então, o conglomerado entrou em decadência, perdeu quota de mercado, o CEO, o tele-evangelista Louçã, resignou, designando como sucessores um casal, e sucederam-se as operações de spin off.
A última dessas operações é promovida por Joana Amaral Dias, aquela menina com o ar enfastiado e pesporrente, e mais uns amigos que acreditam que juntos podem. (*) Com alguma surpresa, encontra-se entre esses amigos um tal Carlos Antunes, nome que para os menores de 50 anos não deve dizer nada. Trata-se de uma múmia bombista revolucionária dos anos 70 que se julgava na reforma. É mais um equívoco. Só pode acabar mal.
(*) A patetice inerente a estas iniciativas mostra-se desde o baptismo: os espanhóis do «Podemos» não encontraram melhor inspiração do que o «Yes, We can» de Obama; os amigos da Joana, com «Juntos Podemos», ao copiar a cópia, mostraram a mais profunda identificação com os costumes pátrios de adoptar as modas quando já estão a sair de moda.
A última dessas operações é promovida por Joana Amaral Dias, aquela menina com o ar enfastiado e pesporrente, e mais uns amigos que acreditam que juntos podem. (*) Com alguma surpresa, encontra-se entre esses amigos um tal Carlos Antunes, nome que para os menores de 50 anos não deve dizer nada. Trata-se de uma múmia bombista revolucionária dos anos 70 que se julgava na reforma. É mais um equívoco. Só pode acabar mal.
(*) A patetice inerente a estas iniciativas mostra-se desde o baptismo: os espanhóis do «Podemos» não encontraram melhor inspiração do que o «Yes, We can» de Obama; os amigos da Joana, com «Juntos Podemos», ao copiar a cópia, mostraram a mais profunda identificação com os costumes pátrios de adoptar as modas quando já estão a sair de moda.
SERVIÇO PÚBLICO: Vícios públicos e vícios privados (4)
Outros vícios.
Já aqui fiz referência ao endividamento das empresas cotadas na bolsa portuguesa que batem todos os recordes. Aproveito um diagrama publicado no Expresso para confirmar o pesado grau de endividamento em termos absolutos e comparativamente com 7 outros países da Zona Euro, incluindo os dois outros que foram resgatados: Irlanda e Grécia.
De onde resulta, mesmo que o problema da dívida pública fosse resolvido com um haircut, sempre ficaríamos com o problema da dívida privada que realisticamente num cenário de crescimento moderado só se irá resolvendo com a continuação da venda de empresas.
Já aqui fiz referência ao endividamento das empresas cotadas na bolsa portuguesa que batem todos os recordes. Aproveito um diagrama publicado no Expresso para confirmar o pesado grau de endividamento em termos absolutos e comparativamente com 7 outros países da Zona Euro, incluindo os dois outros que foram resgatados: Irlanda e Grécia.
De onde resulta, mesmo que o problema da dívida pública fosse resolvido com um haircut, sempre ficaríamos com o problema da dívida privada que realisticamente num cenário de crescimento moderado só se irá resolvendo com a continuação da venda de empresas.
14/12/2014
Pro memoria (211) – O mistério é sério e anda tudo trocado
Face ao aumento homólogo do emprego no 3.º trimestre de 2,5%, muito acima do crescimento do PIB no mesmo período (0,9%), os maiores crânios económicos do país coçaram os respectivos invólucros interrogando-se: como é isto possível? Até que os geniais economistas do BdP fizeram uma descoberta surpreendente: o emprego suplementar criado foi resultante dos estágios profissionais ou, como titulou o Diário Económico, «Banco de Portugal desvenda mistério da queda do desemprego».
E porque é surpreendente a descoberta? Simplesmente porque a explicação vem sendo publicada há mais de 2 anos no Diário da República, cuja leitura, como se sabe, é rigorosamente desaconselhada aos economistas. No mandato deste governo foram aprovados pelo menos os seguintes diplomas relacionados com estágios:
E porquê a minha surpresa? Porque estaria à espera que tal indignação viesse por parte das pouquíssimas criaturas liberais deste país e não por parte da legião de cultores do Estado e em particular de keynesianos indignados pelo governo, por eles acusado de «neoliberal» (uma acusação despropositada que deve em partes iguais à estupidez e à falta de princípios), tomar o tipo de medidas que a legião de cultores do Estado defende e que no passado aplicou com prodigalidade: a alavancagem da criação de empregos pelo Estado.
E porque é surpreendente a descoberta? Simplesmente porque a explicação vem sendo publicada há mais de 2 anos no Diário da República, cuja leitura, como se sabe, é rigorosamente desaconselhada aos economistas. No mandato deste governo foram aprovados pelo menos os seguintes diplomas relacionados com estágios:
- Medidas Passaporte Emprego, Passaporte Emprego Economia Social, Passaporte Emprego Agricultura e Passaporte Emprego Associações e Federações Juvenis e Desportivas
- Programa de Estágios Profissionais na Administração Pública
- Programa de Estágios Profissionais
- Passaporte Emprego Industrialização, Passaporte Emprego Inovação e Passaporte Emprego Internacionalização, e aprova o Regulamento Específico Passaportes Emprego 3i
- Programa de Estágios Profissionais na Administração Central do Estado (PEPAC)
- Apoios a conceder pela administração regional autónoma ao funcionamento do mercado social de emprego na Região Autónoma dos Açores
- Medida Estágios Emprego
E porquê a minha surpresa? Porque estaria à espera que tal indignação viesse por parte das pouquíssimas criaturas liberais deste país e não por parte da legião de cultores do Estado e em particular de keynesianos indignados pelo governo, por eles acusado de «neoliberal» (uma acusação despropositada que deve em partes iguais à estupidez e à falta de princípios), tomar o tipo de medidas que a legião de cultores do Estado defende e que no passado aplicou com prodigalidade: a alavancagem da criação de empregos pelo Estado.
ARTIGO DEFUNTO: Se eles ao menos lessem os jornais onde escrevem (5)
A peça «A Aldeia da Roupa Suja» de Miguel Sousa Tavares que ontem aqui critiquei é tanto mais inaceitável quanto, no mesmo jornal onde MST escreveu o seu exercício de branqueamento de José Sócrates e Ricardo Salgado, há uma profusão de artigos relatando factos, a maioria deles indesmentíveis, que aos olhos de pessoas independentes e com um módico de massa encefálica suportam um juízo de culpabilidade de um e outro.
Apesar de MST reservar a presunção de inocência só para os seus amigos, devemos conceder uma semana para ter tempo de corrigir a sua peça publicada no Expresso de sábado passado depois de ter tido a oportunidade de ler o resto do jornal.
Apesar de MST reservar a presunção de inocência só para os seus amigos, devemos conceder uma semana para ter tempo de corrigir a sua peça publicada no Expresso de sábado passado depois de ter tido a oportunidade de ler o resto do jornal.
Etiquetas:
artigo defunto,
é muito para um homem só,
jornalismo de causas
13/12/2014
ARTIGO DEFUNTO: MST lava mais branco quase sem esfregar
Esta semana, a peça de Miguel Sousa Tavares no Expresso tem um nome apropriadíssimo - «A Aldeia da Roupa Suja» - e é dedicada a branquear, uma vez mais, a folha do seu ídolo José Sócrates com elaborada filigrana jurídica e, novidade, a lavar as cuecas do seu compadre Ricardo Salgado. Este segundo exercício é ainda mais repugnante do que o primeiro, porque MST sucumbe a um nepotismo abjecto que, se visto em outras criaturas de quem ele não gostasse, o teriam feito bramir indignações.
Se a segunda parte da peça dedicada a Sócrates é vergonhosa para quem, como MST, dá como acusação provada qualquer insinuação por mais inócua ou ridícula que seja a respeito dos seus inimigos (leia-se o que ele escreveu sobre Relvas e o curso tirado à pressão), na primeira parte dedicada a desculpabilizar as patifarias do compadre, a assacar as culpas pela falência do GES e do BES ao governo e ao BdP, a vilipendiar Ricciardi e Queiroz Pereira, MST só não assassina a verdade porque fica longe demais para lhe infligir lesões. Ao ignorar o notório conflito de interesses, MST desqualifica-se irremediavelmente como jornalista.
Se a segunda parte da peça dedicada a Sócrates é vergonhosa para quem, como MST, dá como acusação provada qualquer insinuação por mais inócua ou ridícula que seja a respeito dos seus inimigos (leia-se o que ele escreveu sobre Relvas e o curso tirado à pressão), na primeira parte dedicada a desculpabilizar as patifarias do compadre, a assacar as culpas pela falência do GES e do BES ao governo e ao BdP, a vilipendiar Ricciardi e Queiroz Pereira, MST só não assassina a verdade porque fica longe demais para lhe infligir lesões. Ao ignorar o notório conflito de interesses, MST desqualifica-se irremediavelmente como jornalista.
Etiquetas:
artigo defunto,
doutrina Somoza,
nepotismo,
verdade inconveniente
CASE STUDY: Um imenso Portugal (17)
[Outros imensos Portugais]
A obra feita do pêtismo de Dilma Rousseff em 8 diagramas
Fonte: Revista Veja de 3 Dez. |
Mitos (180) – A falácia da «distribuição do rendimento»
«Pay is not a retrospective reward for merit but a prospective incentive for contributing for production. Given the enormous range of thing produced and the complex processes by which they are produced, it is virtually inconceivable that any given individual could be capable of assessing the relative value of the contributions of different people in different industries or sectors of the economy. Few even claim to be able to do that. Instead, they express their bafflement and repugnance at the wide range of income or wealth disparities they see and - implicitly or explicitly - their incredulity that individuals could differ so widely in what they deserve. This approach has a long pedigree. George Bernard Shaw, for example, said:
In short, a collective decision for society as a whole is as unnecessary as it is impossible, not to mention presumptuous. It is not a question of rewarding input efforts or merits, but of securing output at values determined by those who use that output, rather than by third party onlookers.»
Thomas Sowell, Economic Facts and Fallacies
A division in which one woman gets a shilling and another three thousand shillings for an hour of work has no moral sense in it: it is just something that happens, and that ought not to happen. A child with an interesting face and pretty ways, and some talent for acting, may, by working for the films, earn a hundred times as much as its mother can earn by drudging at an ordinary trade.Here are encapsulated the crucial elements in most critiques of "income distribution'' till this day. First, there is the implicit assumption that wealth is collective and hence must be divided up in order to be dispensed, followed by the assumption that this division currently has no principle involved but "just happens," and finally the implicit assumption that the effort put forth by the recipient of income is a valid yardstick for gauging the value of what was produced and the appropriateness of the reward. In reality, most income is not distributed, so the fashionable metaphor of "income distribution" is misleading. Most income is earned by the production of goods and services, and how much that production is "really" worth is a question that need not be left for third parties to determine, since those who directly receive the benefits of that production know better than anyone else how much that production is worth to them - and have the most incentives to seek alternative ways of getting that production as inexpensively as possible.
In short, a collective decision for society as a whole is as unnecessary as it is impossible, not to mention presumptuous. It is not a question of rewarding input efforts or merits, but of securing output at values determined by those who use that output, rather than by third party onlookers.»
Thomas Sowell, Economic Facts and Fallacies
12/12/2014
NÓS VISTOS POR ELES: O método socrático, visto do Brasil
Revista Veja de 3 Dez, uma espécie de Visão com uma tiragem 15 vezes superior e quase sem jornalismo de causas |
Actualização:
Entretanto, a acrescentar às inúmeras pequenas, médias e grandes trapalhadas de José Sócrates, a Visão acaba de publicar mais um artigo sobre «Os mistérios da Covilhã e o outro amigo do Zé».
Etiquetas:
bons exemplos,
E agora José?,
é muito para um homem só
QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (9) – A bazuca de Draghi fez pff…
Outras marteladas.
Recordando: Mario Draghi incluiu em Junho, no seu «whatever it takes» de Julho de 2012, as TLTRO (operações de financiamento de médio longo prazo) e adicionou em Setembro a redução da taxa directora de 0,15% para 0,05% e um novo programa de aquisição de ABS (asset backed securities) emitidos por empresas privadas não financeiras e um programa de compra de covered bonds emitidas por entidades financeiras, com vista a impulsionar o crédito à economia e estimular o crescimento. Isto seria uma espécie de bazuca que deveria atingir em breve um bilião de euros.
Resultados da bazucada: no primeiro leilão de TLTRO em 18 de Setembro, dos 400 milhões previstos o BCE emprestou 213 milhões; no segundo leilão de anteontem, dos 300 milhões previstos o BCE emprestou 130 milhões; o impacto no balanço do BCE será ainda menor no início do próximo ano quando os bancos devolverão os montantes dos leilões de 2012.
Recordando: Mario Draghi incluiu em Junho, no seu «whatever it takes» de Julho de 2012, as TLTRO (operações de financiamento de médio longo prazo) e adicionou em Setembro a redução da taxa directora de 0,15% para 0,05% e um novo programa de aquisição de ABS (asset backed securities) emitidos por empresas privadas não financeiras e um programa de compra de covered bonds emitidas por entidades financeiras, com vista a impulsionar o crédito à economia e estimular o crescimento. Isto seria uma espécie de bazuca que deveria atingir em breve um bilião de euros.
Resultados da bazucada: no primeiro leilão de TLTRO em 18 de Setembro, dos 400 milhões previstos o BCE emprestou 213 milhões; no segundo leilão de anteontem, dos 300 milhões previstos o BCE emprestou 130 milhões; o impacto no balanço do BCE será ainda menor no início do próximo ano quando os bancos devolverão os montantes dos leilões de 2012.
11/12/2014
DIÁLOGOS DE PLUTÃO: O deputado e o industrial
Personagens
Deputado (socialista, antigo militante comunista, nunca teve uma profissão, célebre pela sua incontrolável verborreia)Industrial (antigo campeão de ralis, líder de um grupo ligado ao cimento, papel e pasta com um EBITDA de 422 milhões e 5.200 trabalhadores)
Locus
Sala da comissão de inquérito parlamentar do caso BES, Palácio de S. Bento.Diálogo
Deputado, pergunta:Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla
...
(Pausa para respirar)
...
Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla
...
(Olha em redor para ver o efeito)
...
Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla
...
(Pausa para respirar)
...
Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla
...
(Deputado olha em redor para ver o efeito)
...
Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla
...
(Pausa para respirar)
...
Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla
...
(Pausa para respirar)
...
Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla Bla bla
(Respira fundo e olha em redor para ver o efeito)
Não sei.
QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (8) – Aliviar, alivia, de momento alivia o crescimento no Japão (II)
Outras marteladas. Continuação de (I)
Afinal o crescimento do Japão que haveria de brotar do alívio quantitativo da Abenomics foi uma contracção do PIB do 3.º trimestre ainda mais elevada do que as estimativas iniciais aqui citadas. A contracção foi de 0,5% e não de 0,4% e o consumo caiu 3,0% no trimestre.
Porém, o insucesso do alívio quantitativo não é coisa que faça desanimar os crentes. Wolfgang Münchau, editor do Financial Times e um dos poucos alemães adepto incondicional dessa poção mágica, acalenta fundadas esperanças que o BCE venha em breve a usar a bazuca de um bilião de euros a adicionar ao seu balanço para debelar a deflação (qual deflação se os preços continua a aumentar?) e desencadear um imparável crescimento virtuoso.
«The question is no longer whether it will happen but how it will work» garante Münchau, sendo certo que, segundo ele, dois biliões (milhões de milhões) seriam preferíveis porque afinal a dívida pública da Zona Euro já vai em 9 biliões. How it will work? Pergunto-me também.
Afinal o crescimento do Japão que haveria de brotar do alívio quantitativo da Abenomics foi uma contracção do PIB do 3.º trimestre ainda mais elevada do que as estimativas iniciais aqui citadas. A contracção foi de 0,5% e não de 0,4% e o consumo caiu 3,0% no trimestre.
Porém, o insucesso do alívio quantitativo não é coisa que faça desanimar os crentes. Wolfgang Münchau, editor do Financial Times e um dos poucos alemães adepto incondicional dessa poção mágica, acalenta fundadas esperanças que o BCE venha em breve a usar a bazuca de um bilião de euros a adicionar ao seu balanço para debelar a deflação (qual deflação se os preços continua a aumentar?) e desencadear um imparável crescimento virtuoso.
«The question is no longer whether it will happen but how it will work» garante Münchau, sendo certo que, segundo ele, dois biliões (milhões de milhões) seriam preferíveis porque afinal a dívida pública da Zona Euro já vai em 9 biliões. How it will work? Pergunto-me também.
10/12/2014
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: As «narrativas» na comissão parlamentar de inquérito
Secção Albergue espanhol
Grosso modo, as narrativas e na sessão de ontem da comissão parlamentar de inquérito ao BES foram:
Sobre o significado das avaliações ver Avaliação Contínua.
Grosso modo, as narrativas e na sessão de ontem da comissão parlamentar de inquérito ao BES foram:
- Ricardo Salgado - a falência do BES foi da responsabilidade do governador do BdP, que fez o que não devia, e do governo, que não fez o que devia; propósito da narrativa: salvar a pele; performance: muito abaixo das suas potencialidades, hesitante entre a pesporrência do DDT e a falsa humildade da vítima. Leva 5 bourbons e 5 ignóbeis.
- José Maria Ricciardi – a falência do BES foi da responsabilidade de Ricardo Salgado, em particular, e dos accionistas em geral; o BdP fez o que havia a fazer e o governo não fez o que não devia fazer; propósito da narrativa: entalar o primo; performance: autenticidade, igual a ele próprio. Leva 4 afonsos.
- PSD e CDS – alinham com a narrativa de Ricciardi; propósito: limpar a folha do BdP e por tabela a do governo; performance: medíocre, mas suficiente face aos factos que se conhecem e ajudado pelo dilúvio de comentários de Ricciardi. Levam 4 chateaubriands e 2 urracas.
- PS – alinha com a narrativa de Salgado que chegou a dizer «estamos a chegar a um ponto em que os senhores deputados estão a entender o que aconteceu» sem esconder a felicidade ao ouvir um deputado do PS; propósito: limpar a própria folha suja de anos a dormir com o GES; entalar o governador do BdP limpando implicitamente a folha de Vítor Constâncio e, sempre, tentando entalar o governo; performance: medíocre e insuficiente por não conseguiram coleccionar demonstrações das suas teses. Leva 3 urracas, 4 bourbons, 5 pilatos, 3 chateaubriands e 3 ignóbeis.
- PCP e BE – desalinham, tentando estabelecer paralelos entre o funcionamento do comité central ou da mesa, respectivamente, e o do conselho superior do GES; propósito: demonstrar a malvadez intrínseca do capitalismo; performance: ridícula e repugnante a do PCP e apenas ridícula a do BE. Levam 5 bourbons e 5 chateaubriands.
Sobre o significado das avaliações ver Avaliação Contínua.
Pro memoria (210) – Mais exemplos do que é capaz o jornalismo de causas diversas
Se há algumas coisas de que não serei suspeito, uma delas é seguramente de simpatia pelo político e pela pessoa Aníbal Cavaco Silva. E, contudo, isso não me impede de considerar uma sujeira digna do pior jornalismo de causas acusar a criatura de ter tentado influenciar o aumento de capital do BES pelas declarações que fez na Coreia do Sul mais de um mês depois da operação.
Ficámos ontem a saber, pela boca de José Maria Ricciardi na comissão parlamentar de inquérito do BES, que o seu primo Ricardo Salgado usou a pena a soldo de um jornalista de causas para publicar no dia seguinte a uma reunião do GES terminada às 8 horas da noite, quando as edições dos jornais já estavam fechadas, um relato de várias páginas, fabricado antes da reunião, do que lá se teria passado.
Etiquetas:
dois pesos,
jornalismo de causas
CASE STUDY: O segredo de justiça e a prisão preventiva no Portugal dos Pequeninos
O que penso sobre o segredo de justiça e a prisão preventiva foi aqui escrito há 10 anos.
Segredo de justiça (Juridiquês)
Mecanismo processual que obriga o putativo arguido a comprar jornais ou a ver televisão para tomar conhecimento da acusação.
Prisão preventiva (Juridiquês)
Medida prevista na lei e aplicável aos putativos arguidos, que consubstancia uma regalia dos investigadores, dos juízes e dos funcionários judiciais, permitindo-lhes prosseguir e documentar, cuidadosamente e sem pressas desnecessárias, uma investigação. Em certos casos pode atingir 4,5 anos.
Porém, não se conclua apressadamente que sou contra todas as prisões preventivas sempre. Aliás, permita-se-me filosofar postulando que todos/nenhuns ou sempre/nunca são pronomes ou advérbios que só poderiam ser aplicados com propriedade nas ciências exactas (e ainda assim é preciso meter na gaveta o princípio de Heisenberg) e só existem em estado livre nas meninges lunáticas.
Admitindo, pois, que, em geral, o mundo real é bastante imperfeito e, em particular, a justiça portuguesa não sabemos se é cega, mas não é surda e é coxa, não será surpreendente que existam presos preventivos. E, ainda mais em particular e menos surpreendente, é encontrar entre os 2.932-presos preventivos-2.932 um figurão como José Sócrates com um potencial destrutivo de provas e manipulativo de influências que deixa a perder de vista o conjunto dos restantes 2.931-presos preventivos-2.931 seus colegas de infortúnio.
Segredo de justiça (Juridiquês)
Mecanismo processual que obriga o putativo arguido a comprar jornais ou a ver televisão para tomar conhecimento da acusação.
Prisão preventiva (Juridiquês)
Medida prevista na lei e aplicável aos putativos arguidos, que consubstancia uma regalia dos investigadores, dos juízes e dos funcionários judiciais, permitindo-lhes prosseguir e documentar, cuidadosamente e sem pressas desnecessárias, uma investigação. Em certos casos pode atingir 4,5 anos.
Porém, não se conclua apressadamente que sou contra todas as prisões preventivas sempre. Aliás, permita-se-me filosofar postulando que todos/nenhuns ou sempre/nunca são pronomes ou advérbios que só poderiam ser aplicados com propriedade nas ciências exactas (e ainda assim é preciso meter na gaveta o princípio de Heisenberg) e só existem em estado livre nas meninges lunáticas.
Admitindo, pois, que, em geral, o mundo real é bastante imperfeito e, em particular, a justiça portuguesa não sabemos se é cega, mas não é surda e é coxa, não será surpreendente que existam presos preventivos. E, ainda mais em particular e menos surpreendente, é encontrar entre os 2.932-presos preventivos-2.932 um figurão como José Sócrates com um potencial destrutivo de provas e manipulativo de influências que deixa a perder de vista o conjunto dos restantes 2.931-presos preventivos-2.931 seus colegas de infortúnio.
Subscrever:
Mensagens (Atom)