Senador descongelado
De cada vez que um governo socialista se atola nos lamaçais do (mal) chamado estado social, Almeida Santos é retirado da unidade criogénica do PS, descongelado e posto a dizer coisas. Por vezes, a urgência não dá tempo ao descongelamento completo e o homem diz coisas como «o povo tem que sofrer as crises como o Governo as sofre».
Ministro anexo aparecido
De cada vez que um governo socialista se atola nos lamaçais do (mal) chamado estado social, o ministro anexo cujo corpo repousa em Frankfurt faz uma aparição para falar o que não falou na altura própria.
Bastonário sempre ao dispôr
No dia seguinte ao governo anunciar um pacote de medidas, segundo ele próprio dispensáveis há poucas semanas, o bastonário dos economistas descobre, com mais de 10 anos de atraso, «que já é claro para todos é que o país está a viver acima das suas capacidades, pelo que ou nos unimos e tomamos medidas correctivas que sustentem um processo de recuperação económica e financeira a longo prazo, ou limitar-nos-emos a adiar uma questão que reaparecerá cada vez com maior gravidade».
Ministra que pisca os olhinhos para as câmaras
Talvez tentando hipnotizar os telespectadores, a ministra da Educação pisca convulsivamente os olhos enquanto conta estórias para os adormecer.
Primeiro-ministro dilemático
Um primeiro-ministro que há menos de 4 meses considerava suficiente o último aumento de impostos, há 5 semanas exultava com o crescimento da economia e ontem anuncia medidas que «só são tomadas quando um político entende em consciência que não há nenhuma outra alternativa», conclusão a que chegou «agora e não em Maio» é um primeiro-ministro bastante incompetente como político ou como mentiroso ou as duas coisas simultaneamente. [Segundo Quintiliano, um mentiroso deve possuir uma boa memória - reconheça-se que com o advento da Web e das ferramentas de pesquisa como o Google mentir bem está cada vez mais difícil.]
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
30/09/2010
ESTADO DE SÍTIO: Figuras (tristes) da crise
Economista descongelado
De cada vez que um governo socialista se atola nos lamaçais do (mal) chamado estado social, Silva Lopes é retirado da unidade criogénica do PS, descongelado e posto a falar, a falar, uma no cravo, outra na ferradura, sobre a crise e a maneira de a prolongar, adiar ou de a continuar de outras formas, conforme os dias.
Promulgador compulsivo
De cada vez que é preciso mostrar serviço com vista ao próximo mandato, qualquer coisa serve. Por exemplo, anunciar a promulgação do duo milésimo diploma, um belo número que inclui imensa produção legiferante que ajudou o governo Sócrates a conduzir-nos aonde estamos hoje.
Economista endrominado
Não é todos os dias que os spin doctors ao serviço de José Sócrates conseguem trazer na rede o secretário-geral da OCDE para fazer o backup ao aumento de impostos, convencendo-o dizer o que não está e omitir o que está no survey da OCDE.
De cada vez que um governo socialista se atola nos lamaçais do (mal) chamado estado social, Silva Lopes é retirado da unidade criogénica do PS, descongelado e posto a falar, a falar, uma no cravo, outra na ferradura, sobre a crise e a maneira de a prolongar, adiar ou de a continuar de outras formas, conforme os dias.
Promulgador compulsivo
De cada vez que é preciso mostrar serviço com vista ao próximo mandato, qualquer coisa serve. Por exemplo, anunciar a promulgação do duo milésimo diploma, um belo número que inclui imensa produção legiferante que ajudou o governo Sócrates a conduzir-nos aonde estamos hoje.
Economista endrominado
Não é todos os dias que os spin doctors ao serviço de José Sócrates conseguem trazer na rede o secretário-geral da OCDE para fazer o backup ao aumento de impostos, convencendo-o dizer o que não está e omitir o que está no survey da OCDE.
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a nódoa cai em qualquer pano,
central de manipulação
29/09/2010
Estado assistencialista falhado (2) - Filhos e enteados
Qual o significado de 85% das pensões superiores a 4 mil euros serem de funcionários públicos (CGA) e apenas 15% do regime geral da Segurança Social?
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Estado assistencialista falhado
NÓS VISTOS POR ELES: Ilhotas de excelência
Não sei o que será melhor, se o 57.º lugar no ranking dos melhores mestrados em gestão do mundo (Financial Times) da Nova, se o 6.º lugar no ranking das Rising Stars 2010 da Findyourmba, uma espécie de selecção de esperanças dos MBA segundo o Negócios, obtido pelo mestrado Lisbon MBA International da Nova e da Católica, com o apoio (um pormaior) da Sloan School of Management do MIT.
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Desconformidades,
eu diria mesmo mais
Lost in translation (64) – Rigor? Já fizemos engenharia orçamental no passado. Voltaremos a fazê-lo no futuro, queria ele dizer (XIII)
A falta de escrúpulos de Sócrates e do seu ministro das Finanças coloca ao dispor do governo uma paleta de trafulhices orçamentais que vão desde a venda de imóveis do Estado a empresas públicas, gerando desde 2006 mais de mil milhões de euros de receitas puramente fictícias, até ao protelamento do pagamento das dívidas aos fornecedores, quer da Administração central, quer das empresas públicas. Ao caso conhecido das dívidas do ministério da Saúde (pagamento a mais de 300 dias), devemos adicionar 400 milhões às construtoras e a crescente dilação do pagamento pelas empresas públicas.
Como explicar então estar deserta a lista oficial dos credores do Estado? Só consigo encontrar uma explicação: medo das represálias socratinas.
Como explicar então estar deserta a lista oficial dos credores do Estado? Só consigo encontrar uma explicação: medo das represálias socratinas.
28/09/2010
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: A ideia desastrosa segundo Silva Lopes
Secção Padre Anchieta
«Concordo limitadamente (com as recomendações da OCDE para aumentar os impostos), porque tenho algum receio de que se aumentar muito a receita não se faça um esforço suficiente do lado da despesa. Eu também acho que é impossível não aumentar a receita. Acho que essa ideia de os impostos não podem aumentar nem um cêntimo é uma ideia completamente desastrosa», declarou ontem Silva Lopes a propósito do relatório da OCDE.
«
Com essas declarações, Silva Lopes ganhou 5 bourbons por andar a dizer a mesma coisa há décadas e 3 chateaubriands por não se ter apercebido que, desde o seu tempo de ministro das Finanças até hoje, nunca foi feito «um esforço suficiente do lado da despesa» e a coisa resumiu-se sempre a um aumento dos impostos. Outros dois chateaubriands por parecer não ter reparado nas medidas de outros governos.
Por exemplo, não deve ter reparado que o governo britânico se dispõe a encerrar 177 departamentos e organismos, e estima que podem ser poupados milhares de milhões de libras dos quangos (uma espécie de instituições semi-públicas, como as fundações e os institutos públicos criados aos centos pelos sucessivos governos portugueses) inventados pelos trabalhistas que custam 65 mil milhões de libras por ano e empregam 100 mil pessoas.
«Concordo limitadamente (com as recomendações da OCDE para aumentar os impostos), porque tenho algum receio de que se aumentar muito a receita não se faça um esforço suficiente do lado da despesa. Eu também acho que é impossível não aumentar a receita. Acho que essa ideia de os impostos não podem aumentar nem um cêntimo é uma ideia completamente desastrosa», declarou ontem Silva Lopes a propósito do relatório da OCDE.
«
Com essas declarações, Silva Lopes ganhou 5 bourbons por andar a dizer a mesma coisa há décadas e 3 chateaubriands por não se ter apercebido que, desde o seu tempo de ministro das Finanças até hoje, nunca foi feito «um esforço suficiente do lado da despesa» e a coisa resumiu-se sempre a um aumento dos impostos. Outros dois chateaubriands por parecer não ter reparado nas medidas de outros governos.
Por exemplo, não deve ter reparado que o governo britânico se dispõe a encerrar 177 departamentos e organismos, e estima que podem ser poupados milhares de milhões de libras dos quangos (uma espécie de instituições semi-públicas, como as fundações e os institutos públicos criados aos centos pelos sucessivos governos portugueses) inventados pelos trabalhistas que custam 65 mil milhões de libras por ano e empregam 100 mil pessoas.
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Desfazendo ideias feitas,
incorrigível
Pro memoria (9) - See my leaps, don’t read my lips (II)
12-03-2005 «Pagar impostos é obrigação de cidadania: mas conhecer a verdade sobre as contas do Estado é um direito dos cidadãos. O país conhecerá a verdade sobre a situação orçamental - mas essa verdade não será para nós um instrumento de mero combate político mas um passo necessário para apresentarmos ao país e ao Parlamento um programa de acção para enfrentar os problemas orçamentais». [José Sócrates na sua tomada de posse, citado por Miguel Coutinho]
24-11-2009 «Não haverá aumento de impostos nenhum porque a prioridade deste orçamento e dos próximos tempos será sem dúvida o crescimento económico e o emprego … pelo contrário se os pudéssemos diminuir, diminuiríamos para estimular o crescimento económico e para o emprego» disse o primeiro-ministro de então.
24-09-2010 «Caso se vier a revelar a necessidade de aumentar impostos, se isso for mais justo do que reduzir despesa...», admitiu o primeiro-ministro actual (ao mesmo tempo que o seu braço-direito referia a inevitabilidade de os aumentar) eventualmente enganado pelo primeiro-ministro de 2009 que lhe teria escondido a situação das contas públicas e do estado da economia.
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a memória dos povos é curta,
Conto do vigário
27/09/2010
Qual é a principal diferença entre os trotskismos de Trotsky e de Louçã?
Se o 12.º ano é a 4.ª classe dos anos 60 e uma conta no Facebook, o trotskismo de Louçã é o trotskismo de Trotsky e a zero-based budgeting.
Dúvida que o professor doutor Louçã deixou por esclarecer: o orçamento de base zero aplicar-se-ia também aos juros da dívida pública que enquanto perorava subiram para 6,420% no prazo de 10 anos?
Dúvida que o professor doutor Louçã deixou por esclarecer: o orçamento de base zero aplicar-se-ia também aos juros da dívida pública que enquanto perorava subiram para 6,420% no prazo de 10 anos?
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berloquismo,
delírios pontuais,
Tele-evangelismo
CASE STUDY: António Champalimaud revolve-se na tumba (2)
Já aqui referi o que está a ser feito com 500 milhões de euros (só restam 470 milhões) ou 73% da quota disponível da herança da António Champalimaud para a criação de uma fundação que deveria ter «por objecto e finalidade o desenvolvimento da actividade de pesquisa científica no campo da medicina».
Nessa altura estimei o investimento total em edifícios e equipamentos em muitas dezenas de milhões de euros. Enganei-me. Serão 100 milhões, segundo o Expresso, ou 20% do legado. Não está claro se é a totalidade ou apenas os edifícios. O resto dos 500 milhões será torrado em menos duma geração para pagar os 400 investigadores (versão do Expresso) ou os 500 investigadores e 100 físicos (versão do New York Times) e pelo menos 300 administrativos (segundo uma aplicação prudente da lei de Parkinson) que irão alojar-se no mausoléu à beira rio, ao ritmo de 25 até 50 milhões de salários por ano (dependendo da versão do número de ocupantes). O mausoléu foi desenhado por Charles Correa e está a ser acabado à força de trabalho extraordinário (mais uns milhões torrados) para ser inaugurado no 100.º aniversário da república por José Sócrates (who else?).
Eu percebo a felicidade da doutora Beleza e percebo o êxtase das luminárias que ela associou ao centro, mas (talvez por isso) prevejo que este venha a ser um paradigma do desperdício de recursos em que somos exímios.
Nessa altura estimei o investimento total em edifícios e equipamentos em muitas dezenas de milhões de euros. Enganei-me. Serão 100 milhões, segundo o Expresso, ou 20% do legado. Não está claro se é a totalidade ou apenas os edifícios. O resto dos 500 milhões será torrado em menos duma geração para pagar os 400 investigadores (versão do Expresso) ou os 500 investigadores e 100 físicos (versão do New York Times) e pelo menos 300 administrativos (segundo uma aplicação prudente da lei de Parkinson) que irão alojar-se no mausoléu à beira rio, ao ritmo de 25 até 50 milhões de salários por ano (dependendo da versão do número de ocupantes). O mausoléu foi desenhado por Charles Correa e está a ser acabado à força de trabalho extraordinário (mais uns milhões torrados) para ser inaugurado no 100.º aniversário da república por José Sócrates (who else?).
Eu percebo a felicidade da doutora Beleza e percebo o êxtase das luminárias que ela associou ao centro, mas (talvez por isso) prevejo que este venha a ser um paradigma do desperdício de recursos em que somos exímios.
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ESTÓRIA E MORAL: As taxas nunca dormem
Estória
A ideia de António Costa, um putativo futuro primeiro-ministro socialista a estagiar na câmara de Lisboa, de taxar entradas e dormidas de turistas em Lisboa, ganhou incontornável «amplo consenso» na direcção da Associação de Turismo de Lisboa e só falta a aprovação da assembleia municipal.
Moral
«Government's view of the economy could be summed up in a few short phrases: If it moves, tax it. If it keeps moving, regulate it. And if it stops moving, subsidize it.» (Ronald Reagan)
A ideia de António Costa, um putativo futuro primeiro-ministro socialista a estagiar na câmara de Lisboa, de taxar entradas e dormidas de turistas em Lisboa, ganhou incontornável «amplo consenso» na direcção da Associação de Turismo de Lisboa e só falta a aprovação da assembleia municipal.
Moral
«Government's view of the economy could be summed up in a few short phrases: If it moves, tax it. If it keeps moving, regulate it. And if it stops moving, subsidize it.» (Ronald Reagan)
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26/09/2010
Estado empreendedor (35) – Aerosoles Investvar (IV)
[Continuação de (I), (II) e (III)]
AAerosoles Investvar foi um modelo de sucesso dos pastorinhos da economia dos amanhãs que cantam. Como outros modelos de sucesso, chegou à beira da falência e, em vez de um dos processos aceitáveis de lidar com a situação, foi-lhe aplicado o processo Sócrates: torrar o dinheiro necessário até o assunto morrer na comunicação social, afogado por mais falências, escutas, escândalos que envolvam a oposição, tiros nos pés do PR, etc.
Segundo das contas do Negócios, o dinheiro torrado, primeiro pela AICEP e depois pela Inovapital, já vai em 50 milhões, transformando a Aerosoles em mais um exemplo do efeito Lockheed TriStar.
A
Segundo das contas do Negócios, o dinheiro torrado, primeiro pela AICEP e depois pela Inovapital, já vai em 50 milhões, transformando a Aerosoles em mais um exemplo do efeito Lockheed TriStar.
DIÁRIO DE BORDO: O ministro com ar drunfado (2)
Não é só o aspecto. O homem está num estado tal que apanha qualquer comboio. Até o comboio do mar. Depois de um ano a justificar a prioridade do TGV tem o desplante de perante o segundo grande desígnio de Cavaco Silva (o primeiro parece ser a paixão de Guterres), jurar que está «inteiramente de acordo com as preocupações do senhor Presidente relativamente à importância dos portos, do transporte marítimo e da economia do mar. Não há divergência nenhuma. Julgo que há um grande consenso nacional sobre a importância geoestratégia do país enquanto um país de mar».
25/09/2010
Pro memoria (8) - See my leaps, don’t read my lips
03-12-2009 «Silva Pereira assegura que Governo não vai aumentar impostos»
25-02-2010 «Pedro Silva Pereira reiterou que a estratégia de consolidação orçamental do Governo para os próximos três anos não passa pelo aumento de impostos»
23-09-2010 «Silva Pereira diz que é "impossível" reduzir défice sem aumentar a receita fiscal»
25-02-2010 «Pedro Silva Pereira reiterou que a estratégia de consolidação orçamental do Governo para os próximos três anos não passa pelo aumento de impostos»
23-09-2010 «Silva Pereira diz que é "impossível" reduzir défice sem aumentar a receita fiscal»
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Conto do vigário
O 12.º ano é a 4.ª classe dos anos 60?
A missão dum carteiro é basicamente a mesma há séculos, requerendo pouco mais do que ser capaz de ler nomes de pessoas e de ruas. Para dispor destas competências costumava ser suficiente a 4.ª classe. Será razoável concluir que, ao menos segundo o departamento de recursos humanos dos CTT, a 4.ª classe dos anos 60 é equivalente ao 12.º ano do século 21 e uma conta no Facebook?«Os CTT colocaram um anúncio no Facebook para recrutar trabalhadores com 18 ou mais anos, 12.º ano de escolaridade e carta de condução.» (Negócios)
Carteiro sem conta no Facebook
DIÁRIO DE BORDO: Dois pesos e duas medidas
A esquerdalhada do mundo ocidental espuma de raiva quando fala do papa e baba-se de piedade solidária quando os islamitas se sentem ofendidos por algo dito por um cidadão duma democracia ocidental, algo que frequentemente se pode considerar um cumprimento quando comparado com os insultos da mesma esquerdalhada às religiões cristãs, e à católica em particular.
Declaração de interesse: sou agnóstico desde pequenino.
Declaração de interesse: sou agnóstico desde pequenino.
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24/09/2010
DIÁRIO DE BORDO: O ministro com ar drunfado
Tenho um amigo um pouco excêntrico, por sinal apoiante do governo de José Sócrates (à falta de melhor, insinua ele), que costuma dizer: «os gajos (os ministros) estão sob uma tão alta pressão que só aguentam tomando drunfos». Lembrei-me disso ao ver uma foto do ministro do Anúncio de Obras Públicas que cada dia me parece mais drunfado.
Preso por ter orçamento e preso por não ter
Com a preciosa ajuda da falta de rumo e dos ziguezagues de navegação de Passos Coelho, a clique socrática e os restos do cavaquismo estão a conseguir atrelar o PSD à carroça da estratégia do PS, que a respeito do orçamento é a mesma de Belém. É preciso aguentar o mais possível e não fazer ondas para os mercados não fecharem a carteira para financiar o défice crescente e o professor Cavaco obter tranquilamente uma prorrogação de 5 anos da sua estadia em Belém.
O argumento dizível baseia-se na suposição que da não aprovação do orçamento resultaria a catástrofe. Eu não sei como os mercados reagiriam a tal facto, mas se os factos do passado forem um indicador dos factos do futuro, a não aprovação do orçamento de 2010 ao obrigar a aplicar o regime de duodécimos seria a melhor garantia da contenção da despesa. Na verdade, «da leitura dos mais de 60 boletins de execução orçamental publicados desde que José Sócrates se tornou primeiro-ministro, em Março de 2005 ... (observa-se que) a despesa do Estado cresceu sempre», sendo o melhor resultado quando vigorou o regime de duodécimos entre Janeiro e Abril deste ano.
O argumento dizível baseia-se na suposição que da não aprovação do orçamento resultaria a catástrofe. Eu não sei como os mercados reagiriam a tal facto, mas se os factos do passado forem um indicador dos factos do futuro, a não aprovação do orçamento de 2010 ao obrigar a aplicar o regime de duodécimos seria a melhor garantia da contenção da despesa. Na verdade, «da leitura dos mais de 60 boletins de execução orçamental publicados desde que José Sócrates se tornou primeiro-ministro, em Março de 2005 ... (observa-se que) a despesa do Estado cresceu sempre», sendo o melhor resultado quando vigorou o regime de duodécimos entre Janeiro e Abril deste ano.
23/09/2010
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (23) – a realpolitik socialista é um negócio de ciganos
Ao mandar os seus empregados no parlamento «chumbar o voto de protesto pela deportação dos ciganos apresentado pelo Bloco de Esquerda», Sócrates troca ciganos em França pela esperança da cumplicidade francesa em Bruxelas à tripa forra orçamental.
O jornalista de causas tantas vezes vai à fonte que um dia fica lá
…
O que acontece hoje é vermos jornalistas que vão para assessores e depois voltam para as redacções, fazem comissões na política e regressam ao jornalismo, são todos muito amigos uns dos outros... portanto o que há é conversas. Os políticos hoje têm uma porta de acesso tão fácil aos jornalistas que é quase como se fossem de casa, de amigos.
O que acontece hoje é vermos jornalistas que vão para assessores e depois voltam para as redacções, fazem comissões na política e regressam ao jornalismo, são todos muito amigos uns dos outros... portanto o que há é conversas. Os políticos hoje têm uma porta de acesso tão fácil aos jornalistas que é quase como se fossem de casa, de amigos.
P: Isso é uma promiscuidade...
Não acho que seja promiscuidade. O que acho é que a política hoje se joga muito na comunicação social e sobretudo na televisão. Portanto os assessores escolhidos, por exemplo, são pessoas que dominam o meio.
Não acho que seja promiscuidade. O que acho é que a política hoje se joga muito na comunicação social e sobretudo na televisão. Portanto os assessores escolhidos, por exemplo, são pessoas que dominam o meio.
P: E como se resiste a isso na prática do jornalismo?
Conversa-se. Nós sabemos que no jornalismo de hoje muitos jornalistas têm acesso a fontes e a histórias que não podem contar por serem amigos... Infelizmente é assim.
Conversa-se. Nós sabemos que no jornalismo de hoje muitos jornalistas têm acesso a fontes e a histórias que não podem contar por serem amigos... Infelizmente é assim.
P: Tem uma visão desiludida da profissão?
Sim, estou um bocado desiludido. Enfim... quando digo isto não quero dizer que estou fora do baralho. Também cometo erros. Mas a verdade é que quando comecei no jornalismo, nos anos 80, as relações dos jornalistas com o poder político e económico não eram assim. Até porque as coisas mudaram, com os grandes grupos económicos envolvidos nos media. E os políticos perceberam que tudo se joga na comunicação social, portanto chamaram para o seu lado muitos jornalistas. Isso gera uma intimidade entre classes que joga a favor de todos nos interesses, mas que também prejudica todos na essência do que é o jornalismo e do que é a política ou a economia.
Sim, estou um bocado desiludido. Enfim... quando digo isto não quero dizer que estou fora do baralho. Também cometo erros. Mas a verdade é que quando comecei no jornalismo, nos anos 80, as relações dos jornalistas com o poder político e económico não eram assim. Até porque as coisas mudaram, com os grandes grupos económicos envolvidos nos media. E os políticos perceberam que tudo se joga na comunicação social, portanto chamaram para o seu lado muitos jornalistas. Isso gera uma intimidade entre classes que joga a favor de todos nos interesses, mas que também prejudica todos na essência do que é o jornalismo e do que é a política ou a economia.
P: E onde é que fica o jornalismo no meio de tudo isso? Não existe?
O jornalismo faz-se à conta de fontes, de amigos. Os jornalistas hoje quase não têm de investigar porque as coisas vêm ter com eles. O que é preciso é mantermos um determinado equilíbrio entre regras éticas e alguma noção do que é o jornalismo. Isso vai-se conseguindo. A nós compete-nos depois contar bem as histórias.
O jornalismo faz-se à conta de fontes, de amigos. Os jornalistas hoje quase não têm de investigar porque as coisas vêm ter com eles. O que é preciso é mantermos um determinado equilíbrio entre regras éticas e alguma noção do que é o jornalismo. Isso vai-se conseguindo. A nós compete-nos depois contar bem as histórias.
[Excertos da entrevista de Júlio Magalhães ao i online]
Em rigor o jornalismo pós-moderno descrito na entrevista, que julgo corresponde à prática dominante na comunicação social portuguesa, tem pouco a ver com o jornalismo clássico. É mais spinning, o que faz dos jornalistas pós-modernos spin doctors.
Em rigor o jornalismo pós-moderno descrito na entrevista, que julgo corresponde à prática dominante na comunicação social portuguesa, tem pouco a ver com o jornalismo clássico. É mais spinning, o que faz dos jornalistas pós-modernos spin doctors.
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ARTIGO DEFUNTO: Parabéns à Nova por ter trocado a mistificação da glória pela verdade do resultado simplesmente bom
Quem ler este artigo do Negócio fica sem perceber quem é «a mesma instituição (que) ocupa o 2º lugar da lista - perdendo a primeira posição do ano passado para ESP Europe (instituição transnacional) -, através do mestrado em Gestão Internacional, mas neste caso trata-se de uma parceria com 25 escolas espalhadas por todo o Mundo».
Para perceber, pode começar por ler este meu post do ano passado onde se desmontou a notícia plantada em vários jornais sobre o «melhor mestrado em gestão do mundo» ministrado pela universidade Nova. Ficará a perceber que esse mestrado era afinal um mestrado da CEMS ministrado em 25 escolas incluindo a Nova. Portanto, «a mesma instituição» é a CEMS.
E assim se conclui, não tendo o «melhor mestrado em gestão do mundo», segundo os critérios do Financial Times, a Nova passou a ter pelo menos o 57.º melhor, verdade modesta incomparavelmente preferível à mistificação plantada o ano passado. Parabéns pelo 57.º e pelo abandono do marketing socrático .
Para perceber, pode começar por ler este meu post do ano passado onde se desmontou a notícia plantada em vários jornais sobre o «melhor mestrado em gestão do mundo» ministrado pela universidade Nova. Ficará a perceber que esse mestrado era afinal um mestrado da CEMS ministrado em 25 escolas incluindo a Nova. Portanto, «a mesma instituição» é a CEMS.
E assim se conclui, não tendo o «melhor mestrado em gestão do mundo», segundo os critérios do Financial Times, a Nova passou a ter pelo menos o 57.º melhor, verdade modesta incomparavelmente preferível à mistificação plantada o ano passado. Parabéns pelo 57.º e pelo abandono do marketing socrático .
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22/09/2010
BREIQUINGUE NIUZ: Prepararem-se! O FMI vem a caminho (mas não já)
Afinal o delegado de propaganda que tentou vender Magalhães aos coronéis latino-americanos e outros artigos a outros coronéis e a várias outras patentes, e que ia vender dívida pública a Nova Iorque, já não vai. Terão sido os Espíritos amigos que o desencorajaram para não lhes estragar o negócio? Bem visto.
ADITAMENTOS:
(1) Admira-me o delegado de propaganda não seguir o exemplo do camarada Zapatero anunciando o fim da crise da dívida. Estará o homem a perder qualidades, sob influência daquele estilo songamonga dos Espíritos?
(2) O anúncio da anulação da acção de venda do delegado de propaganda já não foi a tempo de evitar o disparo dos juros da emissão de hoje que aumentaram de 5,312 para 6,242 por cento no prazo de 10 anos e de 3,261 para 4,695 por cento no prazo de 4 anos.
ADITAMENTOS:
(1) Admira-me o delegado de propaganda não seguir o exemplo do camarada Zapatero anunciando o fim da crise da dívida. Estará o homem a perder qualidades, sob influência daquele estilo songamonga dos Espíritos?
(2) O anúncio da anulação da acção de venda do delegado de propaganda já não foi a tempo de evitar o disparo dos juros da emissão de hoje que aumentaram de 5,312 para 6,242 por cento no prazo de 10 anos e de 3,261 para 4,695 por cento no prazo de 4 anos.
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Conto do vigário,
E agora José?
Lost in translation (63) A despesa do estado é uma parábola, queria ele dizer
«A despesa total do Estado está a reduzir o seu ritmo de crescimento de forma gradual e consistente», disse o secretário de Estado do Orçamento. Disse e disse bem. Só não percebe quem não quer.
O que Emanuel dos Santos disse duma forma sintética é que a despesa se está a comportar como uma função com segunda derivada negativa. Por exemplo, a despesa é uma parábola num certo intervalo em que esta função cresce, mas cresce cada vez mais devagar, ou seja reduz o «seu ritmo de crescimento de forma gradual e consistente».
Deveria descer, dizem os detractores. Sim, mas em termos relativos ao PIB. Para já, reduz o seu ritmo de crescimento, depois como a economia vai recuperar e começar a crescer (José Sócrates dixit), o PIB poderá comportar-se como uma função com segunda derivada positiva, uma hipérbole, por assim dizer, e deste modo a a despesa irá descer em termos relativos. Primeiro uma parábola e depois uma hipérbole. É esse o plano.
O que Emanuel dos Santos disse duma forma sintética é que a despesa se está a comportar como uma função com segunda derivada negativa. Por exemplo, a despesa é uma parábola num certo intervalo em que esta função cresce, mas cresce cada vez mais devagar, ou seja reduz o «seu ritmo de crescimento de forma gradual e consistente».
Deveria descer, dizem os detractores. Sim, mas em termos relativos ao PIB. Para já, reduz o seu ritmo de crescimento, depois como a economia vai recuperar e começar a crescer (José Sócrates dixit), o PIB poderá comportar-se como uma função com segunda derivada positiva, uma hipérbole, por assim dizer, e deste modo a a despesa irá descer em termos relativos. Primeiro uma parábola e depois uma hipérbole. É esse o plano.
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vida para além do orçamento
21/09/2010
CONDIÇÃO MASCULINA: Flexões na Goldman Sachs ou de como sem estrogéneo não há testosterona
Traders in the trading floor
«Três antigas funcionárias do Goldman Sachs acusam o banco de discriminação sexual, de ser conduzido por uma “cultura de testosterona”, detalhando concursos de flexões no “trading floor”, local onde se efectuam as negociações bolsistas, passeios de golfe dominados pelos homens e a presença de mulheres semi-nuas numa festa de Natal.» [Ler o resto aqui]
«Três antigas funcionárias do Goldman Sachs acusam o banco de discriminação sexual, de ser conduzido por uma “cultura de testosterona”, detalhando concursos de flexões no “trading floor”, local onde se efectuam as negociações bolsistas, passeios de golfe dominados pelos homens e a presença de mulheres semi-nuas numa festa de Natal.» [Ler o resto aqui]
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20/09/2010
BREIQUINGUE NIUZ: Fugi e levai os vossos filhos para bem longe
Em 1995, durante o primeiro consolado, António Guterres declarou solenemente a educação como a sua paixão. Foi o que se viu. Esta manhã, Aníbal Cavaco Silva declarou solenemente que a educação como «um desígnio que a todos une e a todos mobiliza».
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BREIQUINGUE NIUZ: Prepararem-se! O FMI vem a caminho
Não. Não é isso. Não é por ter ouvido os apelos de Soares dos Santos, de Carlos Monjardino, de Esmeralda Dourado ou Bagão Félix. É por causa da acção de vendas da dívida pública a realizar pelo mesmo delegado de propaganda que tentou vender Magalhães aos coronéis latino-americanos e outros artigos a outros coronéis e a várias outras patentes.
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Pro memoria (7) – O golfe das Amoreiras
Não é só na sua encarnação central que o Estado arruína quase tudo em que se mete. Também na versão autárquica e empresarial acontece aproximadamente o mesmo, apenas numa dimensão proporcional ao dinheiro disponível para torrar e ao número de oportunidades por km2. Além dos conhecidos casos de empresas municipais atulhadas de apparatchiks, há inúmeros exemplos de «projectos» que terminam em fracassos operacionais e/ou financeiros. Exemplo perdido nas catacumbas dos jornais e agora ressuscitado: o projecto de construção dum campo de golfe no reservatório da EPAL nas Amoreiras, autorizado por João Soares sem licenciamento e mandado suspender há 9 anos pelo saudoso ministro do Ambiente José Sócrates, custou à EPAL aos consumidores de água mais de 6 milhões de euros [mais detalhes aqui].
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O pronunciamento do «grande capital e dos seus agentes» e a resposta do camarada Jerónimo
«Cuba enfrenta la urgencia de avanzar económicamente, organizar mejor la producción, potenciar las reservas de productividad y elevarla, mejorar la disciplina y la eficiencia y ello solo será posible mediante el trabajo digno y consagrado de nuestro pueblo. Hoy, el deber de los cubanos es trabajar y hacerlo bien, con seriedad y responsabilidad, lograr un mejor aprovechamiento de los recursos de que disponemos, para así satisfacer nuestras necesidades.
En correspondencia con el proceso de actualización del modelo económico y las proyecciones de la economía para el periodo 2011-2015, se prevé en los Lineamientos para el año próximo la reducción de más de 500 000 trabajadores en el sector estatal y paralelamente su incremento en el sector no estatal. El calendario para su ejecución está concebido por los organismos y empresas, hasta el primer trimestre del 2011.
Para el movimiento sindical y los trabajadores prestar la máxima atención a la reducción de plantillas, al proceso de disponibilidad laboral y al empleo, y lograr una adecuada utilización de los recursos humanos resulta una tarea insoslayable. Es conocido que el exceso de plazas sobrepasa el millón de personas en los sectores presupuestado y empresarial.
Nuestro Estado no puede ni debe continuar manteniendo empresas, entidades productivas, de servicios y presupuestadas con plantillas infladas, y pérdidas que lastran la economía, resultan contraproducentes, generan malos hábitos y deforman la conducta de los trabajadores. Es necesario elevar la producción y la calidad de los servicios, reducir los abultados gastos sociales y eliminar gratuidades indebidas, subsidios excesivos, el estudio como fuente de empleo y la jubilación anticipada.»
[«Pronunciamiento de la Central de Trabajadores de Cuba», que pode ser lido integralmente no mítico Granma]
«Isso é bem visível também nas novas ameaças de aprofundamento e agravamento das actuais leis laborais, visando a liberalização dos despedimentos e a generalização da precariedade. Andam a “apalpar” o terreno para novas medidas mais gravosas. Querem mexer nas leis laborais e até nos feriados. Tudo serve. A crise e agora novamente o velho argumento da produtividade, são aproveitados para justificar o injustificável. Como se a produtividade do país ou a falta dela fosse resultado de menos dois ou três feriados e a causa não fosse o nosso fraco desenvolvimento tecnológico, as nossas carências de formação, as nossas insuficiências de organização do processo produtivo, o nosso próprio modelo de desenvolvimento.
O que prenunciam todas estas iniciativas e estas propostas é um novo salto em frente no agravamento da exploração do trabalho, alargando cada vez mais os tentáculos da coerção, da usurpação e do domínio do grande capital e dos seus agentes.»
[«As injustiças não são uma inevitabilidade», intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP, no Comício de 3 de Julho em Vila Real de Santo António]
En correspondencia con el proceso de actualización del modelo económico y las proyecciones de la economía para el periodo 2011-2015, se prevé en los Lineamientos para el año próximo la reducción de más de 500 000 trabajadores en el sector estatal y paralelamente su incremento en el sector no estatal. El calendario para su ejecución está concebido por los organismos y empresas, hasta el primer trimestre del 2011.
Para el movimiento sindical y los trabajadores prestar la máxima atención a la reducción de plantillas, al proceso de disponibilidad laboral y al empleo, y lograr una adecuada utilización de los recursos humanos resulta una tarea insoslayable. Es conocido que el exceso de plazas sobrepasa el millón de personas en los sectores presupuestado y empresarial.
Nuestro Estado no puede ni debe continuar manteniendo empresas, entidades productivas, de servicios y presupuestadas con plantillas infladas, y pérdidas que lastran la economía, resultan contraproducentes, generan malos hábitos y deforman la conducta de los trabajadores. Es necesario elevar la producción y la calidad de los servicios, reducir los abultados gastos sociales y eliminar gratuidades indebidas, subsidios excesivos, el estudio como fuente de empleo y la jubilación anticipada.»
[«Pronunciamiento de la Central de Trabajadores de Cuba», que pode ser lido integralmente no mítico Granma]
«Isso é bem visível também nas novas ameaças de aprofundamento e agravamento das actuais leis laborais, visando a liberalização dos despedimentos e a generalização da precariedade. Andam a “apalpar” o terreno para novas medidas mais gravosas. Querem mexer nas leis laborais e até nos feriados. Tudo serve. A crise e agora novamente o velho argumento da produtividade, são aproveitados para justificar o injustificável. Como se a produtividade do país ou a falta dela fosse resultado de menos dois ou três feriados e a causa não fosse o nosso fraco desenvolvimento tecnológico, as nossas carências de formação, as nossas insuficiências de organização do processo produtivo, o nosso próprio modelo de desenvolvimento.
O que prenunciam todas estas iniciativas e estas propostas é um novo salto em frente no agravamento da exploração do trabalho, alargando cada vez mais os tentáculos da coerção, da usurpação e do domínio do grande capital e dos seus agentes.»
[«As injustiças não são uma inevitabilidade», intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP, no Comício de 3 de Julho em Vila Real de Santo António]
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19/09/2010
CASE STUDY: A escola caviar, a imobilidade social e o recrutamento da PT
«Meus amigos, o problema, obviamente, não está na colocação das crianças e dos adolescentes nos liceus franceses desta vida. O problema está, isso sim, na hipocrisia da esquerda caviar. De manhã: os nossos progressistas metem os seus filhotes no colégio privado (ou naqueles liceus públicos que, misteriosamente, estão sempre nas mãos da "gente de bem"), e, depois, à tarde, defendem a escola pública e cantam loas ao eduquês. Pior: estes progressistas-de-limusina atacam aqueles que querem dar aos mais pobres a possibilidade de colocaram os seus filhos nos colégios privados (ou naqueles liceus públicos que, não sei porquê, são sempre monopolizados pelos bem-nascidos). Na retórica, esta esquerda continua a defender o ensino ultracentralizado e dominado pelo facilitismo, mas, na prática, reconhece as virtudes de um ensino descentralizado e sem contacto com o ministério do eduquês. No seu dia a dia doméstico, a esquerda caviar coloca os seus filhos nos colégios onde o rigor do 'antigamente' ainda existe, mas, no seu dia a dia político, utiliza a escola pública para extirpar o 'antigamente' dos hábitos dos mais pobres. Ou seja, as crias progressistas são educadas à moda antiga, mas os filhos do povão são ensinados de forma progressista. Bravo. Os resultados desta hipocrisia estão aí: Portugal é uma sociedade estática, aristocrática, sem mobilidade social. Por outras palavras, a esquerda caviar esticou a sociedade salazarista até ao interior desta sociedade - nominalmente - democrática.
Meus amigos, esta esquerda é a principal inimiga dos filhos dos mais pobres. Dezenas de amigos meus 'perderam-se', porque a escola das doutoras Alçadas lhes destruiu o futuro logo à nascença. Mas, claro, não se pode falar disto. Porque o burro sou eu. Porque o 'fascista' sou eu. Porque o 'neoliberal' sou eu.»
Quereis um exemplo prático das consequências da escola caviar? Umas páginas antes, no mesmo Expresso de 18-09 de onde extraí o texto acima de «Escola caviar», artigo de opinião de Henrique Raposo, pode ler-se um anúncio da PT onde esta empresa semi-monopolista do complexo político-empresarial socialista nos lista orgulhosamente os seus 100 «novos colaboradores, jovens recém-licenciados que foram seleccionados e formados através do programa Trainees PT em 2010, a nossa aposta nas novas gerações»:
Afonso Ferraz Costa Vieira Neves, Ana Claudia Tavares Cristóvão, Ana Daniela Fernandes Martins, Ana Filipa Cardoso Padilha Mascarenhas de Lemos, Ana Rita Ribeiro Ralha, Ana Rute Lopes Cesário, Ana Sofia Filipe Pereira, Ana Sofia Nunes Patrícia, André dos Reis Almeida Correia, André Filipe da Silva Mamede Baptista, André Filipe dos Santos Ferreira, André Filipe Machado Carreira, António Ricardo Bengeldorff Regueiras Neto, Bernardo Weinstein de Maia Ferreira Bruno, Alexandre Conde Tomás, Bruno Augusto Ferreira Silva, Bruno Miguel Martins Vieira, Bruno Renato de Sousa Rodrigues, Carolina Maria Borges Branco da Silva, Claudia, Sofia Rodrigues Sequeira, Cristina Isabel Assis Lobo, Daniela Catarina de Jesus Cardoso, Daniela Maria Santiago Gonçalves, David João Antunes Soares, Eddy Freitas André, Emanuel José da Silva Freitas, Fernando Júnior da Silva da Silva, Filipe André Anadia Boto Machado, Filipe Daniel Neves Lino, Filipe Manuel Flor de Oliveira Damasceno Carqueja, Francisco Maria Horta e Costa Ravara Bello, Francisco Miguel Barreto Simões, Frederico Fialho Varela, Gonçalo Alves Carvalho, Hélder Fernando Ramos Barroso da Silva, Hélder Filipe da Rocha Melgaz Vieira, Hélder Marco Mata Pereira, Hugo André Dias Pereira Vieira Cura, Hugo Filipe Neves Santos, Hugo Gomes de Lima, Hugo Rafael de Brito Picado, Inês Santos Pereira, Joana Alegria Martins Mata de Almeida, João Filipe Coruche Gaspar, João Miguel Rodrigues de Gouveia e Meio, João Pedra Filipe da Silva, João Pedra Lucas Shirley de Oliveira, João Pedra Salgueiro Bravo, João Pedro Serra Maia, João Pereira Nunes Jorge, Miguel Teixeira Martins de Carvalho, Jorge Pereira Andrade dos Santos, José Pedro Moutinho Salreta, Liliana Filipa Rodrigues de Barros, Luís Filipe Simões Santos, Luís Manuel Sanches do Vale Garcia Lourenço, Luís Miguel Barroso Coelho Marques, Luís Miguel Duarte, Jacinto Borges Freitas, Maria Calle Lucas Quintela de Saldanha, Maria Clara Lamelas de Sousa Moura, Maria Inês de Brito Barreiro Foz da Costa, Maria Luiz Gomes de Castro, Maria Margarida Rodrigues Gonçalves Bettencourt, Maria Rita Botelho de Sousa Leça Ramada, Marta Andreia Rodrigues Carrito, Marta Filipa de Cunha dos Santos Moita, Marta João Veríssimo de Azevedo, Miguel Filipe da Silva Figueiredo, Mónica Margarida Palha dos Santos Martins, Nelson dos Santos Alves, Nuno Frederico Costa Ferreira de Matos, Nuno Ricardo Pedrulho Mesquita Oana Roxana Stoica, Patrícia Marta de Sousa Paulo, Jorge Pinto de Jesus Pereira, Pedro Araújo e Sá Bruno de Paiva, Pedro Daniel Pacheco Casaleiro, Pedro Miguel da Cruz Baioa, Pedro Miguel Lopes Pais Goulão Pedro, Miguel Pimenta Correia, Raquel Maria Passos de Madureira Pires, Renato César de Meio Veloso, Renato de Lemos Mendes Severino Rodrigues, Ricardo João Mah, Ricardo Miguel da Silva Matos, Rogério Miguel Lima Martins, Bernardo Romeu Correia Amado, Rui Manuel Pereira Jacinto, Rui Miguel de Campos Martins Borges, Maurício Rui Pedro Lourenço Miranda, Sara Catarina Lopes Pereira, Sérgio de Oliveira Mota, Sérgio Gonçalo da Cruz Massano, Sofia Esparbes Gouveia Pedro, Sofia Pereira Machado Gaspar, Susana Andreia Carrilho Machado Fernandes, Teresa Manuela Henriques dos Santos, Tiago Casimiro dos Santos, Tiago Filipe Ribeiro Marques, Tiago Gil Cura Ferraz.
Eu não sei se o leitor está treinado para detectar padrões, seja por ter frequentado uma escola caviar ou, se tem menos de 40 anos, porque simplesmente tem talento suficiente para ter resistido à escola pública da esquerda caviar. Por exemplo, olhar para uma floresta e ver que tem não apenas árvores mas uma maioria de pinheiros e eucaliptos e alguns castanheiros. Por isso, vou dar uma ajuda. Esta lista de nomes parece-lhe uma pauta da escola C+S da Brandoa? Encontra o leitor na lista Cátias Vanessas, Cristianos Ronaldos, Joaquins Silvas ou Antónios Martins? Se mesmo assim não chega lá, pode mandar-me uma mensagem que eu explico-lhe.
Meus amigos, esta esquerda é a principal inimiga dos filhos dos mais pobres. Dezenas de amigos meus 'perderam-se', porque a escola das doutoras Alçadas lhes destruiu o futuro logo à nascença. Mas, claro, não se pode falar disto. Porque o burro sou eu. Porque o 'fascista' sou eu. Porque o 'neoliberal' sou eu.»
Quereis um exemplo prático das consequências da escola caviar? Umas páginas antes, no mesmo Expresso de 18-09 de onde extraí o texto acima de «Escola caviar», artigo de opinião de Henrique Raposo, pode ler-se um anúncio da PT onde esta empresa semi-monopolista do complexo político-empresarial socialista nos lista orgulhosamente os seus 100 «novos colaboradores, jovens recém-licenciados que foram seleccionados e formados através do programa Trainees PT em 2010, a nossa aposta nas novas gerações»:
Afonso Ferraz Costa Vieira Neves, Ana Claudia Tavares Cristóvão, Ana Daniela Fernandes Martins, Ana Filipa Cardoso Padilha Mascarenhas de Lemos, Ana Rita Ribeiro Ralha, Ana Rute Lopes Cesário, Ana Sofia Filipe Pereira, Ana Sofia Nunes Patrícia, André dos Reis Almeida Correia, André Filipe da Silva Mamede Baptista, André Filipe dos Santos Ferreira, André Filipe Machado Carreira, António Ricardo Bengeldorff Regueiras Neto, Bernardo Weinstein de Maia Ferreira Bruno, Alexandre Conde Tomás, Bruno Augusto Ferreira Silva, Bruno Miguel Martins Vieira, Bruno Renato de Sousa Rodrigues, Carolina Maria Borges Branco da Silva, Claudia, Sofia Rodrigues Sequeira, Cristina Isabel Assis Lobo, Daniela Catarina de Jesus Cardoso, Daniela Maria Santiago Gonçalves, David João Antunes Soares, Eddy Freitas André, Emanuel José da Silva Freitas, Fernando Júnior da Silva da Silva, Filipe André Anadia Boto Machado, Filipe Daniel Neves Lino, Filipe Manuel Flor de Oliveira Damasceno Carqueja, Francisco Maria Horta e Costa Ravara Bello, Francisco Miguel Barreto Simões, Frederico Fialho Varela, Gonçalo Alves Carvalho, Hélder Fernando Ramos Barroso da Silva, Hélder Filipe da Rocha Melgaz Vieira, Hélder Marco Mata Pereira, Hugo André Dias Pereira Vieira Cura, Hugo Filipe Neves Santos, Hugo Gomes de Lima, Hugo Rafael de Brito Picado, Inês Santos Pereira, Joana Alegria Martins Mata de Almeida, João Filipe Coruche Gaspar, João Miguel Rodrigues de Gouveia e Meio, João Pedra Filipe da Silva, João Pedra Lucas Shirley de Oliveira, João Pedra Salgueiro Bravo, João Pedro Serra Maia, João Pereira Nunes Jorge, Miguel Teixeira Martins de Carvalho, Jorge Pereira Andrade dos Santos, José Pedro Moutinho Salreta, Liliana Filipa Rodrigues de Barros, Luís Filipe Simões Santos, Luís Manuel Sanches do Vale Garcia Lourenço, Luís Miguel Barroso Coelho Marques, Luís Miguel Duarte, Jacinto Borges Freitas, Maria Calle Lucas Quintela de Saldanha, Maria Clara Lamelas de Sousa Moura, Maria Inês de Brito Barreiro Foz da Costa, Maria Luiz Gomes de Castro, Maria Margarida Rodrigues Gonçalves Bettencourt, Maria Rita Botelho de Sousa Leça Ramada, Marta Andreia Rodrigues Carrito, Marta Filipa de Cunha dos Santos Moita, Marta João Veríssimo de Azevedo, Miguel Filipe da Silva Figueiredo, Mónica Margarida Palha dos Santos Martins, Nelson dos Santos Alves, Nuno Frederico Costa Ferreira de Matos, Nuno Ricardo Pedrulho Mesquita Oana Roxana Stoica, Patrícia Marta de Sousa Paulo, Jorge Pinto de Jesus Pereira, Pedro Araújo e Sá Bruno de Paiva, Pedro Daniel Pacheco Casaleiro, Pedro Miguel da Cruz Baioa, Pedro Miguel Lopes Pais Goulão Pedro, Miguel Pimenta Correia, Raquel Maria Passos de Madureira Pires, Renato César de Meio Veloso, Renato de Lemos Mendes Severino Rodrigues, Ricardo João Mah, Ricardo Miguel da Silva Matos, Rogério Miguel Lima Martins, Bernardo Romeu Correia Amado, Rui Manuel Pereira Jacinto, Rui Miguel de Campos Martins Borges, Maurício Rui Pedro Lourenço Miranda, Sara Catarina Lopes Pereira, Sérgio de Oliveira Mota, Sérgio Gonçalo da Cruz Massano, Sofia Esparbes Gouveia Pedro, Sofia Pereira Machado Gaspar, Susana Andreia Carrilho Machado Fernandes, Teresa Manuela Henriques dos Santos, Tiago Casimiro dos Santos, Tiago Filipe Ribeiro Marques, Tiago Gil Cura Ferraz.
Eu não sei se o leitor está treinado para detectar padrões, seja por ter frequentado uma escola caviar ou, se tem menos de 40 anos, porque simplesmente tem talento suficiente para ter resistido à escola pública da esquerda caviar. Por exemplo, olhar para uma floresta e ver que tem não apenas árvores mas uma maioria de pinheiros e eucaliptos e alguns castanheiros. Por isso, vou dar uma ajuda. Esta lista de nomes parece-lhe uma pauta da escola C+S da Brandoa? Encontra o leitor na lista Cátias Vanessas, Cristianos Ronaldos, Joaquins Silvas ou Antónios Martins? Se mesmo assim não chega lá, pode mandar-me uma mensagem que eu explico-lhe.
18/09/2010
ESTÓRIAS E MORAIS: Um mentiroso deve possuir uma boa memória (Quintiliano)
Estórias
O governo anunciou a anulação do concurso do troço Lisboa-Poceirão do TGV e da terceira travessia do Tejo que há 3 meses era «inevitável». A anulação foi justificada pela «degradação da conjuntura económica e financeira», conjuntura que segundo o chefe do governo tem dado constantes sinais de melhoria.
O ministro da Economia garante que «uma parte significativa do crescimento do endividamento teve a ver com a resposta numa altura de crise económica muito acentuada». Resposta à crise onde até ao final de 2009 se gastaram apenas 824 milhões ou seja cerca de 0,5% do PIB, percentagem que teve o efeito surpreendente de aumentar o défice de 2,7% para 9,3%.
Segundo o ministro das Finanças, o aumento dos juros das novas emissões de dívida pública que se pensava resultar do risco percepcionado pelos mercados causado pelo endividamento crescente e o descontrolo das despesas públicas, afinal deve-se às «permanentes hesitações e ameaças da oposição quanto à viabilização do orçamento».
Moral
Let's put the blame where it belongs: on somebody else.
O governo anunciou a anulação do concurso do troço Lisboa-Poceirão do TGV e da terceira travessia do Tejo que há 3 meses era «inevitável». A anulação foi justificada pela «degradação da conjuntura económica e financeira», conjuntura que segundo o chefe do governo tem dado constantes sinais de melhoria.
O ministro da Economia garante que «uma parte significativa do crescimento do endividamento teve a ver com a resposta numa altura de crise económica muito acentuada». Resposta à crise onde até ao final de 2009 se gastaram apenas 824 milhões ou seja cerca de 0,5% do PIB, percentagem que teve o efeito surpreendente de aumentar o défice de 2,7% para 9,3%.
Segundo o ministro das Finanças, o aumento dos juros das novas emissões de dívida pública que se pensava resultar do risco percepcionado pelos mercados causado pelo endividamento crescente e o descontrolo das despesas públicas, afinal deve-se às «permanentes hesitações e ameaças da oposição quanto à viabilização do orçamento».
Moral
Let's put the blame where it belongs: on somebody else.
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17/09/2010
Lost in translation (63) – «partilha de soberania no espaço europeu», entre Bruxelas e Berlim, queria ele dizer
Face à imposição por Bruxelas da aprovação prévia das linhas gerais do orçamento, Francisco Assis garantiu que isso «não significa qualquer perda de soberania, significa partilha de soberania no espaço europeu» e saúda o «reforço dos mecanismos cooperação nas políticas económicas e fiscais».
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Serviço nacional de saúde «tendencialmente gratuito»
A despesa total em saúde representa mais de 10% do PIB, contra a média de 9% nos países da OCDE e 9,3% na UE15. A parte pública dessa despesa representa 70% do total e 26% da despesa corrente do Estado e é coberta pelos impostos. Para quem dispõe dum seguro de saúde ainda tem que suportar (directamente, no caso do seguro individual, ou indirectamente, no caso do seguro de grupo pago pelo empregador) a sua parte nos cerca de 30% do total das despesas de saúde correspondentes a comparticipações e prémios de seguro. Segundo a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada, o sector privado realiza metade das consultas, um quarto dos internamentos, cinco por cento das urgências e 15% das camas.
Na constituição, onde se lê «serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito», deveria ler-se «... tendenciosamente gratuito».
Pensamento a propósito: «If you think health care is expensive now, wait until you see what it costs when it's free». (P. J. O'Rourke)
Na constituição, onde se lê «serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito», deveria ler-se «... tendenciosamente gratuito».
Pensamento a propósito: «If you think health care is expensive now, wait until you see what it costs when it's free». (P. J. O'Rourke)
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16/09/2010
ESTADO DE SÍTIO: A regra «saem dois entra um» à luz da aritmética local
Ninguém sabe exactamente quantos funcionários públicos existem na Administração Central. Não se pode dizer o mesmo da Administração Local que produziu uma bela brochura com bastante informação sobre os utentes da vaca marsupial pública regional. Ficamos a saber que no ano passado os municípios contrataram 14.570 novos utentes, mais 8% do que em 2008. Como saíram da vaca regional 9.037, houve um aumento líquido de 5.533 elevando para 132.517 o número total de utentes em 31-12-2009. Curiosamente, neste stock de utentes há quase tantos analfabetos quanto doutores e mestres e o número de licenciados é comparável ao dos com a 4.ª classe.
Vejamos agora como foi aplicada regra «saem dois entra um» determinada pelo governo central. À primeira vista parece ter sido completamente violada: saíram dois e entraram mais de três. Não é porém assim que se devem fazer as contas. Exactamente metade (7.373) dos novos utentes, foram contratados sem concurso, sendo, presumivelmente, aderentes do PS sem emprego. Estes utentes em estado de necessidade não podem ser considerados na aplicação local da regra «saem dois entra um». Como não podem ser considerados os regressados por licença, as comissões de serviço, etc. Para este efeito só se devem considerar os utentes admitidos por «procedimento concursal». Estes foram exactamente 6.346 e da comparação com quando 9.037 saídas resulta uma a regra local «saem dois e entra 1,4».
Quod est demonstrandum.
Vejamos agora como foi aplicada regra «saem dois entra um» determinada pelo governo central. À primeira vista parece ter sido completamente violada: saíram dois e entraram mais de três. Não é porém assim que se devem fazer as contas. Exactamente metade (7.373) dos novos utentes, foram contratados sem concurso, sendo, presumivelmente, aderentes do PS sem emprego. Estes utentes em estado de necessidade não podem ser considerados na aplicação local da regra «saem dois entra um». Como não podem ser considerados os regressados por licença, as comissões de serviço, etc. Para este efeito só se devem considerar os utentes admitidos por «procedimento concursal». Estes foram exactamente 6.346 e da comparação com quando 9.037 saídas resulta uma a regra local «saem dois e entra 1,4».
Quod est demonstrandum.
A insustentável leveza de Passos Coelho
Depois das últimas trapalhadas sobre a revisão constitucional e da sua mistura espúria com o orçamento confirmarem «um erro óbvio no tempo e no modo e de casting», pensei escrever sobre a génese do erro. Não foi preciso. Já foi escrito: «uma explicação reside na inexistência de densidade política no projecto de PPC».
15/09/2010
Se ela o diz, quem sou eu para a desmentir
«Colapso iminente do Estado social. ... Os défices públicos estão a obrigar a repensar o financiamento … (do) Estado social (que) está ameaçado. Os cortes de despesa pública nos países europeus demonstram que o Estado social encontrou o seu limite». Quem disse isto não foi um perigoso neo-liberal. Foi Gabriela Canavilhas, ministra da Cóltura do governo cujo primeiro-ministro jura que a morte do estado social só será possível passando por cima do seu cadáver político. É por isso que José Sócrates terá agora que escolher entre o suicídio político e a demissão da sua ministra.
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E agora José?,
ser singular é cada vez mais plural
ARTIGO DEFUNTO: Para o jornalismo de causas o importante não é o quê. É quem
A anunciada sucessora de Dilma Rousseff (e não Rousef, como escreve o jornalista de causas), por sua vez anunciada sucessora de Lula da Silva, é Erenice Guerra. Uma investigação da Veja (en passant, uma revista independente que deveria ser um exemplo para o jornalismo doméstico) concluiu que «Erenice Guerra ter-se-á aproveitado da sua posição de ministra-chefe da Casa Civil para favorecer a empresa de consultoria do seu filho, Israel Guerra, alegada intermediária em negócios com o Governo federal.» Depois do «ter-se-á» e do «alegada», o Público que noticia o facto, resolve acrescentar uma informação relevantíssima para se concluir do «alegado» nepotismo de dona Erenice: a «linha editorial [da Veja] se desvia francamente para a direita».
Numa outra notícia na mesma secção, o Público informa-nos que «O jornal "Le Monde" vai apresentar queixa na justiça por violação do segredo das fontes de informação, acusando a Presidência francesa de ter usado os serviços de contra-espionagem para descobrir as suas fontes de no caso do escândalo político e de fuga ao fisco que envolve o ministro do Trabalho, Eric Woerth, e a herdeira da L’Oréal, Liliane Bettencourt.» Tudo isto sem um «ter-se-á», um «alegado» e muito menos sem nos iluminar com a relevantíssima informação da linha editorial do Le Monde que não se desvia francamente para a esquerda – já lá está há décadas.
Numa outra notícia na mesma secção, o Público informa-nos que «O jornal "Le Monde" vai apresentar queixa na justiça por violação do segredo das fontes de informação, acusando a Presidência francesa de ter usado os serviços de contra-espionagem para descobrir as suas fontes de no caso do escândalo político e de fuga ao fisco que envolve o ministro do Trabalho, Eric Woerth, e a herdeira da L’Oréal, Liliane Bettencourt.» Tudo isto sem um «ter-se-á», um «alegado» e muito menos sem nos iluminar com a relevantíssima informação da linha editorial do Le Monde que não se desvia francamente para a esquerda – já lá está há décadas.
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AVALIAÇÃO CONTÍNUA: A situação é grave mas não é desesperada
Secção Padre Anchieta
Mais uma vez, numa conferência qualquer sobre os republicanos, Mário Soares mostrou ser um homem de fé inabalável, mesmo na «situação actual (que) é grave». Fé na República com Maiúscula: «a República tem valido a pena sob todos os aspectos, incluindo a ética». Fé na luta: «nós temos de lutar e não estarmos sempre a dizer que queremos isto e que queremos aquilo». Fé sim, mas inspirada pelo realismo: «é preciso também saber de onde é que ele (o dinheiro) vem. Não basta pedir e descer uma avenida a gritar para julgar que o dinheiro vai cair, pois não vai».
Dito isto, vamos aos prémios. Em primeiro lugar, cinco merecidos bourbons como prémio de carreira. Três afonsos pela fé na luta e cinco chateaubriands pela fé na ética republicana depois de um século de incompetência, falta de integridade e de escrúpulos de gerações de soi-disants republicanos. Outros cinco chateaubriands (o que faz dez, no máximo de cinco, mas ele merece) por não nos ter iluminado que luta devemos travar e qual o sítio de onde permitirá extrair a tão necessário grana. No passado, o dinheiro veio do Brasil, das outras colónias, dos emigrantes e por último de Bruxelas, fontes todas elas exauridas. Por isso, os cidadãos da República ficariam ainda mais gratos a Mário Soares se, com a sua infinita sabedoria, ele se dignasse sugerir a quem nesta aflição devemos implorar a tença.
Mais uma vez, numa conferência qualquer sobre os republicanos, Mário Soares mostrou ser um homem de fé inabalável, mesmo na «situação actual (que) é grave». Fé na República com Maiúscula: «a República tem valido a pena sob todos os aspectos, incluindo a ética». Fé na luta: «nós temos de lutar e não estarmos sempre a dizer que queremos isto e que queremos aquilo». Fé sim, mas inspirada pelo realismo: «é preciso também saber de onde é que ele (o dinheiro) vem. Não basta pedir e descer uma avenida a gritar para julgar que o dinheiro vai cair, pois não vai».
Dito isto, vamos aos prémios. Em primeiro lugar, cinco merecidos bourbons como prémio de carreira. Três afonsos pela fé na luta e cinco chateaubriands pela fé na ética republicana depois de um século de incompetência, falta de integridade e de escrúpulos de gerações de soi-disants republicanos. Outros cinco chateaubriands (o que faz dez, no máximo de cinco, mas ele merece) por não nos ter iluminado que luta devemos travar e qual o sítio de onde permitirá extrair a tão necessário grana. No passado, o dinheiro veio do Brasil, das outras colónias, dos emigrantes e por último de Bruxelas, fontes todas elas exauridas. Por isso, os cidadãos da República ficariam ainda mais gratos a Mário Soares se, com a sua infinita sabedoria, ele se dignasse sugerir a quem nesta aflição devemos implorar a tença.
14/09/2010
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Um secretário paradigmático
Secção Musgo Viscoso
Por recomendação médica não vejo telejornais, por via de regra. Fiquei assim privado de assistir ao espectáculo do secretário de Estado das Comunidades a visitar os feridos do acidente de Marrocos. Uma acção mediática ao jeito socrático que meteu o Falcon da Força Aérea ajoujado de jornalistas e câmaras de televisão, transformando um secretário incógnito numa estrela rock, segundo o relato de Fernando Sobral. Tudo a pretexto de vários mortos e feridos. Mortos que se devem ter revolvido nos caixões e feridos que talvez preferissem ter morrido para não ver a palhaçada.
Por tal feito, leva o secretário 4 chateaubriands pela completa falta de senso e 5 ignóbeis pela completa falta de escrúpulos.
Por recomendação médica não vejo telejornais, por via de regra. Fiquei assim privado de assistir ao espectáculo do secretário de Estado das Comunidades a visitar os feridos do acidente de Marrocos. Uma acção mediática ao jeito socrático que meteu o Falcon da Força Aérea ajoujado de jornalistas e câmaras de televisão, transformando um secretário incógnito numa estrela rock, segundo o relato de Fernando Sobral. Tudo a pretexto de vários mortos e feridos. Mortos que se devem ter revolvido nos caixões e feridos que talvez preferissem ter morrido para não ver a palhaçada.
Por tal feito, leva o secretário 4 chateaubriands pela completa falta de senso e 5 ignóbeis pela completa falta de escrúpulos.
O (IM)PERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: O programa reversível
ANTES DA POSSE
O nosso partido cumpre o que promete.
Só os tolos podem crer que
não lutaremos contra a corrupção.
Porque, se há algo certo para nós, é que
a honestidade e a transparência são fundamentais.
para alcançar os nossos ideais
Mostraremos que é uma grande estupidez crer que
as máfias continuarão no governo, como sempre.
Asseguramos sem dúvida que
a justiça social será o alvo da nossa acção.
Apesar disso, há idiotas que imaginam que
se possa governar com as manchas da velha política.
Quando assumirmos o poder, faremos tudo para que
se termine com os marajás e as negociatas.
Não permitiremos de nenhum modo que
as nossas crianças morram de fome.
Cumpriremos os nossos propósitos mesmo que
os recursos económicos do país se esgotem.
Exerceremos o poder até que
compreendam que
Somos a nova política.
DEPOIS DA POSSE (ler de baixo para cima)
[Enviado por AD]
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13/09/2010
O que é bom para o governo parece ser bom para a banca. Mas será bom para o país?
A coisa é simples. O governo emite dívida pública a taxas crescentes que na última emissão quase atingiram 6%. Parte significativa dessa dívida é comprada pela banca portuguesa. Onde vai a banca portuguesa buscar dinheiro para emprestar ao Estado? Ao BCE, pois claro, dando como colateral (garantia) a dívida pública comprada ao governo e pagando um juro que pouco ultrapassa 1%. Há uns pequenos pormenores pelo meio (como por exemplo o completo incongruência entre os prazos das OT e BT que a banca compra ao governo e os empréstimos de curtíssimo prazo do BCE à banca), mas no essencial é um grande negócio. Com um funding destes (50 mil milhões de empréstimos do BCE ou 1/7 dos depósitos), percebe-se que a banca pague aos seus clientes um juro miserável nos depósitos a prazo. Com aplicações destas, percebe-se também que a banca esteja pouco disponível para financiar o investimento privado.
Não admira que o chefe dos Espíritos seja o homem mais poderoso na economia portuguesa, ainda mais poderoso do que José Sócrates e do que o pai da engenheira Isabel dos Santos, o que não é dizer pouco.
Não admira que o chefe dos Espíritos seja o homem mais poderoso na economia portuguesa, ainda mais poderoso do que José Sócrates e do que o pai da engenheira Isabel dos Santos, o que não é dizer pouco.
12/09/2010
A metalúrgica do regime afunda-se com ele
Que a Martifer dos irmãos Martins, uma kaebol lusitana falhada, é a metalúrgica do regime constitui uma razoável evidência ilustrada pelos jeitos ao governo (por exemplo a compra das minas de Aljustrel à Lundin Mining), pela cooptação para o conselho de administração do ex-estradista Jorge Coelho e pelos jeitos do governo (por exemplo as manobras para compra das suas acções com abertura de créditos pela Caixa sob a batuta dos amigos Vara e Bandeira).
Se o regime prosperasse a Martifer teria o seu futuro garantido, como o regime se afunda a Martifer afunda-se com ele. Com uma dívida de 430 milhões de euros, quase o dobro da sua facturação e 20 vezes o EBITDA, a sua cotação desceu dos 10 € com que entrou na bolsa há três anos para menos de 2 €. Já começou a vender os anéis (entre outros o centro comercial Tavira Gran-Plaza) e até mesmo os dedos (investimentos n Alemanha, Brasil, EU e Austrália.
Tal como o chefe do regime delira sobre o futuro radioso do país, assim Jorge Martins conta estórias delirantes ao Expresso sobre o futuro radioso da Martifer.
Se o regime prosperasse a Martifer teria o seu futuro garantido, como o regime se afunda a Martifer afunda-se com ele. Com uma dívida de 430 milhões de euros, quase o dobro da sua facturação e 20 vezes o EBITDA, a sua cotação desceu dos 10 € com que entrou na bolsa há três anos para menos de 2 €. Já começou a vender os anéis (entre outros o centro comercial Tavira Gran-Plaza) e até mesmo os dedos (investimentos n Alemanha, Brasil, EU e Austrália.
Tal como o chefe do regime delira sobre o futuro radioso do país, assim Jorge Martins conta estórias delirantes ao Expresso sobre o futuro radioso da Martifer.
SERVIÇO PÚBLICO: Ideia de Louçã realizada avant la lettre
Quem é a Fitch? Uma das maiores agências de rating. O que fazem as agências de rating? Avaliam o risco de estados, empresas, fundos de investimento, títulos, etc. Ao serviço de quem estão as agências de rating? Aqui as opiniões dividem-se. Segundo a vulgata da esquerdalhada, actualmente partilhada por quase todos os governos europeus, as agências de rating estão ao serviço dos interesses anglo-saxónicos em geral e do neo-liberalismo em particular.
Quem são os accionistas da Fitch? Capitalistas anglo-saxónicos desejosos de comprometer a Europa em geral, a U.E. em particular e, muito especialmente, la France, l’exception française et tra la la la. Certo? Errado.
O maior accionista com 60% da Fitch é a Fimalac, uma holding francesa cotada na bolsa de Paris, criada e liderada por Marc Ladreit de Lacharrière, un dirigeant d'entreprise (très) français, né au château familial de Lacharrière, enarque diplômé à l’École Nationale d'Administration. É caso para dizer que a ideia prodigiosa de Francisco Louçã de «criação uma agência de rating europeia que diga a verdade» já está realizada avant la lettre.
Quem são os accionistas da Fitch? Capitalistas anglo-saxónicos desejosos de comprometer a Europa em geral, a U.E. em particular e, muito especialmente, la France, l’exception française et tra la la la. Certo? Errado.
O maior accionista com 60% da Fitch é a Fimalac, uma holding francesa cotada na bolsa de Paris, criada e liderada por Marc Ladreit de Lacharrière, un dirigeant d'entreprise (très) français, né au château familial de Lacharrière, enarque diplômé à l’École Nationale d'Administration. É caso para dizer que a ideia prodigiosa de Francisco Louçã de «criação uma agência de rating europeia que diga a verdade» já está realizada avant la lettre.
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11/09/2010
Lost in translation (62) – Rigor? Já fizemos engenharia orçamental no passado. Voltaremos a fazê-lo no futuro, queria ele dizer (XII)
O Expresso dedica este fim-de-semana uma página inteira às manobras de desorçamentação do governo com a venda a empresas públicas de imóveis ocupados por serviços da administração pública que depois os arrendam às empresas públicas que os compraram. Com esta manobra o governo enche o pipeline do orçamento fabricando receitas correspondentes ao valor da venda à custa de rendas anuais que são uma pequena fracção desse valor (qualquer coisa ao redor de um vigésimo).
O Expresso acordou um pouco tarde, porque essas manobras até no (Im)pertinências já foram várias vezes denunciadas.
Os dois parágrafos anteriores são de um post de 29 de Agosto. É difícil ser original a denunciar a engenharia orçamental reincidente do governo, como é o caso da venda de imóveis do Estado ao Estado, via empresas públicas. Segundo o Expresso de ontem, o valor total desde 2006 já atinge mil milhões de euros, culminando com a venda à Estamo de cem imóveis ocupados por repartições de finanças. Todas estas manobras confirmam a justeza da classificação de Teixeira dos Santos comopior ministro melhor dos piores ministros das Finanças.
O Expresso acordou um pouco tarde, porque essas manobras até no (Im)pertinências já foram várias vezes denunciadas.
Os dois parágrafos anteriores são de um post de 29 de Agosto. É difícil ser original a denunciar a engenharia orçamental reincidente do governo, como é o caso da venda de imóveis do Estado ao Estado, via empresas públicas. Segundo o Expresso de ontem, o valor total desde 2006 já atinge mil milhões de euros, culminando com a venda à Estamo de cem imóveis ocupados por repartições de finanças. Todas estas manobras confirmam a justeza da classificação de Teixeira dos Santos como
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Lost in translation (61) - depois do «jamais», o «dejá vue»
«Para mim [cortar o défice] é de alguma forma ter uma sensação de dejá vu. Eu já vivi isso há três, quatro anos e conseguimos cumprir os objectivos. Por isso estou bastante confiante de que o conseguiremos fazer outra vez». Palavras do pior ministro melhor dos piores ministros das Finanças, que traduzidas em português corrente querem dizer: «Para mim [aumentar os impostos] é de alguma forma ter uma sensação de dejá vu. Por isso estou bastante confiante de que o conseguiremos fazer outra vez».
Não está certo. É injusto
Não duvido que Luís de Matos seja um óptimo ilusionista. Daí a receber o prémio Merlin para o «ilusionista da década», parece-me um exagero e sobretudo injusto quando a International Magicians Society tinha à mão de semear um profissional como José Sócrates. Está mal.
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10/09/2010
CASE STUDY: as falhas dos analistas são maiores do que as imperfeições dos mercados
Um estudo recente da McKinsey, cobrindo o período 1985-2009, torna evidente a sobreavaliação sistemática das previsões de rentabilidade das acções pelos analistas financeiros as quais foram em média o dobro das rentabilidades reais. Curiosamente, as previsões dos analistas parecem as do engenheiro Sócrates: são imunes à conjuntura, em particular à recessão, e constituem exercícios de optimismo delirante.
Em contrapartida, os rácios PER (price-to-earning), que relacionam a cotação com o ganho da acção (valorização mais dividendo) e reflectem a apreciação dos mercados, têm sido 25% inferiores aos rácios implícitos nas previsões dos analistas. É natural. As cotações são o resultado de incontáveis decisões de investidores que arriscam o seu dinheiro (ou parte dele, no caso de quem gere carteiras de terceiros) e as previsões são decisões de analistas arriscando apenas a sua reputação umas vezes não cotada e outras não valendo nada.
Em contrapartida, os rácios PER (price-to-earning), que relacionam a cotação com o ganho da acção (valorização mais dividendo) e reflectem a apreciação dos mercados, têm sido 25% inferiores aos rácios implícitos nas previsões dos analistas. É natural. As cotações são o resultado de incontáveis decisões de investidores que arriscam o seu dinheiro (ou parte dele, no caso de quem gere carteiras de terceiros) e as previsões são decisões de analistas arriscando apenas a sua reputação umas vezes não cotada e outras não valendo nada.
Depois admirem-se (outra vez)
Posso replicar o que aqui escrevi exactamente há um ano sobre a competitividade, ou a falta dela, segundo o World Economic Forum, a propósito da perda de 3 lugares no índice do Global Competitiveness Report 2010-2011. Perda em que o aumento do índice de corrupção de 3,5 para 4,4 teve relevância.
Qual é o problema mais crítico que a economia portuguesa tem de enfrentar? O peso morto da fraca produtividade que reduz a competitividade nos mercados externos para onde temos que exportar, na falta dum mercado interno com dimensão suficiente para a maioria dos produtos.
Seria, portanto, uma boa ideia as políticas propostas pelos partidos com alguma hipótese de virem a ser poder terem em conta os factores de competitividade do Global Competitiveness Report preparado pelo World Economic Forum. Ontem foi divulgado o relatório 2009-2010, mas se os partidos trabalhassem com base no relatório do ano passado chegariam às mesmas conclusões.
Vejam-se os factores mais problemáticos para os negócios e procurem-se nos programas dos partidos do poder as correspondentes políticas e medidas para os superar.
Em vão.
Veja-se de seguida a posição de Portugal em cada um dos indicadores do Índice de Competitividade Global. A verde estão assinalados aqueles indicadores onde Portugal está posicionado no 1.º decil e a vermelho aqueles em que Portugal está classificado no último quartil.
O indicador qualidade das estradas onde Portugal está em 8.º lugar (subiu uma posição de 2009 para 2010)é daqueles que mais parece preocupar vários partidos, em especial o partido do governo. Ao contrário, procuram-se em vão políticas ou medidas para atacar as áreas mais críticas, nomeadamente no que respeita ao primeiro e ao sétimo pilares, Instituições e Eficiência do mercado de trabalho.
Depois admirem-se.
Qual é o problema mais crítico que a economia portuguesa tem de enfrentar? O peso morto da fraca produtividade que reduz a competitividade nos mercados externos para onde temos que exportar, na falta dum mercado interno com dimensão suficiente para a maioria dos produtos.
Seria, portanto, uma boa ideia as políticas propostas pelos partidos com alguma hipótese de virem a ser poder terem em conta os factores de competitividade do Global Competitiveness Report preparado pelo World Economic Forum. Ontem foi divulgado o relatório 2009-2010, mas se os partidos trabalhassem com base no relatório do ano passado chegariam às mesmas conclusões.
Vejam-se os factores mais problemáticos para os negócios e procurem-se nos programas dos partidos do poder as correspondentes políticas e medidas para os superar.
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Em vão.
Veja-se de seguida a posição de Portugal em cada um dos indicadores do Índice de Competitividade Global. A verde estão assinalados aqueles indicadores onde Portugal está posicionado no 1.º decil e a vermelho aqueles em que Portugal está classificado no último quartil.
O indicador qualidade das estradas onde Portugal está em 8.º lugar (subiu uma posição de 2009 para 2010)é daqueles que mais parece preocupar vários partidos, em especial o partido do governo. Ao contrário, procuram-se em vão políticas ou medidas para atacar as áreas mais críticas, nomeadamente no que respeita ao primeiro e ao sétimo pilares, Instituições e Eficiência do mercado de trabalho.
Depois admirem-se.
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09/09/2010
Lost in translation (60) - procura-se tanso com dinheiro, queria ele dizer
Quando Fernando Pinto, o brasileiro descoberto por Jorge Coelho para salvar a TAP de si própria e do governo, foi nomeado, apareceu como uma brisa refrescante depois da sucessão de apparatchiks que desgovernaram a empresa durante 3 décadas. Dez anos depois, a brisa refrescante parece ter-se transformado num sopro miasmático que convive pacificamente com a incompetência endémica e as corporações de pilotos e sindicatos vários que se servem da TAP como uma coutada privativa, tudo com a bênção do governo.
O último exemplo da estratégia miasmática produzida por Fernando Pinto consiste em deixar cair uma aliança possível com a Lufthansa, ou talvez constatar que a Lufthansa a teria deixado cair, em troca da procura dum mirífico «simples investidor financeiro» que, no estado em que se encontra a TAP e com o futuro sombrio à sua espera, só pode ser um tanso abastado com vontade de torrar dinheiro - actualmente uma espécie mais rara do que o unicórnio.
O último exemplo da estratégia miasmática produzida por Fernando Pinto consiste em deixar cair uma aliança possível com a Lufthansa, ou talvez constatar que a Lufthansa a teria deixado cair, em troca da procura dum mirífico «simples investidor financeiro» que, no estado em que se encontra a TAP e com o futuro sombrio à sua espera, só pode ser um tanso abastado com vontade de torrar dinheiro - actualmente uma espécie mais rara do que o unicórnio.
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BREIQUINGUE NIUZ: As portagens nas SCUT vão ser introduzidas «o mais depressa possível» (7)
Actualizando a primeira, a segunda, a terceira, a quarta, a quinta e a sexta retrospectivas e confirmando a espantosa incapacidade de realização dos governos de José Sócrates que constantemente se empluma precisamente com a sua alegada capacidade de realização.
- 06-11-2004 Mário Lino revela que portagens nas Scut irão financiar todas as estradas
- 20-05-2005 Mário Lino, ministro das Obras Públicas, admitiu que em breve se tenha que proceder à cobrança de portagens nas Scut
- 07-11-2005 Mário Lino está já a desenvolver um novo modelo geral de financiamento da rede rodoviária nacional, que inclui as Scut, e que deverá ficar concluído em 2006.
- 19-01-2006 Mário Lino revela que portagens nas Scut irão financiar todas as estradas
- 18-10-2006, pouco depois das 11h, Mário Lino tornava-se o quarto ministro consecutivo a anunciar o fim das chamadas auto-estradas Scut
- 30-08-2007 portagens pagas nas ... Scut, anunciada pelo ministro Mário Lino em Outubro do ano passado, só será concretizada, na melhor das hipóteses, em 2008
- 02-05-2007 negociações para introdução de portagens nas Scut retomadas há um mês
- 10-10-2007 Mário Lino: Governo vai introduzir portagens nas Scut até ao final do ano
- 13-11-2007 a implementação de portagens nas três Scuts - até ao fim deste ano - poderá ser adiada para o primeiro trimestre de 2008.
- 15-01-2008 o processo está «bastante avançado», devendo «estar concluído brevemente»
- 27-02-2008 Negociações para introdução de portagens «bem encaminhadas», garante Mário Lino
- 01-03-2008 as negociações com as concessionárias estão bem encaminhadas.
- 27-05-2008 entrarão em funcionamento «o mais depressa possível».
- 30-06-2008 «Se pudesse ter amanhã portagens nas SCUT eu fazia»
- 06-07-2007 «o Governo está a implementar a introdução das portagens nas três SCUT já referidas»
- 02-10-2008 as portagens nas chamadas SCUT`s vão ser introduzidas «o mais depressa possível»
- 27-01-2010 «Há condições para introduzir portagens nas SCUT no 1º semestre»
- 22-04-2010 «serão introduzidas portagens nas Scut já a partir do próximo dia 1 de Julho» disse Teixeira dos Santos.
- 29-06-2010 «O Governo tomou a decisão de adiar por trinta dias, até 1 de Agosto, a introdução de portagens nas SCUT Costa de Prata, Norte Litoral e Grande Porto»
- 24-07-2010 O Governo «não pode aplicar as portagens nas SCUT a 1 de Agosto»
- 09-09-2010 «Portagens em todas as SCUT até 15 de Abril»
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ESTADO DE SÍTIO: Um dia na vida do governo
No período de Janeiro a Julho as importações aumentaram de 29.350 no ano passado para 32.511 milhões de euros este ano. As exportações aumentaram de 18.448 para 21.116 milhões de euros, pelo que o défice do comércio externo aumentou de 10.902 para 11.345 milhões, ou de cerca de 6,8% para provavelmente mais de 7% do PIB. [Fonte: INE, Estatísticas do Comércio Internacional, Julho de 2010]
Com 1,0 milhões, correspondentes a 3% do total de cidadãos estrangeiros vivendo em países da EU27, Portugal é o 4.º país comunitário com maior número de imigrantes na EU27 e o primeiro ex aequo com a Roménia em percentagem da população residente (cerca de 10%). [Fonte: Eurostat newsrelease 7 Setembro]
Apesar de Portugal gastar em educação uma percentagem do PIB praticamente igual à média da OCDE (5,6% e 5,8% em 2006, respectivamente), os resultados são consideravelmente piores. Em 2007, as percentagens de conclusão do secundário foram 65% e 82%, respectivamente, apesar da fraude das Novas Oportunidades. No mesmo ano, as percentagens de conclusão do terciário foram 6,1% e 9,4%. Pior que tudo, em 2009 a qualidade do ensino medida pelo score médio em ciências, leitura e matemática foi 474 (média OCDE 500) colocando-nos como 4.º pior em 30 países da OCDE. [Fonte: Education at a Glance 2009: OECD Indicators]
O INE reviu a primeira estimativa do PIB do 2.º trimestre em 0,1%, uma mera correcção de um erro estatístico, e logo o ministro da Ecoanomia apressa-se a celebrar o facto de o PIB ter «crescido a um ritmo bem superior àquilo que eram as expectativas» em resultado da «melhoria da competitividade da economia», segundo ele, que consegue tais visões a partir da perda de produtividade. [Fontes: INE - Contas Nacionais Trimestrais (Base 2006) 2º Trimestre de 2010 e o Público para a flatulência ministerial]
Enquanto isso, impávido e sereno, o governo prossegue o caminho da consolidação consolação orçamental vendendo mais um imóvel a uma empresa pública por 5,9 milhões de euros (menos 1,2 milhões do que o valor da avaliação) montante que constituirá receita de 2010, ajudando a aliviar o imparável défice.
Com 1,0 milhões, correspondentes a 3% do total de cidadãos estrangeiros vivendo em países da EU27, Portugal é o 4.º país comunitário com maior número de imigrantes na EU27 e o primeiro ex aequo com a Roménia em percentagem da população residente (cerca de 10%). [Fonte: Eurostat newsrelease 7 Setembro]
Apesar de Portugal gastar em educação uma percentagem do PIB praticamente igual à média da OCDE (5,6% e 5,8% em 2006, respectivamente), os resultados são consideravelmente piores. Em 2007, as percentagens de conclusão do secundário foram 65% e 82%, respectivamente, apesar da fraude das Novas Oportunidades. No mesmo ano, as percentagens de conclusão do terciário foram 6,1% e 9,4%. Pior que tudo, em 2009 a qualidade do ensino medida pelo score médio em ciências, leitura e matemática foi 474 (média OCDE 500) colocando-nos como 4.º pior em 30 países da OCDE. [Fonte: Education at a Glance 2009: OECD Indicators]
O INE reviu a primeira estimativa do PIB do 2.º trimestre em 0,1%, uma mera correcção de um erro estatístico, e logo o ministro da Ecoanomia apressa-se a celebrar o facto de o PIB ter «crescido a um ritmo bem superior àquilo que eram as expectativas» em resultado da «melhoria da competitividade da economia», segundo ele, que consegue tais visões a partir da perda de produtividade. [Fontes: INE - Contas Nacionais Trimestrais (Base 2006) 2º Trimestre de 2010 e o Público para a flatulência ministerial]
Enquanto isso, impávido e sereno, o governo prossegue o caminho da consolidação consolação orçamental vendendo mais um imóvel a uma empresa pública por 5,9 milhões de euros (menos 1,2 milhões do que o valor da avaliação) montante que constituirá receita de 2010, ajudando a aliviar o imparável défice.
08/09/2010
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Este país não é para pessoas normais
Você acharia normal que, sendo Portugal o país que mais investe em Cabo Verde, Cavaco Silva fosse considerado um dos homens mais poderosos da economia cabo-verdiana?
Ah não? Então assoe-se a este lenço: José Eduardo dos Santos ou Zé Dú para os amigos, presidente da República Popular de Angola, é considerado pelos portugueses leitores do Negócios o 3.º homem mais poderoso da economia portuguesa. Ainda se fosse a filha dele, a engenheira Isabel dos Santos, a coisa ficaria um pouco mais disfarçada.
Declaração de interesse:
Não tenho nada contra Isabel dos Santos, ou o seu pai. Na verdade, até acho que eles nos fazem alguns favores, sendo nos tempos que correm dos poucos investidores estrangeiros que arriscam dinheiro nestas paragens. Só fico um pouco embaraçado precisamente por esse facto e fico confundido pelo amor à verdade dos leitores do Negócio.
Ah não? Então assoe-se a este lenço: José Eduardo dos Santos ou Zé Dú para os amigos, presidente da República Popular de Angola, é considerado pelos portugueses leitores do Negócios o 3.º homem mais poderoso da economia portuguesa. Ainda se fosse a filha dele, a engenheira Isabel dos Santos, a coisa ficaria um pouco mais disfarçada.
Declaração de interesse:
Não tenho nada contra Isabel dos Santos, ou o seu pai. Na verdade, até acho que eles nos fazem alguns favores, sendo nos tempos que correm dos poucos investidores estrangeiros que arriscam dinheiro nestas paragens. Só fico um pouco embaraçado precisamente por esse facto e fico confundido pelo amor à verdade dos leitores do Negócio.
Estava escrito nas estrelas
Era inevitável. Milton Friedman disse-o há mais de 10 anos. Face ao comportamento desregrado dos maus alunos ou PIGS, só havia dois caminhos: ou a saída da Zona Euro ou, depois de abandonar a política monetária com a entrada no euro, também a política orçamental teria que ser abandonada a Bruxelas (leia-se a Berlim). Foi o que o Ecofin decidiu com a aprovação do sistema de coordenação orçamental que vai confirmar ou vetar as medidas de política orçamental (e, de caminho, parte da política económica) antes da apresentação do orçamento nos parlamentos nacionais.
Tudo isto discretamente, com as esquerdas distraídas (trogloditas e chiques), ou a fazerem-se distraídas (esquerda social-democrata) ou suspirando de alívio (esquerda «realista») por a roda do leme ser entregue a Bruxelas a quem será debitado o ónus das medidas impopulares.
Tudo isto discretamente, com as esquerdas distraídas (trogloditas e chiques), ou a fazerem-se distraídas (esquerda social-democrata) ou suspirando de alívio (esquerda «realista») por a roda do leme ser entregue a Bruxelas a quem será debitado o ónus das medidas impopulares.
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estão a ver-se gregos,
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AVALIAÇÃO CONTÍNUA: A má escola expulsa a boa escola
Secção George Orwell
As escolas têm vindo a aconselhar os alunos que procuram o ensino recorrente, nome pomposo para o ensino para adultos, a inscrever-se no programa «Novas Oportunidades». Questionada, a ministra da Educação deu uma no cravo e outra na ferradura, não confirmando nem a extinção nem a manutenção do ensino recorrente, mas implicitando a extinção a prazo porque a procura é cada vez menor.
Não é caso para se fazerem maninfestações para protestar contra uma extinção tão inevitável como a expulsão da boa moeda pela má moeda, referida alegoricamente por Cavaco Silva para preparar a expulsão do inefável Santana Lopes e aplanar a sua caminhada até Belém. Neste caso, a má moeda são as Novas Oportunidades que oferecem a um analfabeto funcional um diploma, pelo módico custo de contar a triste estória da sua alegre vida, em vez de suar as estopinhas umas horas por semana em horário pós-laboral durante 1, 2 ou 3 anos.
É caso para chumbar a ministra, ou retê-la, para usar a terminologia oficial, por uma de duas coisas: ou porque não percebeu a natureza do dilema, caso em que leva 4 chateaubriands, ou porque, tendo-o percebido bem demais, está a fazer o seu número de assobiar para o lado, caso em que leva 4 urracas.
As escolas têm vindo a aconselhar os alunos que procuram o ensino recorrente, nome pomposo para o ensino para adultos, a inscrever-se no programa «Novas Oportunidades». Questionada, a ministra da Educação deu uma no cravo e outra na ferradura, não confirmando nem a extinção nem a manutenção do ensino recorrente, mas implicitando a extinção a prazo porque a procura é cada vez menor.
Não é caso para se fazerem maninfestações para protestar contra uma extinção tão inevitável como a expulsão da boa moeda pela má moeda, referida alegoricamente por Cavaco Silva para preparar a expulsão do inefável Santana Lopes e aplanar a sua caminhada até Belém. Neste caso, a má moeda são as Novas Oportunidades que oferecem a um analfabeto funcional um diploma, pelo módico custo de contar a triste estória da sua alegre vida, em vez de suar as estopinhas umas horas por semana em horário pós-laboral durante 1, 2 ou 3 anos.
É caso para chumbar a ministra, ou retê-la, para usar a terminologia oficial, por uma de duas coisas: ou porque não percebeu a natureza do dilema, caso em que leva 4 chateaubriands, ou porque, tendo-o percebido bem demais, está a fazer o seu número de assobiar para o lado, caso em que leva 4 urracas.
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07/09/2010
As boas intenções podem levar-nos ao inferno, ou pelo menos ao purgatório (2)
[Continuação de (1)]
Num mercado de trabalho flexível (cada vez menos) como o americano, as políticas laborais da administração Obama e a redução da mobilidade geográfica causada pela generalização da habitação própria, factores já aqui referidos, acrescidos do desajustamento crescente entre as qualificações profissionais dos desempregados e a oferta de empregos explicam uma taxa de desemprego próxima dos 10%. O que se pode esperar numa União Europeia com 27 mercados de trabalho separados por barreiras linguísticas, culturais e administrativas, com uma mão-de-obra que se move com dificuldade até dentro de cada Estado, uma legislação laboral super-protectora e generosos subsídios de desemprego? Pode-se esperar quatro milhões de postos de trabalho vagos (2,4% da população activa) por falta de mão-de-obra qualificada e disponível.
Num mercado de trabalho flexível (cada vez menos) como o americano, as políticas laborais da administração Obama e a redução da mobilidade geográfica causada pela generalização da habitação própria, factores já aqui referidos, acrescidos do desajustamento crescente entre as qualificações profissionais dos desempregados e a oferta de empregos explicam uma taxa de desemprego próxima dos 10%. O que se pode esperar numa União Europeia com 27 mercados de trabalho separados por barreiras linguísticas, culturais e administrativas, com uma mão-de-obra que se move com dificuldade até dentro de cada Estado, uma legislação laboral super-protectora e generosos subsídios de desemprego? Pode-se esperar quatro milhões de postos de trabalho vagos (2,4% da população activa) por falta de mão-de-obra qualificada e disponível.
06/09/2010
As boas intenções podem levar-nos ao inferno, ou pelo menos ao purgatório
Segundo Robert Barro, um macroeconomista clássico, professor em Harvard, o aumento da duração do subsídio de desemprego de 26 para 99 semanas, decidido pela administração Obama, é o responsável pelo aumento da taxa de desemprego que chegou ao máximo de 10,1% em Outubro de 2009. Actualmente está em 9,5% e na estimativa de Barro poderia ser 6,8% se o limite de 26 semanas se tivesse mantido, ceteris paribus. Para essa estimativa, Barro compara o comportamento do desemprego e da criação de emprego na crise actual com os das crises anteriores, em que a duração máxima do subsídio era de 26 semanas, e conclui ter resultado da medida tomada a proporção mais elevada do desemprego de maior duração na crise actual.
Algum efeito relevante o aumento da duração do subsídio terá tido, mas Barro não considera outro factor que terá reduzido a flexibilidade do mercado de trabalho comparativamente com as crises anteriores. Por uma infeliz coincidência, muito frequente nestas coisas esotéricas da economia, esse factor é uma consequência dos mesmos mecanismos que contribuíram para o desencadear da crise. Esse factor é a redução da mobilidade geográfica tradicional no mercado de trabalho americano, resultante da generalização da habitação própria tornada possível pela torrente de crédito facilitado pelas Government-sponsored enterprises (GSE), como Fannie Mae (Federal National Mortgage Association) e Freddy Mac (Federal Home Loan Mortgage Corporation). Por sua vez, essa torrente de crédito fácil e barato foi alimentada pelo excesso de liquidez proveniente da economia chinesa e uma política de taxas de juro baixas do FED visando mitigar os riscos de recessão e de aumento do desemprego, desemprego que acabou por disparar devido à medicina para o evitar.
Algum efeito relevante o aumento da duração do subsídio terá tido, mas Barro não considera outro factor que terá reduzido a flexibilidade do mercado de trabalho comparativamente com as crises anteriores. Por uma infeliz coincidência, muito frequente nestas coisas esotéricas da economia, esse factor é uma consequência dos mesmos mecanismos que contribuíram para o desencadear da crise. Esse factor é a redução da mobilidade geográfica tradicional no mercado de trabalho americano, resultante da generalização da habitação própria tornada possível pela torrente de crédito facilitado pelas Government-sponsored enterprises (GSE), como Fannie Mae (Federal National Mortgage Association) e Freddy Mac (Federal Home Loan Mortgage Corporation). Por sua vez, essa torrente de crédito fácil e barato foi alimentada pelo excesso de liquidez proveniente da economia chinesa e uma política de taxas de juro baixas do FED visando mitigar os riscos de recessão e de aumento do desemprego, desemprego que acabou por disparar devido à medicina para o evitar.
05/09/2010
CASE STUDY: Equívocos da revisão constitucional (1)
O anúncio pelo PSD da revisão constitucional foi um erro óbvio no tempo e no modo e de casting. No tempo, porque numa fase em que um em cada dez activos está desempregado, nove em cada dez portugueses estão endividados até ao pescoço e dez em cada dez percebem pela primeira vez que o Estado e as empresas estão em situação semelhante, a discussão parece esotérica a quase todos. No modo, porque é difícil imaginar pior forma e mais confusa do PSD comunicar o seu projecto de revisão – se é que tem algum. De casting, porque a cacofonia dos putativos porta-vozes conseguiu o milagre de aumentar a confusão da comunicação.
E, já agora, rever a constituição será imperativo? Será possível introduzir as reformas necessárias para aliviar a sociedade civil e a economia do peso sufocante do Estado sem a revisão duma constituição que declara que o povo português decidiu «abrir caminho para uma sociedade socialista»? Façamos a pergunta ao contrário: o que é que uma constituição que declara que o povo português decidiu «abrir caminho para uma sociedade socialista» fez para que o povo português caminhasse para a sociedade socialista? Mudaria alguma coisa se a constituição declarasse que o povo português decidiu «abrir caminho para uma sociedade liberal»? Tornar-se-iam os portugueses, colectivistas contumazes e súbditos conformados do estado assistencialista, amantes do liberalismo?
[Continua]
E, já agora, rever a constituição será imperativo? Será possível introduzir as reformas necessárias para aliviar a sociedade civil e a economia do peso sufocante do Estado sem a revisão duma constituição que declara que o povo português decidiu «abrir caminho para uma sociedade socialista»? Façamos a pergunta ao contrário: o que é que uma constituição que declara que o povo português decidiu «abrir caminho para uma sociedade socialista» fez para que o povo português caminhasse para a sociedade socialista? Mudaria alguma coisa se a constituição declarasse que o povo português decidiu «abrir caminho para uma sociedade liberal»? Tornar-se-iam os portugueses, colectivistas contumazes e súbditos conformados do estado assistencialista, amantes do liberalismo?
[Continua]
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Desfazendo ideias feitas,
revisão constitucional
04/09/2010
Estado assistencialista falhado
Um bebé abandonado numa cama dum hospital público custa 500 euros por dia. Uma criança na Casa Pia custa um valor diário semelhante. No Refúgio Aboim Ascensão, uma instituição privada, 95 crianças custam 2,4 milhões de euros por ano ou 70 euros por dia, dos quais só 43% comparticipados pelo Estado.
[Números a partir dos dados citados por Luís Villas-Boas, director do Refúgio Aboim Ascensão]
[Números a partir dos dados citados por Luís Villas-Boas, director do Refúgio Aboim Ascensão]
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Estado assistencialista falhado
03/09/2010
ESTADO DE SÍTIO: Abyssus abyssum invocat
Segundo as contas do Negócio, baseadas nos dados da OCDE, os salários médios em Portugal aumentaram 3,4% o ano passado. Em plena crise, sem inflação, com um desemprego sem precedentes, a produtividade em queda e um défice crescente do comércio externo foi um tiro no pé. Se a isto acrescentarmos o défice orçamental e a dívida pública e a privada a atingirem proporções também sem precedentes, podemos falar de aumentos suicidas.
A coisa só pode acabar mal. Muito mal.
A coisa só pode acabar mal. Muito mal.
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Abyssus abyssum invocat
Viva o simplex transexual! Para quando o simplex transgénico?
Sem questionar o grande passo que é o reconhecimento pelo governo do Querido Líder da volatilidade do sexo, tornando possível uma criatura mudar o sexo civil de homem para mulher mantendo o pénis, ou no sentido oposto mantendo a vagina, ocorre-me perguntar e os sem sexo? E os hermafroditas? E os de sexo mutante?
E, resolvida a questão do sexo, para quando a questão do género? Que liberdade de escolha para os muitos portugueses que são uns autênticos animais? Resolver a questão da identidade sexual está muito bem, mas porque não permitir a escolha do género? Há razões para os milhões de portugueses que se assumem como porcos, por exemplo, não poderem registar o seu género de eleição? Não está certo.
E, resolvida a questão do sexo, para quando a questão do género? Que liberdade de escolha para os muitos portugueses que são uns autênticos animais? Resolver a questão da identidade sexual está muito bem, mas porque não permitir a escolha do género? Há razões para os milhões de portugueses que se assumem como porcos, por exemplo, não poderem registar o seu género de eleição? Não está certo.
NÓS VISTOS POR ELES: As almas gémeas de José Sócrates
Deve haver uma explicação para a especial afinidade, ou pelo menos profunda simpatia, que o nosso grande líder José Sócrates tem com, ou pelo menos desperta nos, líderes das democracias musculadas (uma forma benigna de designar as ditaduras referendadas). Exemplos, entre outros, os coronéis: Putin, Chávez e, definitivamente, Muammar Kadhafi com quem o grande líder partilha confiança e intimidade nocturna.
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E agora José?,
incorrigível
02/09/2010
O Dom Sebastião pós-moderno salvará a pátria de si própria, esperam eles
«O FMI já deve ter reservado os bilhetes de avião para Lisboa» desabafou ao Jornal de Negócios Soares dos Santos, o patrão da Jerónimo Martins. «Temos de ir buscar o FMI e já o devíamos feito», desabafou numa outra página Carlos Monjardino, o patrão da Fundação Oriente.
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antes isso que outra coisa,
eu diria mesmo mais
Is That Your Best Price, Colonel?
Na 2.ª feira o coronel Kadhafi oferece em Roma os seus serviços para conter a imigração africana e impedir «uma Europa negra» (*). Apresenta um orçamento de 5 mil milhões de euros que no dia seguinte a CE regateia pela boca do comissário Matthew Newman.
Haverá oportunidade de discutir o preço no Encontro 5+5 de países europeus e do Norte de África da bacia do mediterrâneo, encontro abrilhantado com a presença de José Sócrates visitando a Líbia pela 4.ª vez - les bons esprits se rencontrent.
(*) Sem surpresa, o coronel não apresentou nenhuma proposta para conter a conversão da Europa na Eurabia.
Haverá oportunidade de discutir o preço no Encontro 5+5 de países europeus e do Norte de África da bacia do mediterrâneo, encontro abrilhantado com a presença de José Sócrates visitando a Líbia pela 4.ª vez - les bons esprits se rencontrent.
(*) Sem surpresa, o coronel não apresentou nenhuma proposta para conter a conversão da Europa na Eurabia.
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01/09/2010
CASE STUDY: A conversão de Dilma Rousseff
A culminar uma carreira inaugurada aos vinte anos com assaltos a bancos e a quartéis, Dilma Rousseff, a provável herdeira da cadeira de Lula da Silva, ouviu o chamamento do Senhor.
Na sede da Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil, Rousseff garantiu ser «a favor da vida em todas as suas manifestações e seus sentidos», citou as palavras de Jesus e pediu à audiência para orar por ela. Entretanto, já tinha garantido ao presidente de uma das maiores congregações evangélicas da Assembleia de Deus que não defende a legalização do aborto, a não ser em casos previstos em lei, nem a união civil dos homossexuais e assegurou que o seu executivo não proporia medidas nesse sentido. Em troca, Rousseff obteve o apoio de representantes de 15 igrejas evangélicas que bem jeito lhe deu depois do bispo católico de Guarulhos ter apelado ao boicote à sua candidatura.
Na sede da Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil, Rousseff garantiu ser «a favor da vida em todas as suas manifestações e seus sentidos», citou as palavras de Jesus e pediu à audiência para orar por ela. Entretanto, já tinha garantido ao presidente de uma das maiores congregações evangélicas da Assembleia de Deus que não defende a legalização do aborto, a não ser em casos previstos em lei, nem a união civil dos homossexuais e assegurou que o seu executivo não proporia medidas nesse sentido. Em troca, Rousseff obteve o apoio de representantes de 15 igrejas evangélicas que bem jeito lhe deu depois do bispo católico de Guarulhos ter apelado ao boicote à sua candidatura.
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a memória dos povos é curta,
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À atenção de Teixeira dos Santos
Por falar em Reino Unido para onde desertam muitos dos nossos jovens, o ministro britânico das Finanças George Osborne declarou ir reduzir o seu próprio pessoal em 25% para dar o exemplo aos outros ministros.
Votar com os pés (3)
[Continuação de (1) e (2)]
Segundo o consulado português em Londres, o número de registos de emigrantes portugueses aumentou 40% e existem 250 mil portugueses no Reino Unido. Como conheço vários portugueses que não se registaram no consulado, admito que seja uma situação comum e, a ser assim, o número de patrícios nessas paragens pode ser bem maior. E é claro que não são os jovens das Novas Oportunidades que obtiveram o certificado do 9.º ou do 12.º ano a contar a sua estória da sua vida. São jovens licenciados e, sobretudo, inconformados.
Segundo o consulado português em Londres, o número de registos de emigrantes portugueses aumentou 40% e existem 250 mil portugueses no Reino Unido. Como conheço vários portugueses que não se registaram no consulado, admito que seja uma situação comum e, a ser assim, o número de patrícios nessas paragens pode ser bem maior. E é claro que não são os jovens das Novas Oportunidades que obtiveram o certificado do 9.º ou do 12.º ano a contar a sua estória da sua vida. São jovens licenciados e, sobretudo, inconformados.
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