Paul McCartney & Linda, ele muito bom de pés, ela nem por isso |
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
31/03/2013
DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Iliteracia económica, suficiência bacoca e total ausência de sentido crítico
É sabido que os portugueses, e em particular as nossas elites, gostam de se auto-engraxar. Todos os dias há múltiplos exemplos deste exercício só explicável como compensação de complexos de inferioridade. Abre-se um jornal, qualquer jornal, e lá vem ele. Para citar um só exemplo dos vários do último Expresso, no suplemento de Economia afinfam um título megalómano, «Portugueses constroem canal do Panamá», num artigo pelo qual se fica a saber que existem 38 portugueses de uma empresa de Esposende com uma subempreitada de 15 milhões de montagem de cofragens para a construção das eclusas de um novo trecho do canal, uma obra de milhares de milhão onde trabalham milhares de operários.
É por isso muito raro que um membro dessas elites merdosas reconheça a merdosidade das mesmas e fazendo-o se liberte um pouco dessa merdosidade. É o caso de João Ferreira do Amaral que no seu livro recentemente publicado «Porque devemos sair do euro», citado pelo Expresso umas páginas antes da ejaculação megalómana, escreve:
É por isso muito raro que um membro dessas elites merdosas reconheça a merdosidade das mesmas e fazendo-o se liberte um pouco dessa merdosidade. É o caso de João Ferreira do Amaral que no seu livro recentemente publicado «Porque devemos sair do euro», citado pelo Expresso umas páginas antes da ejaculação megalómana, escreve:
«O espesso manto de iliteracia económica que as afecta, a suficiência bacoca e a total ausência de sentido crítico que as caracteriza fazem de Portugal um dos países da Europa com piores elites.»
30/03/2013
O (IM)PERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Uma aplicação do axioma de Sócrates-Passos (1)
[Em rigoroso exclusivo, o (Im)pertinências vai publicar em fascículos durante as próximas semanas o paper «Teoria Geral da História de Portus Cale e Arredores à luz do Axioma de Sócrates-Passos» do detractor e amigo Pai Silva]
O Axioma de Sócrates-Passos constata curta e grosso que:
Antes parece-me necessário remover algumas eventuais dúvidas que possam surgir no espírito de pessoas pouco habituadas à metodologia específica das teorias axiomáticas.
Teoria Geral da História de Portus Cale e Arredores à luz do Axioma de Sócrates-Passos
O Axioma de Sócrates-Passos constata curta e grosso que:
Há os que nos metem num buraco e, depois, os que nos asseguram que não saímos dele
Antes parece-me necessário remover algumas eventuais dúvidas que possam surgir no espírito de pessoas pouco habituadas à metodologia específica das teorias axiomáticas.
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29/03/2013
A manif como instrumento de combate ao desemprego
Pelo menos desde há uns dois séculos quando foram inventadas, fazem-se manifs para lutar por tudo e qualquer coisa. Por ser a manif uma actividade eminentemente lúdica percebo não carecer de justificação – gostamos de manifs, fazemos manifs e pronto. O que me custava perceber é atribuir-lhe um propósito, nomeadamente a luta contra o desemprego. Como poderia uma manifs combater o desemprego?
Custava, mas agora fez-se-me luz ao ler esta notícia: «Portugal saiu à rua. No ano passado, o número de manifestações cresceu mais de 300% em relação a 2011 e deu trabalho a 17 mil polícias, quase todos da PSP». A coisa fica ainda mais clara, porque como dizia o grande Mao Ze Dong, uma imagem vale mais do que mil palavras, com este gráfico:
Eis, pois, confirmada a eficácia das manifs na luta contra o desemprego, pelo menos o dos polícias. Para terminar com outra citação do presidente Mao: que mil manifs floresçam.
Custava, mas agora fez-se-me luz ao ler esta notícia: «Portugal saiu à rua. No ano passado, o número de manifestações cresceu mais de 300% em relação a 2011 e deu trabalho a 17 mil polícias, quase todos da PSP». A coisa fica ainda mais clara, porque como dizia o grande Mao Ze Dong, uma imagem vale mais do que mil palavras, com este gráfico:
Eis, pois, confirmada a eficácia das manifs na luta contra o desemprego, pelo menos o dos polícias. Para terminar com outra citação do presidente Mao: que mil manifs floresçam.
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O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (68) – a carta aberta e as cartas fechadas
Em tempos, a propósito desse apreciado desporto nacional de produção de cartas abertas, o Impertinente acrescentou ao Glossário das Impertinências o termo, assim definido:
É uma contradição nos termos. Uma carta é fechada. Uma carta que é aberta, não é fechada (ver La Palice). É, pois, uma carta que não é uma carta. É uma circular que tem como destinatários reais toda a gente menos o destinatário formal. É também uma grande falta de vergonha de quem a escreve, ao divulgar os seus termos por terceiros, muitas vezes antes do destinatário a conhecer, sem cuidar de saber se autorizaria. É, em suma, um insulto à inteligência de todos os seus destinatários.
É mais ou menos isto que se está a passar com o líder do PS que anda há vários dias a escrever uma carta à troika cujas diferentes versões já são conhecidas de toda a gente menos dos seus destinatários: o BCE, a CE e o FMI. A carta, à maneira do seu autor, parece dizer uma coisa e o seu contrário. Por um lado jura que «honrará os compromissos assumidos pelo Estado português» mas, por outro lado, diz que «o momento chegou para reorientar o memorando», ou seja para não os cumprir.
Passemos às cartas fechadas, que são como os melões – só se sabe se são boas depois de as abrir. Como os melões ou como os militantes dos partidos, cujo recrutamento parece estar muito difícil como, segundo o SOL de ontem, confessou com apreciável e distraída sinceridade o dirigente do PS Ricardo Gonçalves durante o jantar da «tertúlia dos amigos do Tó Zé»: «como é que em época de crise prolongada vou integrar gente, se não tenho nada para distribuir?»
É uma contradição nos termos. Uma carta é fechada. Uma carta que é aberta, não é fechada (ver La Palice). É, pois, uma carta que não é uma carta. É uma circular que tem como destinatários reais toda a gente menos o destinatário formal. É também uma grande falta de vergonha de quem a escreve, ao divulgar os seus termos por terceiros, muitas vezes antes do destinatário a conhecer, sem cuidar de saber se autorizaria. É, em suma, um insulto à inteligência de todos os seus destinatários.
É mais ou menos isto que se está a passar com o líder do PS que anda há vários dias a escrever uma carta à troika cujas diferentes versões já são conhecidas de toda a gente menos dos seus destinatários: o BCE, a CE e o FMI. A carta, à maneira do seu autor, parece dizer uma coisa e o seu contrário. Por um lado jura que «honrará os compromissos assumidos pelo Estado português» mas, por outro lado, diz que «o momento chegou para reorientar o memorando», ou seja para não os cumprir.
Passemos às cartas fechadas, que são como os melões – só se sabe se são boas depois de as abrir. Como os melões ou como os militantes dos partidos, cujo recrutamento parece estar muito difícil como, segundo o SOL de ontem, confessou com apreciável e distraída sinceridade o dirigente do PS Ricardo Gonçalves durante o jantar da «tertúlia dos amigos do Tó Zé»: «como é que em época de crise prolongada vou integrar gente, se não tenho nada para distribuir?»
28/03/2013
CASE STUDY: Quem acha insuportável o risco dos aviões caírem, é melhor não andar de avião
E, contudo, todos nós andamos sem pensar muito nisso. Sendo assim, por que ficamos tão espantados quando ocorre uma crise do sistema financeiro? Um sistema financeiro que, como mostrou Hyman Minsky no paper de 1992 «The Financial Instability Hypothesis», é impossível ser à prova de crise. E se é certo que nos atinge com a crise do subprime é igualmente certo que viabilizou as revoluções das tecnologias de informação e da web, como o tinha feito antes com o caminho-de-ferro, o petróleo, o automóvel e a aviação, para só nomear as mais notáveis.
DIÁRIO DE BORDO: Caught in the Act (58)
José Sócrates em entrevista que a RTP melhor teria baptizado de «O Princípio do Ruído» |
Não esquecendo nada e nada tendo aprendido mostra-se um verdadeiro bourbon. En passant, comete um lapso freudiano e admite que andou a «vender ilusões», e acusa o actual governo de lhe copiar o «now-how?».
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27/03/2013
Presunção de inocência ou presunção de culpa? (13) – Os alegados maus costumes da banca do regime
[Outras presunções acerca dos banqueiros do regime: (9), (10), (11)]
Por várias vezes os Espíritos foram citados no (Im)pertinências por más razões. Esta é mais uma delas: «José Maria Ricciardi, líder do BESI, terá sido constituído arguido na investigação às privatizações da EDP e REN. Banco assessorou vencedores.»
Já não estamos a falar apenas da alegada promiscuidade entre a gente do BES e os governos, nem da alegada participação nas manobras de assalto ao BCP. Com o caso da alegada evasão fiscal de Ricardo Salgado, travestida de alegado esquecimento fiscal, sem falar da pouco patriótica alegada fuga de capitais, e com este caso de alegado uso de informação privilegiada e alegado tráfico de influências por quem assessoria a compra de empresas, estamos alegadamente a entrar no domínio criminal. Se esta gente fosse aquilo que alegadamente pretende mostrar que é, já teriam havido demissões e, se Portugal fosse um país sério, o BdeP já teria há muito posto em causa a alegada idoneidade profissional de vários membros da administração.
Por várias vezes os Espíritos foram citados no (Im)pertinências por más razões. Esta é mais uma delas: «José Maria Ricciardi, líder do BESI, terá sido constituído arguido na investigação às privatizações da EDP e REN. Banco assessorou vencedores.»
Já não estamos a falar apenas da alegada promiscuidade entre a gente do BES e os governos, nem da alegada participação nas manobras de assalto ao BCP. Com o caso da alegada evasão fiscal de Ricardo Salgado, travestida de alegado esquecimento fiscal, sem falar da pouco patriótica alegada fuga de capitais, e com este caso de alegado uso de informação privilegiada e alegado tráfico de influências por quem assessoria a compra de empresas, estamos alegadamente a entrar no domínio criminal. Se esta gente fosse aquilo que alegadamente pretende mostrar que é, já teriam havido demissões e, se Portugal fosse um país sério, o BdeP já teria há muito posto em causa a alegada idoneidade profissional de vários membros da administração.
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TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Cada povo tem o governo que pode (ou merece?)
«Já o PS assume-se naturalmente como o partido do poder em Portugal. É assim que se sente e é assim que se apresenta. Esta relação do PS com o poder é um extraordinário trunfo quando é governo e em boa verdade é também um factor de tranquilidade para o País pois mesmo que a CGTP peça a demissão de um qualquer ministro a ninguém de bom senso ocorrerá pôr em causa a legitimidade quer do ministro visado quer do Governo no seu todo. A isto acresce que em países como Portugal, França e Espanha o socialismo passou de ideologia a ‘password' que pode validar uma coisa e o seu contrário. Nesse sentido, o PS é o partido ideal para reformar o Estado pois aquilo que num ministro do PSD é um sinal de insensibilidade social num ministro do PS é um gesto de coragem em defesa do Estado Social: foi preciso uma ministra da ala esquerda do PS, Ana Jorge, para que por uma vez se dissesse o óbvio sobre as crianças com fome nas escolas sem que meio País não desmaiasse com o choque: "Apelo às crianças e famílias que aproveitem a necessidade de contenção para fazerem sopa em casa, por forma a não gastarem em ‘fast-food' que, para além de fazer mal, é mais caro".
26/03/2013
SERVIÇO PÚBLICO: Escrevendo direito por linhas tortas
A estória conta-se rapidamente. Depois de muita barganha e chantagem mútua, o Euro Grupo forçou o governo cipriota a deixar cair a solução que tinha imaginado para manter Chipre como uma offshore bancária para os russos, a qual passava por resgatar os dois maiores bancos e distribuindo as perdas por todos os depositantes, aplicando uma taxa de 6,75% para os depósitos até 100 mil euros e de 9,9% para os superiores.
25/03/2013
SERVIÇO PÚBLICO: Felizmente ainda há memória, apesar de curta
Petição Recusamos a presença de José Sócrates como comentador da RTP
Nós subscrevemos a Petição Recusamos a presença de José Sócrates como comentador da RTP, Para Deputados da Assembleia da República; Presidente da Administração da RTP: Alberto da Ponte; Presidente da ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social: Carlos Magno Castanheira; Secretário de Estado com funções sobre a Comunicação Social: Feliciano Barreiras Duarte; Provedor da RTP: José Carlos Abrantes.
128830 pessoas já subscreveram.
Petição A FAVOR da presença de Sócrates na RTP
Nós subscrevemos a Petição A FAVOR da presença de Sócrates na RTP, Para Assembleia da República
7178 pessoas já subscreveram.
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a memória dos povos é curta,
E agora José?,
RTP
Curtas e grossas (11) - Ele sabe do que fala
Referindo-se ao acordo alcançado esta madrugada entre o Eurogrupo e o governo cipriota, Dmitri Medvedev, o parceiro do czar Vladimir Putin com quem faz o alterne entre presidente e primeiro-ministro do império russo, comentou que no Chipre «continuam a roubar o roubado», certamente referindo-se às consequências das medidas tomadas que vão «roubar» aos oligarcas russos o dinheiro por eles «roubado» à economia russa, num montante que se estima em mais de 40 mil milhões de euros.
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Quem fala assim não é gago,
verdade inconveniente
SERVIÇO PÚBLICO: Não há boas notícias quanto à produtividade
Os custos unitários da mão-de-obra aumentaram em Portugal 0,6% no 4.º trimestre de 2012, acima dos 0,5% da Zona Euro, em consequência de um aumento de 0,7% dos salários e de apenas 0,2% da produtividade.
Não é uma boa notícia porque significa que não estamos a inverter de uma forma sustentada o declínio da produtividade da última década. E isto não é senão uma falha acessória do governo. É uma falha principalmente das empresas e dos empresários.
Early Estimates of Quarterly Unit Labour Costs, OECD, 03-2013 |
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Faltam dedos na mão invisível
Mitos (105) – O «imperialismo» alemão quer mandar na Europa
A Europa sem dono
«Os gregos de Chipre queixam-se do imperialismo alemão. Teriam no entanto mais razões para se queixar da ausência desse imperialismo. Porque uma Alemanha imperial estaria talvez disposta a pagar pela parte grega da ilha, mais não fosse para não dar lugar aos russos. Mas a Alemanha de hoje não é imperial, nem aspira a dominar a Europa. Desejaria certamente que os sócios do euro funcionassem como ela, como um Estado de direito, onde o governo central pode pouco, e uma economia social de mercado, onde o bem-estar depende da produtividade. Mas ter governadores em Nicósia, direta ou indiretamente, não. A Alemanha, tal como o Japão, foi submetida depois da guerra à mais implacável operação de lobotomia cultural da história. Hoje, o antigo Reich é uma espécie de Suíça em ponto grande. As suas empresas não são o avatar dos exércitos que perdeu: são apenas empresas.
«Os gregos de Chipre queixam-se do imperialismo alemão. Teriam no entanto mais razões para se queixar da ausência desse imperialismo. Porque uma Alemanha imperial estaria talvez disposta a pagar pela parte grega da ilha, mais não fosse para não dar lugar aos russos. Mas a Alemanha de hoje não é imperial, nem aspira a dominar a Europa. Desejaria certamente que os sócios do euro funcionassem como ela, como um Estado de direito, onde o governo central pode pouco, e uma economia social de mercado, onde o bem-estar depende da produtividade. Mas ter governadores em Nicósia, direta ou indiretamente, não. A Alemanha, tal como o Japão, foi submetida depois da guerra à mais implacável operação de lobotomia cultural da história. Hoje, o antigo Reich é uma espécie de Suíça em ponto grande. As suas empresas não são o avatar dos exércitos que perdeu: são apenas empresas.
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Desfazendo ideias feitas,
eu diria mesmo mais,
Óropa
24/03/2013
Mitos (104) – As vítimas da intervenção no Iraque
A semana passada, a propósito do décimo aniversário da intervenção da coligação liderada pelos EU no Iraque, a imprensa portuguesa divulgou o número de mortes de iraquianos estimado em 120 mil pelo Iraq Body Count. Entre outros, os seguintes jornais trataram o assunto: Expresso, Público, Diário de Notícias, Sábado.
Para sermos rigorosos, devemos considerar serem menos de 14 mil as mortes devidas às acções directas da guerra - as verificadas no 1.º ano da intervenção. Os restantes 90% são mortes causadas pelos conflitos políticos e religiosos internos, nomeadamente resultantes das rivalidades chitas-sunitas.
Contudo, se queremos considerar todas aquelas 120 mil mortes como provocadas pela intervenção, teremos que considerar igualmente que nos 23 anos anteriores a brutalidade do regime de Sadam Hussein, apeado por essa intervenção, foi responsável por 500 mil mortes só do lado iraquiano na guerra de 8 anos Iraque-Irão, a ocupação e libertação do Kuwait causou cerca de 100 mil mortes e o gulag iraquiano montado pelo regime pode ter atingido cerca de 200 mil (estimativas do prémio Pulitzer John Burns, publicadas no NYT antes da intervenção). A ser assim, a intervenção no Iraque teria causado uma média de 12 mil mortes por ano contra uma média de 35 mil nos 23 anos anteriores.
Evidentemente esta contabilidade mórbida não pode justificar a posteriori uma intervenção militar cujo móbil foi baseado na ficção de inexistentes armas de destruição maciça. Mas, querendo-se ir por aí, como o anti-americanismo disfarçado de anti-bushismo gosta de ir, terão que contar-se as vidas poupadas pelo fim de um regime por quem esse anti-americanismo sempre nutriu mal disfarçadas simpatias.
Para sermos rigorosos, devemos considerar serem menos de 14 mil as mortes devidas às acções directas da guerra - as verificadas no 1.º ano da intervenção. Os restantes 90% são mortes causadas pelos conflitos políticos e religiosos internos, nomeadamente resultantes das rivalidades chitas-sunitas.
Contudo, se queremos considerar todas aquelas 120 mil mortes como provocadas pela intervenção, teremos que considerar igualmente que nos 23 anos anteriores a brutalidade do regime de Sadam Hussein, apeado por essa intervenção, foi responsável por 500 mil mortes só do lado iraquiano na guerra de 8 anos Iraque-Irão, a ocupação e libertação do Kuwait causou cerca de 100 mil mortes e o gulag iraquiano montado pelo regime pode ter atingido cerca de 200 mil (estimativas do prémio Pulitzer John Burns, publicadas no NYT antes da intervenção). A ser assim, a intervenção no Iraque teria causado uma média de 12 mil mortes por ano contra uma média de 35 mil nos 23 anos anteriores.
Evidentemente esta contabilidade mórbida não pode justificar a posteriori uma intervenção militar cujo móbil foi baseado na ficção de inexistentes armas de destruição maciça. Mas, querendo-se ir por aí, como o anti-americanismo disfarçado de anti-bushismo gosta de ir, terão que contar-se as vidas poupadas pelo fim de um regime por quem esse anti-americanismo sempre nutriu mal disfarçadas simpatias.
DIÁRIO DE BORDO: Grande Auditório Gulbenkian, o Pequeno Met dos tesos (7)
Eva-Maria Westbroek e Marcello Giordani em Francesca da Rimini |
Duas belas interpretações em Francesca da Rimini de Riccardo Zandonai, o drama que Tito Ricordi pediu emprestado a uma peça de D’Annunzio, por sua vez inspirada numa passagem do Inferno de Dante
Nunca me canso de o dizer: O Sr. Cinco por Cento fez mais pela divulgação da cultura erudita aos alfacinhas do que todos os subsídios estatais e todos os apparatchiks da cóltura doméstica.
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23/03/2013
O que está em causa no convite a José Sócrates
«O que está em causa no convite a José Sócrates não é o seu direito à palavra, a ser ouvido ou ao contraditório. O que está em causa é que são precisamente esses princípios que foram violados ao ser feito esse convite.»
Continua a ler aqui o post «Uma vergonha eterna, a RTP» de José Manuel Fernandes no Blasfémias, uma análise lúcida e desapaixonada do que está em causa.
Entretanto, o número de signatários da petição «Recusamos a presença de José Sócrates como comentador da RTP» continua a crescer.
Continua a ler aqui o post «Uma vergonha eterna, a RTP» de José Manuel Fernandes no Blasfémias, uma análise lúcida e desapaixonada do que está em causa.
Entretanto, o número de signatários da petição «Recusamos a presença de José Sócrates como comentador da RTP» continua a crescer.
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E agora José?,
insultos à inteligência,
RTP
Chávez & Chávez, Sucessores (2) – and counting
Madurodice |
22/03/2013
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Verdadeiros bourbons
Secção Padre Anchieta
Um bom exemplo de gente que nada esquece e nada aprende é o da ex-ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues nesta entrevista ao ionline, onde debita todos os lugares comuns das políticas socialistas que nos trouxeram até aqui, quer pela mão do PS, em 13 dos últimos 18 anos, quer pela mão do PSD em 3 dos últimos 18 anos (o governo actual é uma espécie de governo híbrido) e numa boa parte do resto.
Na entrevista está lá muito do repertório: «medidas cegas e transversais», «não há professores a mais», «negociação das condições de pagamento», etc. Destaco, porém, duas tiradas que são um paradigma da visão do PS:
«Reformar o Estado por vezes exigiria um aumento circunstancial da despesa para a seguir se poder tornar mais sustentável, às vezes é preciso um investimento inicial», uma espécie de vamos reduzir a despesa aumentando-a;
«O que não é sustentável não é o Estado social, é termos encargos com a dívida desta ordem» ou seja o estado social seria sustentável se não tivéssemos de sustentar a dívida necessária para o manter.
Por tudo isto, é justo avaliar a Dr.ª Rodrigues com 5 bourbons por nada ter esquecido nem aprendido e ainda 4 chateaubriands pela confusão entre causas e efeitos.
Um bom exemplo de gente que nada esquece e nada aprende é o da ex-ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues nesta entrevista ao ionline, onde debita todos os lugares comuns das políticas socialistas que nos trouxeram até aqui, quer pela mão do PS, em 13 dos últimos 18 anos, quer pela mão do PSD em 3 dos últimos 18 anos (o governo actual é uma espécie de governo híbrido) e numa boa parte do resto.
Na entrevista está lá muito do repertório: «medidas cegas e transversais», «não há professores a mais», «negociação das condições de pagamento», etc. Destaco, porém, duas tiradas que são um paradigma da visão do PS:
«Reformar o Estado por vezes exigiria um aumento circunstancial da despesa para a seguir se poder tornar mais sustentável, às vezes é preciso um investimento inicial», uma espécie de vamos reduzir a despesa aumentando-a;
«O que não é sustentável não é o Estado social, é termos encargos com a dívida desta ordem» ou seja o estado social seria sustentável se não tivéssemos de sustentar a dívida necessária para o manter.
Por tudo isto, é justo avaliar a Dr.ª Rodrigues com 5 bourbons por nada ter esquecido nem aprendido e ainda 4 chateaubriands pela confusão entre causas e efeitos.
21/03/2013
BREIQUINGUE NIUZ: A serventia do serviço público de televisão
Sou assaltado regularmente por dúvidas do que seja e qual a serventia do chamado serviço público de televisão. Fiquei finalmente esclarecido depois de ler a notícia do regresso de José Sócrates como comentador da RTP num programa semanal de 25 minutos no prime-time.
Como nada na criatura é inocente, percebe-se que este seu regresso prepara um outro regresso à cena política stricto sensu – provavelmente o posicionamento na grelha de partida para Belém, ao lado do outro que ainda está em Bruxelas, mas é como se já estivesse em Lisboa.
Como nada na criatura é inocente, percebe-se que este seu regresso prepara um outro regresso à cena política stricto sensu – provavelmente o posicionamento na grelha de partida para Belém, ao lado do outro que ainda está em Bruxelas, mas é como se já estivesse em Lisboa.
Ressabiados do regime (3) – O caso de excesso de pedigree de António Capucho
António Capucho é mais um exemplo do ressabiamento ser um péssimo conselheiro e conduzir as pessoas inteligentes a dizerem e fazerem coisas estúpidas.
Depois de ter deixado hibernar durante alguns meses a saga do governo de perdição nacional, Capucho em pouco dias ressuscitou-a e desdobrou-se em declarações e apelos a Cavaco Silva para tomar posição e convocar o Conselho de Estado. Ao ionline, Capucho, qual oráculo, antecipa a inconstitucionalidade do OE 2013 e, perante o que considera a falta completa de credibilidade do governo, apresenta várias alternativas e entre elas o bendito governo de perdição nacional. Também parece ter falado à Rádio Renascença no mesmo sentido.
Vou repetir-me, sublinhando não me lembrar de Capucho ter quebrado o silêncio prudente durante os 6 anos de governos chefiados por um dos políticos com menos escrúpulos que Portugal já teve, governos que arruinaram o país, sem que isso aparentemente lhe tivesse tirado o sono.
E reformulando o que, no mesmo sentido, defendeu outro ressabiado - Freitas do Amaral -, que disse ou o Governo muda de política ou «o país muda de Governo», acrescento: não menos importante seria o país mudar de elites que só souberam amontoar dívida e quando se trata de a pagar são contra o aumento dos impostos, a redução dos salários, a redução das reformas, os despedimentos, ou sejam são a favor da manutenção ou aumento da despesa, despesa que, por um milagre nunca acontecido em 40 anos irá desencadear um círculo virtuoso de crescimento, ou, mais exactamente, iria se alguém emprestasse mais dinheiro além do estritamente necessário para pagar as dívidas.
Depois de ter deixado hibernar durante alguns meses a saga do governo de perdição nacional, Capucho em pouco dias ressuscitou-a e desdobrou-se em declarações e apelos a Cavaco Silva para tomar posição e convocar o Conselho de Estado. Ao ionline, Capucho, qual oráculo, antecipa a inconstitucionalidade do OE 2013 e, perante o que considera a falta completa de credibilidade do governo, apresenta várias alternativas e entre elas o bendito governo de perdição nacional. Também parece ter falado à Rádio Renascença no mesmo sentido.
Vou repetir-me, sublinhando não me lembrar de Capucho ter quebrado o silêncio prudente durante os 6 anos de governos chefiados por um dos políticos com menos escrúpulos que Portugal já teve, governos que arruinaram o país, sem que isso aparentemente lhe tivesse tirado o sono.
E reformulando o que, no mesmo sentido, defendeu outro ressabiado - Freitas do Amaral -, que disse ou o Governo muda de política ou «o país muda de Governo», acrescento: não menos importante seria o país mudar de elites que só souberam amontoar dívida e quando se trata de a pagar são contra o aumento dos impostos, a redução dos salários, a redução das reformas, os despedimentos, ou sejam são a favor da manutenção ou aumento da despesa, despesa que, por um milagre nunca acontecido em 40 anos irá desencadear um círculo virtuoso de crescimento, ou, mais exactamente, iria se alguém emprestasse mais dinheiro além do estritamente necessário para pagar as dívidas.
Estado assistencialista falhado (9) - Cultura de pedintes
«Tratar os pobres como coitadinhos, ser complacente com a pobreza, tolerar e encorajar uma cultura de pedintes não pode ter sido aquilo que Deus desejou para a humanidade. A pobreza mata.
Nós próprios, em Portugal, se não tivéssemos feito a figura de pedintes perante a UE - algo perfeitamente compatível com a nossa cultura católica - ao longo dos últimos 25 anos, não estaríamos agora na situação em que nos encontramos. Os pedintes, além de permanecerem pobres, acabam sem independência. Toda a gente sabe disso, não é preciso ir às Escrituras.
Na altura, escrevi artigos para jornais, fiz comentários na rádio e na televisão, contra a aceitação dos subsídios comunitários. Eu não podia compreender como é que um país de homens e mulheres válidos, sem que quaisquer circunstâncias anormais o afectassem, como uma guerra ou uma peste, podia andar naquela pedinchice. Hoje compreendo, é cultural. Que não, que não, diziam-me, era para construir auto-estradas, portos e pontes. Ora, eu acabara de regressar de um país, talvez duzentas vezes maior que Portugal, e onde havia auto-estradas, portos e pontes, mas pagos com o dinheiro dos contribuintes do país. Notei que as pessoas ficavam às vezes a olhar para mim de olhos muito abertos e talvez a pensar: "Por qué no te callas? Então eles querem-nos dar dinheiro e nós vamos dizer que não?". E foi isso que eu acabei por fazer - calar-me. No fim de contas, era esta última pergunta que revelava a mentalidade do pedinte.»
Pedro Arroja, Cultura de pedintes no Portugal Contemporâneo
Nós próprios, em Portugal, se não tivéssemos feito a figura de pedintes perante a UE - algo perfeitamente compatível com a nossa cultura católica - ao longo dos últimos 25 anos, não estaríamos agora na situação em que nos encontramos. Os pedintes, além de permanecerem pobres, acabam sem independência. Toda a gente sabe disso, não é preciso ir às Escrituras.
Na altura, escrevi artigos para jornais, fiz comentários na rádio e na televisão, contra a aceitação dos subsídios comunitários. Eu não podia compreender como é que um país de homens e mulheres válidos, sem que quaisquer circunstâncias anormais o afectassem, como uma guerra ou uma peste, podia andar naquela pedinchice. Hoje compreendo, é cultural. Que não, que não, diziam-me, era para construir auto-estradas, portos e pontes. Ora, eu acabara de regressar de um país, talvez duzentas vezes maior que Portugal, e onde havia auto-estradas, portos e pontes, mas pagos com o dinheiro dos contribuintes do país. Notei que as pessoas ficavam às vezes a olhar para mim de olhos muito abertos e talvez a pensar: "Por qué no te callas? Então eles querem-nos dar dinheiro e nós vamos dizer que não?". E foi isso que eu acabei por fazer - calar-me. No fim de contas, era esta última pergunta que revelava a mentalidade do pedinte.»
Pedro Arroja, Cultura de pedintes no Portugal Contemporâneo
20/03/2013
O (IM)PERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: O que se quer? É mais o que se pode.
«Nos blogs, salvo limites extremos, pode-se lá escrever o que se quer. Veja-se o caso do (Im)pertinências que nunca foi incomodado apesar do teor insultuoso da maioria do que lá vem escrito.»
De um email de AB, amigo e agent provocateur
De um email de AB, amigo e agent provocateur
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Ridendo castigat mores
Estado assistencialista falhado (8) – O Estado é sufocante mas o povo não sente falta de ar – tem medo de se constipar
«Tem estado acesa a discussão à volta da eventual actualização do salário mínimo nacional, como é típico desta época do ano. Discussão que, como habitualmente, tem mais de demagogia do que de racionalidade. Mas o que achei verdadeiramente interessante nessa discussão - e revelador do ponto que tenho tentado fazer - foi ver associações patronais defenderem publicamente o aumento daquele chão remuneratório.
Por que será que não estou surpreendido?
Pela nova missão atribuída por unanimidade à Dr.ª Cândida Almeida como Procuradora-geral Adjunta no Supremo Tribunal de Justiça. A Dr.ª Cândida Almeida, antiga directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), que ficou disponível para estes altos voos por não ter tido o mandato renovado pela Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal, deveria ser um case study da convivência sem preconceitos entre a política e a justiça. O facto de ter sido escolhida diz menos sobre ela do que sobre o STJ.
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19/03/2013
Lost in translation (171) – Os portugueses esperam paixão e compaixão
Pires de Lima, presidente do Conselho Nacional do CDS-PP disse no Fórum da TSF: «estou preocupado, e às vezes até estou chocado com o estilo do Governo e nomeadamente do ministro das Finanças, porque apresenta todos estes pontos com uma calma que pode ser confundida com insensibilidade».
Por muito ridículo que esta apreciação pareça, o certo é que o povinho tuga detesta o estilo contido, distante, neutro e sem emoções, tão característico de Vítor Gaspar. E detesta ainda mais quando lhe estão a mexer nos bolsos. Está escrito no genoma tuga e não há nada a fazer. Na verdade, não é por acaso, andamos a depurar estas preferências há séculos e levaria gerações a mudar – levaria e para tal seriam necessárias elites lúcidas e corajosas e não estas que também gostam do discurso choradinho a apelar ao sentimento, engraxam o povinho e lhes contam as estórias que o povinho gosta de ouvir.
Por muito ridículo que esta apreciação pareça, o certo é que o povinho tuga detesta o estilo contido, distante, neutro e sem emoções, tão característico de Vítor Gaspar. E detesta ainda mais quando lhe estão a mexer nos bolsos. Está escrito no genoma tuga e não há nada a fazer. Na verdade, não é por acaso, andamos a depurar estas preferências há séculos e levaria gerações a mudar – levaria e para tal seriam necessárias elites lúcidas e corajosas e não estas que também gostam do discurso choradinho a apelar ao sentimento, engraxam o povinho e lhes contam as estórias que o povinho gosta de ouvir.
18/03/2013
SERVIÇO PÚBLICO: Não estamos mal, mas já estivemos melhor
Foi publicado há dias pelo United Nations Development Programme o «2013 Human Development Report» com os índices de desenvolvimento humano calculados para 185 países. No índice são ponderados vários indicadores: esperança de vida à nascença, número médio de anos de escolaridade, PIB per capital, RNB per capita.
Depois de ter melhorado o índice de desenvolvimento humano ano após ano, sobretudo nas décadas de 80 e 90, Portugal desceu 3 lugares no ranking em 2012 e em relação a 2007 desceu um lugar e ocupa agora globalmente a 43.ª posição.
Em contrapartida, no índice de desigualdade de sexos Portugal situa-se no primeiro decil, ocupando a 16.ª posição, no primeiro terço do pelotão da frente onde se encontra a maioria dos países europeus. Em termos relativos, as nossas mulheres não deveriam ter muitas razões de queixa, o que é não é surpreeendente já que somos um dos países mais femininos em todo o mundo, segundo os estudos de Geert Hofstede.
Depois de ter melhorado o índice de desenvolvimento humano ano após ano, sobretudo nas décadas de 80 e 90, Portugal desceu 3 lugares no ranking em 2012 e em relação a 2007 desceu um lugar e ocupa agora globalmente a 43.ª posição.
Em contrapartida, no índice de desigualdade de sexos Portugal situa-se no primeiro decil, ocupando a 16.ª posição, no primeiro terço do pelotão da frente onde se encontra a maioria dos países europeus. Em termos relativos, as nossas mulheres não deveriam ter muitas razões de queixa, o que é não é surpreeendente já que somos um dos países mais femininos em todo o mundo, segundo os estudos de Geert Hofstede.
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DIÁRIO DE BORDO: Acabou-se o tempo do governo (2)
Na sequência desta 7.ª avaliação da troika e do impasse em que o país se encontra, pensei escrever um post sobre a falta de alternativas em que o governo se deixou encurralar. Lembrei-me então que já tinha escrito esse post há 6 meses e não há muito a acrescentar. Eis o que então escrevi:
Os sinais acumulam-se, não no horizonte, mas mesmo aqui à nossa frente. Acabou-se o tempo do governo. Pode ser que ainda se arraste alguns meses ou até às eleições autárquicas mas deixou de ter condições para fazer as reformas de fundo que até agora mal esboçou e até mesmo para continuar a tomar as medidas tapa-buracos orçamentais.
Há várias razões para ter chegado aqui neste estado, mas politicamente talvez a mais importante tenha sido a falta de clareza durante a campanha eleitoral sobre a situação do país e a severidade das medidas necessárias. Dir-se-á, se o tivesse feito não teria ganho as eleições. Pois não e o país só ganhava em ter o PS a executar o PAEF e as medidas tapa-buracos e a pagar por isso desgastando-se, tal como o PSD está agora esgotado. Em vez disso, temos o Seguro a perorar sucessivamente folgas, crescimentos e todo o arsenal de tretas, enquanto o Costa lhe prepara a cama na sombra, esperando a oportunidade para surgir à luz do dia virgem das responsabilidades endossadas ao estudante de filosofia em Paris, pelo passado cada vez mais esquecido, e ao actual líder, pela oposição frouxa no presente.
Podem acontecer muitas coisas daqui para a frente mas se, como é provável, as reformas políticas na UE indispensáveis para viabilizar o euro continuarem ao menor ritmo possível, apenas para anestesiar os mercados, aumentará a possibilidade de Portugal sair da Zona Euro para substituir a espiral recessiva em que está a cair, arrastado pelas medidas tapa-buracos e a falta de reformas de fundo, por uma espiral inflacionista que imporá as reformas como uma espécie de castigo divino que é a única via para se mudar alguma coisa neste país. Já vimos isso antes, em 1977 e 1980
Eis o que, por agora, poderei acrescentar:
Em que falhou o governo? Em primeiro lugar não ter corrigido, logo após a tomada de posse, a expectativa de facilitismo que os partidos da coligação, e em especial o PSD, criaram durante a campanha, como já referi, que fez o governo perder a legitimidade para tomar medidas duras, depois de ter anunciado que não eram precisas nos meses anteriores.
Em segundo lugar, não ter aproveitado o curto período de graça de que dispôs durante os primeiros meses para tomar as medidas mais difíceis de reforma do Estado: a administração autárquica ficou na mesma, a legislação laboral que levou um ano meio e ficou pela metade, a justiça que não foi praticamente mexida. Sem esquecer o desastre que foi a gestão do caso RTP que transformou Relvas num peso-morto do governo e matou qualquer hipótese de eliminar a Quinta Coluna dos governos paga pelos contribuintes.
Em terceiro lugar, e uma consequência da falta de reformas de que resultaria gradualmente a redução da despesa pública, o governo concentrou-se em reduzir o défice à custa de sucessivos aumentos dos impostos que ao retirarem dinheiro à economia empurraram o país uma recessão mais profunda do que a inevitável.
Entendamo-nos, não considero ter o governo feito tudo mal, e ainda menos que a oposição no lugar do governo fizesse melhor em termos de consolidação orçamental. Pois, se nem como oposição fez o que devia, não se concertando no que podia, nem no que não podia, apresentando alternativas realistas no interesse do país. E certamente faria muito pior com a intervenção de um estado crescentemente sufocante que, se pudesse, ainda faria mais gordo. O governo fez algumas coisas bem, fez uma coisa muito mal – destaque para o aumento da carga fiscal - e, sobretudo, deixou de fazer o essencial das reformas indispensáveis – muitas delas, de resto, previstas no PAEF.
Agora que entrou no período de desgraça, o ímpeto reformador do governo, nunca suficiente até aqui, encontra resistências possivelmente inultrapassáveis e uma coligação cada vez mais de conveniência do que de convicção, com partidos cada vez mais desgastados. Veja-se o deslizamento dos objectivos do défice e, sobretudo, o empurrar para a frente da redução de 4 mil milhões, que ninguém sabe ainda onde e quando vai acontecer.
É a consequência inexorável da passagem do tempo que, ao contrário da convicção encastrada nas meninges lusitanas, não resolve nenhum problema. Pelo contrário, vai inviabilizando sucessivamente várias soluções até ao ponto em que só resta uma que não é solução - é uma consequência iniludível.
Os sinais acumulam-se, não no horizonte, mas mesmo aqui à nossa frente. Acabou-se o tempo do governo. Pode ser que ainda se arraste alguns meses ou até às eleições autárquicas mas deixou de ter condições para fazer as reformas de fundo que até agora mal esboçou e até mesmo para continuar a tomar as medidas tapa-buracos orçamentais.
Há várias razões para ter chegado aqui neste estado, mas politicamente talvez a mais importante tenha sido a falta de clareza durante a campanha eleitoral sobre a situação do país e a severidade das medidas necessárias. Dir-se-á, se o tivesse feito não teria ganho as eleições. Pois não e o país só ganhava em ter o PS a executar o PAEF e as medidas tapa-buracos e a pagar por isso desgastando-se, tal como o PSD está agora esgotado. Em vez disso, temos o Seguro a perorar sucessivamente folgas, crescimentos e todo o arsenal de tretas, enquanto o Costa lhe prepara a cama na sombra, esperando a oportunidade para surgir à luz do dia virgem das responsabilidades endossadas ao estudante de filosofia em Paris, pelo passado cada vez mais esquecido, e ao actual líder, pela oposição frouxa no presente.
Podem acontecer muitas coisas daqui para a frente mas se, como é provável, as reformas políticas na UE indispensáveis para viabilizar o euro continuarem ao menor ritmo possível, apenas para anestesiar os mercados, aumentará a possibilidade de Portugal sair da Zona Euro para substituir a espiral recessiva em que está a cair, arrastado pelas medidas tapa-buracos e a falta de reformas de fundo, por uma espiral inflacionista que imporá as reformas como uma espécie de castigo divino que é a única via para se mudar alguma coisa neste país. Já vimos isso antes, em 1977 e 1980
Eis o que, por agora, poderei acrescentar:
Em que falhou o governo? Em primeiro lugar não ter corrigido, logo após a tomada de posse, a expectativa de facilitismo que os partidos da coligação, e em especial o PSD, criaram durante a campanha, como já referi, que fez o governo perder a legitimidade para tomar medidas duras, depois de ter anunciado que não eram precisas nos meses anteriores.
Em segundo lugar, não ter aproveitado o curto período de graça de que dispôs durante os primeiros meses para tomar as medidas mais difíceis de reforma do Estado: a administração autárquica ficou na mesma, a legislação laboral que levou um ano meio e ficou pela metade, a justiça que não foi praticamente mexida. Sem esquecer o desastre que foi a gestão do caso RTP que transformou Relvas num peso-morto do governo e matou qualquer hipótese de eliminar a Quinta Coluna dos governos paga pelos contribuintes.
Em terceiro lugar, e uma consequência da falta de reformas de que resultaria gradualmente a redução da despesa pública, o governo concentrou-se em reduzir o défice à custa de sucessivos aumentos dos impostos que ao retirarem dinheiro à economia empurraram o país uma recessão mais profunda do que a inevitável.
Entendamo-nos, não considero ter o governo feito tudo mal, e ainda menos que a oposição no lugar do governo fizesse melhor em termos de consolidação orçamental. Pois, se nem como oposição fez o que devia, não se concertando no que podia, nem no que não podia, apresentando alternativas realistas no interesse do país. E certamente faria muito pior com a intervenção de um estado crescentemente sufocante que, se pudesse, ainda faria mais gordo. O governo fez algumas coisas bem, fez uma coisa muito mal – destaque para o aumento da carga fiscal - e, sobretudo, deixou de fazer o essencial das reformas indispensáveis – muitas delas, de resto, previstas no PAEF.
Agora que entrou no período de desgraça, o ímpeto reformador do governo, nunca suficiente até aqui, encontra resistências possivelmente inultrapassáveis e uma coligação cada vez mais de conveniência do que de convicção, com partidos cada vez mais desgastados. Veja-se o deslizamento dos objectivos do défice e, sobretudo, o empurrar para a frente da redução de 4 mil milhões, que ninguém sabe ainda onde e quando vai acontecer.
É a consequência inexorável da passagem do tempo que, ao contrário da convicção encastrada nas meninges lusitanas, não resolve nenhum problema. Pelo contrário, vai inviabilizando sucessivamente várias soluções até ao ponto em que só resta uma que não é solução - é uma consequência iniludível.
17/03/2013
SERVIÇO PÚBLICO: Desta vez também não é diferente
Já por diversas vezes citei «This Time Is Different – Eight Centuries of Financial Folly», um estudo de Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff sobre as crises financeiras desde o século XII. De uma dessas vezes sublinhei o padrão de crises bancárias recentes desde a Europa até à Ásia: aumento médio de 7% do desemprego com a duração média de 5 anos; queda de 9% do PIB per capita na média de 2 anos; aumento da dívida pública de 86% nos 3 anos seguintes.
Tendo como referência esse padrão das crises e considerando que a crise portuguesa é uma crise da dívida pública e privada depois de 10 anos sem crescimento e com crédito abundante e barato, não é difícil concluir que a nossa crise:
Tendo como referência esse padrão das crises e considerando que a crise portuguesa é uma crise da dívida pública e privada depois de 10 anos sem crescimento e com crédito abundante e barato, não é difícil concluir que a nossa crise:
- Está dentro desse padrão, diferentemente do que o coro dos indignados nos quer fazer acreditar;
- Veio para ficar, ainda que este governo fizesse tudo bem, o que está muito longe de ser verdade.
AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Só trata de questões académicas
Secção Musgo viscoso
Depois de muitos meses a lamentar-se não ser ouvido nas reformas (poucas) e nas medidas avulsas no âmbito do PAEF (muitas, a maior parte aumento dos impostos) que o governo tem vindo a tomar, o PS, pela boca do seu líder parlamentar Carlos Zorrinho, depois de já ter aceite, recusou o convite para participar no ciclo de debates sobre as funções do Estado, patrocinado pela secretaria de estado da Administração Pública, o INA e o ISCSP.
Explicação dada por Zorrinho: «neste convite não fui em nenhum momento informado que a organização não era uma iniciativa académica, mas uma iniciativa pública patrocinada pelo Ministério das Finanças.»
Por esta sua atitude leva Zorrinho quatro chateaubriands por só tratar de questões académicas, três pilatos por estar o pôr o corpinho de fora e cinco bourbons por todas as suas atitudes anteriores e por não ter emenda.
Depois de muitos meses a lamentar-se não ser ouvido nas reformas (poucas) e nas medidas avulsas no âmbito do PAEF (muitas, a maior parte aumento dos impostos) que o governo tem vindo a tomar, o PS, pela boca do seu líder parlamentar Carlos Zorrinho, depois de já ter aceite, recusou o convite para participar no ciclo de debates sobre as funções do Estado, patrocinado pela secretaria de estado da Administração Pública, o INA e o ISCSP.
Explicação dada por Zorrinho: «neste convite não fui em nenhum momento informado que a organização não era uma iniciativa académica, mas uma iniciativa pública patrocinada pelo Ministério das Finanças.»
Por esta sua atitude leva Zorrinho quatro chateaubriands por só tratar de questões académicas, três pilatos por estar o pôr o corpinho de fora e cinco bourbons por todas as suas atitudes anteriores e por não ter emenda.
16/03/2013
A manif de tanga
Até recentemente as manifas tiravam os trapinhos. Agora os manifos também o fazem com grande pose. Não se percebe porque não tiram a cuequinha, afinal um manifo não deve ter nada a esconder.
Foto tirada na Praça do Comércio, durante mais uma manif (contará para a irrelevância dos promotores?), desta vez da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública. A maioria dos manifos tinha mais ar de ter vindo em camionetas directamente da Cooperativa O Povo Unido Jamais Será Vencido do que de uma repartição de finanças.
Foto tirada na Praça do Comércio, durante mais uma manif (contará para a irrelevância dos promotores?), desta vez da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública. A maioria dos manifos tinha mais ar de ter vindo em camionetas directamente da Cooperativa O Povo Unido Jamais Será Vencido do que de uma repartição de finanças.
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Presunção de inocência ou presunção de culpa? (12) - José Sócrates, um chavista frustrado
Quando menos se espera, aparece mais uma ponta solta dos múltiplos casos em que José Sócrates esteve envolvido. Desta vez, é o caso TVI, numa entrevista à revista Tabu do jornal SOL, Octávio Ribeiro, director do Correio da Manhã, confirma as manobras de Sócrates para controlar a comunicação social. Felizmente para a democracia em Portugal, ele não teve o sucesso do seu amigo Coronel Hugo Chávez.
«Mais tarde voltou a falar de pressões, mas do Governo Sócrates.
Quando começo a ter acesso a algumas das escutas do Face Oculta apercebo-me que não era só a TVI que ia ser comprada. O CM também. Houve uma fase negra em Portugal em que, com o apoio da banca, se ponderou fazer grandes negócios na comunicação social que não visavam o objecto de negócio, mas sim mudar direcções e silenciar.
O que pensa de Sócrates?
Entre 90 e 91, ao fim-de-semana tinha RTP e durante a semana Semanário e RR. Nesta altura, António Guterres apresenta-me uma jovem promessa. E, de facto, ele tinha um estar que contrastava: não usava gravata, dizia palavrões, era pouco mais velho do que eu e trabalhava imenso. Já como líder do PS faço-lhe a entrevista que antecede a queda de Santana Lopes, com o título: 'O PS está pronto para governar'. Logo a seguir dá-se a decisão de Sampaio. Numa primeira fase conversávamos muito, trocávamos impressões de forma aberta, ainda eu era director-adjunto. Em 2007 ele faz-me um convite que achei que o primeiro-ministro não podia fazer.
Que convite foi esse?
Para substituir o José Eduardo Moniz na TVI. Ele diz que não sabia de nada do que se estava a passar, mas em Fevereiro fez-me esse convite. Quatro meses antes. Disse-lhe que não estava disponível e a relação acabou.
Sócrates quis dominar a comunicação social?
Completamente. Tinha essa vertigem. Denunciei isso muitas vezes em editoriais. Uma vergonha. Não é um democrata. É um tipo colérico quando é contrariado. Depois desse almoço na Travessa - e uma coisa estranha é que o restaurante estava cheio, mas todas as mesas à nossa volta estavam vazias, portanto presumo que ele não marcava apenas uma mesa, mas um quadrado -, acho que nunca mais falámos.»
«Mais tarde voltou a falar de pressões, mas do Governo Sócrates.
Quando começo a ter acesso a algumas das escutas do Face Oculta apercebo-me que não era só a TVI que ia ser comprada. O CM também. Houve uma fase negra em Portugal em que, com o apoio da banca, se ponderou fazer grandes negócios na comunicação social que não visavam o objecto de negócio, mas sim mudar direcções e silenciar.
O que pensa de Sócrates?
Entre 90 e 91, ao fim-de-semana tinha RTP e durante a semana Semanário e RR. Nesta altura, António Guterres apresenta-me uma jovem promessa. E, de facto, ele tinha um estar que contrastava: não usava gravata, dizia palavrões, era pouco mais velho do que eu e trabalhava imenso. Já como líder do PS faço-lhe a entrevista que antecede a queda de Santana Lopes, com o título: 'O PS está pronto para governar'. Logo a seguir dá-se a decisão de Sampaio. Numa primeira fase conversávamos muito, trocávamos impressões de forma aberta, ainda eu era director-adjunto. Em 2007 ele faz-me um convite que achei que o primeiro-ministro não podia fazer.
Que convite foi esse?
Para substituir o José Eduardo Moniz na TVI. Ele diz que não sabia de nada do que se estava a passar, mas em Fevereiro fez-me esse convite. Quatro meses antes. Disse-lhe que não estava disponível e a relação acabou.
Sócrates quis dominar a comunicação social?
Completamente. Tinha essa vertigem. Denunciei isso muitas vezes em editoriais. Uma vergonha. Não é um democrata. É um tipo colérico quando é contrariado. Depois desse almoço na Travessa - e uma coisa estranha é que o restaurante estava cheio, mas todas as mesas à nossa volta estavam vazias, portanto presumo que ele não marcava apenas uma mesa, mas um quadrado -, acho que nunca mais falámos.»
Mitos (103) – Há demasiados balcões de bancos em Portugal
Como ter um maior índice de bancarização passa por ter uma cobertura bancária mais fina e isso não se faz sem mais balcões, o diagrama seguinte parece colocar em dúvida este mito, pelo menos em termos relativos.
Fonte: Economist |
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Desfazendo ideias feitas
15/03/2013
Indignados de todo o mundo, uni-vos
«Há 80 milhões de diabéticos em todo o mundo e todos eles têm grande poder de compra. A diabetes é uma doença de ricos porque eles comem demasiado e levam uma vida sedentária», perorou Cristina Kirchnera, que herdou do seu marido a presidência argentina.
Com mais 2 ou 3 manifs do que-se-lixe os promotores lixam-se e o PSD ressuscita
Segundo a sondagem da Universidade Católica das intenções de voto, divulgada hoje, o PSD subiu 4 pontos percentuais em relação a Setembro e fica em 28%, o PS mantém-se em 31%, o BE desce 3 pontos, o CDS desde 2 pontos e o PCP desde 1 ponto.
No conjunto, os promotores do que-se-lixe descem 4 pontos. Mais uma quantas manifs e afundam-se na irrelevância. Ora isto parece demonstrar exactamente o contrário do que a esquerdalhada nos quer fazer acreditar.
No conjunto, os promotores do que-se-lixe descem 4 pontos. Mais uma quantas manifs e afundam-se na irrelevância. Ora isto parece demonstrar exactamente o contrário do que a esquerdalhada nos quer fazer acreditar.
Não davam em 1975 como não dão em 2013 |
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14/03/2013
Dúvidas (12) – O multiplicador de suicídios?
Segundo os últimos dados disponíveis do INE (*), ocorreram em 2009 1.025 mortes por «suicídio e outras lesões autoinfligidas intencionalmente», menos 1,25% das mortes ocorridas no ano anterior. A formulação abrangente desta classe estatística torna difícil não serem incluídos todos os suicídios.
Sendo assim, não faço ideia de onde o projeto OSPI-Europe, citado pelo Expresso, desenterrou as duas mil pessoas mortas por suicídio, «mais de cinco por dia ... sendo mais de mil registadas como suicídio e outras tantas como mortes violentas indeterminadas, estimando-se que mais de 75 por cento destas sejam suicídios escondidos.» Poderão as luminárias do projeto OSPI-Europe ter ido buscá-las às cerca de 5.200 mortes por «Causas desconhecidas e não especificadas»? Mas o que sabe o OSPI-Europe que os médicos legistas a quem compete comprovar o óbito e determinar a causa e o INE a quem compete contá-los não saibam?
Será mais uma ocorrência do fenómeno das estatísticas de causas como aquelas contagens dos manifestantes do que-se-lixe?
(*) Boletim Mensal de Estatística de Maio 2012
Sendo assim, não faço ideia de onde o projeto OSPI-Europe, citado pelo Expresso, desenterrou as duas mil pessoas mortas por suicídio, «mais de cinco por dia ... sendo mais de mil registadas como suicídio e outras tantas como mortes violentas indeterminadas, estimando-se que mais de 75 por cento destas sejam suicídios escondidos.» Poderão as luminárias do projeto OSPI-Europe ter ido buscá-las às cerca de 5.200 mortes por «Causas desconhecidas e não especificadas»? Mas o que sabe o OSPI-Europe que os médicos legistas a quem compete comprovar o óbito e determinar a causa e o INE a quem compete contá-los não saibam?
Será mais uma ocorrência do fenómeno das estatísticas de causas como aquelas contagens dos manifestantes do que-se-lixe?
(*) Boletim Mensal de Estatística de Maio 2012
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SERVIÇO PÚBLICO: O princípio do princípio (16)
Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11), (12), (13), (14) e (15)]
Não é de todo caso para embandeirar em arco, até porque estamos afundados na recessão, mas o certo é que as exportações voltaram a mostrar em Janeiro uma dinâmica positiva à custa dos mercados fora da EU.
Também o saldo da balança comercial de bens mostra uma evolução notável nos últimos anos. Em resultado simultaneamente de um aumento das exportações e de uma redução das importações de montante praticamente igual, o saldo negativo passou de 25,3 mil milhões para apenas 10,8 mil milhões, menos de metade em apenas 4 anos. Considerado o saldo agregado das balanças de bens e serviços, e corrente e de capitais, atingiu-se pela primeira vez em décadas um saldo positivo das contas externas, ou seja, o ano passado interrompeu um longo ciclo de crescente endividamento externo.
[Fonte: Estatísticas do Comércio Internacional - Janeiro 2013, INE]
Não é de todo caso para embandeirar em arco, até porque estamos afundados na recessão, mas o certo é que as exportações voltaram a mostrar em Janeiro uma dinâmica positiva à custa dos mercados fora da EU.
Também o saldo da balança comercial de bens mostra uma evolução notável nos últimos anos. Em resultado simultaneamente de um aumento das exportações e de uma redução das importações de montante praticamente igual, o saldo negativo passou de 25,3 mil milhões para apenas 10,8 mil milhões, menos de metade em apenas 4 anos. Considerado o saldo agregado das balanças de bens e serviços, e corrente e de capitais, atingiu-se pela primeira vez em décadas um saldo positivo das contas externas, ou seja, o ano passado interrompeu um longo ciclo de crescente endividamento externo.
[Fonte: Estatísticas do Comércio Internacional - Janeiro 2013, INE]
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13/03/2013
Habemus Papam e chama-se Francisco, como o de Assis
Se metade do Terreiro do Paço são 500 mil que-se-lixe-a-troika quantos habemus-papam estarão na Piazza di San Pietro? Praí 2 milhões, não?
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Lost in translation (170) – As exportações não vão salvar as empresas que não exportam, queria ele dizer
«Os políticos que não se convençam que as exportações vão salvar as empresas», avisou António Pires de Lima, acrescentando «é tempo de as pessoas que estão a construir este processo de ajustamento terem um discurso e uma prática mais próximos da economia real», pensando com os seus botões que é preciso voltar a puxar pelo consumo interno.
Bons exemplos (54) - Ser ministro não aumenta os direitos, aumenta os deveres
«Em 2003, o carro de Chris Huhne foi detectado em excesso de velocidade numa auto-estrada britânica. O político liberal-democrata fez com que a mulher assumisse as culpas. Foi o início de um caso que custou primeiro o lugar de ministro a Huhne, depois o posto de deputado e agora lhe valeu uma pena de oito meses de prisão.
A agora ex-mulher, Vicky Pryce, também foi condenada a oito meses de prisão, por ter colaborado na mentira às autoridades.
O caso aconteceu em 2003, quando Huhne era deputado europeu, mas só foi conhecido em 2011, depois de o político ter assumido um caso com uma empregada e pedido o divórcio.
Ministro da Energia e das Alterações Climáticas no Governo de David Cameron, Huhne demitiu-se em Fevereiro de 2012, quando foi acusado.» (Público)
E não prescreveu? E não houve recursos? E o homem demitiu-se quando foi acusado? Não se é inocente até ser condenado? Esses ingleses não têm uma justiça de causas? Pois não. É por estas e por outras que não conseguimos ter governos decentes em Portugal.
A agora ex-mulher, Vicky Pryce, também foi condenada a oito meses de prisão, por ter colaborado na mentira às autoridades.
O caso aconteceu em 2003, quando Huhne era deputado europeu, mas só foi conhecido em 2011, depois de o político ter assumido um caso com uma empregada e pedido o divórcio.
Ministro da Energia e das Alterações Climáticas no Governo de David Cameron, Huhne demitiu-se em Fevereiro de 2012, quando foi acusado.» (Público)
E não prescreveu? E não houve recursos? E o homem demitiu-se quando foi acusado? Não se é inocente até ser condenado? Esses ingleses não têm uma justiça de causas? Pois não. É por estas e por outras que não conseguimos ter governos decentes em Portugal.
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Chávez & Chávez, Sucessores
Hugo Chávez fez mais pelo seu povo do que o Alberto João Jardim fez pelos madeirenses, terá dito Miguel Sousa Tavares na SIC, no seu estilo habitual de tudo compreender, desde que seja por «boas causas».
Quero acreditar que sim, que fez muito mais do que o Bokassa das Ilhas. Fez e continua a fazer depois de morto, sobretudo a fazer por aquela parte mais próxima do «seu povo». O genro, que era ministro, acabou de ser nomeado vice-presidente por Nicolás Maduro, o actual presidente interino (cargo inexistente na Constituição), que era o anterior vice-presidente, uma espécie de filho espiritual de Chávez, e também esposo da procuradora-geral da República.
Um ex-deputado citado por El País garante que a família de Chávez tem 17 quintas valendo em média 400 a 700 mil dólares, uma frota de Hummers de 70 mil dólares e 200 milhões de dólares contas no exterior e que multiplicaram os 3 hectares que detinham há 30 anos 45 mil hectares. Um dos irmãos de Chávez é presidente da empresa pública Corpoelec e conjuntamente com outro irmão adquiriu dezenas de terrenos, incluindo a fazenda La Malagueña, com mais de 500 mil hectares.
Para quem em vida gritava que «ser rico es malo, es inhumano así lo digo», é obra.
Quero acreditar que sim, que fez muito mais do que o Bokassa das Ilhas. Fez e continua a fazer depois de morto, sobretudo a fazer por aquela parte mais próxima do «seu povo». O genro, que era ministro, acabou de ser nomeado vice-presidente por Nicolás Maduro, o actual presidente interino (cargo inexistente na Constituição), que era o anterior vice-presidente, uma espécie de filho espiritual de Chávez, e também esposo da procuradora-geral da República.
Um ex-deputado citado por El País garante que a família de Chávez tem 17 quintas valendo em média 400 a 700 mil dólares, uma frota de Hummers de 70 mil dólares e 200 milhões de dólares contas no exterior e que multiplicaram os 3 hectares que detinham há 30 anos 45 mil hectares. Um dos irmãos de Chávez é presidente da empresa pública Corpoelec e conjuntamente com outro irmão adquiriu dezenas de terrenos, incluindo a fazenda La Malagueña, com mais de 500 mil hectares.
Para quem em vida gritava que «ser rico es malo, es inhumano así lo digo», é obra.
12/03/2013
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: A corporação dos sensíveis
«As pessoas sensíveis falam muito dos pobres e enfatizam expressões como “políticas sociais” como se ao pronunciá-las assim enfaticamente elas mesmas de tão sensíveis lhes sentissem as dores e logo aumentassem a sua condição de pessoas moralmente superiores.
TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: «Foi assim que aconteceu»
«Se a concentração de investimento no sector da construção fosse o remédio milagroso para os problemas da economia portuguesa, as taxas de crescimento não teriam percorrido o caminho descendente e imparável das duas últimas décadas» escreveu João Cândido da Silva no Negócios online, o que me fez lembrar uma série da Fox, da qual só sei o título, ao contrário da novela do investimento público que acompanho, dia após dia, há quase 40 anos.
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«Que se lixe a troika» - Uma mais-valia para a vocação turística dos alfacinhas
Segundo informação da PSP, no ano passado realizaram-se em Lisboa 579-manifestações-579, em média uma em cada 15 horas. Pode ver-se esta performance do lado negativo, como um indicador de conflitualidade laboral ou social. Mas também se pode ver pelo lado positivo, já que em cada problema, supondo que isto é um problema, há uma oportunidade escondida, segundo rezam todos os powerpoints. Já pensaram no potencial de realização de eventos que esta capacidade organizadora evidencia? Imagine-se cada cruzeiro turístico a acostar ao Terminal de Cruzeiros de Lisboa abarrotando de turistas ou cada charter a chegar à Portela com resmas de chineses a serem recebidos por uma manif a cantar a «Grândola» ou a «Revolução vermelha chinesa», respectivamente?
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11/03/2013
CASE STUDY: O tiro no pé de Passos Coelho e o imbróglio do salário mínimo
À inflamada proposta do líder do PS de aumentar o salário mínimo para combater o desemprego, Passos Coelho respondeu durante o debate no parlamento como se estivesse numa conferência de economia e não metido num saco de lacraus, como, nos tempos do PREC, um (e único) deputado da UDP apelidou a instituição. Explicou que «quando um país enfrenta um nível elevado de desemprego a medida mais sensata que se pode tomar é exactamente a oposta, foi isso que a Irlanda fez no início do seu programa…». O que diz a seguir indicia que o governo não irá evidentemente reduzir o salário mínimo, mas estavam feitos os estragos.
Foi apenas necessário Passos Coelho «estupidamente deixar criar um problema que não existia antes», como disse com a demagogia habitual Marcelo Rebelo de Sousa, apesar de tudo justamente, para se iniciar a ladainha habitual do pessoal político apelando à comiseração dos portugueses, por um lado, e, pelo lado das diversas igrejas da economia, logo se debitaram verdades intemporais e universais a respeito de um tema tão contingente, tão sensível ao tempo, à conjuntura e ao ambiente económico e social, e, já agora, tão sensível ao quantum do salário e do aumento, que a última coisa que pode haver são verdades intemporais e universais.
[Para um ponto de situação do estado da discussão sobre o salário mínimo como medida de política económica ver por exemplo: Minimum human wages, Trickle-up economics, Raise the floor?, The law of demand is a bummer, todos na Economist.]
Foi apenas necessário Passos Coelho «estupidamente deixar criar um problema que não existia antes», como disse com a demagogia habitual Marcelo Rebelo de Sousa, apesar de tudo justamente, para se iniciar a ladainha habitual do pessoal político apelando à comiseração dos portugueses, por um lado, e, pelo lado das diversas igrejas da economia, logo se debitaram verdades intemporais e universais a respeito de um tema tão contingente, tão sensível ao tempo, à conjuntura e ao ambiente económico e social, e, já agora, tão sensível ao quantum do salário e do aumento, que a última coisa que pode haver são verdades intemporais e universais.
[Para um ponto de situação do estado da discussão sobre o salário mínimo como medida de política económica ver por exemplo: Minimum human wages, Trickle-up economics, Raise the floor?, The law of demand is a bummer, todos na Economist.]
DIÁRIO DE BORDO: Caught in the Act (53)
Estaline, Roosevelt & Churchill na conferência de Teerão em 28-11-1943, um ensaio de uma aliança com um demónio para liquidar outro |
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10/03/2013
Mitos (102) – Juros usurários (3)
Um dos mitos recorrentes da esquerdalhada, partilhado por uns quantos patéticos, como os picaretas falantes do regime (professor Marcelo, tele-evangelista Louçã et alia), são os elevados juros que pagamos aos nossos credores. Já aqui e aqui referi factos que desmentem em absoluto este mito com que complacentemente se pretende endossar as nossas responsabilidades a quem nos empresta dinheiro.
Os fabricantes de mitos são incansáveis, por isso os demolidores de mitos são obrigados a uma certa persistência. Desta vez, socorro-me de um diagrama publicado há 2 semanas pelo Insurgente que fala mais claro do que toda a mitologia construída à volta da dívida.
Os fabricantes de mitos são incansáveis, por isso os demolidores de mitos são obrigados a uma certa persistência. Desta vez, socorro-me de um diagrama publicado há 2 semanas pelo Insurgente que fala mais claro do que toda a mitologia construída à volta da dívida.
Fonte: O Insurgente |
LASCIATE OGNI SPERANZA, VOI CH'ENTRATE: O facto de a situação ser má não impede que piore
Das projecções que Passos Coelho transmitiu há 2 semanas aos dirigentes do PSD, baseadas em premissas bastante irrealistas, como aqui referi, resultava que precisaríamos de 20 anos a crescer a 4% e com défices zero para voltar a 60% da dívida pública.
A semana passada o secretário de estado do Orçamento apresentou à Comissão de Orçamento e Finanças no parlamento outras projecções. As premissas passaram a ser: taxa de crescimento nominal do PIB 3,3% e taxa de juro média de 4,3%; estranhamente não foi referida a premissa do défice, ou pelo menos os jornais não a mencionaram; vamos admitir que seja o défice estrutural de 0,5% do PIB de acordo com as novas regras. Com estas premissas menos irrealistas, ainda assim duvidosamente alcançáveis, a dívida pública só em 2040 atingiria 60% do PIB.
Repetindo o que escrevi há 2 anos, «é por isso que o desenlace inexorável, goste-se dele ou não (eu não gosto), é a reestruturação da dívida: uma combinação de reescalonamento e redução dos juros e, muito provavelmente, um haircut.»
É claro que teoricamente há outras soluções, como a saída do euro ou a desvalorização interna preconizada e fundamentada pelo presidente do instituto alemão IFO e aqui defendida pelo Insurgente e aqui também defendida pelo Portugal Contemporâneo. Com a primeira recuaríamos aos anos 80 e ficaríamos entregues à nossa libertinagem financeira congénita. Com a segunda, devido à visibilidade das reduções abruptas da ordem dos 30% de salários e pensões, não escondida pela ilusão monetária da inflação, mergulharíamos num conflito social tão intenso que faria parecer este que atravessamos uma brincadeira e crianças. As nossas elites são tão medíocres e tão cobardemente receosas de defenderem publicamente soluções impopulares e os nossos mídia são tão pesadamente impregnados do discurso da esquerda festiva que a demagogia incendiaria o país.
A semana passada o secretário de estado do Orçamento apresentou à Comissão de Orçamento e Finanças no parlamento outras projecções. As premissas passaram a ser: taxa de crescimento nominal do PIB 3,3% e taxa de juro média de 4,3%; estranhamente não foi referida a premissa do défice, ou pelo menos os jornais não a mencionaram; vamos admitir que seja o défice estrutural de 0,5% do PIB de acordo com as novas regras. Com estas premissas menos irrealistas, ainda assim duvidosamente alcançáveis, a dívida pública só em 2040 atingiria 60% do PIB.
Repetindo o que escrevi há 2 anos, «é por isso que o desenlace inexorável, goste-se dele ou não (eu não gosto), é a reestruturação da dívida: uma combinação de reescalonamento e redução dos juros e, muito provavelmente, um haircut.»
É claro que teoricamente há outras soluções, como a saída do euro ou a desvalorização interna preconizada e fundamentada pelo presidente do instituto alemão IFO e aqui defendida pelo Insurgente e aqui também defendida pelo Portugal Contemporâneo. Com a primeira recuaríamos aos anos 80 e ficaríamos entregues à nossa libertinagem financeira congénita. Com a segunda, devido à visibilidade das reduções abruptas da ordem dos 30% de salários e pensões, não escondida pela ilusão monetária da inflação, mergulharíamos num conflito social tão intenso que faria parecer este que atravessamos uma brincadeira e crianças. As nossas elites são tão medíocres e tão cobardemente receosas de defenderem publicamente soluções impopulares e os nossos mídia são tão pesadamente impregnados do discurso da esquerda festiva que a demagogia incendiaria o país.
09/03/2013
O máximo divisor comum
O que há de comum em José Estaline, Oliveira Salazar, Kim il-sung, Hugo Chávez, Francisco Louçã e Marinho e Pinto (não são dois, é só um)? Várias coisas, mas concentremo-nos numa só: o processo de sucessão.
Todos eles fizeram ou estão a fazer os possíveis e os impossíveis para se perpetuar no poder e controlar a sua sucessão, quando inevitável.
Nuns casos (Estaline e praticamente todos os líderes comunistas) eliminando fisicamente todos os possíveis rivais, noutros retardando o mais possível a sua sucessão (Salazar já no final recebia no hospital os ministros para despacho, imaginando-se ainda primeiro-ministro; Louçã só largou o poder depois de ter encontrado o casal sucessor), noutros abolindo os limites aos seus mandatos (Chávez alterou a constituição venezuelana e Pinto está a tentar aprovar a alteração os estatutos da Ordem dos Advogados), noutros influenciando a escolha dos sucessores (Kim Il-sung indicando Kim Jong-il, Kim Jong-il indicando Kim Jong Un, Chávez indicando Nicolás Maduro e Louçã o casal dirigente), noutros ainda manobrando na sombra os sucessores (Louçã; Chávez e muitos outros não viveram o suficiente).
Nuns casos (Estaline e praticamente todos os líderes comunistas) eliminando fisicamente todos os possíveis rivais, noutros retardando o mais possível a sua sucessão (Salazar já no final recebia no hospital os ministros para despacho, imaginando-se ainda primeiro-ministro; Louçã só largou o poder depois de ter encontrado o casal sucessor), noutros abolindo os limites aos seus mandatos (Chávez alterou a constituição venezuelana e Pinto está a tentar aprovar a alteração os estatutos da Ordem dos Advogados), noutros influenciando a escolha dos sucessores (Kim Il-sung indicando Kim Jong-il, Kim Jong-il indicando Kim Jong Un, Chávez indicando Nicolás Maduro e Louçã o casal dirigente), noutros ainda manobrando na sombra os sucessores (Louçã; Chávez e muitos outros não viveram o suficiente).
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08/03/2013
A mesma corporação
A mesma corporação que se envolveu com tudo aquilo que aqui recordei, em especial o golpe de 28 de Maio de 1926 que colocou no poder uma ditadura retrógrada, o golpe de 25 de Abril de 1974 como consequência acidental de um protesto reivindicativo contra a promoção a capitão dos oficiais milicianos que davam o couro numa 2.ª comissão, que assistiu num ruidoso silêncio ao longo caminho para a insolvência, enquanto se batia pelas «promoções por arrastamento», essa mesma corporação continua a agitar-se e a dar voz a tentações golpistas.
Como a voz do general Vasco Lourenço que garante que "se sentisse que havia condições [para fazer um novo 25 de Abril] já estava a preparar outro», ou como a da Associação Nacional de Sargentos, cujo porta-voz garante que «todos os cenários estão em cima da mesa, da elaboração de uma simples exposição à presença na rua».
Podemos não poder dormir descansados por não estarmos certos se essa corporação está pronta a combater uma ameaça ao país, mas podemos ter a certeza de que está pronta «a todos os cenários» para fazer valer os seus direitos adquiridos como corporação.
Como a voz do general Vasco Lourenço que garante que "se sentisse que havia condições [para fazer um novo 25 de Abril] já estava a preparar outro», ou como a da Associação Nacional de Sargentos, cujo porta-voz garante que «todos os cenários estão em cima da mesa, da elaboração de uma simples exposição à presença na rua».
Podemos não poder dormir descansados por não estarmos certos se essa corporação está pronta a combater uma ameaça ao país, mas podemos ter a certeza de que está pronta «a todos os cenários» para fazer valer os seus direitos adquiridos como corporação.
SERVIÇO PÚBLICO: A obra do caudilho Chávez (2)
Em complemento do post de ontem, vale a pena recomendar a leitura de outro artigo da Economist: «Hugo Chávez’s rotten legacy», um requisitório da governação despótica e incompetente deste querido líder.
Alguns excertos:
«Mr Chávez proceeded to dominate his country for more than 14 years until his death this week from cancer. His secret was to invent a hybrid regime. He preserved the outward forms of democracy, but behind them he concentrated power in his own hands and manipulated the law to further his own ends. He bullied opponents, and encouraged the middle class to emigrate. He hollowed out the economy by mixing state socialism and populist redistribution with a residue of capitalismo. …
Chávez had the immense good fortune to come to power just as an unprecedented commodity boom was about to get under way. As the oil price soared the dollars rolled in, without the Bolivarian revolution having to work for them. Mr Chávez used this windfall to buy himself popular support, with social programmes and handouts. The oil-fuelled bounty seemed to vindicate his claim that before his advent, Venezuelans had been impoverished by “neo-liberalism”. …
Behind the propaganda, Venezuela’s ugly reality is that of a corrupt, cynical and incompetent regime (see article). It is regrettable that Mr Chávez will not be around to reap the whirlwind he has sown: perversely, the worse things now get in Venezuela, the more this will flatter his memory. So despite its malign effect on Venezuela, chavismo will survive its creator’s demise, much as Peronism has outlived Colonel Juan Perón in Argentina. …
Mr Chávez’s fans claim that, thanks to him, Latin America freed itself from subjection to the United States. The continent certainly grew in confidence while he was in power, but that happened because of better economic management and rising trade with China, not because of anything Mr Chávez did. His scarlet beret may look good on bourgeois T-shirts in Greenwich Village and Islington, but Latin America’s real working-class hero has been Brazil’s Lula. And despite all the bear hugs at Latin American summits, Mr Chávez did not further the continent’s cause. Although Latin America’s leaders—including Lula—have been reluctant to denounce Mr Chávez, they know that he prevented it from fulfilling its potential and uniting behind democracy and open markets.»
Alguns excertos:
«Mr Chávez proceeded to dominate his country for more than 14 years until his death this week from cancer. His secret was to invent a hybrid regime. He preserved the outward forms of democracy, but behind them he concentrated power in his own hands and manipulated the law to further his own ends. He bullied opponents, and encouraged the middle class to emigrate. He hollowed out the economy by mixing state socialism and populist redistribution with a residue of capitalismo. …
Chávez had the immense good fortune to come to power just as an unprecedented commodity boom was about to get under way. As the oil price soared the dollars rolled in, without the Bolivarian revolution having to work for them. Mr Chávez used this windfall to buy himself popular support, with social programmes and handouts. The oil-fuelled bounty seemed to vindicate his claim that before his advent, Venezuelans had been impoverished by “neo-liberalism”. …
Behind the propaganda, Venezuela’s ugly reality is that of a corrupt, cynical and incompetent regime (see article). It is regrettable that Mr Chávez will not be around to reap the whirlwind he has sown: perversely, the worse things now get in Venezuela, the more this will flatter his memory. So despite its malign effect on Venezuela, chavismo will survive its creator’s demise, much as Peronism has outlived Colonel Juan Perón in Argentina. …
Mr Chávez’s fans claim that, thanks to him, Latin America freed itself from subjection to the United States. The continent certainly grew in confidence while he was in power, but that happened because of better economic management and rising trade with China, not because of anything Mr Chávez did. His scarlet beret may look good on bourgeois T-shirts in Greenwich Village and Islington, but Latin America’s real working-class hero has been Brazil’s Lula. And despite all the bear hugs at Latin American summits, Mr Chávez did not further the continent’s cause. Although Latin America’s leaders—including Lula—have been reluctant to denounce Mr Chávez, they know that he prevented it from fulfilling its potential and uniting behind democracy and open markets.»
07/03/2013
SERVIÇO PÚBLICO: A obra do caudilho Chávez
Enquanto a esquerdalhada incensa a obra do grande líder, vejamos em que estado deixou a economia da Venezuela, depois de 14 anos de «autocracia corrupta alimentada pelo petróleo». Os diagramas seguintes, extraídos de uma imperdível análise pela Economist do legado de Chávez, mostram resultados medíocres apesar da chuva de dólares pelo aumento dos rendimentos do petróleo, à custa do aumento dos preços e não da produção em barris que até diminuiu devido à péssima gestão da PDVSA, a empresa estatal atafulhada de incondicionais de Chávez.
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (67) – cada caso é um caso
Faz agora mais sentido que o actual líder do PS tenha convidado João Cordeiro para seu candidato à câmara de Cascais.
Um dia como os outros na vida do estado sucial (7) – Reformados e indignados
Com o propósito de lutar contra a «famigerada taxa CES» (contribuição extraordinária de solidariedade) constituiu-se um grupo de reformados indignados (MIR) liderado pelo ex-presidente do BCP Filipe Pinhal, um dos acusados pelo BdeP e pela CMVM de manipulação das acções do BCP em bolsa, reformado com uma pensão de 649 mil euros por ano. Ao MIR já aderiu o SNQTB – Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários, representado por Afonso Diz, um quadro superior do BES, e ainda segundo os organizadores «juízes, oficiais das Forças Armadas, engenheiros e médicos».
Sabe-se lá porquê, talvez por ser também reformado e indignado (com outras coisas, entre elas a impunidade dos crimes de colarinho branco), lembrei-me de outro indignado, e em vista dessa lembrança terei de pedir aos indignados do MIR para irem tomar onde Francisco José Viegas disse que pediria ao fiscal para tomar.
Sabe-se lá porquê, talvez por ser também reformado e indignado (com outras coisas, entre elas a impunidade dos crimes de colarinho branco), lembrei-me de outro indignado, e em vista dessa lembrança terei de pedir aos indignados do MIR para irem tomar onde Francisco José Viegas disse que pediria ao fiscal para tomar.
06/03/2013
ARTIGO DEFUNTO: As coisas que o Público sabe e nós não
Imperdoavelmente não me tinha apercebido desta notícia do Público e, se não fora o blogue «Com jornalismo assim, quem precisa de censura?...», ficaria sem saber que os problemas demográficos portugueses que «esvaziam» o país, nomeadamente a baixa natalidade e a emigração, não resultam como ingenuamente pensava das mudanças sociais das últimas décadas e da crise de crescimento da economia portuguesa de há uma década e das políticas socráticas, respectivamente, mas da falência do Lehman Bros e da crise financeira que se lhe seguiu. Estamos sempre a aprender graças ao jornalismo de causas.
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Pro memoria (103) – Momentos particularmente penosos a propósito da morte de um caudilho
Percebo que razões diplomáticas possam levar criaturas em lugares públicos a dizer palavras amáveis na ocasião da morte do coronel Hugo Chávez. Nos outros casos, especialmente quando as palavras amáveis se convertem em palavras ridiculamente laudatórias, confesso alguma repugnância e, quando se escreve «Todos somos Chávez», a repugnância é muita.
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DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Não é um pouco esquizofrénico?
Devemos ser quase o único país do mundo que nos momentos de depressão fabrica vídeos para mostrar a outro país o quão importante somos, se auto-classifica com «o bom aluno» e nos momentos de euforia grita «Portugal está na moda» e em todos os momentos se refere aos clubes de futebol estrangeiros como o Inter (já tinha sido o Barcelona e o Real Madrid) de Luís Figo, o Real Madrid de Cristiano Ronaldo (já tinha sido o Manchester United) ou o Real Madrid de Mourinho (já tinha sido o Chelsea).
A acrescentar a tudo isso, temos ainda a obsessiva procura de «portugueses» em lugares de destaque. Escrevo portugueses entre aspas porque alguns deles, em boa verdade, nunca cá puseram o pé. Como, por exemplo, o americano Ernest Moniz, um físico do MIT, nascido de pais açorianos em Fall River no Massachussets, agora nomeado Secretário de Estado da Energia, sem que o Washington Post faça, como é natural, a menor referência à pseudo-portugalidade da criatura, notícia que o Expresso dá sob o pomposo título «Obama nomeia português para o seu Governo» e onde já anuncia uma entrevista.
Imaginemos os mídia de um pequeno país como a Irlanda também contaminados por este vírus. Encheriam páginas de jornais de Dublin com os nomes de descendentes de potato eaters que se encontram em qualquer administração americana desde os Founding Fathers. Se o Expresso se publicasse em Dublin, era bem capaz de após a eleição de Clinton ter um título como «An Irishman in the White House».
A acrescentar a tudo isso, temos ainda a obsessiva procura de «portugueses» em lugares de destaque. Escrevo portugueses entre aspas porque alguns deles, em boa verdade, nunca cá puseram o pé. Como, por exemplo, o americano Ernest Moniz, um físico do MIT, nascido de pais açorianos em Fall River no Massachussets, agora nomeado Secretário de Estado da Energia, sem que o Washington Post faça, como é natural, a menor referência à pseudo-portugalidade da criatura, notícia que o Expresso dá sob o pomposo título «Obama nomeia português para o seu Governo» e onde já anuncia uma entrevista.
Imaginemos os mídia de um pequeno país como a Irlanda também contaminados por este vírus. Encheriam páginas de jornais de Dublin com os nomes de descendentes de potato eaters que se encontram em qualquer administração americana desde os Founding Fathers. Se o Expresso se publicasse em Dublin, era bem capaz de após a eleição de Clinton ter um título como «An Irishman in the White House».
Por uma vez na vida concordo com o sempre arrependido Freitas do Amaral
Movido talvez pelo sentimento cristão do arrependimento, na melhor hipótese, ou pela sua volátil pulsão egocêntrica (não faço ideia do que isto significa, mas soa-me bastante bem), na hipótese mais provável, o professor Freitas do Amaral fez ao Económico várias confissões.
Segundo Freitas do Amaral, José Sócrates já devia ter feito um «mea culpa sobre a sua responsabilidade no estado do país». Sobre as suas responsabilidades na crise de poder do PS, acrescentou que a disputa «foi desencadeada por elementos próximos de José Sócrates. A primeira pessoa que fez uma declaração a dizer que havia uma crise de liderança no partido foi Santos Silva. Três dias depois veio Silva Pereira dizer que era preciso um novo congresso. Depois Vieira da Silva. Ora, independentemente de isto ter sido bom ou mau para o PS; isto denuncia uma certa precipitação do engenheiro Sócrates. Porque isto veio em consequência de almoços e jantares que ele promoveu. Alguns vieram em jornais. Enquanto o país estiver a sofrer, pelo menos metade do país dirá que isto foi o estado em que ele nos deixou.»
É difícil não concordar.
Segundo Freitas do Amaral, José Sócrates já devia ter feito um «mea culpa sobre a sua responsabilidade no estado do país». Sobre as suas responsabilidades na crise de poder do PS, acrescentou que a disputa «foi desencadeada por elementos próximos de José Sócrates. A primeira pessoa que fez uma declaração a dizer que havia uma crise de liderança no partido foi Santos Silva. Três dias depois veio Silva Pereira dizer que era preciso um novo congresso. Depois Vieira da Silva. Ora, independentemente de isto ter sido bom ou mau para o PS; isto denuncia uma certa precipitação do engenheiro Sócrates. Porque isto veio em consequência de almoços e jantares que ele promoveu. Alguns vieram em jornais. Enquanto o país estiver a sofrer, pelo menos metade do país dirá que isto foi o estado em que ele nos deixou.»
É difícil não concordar.
05/03/2013
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: Procrastinando
Os ministros das Finanças decidiram hoje na reunião da Ecofin aceitar o princípio de alongar as maturidades dos empréstimos concedidos a Portugal e à Irlanda ao abrigo do programa de assistência e remeteram a decisão para a troika. Decisão que, conhecendo-se a posição actualmente mais flexível do FMI, será provavelmente positiva.
Estamos a falar de maturidades dos empréstimos e não de alongar ainda mais a adopção de medidas de reforma do Estado e dos objectivos do défice, cujo adiamento significaria quase certamente a derrapagem definitiva do PAEF e o esgotamento do pouco ímpeto reformador que o governo tem mostrado.
Neste contexto, é não é um bom sinal o aumento de 4,2% das vendas em retalho em Janeiro, muito acima dos 0,9% da UE. É certo que o pagamento dos duodécimos pode ter tido um contributo, mas reduzido porque a maioria dos empregados optaram por não antecipar os subsídios; por outro lado, sendo o mês de Dezembro tradicionalmente um mês com maior consumo, o aumento em Janeiro tem um significado mais forte.
Estamos a falar de maturidades dos empréstimos e não de alongar ainda mais a adopção de medidas de reforma do Estado e dos objectivos do défice, cujo adiamento significaria quase certamente a derrapagem definitiva do PAEF e o esgotamento do pouco ímpeto reformador que o governo tem mostrado.
Neste contexto, é não é um bom sinal o aumento de 4,2% das vendas em retalho em Janeiro, muito acima dos 0,9% da UE. É certo que o pagamento dos duodécimos pode ter tido um contributo, mas reduzido porque a maioria dos empregados optaram por não antecipar os subsídios; por outro lado, sendo o mês de Dezembro tradicionalmente um mês com maior consumo, o aumento em Janeiro tem um significado mais forte.
Bons exemplos (53) - Não somos a Grécia? Pois não e temos pena, porque não temos penas
O ex-ministro Akis Tsochatzopoulos do Pasok, o partido socialista grego, foi ontem «condenado a oito anos de prisão, 520.000 euros de multa e confiscação de uma vivenda de luxo, por não ter justificado a origem de rendimentos e a aquisição fraudulenta da habitação».
Eis um bom exemplo que a Grécia nos está a dar, a nós que temos justiça de causas e segredo de justiça. Se o seguíssemos, em pouco tempo poderíamos formar governos e ter parlamentos nas cadeias.
Eis um bom exemplo que a Grécia nos está a dar, a nós que temos justiça de causas e segredo de justiça. Se o seguíssemos, em pouco tempo poderíamos formar governos e ter parlamentos nas cadeias.
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04/03/2013
Ressabiados do regime (2) – O caso freudiano de Pacheco Pereira
Não deveria ser necessário recordar que JPP é um dos pensadores do regime tido em boa conta no (Im)pertinências desde a fundação no remoto ano de 2003, ainda antes deste vosso escriba ser contribuinte. Contudo, à cautela, aqui o registo. JPP até tem lugar cativo no «Sempre com um olho neles», pelo menos por enquanto, o que não o isenta do escrutínio, por vezes verrinoso, aqui praticado, e que tem estado incompreensivelmente ausente, apesar do cariz crescentemente freudiano dos seus escritos sobre a governação.
Não está em causa ser este governo mau no género bom, como temos vindo a classificá-lo, várias das políticas estão erradas, muitas medidas tomadas não deveriam sê-lo e outras que deveriam não são tomadas. Não estão igualmente em causa os Relvas e a mediocridade de uma parte da gente que rodeia e apoia o governo – sendo certo que, ainda assim, é capaz de suportar a comparação com a tralha cavaquista que esteve no poder entre 1985 e 1995, a mesma tralha responsável por começar a criar com desvelo o «monstro» e de onde saíram vários protagonistas de crimes de colarinho branco (BPN, entre outros) e até suspeitos de homicídio e outros crimes, como o antecessor de JPP na liderança do grupo parlamentar do PSD. Estão em causa apenas duas coisas:
Não está em causa ser este governo mau no género bom, como temos vindo a classificá-lo, várias das políticas estão erradas, muitas medidas tomadas não deveriam sê-lo e outras que deveriam não são tomadas. Não estão igualmente em causa os Relvas e a mediocridade de uma parte da gente que rodeia e apoia o governo – sendo certo que, ainda assim, é capaz de suportar a comparação com a tralha cavaquista que esteve no poder entre 1985 e 1995, a mesma tralha responsável por começar a criar com desvelo o «monstro» e de onde saíram vários protagonistas de crimes de colarinho branco (BPN, entre outros) e até suspeitos de homicídio e outros crimes, como o antecessor de JPP na liderança do grupo parlamentar do PSD. Estão em causa apenas duas coisas:
- Este governo, apesar de não estar a mostrar-se à altura de superar o estado calamitoso em que os governos socialistas deixaram o país, ao menos não prosseguiu esse caminho;
- Não está visível, para nós e supõe-se para JPP, pelo menos não resulta das suas posições públicas, nenhuma alternativa melhor capacitada e, ainda que estivesse, são precisas eleições e não basta o seu veredicto, ou o da oposição ou o da rua.
Mitos (101) – Os meninos são iguais às meninas
Os meninos são iguais às meninas? Só se forem os meninos gays, que para efeitos práticos não são meninos. Durante décadas, desde que existe a Lego, 90% das vendas dos seus brinquedos foram para rapazes. Para as vendas de brinquedos para raparigas atingirem 25% do total foi preciso a Lego lançar o «Lego Friends».
Um defensor da tese das diferenças entre sexos (e não entre géneros, como diz essa tralha do politicamente correcto, porque género são todos do homo sapiens) se deverem à nurture e não à nature, ao saber daquele facto e olhar para a caixa do Lego Friends se não mudar de ideias deveria bater com a sua atrapalhada mona cem vezes na parede.
Se não bastasse a experiência da Lego, poderíamos acrescentar a da Hasbro que para vender bonecas aos rapazes teve que inventar o GI Joe e os bonecos Star Wars, e para vender brinquedos para rapazes às raparigas teve que os redesenhar, introduzindo temas femininos e, claro, dar-lhes tons cor-de-rosa.
Um defensor da tese das diferenças entre sexos (e não entre géneros, como diz essa tralha do politicamente correcto, porque género são todos do homo sapiens) se deverem à nurture e não à nature, ao saber daquele facto e olhar para a caixa do Lego Friends se não mudar de ideias deveria bater com a sua atrapalhada mona cem vezes na parede.
Se não bastasse a experiência da Lego, poderíamos acrescentar a da Hasbro que para vender bonecas aos rapazes teve que inventar o GI Joe e os bonecos Star Wars, e para vender brinquedos para rapazes às raparigas teve que os redesenhar, introduzindo temas femininos e, claro, dar-lhes tons cor-de-rosa.
03/03/2013
Coexistência pacífica
Como podem coexistir pacificamente no semanário Expresso análises e comentários, e até opiniões travestidas de notícias, em que a governação é tratada pelas ruas da amargura, e em particular o ministro das Finanças é ultimamente tratado como incompetente, com um exame mensal do grau de adopção das medidas da troika, na página 14 do caderno principal, que desde há meses é positivo (Bom, 75% a última avaliação) ou com um Índice Gaspar, na página 2 do caderno de economia, onde desde Julho a avaliação é positiva (84,9% esta semana), exame e índice com base em critérios apresentados como objectivos?
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ESTADO DE SÍTIO:Afinal ele sabe ou até já sabia ao que vinha…
Segundo a jornalista do Expresso que leva os recados do PSD, durante mais de 10 horas gastas em reuniões da comissão política e comissão permanente e com os caciques distritais, Passos Coelho disse pelo menos uma coisa importante para o futuro do país: «para voltarmos ao nível de dívida anterior a 2005 (58,3% em 2004 e 63,6% em 2005), teríamos de crescer 4% durante 20 anos, com défices zero».
02/03/2013
Coisas que não surpreendem
A absolvição dos arguidos do processo Cova da Beira, uma das muitas embrulhadas em que José Sócrates apareceu envolvido, apesar de o Ministério Público ter pedido a condenação.
A informação manipulada pela central chavista sobre a evolução da doença de Hugo Chávez, com a conivência dos mídia domésticos, oscilando entre o benevolente e o laudatório, com cada vez mais dificuldades em esconder a evidência da inevitabilidade da sua morte.
O entusiamo militante com que o jornalismo de causas instalado nos mídia domésticos trombeteia o grande êxito da manif “2M“ com o seu «milhão e meio de manifestantes», número que deve incluir os propalados 300 mil do costume no Terreiro do Paço, os quais ficam reduzidos após umas contas elementares a um máximo 50 ou 60 mil, se estiverem todos em contactos do 3.º grau.
A informação manipulada pela central chavista sobre a evolução da doença de Hugo Chávez, com a conivência dos mídia domésticos, oscilando entre o benevolente e o laudatório, com cada vez mais dificuldades em esconder a evidência da inevitabilidade da sua morte.
O entusiamo militante com que o jornalismo de causas instalado nos mídia domésticos trombeteia o grande êxito da manif “2M“ com o seu «milhão e meio de manifestantes», número que deve incluir os propalados 300 mil do costume no Terreiro do Paço, os quais ficam reduzidos após umas contas elementares a um máximo 50 ou 60 mil, se estiverem todos em contactos do 3.º grau.
01/03/2013
SERVIÇO PÚBLICO: o milagre do défice tarifário faz toda a gente feliz? (6)
Recapitulando (ver etiqueta défice tarifário):
O governo Barroso inventou e os governos Sócrates desenvolveram um expediente miraculoso para praticar preços políticos da electricidade, ao mesmo tempo que aparentemente liberalizavam o mercado. A coisa chama-se défice tarifário e corresponde à diferença entre os custos de produção e a facturação dos produtores. O milagre consiste em os produtores contabilizarem como rendimentos a facturação acrescida do défice tarifário. Consequentemente, os preços subsidiados não afectam os seus lucros e os consumidores ficam felizes porque pagam a electricidade abaixo do seu custo. Custo de produção que com a proliferação das eólicas socráticas, as cogerações and all that jazz aumentou ainda mais rapidamente (ver aqui o que escreveu Mira Amaral a esse respeito). Os produtores vão contabilizando no seu activo esses «défices tarifários» que no final são créditos sobre alguém que um dia vai pagar e podem titularizar esses créditos transferindo-os para um banco e recebendo-os o seu valor com um desconto.
Varrendo o défice tarifário para debaixo do tapete |
SERVIÇO PÚBLICO: Um mundo mais global e muito mais urbanizado
«A massive wave of urbanization is propelling growth across the emerging world. This urbanization wave is shifting the world’s economic balance toward the east and south at unprecedented speed and scale. It will create an over-four-billion-strong global “consumer class” by 2025, up from around one billion in 1990. And nearly two billion will be in emerging-market cities. These cities will inject nearly $25 trillion into the global economy through a combination of consumption and investment in physical capital.»
[Fonte: Unlocking the potential of emerging-market cities, McKinsey Quartely]
[Fonte: Unlocking the potential of emerging-market cities, McKinsey Quartely]
Etiquetas:
globalização,
o saber ocupa lugar
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