Varrendo o défice tarifário para debaixo do tapete |
Qual o somatório dos défices tarifários? Ninguém sabe exactamente, como é costume. A ERSE falou em menos de 5 até 2027, o Pedro disse que seria superior a 5 e o Álvaro que ultrapassaria 8 mil milhões em 2020, se nada fosse feito. Havendo em Portugal um pouco menos de 5,9 milhões de alojamentos (Censos 2011), tal significa que cada alojamento poderá vir a dever em média aos operadores, se nada for feito, a módica quantia de cerca de 1.400 euros ou o equivalente a 1,6 vezes a remuneração base média (Pordata 2009).
Talvez em resposta à inquietação do Álvaro, no caso de nada ser feito, a Deco à míngua de contribuir para reduzir esse défice, optou por tentar aumentá-lo e lançou uma campanha «Juntos pagamos menos», já com cerca de 180 mil aderentes neste momento, para leiloar os contratos dos aderentes à EDP, Galp, Endesa e Iberdrola. De modo que podemos chegar a situação perfeitamente anedótica de no limite todos os alojamentos viram a aderir à campanha e a Deco leiloar a totalidade do consumo doméstico em Portugal e adjudicar às espanholas Endesa ou Iberdrola um excelente negócio que consistirá em facturar com desconto aos consumidores actuais e facturar pelo menos uma parte do desconto a essa entidade mítica chamada «défice tarifário», ou seja aos consumidores futuros que são os consumidores actuais sobreviventes mais uns poucos filhos deles.
É por isso que o nome da campanha deveria ser mudado para «Juntos pagamos mais» porque quanto maior o seu êxito, maior o «défice tarifário». É mais uma aplicação das famosas funções zingarilho: quanto mais aderimos hoje mais pagamos amanhã.
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