Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

28/02/2013

DIÁRIO DE BORDO: Caught in the Act (50)

José Cardoso Pires em 1984, «fotografia de intimidade» por Eduardo Gageiro

Pro memoria (102) – Aonde nos conduziram os carros eléctricos de José Sócrates (II)

Em 2009 o governo de José Sócrates criou a rede nacional de mobilidade eléctrica que previa 320 locais de carregamento e 1.300 em 2012. Em 2020, segundo os planos socráticos, deveria haver 180 mil carros eléctricos e 25 mil locais de carregamento.

27/02/2013

Lettre ouverte à Monsieur le Président Hollande


DIÁRIO DE BORDO: Belém School of Economics

Falando um destes dias a «50 jovens empresários e empreendedores», o professor Cavaco Silva exortou-os: «não pensem que é pelos baixos salários que se garante a competitividade da economia».

Não me recordo em que empresa ou empreendimento o professor aplicou a sua ciência, porque pensava eu que a competitividade das empresas se garante grosso modo com produtos ou serviços com a mesma qualidade e mais baratos do que os dos concorrentes ou, em alternativa, com produtos ou serviços do mesmo preço e melhor qualidade.

26/02/2013

CAMINHO PARA A SERVIDÃO: Cuba depois de quase 60 anos de ditadura da família Castro

«Raúl Castro deixará o poder em 2018». Até lá a família Castro continuará a «actualizar o modelo económico cubano … e a defender, manter e continuar o aperfeiçoamento do socialismo». (Público)

O que foi que aconteceu em CUBA?


Lost in translation (169) – Não vamos pagar a dívida do Estado Social, está ele a evitar dizer

«Os portugueses não podem continuar a fazer tantos sacrifícios. Não aceitamos mais nenhuma medida de austeridade, nem que seja um pacote de 800 milhões chamado plano B, nem mais 4 mil milhões de cortes nas funções sociais do Estado. Não aceitamos, não aceitamos.» Foi o que disse António José Seguro.

Ponhamos a coisa na perspectiva da situação actual da dívida pública.

25/02/2013

Nem todos os obamas de Obama fazem felizes os obamófilos: episódio (59) – Esta madrugada os EU deixaram de ser um estado laico


Tudo indica que nos EU deixou de vigorar a separação entre o governo e o cinema.

SERVIÇO PÚBLICO: Capitalismo popular

Inicia-se hoje o período de subscrição das obrigações a 3 anos da Mota-Engil. Imaginemos uma pessoa que esforçadamente tenha conseguido poupar o ano passado mil euros e os queira aplicar nesta emissão, atraído por uma taxa de juro de 6,85%.

Se for a primeira vez que compra títulos, bem provável para quem o fim do dinheiro está em permanente corrida contra o fim do mês, dos atractivos 6,85% vão sobrar 0,52%. Ficam pelo caminho 1,71% para o Estado e 4,62% para o banco. Ora veja:
  • Montante Investido: 1,000.00 EUR
  • Taxa Anual Nominal Bruta (TANB) 6,85%
  • Taxa Interna de Rentabilidade (TIR) - Líquida de impostos 5,14%
  • TIR - Líquida de impostos, comissões e despesas bancárias:
    • Conta que já detenha títulos em carteira 4,24%
    • Conta que não detenha títulos em carteira 0,52%
Quem já tenha títulos em carteira terá uma TIR líquida de 4,24% ficando pelo caminho quase 40% do juro.

ESTADO DE SÍTIO: Tapando o sol com uma peneira

Os sucessivos governos vêm subsidiando os Estaleiros de Viana do Castelo para manter a funcionar uma empresa inviável obstinando-se na aplicação do efeito Lockheed TriStar. Seria de esperar deste governo ao menos um módico de lucidez, percebendo que se não é capaz de resolver o problema, como os outros governos não foram, não adiantará varrer o problema para debaixo do tapete.

Pois é exactamente isso que o ministro da Defesa está a fazer, como confessou durante a audição no parlamento: evitar a publicação no Jornal Oficial da UE «da abertura de uma investigação aprofundada aos apoios dados pelo Estado aos Estaleiros de Viana do Castelo».

Pode parecer muito patriótico, sobretudo porque o ministro falava durante uma audição no Parlamento pedida pelo PCP, pode ser muito aplaudido, mas a mim parece-me que esconder os problemas e adiar as soluções é mais do mesmo. Se for para fazer isso, é preferível um governo socialista porque tem mais experiência e varre melhor o lixo para debaixo do tapete.

24/02/2013

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Mais tempo é mais dinheiro

«Querermos dizer alguma coisa não significa que tenhamos razão. Na maior parte dos casos é mesmo isso que acontece: não temos razão e não se perdeu nada em termos ficado calados. O pior é quando ficamos calados podendo ter alguma razão, tornando-nos moralmente corresponsáveis por um erro colectivo.»

Escreveu Daniel Bessa, no Expresso, a propósito de «mais tempo … se for para nos prolongar por mais um ano o elevado nível de despesa pública corrente que hoje nos caracteriza, mais tempo não passará de uma bela designação para mais défice, e para mais dívida

Pro memoria (101) – Cada cavadela, cada minhoca, ou a repeteca de José Sócrates

Compreende-se que com a carestia de vida em Paris as poupanças de José Sócrates precisem de ser revigoradas. Compreende-se igualmente que procure emprego para as suas competências e o seu currículo. Um lugar de delegado de propaganda médica é certamente um lugar onde pode brilhar.

TRIVIALIDADES: Viver nas nuvens

Este Verão começará a construção de um novo arranha-céus em Jidá na Arábia Saudita com mil metros de altura. Sim, não é engano, são mesmo 1.000 metros, o que fará dele o mais alto edifício do mundo, batendo o Burj Khalifa no Dubai com 828 metros. Se colocarmos o Empire State Building (380 metros) em cima do One World Trade Center de NY (540 metros) ainda faltariam uns 80 metros para atingir a altura da nova Kingdom Tower.

Quase inevitavelmente, o novo arranha-céus vai ser construído por Bin Laden – não o esperma feliz abatido o ano passado no Paquistão, depois de uma vida a torrar dinheiro no terrorismo a expensas da família, mas o grupo empresarial fundado há um século pelo avô dele (e de mais uma centenas de netos).

23/02/2013

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (66) – com a verdade me enganas

«O antigo administrador da RTP, João Carlos Silva, um dos três arguidos no caso Taguspark que está a ser julgado em Oeiras, recordou na manhã desta segunda-feira em tribunal as pressões de que foi alvo por parte de camaradas seus socialistas depois de ter ido integrar o conselho de administração da TV pública, em 1999.

“Eu recebia queixas de que as notícias não eram como deviam ser. Recebi cartas de dirigentes importantes do PS a dizer que estava a deixar que as estruturas da informação fossem controladas por adversários do partido”, relatou, apontando José Junqueiro e Jorge Coelho como dois dos autores dessas alegadas pressões

(Público)

Dúvidas (11) – No pain and gain

Sei que não há nenhuma medida para isso, mas não será absurdo um banco que nos dois últimos anos perdeu mais de 2 mil milhões de euros e terá de despedir mais de 600 empregados estar a financiar um fundo de pensões para pagar uma reforma superior a 160 mil euros, acrescida de automóvel, motorista e aluguer de avião, ao seu antigo presidente o qual, depois de o ter fundado há 28 anos, tudo indica o fragilizou com lutas internas pelo poder e manobras financeiras de legalidade duvidosa, contribuindo para o colocar à mercê do assalto do socratismo?

Imagino que essas mordomias constituam uma espécie de direitos adquiridos, formalmente justificados por uma relação contratual entre o banco (isto é Jardim Gonçalves) e o presidente (isto é Jardim Gonçalves), mas a consciência moral do outro Jardim Gonçalves piedoso não lhe dirá nada? Pelos vistos, não.

DIÁRIO DE BORDO: Take Another Plane Plan (3)

Outros voos: (1) e (2)

Como explicar que sendo a TAP uma companhia de aviação tão reputada e tão cobiçada, segundo a lengalenga oficiosa e sindical, continua com um só e mesmo interessado em comprá-la? Um talvez pouco recomendável German Efromovich.

Há várias respostas possíveis, a maioria delas só explicáveis no campo da fé e da mitologia. Depois há aquela explicação desagradável baseada no relatório minoritário do mundo real: mais de 400 milhões de euros necessários para colocar os capitais próprios positivos e sair da falência técnica, quase mil milhões de euros de dívidas, quatro mil milhões de euros necessários para a renovação da frota e, claro, as greves como forma de vida.

DIÁRIO DE BORDO: Caught in the Act (49)

Johnny Cash & Ray Charles

22/02/2013

Pro memoria (100) – Entradas de leão e saídas de sendeiro

Pior do que uma asneira são duas asneiras. A primeira foi mandar sodomizar o homem errado - o fiscal do ex-colega de governo - sem se dar ao trabalho de alinhar um único argumento sofrível. Podia Francisco José Viegas ter optado pelo silêncio (uma boa opção), podia assumido a asneira e mandar sodomizar o ex-colega de governo, ou, ainda melhor, todo o governo, no lugar do seu factótum (opção discutível, mas que mostraria alguma consistência) ou podia ter inventado uma desculpa passável, do tipo mentira social.

Em vez disso, numa entrevista à TSF, justificou-se com um insulto à inteligência dos ouvintes explicando que o objecto da sodomização era «a máquina» do Estado e não o governo e invocando «uma relação de solidariedade» com os ex-colegas. Apesar do insulto, daqui lhe envio os votos de melhoras da sua debilitada saúde - «razões graves de saúde» foi a razão da demissão, recorde-se - e de uma readmissão rápida e sem traumas na capela.

Bons exemplos (52) – Pondo ordem no galinheiro

Face a mais uma fuga de informação, ou violação do segredo de justiça em jurisdiquês, em que a PGR tem sido fértil, uma estratégia para manter os políticos em sentido sem usar a arma de destruição maciça de uma acusação inatacável, Joana Marques Vidal, a nova procuradora geral, demitiu Cândida Almeida, visivelmente enviesada ao serviço das cliques socialistas, e instaurou processos disciplinares e uma inspecção ao DCIAP – uma das oficinas da justiça de causas.

Que não lhe falte a determinação.

21/02/2013

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Prova oral

Secção Assault of thoughts

Augusto Santos Silva, o ex-ministro da Defesa e homem de confiança de José Sócrates, agora delegado de propaganda médica a full time, nunca foi uma persona grata aqui no (Im)pertinências, pela sua doutrina socialista montada em cima de uma plataforma mental esquerdista.

Miguel Relvas, o actual ministro adjunto e homem de confiança de Passos Coelho, também nunca foi uma persona grata aqui no (Im)pertinências, por razões que não preciso de explicar por, ao contrário do anterior, o jornalismo de causas se ter encarregado de lhe fazer a ficha com grande zelo. Ficha feita menos por amor à verdade do que por apego ao tacho e ao controlo de uma central de manipulação.

Sinto-me, pois, à vontade para realçar esta posição de Augusto Santos Silva a propósito da baixaria de ontem no ISCTE, onde, à pala das cantigas, Relvas foi impedido de falar e intimidado por um bando de alunos. Valorizo com 4 afonsos a crítica de Santos Silva, sem papas na língua, das «manifestações supostamente espontâneas», contrastando com os idiotas que se alegram com as cantigas.

ARTIGO DEFUNTO: A arte de bem titular (2)

Ontem o ministro das Finanças anunciou que a queda do PIB vai ser revista de 1% para 2%, ou seja mais 100 pontos base ou um ponto percentual. Como dar esta notícia a leigos? A forma mais simples e rigorosa seria escrever exactamente isso: a recessão foi revista de 1% para 2%.

Títulos escolhidos pelos mídia para dar a notícia:
  • «Governo assume que já espera o dobro da recessão prevista para este ano» (Lusa)
  • «Governo assume esperar o dobro da recessão prevista» (OJE)
  • «Vítor Gaspar espera dobro da recessão e admite prolongamento do prazo para corrigir défice» (RTP) «Governo admite o dobro da recessão prevista para 2013» (Expresso)
  • «Governo assume que já espera o dobro da recessão prevista para este ano» (ionline)
  • «Gaspar admite que recessão seja o dobro do previsto» (Económico)
  • «Governo espera o dobro da recessão para 2013 (de 1% para 2%)» (TSF)
  • ‎«Gaspar admite fracasso» (DN)
Com excepção da TSF que teve alguma preocupação de rigor e do DN que fez um título panfletário, todos os outros seguem a Lusa, fonte de quase todas as notícias, a agência que habitualmente faz os fretes aos governos do PS e à esquerdalhada.

É equivalente titular o «dobro» ou «aumento de 1% para 2%»? Claro que não. A começar porque a maioria dos que lêem terão uma ideia primitiva do que seja recessão e muitos não sabem qual a recessão antes prevista e a acabar porque tal título é compatível com aumentos de 1% para 2%, como de 0,1% para 0,2%, de 5% para 10% ou 10% para 20%.

É isto inocente? Como noticiaram os mídia as reduções crónicas do crescimento previstos pelos governos do PS? Alguém se lembra de títulos como «crescimento desceu para metade»? E o aumento do défice de 2009 que Teixeira dos Santos começou por fixar em 2,2% e acabou em 10%? Alguém se lembra de um título como «défice quintuplicou»?

DIÁRIO DE BORDO: Caught in the Act (48)

Abraham Lincoln com o Estado-Maior, em 1-10-1862, em Maryland, a seguir à batalha de Antietam.
Com mais de 23 mil baixas num só dia, Antietam foi a batalha mais mortífera da guerra civil americana.

20/02/2013

Um governo à deriva (11) – Mais do mesmo?

«O Governo está a preparar um plano de investimentos de proximidade em estradas e na ferrovia que tem como base o crescimento económico. O objectivo, sabe o Negócios, é que as intervenções que irão ser realizadas um pouco por todo o País eliminem constrangimentos às empresas

Não foi isto que se andou a fazer durante 30 anos? De onde virá o dinheiro? De mais impostos que retiram aos sujeitos passivos o dinheiro que eles poderiam poupar, investir ou usar para consumir?

Os militares não jantam, agitam-se

A mesma corporação de militares profissionais que comandou incompetentemente 200 mil camponeses analfabetos, mal equipados e mal treinados, nos campos de batalha da I guerra mundial, onde ficaram mais de 10 mil mortos e milhares foram estropiados.

A mesma corporação que fez o golpe de 28 de Maio de 1926 e colocou no poder uma ditadura retrógrada.

A mesma corporação que comandou com duvidosa competência centenas de milhar de soldados, dos quais lá ficaram mais de 8 mil, durante 13 anos de guerra colonial e os entregou ao comando no terreno de oficiais e sargentos milicianos, enquanto se refrescava no ar condicionado dos postos de comando.

A mesma corporação que fez o golpe de 25 de Abril de 1974 como consequência acidental de um protesto reivindicativo contra a promoção a capitão desses mesmos oficiais milicianos que davam o couro numa 2.ª comissão. A mesma corporação que fugiu como coelhos das colónias e as deixou à mercê de guerras tribais. A mesma corporação que depois do golpe partilhou o poder com forças políticas antidemocráticas.

A mesma corporação que assistiu num ruidoso silêncio ao longo caminho para a insolvência enquanto se batia pelas «promoções por arrastamento». Essa mesma corporação, ou, ao que parece, o topo aposentado dessa corporação, vai jantar na próxima 6.ª feira para «refletir sobre as medidas, como o corte de efetivos e as alterações profundas no dispositivo de defesa, e de que modo a sua concretização não poderá desarticular ou descaracterizar as Forças Armadas». Os militares jantam? Não exactamente. Segundo os representantes de outra corporação, a dos jornalistas de causas, os «militares agitam-se».

Não ignoro que houve no passado e haverá provavelmente militares profissionais que não se identificam com a doutrina oficial da corporação. Porém, até fazerem ouvir as suas vozes discordantes não é possível ter a certeza.

SERVIÇO PÚBLICO: O Big Brother, as facturas expostas e o ficheiro SAF-T

Recebi há dias um daqueles emails conspirativos que por aí circulam, relacionado com o famoso caso das facturas, tratando de uma bizarra criatura supostamente perigosa chamada ficheiro SAF-T, enfatizando o que aconteceria com a transmissão dos nossos dados pessoais pelos estaminés a quem compramos os mais variados produtos e serviços.

Rezava assim o email (quem não tiver paciência e curiosidade suficientes para a aridez do tema pode saltar directamente para as conclusões):

«1. Toda e qualquer transacção tem de ter emissão de fatura. Ou seja, os dados da fatura passam para o saf-t com o nº de contribuinte e nome do cliente. Existem as faturas simplificadas que podem ser feitas a um "consumidor final" mas podem ser usadas em apenas casos restritos.

2. Todos os SAF-T de todas as empresas nacionais são enviados para as finanças mensalmente.

Vou dar um exemplo: o Sr. Foo acordo num belo dia de férias de verão. Toma o pequeno almoço no café da esquina (fatura 1) e vai ali á sede do partido X pagar a sua cota mensal (fatura 2). Passa pelo templo da sua religião e paga o dízimo (fatura 3). Almoça no seu restaurante favorito (fatura 4), vai ao cinema ver um filme (fatura 5), compra 2 "brinquedos" na sexshop da esquina (fatura 6) e janta uma mariscada á beira mar (fatura 7).

No fim do mês, as 7 empresas envolvidas no dia do Sr. Foo vão enviar o ficheiro SAF-T para as finanças, e lá vai a informação: O que o Sr. Foo comeu nessa manhã, a que horas e em que local; qual a sua filiação política, e onde costuma pagar as cotas; a sua religião; o que almoçou, a que horas, e em que local; que viu o filme Y; comprou "brinquedos" na loja tal; jantou uma mariscada, a que horas e em que local.

Isto num dia. Ao fim de um mês, passam a ter os hábitos de cada cidadão, ao fim de um ano? Têm na mão a vida de uma pessoa. Querem mais? Dois informáticos acabados de sair do curso, com acesso a estes dados rapidamente conseguiam fazer cruzamento de dados. Cruzando por exemplo, o Sr. Foo com a sua esposa, Sr.ª Boo:

Tomou o pequeno-almoço com a esposa, pois foram 2 cafés e 2 croissants, isto porque a Sr.ª Boo comprou a "Maria" 30 minutos depois no quiosque a 50M do café. (todas as transacções têm de ter uma fatura, tudo é seguido); ela não pagou cotas políticas ou religiosas, o Sr. Foo está nisso sozinho. (cruzamento das faturas do Sr. Foo e Sr.ª Boo); não almoçaram juntos. O almoço foi 1 menu MacDonalds do Sr. Foo e a Sr.ª Boo tem uma fatura de almoço no mesmo dia a 150km de distância (cruzamento das faturas do Sr. Foo e Sr.ª Boo); o filme era sobre che guevara. Isto, aliado á filiação política e religiosa torna o Sr. Foo alguém a seguir no futuro. (Descrição dos artigos vai no ficheiro SAF-T)

A Sr.ª Boo continua com faturas a 150km de distância, os "brinquedos" e a mariscada para 2 ao jantar sugerem uma amante.

E se o Sr. Foo fosse o líder da oposição? Ou dono de uma empresa a concorrer num negócio do estado? Ou o presidente da república? Ou juiz num processo contra um deputado do partido do governo? Sou apenas eu que vê o PERIGO no envio de todas as faturas emitidas em portugal, mensalmente para o estado?

E quem tem estas bases de dados? É uma empresa privada? Quem está à frente disto, quem vai garantir a privacidade dos dados? Alguém acorde por favor, alguém nos defenda!

Os meus receios não ficam por aqui. O ficheiro SAF-T é guardado em plain text! Um curioso informático que ligue o wireless no centro comercial quando a farmácia está a enviar um saft apanha isto (parcial, o ficheiro saf-t inclui, por exemplo, os dados do customer 149):» …
(segue-se a lista de campos)

Preocupado e curioso, fiz uma pequena investigação. Aqui ficam as conclusões.

O que é o SAF-T(PT) (Standard Audit File for Tax Purposes – Portuguese version)?

É um ficheiro normalizado, preconizado pela OCDE, em formato XML, de exportação de registos contabilísticos de facturação num formato comum, independentemente do programa utilizado. Foi criado pela Portaria n.º 321-A/2007, de 26 de Março, modificado pela Portaria n.º 1192/2009, de 08 de Outubro, ambos do governo Sócrates, e novamente alterado pela Portaria n.º 382/2012 de 23 de novembro.

Quais são os dados dos clientes individuais?

Não encontrei na legislação recentemente publicada e disponível no site da AT, nem no «Manual de Integração de Software» aplicável aos ficheiros SAF-T, nenhuma obrigatoriedade de incluir os dados de clientes individuais, alterando a indicação a nota técnica do campo CostumerTaxID que prevê um NIF genérico (ver imagem).

Clique para amplicar

Nem seria fazível um estaminé a vender bicas ou jornais, ou mesmo fornecer fast food ao balcão, criar uma base de dados de clientes individuais.

Em conclusão: 90% dos delírios conspirativos do email parecem ter caído pela base.

O que tem a ver um ficheiro plain text com a violação da privacidade de dados?

Qualquer ficheiro em qualquer formato transmitido por qualquer via pode ser capturado e os seus dados usados. Desde que não seja um ficheiro encriptado, tanto faz ser plain text como outro formato qualquer, no final os dados podem ser interpretados. Mesmo um ficheiro encriptado com uma chave de 256 bits (como os protocolos WiFi mais recentes) pode ser desencriptado. Admito que a CIA, o FSB ou o Mossad o façam regularmente, sem esquecer a legião de chineses da unidade 61398 do Exército Popular de Libertação.

O exemplo dado da farmácia a transmitir por WiFi o ficheiro de dados é fantasista porque os dados normalmente serão transmitidos directamente via cabo ethernet através do Internet Provider e um curioso no centro comercial não lhes acede via WiFi. Mas mesmo que a farmácia os transmitisse por WiFi, estas ligações são encriptadas segundo um protocolo WEP, o mais antigo e mais fraco, ou WPA ou WPA2 – o mais forte actualmente usado por quase todos os operadores - e não está ao alcance de um «curioso» desencriptar uma transmissão WPA2.

Acresce ainda que a transmissão de dados dos ficheiros SAF-T(PT) feita pelo software de facturação certificado usa o algoritmo RSA SHA1 de chaves assimétricas e está, portanto, razoavelmente protegida.

Em conclusão, teoricamente é possível a um super hacker ao serviço de uma potência estrangeira interceptar uma transmissão dos dados da compra de umas cuecas que eu faça na loja da esquina, só não sei para quê e ainda menos como ele vai descobrir que o NIF 999999999 afinal sou eu.

19/02/2013

Pro memoria (99) - Quanto tempo durará o ímpeto bélico de François Hollande?

François Boina-aparte Hollande
Até agora a única coisa que correu a Hollande conforme os planos foi a intervenção no Mali. E esperemos que assim continue porque se o abcesso jihadista rebenta e se espalha ao Magreb a Norte e ao Sahel a Sul, a França, só por si, dificilmente terá condições para o debelar e resiliência para manter uma presença prolongada sem o apoio militar europeu ou americano.

So far so good, mas as nuvens acastelam-se no horizonte e, depois da retirada americana, o Afeganistão provavelmente retomará em pleno a sua vocação de campo de treino de Al-Qaeda.

DIÁRIO DE BORDO: Caught in the Act (47)

O dirigível alemão LZ 129 Hindenburg explodindo ao atracar em New Jersey
em 06-05-1937. Dos 97 passageiros morreram 36.

18/02/2013

A iniquidade das leis depende de quem as aprova?

Para que não haja dúvida, recordo já aqui ter escrito que compelir os consumidores a exigirem factura sob ameaça de coima «é uma lei iníqua, por pretender colocar os cidadãos no lugar de polícias fiscais, e muito provavelmente ineficaz».

Também escrevi aqui que essa iniquidade e ineficácia não justifica a boutade ordinária e de baixo nível de um ex-secretário de estado deste governo que, aliás, não alinha nem o mais preguiçoso argumento contra essa norma, a não ser o disparate de invocar a Lei da Protecção de Dados que nada tem a ver com o assunto. E acrescento que só compreendo essa boutade como um ritual de readmissão na capelinha dos intelectuais de trazer por casa, da qual FJV já tinha sido expulso pelo pecado de estar um ano e meio num governo agora sem pátina literária.

E ainda acrescento que essa boutade de péssimo gosto e politicamente incorrectíssima, por pretender ofender um outro colega de infortúnio com um «tomar no cu» do fiscal, essa boutade dizia eu, crucificaria qualquer desgraçado que a usasse não pertencendo ao clube dos frequentadores da capela onde FJV pretende agora ser readmitido e entre os quais a prática de «tomar no cu» parece ser corrente.

Faltou-me ainda referir, o que agora faço graças a este post do blogue «Com jornalismo assim, …», desmascarando as práticas habituais do jornalismo de causas de contrafacção da informação, que a iníqua norma legal foi na verdade inventada pelo governo socialista de Guterres em 2001. Invenção que, pelos vistos, além de na época não parecer ter indignado ninguém, também foi agora convenientemente esquecida.

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: «Verdades politicamente incorrectas sobre o desemprego»

«É óbvio que o Governo tem alguma responsabilidade nos números do desemprego que foram alcançados, principalmente por insistir numa austeridade por via fiscal e não por via do corte de despesa. A primeira é muito mais recessiva do que a segunda e por isso mais destruidora de emprego. Mas dizer que é a austeridade a responsável pelos números recorde alcançados não faz qualquer sentido. Não é a cura que está a matar o doente. É a doença que é grave demais.

O que devia ser dito, e que constitui uma verdade politicamente incorreta, é que durante anos sustentámos artificialmente um nível de emprego irreal no sector público e no privado. As políticas orçamentais expansionistas e uma péssima gestão de recursos humanos no Estado encheram os quadros da função pública de pessoas que não eram de facto necessárias.

Gastar o que tínhamos e o que não tínhamos permitiu manter uma procura privada inflacionada que criou emprego apenas sustentado pelo endividamento da economia. Quando foi preciso pagar a conta imaginem quem se tramou?

Se querem apontar o dedo a alguém e encontrar um culpado pelo aumento exponencial do desemprego olhem à vossa volta e encontram os verdadeiros responsáveis. Os salários em Portugal cresceram num ritmo muito superior ao da produtividade. Entre 1995 e 2006 não houve um ano em que isso não tivesse acontecido e muitas vezes o aumento salarial chegou a ser 16 vezes superior ao da produtividade.

Neste caldeirão que é a economia portuguesa juntámos aos consecutivos aumentos salariais sem aumentar a produtividade endividamento externo para comprar produtos que vêm principalmente do exterior, poucas exportações, porque destruímos a indústria em prol dos serviços, e regámos tudo com uma política orçamental irresponsável. E quando o caldeirão explode a culpa, dizem, é da austeridade! Pois claro.»

João Vieira Pereira no Expresso

17/02/2013

Lost in translation (168) – Grandiosa jornada de luta traduzida significa um fracasso

Nem mesmo recolhendo manifestantes com camionetas das câmaras (*) conseguiu a CGTP reunir nas manifestações de ontem mais do que umas poucas dezenas de milhares de pessoas em todo o país. Em Lisboa, na praça do Município, a densidade de manifestantes era baixíssima, como este vídeo mostra, ou este com imagens do Porto. Com boa vontade, numa praça com menos de 4 mil metros quadrados à razão de 1 manifestante em cada 2 metros quadrados estariam uns 2 mil manifestantes, na sua maioria idosos.

É claro que o agitprop dos comunistas vocaliza estes fracassos em grandiosas jornadas de luta, mas não esconde uma influência evanescente sobre as «massas», mesmo em momentos, como os que atravessamos, em que, segundo a doutrina, o descontentamento popular deveria engrossar as suas fileiras.

(*) Cerca das 14 horas na zona de Azeitão, duas camionetas da câmara de Setúbal quase vazias paravam para pescar um ou outro velhote, como tive a oportunidade de ver.

Se o ridículo fosse mortal, o Dr. Garcia Pereira e o coro do «Que se lixe a troika» estariam todos mortos

Na passada 6.ª feira, umas dúzias de elementos do «povo», entre eles o Dr. Garcia Pereira, um maoísta candidato perpétuo a presidente da República e sócio principal de uma sociedade de advogados cujo negócio principal é facturar chorudos honorários aos quadros de topo despedidos com golden parachutes, cantaram «Grândola, vila morena», numa produção do movimento «Que se lixe a troika», «para lembrar aos senhores deputados é o povo quem mais ordena».

Aquelas dúzias de elementos, representando-se a si próprios e talvez mais umas dúzias que não se deram ao trabalho de cantar, pretenderam «ordenar» em nome do «povo» a uns «senhores deputados» que, por muito medíocre que a maioria deles seja (e é), representam mais de 5 milhões de eleitores.

CASE STUDY: A escola caviar, a imobilidade social e o recrutamento da PT (3)

Em finais de 2010, a propósito de um anúncio da PT com os nomes de 100 «novos colaboradores, jovens recém-licenciados que foram seleccionados e formados através do programa Trainees PT em 2010», publiquei dois posts (este e este) onde me propus evidenciar a relação entre nomes e origens sociais e, consequentemente, num país de escassa mobilidade social como Portugal, entre nomes, como indicador de origem social, e as oportunidades de progressão social na medida em que dependem das escolas.

A um leitor desprevenido isso poderia parecer esotérico. Talvez não seja, porque metodologias baseadas na ocorrência de nomes raros estão a ser usadas para medir a transmissibilidade do estatuto social das famílias, ou, dito de outra maneira, para medir a mobilidade social ou a falta dela. Duas investigações aqui citadas chegam a conclusões próximas, no sentido de mais de 50% (numa das investigações chega-se a 70%-80%) das diferenças de rendimento numa geração se explicam por diferenças na geração anterior.

Economist
A ser assim, as políticas educacionais dos tetranetos de Rousseau que transformaram as escolas em jardins infantis e o ensino em sagas de procura da felicidade, só podem agravar o handicap dos filhos de famílias pobres, frequentemente desestruturadas, que abandonam a escola, muitas vezes sem concluir nem mesmo o ensino obrigatório, completamente desqualificados para enfrentar um mercado de trabalho cada vez mais exigente. E, por essa razão, do facilitismo instalado nas escolas só poderá resultar a redução da mobilidade social e a manutenção dos privilégios dos beneficiários do status quo ante.

16/02/2013

CASE STUDY: Para que precisamos de uma empresa pública ferroviária?

No ano passado a CP suprimiu 30 mil comboios devido a greves totais, parciais ou a horas extraordinárias que se verificaram em 295 dias.

O ano passado, tal como nos anos anteriores, a Fertagus que explora a linha sobre a ponte 25 de Abril não teve nenhuma greve e, em 2011, com 193 trabalhadores transportou 30 milhões de passageiros (incluindo por camioneta). A CP com 2.978 trabalhadores (15 vezes mais) transportou apenas 126 milhões (4 vezes mais).

Em 2011, a Fertagus facturou 28 milhões (145 mil por trabalhador) e a CP, incluindo carga, facturou 238 milhões (8,5 vezes) ou 80 mil por trabalhador. No mesmo ano, os resultados da Fertagus foram -470 mil (em 2010 tinham sido de +4,1 milhões) e os resultados da CP foram de -289 milhões (incluindo 188 milhões de juros), uma vez mais negativos, como há décadas. Não espanta, pois, que a Fertagus tenha capitais próprios positivos de 3 milhões e a CP esteja falida com capitais próprios negativos de -2.957 milhões! Ainda menos espanta que tivesse em 2011 um passivo por financiamentos obtidos de 3,7 mil milhões - o equivalente a mais de 10% da dívida do sector empresarial do Estado.


É claro que esses indicadores não são totalmente comparáveis por que se trata de empresas com negócios, estratégias diferentes e clientes diferentes, mas as diferenças são tão abissais que não podem esconder o desastre nacional de um país que entregou o seu transporte ferroviário a um monstro ingovernável mantido pelo Leviatã do Estado Socialista à custa da extorsão dos sujeitos passivos.

Aditamento:
Um passageiro regular da Fertagus chamou-me a atenção para outras diferenças abissais. O atendimento e relacionamento com os passageiros (friendlly not familiar na Fertagus versus familiar or not friendly na CP) e o estado de conservação e limpeza das estações e dos comboios (bom aspecto no caso da Fertagus e uma esterqueira no caso da CP, salvo nos Alfas).

15/02/2013

Mitos (100) – Sindicalismo internacionalista

«As negociações entre a administração da Renault e quatro organizações sindicais franceses incluíram a transferência de parte da produção da fábrica portuguesa de Cacia para a frábrica francesa de Cléon.

As negociações da Renault foram mantidas com as maiores organizações sindicais francesas, designadamente a Confédération Française Démocratique du Travail (CFDT), a Confédération Générale du Travail (CGT), a Confédération Française de l'Encadrement - Confédération Générale des Cadres e a Force Ouvrière (FO)».

(Expresso)

E poderemos fazer o mesmo para a seca e o aquecimento global?

«Mulheres e homens de 184 países participam hoje numa dança coletiva contra a violência sexual.» (Expresso)

14/02/2013

Pro memoria (98) – É demasiado tarde ou é demasiado cedo

Haverá talvez quem tenha legitimidade para enviar recados num blogue a Paulo Núncio avisando-o de que se fosse fiscalizado pediria ao «senhor da Autoridade Tributária e Aduaneira» para se deixar sodomizar.

Não me parece que Francisco José Viegas, secretário de Estado da Cultura até recentemente, seja uma dessas pessoas. Não tem legitimidade, nem moral, porque ainda há 3 meses se sentava à mesma mesa com Paulo Núncio e para se demitir alegou «razões graves de saúde». Quem 3 meses depois se manifesta assim ou é muito volúvel ou tem um grave problema de carácter. Também não fica bem no retrato que quem deitava abaixo FJV até há 3 meses, por estar no governo, o cite agora oportunisticamente e o incense pela coragem - em rigor, cobardia seria o atributo que melhor lhe assentaria neste caso.

O défice de memória é mais grave do que o défice orçamental. Estou cansado desta gente sempre a apanhar comboios e descer deles.

LEMA: «Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»

DIÁRIO DE BORDO: Caught in the Act (46)

António Spínola, foto de Eduardo Gageiro
premiada pela World Press Photo em 1975

13/02/2013

Alguns obamas de Obama fazem felizes os obamófobos (3) - «Obamanomics Takes a Holiday?»

No seu discurso do Estado da Nação de ontem à noite, Santo Obama anunciou que iria iniciar negociações com a União Europeia para estabelecer um acordo a que chamou pomposamente Transatlantic Trade and Investment Partnership.

Deve ser a primeira iniciativa de Barack Obama que o (Im)pertinências subscreve (quase) sem reservas. A não ser uma reserva mental em relação à personagem que com a sua silver tongue é um grande contador de estórias mas um executor medíocre, provavelmente incapaz de conseguir ultrapassar as inúmeras barreiras objectivas e subjectivas do lado dos EU e do lado da UE.

Um governo à deriva (10) – Será este o tal governo neoliberal? (II)

«Consumidores que não exigirem factura arriscam multa do fisco». (Negócios online)

É uma lei iníqua, por pretender colocar os cidadãos no lugar de polícias fiscais, e muito provavelmente ineficaz. Se este é um governo neoliberal, vou ali e já venho.

Mitos (99) – os socialistas são amigos dos pobres (IV)

Este é um mito recorrente já tratado outras vezes: (I) e (II), (III)

Ao contrário da lenda, os socialistas, incluindo os comunistas, fazem tudo para manter pobres os pobres, para não perderem a freguesia. Os amigos dos pobres são os ricos, pelo menos alguns deles, como os 50 maiores filantropos de 2012 que no conjunto contribuíram com $7,4 mil milhões – quase o défice do OE 2012 português.

O pódio é encabeçado por um repetente que já garantiu doar 99% da sua herança para filantropia e deixar apenas 1% para os seus herdeiros, que ele costuma apelidar de «esperma feliz» (os dele e os dos outros):
  1. Warren Buffett $3,1 mil milhões
  2. Mark Zuckerberg and Priscilla Chan $498,8 mil milhões
  3. John and Laura Arnold $423,4 mil milhões

12/02/2013

Pro memoria (97) – «Seguro assumiu o legado de José Sócrates»

A partir de agora já sabemos a quem reclamar a pesada herança do homem que pouco antes de a concluir dizia «estou muito satisfeito comigo»:
  • Maior desemprego dos últimos 90 anos;
  • Maior dívida pública dos últimos 160 anos;
  • Mais baixo crescimento económico dos últimos 90 anos;
  • Maior dívida externa dos últimos 120 anos;
  • Mais baixa taxa de poupança dos últimos 50 anos;
  • Segunda maior taxa de emigração dos últimos 160 anos.

DIÁRIO DE BORDO: O mentor

Duas grandes interpretações de Joaquin Phoenix, simplesmente bom, e de Philip Seymour Hoffman, genial,
num filme de Paul Thomas Anderson (Magnólia, Haverá Sangue, etc.)

DIÁRIO DE BORDO: Caught in the Act (45)

Mick Jagger, John Lennon & Yoko Ono

11/02/2013

BREIQUINGUE NIUZ: há petróleo no Beato? (2)

Republicação deste post a pretexto desta notícia com o título entusiástico e definitivo «Há petróleo no Barreiro». Também neste caso, espero que a exploração se faça com o horizontal drilling, protegendo o habitat da Festa do Avante e as espécies que por lá nidificam.

14/11/2009
Desta vez não foi Juvenal Costa a descobrir petróleo no quintal. Foi o inefável comendador Berardo que descobriu que a Mohave Oil & Gas tinha encontrado jazidas com cerca de 500 milhões de barris em Aljubarrota e Torres Vedras. A coisa vai ser extraída com o horizontal drilling, o que me deixa mais descansado porque permite não estragar o campo de batalha onde infligimos uma derrota ao inimigo castelhano.

Não sei se vem a propósito, mas lembro-me de se ter atribuído ao Botas, quando há 50 anos lhe falaram do petróleo em Torres Vedras (já nessa altura), o prudente desabafo: «só nos faltava mais essa».

Pro memoria (96) - Coimbra é uma lição…

«Não faz obviamente sentido». Ai Tó, ai Tó. Encolheste-te outra vez.
(Foto do SOL)

10/02/2013

CASE STUDY: A seguir à guerra antiterrorista no Mali, a guerra cambial global

François Hollande, aproveitando o élan bélico no Mali, defendeu na 3.ª feira passada no Parlamento Europeu uma extensão do mandato do Banco Central Europeu, actualmente limitado à política monetária e uma meta de inflação, para incluir também a política cambial porque o euro, segundo ele sobrevalorizado, não deve flutuar «ao sabor dos mercados» prejudicando a competitividade e as exportações.

No seu furor dirigista, Hollande está a confundir a nuvem com Juno. A valorização do euro não é “o” problema da Europa; “o” problema da Europa é a falta de competitividade. As desvalorizações competitivas que Hollande terá em mente teriam consequências a curto prazo nas exportações mas também no custo das importações, criando pressões inflacionistas que na ausência de reformas, que é o que Hollande quer evitar, teriam a longo prazo os efeitos que tiveram em Portugal as desvalorizações de 1979 e 1983.

Lost in translation (167) - Ele avisou, ninguém traduziu e eles não perceberam

Na passada 4.ª Feira, Vítor Gaspar, falando no parlamento sobre as alterações à Lei de Enquadramento Orçamental para acomodar as novas regras de disciplina orçamental em relação ao défice e à dívida, disse aos distraídos deputados, dormitando de olhos abertos à sua frente, que o cumprimento dessas regras «implicará uma redução gradual do peso da dívida pública no PIB durante mais de uma geração».

Escrevi distraídos dormitando porque não acredito que, se tivessem acordados, se soubessem que a duração de uma geração segundo Heraclito é de 30 anos e na versão da Bíblia é de 40 anos, se soubessem que o serviço de uma dívida pública e de uma dívida externa total, já hoje mais 120% e mais 250% do PIB, respectivamente, e a crescer durante anos, absorverá muito mais do que a poupança média que fomos capazes de fazer desde há uma geração heraclítica, não acredito, repito, que, se soubessem tudo isso, não tivessem deixado cair na bancada as cabeçorras sob o peso da perspectiva de durante a duração de uma geração não poderem fazer mais promessas de amanhãs que cantam sem os seus eleitores se rirem, uns, ou chorarem, outros.

Quereis uma demonstração dessa profunda distracção? Respondendo à necessidade acentuada por Vítor Gaspar de «um consenso político convicto e durável» para cumprir essas regras de disciplina orçamental, o líder parlamentar Carlos Zorrinho, respondeu de seguida «votaremos a favor desta lei», com a mesma expediência, descontração e ligeireza com que teria dito «votaremos a favor do TGV».

09/02/2013

Pro memoria (95) – a nacionalização do BPN não custou nada e o nada vai já em 4,5 6,5 7 mil milhões (IV)

Posts anteriores (I), (II), (III)

Segundo os jornais, o governo enterrou em Dezembro mais 1,33 mil milhões de euros na Parvalorem e a Parups, dois dos caixotes onde foi depositado o lixo do BPN. Segundo Teixeira dos Santos nos garantiu em 2009 a nacionalização do BPN «não custou nada» e no final, tudo por junto, quaisquer 2 mil milhões pagariam a festa. Segundo as últimas estimativas a coisa irá para além dos 7 mil milhões and counting.

O Bloco de Esquerda indigna-se e «exige» explicações. Alguém devia lembrar a esses cómicos que o tele-evangelista Louçã, agora em pousio, em 2008 foi a favor da nacionalização do BPN, acrescentando «desde que sejam os accionistas a pagar o prejuízo», condição que significaria tanto como o slogan dos seus compagnons de route da UDP «os ricos que paguem a crise».

Refrescando as memórias, recordemos que a nacionalização do BPN foi decidida pelo governo PS, por razões de «risco sistémico». Até hoje o único risco sistémico visível foi o risco do sistema dos amigos do regime que entregaram os seus pés-de-meia ao emérito Oliveira e Costa ficarem descalços se os contribuintes não contribuissem.

DIÁRIO DE BORDO: Caught in the Act (44)

Gina Lollobrigida, em 1968, numa festa na quinta Patiño,
 fotografada por Eduardo Gageiro

08/02/2013

Pro memoria (94) – tomba mais um elefante cavaquista (II)

Em 28-10-2011 escrevi:

O Europarque em Santa Maria da Feira é uma obra faraónica inaugurada em 1995, já no ocaso do cavaquismo executivo, com 60 mil m2 de área cobertura plantada em 150 hectares, financiada com avales do então ministro das Finanças Catroga. A Associação Empresarial de Portugal, está sem cheta para pagar aos bancos e estes estão na iminência de executaram avales de 30 milhões.

É mais um exemplo da filantropia do estado assistencialista, de que Cavaco Silva foi um dos maiores patrocinadores, aos empresários sempre procurando o seu colo.

Alguns dias depois acrescentei:

Ludgero Marques, o pai do Europarque (a mãe foi o professor Cavaco), garantiu que «o Europarque não é nenhum 'flop'. Foi e é uma obra fantástica», revelando-se um autêntico bourbon, como o classificaria o Impertinente.

Ontem, escreveu o Negócios:

«O Estado tornou-se dono do Europarque, em Santa Maria da Feira, há já mais de um ano, mas ainda não sabe o que fazer com este "elefante branco”».

Hoje, sugiro eu ao governo que não sabe o que fazer:

Porque não seguir o exemplo da «Exponor erótica a preços “low cost”»?

ARTIGO DEFUNTO: O TGV que era um comboio recoveiro

Um exemplo recente do paradigma do jornalismo de causas (ou talvez meramente incompetente) é o caso do financiamento do TGV que afinal era apenas «a construção de uma linha de caminho-de-ferro (Sines-Caia e não Lisboa-Madrid) em bitola europeia, ou seja, com a mesma largura das linhas da maioria dos países da Europa», a custar uma fracção do TGV e ter um a retorno múltiplo para a exportação de mercadorias.

A bolha de histeria que se desenvolveu, aqui sintetizada no Blasfémias, mostra bem o misto de alucinação, incompetência e manipulação que satura o mundo político-mediático deste país.

Para uma retrospectiva da novela do TGV prima a etiqueta «TGV» e leia em particular este texto de Mira Amaral sobre o TGV do Álvaro que é afinal a linha ibérica para mercadorias. E, já agora, recorde-se que quando falamos de TGV falamos de 15 mil milhões de euros e quando falamos de linha ibérica para mercadorias falamos de mil milhões (são 700 milhões mas já estou a incluir uma derrapagem de 50%), isto é 15-vezes-15 menos.

Não sei o que mais admirar, se a incompetência e/ou falta de escrúpulos do jornalismo de causas e dos cabeças-falantes dos partidos, se a ignorância e preconceito do povo ressabiado, sempre pronto a engolir qualquer patranha que confirme as crenças injectadas nas suas meninges pelos mídia enviesados.

07/02/2013

ARTIGO DEFUNTO: Tiro no pé do ministro anexo

A esquerda em sentido lato e as suas câmaras de eco nos mídia rufaram os tambores a propósito da passagem pela SLN, holding do BPN, como responsável da área não financeira do grupo entre Fevereiro e Outubro de 2008, do recém-nomeado secretário de Estado do Empreendedorismo Franquelim Alves que, segundo a versão corrente, teria ficado conspurcado e, consequentemente, sem idoneidade para ocupar um lugar governamental.

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: As raízes do culto da dependência, da falta de iniciativa, do défice de empreendedorismo e do estatismo (1)

«Segundo os dados do Eurostat, em 2011 Portugal foi dos países onde mais jovens – entre os 25 e os 34 anos – residiam em casa dos pais. A contrastar com os 46,3% de cidadãos que não conseguiram a sua independência no território nacional, na Dinamarca, na Suécia e na Finlândia eram menos de 5% os que ainda estava em casa dos pais.



06/02/2013

Bons exemplos (51) – Não pode dizer? Ai pode, pode.

Não sendo exactamente um admirador do banqueiro Fernando Ulrich, sinto-me à vontade para o cumprimentar por ter dito o que disse sem receio da polícia do politicamente correcto, por não ter pedido desculpa, por não se ter deixado intimidar pelo ajuntamento de ociosos que o interpelou e, em particular, por aquelas criaturas ignorantes, convencidas e inúteis que passeiam a sua vacuidade pelo parlamento, por exemplo João Galamba e Ana Drago.

CASE STUDY: O homem providencial para o Estado Previdência (3)

Depois de mostrar os seus méritos na gestão da câmara, no combate ao endividamento proclamando «0% de endividamento líquido» e abusando da ignorância geral sobre o que seja tal endividamento (ver aqui a explicação), mostrar as suas ideias originais para o crescimento da economia (a receita de «estimular o consumo», seguida há décadas com os resultados que se sabem), mostrar os seus talentos de grande unificador do PS e meter o rabito entre as pernas à primeira reacção de Seguro, António Costa deve ter sentido agora necessidade de mostrar as suas valências reforçadas no sector da «obra feita».

Valências reforçadas na «obra feita», porque Costa já as tinha mostrado. Se Santana Lopes fez o túnel do Marquês, com uma bela confusão promovida pelo amigo Zé, Costa desfez a rotunda do mesmo Marquês e criou uma infraestrutura para uma gincana que, se devidamente promovida, projectaria Lisboa para o topo do desporto automóvel. Depois das iniciativas para a unidade do PS na semana passada, Costa não descansou e, depois de meses de obras da rotunda e de muitos ensaios, reiniciou esta semana mais obras de remodelação da rotunda, anunciadas para duraram 5 semanas, mas que todos nós sabemos serão muitas mais.

Depois dessas obras e das que previsivelmente se seguirão, a rotunda do Marquês constituirá um paradigma entre os milhares de rotundas que os nossos autarcas fizeram nos últimos anos. Já era possivelmente a maior, passará a ser a mais cara e a que maior encrenca criou no trânsito. Isto já não é apenas rampa de lançamento para o Largo do Rato, nem mesmo para S. Bento, isto é para Belém.

CASE STUDY: A pátria do capitalismo é o inferno dos capitalistas (9)

Anjos caídos recentemente: (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7) e (8).

Todos os dilúvios de indignação europeia contra as agências de rating, incluindo as do picareta falante Professor Marcelo que viu nelas o agente da «estratégia americana contra o Euro e contra a Europa», não tiveram quaisquer consequências. O que talvez tenha consequências são as acusações que o departamento de Justiça americano apresentou contra a Standard & Poor por alegadamente ter «melhorado» os ratings de veículos financeiros para garantia de hipotecas que estiveram na origem do crash da crise financeira americana. À acusação federal do departamento de Justiça juntar-se-ão mais de uma dezena de acusações de procuradores estaduais e à Standard & Poors juntar-se-ão provavelmente a Moody’s e a Fitch (uma agência da qual é accionista maioritário a Fimalac, uma holding francesa de Marc Ladreit de Lacharrière, enarca com um château com o seu nome de família).

E as consequências não serão leves: mais de mil milhões de dólares é o montante da multa que a S&P poderá ter de pagar. E assim se confirma, uma vez mais, que a pátria do capitalismo é o inferno dos capitalistas.

05/02/2013

Não invoqueis em vão o multiplicador (3) – Portas, um keynesiano pós-moderno

Outras invocações: (1) e (2)

Foi agora a vez de Paulo Portas sucumbir aos encantos de Keynes e dos milagres do multiplicador. Com a sua mente imaginativa, Portas não se limitou a usar o multiplicador keynesiano clássico que relaciona o aumento do produto resultante de um investimento com esse investimento.

Ao estipular que um «euro da União Europeia ou do Estado português no desenvolvimento rural mobiliza 4 a 5 euros do setor privado a investir na agricultura», Paulo Portas cria um novo conceito de multiplicador a que poderíamos chamar um potenciador. Por cada euro investido geram-se n euros de produção agrícola e, ainda, segundo a Portas School of Economics (copyright Insurgente), são gerados 5 euros de novo investimento o que, por sua vez, gera 5n euros de produção agrícola e assim sucessivamente até o país estar coberto de couves e os tugas todos dedicados à Lavoura.

CASE STUDY: a Madeira como região de culto (9)

[Sequela de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7) e (8)]


Retomando a já longa série de posts dedicado a Alberto João Jardim e à sua obra na ilha, aqui se regista mais um feito: o passivo das empresas públicas da Madeira, entre as quais se encontram 13 falidas, duplicou em 6 anos e no final do ano de 2011 pensava-se ser 3,2 mil milhões mas constatou-se agora ser 3,9 mil milhões de euros. Devemos tirar o chapéu ao Bokassa das Ilhas que com 2,3% da população consegue ter 13% da dívida das empresas públicas tuteladas pelo governo central (cerca de 30 mil milhões).

04/02/2013

Bons exemplos (50) – Já foi pior, mas poderia ser melhor

Ocorreu-me perguntar se, apesar de naturalíssimo, regular, legal, acima de qualquer suspeita e do despacho do DCIAP, e ainda de outras coisas, ao Banco de Portugal lhe teria, por seu turno, ocorrido perguntar se, face aos sucessivos esquecimentos de 26 milhões de Ricardo Salgado e outras coisas, não estaríamos perante um caso de duvidosa conformidade com o Artigo 30.º do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras.

Para meu descanso, tal pergunta parece também ter passado pela mente de Carlos Costa, governador do BdeP, que convocou dois Espíritos por direito natural e um Espírito por direito contratual para lhes fazer umas perguntas sobre idoneidade. Para minha inquietação, não sei (embora imagine) o que responderam e, pior do que tudo, não sei o que vai fazer o BdeP com tais respostas.

Apesar dessas minhas inquietações, tenho de reconhecer que nos tempos do ministro anexo, agora em Frankfurt, os esquecimentos não teriam certamente suscitado qualquer curiosidade a Vítor Constâncio.

Pro memoria (93) - Como não se reformar o Estado Social

  • «Não se pode fazer cortes prioritariamente dirigidos aos sectores mais importantes do Estado social: a saúde, a educação e a segurança social» (Freitas do Amaral);
  • Não pode ser feita «com grande amadorismo» nem para à pressa «para inglês ver» (Jorge Sampaio);
  • Não pode ser para «disfarçar corte de quatro mil milhões de euros em áreas e funções do Estado» (porta-voz do PS);
  • Não pode ser feita se não for «para defender de maneira mais eficaz quem é pobre, quem está afastado da dignidade» (José Manuel Pureza);
  • Não pode ser apenas o «invólucro» para justificar as opções que o Governo já tomou (António Costa);
  • As medidas de reforma do Estado «não podem ser tomadas de um momento para o outro, têm de levar algum tempo» (Teodora Cardoso);
  • Não se pode cortar a despesa primeiro porque é «pôr o carro à frente dos bois» (João Ferreira do Amaral);
  • Não se pode fazer porque «é inconstitucional» (quase todos);
  • Não se podem fazer «cortes cegos» ou «transversais» (todos).
(Continua)

03/02/2013

DIÁRIO DE BORDO: Caught in the Act (43)

Amália Rodrigues por Eduardo Gageiro, em 1971 («É a diva. Parece uma cena de cinema.»)

02/02/2013

Presunção de inocência ou presunção de culpa? (11)

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9) e (10).

aqui registei o reiterado mas naturalíssimo esquecimento de Ricardo Salgado, o presidente do BES, de declarar ao fisco muitos milhões de euros. Fica-se agora a saber pelo SOL de ontem que esses esquecimentos totalizam 26 milhões que estavam no estrangeiro e o seu repatriamento foi feito naturalissimamente aproveitando 3 amnistias fiscais do RERT a taxas entre 5% e 7,5%, e que entre Maio e Dezembro do ano passado Ricardo Salgado rectificou por 3 vezes a declaração de 2011.

01/02/2013

Um governo à deriva (9) – Será este o tal governo neoliberal?

Um governo com um banco do Estado (CGD), participações significativas no capital de mais 3 bancos (BCP, BPI e Banif), que está a estudar a criação de um banco de fomento para «apoiar a recapitalização das PME e para impulsionar a reindustrialização», que ninguém sabe se irá financiar directamente ou através da banca comercial, podendo ser um de pelo menos quatro modelos possíveis, um governo assim pode andar à deriva, e anda, mas não é certamente um governo neoliberal.

Afinal por onde andam os 40 mil milhões de euros emprestados a juros evanescentes pelo BCE à banca portuguesa que poderiam e deveriam ser usados para «apoiar a recapitalização das PME e para impulsionar a reindustrialização»? Não andam, estão parados. Oitenta por cento, 32,5 mil milhões, estavam enterrados em dívida pública portuguesa. Se a isto somarmos mais de 30 mil milhões da dívida das empresas públicas na maior parte financiada pela banca portuguesa, chegamos a um montante de quase 40% do PIB que está parqueado para manter o monstro.

DIÁRIO DE BORDO: Caught in the Act (42)

Michael Jackson, Francis Ford Coppola & George Lucas